Historia Da Igreja
Historia Da Igreja
Historia Da Igreja
2023
LAGOINHA PADRE EUSTÁQUIO
INTRODUÇÃO
A história da Igreja nos fazer compreender melhor a riqueza do cristianismo. A maioria dos
cristãos são ignorantes quanto à sua herança cristã.
Muitas lutas enfrentadas pela Igreja atualmente não são novas, e a fé no Senhor prevaleceu
e continuará a prevalecer, pois Deus sempre levantará um remanescente que é fiel a Sua
palavra e chamado a combater as heresias presentes em todas as eras da história.
Muitos dos pais apostólicos se tornaram mártires, não se curvando às heresias e
fortalecendo a fé da Igreja primitiva. Como dito por Tertuliano: “O sangue dos mártires é a
semente da igreja”.
O marco inicial da história da Igreja está em Atos 2 com a descida do Espírito Santo.
Figura 1: Pentecostes
2
Na plenitude deste tempo determinado por Deus para que Jesus nascesse, houve a
contribuição judaica, romana e grega. Tudo também cooperava para o recebimento da
Palavra e evangelização dos povos.
No judaísmo do século I havia grupos com diferentes expectativas:
• Zelotes: queriam começar uma rebelião contra Roma;
• Essênios: queriam um profeta de luz para combater as trevas;
• Fariseus: queriam um líder nacionalista que restaurasse a lei e libertasse Israel do
jugo romano.
Neste cenário, Jesus nasceu. Gálatas 4:4 Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou
seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei.
Após a morte de Jesus, os discípulos (aprendizes) se tornaram apóstolos (pregadores) e
foram grandes líderes da Igreja apostólica, como Pedro, João e Paulo.
Os apóstolos foram homens que receberam a missão do próprio Senhor Jesus de edificar
os fundamentos da Igreja, guardar a sã doutrina e ensiná-las.
A ERA APOSTÓLICA
A Igreja começou em Jerusalém com os apóstolos, porém, estes tiveram muita dificuldade
em entender que a salvação não era somente para o povo judeu, mas também para os
gentios.
No primeiro século muitas heresias foram criadas e os apóstolos tinham a obrigação de
combatê-las.
No ano 48 d.C. houve o 1°Concílio em Jerusalém (Atos 15), neste, Paulo e Pedro defendem
a nova fé dos falsos ensinamentos e deste concílio Paulo escreve aos Gálatas que estava
sendo assolada pela heresia judaizante.
O crescimento da Igreja se deu graças ao trabalho apostólico e aos cristãos anônimos. As
mulheres na Igreja primitiva desempenhavam papéis importantes contribuindo para que o
evangelho chegasse à várias partes do mundo. Dorcas, é citada na bíblia como uma
importante discípula e muito amada pela comunidade cristã, Maria mãe de Marcos cedeu
sua casa como local para as reuniões dos cristãos (Mc 12:12), Febe, foi a guardiã e
portadora das cartas de Paulo à Igreja de Roma, era uma representante deste apóstolo
(Rm 16:1-2). Foram profetizas (At 21:9), e chamadas de cooperadoras por Paulo, mesmo
título que este usou para Tito e Timóteo.
O período de paz da Igreja foi muito curto, pois quando os judeus ortodoxos se dão conta
de que os cristãos entendem que devem andar pelo Espírito e não debaixo da lei, estes
3
viram esta situação como uma afronta. Muito rapidamente as portas se fecharam para a
Igreja. Atos 8:1 relata como os cristãos foram espalhados pelo mundo.
As primeiras perseguições
Estevão e Tiago já haviam sido mortos. Em outubro de 54 d.C. Nero sobe ao poder como
o mais novo imperador romano. Nesta época os cristãos superavam o número de judeus.
Nero ficou louco e após 10 anos no poder era odiado por muitos. Em 18 de julho do ano 64
d.C., houve um grande incêndio que destruiu Roma, o imperador romano foi o principal
suspeito e este, sem perder a oportunidade acusou os cristãos e emitiu um decreto para
matá-los. Paulo e Pedro foram mortos. Os cristãos confessos eram inimigos de César, seus
bens eram tomados.
“Ao suplício dos que morriam juntava-se o escárnio, pois envolviam as vítimas com peles
de feras e as expunham às lacerações dos cães, ou eram amarradas em cruzes ou
destinadas a serem queimadas e, desde que acabava o dia, eram destruídas pelo fogo à
guisa de tochas noturnas”. (TÁCITO, XV)
No ano de 68 d.C. a população se rebela, Nero, foge e se mata.
4
A ERA DOS PAIS DA IGREJA
Com a morte dos apóstolos no final do século I, algumas questões foram levantadas: Quem
detinha a autoridade para liderar os crentes? Quem guardaria e guiaria a fé cristã? Um
grupo de homens zelosos pela fé denominados de “Pais da Igreja” ocupou este lugar.
Os pais podem ser divididos em três grupos:
• Pais apostólicos (95-150 d.C) textos de natureza devocional e de edificação do
Corpo de Cristo;
• Apologistas (150-300 d.C) literatura para defesa da fé;
• Teólogos (300-600 d.C) teologia sistemática.
Os pais apostólicos tinham um profundo compromisso com o Antigo Testamento e a
compreensão de que a nova fé era o cumprimento das promessas deste. Portanto, há
pouca reflexão teológica ou análise doutrinária. Seu desejo era edificar os santos, exortá-
los e dar-lhes esperança para continuar.
Os pais apostólicos serviam e lideravam uma igreja crescente, exigia-lhes aconselhamento,
orientação e instrução prática para o crescimento espiritual. Os primeiros 50 anos do século
II, foi caracterizado pelo esforço da Igreja para conviver de maneira obediente e para
estruturar a Igreja numa cultura predominantemente pagã.
Podemos em resumo citar três características dos escritos dos pais apostólicos:
• Devocional e edificação;
• Defesa da fé;
• Ataque ao erro.
Neste período houve grandes homens como Clemente de Roma, Inácio bispo de Antioquia,
Policarpo bispo de Esmirna e obras fundamentais como O Pastor, de Hermans e Didaquê.
Neste contexto o Imperador Trajano assume o poder. O cristianismo continuava proibido,
contudo, o Estado não tinha obrigação de combatê-lo. As perseguições aos cristãos eram
feitas após denúncias claras e explícitas. O cristão era levado a julgamento e neste era
solicitado que negasse a Cristo.
“Os mártires dão testemunho de Cristo de duas formas: pela palavra e pelo sangue.
Podemos citar muitos cristãos que aproveitaram a prisão e o processo para gritar bem alto
a sua fé e espalhar a verdade. [...]. E muitas vezes isso se reduzia a uma simples afirmação,
como aquela que soou nos lábios dos mártires africanos: “Eu sou cristão”, ou ainda no
interrogatório prévio para identificação: “Como te chamas?” “Cristão, isso basta.”
(ROPS,1988).
5
Figura 5. Martírio de Inácio de Antioquia, um dos primeiros Pais da Igreja.
6
A defesa da fé
No século II houve uma relativa paz e a Igreja crescia. Mentiras com relação ao cristianismo
crescem neste período. Os não cristãos acreditavam que ocorriam práticas como o
canibalismo, incesto dentro da Igreja. A Igreja começa a se defender. Marcião foi um herege
no meio do povo de Deus.
Estas questões fizeram com que a Igreja desse algumas respostas que foram:
• Cânon;
• Credo;
• Apostolicidade.
O credo (resumo teológico) foi a organização das crenças teológicas da Igreja (a Igreja
primitiva, não católica)
“Credo apostólico
Creio em Deus Pai, Todo Poderoso;
Criador do céu e da Terra;
Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor;
O qual foi concebido por obra do Espírito Santo;
Nasceu da virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos;
Foi crucificado, morto e sepultado;
Desceu ao Hades;
Ressurgiu dos mortos ao terceiro dia;
Subiu aos céus e está assentado à direita de Deus Pai Todo Poderoso;
Donde há de vir julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
Na santa Igreja Universal,
Na comunhão dos santos,
Na remissão dos pecados,
Na ressureição do corpo,
Na vida eterna. Amém.”
7
A ERA TEOLÓGICA
Por volta de 300 a.C. ocorreram muitas discussões a respeito da Trindade, a natureza de
Jesus e a doutrina da salvação. Estas discussões fizeram com que a igreja sistematizasse
suas crenças e alcançasse o consenso sobre o ensino das escrituras.
• A natureza pré-encanada de Jesus: nos anos 300 um sacerdote no norte de África
chamado Ário influenciado pelo racionalismo grego argumentava que Jesus era um
ser criado, este ensinamento foi combatido principalmente por Atanásio;
• A doutrina da trindade: a Igreja do século terceiro e quarto tinha o falso ensinamento
que desafiava a divindade de Jesus e do Espírito Santo, foi combatida principalmente
por Basílio; Concílio de Calcedônia em 451 d.C.
• Definição da doutrina do Deus-homem: explicar de que maneira a divindade e
humanidade de Jesus se relacionavam. Escola Alexandrina e Escola Antioquena.
8
As consequências da conversão de Constantino
Em 324 d.C. Constantino se declara “Bispo dos bispos”. O cristianismo é legalizado. Com
todo o poder que o imperador romano detinha, Constantino se acha no direito de “organizar”
a Igreja, que agora, passa a ser uma igreja visível institucionalizada. O imperador realiza
mudanças nos cultos que a partir de então, deveria ser digno da presença de um soberano
(humano). A Igreja responde, o monasticismo cresce.
Entre algumas mudanças realizadas por Constantino, estão:
• Legalizou o cristianismo e as demais religiões através do Edito de Milão;
• Unificou a igreja cristã, de modo a acabar com as divergências doutrinárias;
• Convocou o Concílio de Niceia;
• Decretou o domingo como dia de descanso;
• Definiu a maneira de calcular a data da Páscoa;
• Fixou o 25 de dezembro como o dia de Natal.
Novas ideias teológicas foram surgindo, e ao invés de serem debatidas por teólogos, eram
levadas ao imperador. Uma grande heresia surgiu por parte de um bispo chamado Ário e a
igreja lutou para combatê-la.
Igreja Católica Apostólica, agora Romana, se torna a igreja de Tiatira descrita em
Apocalipse 2:18.
Imperador Teodósio
Teodósio de 379 d.C., assume o poder e convoca o Concílio de Constantinopla em 381
d.C. Deste concílio foi definido um novo credo, um resumo das definições teológicas ali
estabelecidas.
“Credo Niceno
Creio em um só Deus Pai Todo Poderoso criador do céu e da Terra;
De todas as coisas visíveis e invisíveis;
Creio em Jesus, um só Senhor;
Jesus Cristo filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos,
Deus de Deus, luz da luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,
Gerado não criado, consubstancial do Pai;
Por Ele todas as coisas foram feitas,
E por nós homens, e para nossa salvação,
Desceu dos céus e encarnou pelo Espírito Santo no seio da virgem Maria,
E se fez homem, também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos;
Padeceu e foi sepultado,
Ressuscitou no terceiro dia conforme as escrituras,
E subiu aos céus onde está sentado à direita do Pai,
E de novo a de vir em sua Glória para julgar os vivos e os mortos
E o seu Reino não terá fim.
Creio no Espírito Santo Senhor que dá a vida e procede do Pai e com o Pai
E o filho é adorado e glorificado,
Ele que falou pelos profetas,
Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica;
Professo um só batismo para remissão dos pecados.”
9
Teodósio assina o Edito de Tessalônica. A partir de então, usa-se a influência do Império,
dinheiro do Império e a espada do Império para se fazer teologia.
Neste período surgiram teólogos como: Anastásio de Alexandria, Ambrósio de Milão, João
Crisotemo, Jerônimo (traduziu a bíblia para o latim) e Agostinho de Hipona.
Teodósio dividiu o Império Romano em dois: oriental e ocidental. Os bárbaros começam a
invadir. O Império se fragmenta. Com o fim do Império Romano ocidental surgem os papas.
O Império Romano oriental ainda permanece por mais 1000 anos.
O Islã
Maomé em 610 d.C. teve uma suposta visão com o anjo Gabriel que lhe anunciou o
“verdadeiro evangelho”. O islã muda o mundo drasticamente. Maomé se torna um líder
militar. No ano de 635 d.C. Damasco, em 687 d.C. Antioquia, em 638 d.C. Jerusalém, em
642 d.C. Alexandria, posteriormente Cartago e toda a região da Espanha caem diante do
islamismo. Depois de 100 anos o Islã foi contido e o cristianismo volta a tomar forças.
A corrupção da igreja
Em 800 d.C. o papa Leão III coroa Carlos Magno como novo imperador do Sacro Império
Romano-Germânico. Neste período surge o feudalismo, tanto a monarquia quanto a igreja
eram possuidoras de muitas riquezas. Após a morte de Carlos Magno o papado volta a
decadência, seu interesse era somente por posses e disputas por poder.
As cruzadas
Foi o movimento mais avassalador, dramático e contraditório desta época. Em 1095 d.C. o
papa Urbano II chama o povo para lutar por Jerusalém. A primeira cruzada foi bem-
sucedida e Jerusalém foi recuperada, porém, posteriormente os muçulmanos a tomam
novamente.
A decadência da igreja
O nepotismo dentro da igreja estava no auge. A entidade mais enferma nesse período era
o papado. Em 1309 d.C. o papa sai de Roma e se fixa na França, foi uma época de grandes
acontecimentos; peste negra, Guerra dos Cem Anos, guerra entre a França e Inglaterra e
10
diante de todos estes eventos trágicos a igreja quer manter a sua pompa, para isto cobra
impostos.
Tamanha era a desorganização que ocorreu o Grande Cisma do Ocidente.
A renascença
O homem passa as ser o centro de tudo. Houve muitos avanços na pesquisa científica, nas
artes... e muita crítica à igreja, o homem estava sendo estimulado a ser mais racional.
Enquanto isso, a igreja estava preocupada em manter seu embelezamento ao invés de
cuidar do seu rebanho. Pela corrupção do alto clero ocorreram várias tentativas de reforma.
Os pré-reformadores mais conhecidos são:
• João Wycliffe;
• Savonarola;
• João Huss.
A Reforma Protestante
A igreja abafou toda tentativa de reforma, pois, os reformadores tiram o papa do trono da
razão e colocam as escrituras
Em 31/10/517 Lutero publica as 95 teses. Abaixo, algumas delas:
21 Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida
de toda pena e salva pelas indulgências do papa.
23 Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é
dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.
24 Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa
magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.
11
25 O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e
cura tem em sua diocese e paróquia em particular.
26 O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele
não tem), mas por meio de intercessão.
27 Pregam doutrina humana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa,
a alma sairá voando [do purgatório para o céu].
28 Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, podem aumentar o lucro e a cobiça; a
intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.
29 E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas? Dizem que
este não foi o caso com S. Severino e S. Pascoal.
32 Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam
seguros de sua salvação através de carta de indulgência.
36 Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito à remissão pela de pena e
culpa, mesmo sem carta de indulgência.
43 Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado,
procedem melhor do que se comprassem indulgências.
86 Do mesmo modo: por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos mais ricos
Crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro,
ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?
Em 1521 Lutero foi convocado para a Dieta de Worms para se retratar diante de todo o
império.
“Não posso e não irei renegar nada, pois não é nem seguro e nem correto agir contra a
consciência. Que Deus me ajude. Amém.”
Em 1555 foi assinado o Tratado de Paz de Augsburgo.
Lutero não foi o único reformador, podemos destacar também:
• Ulrico Zuínglio, um padre com formação humanista que pregava contra a compra da
salvação, sua teologia era muito parecida com a de Lutero mesmo sem se
conhecerem. Zuínglio, convocou sua paróquia para fazer um churrasco de salsichas
em plena quaresma, rompeu totalmente com a Igreja Católica e começou um
movimento de reforma na Suíça.
Lutero abolia as práticas que eram contra a bíblia.
Zuínglio abolia tudo o que não estava na bíblia.
Os católicos invadiram a cidade onde Zuínglio estava e ele foi morto em combate.
• João Calvino, queria apenas estudar a bíblia e produzir conteúdo teológico, em
Genebra sua vida foi transformada. Genebra estava se rendendo a reforma, mas
carecia de alguém que os conduzisse. Calvino rejeitou de início pois queria um
tempo de descanso e estudo, porém acabou permanecendo na cidade.
• Os anabatistas, realizaram uma reforma dentro da reforma. Acreditavam que seus
líderes não conseguiram realizar todas as mudanças necessárias, queriam um
12
evangelho puro e simples. Foram perseguidos e dizimados por católicos e
protestantes.
• Rei Henrique VIII, realizou uma reforma na Inglaterra mais com intuito pessoal
político. Se autoproclamou o chefe da Igreja Anglicana, rompendo com Roma.
A Contrarreforma Católica
“Se alguém diz que o pecador é justificado apenas pela fé[...] seja considerado anátema”.
Concílio de Trento,1563
A Igreja Católica não ficou parada, houve o Concílio de Trento 1545 – 1563, que por conta
de divergências se estendeu por 18 anos. Condenou todos os protestantes como hereges
e trouxeram algumas reformulações para os católicos. Sete sacramentos foram
confirmados neste Concílio:
• Batismo;
• Confirmação (crisma);
• Comunhão;
• Penitência;
• Unção dos enfermos;
• Ordens;
• Matrimônio
13
Os grandes avivamentos
Após a reforma a Igreja passou por um tempo de frieza espiritual, mas também por grandes
avivamentos. O protestantismo do século 17 tornou-se frio, impessoal e, para alguns,
sufocante. Muitos movimentos de reforma desenvolveram-se em resposta a isto, são eles:
• Quacrismo, fundado por George Fox;
• Pietismo alemão;
• Metodismo, fundado por John Wesley.
A Reforma Protestante culmina com a fundação de correntes cristãs dissidentes, como a
própria igreja Luterana, Calvinista e Metodista. A maioria das igrejas protestantes rejeitam
o culto a Maria e aos santos e o celibato clerical.
• Luteranos: lançou as bases para o protestantismo. Condenavam o comportamento
moral dos padres e acreditam que a salvação estava nas sagradas Escrituras;
• Presbiterianos: inspirados no francês João Calvino, pregam a predestinação divina,
ou seja, só os eleitos por Deus se salvam. O teólogo Jacob Armínio criaria depois
outra vertente do presbiterianismo: o Arminianismo;
• Anglicanos: o rei Henrique VIII queria anular seu casamento e se unir a outra mulher,
após a recusa do papa, ele rompe com a Igreja Católica Romana e cria a Igreja
Anglicana;
• Batistas: o movimento anabatista já existia quando Lutero começou a questionar a
Igreja Católica Romana, mas como outras igrejas protestantes, o movimento só
ganhou expressão após a Reforma. Acabou dando origem a Igreja Batista;
• Metodista: Surgiram na Inglaterra no século XVIII, propondo reformar a Igreja
Anglicana. Baseado na crença da salvação pela fé em Cristo, as ideias metodistas
não conseguiram mudar os anglicanos, mas deram origem a uma nova corrente
protestante;
• Protestantismo Pentecostal: surgiu nos Estados Unidos nos primeiros anos do
século XX, entre fiéis metodistas insatisfeitos com a falta de fervor em suas igrejas.
Devido aos cultos vibrantes cheios de êxtase e fortes emoções se difundiu logo pelos
EUA, e posteriormente por países mais pobres, especialmente na América Latina.
Acreditam em aspectos milagrosos da fé como o poder de cura do Espírito Santo e
pregação do evangelho aos não convertidos;
• Protestantismo Neopentecostal: surgiu em 1970 e se difere no pentecostalismo por
estimular o fiel a buscar prosperidade em lugar da graça de Deus. Seus rituais não
dispensam curas e exorcismos, não são muito rígidos aos hábitos e costumes de
seus fiéis. Algumas delas mantém forte presença nas mídias eletrônicas.
Em 1603, Jacob Armínio trouxe uma nova interpretação bíblica que batia de frente com os
ideais calvinistas. Sãos estas:
• Livre arbítrio;
• Eleição condicional;
• Expiação universal;
• A graça pode ser resistida;
• Cair da graça.
14
Em novembro de 1618 aconteceu o Sínodo de Dort, e estipularam cinco pontos contra a
doutrina arminiana:
• Depravação total do homem;
• Eleição incondicional;
• Expiação condicional;
• Graça irresistível;
• Perseverança dos santos.
15
ERA MODERNA
Com o Iluminismo o racionalismo se tornou crescente, a verdade passa a ser ditada pela
razão. Nos Estados Unidos as ideias liberais se estabelecem por todo o território nacional.
Alguns protestantes reagem contra esta situação e são chamados de Fundamentalistas.
Em 1895 os Fundamentalistas estabeleceram os cinco fundamentos da fé contra a teologia
liberal:
1. Infalibilidade da Bíblia
2. Divindade de Jesus Cristo
3. Nascimento virginal de Jesus
4. Morte expiatória de Jesus na cruz
5. Ressurreição corpórea de Jesus e sua volta
6.
O avivamento na rua Azusa
Em 1906 o pastor Willian Joseph, fundou uma pequena comunidade na rua Azusa n°312
em Los Angeles, ele foi o pai do pentecostalismo. Pessoas ao redor ouviram a presença de
Deus no local, havia reuniões dia e noite sem parar, multidões se achegavam. Este lugar
foi um celeiro para as missões. No norte do Brasil, houve um casal de missionários que era
fruto deste avivamento.
O protestantismo no Brasil
Desde o início da colonização do Brasil a religião católica predominou no país, mas a vinda
de imigrantes protestantes trouxe mudanças em muitas áreas, inclusive no campo religioso.
Apesar de o protestantismo não ter alcançado o destaque que o catolicismo alcançou,
desde o início de sua implantação no Brasil, deixou na história suas marcas e seus
benefícios para a sociedade, principalmente no que se refere às questões educacionais e
à liberdade de ideias.
Algumas denominações são realmente consideradas protestantes, como é o caso dos
luteranos, seguidores de Lutero; dos presbiterianos, cujas doutrinas estão baseadas na
teologia de Calvino; e a Igreja Anglicana. As demais não são protestantes porque não
protestaram contra nenhuma igreja. São ramificações do protestantismo, denominadas
evangélicas. Contudo, trataremos aqui como protestantes todas as denominações
evangélicas.
Em 1824 desembarcaram os futuros componentes da primeira colônia de protestantes e,
neste mesmo ano, realizaram o primeiro culto evangélico em Nova Friburgo, no Rio de
Janeiro. Esta colônia era formada por 334 imigrantes, os quais tinham como líder espiritual
o Pastor Fridrich Oswaldo Sowrbronn. Depois desta, outras se fixaram nas regiões de São
Paulo (1827 – 1829), Santa Catarina (1828 – 1850) e Paraná.
Em 1836 chega ao Rio de Janeiro o primeiro missionário metodista, o Reverendo Fountain
E. Pitts, do Board of Mission of the Methodist Episcopal Church in the United States que
começou a pregar em residências particulares. Outro metodista, o Reverendo Justus
Spaulding, também ajudou na organização da Igreja, a qual foi inaugurada com 40
membros. Em 1862, Simonton abre a Primeira Igreja Presbiteriana e começa um trabalho
com brasileiros no Rio de Janeiro. Em 1871, os metodistas e os batistas fundaram uma
16
Igreja em Santa Bárbara. Em 1876, o Reverendo J. J. Ranson, fundou definitivamente a
Terceira Igreja Metodista no Brasil, com seis pessoas, todas estrangeiras. O segundo grupo
de protestantes foi o da Igreja Congregacional, fundada em 1858, em Pernambuco, esta
realizou trabalhos com brasileiros. Em 1889 a América Church Missionary Society enviou
dois jovens para o Brasil, os Reverendos James Wattson Marris e Luciem Lee Kinsolving.
Um outro instrumento de muito valor usado pelos protestantes para manter a unificação do
pensamento é a preservação da fé, foi a Escola Bíblica Dominical. A primeira Escola Bíblica
do Brasil surgiu em 1855 em Petrópolis, pelo casal de missionários Robert e Sara Kalley.
Eles recolhiam os meninos de rua em sua casa e lhes davam aulas de português, usando
como livro texto a Bíblia. Com a aceitação e desenvolvimento da Escola Bíblica por muitas
denominações, foi criada a Confederação Evangélica do Brasil, a qual passou a imprimir
material didático utilizado pela maioria das igrejas evangélicas nos estudos bíblicos
dominicais (GUSSO, 2001).
Quando a família real vem para o Brasil, a Inglaterra pressiona para que os portos fossem
abertos para relações comerciais, então foi assinado um acordo entre estes dois países em
1907 com uma cláusula autorizando a entrada de protestantes no Brasil e a realização de
cultos com ressalvas. A princípio, a igreja que conseguiu se adaptar melhor no Brasil foi a
Assembleia de Deus com o pentecostalismo.
Até o período da República houve uma norma de que os protestantes poderiam se reunir
em casas para realizar seus cultos, desde que essas casas não tivessem nenhuma
aparência de igreja. Não podiam ter cruz, sinos ou qualquer outra característica de igreja.
Não se importando com a aparência dos locais de culto, mas com o propósito do culto, os
protestantes realizavam suas práticas religiosas em casas, escolas ou em capelas erguidas
conforme determinação da lei.
Como se não bastasse a limitação para realizar suas práticas religiosas, os primeiros
protestantes experimentaram a discriminação da sociedade, que tinha a religião oficial, a
católica romana, arraigada no coração e na mente. Esta mantinha influência na sociedade
de tal maneira que fazia a vez dos cartórios. Para se tornarem válidos os casamentos,
registros de nascimentos, trâmites de herança, a pessoa teria que comprovar que era
batizada na Igreja Católica. Isso sem dúvida prejudicava a comunidade protestante que
necessitava dos cartórios para efetivar seus registros. A situação foi ficando cada vez mais
difícil ao ponto de o governo ter que interferir nas leis do país para possibilitar que todos
convivessem em harmonia, mesmo sendo de diferentes práticas religiosas.
Nota-se que, a princípio, os protestantes não tinham interesse em divulgar suas crenças;
estavam interessados em apenas suprir as necessidades espirituais de seus grupos. Mas,
percebendo que teriam aceitação fora de suas comunidades, começaram a investir no
trabalho de evangelização com a ajuda das missões.
17
Cronologia das igrejas brasileiras
• Assembleia de Deus: 1910
A maior igreja pentecostal brasileira, surgiu em Belém (PA), sob a influência de dois
missionários suecos vindos dos EUA de uma Igreja Batista. Acreditam no poder supremo
do Espírito Santo e prega com ênfase o evangelho. Nos cultos há louvores e orações em
voz alta;
• Congregação Cristã no Brasil: 1910
Fundada por um protestante italiano. Cresceu inicialmente dentro da comunidade de
imigrantes italianos no Brasil, e em 1930 se expandiu para o resto do país. Acreditam no
poder supremo do Espírito Santo. Um de seus rituais mais conhecidos é o batismo de
imersão em água corrente;
• Igreja do Evangelho Quadrangular: 1918
Nascida nos EUA, demorou quase 30 anos para chegar ao Brasil mais especificamente em
Poços de Caldas –MG e depois em João da Boa Vista-SP. Enfatiza o dom da cura pelo
Espírito Santo e a palavra de Deus contida na bíblia, além de acreditar no retorno iminente
de Jesus Cristo;
• Igreja Pentecostal “O Brasil para Cristo”: 1955
Fundada por um ex-trabalhador da construção civil, que chegou a ser pastor na
Assembleia de Deus e da Evangelho Quadrangular antes de se autoproclamar missionário
da própria igreja. Os cultos possuem orações espontânea e pelo testemunho dos fiéis que
também podem pregar.
• Igreja Pentecostal Deus é Amor: 1962
Criada a partir de uma mensagem divina que seu fundador teria recebido.
Assemelha-se às pentecostais tradicionais no conservadorismo nos costumes e nos rituais
mais exaltados.
Maiores grupos no país, Igrejas Neopentecostais:
• Igreja Universal do Reino de Deus: 1977
Principal igreja do fenômeno neopentecostal brasileiro, fundada por Edir Macedo, no
subúrbio do Rio de Janeiro. Segue os preceitos gerais do cristianismo. Nos cultos diários
estimulam a entrega do dízimo e é comum a prática do exorcismo;
• Igreja Internacional da Graça de Deus: 1980
Dissidência direta da Igreja Universal, fundada pelo R.R. Soares.
Pregações repletas de cura e exorcismo;
• Igreja Apostólica Renascer em Cristo: 1986
Incentiva os fiéis a buscarem a prosperidade. Foi fundada em São Paulo tendo como alvo
a classe média urbana. Trouxe novidades para o culto como o Rock gospel e festas
jovens dentro do templo;
18
• Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra: 1992
Surgiu em Brasília, conquistou notoriedade depois de conquistar fiéis celebridades e os
abastados do país. Segue os preceitos básicos do cristianismo e rituais de fé exaltados, é
tolerante no quesito a hábitos controversos e normas morais pouco rígidas.
Em resumo...
Toda a história da Igreja foi construída na perseverança e firmeza de homens que embora
falhos, deixaram ser guiados pelo sopro do Espírito. Nossas bases são sólidas construídas
sobre o Evangelho de Jesus Cristo e sofrimento dos mártires, homens e mulheres que
deram a vida pelo que acreditavam. É nosso dever como cristãos zelar pela Palavra de
Deus e combater toda heresia, isto envolve tempo e dedicação, oração e estudo. Mergulhar
no conhecimento da Palavra nos traz mais compreensão de quem Deus é e de quem somos
Nele.
19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
20