Teste 1 Cesario Verde + FP Ortonimo
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20
2. bulício: agitação, rumor;
3. turba: multidão;
4. calafates: operários;
5. jaquetão: casaco de tecido grosso que chega até abaixo da
cintura;
6. boqueirões: ruas ou travessas que dão acesso ao cais;
7. baixéis: embarcações.
8 couraçado – navio de guerra.
9 escaleres – pequenos barcos.
10 Flamejam – brilham.
11 querubins – anjos, crianças.
13. hercúleas: robustas; valentes;
14. pilastras: pilar de quatro faces
1. A primeira parte do poema – «Ave Marias» – permite, desde logo,
compreender o título de «O Sentimento dum Ocidental». Justifica a
afirmação, identificando:
a. o «ocidental» a que se faz referência e as circunstâncias em que se
encontra;
b. o «sentimento» ou sentimentos que experimenta e respetivas causas.
a. O título remete para o sujeito poético, um «ocidental » que, em Portugal, relata a
sua deambulação pelas «ruas» de Lisboa, «ao anoitecer»
b. O sujeito poético sente-se enjoado e perturbado (vv. 6, 25), comprazendo-se no seu
próprio desconforto por estar na cidade (v. 4). Esta é a causa do seu mal-estar, com a
sua «soturnidade» e a sua «melancolia» (v. 2), com a «cor monótona e londrina» (v.
8) dos seus edifícios. Paradoxalmente, a mesma cidade que «incomoda» (v. 25) o «eu»
inspira-o a denunciar as suas condições, conforme assume no verso 25.
2. Refere o efeito de sentido produzido com o uso do determinante
possessivo no v. 1.
Ao utilizar o plural, o sujeito poético remete para um grupo do qual faz parte.
Assume-se como um de entre os muitos ocidentais que vivem em contextos
semelhantes e que, por isso, conhecem a cidade descrita e partilham os sentimentos e
as perceções do «eu».
3. Explicita o valor expressivo das comparações presentes na quarta estrofe,
relacionando-o com a caracterização da cidade.
As comparações dos edifícios com «gaiolas» e dos «carpinteiros» com «morcegos»
destacam a dimensão aprisionante e sombria da cidade.
4.Nos versos 11 e 21, os verbos anunciam momentos de fuga imaginativa.
Explica em que consistem esses momentos e relaciona-os com os eventos
que os motivam.
As formas verbais «Ocorrem-me» e «evoco» introduzem breves momentos em que o
sujeito poético se evade da realidade. No primeiro caso, motivado pela visão dos
passageiros que, na estação de comboios, partem em viagem e cuja
felicidade admira, o «eu» «viaja» no espaço até cidades conotadas com o
progresso artístico e deseja (conforme a enumeração gradativa
sugere) inclusivamente «o mundo». No verso 21, a evasão do sujeito poético
ocorre numa dimensão temporal, pois, face à constatação de que, no «cais», só
existem «botes» (v. 20), recorda-se, por antítese, do tempo grandioso dos «heróis» (v.
22), de «Camões» (v. 23) e das «soberbas naus» (v. 24). Estas fugas imaginativas
permitem ao sujeito poético escapar, por instantes, do presente e, através da fantasia,
aceder a outros tempos e espaços conotados com a felicidade e com a grandeza.
5. Nos versos 35-36, o sujeito poético dirige a sua atenção para as «varinas»,
que são aproximadas a um «cardume». O recurso ao nome coletivo sugere a
coesão do grupo, valorizado também por meio dos adjetivos «hercúleas» e
«galhofeiras», que salientam a sua força e a sua alegria.
6. Mostra como a descrição das varinas, nas duas últimas quadras, contribui
para a manifestação de um olhar crítico sobre a cidade.
Na descrição das «varinas», o sujeito poético destaca a sua robustez (vv. 37-38),
insinuando a sua necessidade de resistência física, face à exigência do seu trabalho.
Destaca ainda as difíceis condições em que vivem, integrando muitas vezes
famílias dedicadas à pesca, marcadas pelos naufrágios e perda de entes queridos (vv.
39-40) e residindo em bairros insalubres (vv. 43-44).
O sujeito poético deambula pela cidade («Embrenho--me, a cismar, por boqueirões, por becos,/
Ou erro pelo cais», vv. 19-20), ao cair da tarde («ao anoitecer», v. 1), tal como anunciado no
título («Ave Marias»).
9.Destaca as características da cidade referidas nas duas primeiras estrofes.
A cidade é apresentada como sombria e tristonha («Há tal soturnidade», v. 2), melancólica
(«há tal melancolia», v. 2), com tons escuros e pardos («cor monótona e londrina», v. 8).
11. Mostra como, face ao real que o circunda, o sujeito poético faz intervir a
sua imaginação transfiguradora e evade-se mentalmente para outros locais
e para outro tempo.
A visão daqueles que se preparam para viajar de comboio e que imagina felizes («Levando à via-
férrea os que se vão. Felizes!», v. 10) provoca no sujeito uma «fuga imaginativa» no espaço (vv.
11-12). A evasão no tempo prende-se com a constatação de que, no cais, só existem «botes» (v.
20), o que lhe recorda o tempo grandioso dos heróis (v. 22), de «Camões» (v. 23) e das «naus»
(v. 24). Estas fugas permitem ao sujeito poético escapar da sua realidade e da cidade opressora
e melancólica. Assim, através da sua imaginação, viaja até países e cidades conotados com o
progresso artístico (vv. 11-12) e até outros tempos – os da expansão ultramarina e das
«soberbas naus» (v. 24) – conotados com a grandeza pátria e que o sujeito poético reconhece,
triste mas também criticamente, que não assistirá (v. 24).
Descreva o espaço referido pelo “eu”, explicitando o efeito que este produz
no sujeito lírico.
O espaço referido é o da cidade de Lisboa, apresentado como agitado – “bulício” (v. 3),
soturno, melancólico e marcado por contrastes sociais. Face à cidade onde o “eu”
poético deambula, este sente melancolia, enjoo, “um desejo absurdo de sofrer” (v. 4).
Explicite o contraste existente entre os habitantes da cidade, relacionando-o
com os versos 9 e 10.
O sujeito poético apresenta os habitantes da cidade. Refere, por um lado, o trabalho
árduo dos “mestres carpinteiros” (v. 16), e dos “calafates” (v. 17), que surgem ao final
do dia “enfarruscados, secos” (v. 18). Por outro lado, apresenta os burgueses, “os
dentistas” (v. 29) e “os lojistas” (v. 32), que conversam e se enfadam. Neste sentido,
os versos 9 e10 ilustram a felicidade (“Felizes!”) daqueles que partem da cidade para
outros locais.
Ao longo do poema, é percetível a apreciação da cidade feita por Cesário
Verde, através de uma visão subjetiva, evidenciada pelo recurso a frases
exclamativas.
Explora o efeito de sentido do subtítulo do excerto.
O subtítulo destaca a atmosfera urbana que o sujeito poético tenciona evidenciar, do
final da tarde, enquanto deambula pela cidade.
O sujeito poético deambula pela cidade de Lisboa, descrevendo os espaços e
as pessoas.
Explicita o uso das sensações na caracterização da cidade.
O sujeito poético, através da deambulação e do recurso às sensações visuais, olfativas
e auditivas, descreve de forma negativa o espaço que o rodeia, comprovando que, “ao
anoitecer”, a cidade se torna mais lúgubre. A associação destes aspetos, captados
pelas sensações do “eu”, acentua a imagem de uma cidade agoniante e opressiva.
Por baixo, que portões! Que Ah! Como a raça ruiva do porvir,
arruamentos! E as frotas dos avós, e os nómadas
Um parafuso cai nas lajes, às ardentes,
escuras: Nós vamos explorar todos os
Colocam-se taipais, rangem as continentes
fechaduras, E pelas vastidões aquáticas seguir!
E os olhos dum caleche espantam-
me, sangrentos.
O sujeito poético refere os bêbedos – “ […] uns tristes bebedores” (v. 12) –,
os guardas-noturnos – “ […] os guardas, que revistam as escadas,” (v. 17) –
e as prostitutas –“ […] as imorais […]” (v. 19).