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Manual de Boas Práticas de Laboratório

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

DIAMANTINA – MG
Este manual destina-se a todos os usuários dos Laboratórios da UFVJM,
funcionários, técnicos, docentes e alunos e foi desenvolvido como forma de
contribuir para uma cultura de segurança nos laboratórios através da
introdução de regras e de normas de biossegurança. Biossegurança é um
conjunto de ações que visa prevenir e minimizar riscos inerentes às
atividades de pesquisa, produção, ensino que, somadas às atitudes éticas,
tendem a conservar a saúde do trabalhador e de todos a sua volta.

Adaptado do documento: Guia de Boas Práticas Laboratoriais. Hospital das Clínicas


– FMUSP. Laboratório de investigação Médica. São Paulo, 2015.
SUMÁRIO

Página
1. RISCO 04
1.1. Risco físico 04
1.2. Risco químico 04
1.3. Risco biológico 04
1.3.1. Classes de risco biológico 05
1.3.2. Nível de contenção física para manipulação de agentes biológicos 05
1.4. Risco ergonômico 06
1.5. Risco de acidente 06
2. BOAS PRÁTICAS DE LABORATÓRIO - BPL 06
2.1. Higienização das mãos 08
2.2. Equipamentos de proteção individual - EPI 09
2.3. Equipamentos de proteção coletiva - EPC 10
3. DESCONTAMINAÇÃO 12
4. DESCARTE 14
4.1. Procedimentos para descarte de material biológico 14
4.2. Procedimentos para descarte de material perfurocortante 15
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 16
1. RISCO
Risco é a probabilidade de ocorrer um dano, ferimento ou doença. Os riscos
no ambiente de trabalho, de acordo com a Portaria nº 3.214, do Ministério do
Trabalho do Brasil, de 1978, podem ser classificados em cinco tipos, a saber: físico,
químico, biológico, ergonômico e de acidente.

1.1. Risco físico

Consideram-se agentes de risco físico as diversas formas de energia a que


possam estar expostos os trabalhadores. São exemplos: ruído, vibrações, calor, frio,
pressão, umidade, radiações ionizantes e não-ionizantes, vibração, etc.

1.2. Risco químico


Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostos ou
produtos que possam penetrar no organismo do trabalhador pela via respiratória, nas
formas de poeiras, fumos gases, neblinas, névoas ou vapores, ou que seja, pela
natureza da atividade, de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo
organismo através da pele ou por ingestão. Exemplos: Substâncias irritantes,
oxidantes, corrosivas, inflamáveis, partículas de poeira, gases, fumo, névoa etc.
Para a recomendação da proteção indicada para os riscos químicos, as
empresas disponibilizam produtos com base na classificação de riscos. Há duas
classificações de níveis de proteção. A classificação americana contra agentes
químicos tóxicos é com base na EPA (Environmental Protection Agency - Agência
de Proteção Ambiental) e a classificação europeia (ANEXO1).

1.3. Risco biológico

Consideram-se como agentes de risco biológico as bactérias, vírus, fungos,


parasitos, entre outros. Os agentes de riscos biológicos podem ser distribuídos em 4
classes, de acordo com a patogenicidade para o homem, virulência, modos de
transmissão, disponibilidade de medidas profiláticas eficazes e disponibilidade de
tratamento eficaz e endemicidade. Há também, níveis de contenção física para
manipulação de agentes biológicos

4
1.3.1. Classes de risco biológico

 Classe de risco I – Microrganismo com pouca probabilidade de provocar


enfermidades humanas ou veterinárias. Baixo risco individual ou para comunidade.

 Classe de risco II – A exposição ao microrganismo pode provocar infecção;


porém, existem medidas eficazes de tratamento. Risco individual moderado e risco
limitado para a comunidade.

 Classe de risco III – O microrganismo pode provocar enfermidade humana


grave e se propagar de uma pessoa infectada para outra; porém, existe profilaxia
eficaz. Risco individual elevado e baixo risco comunitário.

 Classe de risco IV – Microrganismo que representa grande ameaça humana


e animal, com fácil propagação de um indivíduo para o outro, não existindo
profilaxia ou tratamento. Elevado risco individual e para comunidade.

1.3.2. Nível de contenção física para manipulação de agentes biológicos

 Nível 1 – Microrganismos de classe de risco I podem ser manipulados em


laboratórios de ensino básico com a utilização de EPIs.

 Nível 2 – Microrganismos de classe de risco II podem ser manipulados em


laboratórios clínicos ou hospitalares com finalidade de diagnóstico e requer, além
dos EPIs necessários, cabine de segurança biológica.

 Nível 3 – Microrganismos de classe de risco III ou grandes volumes e


concentrações de microrganismo de classe de risco II. Além do requerido no nível de
risco 2, é necessário um controle rígido quanto à inspeção e manutenção das
instalações e equipamentos e treinamento específico para manipulação desses
microrganismos.

 Nível 4 – Microrganismos de classe de risco IV. É uma unidade funcional


independente de outras áreas e requer, além de todas as contenções nesse

5
Para facilitar a visualização geral dos riscos presentes no ambiente de
trabalho, pode-se adotar o mapa de risco. O Mapa de risco é uma representação
gráfica de um conjunto de fatores presentes nos locais de trabalho capazes de
acarretar prejuízos à saúde dos servidores, causando acidentes e doenças do trabalho.
Um exemplo de Mapa de risco está representado no ANEXO 2.

1.4. Risco ergonômico

Qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do


trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde. São exemplos de risco
ergonômico: o levantamento e transporte de peso, ritmo excessivo de trabalho,
monotonia, movimentos repetitivos, postura inadequada de trabalho, mobiliário mal
projetado, ambiente de trabalho desconfortável (ex.: muito seco, muito frio, muito
quente, pouco iluminado, barulhento), problemas de relações interpessoais no
trabalho etc.

1. 5. Risco de acidente
Qualquer fator que coloque o trabalhador em situação vulnerável e possa
afetar sua integridade, e seu bem-estar físico e psíquico. Caracteriza-se por toda ação
não programada, estranha ao andamento normal do trabalho. São exemplos de risco
de acidente: as máquinas e equipamentos sem proteção, equipamentos de vidro,
equipamentos e instrumentos perfurocortantes, probabilidade de incêndio e explosão,
arranjo físico inadequado, cilindros de gases, armazenamento inadequado, animais
peçonhentos entre outros.

2. BOAS PRÁTICAS DE LABORATÓRIO - BPL


As Boas Práticas de Laboratório (BPL) são processos organizacionais sob os
quais pesquisas e serviços são planejados, realizados, monitorados, registrados,
arquivados e relatados. A não adoção dos procedimentos BPL pode incorrer em erros
e falhas que certamente levarão à geração de informação errônea. Para que as BPL
sejam cumpridas é necessário seguir as recomendações exigidas pelas normas
regulamentadoras.
Laboratórios que seguem as BPL estão respaldados em relação aos resultados
obtidos, garantindo maior segurança para os envolvidos nos processos de ensino,

6
extensão e pesquisa. Dessa forma, os dados gerados são validados de forma
padronizada, confiável e segura.

Quadro 1 – Recomendações gerais para as Norma Regulamentadora (NR-32).


Boas Práticas de Laboratório (BPL), segundo a
RECOMENDAÇÔES GERAIS BPL (NR-32)
1. Higienizar e realizar a limpeza adequada do ambiente.
2. O laboratório deve dispor de um manual de Biossegurança.
3. Os produtos químicos tóxicos devem estar devidamente identificados e
armazenados.
4. Equipamentos de risco devem ser dispostos em área segura (ex. autoclave,
contêiner de nitrogênio etc.).
5. O laboratório deve manter uma pasta com as Fichas de Informações de
Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) em local visível e de fácil acesso.
6. Evitar transportar materiais químicos ou biológicos de um lugar para outro no
laboratório.
7. Utilizar armários próprios para guardar objetos pessoais.
8. O ambiente laboratorial deve ser bem iluminado.
9. A sinalização de emergência deve estar presente nos laboratórios.
10. O laboratório deve possuir caixa de primeiros socorros e pessoal treinado para
utilizá-los.
11. Os extintores devem estar dentro do prazo de validade e com pressão dentro
dos limites de normalidade.
12. As tomadas devem ser identificadas quanto à voltagem.
13. O laboratório deve fornecer quantidades suficientes de EPI e EPC.
14. Manter protocolo de rotina acessível em caso de acidentes.
15. Nunca pipetar com a boca, usar pipetadores automáticos, manuais ou peras de
borracha.
16. Não comer, beber, preparar alimentos ou utilizar cosméticos no laboratório.
17. Evitar levar as mãos à boca, nariz, cabelo, olhos e ouvidos no laboratório.
18. Higienizar as mãos antes e após os experimentos.
19. Utilizar jaleco apenas dentro do laboratório.
20. Utilizar sempre sapato fechado.
21. Manter os cabelos presos.
22. Manter as unhas curtas e limpas.
23. O ideal é não usar lentes de contato no laboratório mas, caso seja necessário,
não manipulá-las e utilizar óculos de proteção.
24. Não usar colar, anéis, pulseiras, brincos e piercing dentro do laboratório.
25. Sempre usar luvas ao manipular materiais potencialmente infectantes.

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26. Não manipular objetos de uso coletivo como, por exemplo, maçanetas e
telefone, enquanto estiver usando luvas.
27. Saber onde ficam os EPCs e como utilizá-los.
28. Utilizar cabine de segurança biológica sempre que manipular materiais que
precisem de proteção contra contaminação.
29. Não atender celular quando estiver dentro do laboratório.
30. Manter a organização na bancada.
31. Evitar trabalhar sozinho no laboratório.
Fonte Norma Regulamentadora 32.

2.1. Higienização das mãos

A higienização das mãos é, sem dúvida, a rotina mais simples, mais eficaz e de
maior importância na prevenção e controle da disseminação de infecções.
Quadro 1 – Momentos em que deve ser realizada a higienização das mãos.
QUANDO HIGIENIZAR AS MÃOS
1. No início e no fim do turno de trabalho.
2. Antes de preparar medicação ou qualquer procedimento no laboratório.
3. Antes e após o uso de luvas.
4. Antes e após utilizar o banheiro.
5. Antes e depois de contato com pacientes.
6. Depois de manusear material contaminado, mesmo quando as luvas tenham sido
usadas.
7. Antes e depois de manusear cateteres vasculares, sonda vesical, tubo oro
traqueal e outros dispositivos.
8. Após o contato direto com secreções e matéria orgânica.
9. Após o contato com superfícies e artigos contaminados.
10. Quando as mãos forem contaminadas, em caso de acidente.
11. Após coçar ou assoar nariz, pentear os cabelos, cobrir a boca para espirrar,
manusear dinheiro.
12. Antes de comer, beber, manusear alimentos e fumar.
13. Após manusear quaisquer resíduos.
14. Ao término de cada tarefa.
15. Ao término da jornada de trabalho.
Fonte Fiocruz.

Quadro 2 – Passos para realizar a técnica de higienização das mãos.

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TÉCNICA DE HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS
1. Retirar anéis, pulseiras e relógio.
2. Abrir a torneira e molhar as mãos sem encostar na pia.
3. Colocar nas mãos aproximadamente 3 a 5 ml de sabão. O sabão deve ser, de
preferência, líquido e hipoalergênico.
4. Ensaboar as mãos friccionando-as por aproximadamente 15 segundos.
5. Friccionar a palma, o dorso das mãos com movimentos circulares, espaços
interdigitais, articulações, polegar e extremidades dos dedos (o uso de escovas
deverá ser feito com atenção).
6. Os antebraços devem ser lavados cuidadosamente, também por 15 segundos.
7. Enxaguar as mãos e antebraços em água corrente abundante, retirando
totalmente o resíduo do sabão.
8. Enxugar as mãos com papel toalha.
9. Fechar a torneira acionando o pedal, com o cotovelo ou utilizar o papel toalha;
ou ainda, sem nenhum toque, se a torneira for fotoelétrica. Nunca use as mãos.
Fonte: Fiocruz

2.2. Equipamentos de proteção individual – EPI


Os EPIs são empregados para proteger o pessoal que trabalha em laboratório
para evitar contato com agentes infecciosos, tóxicos ou corrosivos, calor excessivo,
fogo e outros perigos. A tabela mostra alguns exemplos de EPI com os respectivos
riscos evitados e características da proteção.

Tabela 1 - Equipamentos de proteção individual, risco evitado e características de


proteção.

EQUIPAMENTO RISCO EVITADO


Previne a contaminação de roupas e protege a
Jalecos
pele da contaminação de sangue e fluidos.
Evita o contato com microrganismos
Luvas infectantes, produtos químicos e condições de
temperaturas extremas.
Proteção contra agentes biológicos, ácidos e
a. Látex
bases diluídos.
b. Cloreto de vinila (PVC) e Proteção para produtos químicos,
látex nitrílico principalmente ácidos, cáusticos e solventes.
c. Fibra de vidro com polietileno
Proteção contra materiais cortantes.

Proteção para manusear materiais em


d. Fio de kevlar tricotado
temperaturas até 250ºC.

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Proteção para manuseio de
e. Térmicas de nylon materiais em temperaturas ultrabaixas (Ex.
Nitrogênio líquido -195°C).
Proteção para realizar serviços gerais de
f. Borracha
limpeza e descontaminação.
Protege ou minimiza a inalação de gases,
Máscara
poeira, névoas e voláteis.
a. PFF1*
Protege contra poeiras e névoas.

Protege contra poeiras, névoas, fumos e


b. PFF2
agentes biológicos/voláteis.
Protege contra poeiras, névoas, fumos,
c. PFF3 radionuclídeos e preparação de
quimioterápicos e citostáticos/ voláteis.
Protege o cabelo do contato com materiais
Touca
infectantes e produtos químicos.
Protege os olhos e o rosto contra
Óculos de proteção e protetor
gotas, impacto, borrifo, salpicos e radiação
facial
ultravioleta.
* Peças faciais filtrantes. Fonte: World Health Organization (2004), modificada.

2.3. Equipamentos de proteção coletiva – EPC


Os EPCs possibilitam a proteção do pessoal do laboratório, do meio ambiente e
da pesquisa desenvolvida.

Cabines de segurança
As cabines de segurança biológica protegem o profissional e o ambiente
laboratorial dos aerossóis potencialmente infectantes que podem se espalhar durante
a manipulação dos materiais biológicos. Constituem o principal meio de contenção
para evitar a fuga de aerossóis para o ambiente. Há três tipos de cabines de segurança
biológica: • Classe I 62 • Classe II – A, B1, B2, B3. • Classe III.

Capela química
Cabine construída de forma aerodinâmica cujo fluxo de ar ambiental não causa
turbulências e correntes, reduzindo assim, o perigo de inalação e contaminação do
operador e ambiente.

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Chuveiro de emergência

Chuveiro de aproximadamente 30 cm de diâmetro, acionado por alavancas de


mão, cotovelos ou joelhos. Deve estar localizado em local de fácil acesso.

Lava olhos

Dispositivo formado por dois pequenos chuveiros de média pressão, acoplados a


uma bacia metálica, cujo ângulo permite direcionamento correto do jato de água.
Pode fazer parte do chuveiro de emergência ou ser do tipo frasco de lavagem ocular.

Manta ou cobertor

Confeccionado em lã ou algodão grosso, não pode ter fibras sintéticas. Utilizado


para abafar ou envolver vítima de incêndio.

Vaso de areia

Também chamado de balde de areia, é utilizado sobre derramamento de álcalis


para neutralizá-lo.

Extintores de incêndio

Água Pressurizada/AP - O extintor de incêndio de água pressurizada é


indicado para incêndios de Classe A, ou seja, pra combater a combustão de
materiais sólidos ou fibrosos como papel, madeira, papelão, plástico, tecidos,
etc;

Extintor de Dióxido de Carbono/CO2 - é indicado para incêndios das classes B e C.


Atua por abafamento, criando uma camada gasosa e isolando o oxigênio. O gás
carbônico é um agente limpo, inodoro, que não deixa resíduos, não danifica os
equipamentos e não conduz eletricidade.

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Pó Químico Seco/PQS - utilizam agente extintor à base de Bicarbonato de Sódio
e são indicados para combater incêndios da classe B 9liquídos inflamáveis) e C
(equipamentos elétricos).

Pó/ABC - uso múltiplo para as classes A, B e C utilizam monofosfato de amônia


siliconizado como agente extintor. O agente pó ABC isola quimicamente os matérias
combustíveis de classe A, derretendo e aderindo à superfície do material em
combustão. Atua abafando e interrompendo a reação de incêndios da classe B. Não é
condutor de eletricidade

Os equipamentos comuns de segurança e emergência incluem extintores, kit de


primeiros socorros, estação de lavagem de olhos e chuveiros de emergência, kits para
o derramamento de determinados reagentes e saídas de emergência. É necessário que
os usuários saibam onde estão e como manejar os equipamentos de segurança e
aprendam o que fazer em uma emergência e se familiarizem com esses
procedimentos.

3. DESCONTAMINAÇÃO

É o processo que visa eliminar total ou parcialmente microorganismos com o


objetivo de tornar o material biológico seguro para descarte final ou para
reutilização. As suas etapas são:

 Limpeza: é o processo de remoção de partículas ou material orgânico.


 Desinfecção: é o processo que visa eliminar todos os microorganismos, exceto
os esporos.
 Esterilização: é o processo que garante a eliminação de qualquer forma de vida.
Esta destruição pode ser feita através de métodos físico e/ou químicos. São exemplos
de esterilização:
 por calor úmido: autoclavagem;
 por calor seco: aquecimento em forno estufa ou Forno de Pauster;

12
 por filtração: filtros com membranas de 0,2 µ para produtos líquidos que se
alteram com o calor. Exemplos: plasma, soro e ar atmosférico (filtro HEPA);
 por agentes químicos: utilizado em materiais que não suportam os processos
com altas temperaturas. Um dos agentes utilizados é o óxido de etileno.

A desinfecção do laboratório deve ser feita junto com os procedimentos de


limpeza e executada por pessoal treinado. É aconselhável usar vassouras do tipo
esfregão ou rodo com pano umedecido em desinfetante. O uso de vassouras comuns
coloca em suspensão partículas, que podem se depositar novamente no piso e nas
bancadas.

Exemplos usuais de desinfecção:

Utilização do álcool a 70% (etanol ou isopropílico): para desinfecção da pele,


bancada e equipamentos.

 Procedimento: após a limpeza com água e sabão deve-se esfregar um pano ou


algodão umedecido com a solução de álcool a 70% e deixar a superfície em contato
com a solução por, no mínimo, 15 minutos.

Preparo do álcool 70% (v/v)


Etanol a 950 (p/v) ......................................................................73,7ml
Água destilada q.s.p. .................................................................100ml

Hipoclorito de sódio a 5%: recomenda-se sua aplicação para descontaminação de


pisos, vidrarias e inativação química de material biológico.

-se passar pano ou material


absorvente com o hipoclorito a 5% no piso ou submergir a vidraria, garantindo que a
solução esteja em contato com toda parede do objeto a ser descontaminado.

Exemplos usuais de esterilização:

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Autoclavação: é o procedimento de inativação com calor úmido à alta pressão. É
utilizado para descontaminação de utensílios laboratoriais e materiais para descarte.
Recomenda-se que os materiais sejam autoclavados com duração de, no mínimo, 45
minutos em temperatura de 121ºC. Os materiais limpos devem ser esterilizados de 20
a 30 minutos em temperatura de 121ºC.

Estufa ou Forno de Pauster: é o procedimento por inativação com altas


temperaturas. Efetivo para materiais que não suportam umidade, como metais,
porque não corrói nem enferruja.

minutos. Acima de 180ºC não são recomendadas porque podem causar alterações nas
ligas metálicas, principalmente nos pontos de solda.

4. DESCARTE

Resíduos biológicos são produtos resultantes de atividades em laboratório ricos


em materiais biológicos que devem ser descontaminados antes de serem
encaminhados para o descarte final. Recomenda-se os seguintes passos:

4.1. Procedimentos para descarte de material biológico

 Lixo contaminado deve ser embalado em sacos plásticos para o lixo tipo 1
(branco), de capacidade máxima de 100 litros, indicados pela NBR 9190 da ABNT.
 Os sacos devem ser totalmente fechados de forma a não permitir o
derramamento de seu conteúdo, mesmo se virados para baixo. Uma vez fechados,
precisam ser mantidos íntegros até o processamento ou destinação final. Não se
admite abertura ou rompimento de saco contendo resíduo infectante sem tratamento
prévio. Deve-se verificar a qualidade do produto ou os métodos de transporte
utilizados caso ocorram rompimentos frequentes dos sacos.
 Havendo derramamento do conteúdo, cobrir o material derramado com uma
solução desinfetante, por exemplo, hipoclorito de sódio a 5% e recolher em seguida,
fazendo depois a lavagem do local. Usar os equipamentos de proteção necessários.

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 Todos os utensílios que entrarem em contato direto com o material deverão
passar por desinfecção posterior.
 Os sacos plásticos deverão ser identificados com o nome do laboratório de
origem, sala, técnica responsável e data do descarte.
 Autoclavar a 121º C durante pelo menos 20 minutos para materiais limpos e 45
minutos para materiais a serem descontaminados.
 As lixeiras para resíduos desse tipo devem ser providas de tampas e devem ser
lavadas, pelo menos uma vez por semana ou sempre que houver vazamento do saco.

4.2. Procedimentos para descarte de material perfurocortante

Os materiais perfurocortantes constituem a principal fonte potencial de risco


tanto para acidentes físicos como para contaminação por agentes infecciosos.
Exemplos: agulhas, ampolas abertas, lâminas de bisturi, vidraria quebrada entre
outros. Para o descarte seguro, recomenda-se os seguintes passos:

 Devem ser descartados em recipientes de paredes rígidas com tampa e resistente


à autoclavação. Os recipientes devem estar localizados tão próximos possíveis da
área de utilização dos materiais.

 Os recipientes devem ser identificados com etiquetas contendo informações


sobre o laboratório de origem, técnico responsável pelo descarte e data do descarte.

 Após tratamento para descontaminação, os recipientes devem ser embalados em


sacos adequados para descarte, identificados como material perfurocortantes e
descartar como lixo comum, caso não sejam incinerados.

 A agulha não deve ser retirada da seringa após o uso.

 No caso de seringa de vidro, levá-la juntamente com a agulha para efetuar o


processo de descontaminação.

15
 Não quebrar, entortar ou recapear as agulhas.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Norma Regulamentadora (NR-32).

Norma Regulamentadora nº 9 (NR-9)

NBR 9190

Guia de Boas Práticas Laboratoriais. Hospital das Clínicas – FMUSP. Laboratório de


investigação Médica. São Paulo, 2015.

16
ANEXO 1
Níveis de proteção estabelecidos pelo EPA (Environmental Protection Agency) –
EUA

Proteção Nível A - nível máximo de proteção; é indicado quando ocorre o grau


máximo possível de exposição do trabalhador a materiais tóxicos. Assim, é
necessária proteção total para a pele, para as vias respiratórias e para os olhos.
Recomenda-se a proteção de nível A:
 após mensuração - quando se observar a liberação de alta concentração
atmosférica de vapores, gases ou partículas;
 em locais de trabalho ou trabalhos envolvendo um alto risco potencial para
derramamentos, imersão ou exposição a vapores, gases ou partículas de materiais que
sejam extremamente danosos à pele ou possam ser por ela absorvidas;
 possibilidade de contato com substâncias que provoquem um alto grau de lesão
à pele;
 em operações que devam ser executadas em locais confinados e/ou pouco
ventilados, onde exista a presença de materiais tóxicos.
Os equipamentos para proteção de nível A:
 pressão positiva, proteção facial total através de capuz que permita utilização de
tanques de ar autônomos ou suprimento de ar externo que permita manter pressão
positiva;
 roupa totalmente encapsulada para proteção química;
 luva externa e interna com proteção química;
 botas resistentes a químicos;
 outros componentes opcionais que se considerem necessários e adequados.

Proteção nível B - nível alto de proteção; requer o mesmo nível de proteção


respiratória que o nível A, porém um nível menor para proteção da pele. A grande
diferença entre o nível A e B é que o nível B não exige uma roupa de proteção
totalmente encapsulada para proteção contra gases/vapores. O nível B é uma
proteção contra derramamento e contato com agentes químicos na forma líquida. As
roupas de proteção para esse nível podem ser apresentadas de duas formas
encapsulada ou não-encapsulada.
Recomenda-se a utilização de equipamentos de proteção do nível B:

17
� na presença de concentrações químicas de certas substâncias que possam colocar
em risco a vida de pessoas, através de inalação, mas que não representem o mesmo
risco quanto ao contato com a pele;
� em atmosfera que contenha menos que 19,5% de oxigênio ou na presença de
vapores não totalmente identificados, mas identificados em instrumentos de medição
de vapores com leitores de vapores orgânicos. No nível de proteção B, esses vapores
não devem ser encontrados em quantidade suficiente para lesarem a pele ou serem
absorvidos por ela.
Equipamentos para o nível de proteção B:
 proteção respiratória semelhante ao nível a;
 capuz resistente a químicos (totalmente encapsulado ou não-encapsulado);
 macacões quimicamente resistentes;
 luvas internas e externas;
 botas resistentes a químicos.

Proteção Nível C - nível médio de proteção. No nível C de proteção, exige-se menor


proteção respiratória e menor proteção da pele. A grande diferença entre o nível B e
C é o tipo de equipamento respiratório exigido.
Utilizar o nível de proteção C quando:
 os contaminantes presentes na atmosfera, derramamento de líquidos ou outro
tipo de contato direto com a pele não têm poder para lesar a pele ou serem
absorvidos por ela;
 os tipos de contaminantes foram identificados, as concentrações foram medidas,
a ventilação e purificação do ar são suficientes para remover os contaminantes e
todos os critérios de purificação de ar estão em ordem.
Equipamentos que devem ser utilizados:
 respirador total ou parcial, com purificador de ar;
 macacões quimicamente resistentes ou roupas com duas peças (jaqueta e calça);
 luvas quimicamente resistentes;
 botas quimicamente resistentes.
Proteção nível D - menor nível de proteção. Para o nível D, exige-se o menor nível
de proteção respiratória e de proteção para a pele. É a menor proteção possível
quando há manipulação de qualquer agente químico.
Usar o nível de proteção D quando:

18
 a atmosfera não contenha produtos químicos;
 o trabalho não implique nenhum contato com derramamentos, imersões ou
inalações inesperadas com qualquer produto químico.
Equipamentos que devem ser utilizados:
 macacões ou conjuntos de jaqueta e calça;
 botas quimicamente resistentes;
 óculos de proteção;
 outros componentes opcionais.

Classificação Européia quanto a roupas de proteção química


Através de Comitê de Padronização de Produtos para o Mercado Comum Europeu,
foram estabelecidas classificações para as roupas de proteção química. Essa
classificação apresenta 6 níveis de proteção que variam do Tipo 1 (maior nível de
proteção) ao Tipo 6 (menor nível de proteção).

Tipo 1 - mais alto nível de proteção. Indica a utilização de vestimentas de proteção


contra gases.
Tipo 2 - alto nível de proteção. Indica a utilização de vestimentas de proteção, exceto
para gases.
Tipo 3 - nível médio de proteção. Indica a utilização de vestimentas de proteção
contra líquidos.
Tipo 4 - nível regular de proteção. Indica a utilização de Vestimentas de proteção
contra respingos.
Tipo 5 - baixo nível de proteção. Indica a utilização de Vestimentas de proteção
contra partículas.
Tipo 6 - mais baixo nível de proteção. Indica a utilização de Vestimentas de proteção
contra leves respingos.
Fonte:
Manual e Biossegurança, Parte III – Laboratórios, Capítulo 13 - Biossegurança
no Laboratório de Diagnóstico e de Pesquisa

19
ANEXO 2
MAPA DE RISCOS - Modelo

Imagem1: Exemplo. de mapa de risco de um laboratório de biologia molecular


Fonte: http://biossegurancaemfoco.com/2009/10/06/nr5-cipas-e-mapas-de-risco/

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21

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