A Escravidão Na África
A Escravidão Na África
A Escravidão Na África
Zanon
A escravidão quase sempre tinha início por meio de violência, que reduzia a posição de uma
pessoa de uma condição de liberdade para uma condição de escravo. E o tipo mais comum de violência
era a guerra, na qual os prisioneiros eram escravizados. Mas a escravização poderia ser fruto de
punições judiciais e dependendo do crime, os criminosos eram vendidos para fora das suas
comunidades.
Os escravos podiam representar uma pequena porcentagem ou uma parcela substancial de uma
população. E mesmo quando escravos cumpriam funções sociais, mas não estavam empenhados na
atividade produtiva, a estrutura da economia tinha que se basear em outras formas de trabalho, e assim
a sociedade não estava baseada na escravidão. A escravidão tornou-se importante quando os escravos
foram utilizados extensivamente na produção ou no monopólio do poder político, tornando-se
essenciais na economia. Na África, a escravidão passou por tal transformação em épocas diferentes e
em diferentes proporções, na savana setentrional, nas regiões centro-ocidentais de Angola e na bacia
do Zaire. E a transformação da escravidão de característica marginal da sociedade para uma instituição
fundamental produtiva resultou na consolidação de um modo de produção baseado na escravidão.
a) A interação entre a África e a demanda por escravos no mundo Islâmico do norte da África e do
Oriente Médio.
b) A conexão entre a África e as Américas, onde os escravos eram essenciais para a produção
agrícola e o setor da mineração.
c) A utilização dos escravos na África, especialmente no século XIX, após o colapso do mercado
exterior.
O Ambiente africano
Nos séculos VIII, IX e X, o mundo islâmico tinha se tornado o herdeiro de uma longa tradição de
escravidão, continuando o padrão de incorporar escravos negros da África às sociedades ao norte do
Saara e ao longo das costas do oceano Índico. Os Estados muçulmanos desse período interpretavam a
antiga tradição escravista de acordo com a sua nova religião, mas muitos dos usos dados aos escravos
eram os mesmos de anteriormente – eles eram utilizados nos serviços militares, administrativos e
domésticos. É importante salientar que durante mais de setecentos anos antes de 1450, o mundo
islâmico era praticamente o único eixo de influência externa na economia política da África.
Inicialmente os escravos eram prisioneiros capturados nas guerras santas que expandiram o Islã
da Arábia pelo norte da África e através da região do golfo Pérsico. A escravidão era justificada na
religião, e aqueles que não eram muçulmanos eram legalmente passíveis da escravização. Assim, as
províncias islâmicas centrais constituíram o mercado para os escravos; o abastecimento vinha das
regiões de fronteira. Os cativos não eram necessariamente negros, embora estes constituíssem uma
proporção significativa. Eles vinham também da Europa Ocidental e das estepes do sul da Rússia e a
escravidão era concebida como uma espécie de aprendizagem religiosa para os pagãos.
Como a África Subsaariana inicialmente estava além das terras islâmicas, os muçulmanos e
outros comerciantes procuravam por escravos na África. Guerras locais, criminosos condenados,
sequestros e provavelmente dívidas eram fontes de escravos para os comerciantes visitantes, que
reuniam os cativos em pequenos grupos para transporte através do Mar Vermelho e subindo a costa
oriental africana, ou se reuniam para formar caravanas para a marcha através do Saara. As funções dos
escravos eram diferentes, podendo ser utilizados no governo, no exército e em outras áreas
administrativas ou comerciais. Escravas que eram concubinas se emancipavam quando da morte de seu
senhor e não podiam ser vendidas uma vez que tivessem filhos.
Comércio transatlântico