Esc Psico e Os Processos de Aprendizagem.
Esc Psico e Os Processos de Aprendizagem.
Esc Psico e Os Processos de Aprendizagem.
Envolva-se!
Aprenda sobre comportamento
Qual é o SEU estilo de
memória?
P974 Psico [recurso eletrônico] / [Tanya Renner ... et al.] ;
tradução: Marcelo de Abreu Almeida ; revisão técnica:
Silvia H. Koller. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre :
AMGH, 2012.
CDU 159.9
você LÊ
>
Aprendizagem •
Pavlov vinha estudando a secreção dos ácidos mulo não condicionado, ou ENC, visto que comida
estoma- cais e da salivação nos cachorros em resposta à na boca de um cachorro automaticamente causa a
ingestão de quantidades e tipos de comida variados. salivação. A resposta reflexa que a comida elicia
Enquanto fazia isso, ele observou um curioso (salivação) é chamada de resposta não condicionada,
fenômeno: às vezes, as secreções do estômago e a ou RNC. Essa é uma res- posta reflexa, natural e inata
salivação começavam nos cachorros antes de eles que não está associada à aprendizagem anterior.
terem comido qualquer coisa. A mera visão do Um modo de saber se um estímulo é um ENC é
experimentador que normalmente lhes trazia comida, ou consi- derar se todo o ser humano normal
mesmo o som de seus passos, era o bastante para apresentaria a RNC. Se a resposta é sim, então
produzir salivação nos cachorros. O gênio de Pavlov provavelmente ele é um ENC. Por exemplo, será que
estava em sua habilidade de reconhecer as implicações qualquer pessoa saudável suaria em um clima
da descoberta. Ele percebeu que os cães não estavam extremamente quente e úmido? A resposta é sim. Logo,
respondendo apenas com base na necessidade biológica calor extremo e humidade são o ENC, e o suor é a
(fome), mas também como resultado da aprendizagem – RNC. Respostas não condicionadas são sempre
ou, como veio a ser conhecido, o condicionamento causadas pela presença de estímulos não
clássico. O condicionamento clássico é um tipo de condicionados.
aprendizagem em que um estímulo neutro (tal como os De volta ao estudo de Pavlov, a campainha toca
passos do experimentador) elicia uma resposta após ser cada vez que o cão está para receber comida. O objetivo
associado com um estímulo (tal como a comida) que do condicionamento é que o cachorro associe a
naturalmente acarreta essa resposta. campainha ao estímulo não condicionado (carne) e,
Para demonstrar o condicionamento clássico, portanto, elicie a mesma resposta que o estímulo não
Pavlov (1927) conectou um tubo à boca de um cachorro condicionado. Após diversas associações entre a
para que ele pudesse medir precisamente a salivação do campainha e a carne, a campainha por si só já é capaz
animal. A seguir, ele tocou uma campainha e, alguns de fazer o cão salivar.
segundos de- pois, permitiu que o cachorro comesse a Quando o condicionamento está completo, a
comida. Essa as- sociação ocorreu repetidamente e foi campainha já não é mais um estímulo neutro, tendo
cuidadosamente pla- nejada para que, cada vez, se tornado um estímulo condicionado, ou EC. Nesse
exatamente a mesma quantidade de tempo se passasse ponto, a salivação em resposta ao estímulo condicionado
entre a apresentação da campainha e a comida. A (campainha) é considerada uma resposta
princípio, o cão salivava apenas quando a comida estava condicionada, ou RC. Após o condicionamento,
em sua boca, mas logo começou a salivar ao som da portanto, o estímulo condicionado evoca uma resposta
campainha. De fato, mesmo quando Pavlov parou de condicionada.
dar comida ao cão, o animal ainda salivava após ouvir o Embora a terminologia que Pavlov usou para
som. O cão havia sido classicamente condicionado a descrever o condicionamento clássico possa parecer
salivar ao som da campainha. confusa, o seguinte resumo pode ajudar a tornar as
relações entre estímulos e respostas mais fáceis de
compreender e lembrar:
1
10
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12
13
14
15
126 • PSICO
16 Antes do condicionamento A campainha não causa a
salivação, fazendo dela um estímulo neutro. • Condicionado = aprendido
• Não condicionado = não aprendido (inato, genetica-
Estímulo neutro: mente programado)
som da campainha Resposta sem relação com a
carne: levantar as orelhas • Um estímulo não condicionado leva a uma resposta
não condicionada.
• Associações entre estímulos não condicionados e
respostas não condicionadas não são aprendidas e
não são treinadas.
• Durante o condicionamento, um estímulo previamen-
te neutro se transforma no estímulo condicionado.
• Um estímulo condicionado leva a uma resposta
Estímulo não condicionado con- dicionada, e uma associação entre estímulo
(ENC) Resposta não condicionada condi- cionado e resposta condicionada é uma
(RNC)
consequên- cia de aprendizagem e de treinamento.
• Uma resposta não condicionada e uma resposta
con- dicionada são semelhantes (tais como a
salivação no experimento de Pavlov), mas a
resposta não condi- cionada ocorre naturalmente e
Carn é tipicamente mais forte, enquanto a resposta
e Salivação
condicionada é aprendida e costuma ser menos
intensa.
17 Durante o condicionamento A campainha é tocada
logo antes da apresentação da carne.
COMO OS PRINCÍPIOS DO
Estímulo Resposta não CONDICIONAMENTO SE
neutro condicionada
(RNC) APLICAM AO
Som da
campainha COMPORTAMENTO
HUMANO?
Apesar de os primeiros experimentos de condicio-
namento terem sido realizados com animais, logo se
viu que os princípios do condicionamento clássico
podiam ser usados para explicar muitos aspectos do
Estímulo não condicionado (ENC) comportamento humano diário. Lembre-se, por
Salivaçã exem- plo, da ilustração anterior sobre como as
Carne o pessoas po- dem salivar ao ver os arcos dourados do
McDonald’s. O motivo dessa reação é o
condicionamento clássico: os arcos anteriormente
neutros foram associados aos
18 Após o condicionamento O som da campainha sozinho estimula a alimentos de dentro do restaurante que foram
salivação, tornando-o um estímulo condicionado, e a salivação a
resposta comidos em ocasiões anteriores (o estímulo não
condicionada. condicionado), fazendo com que os arcos se
tornassem um estímulo
Estímulo condicionado (EC) Resposta condicionada condicionado que causa a resposta condicionada da
(RC) salivação.
Som da
Respostas emocionais têm especial probabilidade
campainha
de serem aprendidas por meio dos processos de
condi- cionamento clássico. Por exemplo, como é que
alguns de nós desenvolvem medo de ratos, baratas e
outras criaturas que são tipicamente inofensivas? Em
Salivação
um es-
tudo de caso já infame, o psicólogo John B. Watson e
128 • PSICO
Evitar o dentista
devido a uma exemplo, você pode ser um estímulo condicionado
experiência de muitos que não vão ao (EC) Estímulo anteriormente
anterior dentista com a frequência de- neutro que foi associado a um
desagradável não vida por causa de suas asso- estímulo não condicionado
é incomum. É ciações anteriores de dentista para provocar uma resposta
assim que a com dor. Nesse caso, o ENC anteriormente causada
generalização do apenas pelo estímulo não
seria a broca atingindo um
estímulo condicionado.
funciona. nervo no dente, e a RNC se-
ria a dor. Qual o EC? Em ca- resposta
sos extremos, o condiciona- condicionada (RC)
Resposta que, após o
mento clássico pode levar ao condicionamento, segue um
desenvolvimento de fobias, estímulo anteriormente neutro
(por exemplo, salivação ao som
da campainha).
que são medos intensos e irracionais que iremos considerar
mais adiante no livro.
O condicionamento clássico também dá conta de expe-
riências prazerosas. Isso é, certos eventos causam a liberação
Da perspectiva de...
lhando-se em lágrimas quando o via. O rato, entã o, tornou- UM
U MÉDICO Como o conhecimento do
-se o EC que causava a RC, medo. Além disso, os efeitos
feitos do condicionamento clássico poderia
do condicionamento permaneceram: cinco dias depo s,
is, Albert ajudar no tratamento das ansiedades
Albert a objetos qdos
t pacientes
reagiu com medo não apenas ao rato, mas também objetos quanto a visitas ao médico? Quais são
semelhantes ao rato branco e peludo, inclusive u m coelho algumas mudanças que um médico
poderia
a
branco, um casaco de pele de foca e mesmo uma máscara fal er quando lida com um paciente que
branca de Papai Noel. (Falando nisso, não sabem os
s oo tem
fa uma fobia associada a visitar o
que aconteceu com o pobre Pequeno Albert. Wat- z
médico?
um
son, o experimentador, foi condenado por usar a
procedimentos eticamente questionáveis que não
seriam permitidos hoje.)
A aprendizagem por meio do condiciona- de neurotransmissores que nos ajudam
mento clássico ocorre ao longo de toda a vida. Por a sentir prazer. A “euforia do corredor”,
por exemplo, ocorre quando endorfinas
são liberadas em resposta a cor-
rer uma longa distância. O ENC
é a corrida estendida, e a RNC
Com que velocidade você pode condicionar classicamente o seu animal de estimação (ou o de um amigo)? Comece a ensinar ao animal uma
é a liberação de endorfinas. O
nova associação dizendo “Os ingleses estão vindo, os ingleses estão vindo!” (ou qual-
quer frase que você possa inventar) e imediatamente dê algo de comer ao seu bichinho. QuantasEC poderia ser diversas coisas,
vezes você pre- cisa fazer isso antes que o ani
incluindo o odor ou a visão de
Envolva-
mesma forma que reage à comida? Se você tem acesso a diversos cães e
roupas ou de tênis de corrida. O
gatos, você pode até compará-
condicionamento clássico, então,
-los. Que espécies você acha que aprenderiam mais rápido por meio do condicionamento clássico? Você pode se surpre- ender.
pode explicar muitas das
reações que temos a estímulos
no mundo ao nosso redor.
se!
A EXTINÇÃO DE
UMA RESPOSTA
CONDICIONADA
O que aconteceria se um cachor-
ro que estivesse classicamente
condicionado a salivar ao som
de uma campainha nunca mais
Aprendizagem •
recebesse comida quando a cam-
painha tocasse? A resposta se
encontra em um dos fenômenos
básicos da aprendizagem: a ex-
tinção. A extinção ocorre quan-
130 • PSICO
do uma resposta previamente condicionada torna-se menos extinta após um período de descanso e sem novo condicio-
frequente, até desaparecer. namento.
Para produzir a extinção, é necessário acabar com A recuperação espontânea ajuda a ex-
a associação entre os estímulos condicionados e os plicar por que é tão difícil superar a
estí- depen- dência a drogas. Por exemplo,
mulos não condicio-
viciados em
extinção Fenômeno básico nados. Por cocaína que se achavam “curados” podem
da aprendizagem que ocorre
exemplo, sentir um impulso irresistível de usar a droga
quando uma resposta
previamente condicionada se tivésse- novamente se forem subsequentemente con-
torna-se menos frequente e mos treina- frontados por um estímulo com fortes cone-
enfim desaparece. do um cão xões à droga, tal como um pó branco (DiCano e
para salivar (RC) ao som de Everitt, 2002; Plowright, Simonds e Butler, 2006; Rodd et
recuperação
espontânea Reaparecimento uma campainha (EC), pode- al., 2004).
de uma resposta condicionada ríamos produzir a extinção ao
extinta após um período de repetidamente tocar a cam-
descanso e sem novo painha, mas não lhe dar GENERALIZAÇÃO E DISCRIMINAÇÃO
condicionamento. comi- da. A princípio, o cão Apesar de diferenças na cor e na forma, para a maioria de
generalização de conti- nuaria a salivar quando nós, uma rosa é uma rosa. O prazer que sentimos pela
estímulo Ocorre quando ouvisse a campainha, mas, beleza, pelo odor e pela graça da flor é similar para
uma resposta condicionada após algumas vezes, a quanti- diferentes tipos de rosas. Pavlov percebeu um fenômeno
segue um estímulo que é dade de salivação provavel- semelhante. Seu cão frequentemente salivava não apenas ao
semelhante ao estímulo
mente decairia, e o cão iria, som da campainha usada durante o condicionamento
condicionado original; quanto
maior a semelhança entre os
por fim, parar de responder à original, mas ao som de outras campainhas também.
dois estímulos, maior a campainha por completo. Esse comportamento é chamado de generalização de
probabilidade de ocorrer a
generalização.
Nesse momento, poderíamos dizer que a resposta está estímulos. A generalização de estímulos ocorre quando
extin- ta. Resumindo, a extinção ocorre quando o uma resposta condicionada segue um estímulo que é seme-
estímulo condicionado é apresentado repetidamente sem lhante ao estímulo condicionado original. Quanto maior a
o estímulo não condicionado. semelhança entre dois estímulos, maior a probabilidade da
Quando uma resposta condicionada estiver extinta, ela generalização de estímulos. O Pequeno Albert, que, como
terá desaparecido para sempre? Pavlov descobriu esse fenô- mencionamos anteriormente, foi condicionado a ter medo
meno quando ele retornou a seu cachorro alguns dias depois de ratos brancos, passou a temer outras coisas brancas
do comportamento condicionado ter sido aparentemente ex- peludas também. Contudo, de acordo com o princípio da
tinto. Se ele tocasse a campainha, o cachorro salivava no- generaliza- ção de estímulos, é improvável que ele tivesse
vamente – um efeito conhecido como recuperação espon- medo de um cachorro preto, já que sua cor o teria
tânea, ou o reaparecimento de uma resposta condicionada diferenciado suficiente- mente do estímulo amedrontador
original.
Forte
Recuperação espontânea de resposta condicionada
Aprendizagem •
Aquisição, extinção e recuperação
espontânea no condicionamento
clássico
132 • PSICO
Poucos de nós se incomoda por ser o alvo de algum
A generalização de des- ses comentários. Mas o que é especialmente notável
estímulos é o motivo por que acerca deles é que cada uma dessas simples afirmações
pode ser usada, por meio de um processo conhecido como
os motoristas sabem que condicio- namento operante, para realizar poderosas
devem parar em todos mudan-
ças no comportamento e para ensinar tarefas
os semáforos vermelhos, mesmo extremamente complexas. O con-
que haja pequenas variações em dicionamento operante é a base
tamanho, formato e tonalidade para muitos dos tipos mais
importantes de aprendizagem
do semáforo. humana e animal.
O condicionamento
A resposta condicionada produzida pelo novo estímulo operante é a aprendizagem
não costuma ser tão intensa quanto a resposta original con- na qual uma resposta volun-
dicionada, apesar de que, quanto mais o novo estímulo se tária tem maiores ou menores
parece com o antigo, mais semelhante é a nova resposta. É chances de ocorrer novamente, de-
improvável, portanto, que o medo que o Pequeno Albert pendendo de suas consequências favorá-
sen- tia da máscara do Papai Noel fosse tão grande quanto o veis ou desfavoráveis. Por exemplo, se
medo que ele aprendera a ter do rato. Ainda assim, a dinheiro caísse do céu toda vez que você
generalização de estímulos é o motivo por que os motoristas terminasse de ler uma página do seu livro
sabem, por exemplo, que devem parar em todos os didático, você acha que leria mais páginas
semáforos vermelhos, mesmo que haja pequenas variações do livro? Se sim, então o dinheiro seria
em tamanho, formato e tonalidade do semáforo. considerado uma consequência favorá-
A discriminação de estímulos, por outro lado, ocorre vel que levou ao fortalecimento de sua
se dois estímulos são suficientemente distintos um do outro resposta de leitura.
para que um evoque uma resposta condicionada, mas o Diferentemente do condicionamen-
outro não. A discriminação de estímulos é a habilidade de to clássico, em que os comportamentos originais são respos-
diferenciar os estímulos. Por exemplo, minha cadela, Cleo, tas biológicas naturais invo-
vem corren- do para a cozinha quando ouve o barulho do
abridor de latas
elétrico, o qual ela aprendeu que é usado para abrir a luntárias à presença de um discriminação de
comida estímulos Processo que ocorre
dela quando sua janta está para ser servida. Mas ela não estímulo como água, comida
se dois estímulos são
vem correndo até a cozinha ao som do processador de ou dor, o condicionamento suficientemente distintos um do
alimentos, que é semelhante. Ou seja, ela discrimina entre operante se aplica a outro para que um evoque uma
os estímu- los do som do abridor de latas e do som do respostas voluntárias, que resposta condicionada, mas o
um organismo desempenha outro, não; habilidade de
processador de alimentos. De maneira semelhante, nossa
deliberadamente para diferenciar os estímulos.
habilidade de dis- criminar entre o comportamento de um
cão que rosna e de um cujo rabo está balançando pode levar produzir um resultado condicionamento
ao comportamento adaptativo – evitar o cão que rosna e desejável. O termo operante operante Aprendizagem em
enfatiza esse aspecto: o que uma resposta voluntária é
acariciar o amistoso.
organismo opera em seu fortalecida ou enfraquecida
dependendo de suas
ambiente para produzir um
consequências favoráveis ou
resultado desejável. O condi-
>> Condicionamento cionamento operante está em
desfavoráveis.
pense PSICO
> > > Quais as chances de que o Pequeno Albert, alvo dos experimentos de Watson, tenha vivido com medo do Pap
Aprendizagem •
COMO O CONDICIONAMENTO
OPERANTE FUNCIONA
B. F. Skinner (1904-1990), um dos psicólogos mais
influen- tes do século XX, inspirou toda uma geração
de psicólogos que estudam o condicionamento
operante. Skinner se interes- sou em especificar como o
comportamento varia como resul- tado de alterações no
ambiente. Para ilustrar, consideremos o que acontece
com um rato em uma típica caixa de Skinner,
134 • PSICO
uma câmara com um ambiente alta- Que tipos de estímulo podem
mente controlado que Skinner proje- agir como reforçadores? Bônus, brin-
tou para estudar os processos do con- quedos e boas notas podem funcionar
dicionamento operante com animais como reforçadores – se fortalecerem
de laboratório (Pascual e Rodríguez, a probabilidade da resposta que
2006). ocorreu antes de sua introdução. O
Imagine que você quer ensinar um que faz de algo um reforço depende
rato faminto a usar uma alavanca que de preferên- cias individuais. Apesar
está em sua caixa. A princípio, o rato de uma barra de chocolate poder
irá caminhar pela caixa, explorando o funcionar como um reforço para uma
ambiente de modo relativamente pessoa, um in- divíduo que não gosta
alea- tório. Em algum momento, de chocolate pode achar 75 centavos
contudo, ele provavelmente irá mais desejá- vel. O único modo de
apertar a ala- vanca por acaso, e, descobrirmos se um estímulo é
quando o fizer, a caixa terá sido reforçador para um organismo
projetada de modo que o rato receba particular é observar se a frequência
comida. Na primeira vez que isso de um comportamento que ocorreu
acontecer, o rato não aprende- rá a previamente a ele aumenta após a
conexão entre apertar a alavanca e apresentação do estímulo.
receber comida e voltará a explorar a É claro, nós não nascemos sa-
caixa. Mais cedo ou mais tarde, o bendo que 75 centavos podem com-
rato irá apertar a alavanca novamente prar um doce. Ao contrário, com a
e re- ceber comida; com o tempo, o B. F. Skinner projetou a caixa de Skinner
para condicionar ratos a apertarem uma
experiência, nós aprendemos que o
número de vezes em que ele apertou a dinheiro é um artigo de valor devido
alavanca para obter comida.
alavanca irá aumentar. Por fim, o rato à sua associação a estímulos, como
irá apertar a alavanca continuamente alimentos e bebidas, que são reforça-
até que sua fome esteja satisfeita, dores naturais. Esse fato sugere uma
assim demons-
trando que aprendeu que receber comida está associado a com distinção entre reforços primários e reforços secundários.
apertar a alavanca. Um reforço primário satisfaz alguma necessidade biológica e
funciona naturalmente, independentemente da experiência
Reforçamento: o conceito central do anterior da pessoa. Comida para alguém que está com fome,
condiciona- mento operante Skinner chamava o calor para quem sente frio e alívio para quem tem dor
processo que faz os ratos continuarem apertando a chave de seriam todos classificados como reforços primários. Um
“reforçamento”. O reforçamento é o processo pelo qual um reforço secundário, por outro lado, é um estímulo que se
estímulo aumenta a probabilidade de que um torna reforçador por causa de sua associação a um reforço
comportamento anterior a ele primário. Por exemplo,
seja repetido. Em outras pala- sabemos que o dinheiro é valioso porque aprendemos que ele
reforçamento Processo vras, é mais provável que o nos permite obter objetos desejáveis, incluindo reforços pri-
pelo qual um estímulo
rato aperte a alavanca nova- mários como comida e abrigo. O dinheiro, portanto, torna-
aumenta
a probabilidade de que um mente devido ao estímulo da se um reforço secundário.
comportamento anterior seja comida.
repetido. Em uma situação como Reforçadores positivos, reforçadores
reforçador Qualquer
essa, a comida é chamada de negativos e pu- nição Em muitos aspectos, os
estímulo que aumente a reforçador. Um reforçador reforçadores podem ser vistos como recompensas; tanto um
probabilidade de que um é qualquer estímulo que au- reforçador quanto uma recom- pensa aumentam a
comportamento anterior a ele mente a probabilidade de que probabilidade de uma resposta anterior a eles ocorrer
ocorra novamente. novamente. Mas o termo recompensa é limitado
um comportamento anterior a ele ocorra novamente. Portan- a ocorrências positivas, e é aqui que ele se diferencia de um
to, a comida é um reforçador, já que aumenta a reforçador – pois acontece que reforçadores podem ser posi-
probabilidade de que o comportamento de apertar tivos ou negativos.
(formalmente referido como a resposta de apertar) ocorra.
DI
CLemsat
ir
e
Aprendizagem •
Você sabia?
Skinner realmente ensinou pombos a jogar boliche e tênis de mesa, e cachorros a escalar paredes usando o c
DI A DE ESTUDO
Lembre-se de que os reforçadores primários sat sfazem uma necessidade biológica; reforçadores secundários
devido à associação prévia com um reforçador primário.
136 • PSICO
Aprendemos o valor do dinheiro como reforço
secundário desde cedo. a probabilidade de que um comportamento an-
terior ocorra novamente. Ao contrário do
reforço negativo, que produz um aumento
Um reforço positivo é um estí- no comportamento, a punição reduz a
mulo adicionado ao ambiente que probabilidade de uma resposta ante-
causa um aumento em uma resposta rior.
precedente. Se comida, água, di- Considere algo desagradável
nheiro ou um elogio for dado após que pode acontecer em seu ambien-
uma resposta, é mais provável que te: seu colega de quarto ou os seus
a resposta ocorra novamente no fu- pais reclamam. Sua mãe reclamando
turo. O salário que um trabalhador que você precisa limpar o seu quarto
recebe ao final do mês, por exemplo, pode ser um estímulo desagradável. Se
aumenta a probabilidade de que ele você limpar o quarto para fazê-la
volte ao trabalho no mês seguinte. parar
Por outro lado, um reforço negativo de reclamar, é mais provável que você re-
refere-se a um estímulo desagradável cuja re- pita esse comportamento no futuro. Desse
moção leva a um aumento na probabilidade de que modo, seu comportamento de limpeza do quar-
to terá sido reforça-
uma resposta precedente seja repetida no futuro. Por exem- do. Digamos, contudo, que o reforço positivo Estímulo
seu colega de quarto reclame acrescentado ao ambiente que
plo, se você tem um machucado que arde (um estímulo
toda a vez que você aumenta gera um aumento na resposta
desa- gradável) que é aliviado quando você aplica certa que o precedeu.
marca de pomada, é mais provável que você use aquela o volume da TV. Para evitar
pomada na vez em que tiver outro machucado. Usar a ouvir a reclamação, você reforço negativo Estímulo
pode parar de ver televisão desagradável cuja remoção leva a
pomada, então, é ne- gativamente reforçador, já que alivia o
com o volume tão alto. Nesse um aumento na probabilidade
machucado desagra- dável. De modo semelhante, se o de que uma resposta anterior a
volume do seu iPod está tão alto que machuca seus ouvidos caso, o seu comportamento
ele seja repetida no futuro.
quando o liga, é provável que você reduza o volume. Baixar de ouvir a TV com um volume
muito alto diminui para evitar punição Estímulo que
o volume é negativamente re- forçador, e você tem maior
a punição da reclamação. No diminui a probabilidade de
probabilidade de repetir a ação no futuro quando o ligar. O que um comportamento
reforço negativo, então, ensina o indivíduo que realizar uma primeiro caso, o
anterior a ele ocorra
ação remove uma condição nega- tiva que existe no comportamento espe- cífico novamente.
ambiente. Como os reforços positivos, os reforços pode aumentar devido ao
negativos aumentam a probabilidade de que com- reforço negativo; no segun-
portamentos precedentes sejam repetidos. do, é provável que diminua devido à punição.
Há dois tipos de punição: punição positiva e punição
ne- gativa, assim como existe o reforço positivo e o reforço
O reforço aumenta a frequência ne- gativo. Em ambos os casos, “positivo” significa
acrescentar algo, e “negativo” significa remover algo.
do comportamento que o Punição positiva enfraquece uma resposta por meio da
precedeu; a punição diminui a aplicação de um estímu- lo desagradável. Por exemplo, dar
frequência do comportamento palmadas em uma criança por se comportar mal ou passar 10
anos na cadeia por cometer um crime são punições positivas.
que a precedeu. Em contraste, punição ne- gativa consiste da remoção de
algo agradável. Por exemplo, quando um adolescente ouve
Note que um reforçamento negativo não é o mesmo que está “de castigo” e não vai mais poder usar o carro da
que uma punição. Punição refere-se a um estímulo que família devido a suas notas baixas, ou quando um
diminui funcionário é informado de que recebeu um corte no salário
devido a sua fraca avaliação, a punição nega- tiva está sendo
administrada. Tanto a punição negativa quanto a positiva
resultam na diminuição da possibilidade de que um
comportamento prévio seja repetido.
Essas regras podem ajudar você a distinguir os
conceitos de reforço e punição positivos e negativos:
• Reforço aumenta a frequência do comportamento que
o precedeu; punição diminui a frequência do comporta-
mento que a precedeu.
• A aplicação de um estímulo positivo gera um aumento
na frequência do comportamento, e é referida como re-
forçamento positivo; a aplicação de um estímulo
Aprendizagem •
negati- vo diminui ou reduz a frequência do
comportamento e é chamada de punição positiva.
138 • PSICO
Reforço e
Quando um estímulo é removido ou eliminado,
punição
Resultado Quando um estímulo é acrescentado, o o resultado é...
pretendido resultado é...
• A remoção de um estímulo negativo que resulta no au- punição negativa são mais complicadas
mento da frequência do comportamento é reforçamento do que se pensa,
negativo; a remoção de um estímulo positivo que dimi- então preste especial atenção à lista
nui a frequência do comportamento é punição negativa. e à tabela de resumo na figura
acima.
Os prós e contras da punição: por que o
reforçamen- to é melhor do que a punição
A punição é uma forma adequada de modificar o
comportamento? A punição costu- ma se apresentar como o
caminho mais rápido para modificar comportamentos que,
se continuarem, podem ser perigosos para um indivíduo.
Por exemplo, um pai pode não ter uma segunda chance de
dizer ao filho como é perigoso atravessar uma rua em
movimento, então puni-lo na primeira incidência desse
comportamento pode se provar sábio. Além disso, o uso da
punição para suprimir o comportamento, mesmo tem-
porariamente, dá a oportunidade de reforçar uma pessoa por
se comportar de um modo mais desejável no futuro.
Existem alguns poucos momentos em que a punição pode
ser a abordagem mais humana para tratar certos transtornos
DI
DI A DE ESTUDO
CAsdireforço
n
d ferenças entre reforço positivo,
negativo, punição positiva e
es
ã
Aprendizagem •
133
graves. Por exemplo, algumas crianças sofrem de autismo,
um transtorno psicológico que pode levá-las à
autoagressão, arranhando a própria pele ou batendo a
cabeça na parede, machucando-se gravemente no
processo. Em tais casos – e quando todos os outros
tratamentos já falharam – a punição na forma de um
choque elétrico rápido, porém intenso, foi utilizada para
impedir o comportamento autodestrutivo. Esse tipo de
punição é usado apenas para manter a criança segura e
ganhar tempo até procedimentos de reforçamento positivo
poderem ser iniciados (Ducharme, Sanjuan e Drain, 2007;
Salvy, Mulick e Butter, 2004; Toole et al., 2004).
A punição tem várias desvantagens que tornam seu
uso rotineiro questionável. Para começo de conversa, a
punição frequentemente é ineficaz, especialmente se não
for utilizada logo após o comportamento indesejado ou se
o indivíduo é capaz de deixar o local em que está sendo
punido. Um em- pregado que recebe uma reprimenda do
chefe pode se demi- tir; um adolescente que não pode mais
usar o carro da família pode pegar o carro de um amigo
emprestado. Nessas situa- ções, o comportamento inicial
que está sendo punido pode ser substituído por um que é
ainda menos desejável.
Pior ainda, a punição física pode passar ao alvo a
ideia de que agressão física é permissível e, talvez, até
mesmo de- sejável. Um pai que grita e bate no filho por se
comportar mal está ensinando ao filho que a agressão é
uma resposta adulta apropriada. Logo, o filho pode copiar
o comportamen- to do pai agindo agressivamente com
outras pessoas. Além disso, a punição física costuma ser
administrada por pessoas que estão com raiva ou irritadas. É
improvável que indivíduos em tal estado emocional
consigam pensar claramente no que
132 •
PSICO
perdessem um peixe, ou se os atendentes de
telemarke- ting nunca mais ligassem depois que
alguém desligasse na cara deles. O fato de que esses
comportamentos tão “não reforçados” continuam, em
geral com grande fre- quência e persistência, ilustra
que o reforçamento não precisa ser recebido
continuamente para que o compor- tamento seja
aprendido e mantido. De fato, o compor- tamento que
é reforçado apenas casualmente pode, no final das
contas, ser mais bem aprendido do que aquele
comportamento que é reforçado continuamente.
Quando nos referimos à frequência e ao momento
do reforçamento que segue o comportamento
desejado, estamos falando de esquemas de reforço.
Diz-se que o comportamento que é reforçado toda a vez
em que ocor- re está em um esquema de reforço
contínuo; se é refor- çado algumas vezes, mas não o
tempo todo, está em um esquema de reforço parcial
(ou intermitente). A aprendizagem ocorre mais
rápido quando o comporta- mento é continuamente
reforçado. Imagine, por exem- plo, que você está
tentando ensinar seu gato a recebê-lo toda vez que
você chega em casa. O gato irá aprender muito mais
rápido que vai ganhar uma recompensa quan- do vier
recebê-lo se você lhe der uma recompensa toda vez
que ele vier recebê-lo quando você chegar em casa.
Depois que o comportamento for aprendido, ele vai
du-
rar mais se você parar de
esquema de reforço
reforçá-lo. Se você só Diferentes padrões de
recompensar esse com- frequência e momento do
De que formas a punição é ineficaz? portamento ocasional- reforçamento seguindo o
mente, ou seja, se você comportamento desejado.
usar o esquema de esquema de reforço
estão fazendo e controlar cuidadosamente o grau de punição refor- contínuo Reforçar um
que estão infligindo. Por fim, aqueles que recorrem à puni- çamento parcial para manter comportamento toda vez que
ção física correm o risco de passar a ser temidos. As punições esse comportamento, é mais ele ocorre.
também podem diminuir a autoestima dos alvos, a menos provável que ele continue rece- esquema de reforço
que eles compreendam as razões para elas (Baumrind, bendo você mesmo depois de parcial (ou intermitente)
Larzerele e Cowan, 2002; Sorbring, Deater-Deckard e você ter parado de recompen- Reforçar um
Palmerus, 2006). Por fim, a punição não passa qualquer sá-lo (Casey, Cooper-Brown comportamento algumas vezes,
informação so- e Wacher, 2006; Gottlieb, mas não todas, em que ele
bre o que possa ser um comportamento alternativo mais ocorre.
2004; Staddon e Cerutti,
ade- 2003).
quado. Para ser útil na geração de um comportamento mais refor- çamento costuma ser melhor do que a punição (Hiby,
desejável no futuro, a punição deve ser acompanhada por Rooney e Bradshaw, 2004; Pogarsky e Piquero, 2003; Sidman,
informações específicas quanto ao comportamento que está 2006).
sendo punido, junto de sugestões específicas quanto a um
comportamento mais desejável. Punir uma criança por olhar Esquemas de reforço O mundo seria um lugar diferente
pela janela no colégio pode simplesmente fazê-la olhar para se jogadores de pôquer nunca mais jogassem depois de perder uma
o chão. A menos que lhe ensinemos as formas adequadas de mão, se os pescadores voltassem para a beira assim que
responder, teremos simplesmente substituído um comporta-
mento indesejado por outro. Se a punição não for seguida
por um reforçamento de comportamentos subsequentes que
sejam mais apropriados, não se terá conseguido muito.
Ou seja, reforçar o comportamento desejado é uma téc-
nica mais eficaz para modificar o comportamento do que
usar a punição. Tanto na área científica quanto fora dela, o
Aprendizagem •
133
Por que o reforço intermitente resultaria em
aprendiza- gem mais contundente e de maior duração
do que o reforço contínuo? Podemos responder a essa
pergunta examinando como podemos nos comportar
quando usamos uma máquina de venda de doces
comparada com uma máquina de caça-ní- queis em Las
Vegas. Quando usamos a máquina de vendas, a
experiência anterior nos ensinou que sempre que
colocarmos
pense PSICO
> > > Dados os achados científicos que acabamos de discutir
132 •
PSICO
quemas de reforço: esquemas de reforço parcial (tais como
os fornecidos pelos caça-níqueis) mantêm um desempenho
por mais tempo do que esquemas de reforço contínuo (tais
reservados.
passa antes de ser fornecido reforço, chamados de esquemas
de intervalo fixo e de intervalo variável (Gottlieb, 2006;
Pellegrini et al., 2004; Svartdal, 2003).
Em um esquema de razão fixa, o reforço é dado
esquema de razão fixa a quantidade certa de dinheiro, apenas após um número específico de respostas. Por
Esquema pelo qual o o reforço, um doce, será entre- exemplo, um rato pode receber comida a cada dez vezes que
reforçamento só é dado após gue. Em outras palavras, o apertar uma alavanca; aqui, a razão seria de 1:10. De modo
um número específico de es- quema de reforço é similar, alfaia- tes geralmente são pagos em esquemas de
respostas. contínuo. Em comparação, razão fixa: eles re- cebem uma quantidade específica de
esquema de razão um caça- dinheiro para cada peça de roupa que tecerem. Já que uma
variável Esquema pelo qual o -níqueis oferece reforço taxa maior de produção significa mais reforço, pessoas em
reforçamento ocorre após um inter- mitente. As pessoas que esquemas de razão fixa trabalham o mais rápido possível.
número variável de respostas usam essas máquinas Em um esquema de razão variável, o reforço ocorre
ao invés de um número
aprendem que, depois que após um número variado de respostas, ao invés de um
específico.
colocaram o dinheiro, na núme- ro fixo. Apesar de o número específico de respostas
esquema de intervalo maioria das vezes não necessá- rias para receber a recompensa variar, o número de
fixo Esquema que fornece receberão nada em troca. Ao respostas costuma girar ao redor de uma média específica.
reforço para uma resposta
mesmo tempo, contudo, elas Um bom exemplo de um esquema de razão variável é o
apenas se um
período fixo de tempo tiver sabem que ocasionalmen- te trabalho de um operador de telemarketing. Ele pode realizar
passado, tornando taxas gerais ganharão algo. uma venda na terceira, oitava, nona e vigésima chamadas,
de resposta relativamente Agora imagine que, sem sem sucesso
baixas. o nosso conhecimento, tan-
to a máquina de venda de doces quanto o caça-níqueis es- mais reforçada.
tão estragados, portanto nenhum deles pode entregar nada.
Não demoraria muito para pararmos de depositar moedas
na máquina quebrada de doces. Provavel-
mente tentaríamos no máximo duas
ou três vezes antes de nos afastarmos
irritados. Mas com o caça-níqueis a
história seria outra. Aqui, o dinheiro
seria depositado por um tempo con-
sideravelmente maior, mesmo não
havendo retorno.
Em termos formais, podemos
ver a diferença entre os dois es-
DI
DI A DE ESTUDO
CLembre-se
Le
mesquemas
d
de que os diferentes
de reforço afetam a
e
rapidez com que uma
r sposta é aprendida e por quanto
e tempo ela dura depois de não ser
Aprendizagem •
135
entre elas. Apesar de o número de ligações que devem ser
fei- tas antes de uma venda variar, a média é de 20% de
sucesso. Nessas circunstâncias, podemos esperar que o
vendedor faça tantas ligações quanto possível no menor
tempo possível.
Esse é o caso com todos os esquemas
de razão variável, que levam a
um alto índice de respostas e
resistência à extinção.
Em contraste com os esque-
mas de razão fixa e de razão variá-
vel, em que o fator crucial é o nú-
mero de respostas, os esquemas de
intervalo fixo e de intervalo variável
se concentram em quanto tempo se
passou desde que uma pessoa ou um
animal foi recompensado. Um
exem-
plo de esquema de intervalo fixo é o salário semanal. Para
as pessoas que recebem salários regulares semanalmente,
não costuma haver grande diferença entre o quanto elas
produ- zem em cada semana.
Como um esquema de intervalo fixo fornece reforço
para uma resposta apenas se um período fixo de tempo
pas- sou, os índices gerais de resposta são relativamente
baixos. Isso é especialmente verdadeiro no período
diretamente pos- terior ao reforçamento, quando o tempo
de espera até o pró-
134 •
PSICO
Esquema de razão fixa Esquema de razão variável
Resultados de
Resposta ocorre em uma taxa alta e constante
esquemas
de reforço
Frequência cumulativa de
Frequência cumulativa de
respostas
respostas
Há pequenas pausas após cada resposta
Tempo Tempo
Frequência cumulativa de
respostas
respostas
Tempo Tempo
pense PSICO
conecte-se
Esquemas de reforço
> > > Como o condicionamento operante pode ser apli- cado
Aceite o desafio PSICO! Aprenda a usar a psicologia para moti
134 •
PSICO
que o seu comportamento está sob o controle de estí-
mulos, porque você pode discriminar os humores do
colega de quarto.
Assim como no condicionamento clássico, o fe-
nômeno da generalização de estímulos, em que um
or- ganismo aprende uma resposta a um estímulo e
depois exibe a mesma resposta para estímulos
ligeiramente diferentes, ocorre no condicionamento
operante. Se você aprendeu que ser educado ajuda a
conseguir o que você quer em determinada situação
(reforçando a sua educação), é provável que você
generalize sua resposta para outras situações. Às vezes,
contudo, a generaliza- ção pode ter consequências
infelizes, como quando as pessoas se comportam
negativamente contra todos os membros de um grupo
racial porque tiveram uma expe- riência desagradável
com um membro daquele grupo.
Aprendizagem •
Comparando o condicionamento clássico e
pense PSICO o ope- rante Consideramos o condicionamento
clássico e o con- dicionamento operante como dois
ANÁLISE DE COMPORTAMENTO
E MODIFICAÇÃO DE
COMPORTAMENTO
Duas pessoas que vinham morando juntas há três anos co-
meçaram a brigar frequentemente. As questões de conflito
variavam desde quem deveria lavar os pratos até a
qualidade de sua vida amorosa.
Perturbado, o casal foi ver um analista de
comportamen- to, um psicólogo que se especializa em
técnicas de modifica- ção de comportamento. Ele pediu a
ambos os parceiros que mantivessem um registro escrito
exemplo, a habilidade de participar de uma aula de psicolo- detalhado de suas interações ao longo das próximas duas
gia da faculdade é modelada desde as primeiras semanas.
experiências de sala de aula, quando crianças. Quando voltaram com as informações, o analista cuida-
Comportamentos como prestar atenção e concentrar-se, por dosamente revisou os registros com eles. Ao fazer isso, ele
exemplo, são muito me- nos aparentes na pré-escola do que notou um padrão: cada uma de suas brigas ocorreu logo
em uma sala de faculda- de. Ao longo dos anos, somos após algum deles ter deixado de fazer alguma tarefa de casa,
recompensados por aproxi- mações cada vez maiores dos tal como deixar os pratos sujos na pia ou pendurar roupas na
comportamentos de atenção e concentração desejados. única cadeira do quarto.
Usando as informações que o casal coletara, o analista
de comportamento pediu a ambos os parceiros que listas-
sem todas as tarefas que poderiam surgir e que cada um lhes
138 • PSICO
Um estudante que, após estudar
bastante para uma prova, ganha um
10 (o reforço positivo) tem maior
probabilidade de estudar bastante no
futuro. Um estudante que, após sair
para beber na noite antes da prova,
é reprovado
(punição) tem menor probabilidade
de sair para beber na noite anterior a uma prova.
Condicionamentos clássico
e operante comparados
Aprendizagem •
atribuísse um valor dependendo do quanto tempo ela demo- do (ignorar uma criança que fica de birra). Selecionar
rasse para ser realizada. Depois, ele os fez dividir as tarefas os reforços certos é decisivo, e pode ser necessário
igualmente e concordar em um contrato escrito em cumprir experi- mentar um pouco para descobrir o que é
as tarefas a eles atribuídas. Se algum deles deixasse de cum- importante para um indivíduo em particular.
prir suas tarefas, teria de depositar um dólar por ponto em • Implementar o programa. É provável que o aspecto
um fundo para o outro gastar. Eles também concordaram mais importante da implementação do programa seja a
em realizar um programa de elogio verbal, prometendo con- sistência. Também é importante reforçar o
recom- pensar um ao outro por completar uma tarefa. comporta- mento pretendido. Por exemplo, imagine que
Ambos os parceiros concordaram em experimentar o uma mãe quer que a filha passe mais tempo fazendo as
programa por um mês e manter registros cuidadosos do nú- lições de casa, mas assim que a menina senta para
mero de brigas que tivessem durante aquele período. Para estudar, pede um lanche. Se a mãe pegar um lanche
sua surpresa, o número decaiu rapidamente. para ela, é pro- vável que ela esteja reforçando a tática
Esse caso ilustra a modificação de comportamento, de postergar da filha, e não seus estudos.
uma técnica formalizada para aumentar a frequência dos • Manter registros cuidadosos após o programa ser im-
comportamentos desejados e
plementado. Outra tarefa crucial é manter o registro. Se
modificação de diminuir a incidência dos in- os comportamentos-alvo não são monitorados, não há
comportamento Técnica
desejados. Usando os princí- como saber se o programa de fato está tendo sucesso.
formalizada para aumentar a
frequência dos comportamentos pios básicos da teoria da • Avaliar e alterar o programa em andamento. Por fim, os
desejados e diminuir a aprendizagem, técnicas de re- sultados do programa devem ser comparados com os
incidência dos indesejados. modificação de comporta- dados de pré-implementação de linha de base, para
mento se provaram úteis em determinar a eficácia do programa. Se o programa tiver
sido bem-suce-
diversas situações. Por exemplo, pessoas com retardo tratamentos normal- mente é usado. Isso pode incluir o
mental grave começaram a se vestir e a se alimentar uso sistemático de reforço positivo para o
sozinhas pela primeira vez em suas vidas como resultado da comportamento desejado (elogio verbal ou algo mais
modificação de comportamento. A modificação de tangível, como comida), assim como um programa de
comportamento tam- bém ajudou pessoas a perder peso, extinção para comportamento indeseja-
deixar de fumar e se com- portar com mais segurança
(Delinsky, Latner e Wilson, 2006; Ntinas, 2007; Wadden,
Crerand e Brock, 2005).
As técnicas usadas por analistas de comportamento são tão
variadas quanto a lista de processos que modificam o
comporta- mento. Esses processos incluem esquemas de
reforço, modela- gem, treinamento de generalização e extinção.
Os participantes de um programa de modificação de
comportamento, contudo, costumam seguir uma série de
passos básicos semelhantes:
• Identificar objetivos e comportamentos-alvo. O primei-
ro passo é definir o comportamento desejado. É um au-
mento no tempo que se passa estudando? Uma perda de
peso? Um aumento no uso da linguagem? Uma redução
na agressividade demonstrada por uma criança? Os ob-
jetivos devem ser declarados em termos observáveis e
indicar alvos específicos. Por exemplo, um objetivo
pode ser “aumentar o tempo de estudo”, ao passo que o
com- portamento-alvo seria “estudar ao menos duas
horas por dia em dias de semana e uma hora por dia aos
sábados”.
• Criar um sistema de registro de informações e
registrar informações preliminares. Para determinar se
um com- portamento mudou, devem-se coletar dados
antes que mudanças sejam feitas na situação. Essa
informação for- nece uma linha de base contra a qual
mudanças futuras podem ser mensuradas.
• Selecionar uma estratégia de modificação de
comporta- mento. O passo mais importante é selecionar
uma estra- tégia adequada. Já que todos os princípios
da aprendi- zagem podem ser empregados para gerar
uma mudança no comportamento, um “pacote” de
140 • PSICO
dido, os procedimentos empregados podem ser
retirados gradualmente. Por exemplo, se o programa
necessitava de reforço a cada vez que era preciso pegar
as roupas do chão do quarto, o esquema de reforço
poderia ser trocado por um esquema de razão fixa em
que houvesse reforçamento a cada três vezes. Todavia,
se o programa não tiver tido sucesso em gerar a
mudança desejada de comportamento, pode ser bom
considerar outras abordagens.
Técnicas de mudança de comportamento baseadas
nes- ses princípios gerais obtiveram bastante sucesso e se
mostra- ram um dos melhores modos de modificar
comportamentos. Claramente, é possível empregar as
noções básicas da teoria da aprendizagem para melhorar
nossas vidas.
Aprendizagem •
A aprendizagem latente
ocorre sem reforço.
reforço.
DI
CLemap
re
reservados.
142 • PSICO
DI A DE ESTUDO
Lembre-se de que a abordagem cognitiva da aprendizagem se foca nos pensamentos
e expectativas internos dos aprendizes, ao passo que as abordagens do
condicionamento clássico e do operante se focam em estímulos, respostas e reforços externos.
Aprendizagem •
Uma vez por dia durante 17 dias os ratos podiam correr pelo
labirinto. Os ratos que nunca eram recompensados (condição
controle não recompensada) cometiam muitos erros
Aprendizagem latente
consistentemente. Os ratos que recebiam comida toda vez que
completavam o labirinto (condição controle recompensada) cometiam
em ratos
muito menos erros. O grupo experimental inicialmente não era Começam a
recompensado, mas passou a ser recompensado no 10º dia. Logo, seu
índice de
erros caiu para mais ou menos o mesmo nível dos controles recompensados. 10 recompensar
Aparentemente, esse grupo havia grupo
experimental por
desenvolvido um mapa cognitivo
completar o
Final do labirinto e demonstrou labirinto com sucesso.
8
sua aprendizagem latente
quando
Número médio de
foi recompensado por
completar o labirinto 6
com Controle Controle não
sucesso. recompensa recompensado
Cortina do
erros
de ida e
volta Cortina 4
só de ida
Grupo
1930.
experimental 0 2 4 6 8 10 12 14
Início
16 18
Dias
144 • PSICO
Bandura é frequentemente referida como uma abordagem timular a aprendizagem com um experimento clássico. No
sociocognitiva para a aprendizagem (Bandura, 1999, estudo, crianças pequenas viram um filme de um adulto ba-
2004). tendo selvagemente em um boneco inflável de 1,5 m
Bandura demonstrou a habilidade dos modelos de es- chama-
Aprendizagem •
do de boneco Bobo (Bandura, Ross e Ross, 1963a, 1963b). desenvolve tanto suas habilidades
Depois, as crianças recebiam a oportunidade de brincar com computacionais por meio da
o boneco Bobo, e, é claro, a maioria demonstrou o mesmo aprendizagem por observação que entra em
tipo de comportamento, em alguns casos imitando quase um bate-papo adulto e arranja um encontro
identicamente o comportamento agressivo. com uma mulher no parque.
A aprendizagem por observação é particularmente im-
portante para adquirir habilidades em que a técnica de
mode-
Laranja
mecânica Um
jovem britânico
ultraviolento, preso
por estupro e
assassinato, se
voluntaria para participar de
um programa experimental
no
em que o condicionamento
clássico e a terapia de
Psicologia
aversão são
usados na tentativa de reabilitá-
lo o.
.
Cinema
146 • PSICO
lagem do condicionamento operante não é apropriada. Pilotar
um avião e realizar cirurgia cerebral, por exemplo, são
com- portamentos que dificilmente podem ser aprendidos
usando métodos de tentativa e erro sem sérias
consequências – lite- ralmente – para os envolvidos no
processo de aprendizagem. Nem todo o comportamento
que observamos é apren- dido ou executado, é claro. Um
fator crucial que determina se iremos imitar um modelo
mais tarde é se o modelo recompensado pelo seu
comportamento. Se observar- é
mos um amigo ser recompensado por passar mais
tempo estudando recebendo notas mais altas, é mais
provável que imitemos o seu comportamento do que se
o com- portamento resultasse apenas em estresse e
cansaço. Modelos que são recompensados por se
comportar de um modo específico têm maior
propensão a se- rem imitados do que modelos que
recebem punição. Observar a punição de um modelo,
no entanto, não necessariamente impede observadores
de aprender o omportamento. Os observadores ainda c
podem descrever
o comportamento do modelo – serão apenas menos pro-
ensos a imitá-lo (Bandura, 1977, 1986, 1994). p
A aprendizagem por observação fornece uma estru-
tura para compreender diversas questões importantes
re- lacionadas ao quanto as pessoas aprendem
simplesmente por observar o comportamento dos
outros. Por exemplo, assistir a violência na televisão
nos torna mais violentos?
DI A DE ESTUDO DI
Um onto-chave da abordagem da
aprendizagem por observação é CUm
p ap
que o comportamento de rc
modelos que são
recompensados tem maior chance
de ser imitado do que o
comportamento pelo qual o
modelo é punido.
Aprendizagem •
video- game, faz com que a agressão pareça uma resposta
Da perspectiva de... legítima a
UM PSICÓLOGO ESCOLAR Que
conselho você daria a famílias quanto
à exposição de seus filhos à violência
na mídia e nos videogames?
Aprendizagem •
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado
para esta Unidade de Aprendizagem. Na
Biblioteca Virtual da Instituição, você
encontra a obra na íntegra.
150 • PSICO
Infográfico
A aprendizagem é um fenômeno complexo em que a interação
ocorrida entre aspectos psicológicos e biológicos resulta no
desenvolvimento de competências. Sendo assim, aprender é
realizar funções de leitura das experiências.
Quando se trata de sujeitos e experiências, este processo passa a
ter caracterizações diferenciadas, influenciado pelo tempo de seu
estudo, assim como pelo pensamento que perpassa cada época
histórica.
No esquema abaixo, constam as principais escolas da Psicologia e
seus representantes mais destacados.
Na prática
A aprendizagem é um processo que depende de elementos
biológicos, psicológicos e sociais. Levando em consideração que
os educadores são figuras importantes dos elementos sociais
envolvidos no processo de aprendizagem, analise as duas
imagens a seguir:
Desafio
1.
Na perspectiva do condicionamento clássico, estudado,
inicialmente, por Ivan Pavlov, a aprendizagem é entendida
como uma mudança relativamente permanente no
comportamento, ocorrida a partir de uma experiência.
Indique a alternativa que apresenta uma afirmativa correta
a respeito do condicionamento clássico:
B.
Respostas não condicionadas são as emitidas por todos os seres
humanos normais e saudáveis.
No condicionamento clássico, um estímulo neutro é associado a um
estímulo não condicionado. Com esse condicionamento, um
estímulo neutro, antes não associado/pareado com o estímulo não
condicionado, passa a ser um estímulo condicionado. Uma resposta
não condicionada é uma resposta reflexa, natural, não
associada/pareada com uma aprendizagem anterior. Respostas não
condicionadas são as emitidas por todos os seres humanos normais
e saudáveis. Exemplos de respostas não condicionadas são suar no
calor, tremer no frio e salivar frente ao alimento.
3.
O condicionamento operante foi inicialmente estudado por
Skinner, que se interessou em compreender e descrever
como o comportamento varia em função do ambiente. Em
outras palavras, ele se interessou em descrever processos
de aprendizagem. Identifique a alternativa que apresenta
uma afirmativa correta em relação ao processo de
reforçamento no contexto do condicionamento operante:
E.
O reforçamento é um conceito central na formulação teórica
do condicionamento operante.
No condicionamento operante, o reforçamento tem posição central.
O reforçamento é o processo que aumenta a probabilidade de que
um comportamento seja repetido. Exemplos de reforçadores
primários são comida e bebida. Exemplos de reforçadores
secundários são dinheiro e prêmios. Um reforço positivo é um
elemento adicionado ao ambiente que aumenta a probabilidade de
ocorrência da resposta. Um reforço negativo é um elemento
retirado do ambiente que leva a um aumento da probabilidade de
ocorrência da resposta.
156 • PSICO