Direito Administrativo: Improbidade Administrativa: Lei N. 8.429/1992, Com Alterações Da Lei N. 14.230/2021
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DIREITO ADMINISTRATIVO
STF decide que mudanças na lei de improbidade não retroagem para condenações
definitivas – 18/08/2022
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o novo texto da Lei de Improbidade Admi-
nistrativa (LIA – Lei n. 8.429/1992), com as alterações inseridas pela Lei n. 14.230/2021, não
pode ser aplicado a casos não intencionais (culposos) nos quais houve condenações defini-
tivas e processos em fase de execução das penas.
O Tribunal também entendeu que o novo regime prescricional previsto na lei não é retro-
ativo e que os prazos passam a contar a partir de 26/10/2021, data de publicação da norma.
A prescrição, que era de cinco anos, passou a ser de oito anos.
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A lista do art. 9º, que trata do enriquecimento ilícito, é uma lista exemplificativa, o que
significa que existem outras situações além das expostas nele. O verbo que mais se repete
no art. 9º é o “receber”.
Quem se enriquece ilicitamente pode ter os seus direitos públicos suspensos por até qua-
torze anos. Esse também é o tempo para a proibição de contrato com o poder público e para
a proibição de receber benefícios do poder público.
I –receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem
econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem
tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão de-
corrente das atribuições do agente público;
II –receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a explora-
ção ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de
qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
VI – receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração
falsa sobre qualquer dado técnico que envolva obras públicas ou qualquer outro serviço ou
sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a
qualquer das entidades referidas no art. 1º desta Lei; (Redação dada pela Lei n. 14.230, de 2021)
X – receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de
ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;
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O art. 10 sofreu uma das mudanças mais importantes, porque ele admitia a lesão ao
erário de forma dolosa ou culposa. Agora, não há mais lesão ao erário de forma culposa.
Essa também é uma lista exemplificativa. Assim como, no art. 9º, o verbo que mais se
repete é “receber”, aqui, o verbo que mais se repete é “permitir”.
10m
III –permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas
ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem
a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
IV –permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior
ao de mercado;
XII – permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;
XIII – permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou
material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades men-
cionadas no art. 1º desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros
contratados por essas entidades.
XVII – permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas,
verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a entidade privada mediante
celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
à espécie; (Incluído pela Lei n. 13.019, de 2014) (Vigência)
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Partindo para a terceira esfera de improbidade, é momento de analisar a única lista taxa-
tiva, que é a lista do art. 11.
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da adminis-
tração pública a ação ou omissão dolosa que viole os deveres de honestidade, de imparcialida-
de e de legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas: (Redação dada pela Lei n.
14.230, de 2021)
Diferente dos artigos 9 e 10, que permite a identificação dos verbos mais utilizados, aqui,
como são menos exemplos, não há nenhum verbo que se destaque. No entanto, o inciso XI
merece destaque, porque ele foi retirado da Súmula Vinculante n. 13:
XI – nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o ter-
ceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido
em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de
confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas; (Incluído pela Lei n. 14.230, de 2021)
15m
Art. 12. Independentemente do ressarcimento integral do dano patrimonial, se efetivo, e das san-
ções penais comuns e de responsabilidade, civis e administrativas previstas na legislação especí-
fica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser
aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato: (Redação dada pela
Lei n. 14.230, de 2021)
A tabela a seguir traz algumas informações valiosas. De vermelho, está destacado como
era; de azul, como passou a ser.
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20m
O enriquecimento ilícito, previsto no art. 9º, está ligado ao verbo “receber” e tem prazo
de até quatorze anos. A lesão ao erário, prevista no art. 10, está ligada ao verbo “permitir” e
tem prazo de até doze anos.
Um detalhe importante é que a suspensão dos direitos políticos não alcança os atos
contra os princípios da administração pública, mas a proibição de contratar tem um prazo de
até quatro anos.
DIRETO DO CONCURSO
1. (FGV/SSP-AM/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/2022) Os policiais militares Antônio e
João, do Estado Beta, no exercício da função e de forma dolosa, receberam vantagem
econômica direta, consistente em propina no valor de trinta mil reais, para tolerar a prá-
tica de narcotráfico por determinada organização criminosa.
No caso em tela, de acordo com a Lei n. 8.429/92 (com alterações da Lei n. 14.230/21),
Antônio e João
a. não praticaram ato de improbidade administrativa, pois não houve efetivo prejuízo ao
erário estadual, mas respondem nas esferas disciplinar e criminal.
b. não praticaram ato de improbidade administrativa, até que sobrevenha decisão judi-
cial transitada em julgado em processo criminal reconhecendo a prática do delito.
c. praticaram ato de improbidade administrativa que viola princípios da administração
pública e estão sujeitos, entre outras, à sanção de cassação dos direitos políticos.
d. praticaram ato de improbidade administrativa que importa enriquecimento ilícito e
estão sujeitos, entre outras, à sanção de suspensão dos direitos políticos até 14
(catorze) anos.
e. praticaram ato de improbidade administrativa que causa prejuízo ao erário e estão
sujeitos, entre outras, à sanção de pagamento de multa civil de até o dobro do valor
da remuneração percebida pelos agentes.
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COMENTÁRIO
Houve o enriquecimento ilícito, então ocorreu a prática do ato de improbidade. Como não
foi um ato que violou os princípios da administração pública nem gerou prejuízo ao erário,
só resta uma alternativa. O enriquecimento ilícito gera a suspensão dos direitos políticos
por até quatorze anos.
É válido ressaltar que o art. 17 da Lei de Improbidade foi declarado inconstitucional, pois
a mudança tornou o Ministério Público o legitimado exclusivo para o ajuizamento da
ação de improbidade, mas também cabem as pessoas jurídicas interessadas, que foram
prejudicadas.
GABARITO
1. d
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula prepa-
rada e ministrada pelo professor Gustavo Brígido Bezerra Cardoso.
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