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Esc Psico e Os Processos de Aprendizagem.

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PSICO

PSICOLOGIA: O cérebro dos


O que ela homens é diferente
pode fazer por do das mulheres?
você

Envolva-se!
Aprenda sobre comportamento
Qual é o SEU estilo de
memória?
P974 Psico [recurso eletrônico] / [Tanya Renner ... et al.] ;
tradução: Marcelo de Abreu Almeida ; revisão técnica:
Silvia H. Koller. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre :
AMGH, 2012.

Editado também como livro impresso em


2012. ISBN 978-85-8055-093-1

1. Psicologia. I. Renner, Tanya.

CDU 159.9

Catalogação na publicação: Fernanda B. Handke dos Santos – CRB 10/2107


• Qual o papel da recompensa e da punição na aprendizagem?

Enquanto • Como as informações deste capítulo podem ser


usadas para modificar comportamentos indesejados?

> • Será que pensar interessa para a aprendizagem?

você LÊ
>

A aprendizagem é uma mudança relativamente permanente


psicólogos abordaram o estudo da aprendizagem de
no comportamento acarretada pela experiência. Desde o início
diversos ângulos. Entre os mais fundamentais estão os
de sua vida, os seres humanos primam pela aprendizagem. As
estudos do tipo de aprendizagem que é ilustrado por
crianças exibem um tipo primitivo de aprendizagem chamado
respostas que variam desde um cão salivando quando
de habituação, definido por psicólogos como a diminuição
ouve o dono abrir uma lata de comida para cachorro até
na resposta a um estímulo após repetidas apresentações
as emoções que sentimos quan- do o hino nacional é
do mesmo estímulo. Crianças pequenas, por exemplo, podem,
tocado. Outras teorias consideram como aprender é uma
no início, demonstrar interesse em um estímulo novo, tal
consequência de circunstâncias reforçadoras. Por fim,
como um brinquedo colorido, mas logo perdem o interesse
diversas outras abordagens se pautam nos aspectos
se veem o brinquedo com muita frequência. A habituação
cognitivos da aprendizagem, isso é, os processos de
nos permite ignorar coisas que pararam de fornecer novas
pensamento que subjazem à aprendizagem.
informações. Os adultos também exibem a habituação:
Apesar de os filósofos terem especulado acerca das ba-
recém-casados logo não percebem mais que estão usando a
ses da aprendizagem desde a época de Aristóteles, a primeira
aliança.
pesquisa sistemática sobre a aprendizagem no Ocidente se
A maior parte da aprendizagem é consideravelmente
deu no início do século XX, quando Ivan Pavlov
mais complexa do que a habituação, e o estudo da apren-
desenvolveu um sistema para a aprendizagem chamado
dizagem tem estado no centro do campo da psicologia. Os
de condicionamento clássico.

A Times Square, em Nova


York, é um dos destinos
favoritos dos
turistas, que não têm como
deixar de perceber as placas
de néon, as ruas lotadas, o
barulho e odores
desconhecidos, todos
estímulos aos quais os
residentes já estão
124 • acostumados.
PSICO
>> Condicionamento Os processos básicos do condicionamento clássico que
subjazem à descoberta de Pavlov são bem diretos, apesar
clássico de a terminologia que ele es-
No Havaí, existe um lanche popular chamado de li hin mui.
Basta dizer essas três palavras em voz alta ao redor de pes- colheu não ser simples. An- aprendizagem Mudança
relativamente permanente
soas que cresceram no Havaí que muitas vão começar a sa- tes do condicionamento, ha-
no comportamento
livar. Se você não vem do Havaí, então provavelmente não via dois estímulos não acarretada pela
exibiu reação alguma às palavras li hin mui. Existe uma pa- relacionados: o som da cam- experiência.
lavra ou frase ou evento que o faça salivar? Talvez os arcos painha e a comida. Sabemos
condicionamento clássico
dourados do McDonald’s o façam salivar. Se sim, então que normalmente o som da Tipo de aprendizagem em que
você está exibindo uma forma básica de aprendizagem campainha não acarreta sali- um estímulo neutro gera uma
chamada de condicionamento clássico. O vação, apesar de causar al- resposta após ser associado a
condicionamento clássico ajuda a explicar fenômenos tão gum outro tipo de resposta, um estímulo que naturalmente
diversos como tremer quando você olha para fora de noite tal como levantar as orelhas. acarreta essa reação.
e vê neve, e suar nas mãos e sentir o coração acelerar A campainha, portanto, é estímulo neutro Estímulo
quando assiste a um filme com música assustadora, cenas chamada de estímulo neu- que, antes do condicionamento,
escuras e mudanças repentinas nas cenas. tro, já que é um estímulo não provoca naturalmente a
que, antes do condiciona- resposta de interesse.
mento, não provoca natural- estímulo não
O QUE É O CONDICIONAMENTO mente a resposta na qual es- condicionado (ENC)
CLÁSSICO? tamos interessados. Também Estímulo que naturalmente
Ivan Pavlov (1849-1936), fisiologista russo, nunca temos a comida, que natural- causa uma resposta específica
mente faz o cão salivar quan- que não tem de ser aprendida.
pretendeu realizar pesquisas psicológicas. Em 1904, ele
ganhou o Prê- mio Nobel por seu trabalho em digestão, do é colocada em sua língua resposta não
prova de sua con- tribuição na área. Ainda assim, Pavlov é – a resposta que queremos condicionada (RNC)
lembrado não por sua pesquisa fisiológica, mas por seus condicionar. A comida na Resposta que é natural e
língua é considerada o estí- que não precisa de
experimentos sobre a aprendizagem – trabalho que ele
treinamento (por exemplo,
começou quase por acidente (Marks, 2004; Samoilov e salivar ao cheiro de comida).
Zayas, 2007).

Aprendizagem •
Pavlov vinha estudando a secreção dos ácidos mulo não condicionado, ou ENC, visto que comida
estoma- cais e da salivação nos cachorros em resposta à na boca de um cachorro automaticamente causa a
ingestão de quantidades e tipos de comida variados. salivação. A resposta reflexa que a comida elicia
Enquanto fazia isso, ele observou um curioso (salivação) é chamada de resposta não condicionada,
fenômeno: às vezes, as secreções do estômago e a ou RNC. Essa é uma res- posta reflexa, natural e inata
salivação começavam nos cachorros antes de eles que não está associada à aprendizagem anterior.
terem comido qualquer coisa. A mera visão do Um modo de saber se um estímulo é um ENC é
experimentador que normalmente lhes trazia comida, ou consi- derar se todo o ser humano normal
mesmo o som de seus passos, era o bastante para apresentaria a RNC. Se a resposta é sim, então
produzir salivação nos cachorros. O gênio de Pavlov provavelmente ele é um ENC. Por exemplo, será que
estava em sua habilidade de reconhecer as implicações qualquer pessoa saudável suaria em um clima
da descoberta. Ele percebeu que os cães não estavam extremamente quente e úmido? A resposta é sim. Logo,
respondendo apenas com base na necessidade biológica calor extremo e humidade são o ENC, e o suor é a
(fome), mas também como resultado da aprendizagem – RNC. Respostas não condicionadas são sempre
ou, como veio a ser conhecido, o condicionamento causadas pela presença de estímulos não
clássico. O condicionamento clássico é um tipo de condicionados.
aprendizagem em que um estímulo neutro (tal como os De volta ao estudo de Pavlov, a campainha toca
passos do experimentador) elicia uma resposta após ser cada vez que o cão está para receber comida. O objetivo
associado com um estímulo (tal como a comida) que do condicionamento é que o cachorro associe a
naturalmente acarreta essa resposta. campainha ao estímulo não condicionado (carne) e,
Para demonstrar o condicionamento clássico, portanto, elicie a mesma resposta que o estímulo não
Pavlov (1927) conectou um tubo à boca de um cachorro condicionado. Após diversas associações entre a
para que ele pudesse medir precisamente a salivação do campainha e a carne, a campainha por si só já é capaz
animal. A seguir, ele tocou uma campainha e, alguns de fazer o cão salivar.
segundos de- pois, permitiu que o cachorro comesse a Quando o condicionamento está completo, a
comida. Essa as- sociação ocorreu repetidamente e foi campainha já não é mais um estímulo neutro, tendo
cuidadosamente pla- nejada para que, cada vez, se tornado um estímulo condicionado, ou EC. Nesse
exatamente a mesma quantidade de tempo se passasse ponto, a salivação em resposta ao estímulo condicionado
entre a apresentação da campainha e a comida. A (campainha) é considerada uma resposta
princípio, o cão salivava apenas quando a comida estava condicionada, ou RC. Após o condicionamento,
em sua boca, mas logo começou a salivar ao som da portanto, o estímulo condicionado evoca uma resposta
campainha. De fato, mesmo quando Pavlov parou de condicionada.
dar comida ao cão, o animal ainda salivava após ouvir o Embora a terminologia que Pavlov usou para
som. O cão havia sido classicamente condicionado a descrever o condicionamento clássico possa parecer
salivar ao som da campainha. confusa, o seguinte resumo pode ajudar a tornar as
relações entre estímulos e respostas mais fáceis de
compreender e lembrar:
1

10

11

12

13

14

15

126 • PSICO
16 Antes do condicionamento A campainha não causa a
salivação, fazendo dela um estímulo neutro. • Condicionado = aprendido
• Não condicionado = não aprendido (inato, genetica-
Estímulo neutro: mente programado)
som da campainha Resposta sem relação com a
carne: levantar as orelhas • Um estímulo não condicionado leva a uma resposta
não condicionada.
• Associações entre estímulos não condicionados e
respostas não condicionadas não são aprendidas e
não são treinadas.
• Durante o condicionamento, um estímulo previamen-
te neutro se transforma no estímulo condicionado.
• Um estímulo condicionado leva a uma resposta
Estímulo não condicionado con- dicionada, e uma associação entre estímulo
(ENC) Resposta não condicionada condi- cionado e resposta condicionada é uma
(RNC)
consequên- cia de aprendizagem e de treinamento.
• Uma resposta não condicionada e uma resposta
con- dicionada são semelhantes (tais como a
salivação no experimento de Pavlov), mas a
resposta não condi- cionada ocorre naturalmente e
Carn é tipicamente mais forte, enquanto a resposta
e Salivação
condicionada é aprendida e costuma ser menos
intensa.
17 Durante o condicionamento A campainha é tocada
logo antes da apresentação da carne.
COMO OS PRINCÍPIOS DO
Estímulo Resposta não CONDICIONAMENTO SE
neutro condicionada
(RNC) APLICAM AO
Som da
campainha COMPORTAMENTO
HUMANO?
Apesar de os primeiros experimentos de condicio-
namento terem sido realizados com animais, logo se
viu que os princípios do condicionamento clássico
podiam ser usados para explicar muitos aspectos do
Estímulo não condicionado (ENC) comportamento humano diário. Lembre-se, por
Salivaçã exem- plo, da ilustração anterior sobre como as
Carne o pessoas po- dem salivar ao ver os arcos dourados do
McDonald’s. O motivo dessa reação é o
condicionamento clássico: os arcos anteriormente
neutros foram associados aos
18 Após o condicionamento O som da campainha sozinho estimula a alimentos de dentro do restaurante que foram
salivação, tornando-o um estímulo condicionado, e a salivação a
resposta comidos em ocasiões anteriores (o estímulo não
condicionada. condicionado), fazendo com que os arcos se
tornassem um estímulo
Estímulo condicionado (EC) Resposta condicionada condicionado que causa a resposta condicionada da
(RC) salivação.
Som da
Respostas emocionais têm especial probabilidade
campainha
de serem aprendidas por meio dos processos de
condi- cionamento clássico. Por exemplo, como é que
alguns de nós desenvolvem medo de ratos, baratas e
outras criaturas que são tipicamente inofensivas? Em
Salivação
um es-
tudo de caso já infame, o psicólogo John B. Watson e

Condicionamento sua colega Rosalie Rayner (1920) demonstraram que


o condicionamento clássico poderia ser uma causa de
clássico tais medos ao condicionar um bebê de 11 meses cha-
mado Albert a ter medo de ratos. O “Pequeno
DI Albert”,
Aprendizagem •
CPar
ac
oa
DI A DE ESTUDO
como qualquer bebê saudável com audição
normal, inicial- mente tinha medo de
Para entender o processo do condicionamento clássico, você precisa saber a diferença entre o EC e o ENC, e sua
barulhos altos (ENC), mas não tinha medo
relação com a RC e a RNC.
de ratos (estímulo neutro).
No estudo, os experimentadores
ficavam atrás de Albert e faziam um
barulho muito alto e repentino ao mesmo
tem- po em que lhe mostravam um rato . O
barulho (o estímulo não condicionado)
evocou o medo (a resposta não
condicionada). Após algumas associações
entre o barulho e o rato, Albert começou a
demonstrar medo do próprio rato, debu-

128 • PSICO
Evitar o dentista
devido a uma exemplo, você pode ser um estímulo condicionado
experiência de muitos que não vão ao (EC) Estímulo anteriormente
anterior dentista com a frequência de- neutro que foi associado a um
desagradável não vida por causa de suas asso- estímulo não condicionado
é incomum. É ciações anteriores de dentista para provocar uma resposta
assim que a com dor. Nesse caso, o ENC anteriormente causada
generalização do apenas pelo estímulo não
seria a broca atingindo um
estímulo condicionado.
funciona. nervo no dente, e a RNC se-
ria a dor. Qual o EC? Em ca- resposta
sos extremos, o condiciona- condicionada (RC)
Resposta que, após o
mento clássico pode levar ao condicionamento, segue um
desenvolvimento de fobias, estímulo anteriormente neutro
(por exemplo, salivação ao som
da campainha).
que são medos intensos e irracionais que iremos considerar
mais adiante no livro.
O condicionamento clássico também dá conta de expe-
riências prazerosas. Isso é, certos eventos causam a liberação

Da perspectiva de...
lhando-se em lágrimas quando o via. O rato, entã o, tornou- UM
U MÉDICO Como o conhecimento do
-se o EC que causava a RC, medo. Além disso, os efeitos
feitos do condicionamento clássico poderia
do condicionamento permaneceram: cinco dias depo s,
is, Albert ajudar no tratamento das ansiedades
Albert a objetos qdos
t pacientes
reagiu com medo não apenas ao rato, mas também objetos quanto a visitas ao médico? Quais são
semelhantes ao rato branco e peludo, inclusive u m coelho algumas mudanças que um médico
poderia
a
branco, um casaco de pele de foca e mesmo uma máscara fal er quando lida com um paciente que
branca de Papai Noel. (Falando nisso, não sabem os
s oo tem
fa uma fobia associada a visitar o
que aconteceu com o pobre Pequeno Albert. Wat- z
médico?
um
son, o experimentador, foi condenado por usar a
procedimentos eticamente questionáveis que não
seriam permitidos hoje.)
A aprendizagem por meio do condiciona- de neurotransmissores que nos ajudam
mento clássico ocorre ao longo de toda a vida. Por a sentir prazer. A “euforia do corredor”,
por exemplo, ocorre quando endorfinas
são liberadas em resposta a cor-
rer uma longa distância. O ENC
é a corrida estendida, e a RNC
Com que velocidade você pode condicionar classicamente o seu animal de estimação (ou o de um amigo)? Comece a ensinar ao animal uma
é a liberação de endorfinas. O
nova associação dizendo “Os ingleses estão vindo, os ingleses estão vindo!” (ou qual-
quer frase que você possa inventar) e imediatamente dê algo de comer ao seu bichinho. QuantasEC poderia ser diversas coisas,
vezes você pre- cisa fazer isso antes que o ani
incluindo o odor ou a visão de
Envolva-

mesma forma que reage à comida? Se você tem acesso a diversos cães e
roupas ou de tênis de corrida. O
gatos, você pode até compará-
condicionamento clássico, então,
-los. Que espécies você acha que aprenderiam mais rápido por meio do condicionamento clássico? Você pode se surpre- ender.
pode explicar muitas das
reações que temos a estímulos
no mundo ao nosso redor.
se!

A EXTINÇÃO DE
UMA RESPOSTA
CONDICIONADA
O que aconteceria se um cachor-
ro que estivesse classicamente
condicionado a salivar ao som
de uma campainha nunca mais

Aprendizagem •
recebesse comida quando a cam-
painha tocasse? A resposta se
encontra em um dos fenômenos
básicos da aprendizagem: a ex-
tinção. A extinção ocorre quan-

130 • PSICO
do uma resposta previamente condicionada torna-se menos extinta após um período de descanso e sem novo condicio-
frequente, até desaparecer. namento.
Para produzir a extinção, é necessário acabar com A recuperação espontânea ajuda a ex-
a associação entre os estímulos condicionados e os plicar por que é tão difícil superar a
estí- depen- dência a drogas. Por exemplo,
mulos não condicio-
viciados em
extinção Fenômeno básico nados. Por cocaína que se achavam “curados” podem
da aprendizagem que ocorre
exemplo, sentir um impulso irresistível de usar a droga
quando uma resposta
previamente condicionada se tivésse- novamente se forem subsequentemente con-
torna-se menos frequente e mos treina- frontados por um estímulo com fortes cone-
enfim desaparece. do um cão xões à droga, tal como um pó branco (DiCano e
para salivar (RC) ao som de Everitt, 2002; Plowright, Simonds e Butler, 2006; Rodd et
recuperação
espontânea Reaparecimento uma campainha (EC), pode- al., 2004).
de uma resposta condicionada ríamos produzir a extinção ao
extinta após um período de repetidamente tocar a cam-
descanso e sem novo painha, mas não lhe dar GENERALIZAÇÃO E DISCRIMINAÇÃO
condicionamento. comi- da. A princípio, o cão Apesar de diferenças na cor e na forma, para a maioria de
generalização de conti- nuaria a salivar quando nós, uma rosa é uma rosa. O prazer que sentimos pela
estímulo Ocorre quando ouvisse a campainha, mas, beleza, pelo odor e pela graça da flor é similar para
uma resposta condicionada após algumas vezes, a quanti- diferentes tipos de rosas. Pavlov percebeu um fenômeno
segue um estímulo que é dade de salivação provavel- semelhante. Seu cão frequentemente salivava não apenas ao
semelhante ao estímulo
mente decairia, e o cão iria, som da campainha usada durante o condicionamento
condicionado original; quanto
maior a semelhança entre os
por fim, parar de responder à original, mas ao som de outras campainhas também.
dois estímulos, maior a campainha por completo. Esse comportamento é chamado de generalização de
probabilidade de ocorrer a
generalização.
Nesse momento, poderíamos dizer que a resposta está estímulos. A generalização de estímulos ocorre quando
extin- ta. Resumindo, a extinção ocorre quando o uma resposta condicionada segue um estímulo que é seme-
estímulo condicionado é apresentado repetidamente sem lhante ao estímulo condicionado original. Quanto maior a
o estímulo não condicionado. semelhança entre dois estímulos, maior a probabilidade da
Quando uma resposta condicionada estiver extinta, ela generalização de estímulos. O Pequeno Albert, que, como
terá desaparecido para sempre? Pavlov descobriu esse fenô- mencionamos anteriormente, foi condicionado a ter medo
meno quando ele retornou a seu cachorro alguns dias depois de ratos brancos, passou a temer outras coisas brancas
do comportamento condicionado ter sido aparentemente ex- peludas também. Contudo, de acordo com o princípio da
tinto. Se ele tocasse a campainha, o cachorro salivava no- generaliza- ção de estímulos, é improvável que ele tivesse
vamente – um efeito conhecido como recuperação espon- medo de um cachorro preto, já que sua cor o teria
tânea, ou o reaparecimento de uma resposta condicionada diferenciado suficiente- mente do estímulo amedrontador
original.

Aquisição (estímulo condicionado e estímulo não condicionado apresentados juntos)

Extinção (estímulo condicionado por si só)

Forte
Recuperação espontânea de resposta condicionada

Ocorre a extinção (apenas o estímulo condicionado)


condicionada
Força da
resposta

Fraco (a)Treinamento (b) Apenas EC (c) Pausa (d) Recuperação espontânea


Tempo

Aprendizagem •
Aquisição, extinção e recuperação
espontânea no condicionamento
clássico

132 • PSICO
Poucos de nós se incomoda por ser o alvo de algum
A generalização de des- ses comentários. Mas o que é especialmente notável
estímulos é o motivo por que acerca deles é que cada uma dessas simples afirmações
pode ser usada, por meio de um processo conhecido como
os motoristas sabem que condicio- namento operante, para realizar poderosas
devem parar em todos mudan-
ças no comportamento e para ensinar tarefas
os semáforos vermelhos, mesmo extremamente complexas. O con-
que haja pequenas variações em dicionamento operante é a base
tamanho, formato e tonalidade para muitos dos tipos mais
importantes de aprendizagem
do semáforo. humana e animal.
O condicionamento
A resposta condicionada produzida pelo novo estímulo operante é a aprendizagem
não costuma ser tão intensa quanto a resposta original con- na qual uma resposta volun-
dicionada, apesar de que, quanto mais o novo estímulo se tária tem maiores ou menores
parece com o antigo, mais semelhante é a nova resposta. É chances de ocorrer novamente, de-
improvável, portanto, que o medo que o Pequeno Albert pendendo de suas consequências favorá-
sen- tia da máscara do Papai Noel fosse tão grande quanto o veis ou desfavoráveis. Por exemplo, se
medo que ele aprendera a ter do rato. Ainda assim, a dinheiro caísse do céu toda vez que você
generalização de estímulos é o motivo por que os motoristas terminasse de ler uma página do seu livro
sabem, por exemplo, que devem parar em todos os didático, você acha que leria mais páginas
semáforos vermelhos, mesmo que haja pequenas variações do livro? Se sim, então o dinheiro seria
em tamanho, formato e tonalidade do semáforo. considerado uma consequência favorá-
A discriminação de estímulos, por outro lado, ocorre vel que levou ao fortalecimento de sua
se dois estímulos são suficientemente distintos um do outro resposta de leitura.
para que um evoque uma resposta condicionada, mas o Diferentemente do condicionamen-
outro não. A discriminação de estímulos é a habilidade de to clássico, em que os comportamentos originais são respos-
diferenciar os estímulos. Por exemplo, minha cadela, Cleo, tas biológicas naturais invo-
vem corren- do para a cozinha quando ouve o barulho do
abridor de latas
elétrico, o qual ela aprendeu que é usado para abrir a luntárias à presença de um discriminação de
comida estímulos Processo que ocorre
dela quando sua janta está para ser servida. Mas ela não estímulo como água, comida
se dois estímulos são
vem correndo até a cozinha ao som do processador de ou dor, o condicionamento suficientemente distintos um do
alimentos, que é semelhante. Ou seja, ela discrimina entre operante se aplica a outro para que um evoque uma
os estímu- los do som do abridor de latas e do som do respostas voluntárias, que resposta condicionada, mas o
um organismo desempenha outro, não; habilidade de
processador de alimentos. De maneira semelhante, nossa
deliberadamente para diferenciar os estímulos.
habilidade de dis- criminar entre o comportamento de um
cão que rosna e de um cujo rabo está balançando pode levar produzir um resultado condicionamento
ao comportamento adaptativo – evitar o cão que rosna e desejável. O termo operante operante Aprendizagem em
enfatiza esse aspecto: o que uma resposta voluntária é
acariciar o amistoso.
organismo opera em seu fortalecida ou enfraquecida
dependendo de suas
ambiente para produzir um
consequências favoráveis ou
resultado desejável. O condi-
>> Condicionamento cionamento operante está em
desfavoráveis.

operante funcionamento quando aprendemos que trabalhar duro pode


acarretar um aumento ou que estudar bastante resulta em
Muito bom... Que ideia inteligente... Fantástico... Concor- boas notas.
do... Obrigado... Excelente... Ótimo... Exatamente... Esse é Assim como aconteceu com o condicionamento clássi-
o melhor trabalho que você escreveu; merece um 10... Você co, as bases para compreender o condicionamento operante
está pegando o jeito... Estou impressionado... Tome um bis- foram lançadas pelo trabalho feito com animais. Iremos ob-
coito... Você está ótima... Eu te amo... servar agora o início dessas pesquisas.

pense PSICO
> > > Quais as chances de que o Pequeno Albert, alvo dos experimentos de Watson, tenha vivido com medo do Pap

Aprendizagem •
COMO O CONDICIONAMENTO
OPERANTE FUNCIONA
B. F. Skinner (1904-1990), um dos psicólogos mais
influen- tes do século XX, inspirou toda uma geração
de psicólogos que estudam o condicionamento
operante. Skinner se interes- sou em especificar como o
comportamento varia como resul- tado de alterações no
ambiente. Para ilustrar, consideremos o que acontece
com um rato em uma típica caixa de Skinner,

134 • PSICO
uma câmara com um ambiente alta- Que tipos de estímulo podem
mente controlado que Skinner proje- agir como reforçadores? Bônus, brin-
tou para estudar os processos do con- quedos e boas notas podem funcionar
dicionamento operante com animais como reforçadores – se fortalecerem
de laboratório (Pascual e Rodríguez, a probabilidade da resposta que
2006). ocorreu antes de sua introdução. O
Imagine que você quer ensinar um que faz de algo um reforço depende
rato faminto a usar uma alavanca que de preferên- cias individuais. Apesar
está em sua caixa. A princípio, o rato de uma barra de chocolate poder
irá caminhar pela caixa, explorando o funcionar como um reforço para uma
ambiente de modo relativamente pessoa, um in- divíduo que não gosta
alea- tório. Em algum momento, de chocolate pode achar 75 centavos
contudo, ele provavelmente irá mais desejá- vel. O único modo de
apertar a ala- vanca por acaso, e, descobrirmos se um estímulo é
quando o fizer, a caixa terá sido reforçador para um organismo
projetada de modo que o rato receba particular é observar se a frequência
comida. Na primeira vez que isso de um comportamento que ocorreu
acontecer, o rato não aprende- rá a previamente a ele aumenta após a
conexão entre apertar a alavanca e apresentação do estímulo.
receber comida e voltará a explorar a É claro, nós não nascemos sa-
caixa. Mais cedo ou mais tarde, o bendo que 75 centavos podem com-
rato irá apertar a alavanca novamente prar um doce. Ao contrário, com a
e re- ceber comida; com o tempo, o B. F. Skinner projetou a caixa de Skinner
para condicionar ratos a apertarem uma
experiência, nós aprendemos que o
número de vezes em que ele apertou a dinheiro é um artigo de valor devido
alavanca para obter comida.
alavanca irá aumentar. Por fim, o rato à sua associação a estímulos, como
irá apertar a alavanca continuamente alimentos e bebidas, que são reforça-
até que sua fome esteja satisfeita, dores naturais. Esse fato sugere uma
assim demons-
trando que aprendeu que receber comida está associado a com distinção entre reforços primários e reforços secundários.
apertar a alavanca. Um reforço primário satisfaz alguma necessidade biológica e
funciona naturalmente, independentemente da experiência
Reforçamento: o conceito central do anterior da pessoa. Comida para alguém que está com fome,
condiciona- mento operante Skinner chamava o calor para quem sente frio e alívio para quem tem dor
processo que faz os ratos continuarem apertando a chave de seriam todos classificados como reforços primários. Um
“reforçamento”. O reforçamento é o processo pelo qual um reforço secundário, por outro lado, é um estímulo que se
estímulo aumenta a probabilidade de que um torna reforçador por causa de sua associação a um reforço
comportamento anterior a ele primário. Por exemplo,
seja repetido. Em outras pala- sabemos que o dinheiro é valioso porque aprendemos que ele
reforçamento Processo vras, é mais provável que o nos permite obter objetos desejáveis, incluindo reforços pri-
pelo qual um estímulo
rato aperte a alavanca nova- mários como comida e abrigo. O dinheiro, portanto, torna-
aumenta
a probabilidade de que um mente devido ao estímulo da se um reforço secundário.
comportamento anterior seja comida.
repetido. Em uma situação como Reforçadores positivos, reforçadores
reforçador Qualquer
essa, a comida é chamada de negativos e pu- nição Em muitos aspectos, os
estímulo que aumente a reforçador. Um reforçador reforçadores podem ser vistos como recompensas; tanto um
probabilidade de que um é qualquer estímulo que au- reforçador quanto uma recom- pensa aumentam a
comportamento anterior a ele mente a probabilidade de que probabilidade de uma resposta anterior a eles ocorrer
ocorra novamente. novamente. Mas o termo recompensa é limitado
um comportamento anterior a ele ocorra novamente. Portan- a ocorrências positivas, e é aqui que ele se diferencia de um
to, a comida é um reforçador, já que aumenta a reforçador – pois acontece que reforçadores podem ser posi-
probabilidade de que o comportamento de apertar tivos ou negativos.
(formalmente referido como a resposta de apertar) ocorra.

DI
CLemsat
ir
e
Aprendizagem •
Você sabia?
Skinner realmente ensinou pombos a jogar boliche e tênis de mesa, e cachorros a escalar paredes usando o c

DI A DE ESTUDO
Lembre-se de que os reforçadores primários sat sfazem uma necessidade biológica; reforçadores secundários
devido à associação prévia com um reforçador primário.

136 • PSICO
Aprendemos o valor do dinheiro como reforço
secundário desde cedo. a probabilidade de que um comportamento an-
terior ocorra novamente. Ao contrário do
reforço negativo, que produz um aumento
Um reforço positivo é um estí- no comportamento, a punição reduz a
mulo adicionado ao ambiente que probabilidade de uma resposta ante-
causa um aumento em uma resposta rior.
precedente. Se comida, água, di- Considere algo desagradável
nheiro ou um elogio for dado após que pode acontecer em seu ambien-
uma resposta, é mais provável que te: seu colega de quarto ou os seus
a resposta ocorra novamente no fu- pais reclamam. Sua mãe reclamando
turo. O salário que um trabalhador que você precisa limpar o seu quarto
recebe ao final do mês, por exemplo, pode ser um estímulo desagradável. Se
aumenta a probabilidade de que ele você limpar o quarto para fazê-la
volte ao trabalho no mês seguinte. parar
Por outro lado, um reforço negativo de reclamar, é mais provável que você re-
refere-se a um estímulo desagradável cuja re- pita esse comportamento no futuro. Desse
moção leva a um aumento na probabilidade de que modo, seu comportamento de limpeza do quar-
to terá sido reforça-
uma resposta precedente seja repetida no futuro. Por exem- do. Digamos, contudo, que o reforço positivo Estímulo
seu colega de quarto reclame acrescentado ao ambiente que
plo, se você tem um machucado que arde (um estímulo
toda a vez que você aumenta gera um aumento na resposta
desa- gradável) que é aliviado quando você aplica certa que o precedeu.
marca de pomada, é mais provável que você use aquela o volume da TV. Para evitar
pomada na vez em que tiver outro machucado. Usar a ouvir a reclamação, você reforço negativo Estímulo
pode parar de ver televisão desagradável cuja remoção leva a
pomada, então, é ne- gativamente reforçador, já que alivia o
com o volume tão alto. Nesse um aumento na probabilidade
machucado desagra- dável. De modo semelhante, se o de que uma resposta anterior a
volume do seu iPod está tão alto que machuca seus ouvidos caso, o seu comportamento
ele seja repetida no futuro.
quando o liga, é provável que você reduza o volume. Baixar de ouvir a TV com um volume
muito alto diminui para evitar punição Estímulo que
o volume é negativamente re- forçador, e você tem maior
a punição da reclamação. No diminui a probabilidade de
probabilidade de repetir a ação no futuro quando o ligar. O que um comportamento
reforço negativo, então, ensina o indivíduo que realizar uma primeiro caso, o
anterior a ele ocorra
ação remove uma condição nega- tiva que existe no comportamento espe- cífico novamente.
ambiente. Como os reforços positivos, os reforços pode aumentar devido ao
negativos aumentam a probabilidade de que com- reforço negativo; no segun-
portamentos precedentes sejam repetidos. do, é provável que diminua devido à punição.
Há dois tipos de punição: punição positiva e punição
ne- gativa, assim como existe o reforço positivo e o reforço
O reforço aumenta a frequência ne- gativo. Em ambos os casos, “positivo” significa
acrescentar algo, e “negativo” significa remover algo.
do comportamento que o Punição positiva enfraquece uma resposta por meio da
precedeu; a punição diminui a aplicação de um estímu- lo desagradável. Por exemplo, dar
frequência do comportamento palmadas em uma criança por se comportar mal ou passar 10
anos na cadeia por cometer um crime são punições positivas.
que a precedeu. Em contraste, punição ne- gativa consiste da remoção de
algo agradável. Por exemplo, quando um adolescente ouve
Note que um reforçamento negativo não é o mesmo que está “de castigo” e não vai mais poder usar o carro da
que uma punição. Punição refere-se a um estímulo que família devido a suas notas baixas, ou quando um
diminui funcionário é informado de que recebeu um corte no salário
devido a sua fraca avaliação, a punição nega- tiva está sendo
administrada. Tanto a punição negativa quanto a positiva
resultam na diminuição da possibilidade de que um
comportamento prévio seja repetido.
Essas regras podem ajudar você a distinguir os
conceitos de reforço e punição positivos e negativos:
• Reforço aumenta a frequência do comportamento que
o precedeu; punição diminui a frequência do comporta-
mento que a precedeu.
• A aplicação de um estímulo positivo gera um aumento
na frequência do comportamento, e é referida como re-
forçamento positivo; a aplicação de um estímulo
Aprendizagem •
negati- vo diminui ou reduz a frequência do
comportamento e é chamada de punição positiva.

138 • PSICO
Reforço e
Quando um estímulo é removido ou eliminado,
punição
Resultado Quando um estímulo é acrescentado, o o resultado é...
pretendido resultado é...

Reforço positivo Reforço negativo

Exemplo: Conceder Exemplo: Passar uma


Reforço um aumento por pomada para aliviar
(aumento do bom desempenho uma coceira torna
comportament mais provável a
o) Resultado: utilização futura dessa
Aumento na pomada
resposta de bom
desempenho Resultado: Aumento na
resposta de usar
pomada

Punição positiva Punição negativa

Exemplo: Gritar com Exemplo: Acesso da ado-


Punição uma adolescente lescente ao carro é
(diminuição quando ela rouba um restrito pelos pais por ter
do bracelete chegado depois da hora
comportament combinada
o) Resultado: Diminuição
na frequência da Resultado: Diminuição na
resposta roubar resposta de desrespeitar o
horário combinado

• A remoção de um estímulo negativo que resulta no au- punição negativa são mais complicadas
mento da frequência do comportamento é reforçamento do que se pensa,
negativo; a remoção de um estímulo positivo que dimi- então preste especial atenção à lista
nui a frequência do comportamento é punição negativa. e à tabela de resumo na figura
acima.
Os prós e contras da punição: por que o
reforçamen- to é melhor do que a punição
A punição é uma forma adequada de modificar o
comportamento? A punição costu- ma se apresentar como o
caminho mais rápido para modificar comportamentos que,
se continuarem, podem ser perigosos para um indivíduo.
Por exemplo, um pai pode não ter uma segunda chance de
dizer ao filho como é perigoso atravessar uma rua em
movimento, então puni-lo na primeira incidência desse
comportamento pode se provar sábio. Além disso, o uso da
punição para suprimir o comportamento, mesmo tem-
porariamente, dá a oportunidade de reforçar uma pessoa por
se comportar de um modo mais desejável no futuro.
Existem alguns poucos momentos em que a punição pode
ser a abordagem mais humana para tratar certos transtornos

DI
DI A DE ESTUDO
CAsdireforço
n
d ferenças entre reforço positivo,
negativo, punição positiva e
es
ã
Aprendizagem •
133
graves. Por exemplo, algumas crianças sofrem de autismo,
um transtorno psicológico que pode levá-las à
autoagressão, arranhando a própria pele ou batendo a
cabeça na parede, machucando-se gravemente no
processo. Em tais casos – e quando todos os outros
tratamentos já falharam – a punição na forma de um
choque elétrico rápido, porém intenso, foi utilizada para
impedir o comportamento autodestrutivo. Esse tipo de
punição é usado apenas para manter a criança segura e
ganhar tempo até procedimentos de reforçamento positivo
poderem ser iniciados (Ducharme, Sanjuan e Drain, 2007;
Salvy, Mulick e Butter, 2004; Toole et al., 2004).
A punição tem várias desvantagens que tornam seu
uso rotineiro questionável. Para começo de conversa, a
punição frequentemente é ineficaz, especialmente se não
for utilizada logo após o comportamento indesejado ou se
o indivíduo é capaz de deixar o local em que está sendo
punido. Um em- pregado que recebe uma reprimenda do
chefe pode se demi- tir; um adolescente que não pode mais
usar o carro da família pode pegar o carro de um amigo
emprestado. Nessas situa- ções, o comportamento inicial
que está sendo punido pode ser substituído por um que é
ainda menos desejável.
Pior ainda, a punição física pode passar ao alvo a
ideia de que agressão física é permissível e, talvez, até
mesmo de- sejável. Um pai que grita e bate no filho por se
comportar mal está ensinando ao filho que a agressão é
uma resposta adulta apropriada. Logo, o filho pode copiar
o comportamen- to do pai agindo agressivamente com
outras pessoas. Além disso, a punição física costuma ser
administrada por pessoas que estão com raiva ou irritadas. É
improvável que indivíduos em tal estado emocional
consigam pensar claramente no que

132 •
PSICO
perdessem um peixe, ou se os atendentes de
telemarke- ting nunca mais ligassem depois que
alguém desligasse na cara deles. O fato de que esses
comportamentos tão “não reforçados” continuam, em
geral com grande fre- quência e persistência, ilustra
que o reforçamento não precisa ser recebido
continuamente para que o compor- tamento seja
aprendido e mantido. De fato, o compor- tamento que
é reforçado apenas casualmente pode, no final das
contas, ser mais bem aprendido do que aquele
comportamento que é reforçado continuamente.
Quando nos referimos à frequência e ao momento
do reforçamento que segue o comportamento
desejado, estamos falando de esquemas de reforço.
Diz-se que o comportamento que é reforçado toda a vez
em que ocor- re está em um esquema de reforço
contínuo; se é refor- çado algumas vezes, mas não o
tempo todo, está em um esquema de reforço parcial
(ou intermitente). A aprendizagem ocorre mais
rápido quando o comporta- mento é continuamente
reforçado. Imagine, por exem- plo, que você está
tentando ensinar seu gato a recebê-lo toda vez que
você chega em casa. O gato irá aprender muito mais
rápido que vai ganhar uma recompensa quan- do vier
recebê-lo se você lhe der uma recompensa toda vez
que ele vier recebê-lo quando você chegar em casa.
Depois que o comportamento for aprendido, ele vai
du-
rar mais se você parar de
esquema de reforço
reforçá-lo. Se você só Diferentes padrões de
recompensar esse com- frequência e momento do
De que formas a punição é ineficaz? portamento ocasional- reforçamento seguindo o
mente, ou seja, se você comportamento desejado.
usar o esquema de esquema de reforço
estão fazendo e controlar cuidadosamente o grau de punição refor- contínuo Reforçar um
que estão infligindo. Por fim, aqueles que recorrem à puni- çamento parcial para manter comportamento toda vez que
ção física correm o risco de passar a ser temidos. As punições esse comportamento, é mais ele ocorre.
também podem diminuir a autoestima dos alvos, a menos provável que ele continue rece- esquema de reforço
que eles compreendam as razões para elas (Baumrind, bendo você mesmo depois de parcial (ou intermitente)
Larzerele e Cowan, 2002; Sorbring, Deater-Deckard e você ter parado de recompen- Reforçar um
Palmerus, 2006). Por fim, a punição não passa qualquer sá-lo (Casey, Cooper-Brown comportamento algumas vezes,
informação so- e Wacher, 2006; Gottlieb, mas não todas, em que ele
bre o que possa ser um comportamento alternativo mais ocorre.
2004; Staddon e Cerutti,
ade- 2003).
quado. Para ser útil na geração de um comportamento mais refor- çamento costuma ser melhor do que a punição (Hiby,
desejável no futuro, a punição deve ser acompanhada por Rooney e Bradshaw, 2004; Pogarsky e Piquero, 2003; Sidman,
informações específicas quanto ao comportamento que está 2006).
sendo punido, junto de sugestões específicas quanto a um
comportamento mais desejável. Punir uma criança por olhar Esquemas de reforço O mundo seria um lugar diferente
pela janela no colégio pode simplesmente fazê-la olhar para se jogadores de pôquer nunca mais jogassem depois de perder uma
o chão. A menos que lhe ensinemos as formas adequadas de mão, se os pescadores voltassem para a beira assim que
responder, teremos simplesmente substituído um comporta-
mento indesejado por outro. Se a punição não for seguida
por um reforçamento de comportamentos subsequentes que
sejam mais apropriados, não se terá conseguido muito.
Ou seja, reforçar o comportamento desejado é uma téc-
nica mais eficaz para modificar o comportamento do que
usar a punição. Tanto na área científica quanto fora dela, o

Aprendizagem •
133
Por que o reforço intermitente resultaria em
aprendiza- gem mais contundente e de maior duração
do que o reforço contínuo? Podemos responder a essa
pergunta examinando como podemos nos comportar
quando usamos uma máquina de venda de doces
comparada com uma máquina de caça-ní- queis em Las
Vegas. Quando usamos a máquina de vendas, a
experiência anterior nos ensinou que sempre que
colocarmos

pense PSICO
> > > Dados os achados científicos que acabamos de discutir

132 •
PSICO
quemas de reforço: esquemas de reforço parcial (tais como
os fornecidos pelos caça-níqueis) mantêm um desempenho
por mais tempo do que esquemas de reforço contínuo (tais

© The New Yorker Collection 2001 Christopher Weyant,


como o estabelecido nas máquinas de venda de doces) antes
da extinção – o desaparecimento da resposta condicionada

extraído de cartoonbank.com. Todos os direitos


– ocorrer.
PRÓXIMO ESTÍMULO
32 KM
Certos tipos de esquemas de reforço parcial produzem
respostas mais fortes e duráveis antes da extinção do que
ou- tros. Apesar de muitos tipos de esquemas de reforço
parcial terem sido examinados, eles podem ser praticamente
todos dispostos em duas categorias: esquemas que
consideram o número de respostas feitas antes de o reforço
ser dado, cha- mados de esquemas de razão fixa e de razão
variável, e os que consideram a quantidade de tempo que

reservados.
passa antes de ser fornecido reforço, chamados de esquemas
de intervalo fixo e de intervalo variável (Gottlieb, 2006;
Pellegrini et al., 2004; Svartdal, 2003).
Em um esquema de razão fixa, o reforço é dado
esquema de razão fixa a quantidade certa de dinheiro, apenas após um número específico de respostas. Por
Esquema pelo qual o o reforço, um doce, será entre- exemplo, um rato pode receber comida a cada dez vezes que
reforçamento só é dado após gue. Em outras palavras, o apertar uma alavanca; aqui, a razão seria de 1:10. De modo
um número específico de es- quema de reforço é similar, alfaia- tes geralmente são pagos em esquemas de
respostas. contínuo. Em comparação, razão fixa: eles re- cebem uma quantidade específica de
esquema de razão um caça- dinheiro para cada peça de roupa que tecerem. Já que uma
variável Esquema pelo qual o -níqueis oferece reforço taxa maior de produção significa mais reforço, pessoas em
reforçamento ocorre após um inter- mitente. As pessoas que esquemas de razão fixa trabalham o mais rápido possível.
número variável de respostas usam essas máquinas Em um esquema de razão variável, o reforço ocorre
ao invés de um número
aprendem que, depois que após um número variado de respostas, ao invés de um
específico.
colocaram o dinheiro, na núme- ro fixo. Apesar de o número específico de respostas
esquema de intervalo maioria das vezes não necessá- rias para receber a recompensa variar, o número de
fixo Esquema que fornece receberão nada em troca. Ao respostas costuma girar ao redor de uma média específica.
reforço para uma resposta
mesmo tempo, contudo, elas Um bom exemplo de um esquema de razão variável é o
apenas se um
período fixo de tempo tiver sabem que ocasionalmen- te trabalho de um operador de telemarketing. Ele pode realizar
passado, tornando taxas gerais ganharão algo. uma venda na terceira, oitava, nona e vigésima chamadas,
de resposta relativamente Agora imagine que, sem sem sucesso
baixas. o nosso conhecimento, tan-
to a máquina de venda de doces quanto o caça-níqueis es- mais reforçada.
tão estragados, portanto nenhum deles pode entregar nada.
Não demoraria muito para pararmos de depositar moedas
na máquina quebrada de doces. Provavel-
mente tentaríamos no máximo duas
ou três vezes antes de nos afastarmos
irritados. Mas com o caça-níqueis a
história seria outra. Aqui, o dinheiro
seria depositado por um tempo con-
sideravelmente maior, mesmo não
havendo retorno.
Em termos formais, podemos
ver a diferença entre os dois es-

DI
DI A DE ESTUDO
CLembre-se
Le
mesquemas
d
de que os diferentes
de reforço afetam a
e
rapidez com que uma
r sposta é aprendida e por quanto
e tempo ela dura depois de não ser

Aprendizagem •
135
entre elas. Apesar de o número de ligações que devem ser
fei- tas antes de uma venda variar, a média é de 20% de
sucesso. Nessas circunstâncias, podemos esperar que o
vendedor faça tantas ligações quanto possível no menor
tempo possível.
Esse é o caso com todos os esquemas
de razão variável, que levam a
um alto índice de respostas e
resistência à extinção.
Em contraste com os esque-
mas de razão fixa e de razão variá-
vel, em que o fator crucial é o nú-
mero de respostas, os esquemas de
intervalo fixo e de intervalo variável
se concentram em quanto tempo se
passou desde que uma pessoa ou um
animal foi recompensado. Um
exem-
plo de esquema de intervalo fixo é o salário semanal. Para
as pessoas que recebem salários regulares semanalmente,
não costuma haver grande diferença entre o quanto elas
produ- zem em cada semana.
Como um esquema de intervalo fixo fornece reforço
para uma resposta apenas se um período fixo de tempo
pas- sou, os índices gerais de resposta são relativamente
baixos. Isso é especialmente verdadeiro no período
diretamente pos- terior ao reforçamento, quando o tempo
de espera até o pró-

134 •
PSICO
Esquema de razão fixa Esquema de razão variável
Resultados de
Resposta ocorre em uma taxa alta e constante

esquemas
de reforço
Frequência cumulativa de

Frequência cumulativa de
respostas

respostas
Há pequenas pausas após cada resposta

Tempo Tempo

Esquema de intervalo Esquema de intervalo variável


fixo
Frequência cumulativa de

Frequência cumulativa de
respostas

respostas

Há tipicamente longas pausas após cada resposta


Respostas ocorrem em uma taxa constante

Tempo Tempo

ximo reforço é relativamente longo. Os hábitos de estudo mente constantes de


dos estudantes frequentemente exemplificam essa realidade. respostas do que esquemas de esquema de intervalo
Se o período entre provas é relativamente longo (o que quer intervalo fixo, com respostas variável Esquema pelo
dizer que a oportunidade para o reforçamento de bons que de- moram mais a se qual o tempo entre os
desempe- nhos é dada com pouca frequência), os reforços varia ao
extinguir após o redor de alguma média ao invés
estudantes estudam o mínimo, ou nada, até os dias de prova reforçamento terminar. de ser fixo.
se aproximarem. Contudo, logo antes das provas, os
estudantes começam a Discriminação e
generali-
se entupir de informações, sinalizando um rápido aumento quando vi- ria o próximo teste surpresa. Esquemas de intervalo
no índice de sua resposta de estudo. Como é de se esperar, variável, em geral, têm maior probabilidade de produzir taxas
imediatamente após a prova, há um rápido declínio na taxa relativa-
de respostas, com poucas pessoas abrindo um livro um dia
depois do teste. Esquemas de intervalo fixo produzem o tipo
de “efeito ascendente” que se vê no gráfico acima.
Uma forma de diminuir o atraso de resposta que ocorre
logo após o reforço, e de manter o comportamento desejado
de modo mais consistente ao longo de um intervalo, é usar
um esquema de intervalo variável. Em um esquema de in-
tervalo variável, o tempo entre os reforços varia ao redor
de alguma média ao invés de ser fixo. Por exemplo, um pro-
fessor que faz testes surpresas – variando de um a cada três
dias até um a cada três semanas, com média de um a cada
duas semanas –, está usando um esquema de intervalo
variá- vel. Comparado com os hábitos de estudo que
observamos com um esquema de intervalo fixo, os hábitos
de estudos dos alunos em um esquema de intervalo variável
como esse certamente seriam bem diferentes. Os estudantes
poderiam estudar mais regularmente, já que nunca saberiam
Aprendizagem •
135
zação no condicionamento operante Não demora
muito
para uma criança aprender que compartilhar os
brinquedos é recompensado com um biscoito, e que se
recusar a compartilhá-
-los resulta em castigo. Os mesmos princípios do condiciona-

pense PSICO
conecte-se
Esquemas de reforço
> > > Como o condicionamento operante pode ser apli- cado
Aceite o desafio PSICO! Aprenda a usar a psicologia para moti

134 •
PSICO
que o seu comportamento está sob o controle de estí-
mulos, porque você pode discriminar os humores do
colega de quarto.
Assim como no condicionamento clássico, o fe-
nômeno da generalização de estímulos, em que um
or- ganismo aprende uma resposta a um estímulo e
depois exibe a mesma resposta para estímulos
ligeiramente diferentes, ocorre no condicionamento
operante. Se você aprendeu que ser educado ajuda a
conseguir o que você quer em determinada situação
(reforçando a sua educação), é provável que você
generalize sua resposta para outras situações. Às vezes,
contudo, a generaliza- ção pode ter consequências
infelizes, como quando as pessoas se comportam
negativamente contra todos os membros de um grupo
racial porque tiveram uma expe- riência desagradável
com um membro daquele grupo.

Modelagem: reforçando o que não


ocorre na- turalmente Considere a
dificuldade de usar apenas o condicionamento
operante para ensinar as pessoas a consertar uma
transmissão de carro. Você teria de esperar até que
elas realizassem um comportamento desejado antes
de providenciar o reforço. Elas pro- vavelmente
levariam muito tempo até que acidental- mente se
deparassem com o comportamento correto.
Existem muitos comportamentos complexos, va-
riando desde o conserto de carros até a administração
de um zoológico, e que não esperamos que ocorram na-
Os seus hábitos de estudo seguem um esquema de intervalo
turalmente como parte do comportamento
fixo?
espontâneo de alguém. Já que esses comportamentos
nunca ocor- reriam naturalmente, não existiria a
mento operante dão conta de como um pombo pode aprender a
oportunidade de re- forçá-los. Todavia, existe um
bicar uma chave quando uma luz verde acende, mas não
procedimento, conhecido
quando uma luz vermelha aparece. Assim como no como modelagem, que pode ser usado para orientar alguém
condicionamento clássico, então, a aprendizagem operante a realizar o comportamento adequado. Modelagem é o
envolve os fenômenos de discriminação e generalização. proces- so de ensinar um comportamento complexo
O processo pelo qual as pessoas aprendem a reforçando apro- ximações cada vez maiores do
discriminar estímulos é conhecido como treinamento de comportamento desejado. Na modelagem, começa-se
controle de estí- mulos. No treinamento de controle de reforçando qualquer comportamento que seja de alguma
estímulos, um compor- tamento é reforçado na presença de forma semelhante ao que se quer que a pes- soa aprenda. A
um estímulo específico, seguir, são reforçadas apenas respostas que são mais próximas
mas não em sua ausência.
Por do comportamento que se quer por fim ensinar. No final, é
reforçada apenas a resposta desejada. Cada passo na
modelagem Processo de modelagem, então, afasta-se apenas um pouco do comporta-
ensinar um comportamento exemplo, uma das
mento previamente aprendido, permitindo que a pessoa associe
complexo reforçando discrimina- ções mais difíceis
o novo passo com o comportamento aprendido anterior.
aproximações cada que muitas pessoas
vez maiores do enfrentam é determi- nar
comportamento desejado. quando a amizade de al- Modelagem é o processo de ensinar
guém não é mera amizade,
mas um sinal de interesse amoroso. As pessoas aprendem a estímulos. Um estímulo discriminatório sinaliza a
discriminar observando a presença de certas pistas não verbais possibilidade de que um reforço venha em seguida a uma
– tais como contato visual aumentado e maior frequência de resposta. Por exemplo, se você esperar até o seu colega de
toque – que indicam interesse amoroso. Quando essas pistas quarto estar de bom humor antes de pedir emprestado o CD
estão ausentes, as pessoas aprendem que não há indício de preferido dele, pode-se dizer
in- teresse amoroso. Nesse caso, a pista não verbal funciona
como um estímulo discriminatório, ao qual o organismo
aprende a responder durante o treinamento de controle de
136 • PSICO
um comportamento complexo
reforçando aproximações cada
vez maiores do comportamento
desejado.

A modelagem permite que outras espécies aprendam


respostas complexas que nunca ocorreriam naturalmente,
variando desde leões pulando por argolas, golfinhos
salvan- do mergulhadores perdidos no mar ou roedores
encontran- do minas terrestres. A modelagem também
subjaz a apren- dizagem de muitas habilidades humanas
complexas. Por

Aprendizagem •
Comparando o condicionamento clássico e
pense PSICO o ope- rante Consideramos o condicionamento
clássico e o con- dicionamento operante como dois

conecte-se processos completamente diferentes. E há diversas


distinções-chave entre as duas for- mas de aprendizagem.
Modelagem Por exemplo, os conceitos-chave no condicionamento
> > > Tendo em vista o que você aprendeu sobreclássico
o con- são as associações
dicionamento entre estímulos
clássico e as respostas
e o operante, você acha que De
reflexas
Aceite o desafio PsychSmart! Torne-se um treinador deque temos, ao passo
pássaros.Treine que noa condi-
Jingles, arara, cionamento
a tocar o sino. Depois re
operante o conceito-chave é criar uma resposta voluntária
para obter reforço.

ANÁLISE DE COMPORTAMENTO
E MODIFICAÇÃO DE
COMPORTAMENTO
Duas pessoas que vinham morando juntas há três anos co-
meçaram a brigar frequentemente. As questões de conflito
variavam desde quem deveria lavar os pratos até a
qualidade de sua vida amorosa.
Perturbado, o casal foi ver um analista de
comportamen- to, um psicólogo que se especializa em
técnicas de modifica- ção de comportamento. Ele pediu a
ambos os parceiros que mantivessem um registro escrito
exemplo, a habilidade de participar de uma aula de psicolo- detalhado de suas interações ao longo das próximas duas
gia da faculdade é modelada desde as primeiras semanas.
experiências de sala de aula, quando crianças. Quando voltaram com as informações, o analista cuida-
Comportamentos como prestar atenção e concentrar-se, por dosamente revisou os registros com eles. Ao fazer isso, ele
exemplo, são muito me- nos aparentes na pré-escola do que notou um padrão: cada uma de suas brigas ocorreu logo
em uma sala de faculda- de. Ao longo dos anos, somos após algum deles ter deixado de fazer alguma tarefa de casa,
recompensados por aproxi- mações cada vez maiores dos tal como deixar os pratos sujos na pia ou pendurar roupas na
comportamentos de atenção e concentração desejados. única cadeira do quarto.
Usando as informações que o casal coletara, o analista
de comportamento pediu a ambos os parceiros que listas-
sem todas as tarefas que poderiam surgir e que cada um lhes

Conceito Condicionamento clássico Condicionamento operante


Princípi
Construir associações entre um Reforço aumenta a frequência do
o
estímulo condicionado e uma resposta comportamento que o precedeu; punição
básico
condicionada diminui a frequência do comportamento que a
precedeu.
Natureza do
Baseado em comportamento involuntário, Organismo opera voluntariamente em seu ambiente
comportament
natural e inato. O comportamento é para produzir um resultado desejado. Após o
o
eliciado comportamento ocorrer, a probabilidade de o
pelo estímulo condicionado ou não condicionado. comportamento ocorrer novamente é maior ou
menor dependendo das consequências do
comportamento.
Ordem dos
Antes do condicionamento, um estímulo não Reforço resulta em aumento
eventos
condicionado leva a uma resposta não do comportamento; punição
condicionada. Após o condicio- namento, um resulta em diminuição do
estímulo condicionado leva a uma comportamento.
resposta condicionada.
sempre que vê o
Exemplo Após um médico dar a uma médico (o estímulo
criança uma série de injeções condicionado).
dolorosas (um estímulo não
condicionado) que produz uma
reação emocional (uma
resposta não condicionada), a
criança desenvolve uma
reação emocional (uma
resposta condicionada)

138 • PSICO
Um estudante que, após estudar
bastante para uma prova, ganha um
10 (o reforço positivo) tem maior
probabilidade de estudar bastante no
futuro. Um estudante que, após sair
para beber na noite antes da prova,
é reprovado
(punição) tem menor probabilidade
de sair para beber na noite anterior a uma prova.

Condicionamentos clássico
e operante comparados

Aprendizagem •
atribuísse um valor dependendo do quanto tempo ela demo- do (ignorar uma criança que fica de birra). Selecionar
rasse para ser realizada. Depois, ele os fez dividir as tarefas os reforços certos é decisivo, e pode ser necessário
igualmente e concordar em um contrato escrito em cumprir experi- mentar um pouco para descobrir o que é
as tarefas a eles atribuídas. Se algum deles deixasse de cum- importante para um indivíduo em particular.
prir suas tarefas, teria de depositar um dólar por ponto em • Implementar o programa. É provável que o aspecto
um fundo para o outro gastar. Eles também concordaram mais importante da implementação do programa seja a
em realizar um programa de elogio verbal, prometendo con- sistência. Também é importante reforçar o
recom- pensar um ao outro por completar uma tarefa. comporta- mento pretendido. Por exemplo, imagine que
Ambos os parceiros concordaram em experimentar o uma mãe quer que a filha passe mais tempo fazendo as
programa por um mês e manter registros cuidadosos do nú- lições de casa, mas assim que a menina senta para
mero de brigas que tivessem durante aquele período. Para estudar, pede um lanche. Se a mãe pegar um lanche
sua surpresa, o número decaiu rapidamente. para ela, é pro- vável que ela esteja reforçando a tática
Esse caso ilustra a modificação de comportamento, de postergar da filha, e não seus estudos.
uma técnica formalizada para aumentar a frequência dos • Manter registros cuidadosos após o programa ser im-
comportamentos desejados e
plementado. Outra tarefa crucial é manter o registro. Se
modificação de diminuir a incidência dos in- os comportamentos-alvo não são monitorados, não há
comportamento Técnica
desejados. Usando os princí- como saber se o programa de fato está tendo sucesso.
formalizada para aumentar a
frequência dos comportamentos pios básicos da teoria da • Avaliar e alterar o programa em andamento. Por fim, os
desejados e diminuir a aprendizagem, técnicas de re- sultados do programa devem ser comparados com os
incidência dos indesejados. modificação de comporta- dados de pré-implementação de linha de base, para
mento se provaram úteis em determinar a eficácia do programa. Se o programa tiver
sido bem-suce-
diversas situações. Por exemplo, pessoas com retardo tratamentos normal- mente é usado. Isso pode incluir o
mental grave começaram a se vestir e a se alimentar uso sistemático de reforço positivo para o
sozinhas pela primeira vez em suas vidas como resultado da comportamento desejado (elogio verbal ou algo mais
modificação de comportamento. A modificação de tangível, como comida), assim como um programa de
comportamento tam- bém ajudou pessoas a perder peso, extinção para comportamento indeseja-
deixar de fumar e se com- portar com mais segurança
(Delinsky, Latner e Wilson, 2006; Ntinas, 2007; Wadden,
Crerand e Brock, 2005).
As técnicas usadas por analistas de comportamento são tão
variadas quanto a lista de processos que modificam o
comporta- mento. Esses processos incluem esquemas de
reforço, modela- gem, treinamento de generalização e extinção.
Os participantes de um programa de modificação de
comportamento, contudo, costumam seguir uma série de
passos básicos semelhantes:
• Identificar objetivos e comportamentos-alvo. O primei-
ro passo é definir o comportamento desejado. É um au-
mento no tempo que se passa estudando? Uma perda de
peso? Um aumento no uso da linguagem? Uma redução
na agressividade demonstrada por uma criança? Os ob-
jetivos devem ser declarados em termos observáveis e
indicar alvos específicos. Por exemplo, um objetivo
pode ser “aumentar o tempo de estudo”, ao passo que o
com- portamento-alvo seria “estudar ao menos duas
horas por dia em dias de semana e uma hora por dia aos
sábados”.
• Criar um sistema de registro de informações e
registrar informações preliminares. Para determinar se
um com- portamento mudou, devem-se coletar dados
antes que mudanças sejam feitas na situação. Essa
informação for- nece uma linha de base contra a qual
mudanças futuras podem ser mensuradas.
• Selecionar uma estratégia de modificação de
comporta- mento. O passo mais importante é selecionar
uma estra- tégia adequada. Já que todos os princípios
da aprendi- zagem podem ser empregados para gerar
uma mudança no comportamento, um “pacote” de
140 • PSICO
dido, os procedimentos empregados podem ser
retirados gradualmente. Por exemplo, se o programa
necessitava de reforço a cada vez que era preciso pegar
as roupas do chão do quarto, o esquema de reforço
poderia ser trocado por um esquema de razão fixa em
que houvesse reforçamento a cada três vezes. Todavia,
se o programa não tiver tido sucesso em gerar a
mudança desejada de comportamento, pode ser bom
considerar outras abordagens.
Técnicas de mudança de comportamento baseadas
nes- ses princípios gerais obtiveram bastante sucesso e se
mostra- ram um dos melhores modos de modificar
comportamentos. Claramente, é possível empregar as
noções básicas da teoria da aprendizagem para melhorar
nossas vidas.

>> Abordagens cognitivas


da aprendizagem
Considere o que acontece quando as pessoas aprendem a
di- rigir um carro. Elas não sentam na frente da direção e
tateiam até aleatoriamente encaixar a chave na ignição e,
depois, após muitos começos em falso, acidentalmente
conseguem fazer o carro se mover para frente, assim
recebendo reforço positi- vo. Pois é desse jeito que
aconteceria se o condicionamento fosse o único tipo de
aprendizagem. Na vida real, contudo, o condicionamento
é só uma parte de como aprendemos comportamentos
complexos. Por exemplo, já conhecemos os elementos
básicos da direção devido a nossa experiência anterior
como passageiros, quando provavelmente notamos como
a chave era inserida na ignição, o carro era manobrado e o
acelerador era apertado para fazer o carro seguir adiante.
Claramente, nem toda a aprendizagem pode ser expli-
cada por paradigmas de condicionamento clássico e
ope- rante. De fato, atividades como aprender a dirigir
um carro implicam que alguns tipos de aprendizagem
devem envolver processos de ordem maior em que os
pensamentos e as me- mórias das pessoas, e as formas
como elas processam a infor-

Aprendizagem •
A aprendizagem latente
ocorre sem reforço.

Nos estudos que demonstram a aprendizagem


latente, os psicólogos examinaram o
comportamen- to de ratos em um labirinto – como
o demonstrado na página 140. Em um
experimento, os ratos eram designados
aleatoriamente a uma das três condições
experimentais. Um grupo de ratos podia passear pelo
labirinto uma vez por dia durante 17 dias, mas sem
nunca receber uma recompensa. Compreensivel-
mente, esses ratos cometiam muitos erros e demo-
ravam relativamente bastante tempo até
Aprender a dirigir um carro é um exemplo de uma abordagem alcançarem o final do labirinto. Um segundo
cognitiva da aprendizagem. grupo, contudo, sempre recebia comida no final do
labirinto. Não é de surpreender que esses ratos
aprenderam a correr rápida e diretamente até a caixa
mação, dão conta de suas respostas. Tais situações depõem
de comida, cometen- do poucos erros.
contra a aprendizagem como a aquisição automática, mecâ-
nica e impensada de associações entre estímulos e Um terceiro grupo de ratos começou na mesma
respostas, como no condicionamento clássico, ou a situação em que os ratos que não recebiam recompensas,
apresentação de re- forço, como no condicionamento mas só nos primeiros 10 dias. No 11º dia, foi introduzida uma
operante. manipulação experimental crítica: daquele ponto em diante,
Alguns psicólogos enxergam a aprendizagem em os ratos nesse grupo passaram a receber comida ao
termos de processos de pensamento, chamados de completarem o labirinto. Os resultados da manipulação
cognições, que a subjazem – uma abordagem conhecida foram surpreendentes. Os ratos que não recebiam
como teoria cogniti- va da aprendizagem. Apesar de os recompensas, que pareciam percorrer o la- birinto ao acaso,
psicólogos que traba- lham a partir da perspectiva cognitiva demonstraram tamanha redução no tempo de corrida e tal
da aprendizagem não declínio em índices de erros que seu desempenho igualou
negarem a importância dos condicionamentos clássico e ope- quase imediatamente
rante, eles desenvolveram abordagens que se concentram o do grupo que recebia teoria cognitiva da
nos processos mentais invisíveis que ocorrem durante a recom- pensas desde o aprendizagem Abordagem
aprendi- zagem, ao invés de se concentrar apenas em começo. ao estudo da aprendizagem que
se foca nos processos de
estímulos, res- postas e reforços externos. Por exemplo, Para os teóricos cogniti-
pensamento que subjazem a
dois tipos de apren- dizagem que não podem ser explicados vos, parecia claro que os aprendizagem.
pelos conceitos do condicionamento clássico ou do operante ratos não recompensados
são a aprendiza- gem latente e a aprendizagem por haviam aprendido o plano do aprendizagem latente
Aprendizagem em que um
observação. labirinto no início de suas
novo comportamento é
explorações; eles só nunca adquirido, mas não é
demonstraram sua demonstrado, até que seja
APRENDIZAGEM LATENTE aprendizagem latente até fornecido algum incentivo
As primeiras evidências da importância dos processos cog- o reforço ser oferecido. Ao para demonstrá-lo.
invés disso, aqueles ratos pa-
nitivos vêm de uma série de experimentos com animais que receram desenvolver um mapa cognitivo do labirinto – uma
revelaram um tipo de aprendizagem cognitiva chamada de representação mental de localizações e direções espaciais.
aprendizagem latente. Na aprendizagem latente, um novo
comportamento é aprendido, mas não demonstrado, até que lhe
seja dado algum incentivo para isso (Tolman e Honzik,
© The New Yorker Collection 1995 Gahan Wilson,

1930). Ou seja, a aprendizagem latente ocorre sem o


extraído de cartoonbank.com. Todos os direitos

reforço.

DI
CLemap
re
reservados.

142 • PSICO
DI A DE ESTUDO
Lembre-se de que a abordagem cognitiva da aprendizagem se foca nos pensamentos
e expectativas internos dos aprendizes, ao passo que as abordagens do
condicionamento clássico e do operante se focam em estímulos, respostas e reforços externos.

Aprendizagem •
Uma vez por dia durante 17 dias os ratos podiam correr pelo
labirinto. Os ratos que nunca eram recompensados (condição
controle não recompensada) cometiam muitos erros
Aprendizagem latente
consistentemente. Os ratos que recebiam comida toda vez que
completavam o labirinto (condição controle recompensada) cometiam
em ratos
muito menos erros. O grupo experimental inicialmente não era Começam a
recompensado, mas passou a ser recompensado no 10º dia. Logo, seu
índice de
erros caiu para mais ou menos o mesmo nível dos controles recompensados. 10 recompensar
Aparentemente, esse grupo havia grupo
experimental por
desenvolvido um mapa cognitivo
completar o
Final do labirinto e demonstrou labirinto com sucesso.
8
sua aprendizagem latente
quando

Número médio de
foi recompensado por
completar o labirinto 6
com Controle Controle não
sucesso. recompensa recompensado
Cortina do

erros
de ida e
volta Cortina 4
só de ida

Fonte: Tolmas e Honzik,


2

Grupo

1930.
experimental 0 2 4 6 8 10 12 14
Início
16 18
Dias

As pessoas também desenvolvem mapas presente óbvio. Em vez disso, os resultados


cognitivos de seus arredores. Por exemplo, a sustentam uma visão cognitiva da aprendiza-
aprendizagem
gem, em que mudanças ocorrem em proces-
aprendizagem por latente pode sos mentais não observáveis (Beatty, 2002;
observação
Aprendizagem ao observar o ajudá-lo a saber Frensch e Rünger, 2003; Stouffer e White,
comportamento de outra a localização 2006; Voicu e Schmajuk, 2002).
pessoa ou modelo. de uma loja de
utensílios de cozinha em um pequeno
shopping que você visita com frequência, APRENDIZAGEM POR
mesmo que nun- ca tenha entrado na loja nem OBSERVAÇÃO:APRENDEN
goste de cozinhar. DO POR MEIO DA
A possibilidade de que desenvolvamos IMITAÇÃO
nossos mapas cognitivos por meio da aprendi-
zagem latente apresenta uma espécie de pro- Vamos voltar por um momento para o caso da
pessoa que está aprendendo a dirigir. Como podemos dar
blema para os teóricos ortodoxos do condicionamento ope-
conta de instâncias em que um indivíduo sem experiência
rante. Se considerarmos os resultados do experimento sobre
direta com a execução de um comportamento em especí-
a aprendizagem do labirinto, por exemplo, não poderemos
fico aprende o comportamento e a seguir o executa? Para
ver claramente qual reforço permitiu que os ratos que
inicial- mente não receberam nenhuma recompensa responder a essa pergunta, os psicólogos se focaram em ou-
tro aspecto cognitivo da aprendizagem: a aprendizagem por
aprendessem a estrutura do labirinto, já que não havia
nenhum reforçador observação.
De acordo com o psicólogo Albert Bandura e seus co-

Você sabia? laboradores, uma grande parte da aprendizagem humana


consiste de aprendizagem por observação, que é a apren-
Aprender realmente modifica o seu cérebro! Quando dizagem ao observarnovas
você aprende o comportamento
informaçõede, os outra pessoa, no seu cér
neurônios
Quanto mais você usa a informação,s mais fortes serão essas interligações
ou modelo. – e por mais
Devido à sua dependência da tempo você
observação de irá retê-la.
, outros – um fenômeno social –, a perspectiva adotada por

144 • PSICO
Bandura é frequentemente referida como uma abordagem timular a aprendizagem com um experimento clássico. No
sociocognitiva para a aprendizagem (Bandura, 1999, estudo, crianças pequenas viram um filme de um adulto ba-
2004). tendo selvagemente em um boneco inflável de 1,5 m
Bandura demonstrou a habilidade dos modelos de es- chama-

Aprendizagem •
do de boneco Bobo (Bandura, Ross e Ross, 1963a, 1963b). desenvolve tanto suas habilidades
Depois, as crianças recebiam a oportunidade de brincar com computacionais por meio da
o boneco Bobo, e, é claro, a maioria demonstrou o mesmo aprendizagem por observação que entra em
tipo de comportamento, em alguns casos imitando quase um bate-papo adulto e arranja um encontro
identicamente o comportamento agressivo. com uma mulher no parque.
A aprendizagem por observação é particularmente im-
portante para adquirir habilidades em que a técnica de
mode-

Laranja
mecânica Um
jovem britânico
ultraviolento, preso
por estupro e
assassinato, se
voluntaria para participar de
um programa experimental
no

em que o condicionamento
clássico e a terapia de
Psicologia

aversão são
usados na tentativa de reabilitá-
lo o.
.
Cinema

Sob o domínio do mal


Os efeitos do condicionamento
clássico e da hipnose nesse
filme são
tão poderosos que transformam um soldado
leal em um perigoso assassino.
Nosso querido Bob
Bob usa estratégias de modelagem
(reforçando “passos de tartaruga”) do
livro do seu psicólogo para tentar superar
seus medos e ansiedades irracionais.
Cartas na mesa
Os cassinos ganham dinheiro com o poder
dos esquemas intermitentes de reforço. O
personagem principal deste filme vive uma
luta contra seu vício em jogo.
Eu, você e todos nós
Robby tem 5 anos e passa muito tempo
com o irmão no computador. Ele

146 • PSICO
lagem do condicionamento operante não é apropriada. Pilotar
um avião e realizar cirurgia cerebral, por exemplo, são
com- portamentos que dificilmente podem ser aprendidos
usando métodos de tentativa e erro sem sérias
consequências – lite- ralmente – para os envolvidos no
processo de aprendizagem. Nem todo o comportamento
que observamos é apren- dido ou executado, é claro. Um
fator crucial que determina se iremos imitar um modelo
mais tarde é se o modelo recompensado pelo seu
comportamento. Se observar- é
mos um amigo ser recompensado por passar mais
tempo estudando recebendo notas mais altas, é mais
provável que imitemos o seu comportamento do que se
o com- portamento resultasse apenas em estresse e
cansaço. Modelos que são recompensados por se
comportar de um modo específico têm maior
propensão a se- rem imitados do que modelos que
recebem punição. Observar a punição de um modelo,
no entanto, não necessariamente impede observadores
de aprender o omportamento. Os observadores ainda c
podem descrever
o comportamento do modelo – serão apenas menos pro-
ensos a imitá-lo (Bandura, 1977, 1986, 1994). p
A aprendizagem por observação fornece uma estru-
tura para compreender diversas questões importantes
re- lacionadas ao quanto as pessoas aprendem
simplesmente por observar o comportamento dos
outros. Por exemplo, assistir a violência na televisão
nos torna mais violentos?

VIOLÊNCIA NA TELEVISÃO E NOS


VIDEOGAMES: A MENSAGEM DA
MÍDIA IMPORTA?
Em um episódio da série de TV Os Sopranos, o
mafioso fictício Tony Soprano assassinou um de seus
associados.

DI A DE ESTUDO DI
Um onto-chave da abordagem da
aprendizagem por observação é CUm
p ap
que o comportamento de rc
modelos que são
recompensados tem maior chance
de ser imitado do que o
comportamento pelo qual o
modelo é punido.

Aprendizagem •
video- game, faz com que a agressão pareça uma resposta
Da perspectiva de... legítima a
UM PSICÓLOGO ESCOLAR Que
conselho você daria a famílias quanto
à exposição de seus filhos à violência
na mídia e nos videogames?

Para dificultar a identificação do cor-


po, Soprano e um de seus capangas
desmembraram o corpo e jogaram os pedaços fora.
Alguns meses depois, dois meio-irmãos da vida real em
Riverside, na Califórnia, estrangularam a mãe e cortaram a
cabeça e as mãos do corpo. Victor Bautista, 20, e Matthew
Montejo, 15, foram pegos pela polícia depois de um segu-
rança ter percebido que havia um pé saltando para fora de
um pacote que eles estavam tentando jogar em uma lixeira.
Eles disseram à polícia que o plano de desmembrar a mãe
foi e inspirado no episódio de Os Sopranos (Martelle,
Hanley e Yoshino, 2003).
Como outros assassinatos imitando a mídia, a brutali-
dade a sangue frio dos irmãos levanta uma questão crítica:
observar atos violentos e antissociais na mídia leva os
espec- tadores a se comportar de maneiras semelhantes? Já
que pes- quisas sobre modelos mostram que as pessoas
frequentemen- te aprendem e imitam a agressividade que
observam, essa pergunta está entre as questões mais
importantes estudadas por psicólogos.
Com certeza, a quantidade de violência na mídia de
mas- sas é enorme. Na época em que estiver deixando o
ensino fundamental, uma criança comum nos Estados
Unidos terá assistido a mais de 8 mil assassinatos e 800 mil
atos violentos na televisão a cabo (Huston et al., 1992;
Mifflin, 1998).
A maior parte dos especialistas concorda que assistir a
níveis elevados de violência na mídia torna os espectadores
mais suscetíveis a agir agressivamente, e pesquisas recentes
sustentam essa afirmação. Por exemplo, um levantamento
com criminosos jovens agressivos do sexo masculino encar-
cerados na Flórida mostrou que um quarto deles havia ten-
tado cometer um crime inspirado no que vira na mídia (Su-
rette, 2002). Uma proporção significativa desses criminosos
adolescentes afirmou que prestava bastante atenção na
mídia. Videogames violentos também foram associados a
agressões reais. Em uma série de estudos do psicólogo
Craig Anderson e seus colaboradores, por exemplo, alunos
da fa- culdade que jogavam videogames violentos com
frequência, tais como Postal ou Doom, tinham maior
probabilidade de ter se envolvido com comportamento
delinquente e agressão do que os seus pares. Jogadores
frequentes também tinham notas mais baixas (Anderson e
Dill, 2000; Anderson et al.,
2004; Bartholow e Anderson, 2002).
Diversos aspectos da violência na mídia podem contribuir
para o comportamento agressivo na vida real (Bushman e An-
derson, 2001; Johnson et al., 2002). Para início de conversa,
assistir a conteúdo violento na mídia parece diminuir inibições
contra realizar agressões – assistir a retratos de violência na
televisão, ou usar de violência para vencer nos jogos de
148 • PSICO
situações específicas. Exposição à violência na mídia
também pode distorcer a forma como compreendemos o
comportamen- to dos outros, nos predispondo a ver mesmo
atos não agressivos de outros como se fossem agressivos.
Por fim, uma dieta con- tínua de agressividade pode nos
dessensibilizar da violência, e o que anteriormente nos
teria causado repulsa agora produz pouca resposta
emocional. Nossa compreensão da dor e do so- frimento
causados pela agressividade pode ser diminuída (Bar- tholow,
Bushman e Sestir, 2006; Carnagey, Anderson e Bush- man,
2007; Weber, Ritterfeld e Kostygina, 2006).

Aprendizagem •
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado
para esta Unidade de Aprendizagem. Na
Biblioteca Virtual da Instituição, você
encontra a obra na íntegra.

150 • PSICO
Infográfico
A aprendizagem é um fenômeno complexo em que a interação
ocorrida entre aspectos psicológicos e biológicos resulta no
desenvolvimento de competências. Sendo assim, aprender é
realizar funções de leitura das experiências.
Quando se trata de sujeitos e experiências, este processo passa a
ter caracterizações diferenciadas, influenciado pelo tempo de seu
estudo, assim como pelo pensamento que perpassa cada época
histórica.
No esquema abaixo, constam as principais escolas da Psicologia e
seus representantes mais destacados.
Na prática
A aprendizagem é um processo que depende de elementos
biológicos, psicológicos e sociais. Levando em consideração que
os educadores são figuras importantes dos elementos sociais
envolvidos no processo de aprendizagem, analise as duas
imagens a seguir:

Agora, analise as perguntas:


1. Em qual das imagens você observa a ocorrência de maior
motivação para a aprendizagem? 2
2. Em qual imagem há mais autonomia da parte dos estudantes?
2
3. Em qual imagem os estudantes são as figuras centrais do
processo? 2
Se você respondeu que é a imagem 2, parabéns! Você está em
concordância com as perspectivas mais contemporâneas de
aprendizagem.
152 As
• PSICO
pesquisas apontam que, quanto mais significativo for o
processo de aprendizagem para o estudante, tanto melhores
serão a retenção do conhecimento e o desenvolvimento das
habilidades.
Dica do Professor
Principais teorias de aprendizagem relacionadas a educação
Há muitos anos teóricos se preocupam em descrever,
sistematizar, analisar e intervir nos processos de aprendizagem. Já
na Grecia antiga encontramos aquele que é considerado por
alguns como o primeiro pedagogo, segundo PLATÃO, “A
educação deveria possibilitar ao corpo e à alma toda a perfeição e
beleza possíveis”, ele acreditava que as crianças deveriam
ser educadas de forma livre, de modo que pudesse
observar a melhor disposição de cada um.
As cinco principais teorias da aprendizagem
• A Comportamentalista
• A Cognitivista
• A Construtivista
• A Socio Interacionista
• A Humanista

1. Teoria Comportamental – As teorias da aprendizagem


baseados no comportamentalismo, também chamada de
BEHAVIORISMO, se baseia na ideia de que o conhecimento
vai ser aprendido a partir de associações. A repetição
constante de ações e o reforçamento são elementos que
fazem parte dessa perspectiva. Nessa teoria, a formação
técnica do educador e uso de diferentes recursos didáticos,
são bastante valorizados. WATSON e SKINNER
2. Teoria Cognitivista – Em contraposição do
comportamentalismo, o cognitivismo entende que a
aprendizagem ocorre a partir do pensamento e do
processamento da informação. A reorganização da
informação proporciona novas explicações ou adaptação de
outras antigas. A teoria cognitivista da aprendizagem é
atribuida a PIAGET que descreveu os estágios do
desenvolvimento cognitivo;
Sensório-Motor; Pré Operacional; Operacional
Concreto; Operacional Formal.
3. Teoria Construtivista – A principal premissa do
construtivismo é de que a aprendizagem é construída com
base em nosso conhecimento e nossas experiências prévias.
VYGOTSKY acreditava que não eram estágios, tal como no
cognitivismo que oportunizavam o desenvolvimento cognitivo
e sim a interação do indivíduo com a cultura. VYGOTSKY
usou a expressão “Zona de Desenvolvimento Proximal”
para descrever os ambientes sociais de aprendizagem, por
este motivo a teoria de VYGOTSKY é também chamada de
SÓCIO INTERACIONISTA. O desenvolvimento da linguagem
é considerado fundamental para o desenvolvimento da
inteligência nessa abordagem.
4. Teoria Sócio Interacionista – É a Zona de
Desenvolvimento Proximal de VYGTSKY. O desenvolvimento
da linguagem é considerado fundamental para o
desenvolvimento da inteligência nessa abordagem.
5. Teoria Humanista – Ao aplicar a psicologia humanista ao
contexto escolar, CARL ROGERS formulou que chamou de
princípios de aprendizagem, a partir dos quais, todo aluno
deve ser compreendido pelo educador como um sujeito com
potencial de aprendizagem. Nessa perspectiva é importante
o estabelecimento de uma relação entre expectativas dos
alunos e coerência dos conteúdos. O aluno deve estar
posicionado no centro do processo de ensino e
aprendizagem, suas individualidades devem ser reconhecidas
e levadas em consideração na proposição de um ambiente
que proporcionem experiências educacionais de
aprendizagem.

Desafio

Levando em conta essa afirmação, de que forma você é desafiado,


através do meio, para adquirir conhecimento (aprender)? Você acredita
154 • PSICO
que aprender é um conjunto de processos psicológicos, tais como
cognição, emoção, motivação e comportamentos, que permite a
aprendizagem?
Para realizar esta atividade, você deverá:
1. Construir um infográfico ou esquema sobre processos de
aprendizagem com as palavras: DINÂMICO, GRADATIVO, CUMULATIVO,
CONTÍNUO, PESSOAL e GLOBAL.
2. Produzir um relato crítico sobre a forma pela qual o meio e os
processos psicológicos influenciam ou podem influenciar sua
aprendizagem, levando em conta seu cotidiano.
Bom trabalho.
Espera-se que você seja capaz de relatar sua experiência no processo de
aquisição da aprendizagem, levando em conta o meio, os processos
psicológicos, assim como o slide do desafio.
O desafio está no relato e análise dos conteúdos disponibilizados e na
construção do esquema solicitado.
Segue abaixo um exemplo de esquema:

1.
Na perspectiva do condicionamento clássico, estudado,
inicialmente, por Ivan Pavlov, a aprendizagem é entendida
como uma mudança relativamente permanente no
comportamento, ocorrida a partir de uma experiência.
Indique a alternativa que apresenta uma afirmativa correta
a respeito do condicionamento clássico:

B.
Respostas não condicionadas são as emitidas por todos os seres
humanos normais e saudáveis.
No condicionamento clássico, um estímulo neutro é associado a um
estímulo não condicionado. Com esse condicionamento, um
estímulo neutro, antes não associado/pareado com o estímulo não
condicionado, passa a ser um estímulo condicionado. Uma resposta
não condicionada é uma resposta reflexa, natural, não
associada/pareada com uma aprendizagem anterior. Respostas não
condicionadas são as emitidas por todos os seres humanos normais
e saudáveis. Exemplos de respostas não condicionadas são suar no
calor, tremer no frio e salivar frente ao alimento.
3.
O condicionamento operante foi inicialmente estudado por
Skinner, que se interessou em compreender e descrever
como o comportamento varia em função do ambiente. Em
outras palavras, ele se interessou em descrever processos
de aprendizagem. Identifique a alternativa que apresenta
uma afirmativa correta em relação ao processo de
reforçamento no contexto do condicionamento operante:
E.
O reforçamento é um conceito central na formulação teórica
do condicionamento operante.
No condicionamento operante, o reforçamento tem posição central.
O reforçamento é o processo que aumenta a probabilidade de que
um comportamento seja repetido. Exemplos de reforçadores
primários são comida e bebida. Exemplos de reforçadores
secundários são dinheiro e prêmios. Um reforço positivo é um
elemento adicionado ao ambiente que aumenta a probabilidade de
ocorrência da resposta. Um reforço negativo é um elemento
retirado do ambiente que leva a um aumento da probabilidade de
ocorrência da resposta.

156 • PSICO

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