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i

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


INSTITUTO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

AVALIAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE CONTROLE DE POTÊNCIA REATIVA DE


AEROGERADORES SÍNCRONOS EM REDES ELÉTRICAS

ANDRÉ CAVALCANTE DO NASCIMENTO

TD 51/2009

UFPA / ITEC /PPGEE


Campus Universitário do Guamá
Belém – Pará – Brasil
2009
ii
iii

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


INSTITUTO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

AVALIAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE CONTROLE DE POTÊNCIA REATIVA DE


AEROGERADORES SÍNCRONOS EM REDES ELÉTRICAS

ANDRÉ CAVALCANTE DO NASCIMENTO

TD 51/2009

UFPA / ITEC /PPGEE


Campus Universitário do Guamá
Belém – Pará – Brasil
2009
iv

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


INSTITUTO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

ANDRÉ CAVALCANTE DO NASCIMENTO

AVALIAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE CONTROLE DE POTÊNCIA REATIVA DE


AEROGERADORES SÍNCRONOS EM REDES ELÉTRICAS

Tese submetida à Banca Examinadora


do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Elétrica da UFPA para a
obtenção do Grau de Doutor em
Engenharia Elétrica

UFPA / ITEC / PPGEE


Campus Universitário do Guamá
Belém – Pará – Brasil
2009
v

________________________________________________________

N244a Nascimento, André Cavalcante do


Avaliação de estratégias de controle de potência
reativa de aerogeradores síncronos em rede elétrica /
André Cavalcante do Nascimento ; orientador,
Marcus Vinicius Alves Nunes.-2009

Tese (Doutorado) – Universidade Federal do


Pará, Instituto de Tecnologia, Programa de
Pós-graduação em Engenharia Elétrica, Belém,
2009.

1. Força eólica. 2. Energia elétrica–produção.


produção. 3. turbinas elétricas. I.Orientador. II. Título.

CDD 22. ed. 621.312136

_____________________________________________________________________
vi
vii

AGRADECIMENTOS

- A Deus, pela vida abençoada;


- Ao professor Marcus Vinícius Alves Nunes pelas valiosas contribuições dadas na
orientação do trabalho;
- Ao professor Ubiratan Holanda Bezerra pelas colocações e sugestões sempre proveitosas;
- Aos colegas João Paulo, Andrey e Luis Miguel pala ajuda dada para o fechamento do
trabalho;
- Ao meu pai, Engenheiro Eletricista Antônio Borgônio Salgado do Nascimento, ex-
professor do curso de Engenharia Elétrica da UFPA, com quem aprendi a valorizar cada vez
mais a profissão escolhida;
- Ao professor Jurandyr Nascimento Garcez, pelo apoio dado durante minha vida
acadêmica;
- A minha família, em especial a minha mãe, irmã, esposa e filhos, pelos momentos de
descontração e encorajamento;
viii

SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ........................................................................................... VII

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ..................................................................................... XI

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS................................................................. XIII

RESUMO ..........................................................................................................XIV

ABSTRACT ........................................................................................................XV

1 CAPÍTULO 1 .................................................................................................. 1

1.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1

1.2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 4

1.3 OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 8

1.4 CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHO .............................................................................. 8

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ..................................................................................... 9

2 CAPÍTULO 2 ................................................................................................ 11

2.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11

2.2 TIPOS DE TECNOLOGIA .......................................................................................... 11


2.2.1 Aerogeradores com Geradores de Indução Convencionais ..........................................13
2.2.2 Aerogeradores de Indução Duplamente Alimentados ..................................................14
2.2.3 Aerogeradores Síncronos a Ímã Permanente ...............................................................16
2.2.4 Aerogeradores Síncronos com Rotor Bobinado ...........................................................18

2.3 TECNOLOGIAS DE CONVERSÃO DE ENERGIA EÓLICA DE GRANDE PORTE .............. 18

2.4 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 20

3 CAPÍTULO 3 ................................................................................................ 21

3.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 21


3.1.1 Critérios de Interligação ...............................................................................................21
3.1.2 Limites de Tensão e Frequência ...................................................................................23
3.1.3 Controle da Potência Ativa ..........................................................................................24
ix

3.1.4 Controle da Corrente e Potência Reativa .....................................................................26


3.1.5 Suportabilidade a Faltas na Rede .................................................................................28

3.2 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 30

4 CAPÍTULO 4 ................................................................................................ 31

4.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 31

4.2 DIAGRAMA DE BLOCOS DO SISTEMA ..................................................................... 31

4.3 MODELO DINÂMICO DA TURBINA EÓLICA ............................................................. 32


4.3.1 Representação do Sistema do Eixo Mecânico..............................................................34

4.4 REPRESENTAÇÃO DO GERADOR DE SÍNCRONO A IMÃ PERMANENTE EM ESTUDOS DE


ESTABILIDADE TRANSITÓRIA ................................................................................................ 35

4.5 MODELO DOS CONVERSORES ELETRÔNICOS.......................................................... 38

4.6 MODELOS AGREGADOS SIMPLIFICADOS DE PARQUES EÓLICOS ............................. 40

4.7 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 41

5 CAPÍTULO 5 ................................................................................................ 42

5.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 42

5.2 ESTRATÉGIAS DE CONTROLE ................................................................................. 42

5.3 MALHAS DE CONTROLE DA TENSÃO DO “LINK” CC .............................................. 44

5.4 CONTROLE DO CONVERSOR INTERLIGADO A REDE................................................ 45

5.5 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 50

6 CAPÍTULO 6 ................................................................................................ 51

6.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 51

6.2 REDE ELÉTRICA ..................................................................................................... 51

6.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................................... 52

6.4 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 63

7 CAPÍTULO 7 ................................................................................................ 65

7.1 CONCLUSÕES GERAIS ............................................................................................ 65


x

7.2 PERSPECTIVA DE FUTUROS TRABALHOS ................................................................ 66

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................. 68

1 ANEXO A ................................................................................................... 75

2 ANEXO B.................................................................................................... 79
xi

LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1.1 - Potência global instalada de parques eólicos ao longo dos anos (Fonte:WWEA,2008). ................... 2
Figura 2.1 - Esquemas simplificados das principais tecnologia. .......................................................................... 12
Figura 2.2 – Esquemas do gerador de indução com soft-starter e capacitor ....................................................... 13
Figura 2.3 - Conjunto de resistências acrescentado ao rotor do DFIG ................................................................ 15
Figura 2.4 - Configurações de conversores utilizados para interligar o PMSG à rede elétrica. ......................... 16
Figura 2.5 – Caracterização de um sistema eólico de grande porte em corrente alternada (AKHMATOV, 2003)
........................................................................................................................................................... 19
Figura 2.6 - Caracterização de um sistema eólico de grande porte em corrente contínua (LUNDBERG, 2006) 19
Figura 3.1- Faixa de operação de tensão em função da freqüência para redes de transmissão na Dinamarca .. 23
Figura 3.2 – Faixa de operação de tensão em função da freqüência da Alemanha ............................................. 24
Figura 3.3 - Controle da potência de saída através da freqüência na Dinamarca ............................................... 25
Figura 3.4 – Controle da potência de saída da frequência na Alemanha ............................................................. 25
Figura 3.5 - Curva para o controle de corrente reativa da Espanha .................................................................... 26
Figura 3.6 – Níveis de fator de potência na Alemanha ......................................................................................... 27
Figura 3.7 - Curva para o controle de potência reativa na Alemanha [3]. .......................................................... 27
Figura 3.8 – Curva de Suportabilidade a faltas da Espanha ................................................................................ 28
Figura 3.9 - Curva de suportabilidade a faltas da Alemanha ............................................................................... 29
Figura 3.10 - Curva nos terminais do aerogerador no Brasil .............................................................................. 30
Figura 4.1 – Diagrama de blocos do sistema........................................................................................................ 31
Figura 4.2 - Coeficiente de potência, Cp, como função da taxa de velocidade na ponta da pá (tip speed ratio), ,
e do ângulo de pitch,  (ALMEIDA, 2006). ....................................................................................... 34
Fiura 4.3 – Modelo de massa única ...................................................................................................................... 35
Figura 4.4 - Transformação do sistema de referência da máquina para o sistema de referência da rede elétrica.
........................................................................................................................................................... 36
Figura 4.5 - Tipos de conversores utilizados no aerogerador síncrono (a) retificador a diodo (b) retificador com
IGBT .................................................................................................................................................. 38
Figura 4.6 - Estrutura do modelo agregado simplificado ..................................................................................... 41
Figura 5.1 – Esquema de Controle utilizado para aerogerador síncrono ............................................................ 43
Figura 5.2 – Conversor CC-CC do tipo elevador ................................................................................................ 44
Figura 5.3 – Malha de controle do conversor CC-CC do tipo elevador .............................................................. 45
Figura 5.4 – Esquema do conversor ligado à rede elétrica .................................................................................. 46
Figura 5.5 - Malhas de controle de corrente do conversor C2 ligado à rede........................................................ 48
Figura 5.6 – Esquema de controle do conversor ligado à rede elétrica. .............................................................. 49
Figura 5.7 – Bloco de controle de modulação ...................................................................................................... 50
Figura 6.1 - Diagrama esquemático da rede utilizada ......................................................................................... 52
Figura 6.2 - Gráfico de tensão nos terminais do conversor .................................................................................. 53
Figura 6.3 - Diferença entre o ângulo de carga das máquinas 01 e 02 ................................................................ 54
xii

Figura 6.4 - Correntes (a) Id e (b) Iq de referência para o conversor .................................................................. 55


Figura 6.5 – Corrente total do conversor ............................................................................................................. 56
Figura 6.6 – Limitação de corrente do inversor ................................................................................................... 57
Figura 6.7 - Potências ativa e reativa no ponto de conexão ................................................................................. 57
Figura 6.8 - Tensão no barramento CC ................................................................................................................ 58
Figura 6.9 - Gráfico de tensão nos terminais do conversor .................................................................................. 59
Figura 6.10 - Correntes (a) Id e (b) Iq de referência para o conversor ................................................................ 60
Figura 6.11 – Correntes total do conversor interligado a rede ............................................................................ 61
Figura 6.12 - Potência (a) ativa e (b) reativa das máquinas síncronas no ponto de conexão da rede ................ 62
Figura 6.13 – Ângulo de carga da máquina síncrona ........................................................................................... 62
Figura 6.14 - Potência (a) ativa e (b) reativa e (c) ângulo de carga das máquinas síncronas no ponto de
conexão da rede sem barramento infinito ......................................................................................... 63
Figura A. 1 - Diagrama de bloco da Turbina Diesel (modelo simplificado)..........................................................76
Figura A. 2 – Diagrama de bloco do regulador de velocidade..............................................................................76
Figura A. 3 - Diagrama de bloco do sistema de excitação (IEEE tipo I)...............................................................77
Figura B. 1 - Unidades síncronas, ASVV e rede teste implementados em Simulink/Matlab..................................79
Figura B. 2 – Rede elétrica teste.............................................................................................................................80
Figura B. 3 - Sub-bloco das unidades síncronas....................................................................................................80
Figura B. 4 - Sub-bloco “Modelo Elétrico” das unidades síncronas.....................................................................81
Figura B. 5 - Sub-bloco “Regulador de Tensão” das unidades síncronas.............................................................81
Figura B. 6 - Sub-bloco “Regulador de Velocidade” das unidades síncronas......................................................82
Figura B. 7 - Modelo SCVV....................................................................................................................................82
Figura B. 8 - Modelo da rede elétrica....................................................................................................................83
xiii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AVR – Automatic Voltage Control (Controle automático de tensão);

CA – Corrente Alternada;

CC – Corrente Contínua;

CSAT – Capacidade de Sobrevivência a Afundamentos de Tensão;

CSI – Current Source Inverter (Inversor do tipo fonte de corrente);

DFIG – Doubly Fed Induction Generator (Gerador de indução duplamente alimentado);

E.ON – Operador de redes de alta tensão (AT) e média-alta tensão (MAT) de Alemanha;

IGBT – Insulated Gate Bipolar Transistor (Transistor bipolar de porta isolada);

PI – Proporcional-Integral;

PWM – Pulse Width Modulation (Modulação por largura de pulsos);

PMSG – Permanent Magnetic Synchronous Generation (Gerador Síncrono a Ímã Permanente)

S.I. – Sistema Internacional de unidades;

SVC – Static Var Compensator (Compensador estático de potência reactiva);

VSI – Voltage Source Inverter (Inversor do tipo fonte de tensão).

FACT – Flexible AC Transmission System (Sistema de Transmissão Flexivel em Corrente


Alternada).
xiv

RESUMO

No presente trabalho é avaliada uma metodologia de injeção de potência reativa em redes


elétricas durante afundamentos de tensão provocados por curto-circuito, em parques eólicos
interligados, adotada em alguns países com maturidade tecnológica na produção de energia
eólica. Nos estudos desenvolvidos, foi utilizado o aerogerador síncrono a imã permanente
com conversor pleno em função da grande controlabilidade do conversor interligado à rede e
por possuir elevada capacidade de fornecimento de potência reativa, comparada a outras
tecnologias de aerogeradores.
No Brasil, os requisitos de interligação de parques eólicos as redes elétricas, definido pelo
Operador Nacional do Sistema, ainda não estipula a necessidade de adoção de tal metodologia
durante defeitos na rede elétrica, apenas especifica a curva de capacidade de afundamentos de
tensão que os aerogeradores devem seguir para evitar o desligamento frente a afundamentos
de tensão.
Os critérios de proteção do aerogerador síncrono são avaliados a partir de simulações de
curto-circuito em uma rede de teste adotando-se os requisitos do Brasil, sem injeção de
potência reativa, sendo comparados com o de outros países que adotam curvas de injeção de
potência reativa.

PALAVRAS-CHAVES: Aerogeradores Síncronos, Controle de Potência Reativa, Normas de


Interligação de Parques Eólicos, Controle de Tensão, Capacidade de Sobrevivência a
Subtensões, Proteção de Aerogeradores.
xv

ABSTRACT

In the present work a methodology of reactive power injection in electric grids during
voltage dips provoked by short-circuit, in connected wind farms, adopted at some countries
with technological maturity in the production of wind energy in the world is evaluated. In the
developed studies, the direct drive synchronous wind generator was used with full converter
due to the high controllability of the converter connected to the electric grid and for
possessing high capacity of reactive power supply, compared to other wind generators
technologies.
In Brazil, the grid code to connect wind farms to the electric grids, defined by the National
Operator of the Electrical System, doesn't stipulate yet the need of adoption of such
methodology during faults in the electric grid. It just specifies the ride through capability
curve for voltage dips that the wind generators should follow to avoid the trip of the
undervoltage relay.
Criteria of the synchronous wind generators protection are evaluated starting from short-
circuit simulations in a test grid with adoption of the Brazilian grid code, without reactive
power injection, being compared with those of other countries that adopt reactive power
injection curves.

KEYWORDS: Synchronous Generator Wind Turbine, Reactive Power Control, Grid Codes,
Voltage Control, Ride Through the Fault, Wind Turbine Protection.
1

1 CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1 INTRODUÇÃO

A necessidade atual de utilização de fontes de energia não poluentes ao redor do planeta é


urgente. Devido ao crescimento tecnológico e urbano das nações nos últimos anos, o consumo
de energia elétrica nos diversos setores e processos industriais alcança níveis elevados,
fazendo com que países com uma produção industrial elevada, que ainda trabalham com
fontes de energia elétrica bastante poluidoras, como exemplo utilizando a queima do carvão
mineral, emitam grandes quantidades de poluentes na atmosfera.
Esforços têm sido feitos por todo o mundo de modo a reduzir o impacto da emissão de
gases poluentes que causam o aquecimento global, inclusive com a adoção de medidas e
metas, a partir da criação do protocolo de Kyoto e o investimento em fontes de energias
renováveis como a eólica, solar, biomassa, e marés. A utilização destas fontes renováveis de
energia é uma forma de combater a dependência dos combustíveis fósseis na produção de
energia, assim como, evitar a indisponibilidade de geração de energia elétrica devido a falta
do mesmo a longo prazo.
A abertura de mercado do setor de energia elétrica, junto com a elevada taxa de crescimento
no consumo, verificada nos últimos anos, e o problema dos custos envolvidos com a construção
ou aumento na capacidade das linhas de transmissão, têm resultado no surgimento de um
considerável número de pequenas unidades geradoras conectadas à rede local, seja ela de
distribuição, ou mesmo subtransmissão. Este desenvolvimento aproxima a carga dos sistemas
produtores de energia elétrica, reduzindo os efeitos negativos na dependência da geração
centralizada e os custos e perdas elétricas na transmissão, além dos problemas sociais e
ambientais ligados à construção de grandes centrais (NUNES, 2003).
A quantidade de parques eólicos interligados às redes elétricas em diferentes níveis de
tensão tem vindo a crescer significativamente em todo o mundo, conforme se pode verificar
na Figura 1.1 que mostra a potência eólica global instalada ao longo dos anos.
2

Figura 1.1 - Potência global instalada de parques eólicos ao longo dos anos (Fonte:WWEA, 2008).

Os países que apresentam maior potência eólica global instalada são EUA e Alemanha,
conforme mostra a Tabela 1.1. O Brasil, apesar de ser o maior produtor na América Latina,
ainda possui uma produção significantemente pequena quando comparado a outros países
com uma previsão para o final de 2009 de potência global instalada de 341MW (WWEA,
2008).

Tabela 1.1 – Dez maiores produtores de potência eólica em 2008 (Fonte:GWEC, 2008)
Países MW Instalado até
2008
EUA 25.170
ÁLEMANHA 23.903
ESPANHA 16.754
CHINA 12.210
INDIA 9.645
ITÁLIA 3.373
FRANÇA 3,404
INGLATERRA 3,241
DINAMARCA 3,180
PORTUGAL 2,862
RESTO DO 16,693
Total
MUNDO 100%

Apesar de sua baixa produção de energia eólica, o país tenta seguir um ritmo de
investimento acompanhando uma tendência mundial. O Programa de Incentivo às Fontes
Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA), coordenado pelo Ministério de Minas e Energia,
3

serviu como um importante instrumento para a diversificação da matriz energética nacional e


pela primeira vez em sua história, no final do ano de 2009, será realizado um leilão exclusivo
para a compra de energia eólica. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE),
339 projetos de geração eólica, com capacidade total de 10.005 megawatts (MW), disputam o
direito de fornecer energia ao país por um período de 20 anos. Esta contratação da energia
eólica poderá levar o Brasil a evitar a utilização das usinas térmicas a carvão, aumentando a
segurança do sistema, ou seja, durante dificuldades de produção de energia pelas hidrelétricas,
acionam-se as fontes eólicas, tão limpas quanto as hidrelétricas.
O Brasil apresenta características privilegiadas para o uso da energia eólica,
principalmente ao longo do litoral do nordeste, que pode ser justificada em parte pelo grande
potencial de vento existente na sua extensa região costeira (SCHULTZ et al. 2001).
Por outro lado o crescimento contínuo dos parques eólicos, tanto em número como, em
capacidade de geração, contribui para o surgimento de fenômenos de instabilidades nos
sistemas de potência, trazendo riscos para o seu funcionamento. De modo a garantir a
qualidade da energia e sua transmissão, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)
elaborou no Submódulo 3.6 de 2008, novos requisitos técnicos a serem fornecidos aos
acessantes de parques eólicos. Um dos critérios estabelece níveis de tensão mínimos em
função do tempo que um aerogerador deve permanecer no sistema, caso haja problemas na
rede elétrica, como curto-circuito, nomeado de Capacidade de Sobrevivência aos
Afundamentos de Tensão. A necessidade deste novo requisito deve-se principalmente a
perspectiva de crescimento de geração deste tipo de energia na rede elétrica brasileira. Há
tempos atrás, os parques eólicos eram desconectados da rede elétrica, na ocorrência de um
afundamento de tensão nos terminais dos aerogeradores. Em países com grande produção de
energia eólica, o grau de penetração já é elevado. Caso haja a retirada do parque eólico,
haverá uma grande instabilidade transitória podendo ocasionar a saída de todo o sistema
interligado de operação.
Além do requisito exposto acima, é encontrado em algumas normas de conexão de
parques eólicos em redes elétricas da Europa, outro requisito bastante importante para a
manutenção da integridade física do sistema elétrico durante perturbações. Trata-se da
exigência da injeção de reativos durante afundamentos de tensão, seguindo-se uma curva de
injeção especificada (EON, 2006). Este requisito, além de melhorar os níveis de tensão no
sistema elétrico em uma condição de defeito, permite que o parque eólico não seja retirado do
4

sistema pela atuação do relé de subtensão das referidas máquinas, aumentando a capacidade
de sobrevivência a afundamentos de tensão.
Dentre as diversas tecnologias de aerogeradores existentes, a concepção que utiliza o
gerador síncrono com conversor pleno, conhecida mundialmente como “Direct Drive”,
apresenta os melhores recursos tecnológicos para atender esta nova solicitação citada no
parágrafo anterior, pois além de utilizar interfaces eletrônicas sofisticadas é a tecnologia de
aerogeradores com maior capacidade de injeção de reativos no sistema, o que tem
possibilitado a exploração de potencialidades até então inconcebíveis em aerogeradores
tradicionais, graças a expressiva redução dos custos dos dispositivos de eletrônica de
potência, que ao longo dos anos, têm vindo a sofrer reduções significativas em termos de
tamanho e volume.
Apesar do Brasil ainda não adotar o controle de potência reativa durante quedas de tensão
na rede em suas normas, este trabalho mostra a importância de tal solicitação na norma
brasileira a partir de avaliações de simulações de redes elétricas, provocando uma discussão
no meio acadêmico visando tal solicitação.

1.2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este tópico tem como objetivo realizar uma abrangente revisão bibliográfica relacionada
ao estado da arte para o tema em questão, considerando aspectos como: o desenvolvimento de
modelos e estratégias de controle, análise da capacidade de sobrevivência a afundamentos de
tensão e análise de injeção de reativos pelo aerogerador síncrono a imã permanente.
POLLER et al. (2003) apresentaram modelos de geradores, conversores e controles para o
Direct Drive . São mostrados dois modelos de conversores para a máquina, sendo o primeiro
o retificador a diodo seguido de conversor CC-CC e inversor PWM e outro com retificador e
inversor PWM, na configuração “Back to Back”. Em estudos de estabilidade transitória, é
apresentado ainda um modelo reduzido do aerogerador, considerando somente o conversor
interligado à rede. Resultados de simulações no programa DigSilent ® são apresentados,
comparando o desempenho do modelo reduzido com o modelo completo com diferenças
desprezíveis entre os resultados dos dois tipos de modelos. Este trabalho tornou-se uma das
referências mais citadas e relevantes na área de pesquisa em questão, destacando-se pela
realização de um estudo muito completo que analisa o comportamento dinâmico das mais
importantes tecnologias de aerogeradores.
5

No trabalho de MORREN et al. (2003) é apresentado um controle do conversor


interligado à rede via aerogerador síncrono que limita a corrente injetada por este conversor,
durante um curto-circuito na rede, evitando a queima dos IGBTs. Tal limitação provoca um
aumento na tensão do barramento CC, que é corrigida reduzindo-se a referência de potência
ativa gerada pelo conversor PWM conectado ao gerador. A redução do envio de potência
ativa pelo conversor interligado ao gerador para o barramento CC provoca uma aceleração na
turbina devido a redução do torque elétrico. O controle de passo da turbina é ativado, de modo
a reduzir a velocidade da mesma. Nos resultados de simulações desenvolvidos no trabalho,
nota-se pouca diferença na variação de velocidade da turbina e no controle do ângulo de
passo, na ocorrência de defeitos na rede simulada.
AKHMATOV (2003) mostra em seu trabalho três alternativas para aumentar a
sobrevivência do aerogerador síncrono durante afundamentos de tensão provocados por curto-
circuito na rede: aumento do valor da capacitância do barramento CC, controle de potência
sobre o barramento CC e controle de reativos por dispositivo FACT na barra de geração
eólica. Na primeira alternativa, a sobretensão sobre o capacitor poderá ser maior devido ao
aumento de sua capacidade. A segunda utiliza um controlador do tipo proporcional-integral
(PI) específico para o controle de tensão do capacitor do link CC, visando à diminuição de
sobretensão sobre o mesmo, na ocorrência de uma falta no sistema elétrico. A terceira utiliza
um dispositivo FACT do tipo SVC para a injeção de reativos na barra do aerogerador na
ocorrência de uma falta. Nos resultados apresentados no trabalho, observa-se que a melhoria
no desempenho transitório da máquina foi obtida com a inclusão dos três tipos de controle
descritos acima.
SLOOTWEG et al. (2003) propuseram um modelo geral para representar os aerogeradores
de velocidade variável, do tipo máquinas DFIG e síncrona. Nesta publicação, as tensões e as
correntes são expressas apenas na componente fundamental, assumindo-se que os conversores
estáticos PWM atuam muito rapidamente, o que tornar possível modelá-los como fontes de
corrente controladas, desprezando os termos referentes às derivadas dos fluxos magnéticos
nas equações matemáticas das tensões do rotor do gerador DFIG. Neste modelo geral, ambas
as tecnologias operam de forma a extrair a máxima potência do vento com potência reativa e
tensão terminal controladas. Nas altas velocidades de vento, é utilizado o controle de passo,
conhecido também como “pitch”, para o controle da velocidade angular do aerogerador. As
simulações realizadas avaliaram a resposta do aerogerador submetido a seqüências de
velocidade de vento medidas para validação dos modelos.
6

CHINCHILLA et al. (2006) apresentam um controle para o conversor interligado ao


gerador síncrono com imã permanente que calcula a corrente reativa e impõe um valor de
referência no gerador de modo a diminuir as perdas, tanto no gerador, como no conversor
interligado ao gerador, em toda a faixa de operação. Diferentes testes experimentais são
realizados em um protótipo de 3 KW verificando os benefícios do sistema proposto.
RANGEL et al. (2006) mostraram o modelo do aerogerador síncrono com conversor
pleno implementado no programa de análise de estabilidade transitória, denominado
ANATEM pertencente ao CEPEL. O modelo de conversor adotado é com retificador a diodo,
conversor CC-CC elevador e inversor do tipo fonte de tensão. O modelo dos diversos
componentes são detalhados, junto com as malhas de controle tanto do conversor CC-CC
como do inversor gerador. Dois tipos de simulações são apresentados no final do trabalho:
variação de velocidade do vento e curto-circuito trifásico próximo a barra ao parque eólico.
Em ambas simulações foi considerado que o aerogerador trabalha com fator de potência
unitário.
COUGHLAN, et al. (2007) aplicam técnicas de controle não-linear no conversor
interligado à rede do aerogerador síncrono para evitar a queima do IGBT por sobrecarga e
sobretensões no barramento CC. O controle utiliza a técnica de Linearização da
Realimentação que transforma a dinâmica de um sistema não-linear em linear para que
técnicas de controle linear possam ser compatíveis.
ULLAH et al. (2007) avaliam a estabilidade transitória e de tensão pelos parques eólicos,
de acordo com as recomendações da norma de interligação de parques eólicos do operador
E.ON Netz da Alemanha. Uma rede teste de 32 nós do CIGRE é utilizada nas avaliações. Os
autores propõem a utilização de um conversor 40% maior para injetar além dos 100% de
potência reativa mais 40% de potência ativa durante afundamentos de tensão na barra dos
aerogeradores inferiores a 0.5 p.u. Os autores justificam que a curva de injeção de reativos do
operador alemão solicita 100% de corrente reativa para afundamentos inferiores a 0.5 p.u,
sacrificando a injeção de potência ativa durante o defeito piorando os índices de estabilidade
transitória de geradores convencionais próximos a barra de geração a partir do aumento dos
ângulos de carga comparados ao caso dos conversores 40% maiores. Outra análise feita no
artigo foi uma proposta de mudança da curva de injeção de reativos do operador alemão
adotando o critério que para cada afundamento em p.u de tensão o parque eólico deverá
injetar 4 p.u de potência reativa, injetando desta forma 100% de reativos para uma queda de
7

0.25 p.u de tensão. As avaliações das simulações executadas no final do trabalho mostram que
a menor oscilação do rotor da máquina síncrona convencional mais próxima foi quando a
curva foi alterada com um conversor 40% maior.
WATSON et al. (2008) apresentam um estudo de estabilidade transitória em
aerogeradores síncronos com conversor pleno utilizando modelos agregados de parques
eólicos. É realizado um comparativo do resultado das simulações mostrando as configurações
de modelagem do parque eólico por apenas uma máquina equivalente ou utilizando-se todas
as máquinas do parque. Além desta comparação, é também simulado pelos autores dois
modelos simplificados do aerogerador síncrono que desprezam o conversor interligado a
máquina, sendo o primeiro com a utilização do controle de tensão CC por um resistor de
dissipação de energia em paralelo com o capacitor, o qual é ativado por uma chave eletrônica
na presença de sobretensão no barramento e a outra considerando a tensão no capacitor
constante durante a ocorrência de defeito na rede. Os resultados das simulações mostram que,
dependendo da quantidade de potência entregue pelo parque eólico à rede, os modelos podem
funcionar melhor em uma condição comparada a outra.
SHUHUI LI et al. (2009) comparam um controle tradicional dos conversores dos
aerogeradores com uma nova estratégia de controle que utiliza um controlador PI com um
supervisor adaptativo utilizando lógica fuzzy, que ajusta os ganhos do PI em função do erro
entre os valores de referência e realimentado e da variação do erro. Os resultados das
simulações apresentados no trabalho mostram um desempenho superior do controle proposto
para variações de velocidade da turbina eólica.
No trabalho de HANSEN et al. (2009) é apresentado o modelo completo do aerogerador
síncrono com rotor a imã permanente incluindo a turbina, gerador e conversores. O controle
do conversor interligado a rede é projetado visando a manutenção da máquina na ocorrência
de faltas no sistema elétrico. É utilizado um controle adicional de amortecimento de
oscilações no eixo mecânico e um controle de injeção de potência reativa pelo conversor
interligado a rede durante os afundamentos de tensão. Um modelo agregado de 80 turbinas de
2 MW é foi simulado no programa DigSilent onde os resultados são obtidos mostrando a
eficiência do controle proposto.
8

1.3 OBJETIVO GERAL

No Brasil atualmente, em sua norma de interligação de parques eólicos às redes elétricas, o


controle de reativos somente é solicitado para a situação de regime permanente a fim de
limitar o fator de potência entre -0.95 a 0.95 (ONS, 2008) do parque eólico no ponto de
conexão da rede. A mesma norma cita ainda que os aerogeradores instalados não devam ser
retirados do sistema para qualquer nível de afundamento de tensão versus tempo, através da
conhecida curva de suportabilidade a subtensões decorrentes da falta na rede. Algumas
tecnologias de aerogeradores, como o síncrono bobinado com conversor pleno, que já se
encontram instalado em muitos dos nossos parques eólicos, possuem tecnologia suficiente
através da utilização de conversores eletrônicos com controle vetorial que permitem a rápida
injeção de potência ativa ou reativa no sistema, dentro dos limites permitidos pelas máquinas.
Esta tese mostra através de resultados de simulações obtidas em uma rede elétrica teste,
que a adoção de curvas de injeção de reativos pelas normas do país, durante afundamentos de
tensão no sistema, assim como, já fizeram outros países na vanguarda da geração eólica como
Alemanha e Espanha, apresenta melhorias na capacidade de sobrevivência aos afundamentos
de tensão, controle de tensão e a melhoria da estabilidade global dos sistemas de potência.
Esta proposta faz parte da nova estratégia de alguns países de se considerar parques eólicos
com os mesmos controles que os geradores convencionais possuem devido a alta penetração
eólica em suas redes ou a interligação de parques eólicos nos sistemas elétricos fracos,
considerando não somente a injeção de potência reativa, mas de potência ativa como
mostrado em (ALMEIDA, 2006) e a utilização de Estabilizadores de Sistemas de Potência
como descrito em (JENKINS, 2005)

1.4 CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHO

 Caracterizar o estado atual dos requisitos das normas de interligação de parques


eólicos em redes elétricas;
 Analisar o comportamento físico do aerogerador síncrono a imã permanente
durante condições de falta no sistema elétrico;
 Implementação da malha de controle de potência reativa durante afundamentos de
tensão, segundo códigos de interligação de países que já apresentam tal requisito;
9

 Analisar critérios de proteção da máquina durante os afundamentos de tensão para


o aerogerador síncrono visando a sobrevivência a afundamentos de tensão nos
terminais da mesma durante um curto-circuito na rede para os casos de não injeção
de reativos e injeção segundo as curvas utilizadas;
 Desenvolvimento de um programa computacional em código MATLAB-
SIMULINK, que permite avaliar a rede teste utilizada perante as análises
desenvolvidas na presente tese.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Quanto à organização, o trabalho encontra-se estruturado de acordo com os 7 capítulos a


seguir:
O Capítulo 1 apresenta uma introdução sobre o tema e a importância do mesmo. Neste, é
realizada uma revisão bibliográfica dos principais autores na área, sendo ainda estabelecidos o
objetivo geral e as principais contribuições do trabalho.
O Capítulo 2 apresenta as principais tecnologias de aerogeradores de grande porte
utilizadas atualmente, relatando-se as características operacionais de cada tecnologia quando
integradas aos sistemas elétricos de potência. Ainda são citados os tipos de configurações de
sistemas eólicos existentes para as configurações em terra (“Onshore”) ou no mar
(“Offshore”).
O Capítulo 3 mostra as normas de interligação de parques eólicos de alguns países que
possuem tradição na geração eólica além da norma brasileira sobre o assunto. São vistos os
parâmetros máximos e mínimos exigidos para tensões, freqüência, potências ativas e reativas
além dos controles de tais potências dentro destas normas.
O Capítulo 4 apresenta o desenvolvimento e a análise da modelagem do aerogerador
síncrono a imã permanente para fins de estudos de estabilidade transitória que possibilitam
avaliar o desempenho da máquina durante afundamentos de tensão na rede elétrica. Em
seguida, descreve-se o modelo simplificado deste aerogerador, bastante utilizado em
simulações de grande porte em estudos de estabilidade dinâmica e transitória.
O Capítulo 5 trata das estratégias de controle vetorial aplicado ao conversor interligado a
rede do aerogerador síncrono e do controle do conversor CC-CC (“Chopper”) do tipo
elevador (“Boost”) que realiza o controle do barramento CC. Em seguida, mostra-se o
10

desenvolvimento o tipo de controle de reativo adotado com base em normas de interligação de


parques eólicos europeus.
No Capítulo 6 são apresentados os resultados de simulação, baseados na solução de
injeção de reativos adotadas nesta tese, aplicada aos aerogeradores síncronos com conversor
pleno, integrados a uma rede elétrica sob estudo. São realizadas assim, análises quanto à
capacidade de sobrevivência aos afundamentos de tensão e estabilidade do sistema elétrico,
face às faltas provocadas em diferentes localizações na rede elétrica, sob condições de
operação.
Por fim, no Capítulo 7, apresentam-se as conclusões gerais que resultaram do trabalho e as
sugestões de futuros trabalhos na área.
11

2 CAPÍTULO 2
TECNOLOGIA DE AEROGERADORES

2.1 INTRODUÇÃO

A utilização da energia eólica como fonte de energia elétrica cresce substancialmente


dentro do contexto da matriz energética do planeta. Grandes parques eólicos integrados a
sistemas elétricos existentes necessitam, hoje em dia, de controles mais sofisticados, visando
a melhoria de estabilidade do sistema elétrico, ao contrário do passado, onde os aerogeradores
caracterizavam-se apenas como uma fonte de potência não controlada e sem capacidade para
fornecer qualquer tipo de tecnologia que pudesse contribuir para a estabilidade do sistema
elétrico .
O presente capítulo descreve as principais tecnologias dos sistemas de conversão de
energia eólica utilizadas atualmente, destacando os aspectos positivos e negativos de cada tipo
de geração individualmente.

2.2 TIPOS DE TECNOLOGIA

Atualmente três tipos de tecnologias de aerogeradores se destacam no cenário na produção


de energia eólica:

 Aerogerador de indução convencional do tipo gaiola de esquilo (“Squirrel Cage


Induction Generator”);

 Aerogerador síncrono a imã permanente (“Permanent Magnetic Synchronous


Generator”);

 Aerogerador síncrono de rotor bobinado (“Wound Rotor Synchronous Generator”)

 Aerogerador de indução duplamente alimentado (“Doubly Fed Induction


Generator”).
12

A Figura 2.1 mostra um diagrama de ligação simplificado de cada aerogerador, onde


aparecem os diversos componentes envolvidos de cada tecnologia.

Figura 2.1 - Esquemas simplificados das principais tecnologia.


13

A seguir são detalhadas as características de cada aerogerador apresentados na Figura 2.1.

2.2.1 Aerogeradores com Geradores de Indução Convencionais

As máquinas de indução são interligadas às turbinas eólicas indiretamente através de


caixas de engrenagem (multiplicadores de velocidade). Os geradores podem ser conectados à
rede elétrica diretamente como mostrado na Figura 2.1(a) ou utilizar uma chave estática do
tipo partida suave (“soft starter”) mostrada na Figura 2.2, entre o estator da máquina e a rede,
a fim de reduzir a corrente de magnetização da máquina, que é bastante elevada durante a
partida da mesma (ACKERMANN, 2005).
Outra modificação importante no diagrama simplicado da Figura 2.1(a) é a inclusão de
banco de capacitores, próximo aos terminais da máquina, com a finalidade de autoexcitação,
reduzindo o consumo de reativos deste tipo de tecnologia e melhorando os níveis de tensão
em regime permanente, principalmente em redes fracas.

Figura 2.2 – Esquemas do gerador de indução com soft-starter e capacitor


Os tipos de controle disponíveis para esta tecnologia são aerodinâmicos do tipo stall-
passivo e stall-ativo ou controle de pitch. O primeiro explora os perfis das pás da turbina
eólica visando proteger o aerogerador durante velocidades extremas de vento e o segundo atua
na orientação das pás da turbina de forma a compensar variações da velocidade do rotor, bem
como de proteger a integridade física do sistema eólico em elevadas velocidades de vento
(SLOOTWEG, 2003).

Os aerogeradores de indução convencionais são simples, robustos e apresentam um baixo


custo de investimento, porém oferecem uma baixa controlabilidade. A necessidade de
fornecimento de energia reativa pelo sistema elétrico para este tipo de máquinas na condição
14

após o defeito é preocupante uma vez que o banco de capacitores existente não é capaz de
fornecer o elevado consumo de reativos, devido à redução da tensão nos terminais do gerador.
Com a redução de potência ativa injetada por esta máquina no sistema elétrico, na
condição de falta, aparecerá um desbalanço entre os torques eletricos e mecânicos sendo
momentaneamente a máquina acelerada, podendo atuar a proteção de sobrevelocidade da
turbina, sendo necessária a atuação do controle de pitch visando a estabilidade transitória do
sistema. Se o sistema elétrico não conseguir injetar rapidamente esta quantidade de reativos
para restabelecimento do campo magnético e consequentemente da produção de potência
ativa da máquina na condição de pós-falta, será comprometida a recuperação da tensão do
sistema caso estes aerogeradores permaneçam em serviço (NUNES, 2003).
Além dos problemas citados anteriormente nas condições de falta e pós-falta, as rotações
das pás causam variações de potência e consequentemente de tensão de 1 a 2 Hz na rede em
regime permanente.

2.2.2 Aerogeradores de Indução Duplamente Alimentados

Neste tipo de tecnologia utiliza-se um conversor na configuração CA-CC-CA entre o rotor


da máquina e a rede elétrica. Os conversores estáticos utilizados são constituídos por IGBTs
(“Insulated Gate Bipolar Transistor”) que possibilitam a troca bidireccional de potência ativa
entre o rotor e a rede elétrica através de controle vetorial. A parte do conversor ligado à rede
opera com a frequência do sistema elétrico controlando a tensão do barramento CC. Durante
situações de curto-circuito na rede elétrica, pode também ser controlado para funcionar como
um Compensador Estático de Potência Reativa (STATCOM), injetando potência reativa no
sistema elétrico (AKHMATOV, 2003).
O conversor ligado ao rotor opera com diferentes frequências de acordo com a velocidade
do aerogerador injetando tensões ou correntes controladas no rotor da máquina elétrica a
partir de estratégias de controle de potências ativas e reativas.
Comparadas a turbinas que utilizam conversor pleno conectado ao estator, o DFIG possui
várias vantagens como:

1- O conversor é mais barato devido ao conversor do rotor possuir potência de apenas


25% - 30% da capacidade nominal da máquina;
2- Os filtros utilizados nos conversores de tensão também são menores e mais baratos
pelo mesmo fato exposto acima;
15

3- O controle do fator de potência pode ser implementado devido ao DFIG trabalhar de


forma similar a uma máquina síncrona.

A principal desvantagem deste modelo de aerogerador é sua operação limitada durante


faltas no sistema elétrico. Estas faltas, mesmo sendo em locais remotos da localização das
turbinas eólicas, podem causar um afundamento de tensão nos terminais do ponto de conexão
das turbinas eólicas. O afundamento provocará um aumento na corrente nas bobinas do
estator do DFIG. Devido ao acoplamento magnético entre os circuitos do estator e rotor, esta
corrente também fluirá pelo circuito do rotor e pelos conversores estáticos localizados neste
circuito. Isto pode levar até mesmo a destruição do conversor (MORREN, 2005). Uma
possível solução, que algumas vezes é adotada para preservar os conversores e´, durante a
falta no sistema elétrico, curto-circuitar o rotor da máquina a partir do “crowbar”, mostrado
na Figura 2.3.

Turbina Gerador Rede Elétrica

MAS
~
Conversores

Caixas de -

engranagens

Desvio de Controle

Resistores Controle
Controlado por
Tiristores
R R R

Figura 2.3 - Conjunto de resistências acrescentado ao rotor do DFIG


A operação deste dispositivo faz com que a elevada corrente induzida no rotor, passe por
resistores de dissipação, evitando a sobrecarga nos conversores do rotor. Se esta resistência
não for corretamente dimensionada, poderá haver uma sobretensão no conversor, sendo
retirada a máquina de operação pela atuação da sobretensão do conversor (VIEIRA et. al.
2009).
16

2.2.3 Aerogeradores Síncronos a Ímã Permanente

Turbinas eólicas de velocidade variável possuem ampla utilização em sistemas eólicos


instalados no mar (“offshore”) ou em terra (“onshore”). Uma das premissas de utilização de
aerogeradores nestes locais é que a máquina possua pouca intervenção a nível de manutenção.
O Aerogerador Síncrono a Imã Permanente é uma tecnologia bastante utilizada
principalmente na situação “offshore”,por não apresentar caixas de engrenagens e escovas,
como no caso do DFIG.
O gerador elétrico síncrono utiliza um elevado número de pólos para compensar a baixa
velocidade com que opera devido estar diretamente conectado à turbina eólica, cujas pás,
tipicamente, giram a velocidades de 30 a 50 rev./min. A não utilização da caixa de
engrenagens apresenta vantagens como uma melhor eficiência, redução do peso do
aerogerador, de níveis de ruído e de custos associados à manutenção regular deste
componente (CHINCHILLA et al. 2006).
O rotor do gerador elétrico posui excitação com ímãs permanentes que operam em
velocidade variável através do controle de pitch para o ajuste dos ângulos das pás da turbina,
buscando captar a máxima energia do vento. Esta energia captada é transferida para o
conversor pleno da máquina que utiliza a configuração CA-CC-CA. Através do barramento
CC, o conversor ligado à rede elétrica trabalha como um Inversor do tipo Fonte de Tensão
(“Voltage Source Converter-VSC”) utilizando chaves eletrônicas do tipo IGBT, fixando a
frequência elétrica de saída do aerogerador de acordo com a frequência da rede, 60 Hz no
Brasil.
Na conexão deste tipo de aerogerador na rede elétrica, o circuito da Figura 2.4 pode ser
utilizado em alternativa ao circuito da Figura 2.1c.

Rede
Gerador Síncrono de Elétrica
íman permanente Transformador

~ +
- Vcc

Retificador Conversor Conversor


CC-CC ligado a
Elevador rede
Turbina

Figura 2.4 - Configurações de conversores utilizados para interligar o PMSG à rede elétrica.
17

Nesta configuração, o circuito retificador utilizado consiste de uma ponte retificadora


trifásica a diodos. O conversor CC-CC do tipo elevador (“Boost”) após o retificador estabiliza
a tensão no barramento CC frente as variações de potência mecânica da turbina e durante o
curto-circuito na rede. O inversor do tipo fonte de tensão é similar ao apresentado na Figura
2.1c.
Como principais desvantagens deste tipo de tecnologia destacam-se o elevado diâmetro do
rotor das máquinas, devido ao seu grande número de pólos, e a necessidade de utilização de
conversores com potência nominal igual ou superior à máxima potência a ser gerada, ao
contrário do DFIG.
Uma das principais vantagens, consiste no desacoplamento entre o aerogerador e a rede
elétrica como resultado da presença dos conversores eletrônicos. Na ocorrência de uma rajada
de vento, os conversores continuam a entregar potência constante à rede apesar da súbita
variação de velocidade do rotor eólico. É importante observar também que o gerador síncrono
não pode fornecer potência reativa à rede devido a este desacoplamento. Através do
barramento CC, apenas a transferência de potência ativa é possível. Consequentemente, o
controle de potência reativa e de tensão neste tipo de turbina é executado pelo conversor
interligado a rede.
Durante um curto-circuito na rede elétrica, uma subtensão aparecerá nos terminais deste
conversor e devido a capacidade limitada dos dispositivos eletrônicos empregados no mesmo,
a potência elétrica injetada na rede é reduzida instantaneamente enquanto que a potência
fornecida pela turbina não se altera. Com isso, ocorrerá um desbalanceamento de potência no
barramento CC, aumentando a tensão no capacitor. Este aumento de tensão poderá atuar na
proteção de sobretensão do barramento CC e retirar o aerogerador de operação, o que
atualmente não é desejável segundo algumas normas de interligação de parques eólicos que
serão descritas no Capítulo 3. A fim de evitar esta atuação, algumas técnicas são descritas na
literatura como o emprego de resistores de frenagem no barramento CC (RANGEL, 2006) .
Este tipo de tecnologia é amplamente utilizado nos conversores aplicados no controle de
velocidade de motores de indução trifásicos, para dissipar o excesso de potência no
barramento CC evitando-se a sobretensão.
18

2.2.4 Aerogeradores Síncronos com Rotor Bobinado

Os geradores síncronos de rotor bobinado para aplicações em sistemas eólicos normalmente


apresentam a configuração de rotor de pólos salientes com grande número de pólos e baixa
velocidade de rotação, o que propicia o acoplamento direto do gerador com a turbina eólica, assim
como o aerogerador síncrono a imã permanente. A saliência do rotor resulta em um aumento no
torque produzido pelo gerador, além de tornar a resposta da máquina mais estável diante das
variações características na velocidade do vento, (JENKINS et al. 2000). A máquina síncrona de
rotor bobinado apresenta uma realimentação no enrolamento de campo do rotor a partir da rede
elétrica com o uso de retificadores o que propicia a regulação da tensão, como é mostrado na
Figura 2.1(d).
Assim como para as máquinas a ímã permanente, a desvantagem deste sistema encontra-se na
necessidade de utilização de um conversor estático de potência idêntica a potência do gerador
elétrico para o processamento da energia proveniente do estator. Além deste aspecto, o elevado
número de componentes e a grande dimensão dos mesmos, tornam este sistema uma solução de
custo elevado.

2.3 TECNOLOGIAS DE CONVERSÃO DE ENERGIA EÓLICA DE GRANDE PORTE

Um parque eólico de grande porte é caracterizado por uma grande quantidade de


aerogeradores interligados em cascata que podem atingir uma elevada potência instalada. Os
aerogeradores podem ser divididos em grupos ou “clusters”, sendo cada cluster constituído de
todos os controles e equipamentos necessários para a sua perfeita operação. A representação
de um sistema eólico de grande porte é ilustrado na Figura 2.5 onde neste caso é utilizado um
sistema de transmissão de corrente alternada com compensação de reativos estática na barra
dos aerogeradores e dinâmica no ponto de acoplamento do parque eólico. Cada aerogerador
possui um transformador que eleva sua tensão para um nível de tensão intermediário, sendo
utilizado para a conexão do parque eólico um transformador de maior porte elevando a tensão
do parque para a tensão do ponto de acoplamento.
19

Figura 2.5 – Caracterização de um sistema eólico de grande porte em corrente alternada (AKHMATOV,
2003)
Em algumas situações, a transmissão em corrente contínua é utilizada, sendo adotado
conversores do tipo CC-CC para elevar os níveis de tensão para uma transmissão mais
eficiente e na etapa final um inversor para converter a potência da forma contínua para a
forma alternada no ponto de acoplamento do parque com a rede elétrica, conforme ilustra
Figura 2.6.

Figura 2.6 - Caracterização de um sistema eólico de grande porte em corrente contínua (LUNDBERG,
2006)
20

2.4 CONCLUSÕES

Neste capítulo foram apresentados os principais tipos de tecnologias de aerogeradores


destacando-se os aspectos positivos e negativos de cada uma. Foi visto que os aerogeradores
de indução com rotor em gaiola, apesar de serem robustos e mais baratos do que as outras
tecnologias, apresentam vários problemas sendo destacado o consumo de potência reativa
tanto em regime permanente quanto durante os transitórios. Já os aerogeradores do tipo DFIG
e “Direct Drive” conseguem obter um maior aproveitamemto da conversão eólico-elétrica a
partir da utilização de controles adicionais nos conversores de frequência utilizados. Devido
as novas regulamentações de conexão de parques eólicos exigirem um maior controle das
máquinas do sistema, como será visto no próximo capítulo, existe uma pespectiva de
substituição das máquinas de indução tradicionais pelas referidas máquinas citadas acima.
21

3 CAPÍTULO 3

REQUISITOS TÉCNICOS DE PARQUES EÓLICOS

3.1 INTRODUÇÃO
Os primeiros sistemas de geração de energia do tipo eólico-elétricos eram conectados aos
sistemas de distribuição de energia, mas, atualmente, sistemas eólicos maiores tem sido
conectados a redes de transmissão. Cada tipo de rede tanto de distribuição como de
transmissão, possui normas para a integração de parques eólicos. Devido à variabilidade dos
ventos e à crescente expansão deste tipo de sistema, faz-se necessário estabelecer critérios que
regulamentem a conexão dessas plantas à rede elétrica, com a finalidade de assegurar que os
aerogeradores tenham o controle e as propriedades necessárias para a operação do sistema de
potência com relação à segurança do suprimento e a qualidade da tensão (Pires et al. 2008).
Este capítulo apresenta os diversos parâmetros que são importantes para a interligação de
parques eólicos na rede de distribuição ou transmissão de alguns países, fazendo-se no final
uma comparação entre os mesmos.

3.1.1 Critérios de Interligação

A Tabela 3.1 mostra os diversos parâmetros que os códigos de interligação de parques


eólicos nas redes elétricas possuem. Estes parâmetros, assim como a faixa de variação dos
mesmos, variam consideravelmente de país para país. As diferenças dependem do nível de
penetração das plantas eólico-elétricas e da robustez da rede elétrica além das práticas locais.
Diversos tipos de aerogeradores possuem diferentes características de controle e
consequentemente, várias possibilidades de manter o sistema em condição normal e sob
condição de falta.
22

Tabela 3.1 – Requerimentos essenciais em códigos de rede para turbinas eólicas (EWEA, 2009)

Requerimento Característica

Controle de Potência Alguns códigos de interligação requerem controle de potência ativa no


Ativa parque eólico para garantir uma freqüência estável no sistema e para
prevenir sobrecarga em linhas, etc.

Controle de Manutenção da freqüência no sistema elétrico de potência em níveis


Frequência aceitáveis a fim de manter a segurança no fornecimento, tanto no que diz
respeito a qualidade de energia elétrica como para evitar sobrecarga nos
equipamentos.

Faixas de Tensão e Estipula os níveis de tensão e freqüência que os aerogeradores podem


Frequência suportar quando o sistema elétrico está em dificuldades, com desvios de
freqüência e tensão fora dos valores nominais

Controle de Tensão Trata-se do controle de potência reativa no sistema tanto em regime


permanente como transitório.

Qualidade de Energia Vários critérios devem ser atendidos pelos aerogeradores no que diz
(harmônicos, flickers, respeito a qualidade de energia (harmônicos, flickers. etc.).
etc.)

Proteção Um sistema de relés deve ser proposto para atuar como durante curto-
circuitos, sobretensões, subtensões durante e depois da falta no sistema
elétrico. Isto deve garantir que o parque eólico trabalhe dentro das faixas
de operações do sistema em situação normal e em defeito e não seja
danificado.

Modelagem e Alguns códigos de interligação solicitam dos fabricantes modelos e dados


simulação para realizar simulações de interação entre o sistema e parque eólico a ser
implantado. Também solicitam a instalação de equipamentos de
monitoramento para verificar o comportamento atual do sistema eólico
durante faltas para a validação dos modelos.

Comunicação e Os parques eólicos devem fornecer sinais correspondentes as variáveis de


controle externo interesses ao operador do sistema a fim de proporcionar a operação
segura do sistema de potência
23

A seguir alguns requerimentos descritos acima, serão descritos dentro de códigos de


alguns países europeus como Alemanha, Dinamarca e Espanha, relatando-se também as
normas do Brasil.

3.1.2 Limites de Tensão e Frequência

Dinamarca
Em instalações conectadas em nível de tensão superior a 100 kV, o tempo mínimo, que a
planta eólico-elétrica deve permanecer conectada à rede é mostrado na Figura 3.1. Os níveis
de tensão UN (Tensão Nominal), UHF (Limite Superior de Tensão a Plena Carga), UH (Limite
Superior de Tensão), ULF (Limite Inferior de Tensão a Plena Carga) e UL (Limite Inferior de
Tensão) estão mostrados na Tabela 3.2 (ELTRA, 2004).

Figura 3.1- Faixa de operação de tensão em função da freqüência para redes de transmissão na
Dinamarca

Tabela 3.2 – Tensões na rede de transmissão da Dinamarca


24

A faixa a plena carga indica a faixa de tensão em que o parque eólico poderá fornecer
potência nominal

Alemanha
As exigências para as faixas de tensão e de freqüência, o tempo mínimo para
desligamento estão mostradas na Figura 3.2 para a rede de transmissão da Alemanha.

Figura 3.2 – Faixa de operação de tensão em função da freqüência da Alemanha


Brasil

De acordo com o submódulo 3.6 do ONS, as principais exigências com relação aos valores
de tensão são: operação entre 0,90 e 1,10 p.u. da tensão nominal sem atuação dos relés de
subtensão e sobretensão temporizados, e operação entre 0,85 e 0,90 p.u da tensão nominal por
até 5 segundos.
No caso da freqüência os limites são: operação entre 56,5 e 63Hz sem atuação dos relés de
subfrequência e sobrefrequência instantâneos; operação abaixo de 58,5Hz por até 10
segundos; operação entre 58,5 e 61,5Hz sem atuação dos relés de subfrequência e
sobrefrequência temporizados e operação acima de 61,5Hz por até 10 segundos.

3.1.3 Controle da Potência Ativa

Dinamarca

É possível regular a potência de saída das turbinas eólicas conectadas à rede de


transmissão e de distribuição em qualquer nível na faixa de 20 a 100% da potência nominal. O
25

gráfico da Figura 3.3 ilustra o controle da potência para condições especiais. No sistema de
controle representado pela curva cheia, a potência é mantida constante para freqüências
abaixo da banda morta superior de freqüência, podendo ser apenas reduzida em condição de
aumento da freqüência. A linha pontilhada representa o controle de freqüência responsável
por aumentar a produção devido a uma diminuição anterior da mesma.

Figura 3.3 - Controle da potência de saída através da freqüência na Dinamarca

Alemanha

As plantas de geração devem ser capazes de operar com uma potência reduzida e permitir
variações constantes da potência nominal por minuto dentro da faixa de variação de potência
permissível. Todas as plantas eólicas devem, quando a freqüência for maior que 50,2 Hz,
reduzir a potência ativa de operação com um gradiente de 40% da atual potência disponível,
como ilustra a Figura 3.4. Quando a freqüência retorna ao valor de 50,05 Hz a potência ativa
injetada pode ser novamente aumentada.

Figura 3.4 – Controle da potência de saída da frequência na Alemanha


26

Brasil

Segundo o submódulo 3.6 do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), para tensões
que se encontrem entre 0,9 e 1,10 pu, para a central geradora eólica não será admitida redução
na sua potência de saída, na faixa de freqüências entre 58,5 e 60,0Hz. Para freqüência na faixa
entre 57 e 58,5Hz, é admitida redução na potência de saída de até 10%. Esses requisitos
aplicam-se em condições de operação de regime permanente quase-estáticas onde os
gradientes de freqüência são menores que 0,5%/min e de tensão menores que 5%/min.

3.1.4 Controle da Corrente e Potência Reativa

Espanha

De acordo com (REE, 2005) o parque eólico deve fornecer no ponto de conexão do parque
eólico com a rede elétrica, corrente reativa quando a subtensão for maior 0.85 p.u da tensão
nominal do ponto de acoplamento. A corrente a ser injetada nesta situação deve ser de no
mínimo o valor estipulado pela curva, podendo ser injetado 100% do valor.

Figura 3.5 - Curva para o controle de corrente reativa da Espanha


27

Alemanha

Para a Alemanha há uma região, mostrada na Figura 3.6, que deve ser atendida para o
controle do fator de potência em regime, mas a legislação também prevê que outros valores
poderão ser determinados em função da necessidade do sistema elétrico e de suas
especificidades.

Figura 3.6 – Níveis de fator de potência na Alemanha

As plantas de geração eólica devem manter-se no sistema com uma compensação de


reativo adicional durante o afundamento de tensão. Para realizar esta operação, o controle de
tensão deve ser ativado conforme a Figura 3.7, no momento em que o afundamento de tensão
for maior que 10% da tensão nominal do gerador. A ação de controle deve atuar 20ms após a
identificação da falta, fornecendo corrente reativa no lado de baixa tensão do transformador
do gerador de pelo menos 2% da corrente nominal para cada 1% de afundamento de tensão.
A injeção de 100% de corrente reativa deverá ser possível também se necessária (EON,
2006).

Figura 3.7 - Curva para o controle de potência reativa na Alemanha [3].


28

Brasil

No ponto de conexão, a central geradora eólica deve propiciar os recursos necessários para,
em potência ativa nominal e quando solicitado pelo ONS, operar com fator de potência
indutivo ou capacitivo dentro da faixa especificada de no mínimo 0,95 capacitivo e 0,95
indutivo (ONS,2008).

3.1.5 Suportabilidade a Faltas na Rede

Espanha

Durante afundamentos de tensão, os aerogeradores devem permanecer conectados ao


parque eólico quando a tensão nos seus terminais estiver dentro da área cinza da Figura 3.8

Figura 3.8 – Curva de Suportabilidade a faltas da Espanha


Alemanha

Plantas com aerogeradores interligados a rede devem permanecer conectadas à mesma de


acordo com o gráfico da Figura 3.8.
29

Figura 3.9 - Curva de suportabilidade a faltas da Alemanha


Os seguintes itens aplicam-se a área acima da linha limite:

a) Todos os aerogeradores devem experimentar a falta sem desconectar-se da rede. Se,


devido ao conceito de conexão da rede, um dos geradores não puder manter-se conectado, é
permitido, de acordo com o operador do sistema, deslocar a linha limite e ao mesmo tempo
reduzir o tempo de resincronização do parque eólico, fornecendo o mínimo de reativo
necessário durante o defeito.

b) Se durante o defeito, um dos geradores torna-se instável ou houver a atuação do sistema


de proteção dentro da faixa limite, uma rápida desconexão do sistema de geração da rede é
permitida pelo operador do sistema. Após a ocorrência da retirada da máquina, um processo
de resincronização do parque eólico é executado após 2s e, durante este processo, o aumento
de potência ativa deve ser em um gradiente de 10% da potência nominal por segundo.

Para as máquinas que não foram retiradas devido a instabilidade ou atuação da proteção, a
potência ativa fornecida pelas mesmas deve imediatamente ser fornecidas ao sistema elétrico
até o valor pré-falta a uma variação de 20% da potência nominal por segundo (EON, 2006).

Brasil
30

Caso haja afundamento de tensão em uma ou mais fases no ponto de conexão na rede
básica da central de geração eólica, a central deve continuar operando se a tensão nos seus
terminais permanecer acima da curva indicada na Figura 3.10 a seguir, dentro do limite dado
pela área escura.

Figura 3.10 - Curva nos terminais do aerogerador no Brasil

3.2 CONCLUSÃO

Para que uma planta de geração eólica seja conectada à rede é necessário atender as
diversas exigências técnicas, relatadas neste capítulo, visando à qualidade da energia
fornecida e a segurança do sistema. Em países onde a penetração de sistemas eólicos é recente
ou baixa, no caso do Brasil, percebe-se a ausência de regulamentações específicas. Em países
com alto nível de penetração de parques eólicos as exigências para conexão são semelhantes
àquelas para as plantas convencionais de energia elétrica. Observa-se também que não existe
uma padronização mundial para as normas de interligação. Cada país adota a sua norma,
exigindo que os fabricantes de aerogeradores que sejam flexíveis em suas tecnologias para
enquadrar-se nas normas de interligação de diversos países.
As curvas de injeção de corrente reativa mostradas nas Figuras 3.5 e 3.7 do presente
capítulo, para o caso das normas da Espanha e Alemanha respectivamente, serão objeto de
análise da presente tese. Como a diferença entre as mesmas é pequena, será adotada nas
avaliações a seguir como curva de referência de injeção de reativos à curva da Alemanha.
No próximo capítulo será realizado a modelagem e controle do aerogerador do tipo
síncrono com conversor pleno visando atender alguns itens de conexão expostos no presente
capítulo.
31

4 CAPÍTULO 4
MODELAGEM DO AEROGERADOR DO TIPO SÍNCRONO

4.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo será abordada a modelagem do sistema de conversão eólico-elétrico com


gerador do tipo síncrono com rotor a imã permanente e conversor pleno, apresentando-se as
diversas equações que representam os dispositivos envolvidos no processo de conversão.
Inicialmente é apresentada uma descrição geral do sistema a partir do diagrama de blocos
para facilitar o entendimento geral da máquina. Posteriormente, cada item será detalhado na
seguinte ordem: turbina, gerador e conversor.
Ao término do capítulo são apresentados alguns comentários sobre a representação de
parques eólicos em modelos agregados de turbinas eólicas.

4.2 DIAGRAMA DE BLOCOS DO SISTEMA

O diagrama de blocos da Figura 4.1 mostra os diversos componentes que fazem parte
do tipo de aerogerador utilizado no trabalho.

Figura 4.1 – Diagrama de blocos do sistema

A energia dos ventos captada pelas pás da turbina eólica é transformada em energia
cinética, movimentando o rotor do gerador a partir de acoplamento direto, sem caixa de
engrenagens. Em alguns tipos de tecnologias de aerogerador síncrono pode-se utilizar caixas
de engrenagem a fim de reduzir o número de pólos do gerador e consequentemente o tamanho
do conjunto, este conjunto é comum nas máquinas assíncronas (SLOOTWEG et al. 2003).
A energia elétrica proveniente do gerador é fornecida ao primeiro conversor que tem a
função de retificar o sinal de tensão alternado, fornecido pela máquina, armazenando energia
32

no capacitor de acoplamento intermediário. Basicamente, este conversor pode ser do tipo


fonte de corrente a diodo ou fonte de tensão com IGBT. A primeira solução é mais viável do
ponto de vista econômico e tem sido utilizada por grandes fabricantes deste tipo de
tecnologia, sendo, portanto adotada no trabalho.
O barramento de corrente contínua é interligado ao segundo conversor do tipo inversor
do tipo fonte de tensão utilizando chaves estáticas do tipo IGBT. Devido ao chaveamento por
Modulação por Largura de Pulsos (“Pulse Width Modulation” – PWM) utilizada por este
conversor para sintetizar a forma de onda de tensão, a corrente de saída possuirá conteúdo
harmônico que dependerá da freqüência de chaveamento adotada e da quantidade de
carregamento do conversor. Em função disso, um filtro é dimensionado após o inversor a fim
de reduzir o conteúdo harmônico de frequências indesejáveis.
Após o filtro, cada turbina utiliza um transformador para realizar o acoplamento em
tensões mais elevadas de distribuição de energia dentro do arranjo do parque eólico.

4.3 MODELO DINÂMICO DA TURBINA EÓLICA

A potência mecânica em Watts da turbina eólica é calculada pela seguinte expressão,


função do coeficiente de potência e da área do rotor da turbina (WALKER & JENKINS,
1997):

1
Pm   C p AUW3 (4.1)
2

Sendo:
A – área do rotor da turbina;
Uw - velocidade média do vento (m/s);
 - massa específica do ar (kg m3);
C P - coeficiente de potência.

O coeficiente de potência, C P , fornece uma indicação da eficiência da turbina eólica em


captar a energia do vento e convertê-la em energia mecânica entregue ao eixo. Depende de
33

dois fatores,  e , sendo o primeiro denominado de “tip speed ratio” que representa a razão

entre a velocidade da ponta da pá e a velocidade do vento, dada pela equação (4.2) a seguir:

rtt
 (4.2)
UW

Onde, rt é o raio da turbina eólica em (metros), e t é a velocidade de rotação do eixo da


turbina eólica em (rad-mec/s).

O parâmetro  é denominado de ângulo de “pitch” (passo) ou ângulo de orientação das


pás, em graus. O controle do ângulo de passo é aplicado em aerogeradores de velocidade
variável para captar a máxima potência do vento, sendo também utilizado para proteger a
turbina quando ocorrem elevadas velocidades de vento.
Com base nas definições acima, a potência mecânica em (Watts) pode ser reescrita como:

1
Pm   C p   ,   AUW3 (4.3)
2

Na maioria dos casos a relação C p   ,   é estipulada aproximadamente por uma

equação matemática definida a partir de dados experimentais que são obtidos dos fabricantes.
A aproximação matemática utilizada em (SLOOTWEG et al, 2003) representada pelas
equações (4.4) e (4.5) a seguir foi comparada à curva proposta de C p   ,   com curvas

características referentes as duas turbinas comerciais. As diferenças entre elas são bastante
pequenas podendo ser desprezadas em simulações dinâmicas, conforme descreve o autor:

 116  12.5  
C p   ,    0.22   0.4  5  e  i  (4.4)
 i 
1
i  (4.5)
1 0.035
 3
  0.08   1

As equações (4.4) e (4.5) fornecem um conjunto de curvas de C p -  para valores distintos

de , em graus, como se verifica na Figura 4.2


34

Figura 4.2 - Coeficiente de potência, Cp, como função da taxa de velocidade na ponta da pá (tip speed
ratio), , e do ângulo de pitch,  (ALMEIDA, 2006).
O torque mecânico pode ser expresso, em N/m, de acordo com as equações expostas
anteriormente como:

Pm 1 Cp ,   3 2
Tm     RaV (4.6)
t 2 

Sendo t , a velocidade angular do rotor eólico em (rad-mec/s), e Ra, o raio do rotor (m).

4.3.1 Representação do Sistema do Eixo Mecânico

Basicamente, existem duas abordagens para modelar o eixo mecânico entre o gerador e a
turbina em estudos de estabilidade transitória: massa global (única) “lumped mass” ou pelo
modelo de duas massas “two mass” (SLOOTWEG, 2003). Em aerogeradores de velocidade
variável, controlados por conversores eletrônicos, como no caso do DFIG e do PMSG, o
modelo de massa única é mais apropriado porque o comportamento do eixo da turbina é
pouco refletido para a rede elétrica, devido ao desacoplamento proporcionado pelos
conversores, enquanto para aerogeradores de velocidade fixa, como os aerogeradores de
indução convencionais, o modelo de duas massas do sistema de eixo mecânico possui melhor
35

representação do sistema em estudos de estabilidade (NUNES 2003). A Figura 4.3 mostra


uma representação simplificada do sistema de duas massa.

Fiura 4.3 – Modelo de massa única


A equação (4.7) modela o conjunto turbina/gerador como uma única massa referente ao
conjunto eletromecânico.

dr
dt

1
2H
Tm  Te  Dr  (4.7)

Onde Tm é o torque mecânico produzido pela turbina eólica, Te é o torque eletromagnético,

D é o coeficiente de amortecimento e H é a constante de inércia total do conjunto


eletromecânico ( H t  H g ) em segundos

4.4 REPRESENTAÇÃO DO GERADOR DE SÍNCRONO A IMÃ PERMANENTE EM

ESTUDOS DE ESTABILIDADE TRANSITÓRIA

Para a representação do gerador síncrono a imã permanente em estudos de estabilidade


transitória de sistemas de potência, as grandezas da máquina foram referidas ao longo do eixo
de referência síncrono d-q, baseado na Transformada de Park, representando as componentes
segundo os eixos de referência d-q que giram à velocidade síncrona, estando o eixo “q”
adiantado 90 em relação ao eixo “d”, conforme Figura 4.4. Além disso, assume-se que os
transistórios do estator e os enrolamentos amortecedores são desprezados do modelo, devido
ao desacoplamento existente entre a máquina e a rede elétrica efetuado pelos conversores
eletrônicos.
36

Figura 4.4 - Transformação do sistema de referência da máquina para o sistema de referência da rede
elétrica.
A partir desses pressupostos, o conjunto das equações resultantes para o estator da
máquina síncrona com rotor a imã permanente são as seguintes, conforme referido em
( NASCIMENTO, 2006):

vds   Rsids  s qs (4.8)

vqs   Rs iqs   s ds   s (4.9)

Onde v representa a tensão em Volt (V), R a resistência em Ohm (), i a corrente em


Ampère (A), s a velocidade angular elétrica do estator em rad-elet./s,  o fluxo de dispersão
em Wb.voltas e ψ é o fluxo magnético produzido pelo imã. Os índices “d” e “q” nas
variáveis denotam o eixo direto e o eixo em quadratura e o índice “s” denota a grandeza do
estator.

Os fluxos de dispersão presentes nas equações (4.8) e (4.9) são definidos como:

ds  Ld ids   (4.10)

qs  Lq iqs (4.11)

Onde Ld e Lq representam as auto-indutâncias dos enrolamentos do estator, Lad e Laq as


indutâncias mútua de magnetização entre os enrolamentos do estator e do rotor nos eixos d e
q, ambas em Henry (H). Sendo:
37

Ld  Ll  Lad (4.12)

Lq  Ll  Laq (4.13)

Sendo Ll a indutância de dispersão do estator, respectivamente.

Adotando-se os valores base conforme definido em KUNDUR, (1994) e a notação


“”para designar os termos em p.u., as equações de (4.8) a (4.9), são então reescritas na
forma:

vds   Rs ids  s qs (4.14)

vqs   Rs iqs  s ds  s (4.15)

Similarmente, as equações dos fluxos de dispersão definidas de (4.10) à (4.11), ao serem


divididas por  sbase  Lsbase i sbase são reescritas em p.u. como

ds  Ld ids   (4.16)

qs  Lq iqs (4.17)

Para a representação do gerador síncrono com rotor a imã permanente em estudos de


estabilidade transitória, utiliza-se geralmente as equações baseadas no modelo da tensão atrás
de uma reatância transitória descritas em (ARRILAGA et al. 1994).

vds   Rs ids  X q ' iqs (4.18)

vqs   Rs iqs  X d ' ids  eq' (4.19)

eq 
1
Td0
E f  X d  X d ids  (4.20)

As equações de potências ativas e reativas do estator e o torque elétrico podem ser


calculadas usando as seguintes expressões de (4.21) à (4.23), respectivamente (KUNDUR,
1994).
38

Ps  Ter  Re vs is *  vds ids  vqs iqs (4.21)

Qs  Im vs is *  vqs ids  vds iqs (4.22)

Te =ed' ids +eq' iqs (4.23)

4.5 MODELO DOS CONVERSORES ELETRÔNICOS

A Figura 4.5 mostra as duas tecnologias de conversores utilizadas na conexão de


geradores síncronos a imã permanente na rede elétrica.
Conversor C1 Conversor C2 Conversor C3
(RETIFICADOR) (CC-CC ELEVADOR) (INVERSOR VSI)
L

D1 D2 D3 S1 S2 S3
Vcc V’cc
Vg L
REDE
c L
ELÉTRICA
L
S4 S5 S6
D4 D5 D6

Controle Controle

(a)

Conversor C1 Conversor C2
(RETIFICADOR) (INVERSOR VSI)

S1 S2 S3 S1 S2 S3

Vg L
REDE
c L
ELÉTRICA
L
S4 S5 S6
Vcc S4 S5 S6

Controle Controle

(b)

Figura 4.5 - Tipos de conversores utilizados no aerogerador síncrono (a) retificador a diodo (b) retificador
com IGBT

Em simulações detalhadas do funcionamento dos conversores são utilizados modelos de


chaves e circuitos amaciadores (“snubber”) para cada dispositivo eletrônico chaveado como
diodos e IGBTs. Uma representação a este nível requer um grande número de variáveis de
estado e um passo de integração nas simulações muito pequeno, fazendo com que o tempo de
39

simulação seja bastante elevado. A simplificação adotada nos modelos dos conversores é
utilizar um modelo na freqüência fundamental como fontes de tensão e corrente controladas.
Esta técnica é bastante utilizada em estudos de estabilidade transitória com aerogeradores de
velocidade variável e será adotada no presente trabalho.
Para o circuito retificador a diodo, denominado de conversor C1 na Figura 4.5(a), a tensão
Vcc, após a ponte retificadora em função da tensão de linha Vgrms dos terminais da máquina, é
dada pela equação (4.24).

3 2
Vcc  Vg (4.24)

O conversor C2, na mesma figura do tipo CC-CC elevador (“boost”), que controla a
tensão no barramento intermediário do conversor da Figura 4.5(a) é modelado pelas equações
(4.25) e (4.26), que relacionam as correntes de entrada e saída deste conversor com o índice
de modulação m, assumindo um conversor ideal, sem perdas.

Vcc´  mVcc
(4.25)

Vcc´ .I cc´  Vcc .I cc


(4.26)

Dado que o conversor C3 da Figura 4.5(a) assim como o conversor C2 da Figura 4.5(b)
são inversores do tipo fonte de tensão com modulação do tipo PWM, a tensão CA da rede está
relacionada com a tensão contínua Vcc pela expressão (4.27) a seguir.

3mVCC
V'  (4.27)
2 2

A equação (4.27) é válida para valores do índice de modulação m entre 0 e 1. Para valores
acima de 1, o conversor começa a saturar e aumentar o nível de harmônicos de baixa ordem
no sistema elétrico.

Para o retificador PWM C1 da Figura 4.5(b) a equação (4.28) a seguir é válida.


40

2 2 '
Vcc  .V
3m (4.28)

4.6 MODELOS AGREGADOS SIMPLIFICADOS DE PARQUES EÓLICOS

A maneira mais simples de agregar turbinas eólicas de velocidade variável é a partir da


representação de uma única turbina equivalente, representando todo o parque eólico. Isto
significa que as máquinas elétricas e os conversores têm suas potências escalonadas para uma
máquina equivalente com potência igual ao número de máquinas vezes a potência individual
de cada turbina. Outro método para obter modelos agregados para parques eólicos com
turbinas de velocidade variável envolve a representação de cada turbina utilizando um modelo
bastante simplificado do aerogerador (CONROY et al. 2009).
Em comparação com as turbinas de velocidade fixa, onde as diferenças de velocidades
são muito pequenas, as turbinas de velocidade variável estão constantemente buscando a
velocidade ótima de operação para extrair a máxima potência de operação, a partir do controle
das pás das turbinas, descritas no Capítulo 5. Em simulações que envolvam flutuações de
potência do parque eólico durante a operação contínua, não é correto considerar um modelo
agregado de um único gerador para representar todo o parque eólico. Contudo, em estudos de
estabilidade transitória, o tempo de simulação é pequeno e a velocidade de rotação de cada
turbina eólica é considerada constante durante os defeitos, não variando a potência entregue
pela turbina eólica. Isto permite que a utilização de modelos mais simplificados seja suficiente
para a realização de estudos de grandes parques eólicos. Nesta tese, é adotado o modelo
simplificado do aerogerador síncrono com conversor pleno, de acordo com a Figura 4.6, onde,
devido ao desacoplamento existente entre o gerador e a rede efetuado pelo controle do
conversor CC-CC e de acordo com o que foi exposto acima, despreza-se neste caso o modelo
do gerador, o eixo mecânico e o conversor interligado ao gerador conforme citado em
CONROY et al. (2009) e POLLER et al. (2003). O gerador durante as análises é visto como
uma fonte de potência constante representado como uma fonte de corrente no barramento CC.
41

Figura 4.6 - Estrutura do modelo agregado simplificado

4.7 CONCLUSÃO

Neste capítulo foram descritas as equações que permitem representar os aerogeradores


síncronos com rotor a imã permanente, para estudos de estabilidade transitória de sistemas de
potência.
Inicialmente, o sistema do eixo mecânico do aerogerador foi descrito pelo modelo de
massa global. Em seguida, os modelos de ordem reduzida do gerador síncrono a imã
permanente, desconsiderando os transitórios do estator e enrolamentos amortecedores, foram
apresentados.
Os conversores dos dois tipos de tecnologias utilizados com retificador a diodo e
retificador PWM, ligados a máquina como os inversores do tipo fonte de tensão ligados a
rede, foram modelados como fontes de tensão na frequência fundamental. Por fim, foi
apresentado o modelo simplificado do aerogerador utilizado nas simulações e na estratégia de
controle descrita no próximo capítulo.
42

5 CAPÍTULO 5
CONTROLE DE AEROGERADORES SÍNCRONOS

5.1 INTRODUÇÃO

No capítulo anterior foram apresentados os modelos dos diversos itens que compõem o
aerogerador sincrono com rotor a imã permanente a partir das equações que descrevem o
comportamento dinâmico de tais equipamentos. No presente capítulo, são apresentadas as
estratégias de controle dos conversores utilizados no aerogerador síncrono, visando sobretudo
explorar a capacidade do aerogerador de controlar a potência ativa, potência reativa e tensão
terminal, respondendo as eventuais perturbações que possam ocorrer nas redes elétricas,
conforme as solicitações das normas de interligação de parques eólicos em redes elétricas,
apresentadas no Capítulo 2.
Inicialmente, é apresentada uma descrição geral das malhas de controle envolvidas no
processo e em seguida cada malha é detalhada, sendo apresentada incialmente a malha de
controle do conversor chopper para a tensão do barramento CC e posteriormente o controle
vetorial do conversor do tipo VSI que é interligado à rede elétrica.
Ao término do capítulo, é apresentado a malha de controle de potência reativa, baseada na
curva de solicitação de potência reativa adotada no trabalho.

5.2 ESTRATÉGIAS DE CONTROLE

O tipo de tecnologia utilizada neste trabalho, conforme citado no Capítulo 3, possui para
os aerogeradores sincronos a imã permanente um esquema de conversores em cascata tendo
como um primeiro estágio um retificador a diodo, posteriormente um conversor CC-CC
(chopper) do tipo elevador (boost) e por último, um inversor do tipo fonte de tensão com
controle vetorial. A Figura 5.1 mostra um diagrama de blocos simplificado das malhas de
controle principais do chopper e do inversor. As malhas de controle do sistema mecânico da
turbina como o controle de passo, não será detalhada nesta tese, uma vez que o interesse do
estudo principal é a análise da permanência da máquina no sistema elétrico em função de
afundamentos de tensão em redes elétricas, provocadas por curto-circuitos de curta duração.
43

Para fenômenos de longa duração, a atuação dos controles mecânicos deve ser detalhada, pois
os mesmos impedem que a máquina saia de operação do sistema.

Figura 5.1 – Esquema de Controle utilizado para aerogerador síncrono

O circuito chopper recebe uma tensão contínua não regulada do retificador a diodo. Sua
função principal é regular a tensão contínua de saída para que o inversor possa basicamente
sintetizar, a partir da modulação PWM, uma tensão com componente fundamental de
amplitude e frequência de acordo com as características do sistema elétrico interligado. A
atuação deste controle durante um curto-circuito na rede elétrica é também importante devido
ao desequilíbrio de potência fornecido pelo gerador, e a potência reduzida entregue a rede
pelos conversores nesta circunstância. Haverá assim um fluxo de potência para o capacitor
provocando um aumento da tensão no mesmo podendo atuar a proteção de sobretensão deste
circuito, retirando a máquina de serviço, o que atualmente, dentro de certos limites de tensão e
duração de curto-circuito, é inaceitável. Alguns autores (WATSON et al. 2009; RANGEL et
al. 2006 ) utilizam além do chopper um resistor no circuito CC com a finalidade de dissipar a
potência fornecida pelo gerador ao barramento CC nesta circunstância evitando-se a
sobretensão no circuito.
A malha de controle do inversor tem como referência a parcela de potência ativa e reativa
que o conversor deve injetar no sistema elétrico. Anteriormente, os aerogeradores
trabalhavam com fator de potência unitário, não atuando na melhoria do perfil de tensão do
sistema elétrico quer em situação normal ou de defeito. Hoje em dia, devido ao aumento
significativo da produção de energia eólica ou ainda devido a mesma ser vital em sistemas de
geração interligados à redes fracas como pode ocorrer nos sistemas de geração distribuída,
surge a necessidade que estas máquinas também participem de uma rápida restauração do
sistema, após sistuações de defeito. Além do que um elevado afundamento de tensão no lado
44

CA pode provocar também a atuação da proteção por subtensão do conversor retirando o


aerogerador do sistema.

5.3 MALHAS DE CONTROLE DA TENSÃO DO “LINK” CC

Conforme previamente mencionado, o controle da tensão CC é realizado por um


conversor CC-CC tipo chopper-boost, mostrado na Figura 5.2. Este conversor funciona
através do controle do disparo e do corte da chave S1. Quando esta chave é fechada, ocorre o
aumento da corrente IL causando o armazenamento de energia no indutor. Com a abertura da
chave, a corrente fluirá pelo diodo D1 carregando o capacitor C. Este chaveamento é feito em
alta frequência, da ordem de kHz, e através da alteração da relação entre o tempo de condução
e o período de chaveamento consegue-se controlar o valor médio da corrente IL, e por sua
vez, a tensão no capacitor (MOHAN et al. 2002).

Figura 5.2 – Conversor CC-CC do tipo elevador

Na Figura 5.2, a corrente que circula pelo indutor, iL , é regulada a partir da chave
'
eletrônica que controla a tensão VCC na extremidade do chopper. A partir da Lei Kirchoff das
correntes, pode-se concluir que:

iC  iL  iconv (5.1)

Onde iC é a corrente no capacitor e iconv corresponde a corrente contínua na entrada do conversor

C2. Assim, a tensão CC relativa ao condensador para uma dada capacitância C é definida da equação
(5.2).

dVCC 1
  iL  iconv  (5.2)
dt C

Com base na Figura 5.2 e na equação (5.2), a malha de controle da tensão CC é definida como
mostra a Figura 5.3.
45

Figura 5.3 – Malha de controle do conversor CC-CC do tipo elevador

Onde, k p1 , k p 2 e ki1 , ki 2 são os ganhos proporcionais e integrais das malhas de controle da

tensão CC, respectivamente definidos no anexo A desta tese sendo calculado pelo método de
alocação de pólos.
A partir da tensão do “link” CC, obtida na equação (5.2), pode-se definir a capacitância do
mesmo. Como mostrado em MORREN, (2006), o capacitor pode ser calculado pela seguinte
expressão:

Pconv  1 
Ccc ,min  .  (5.3)
vcc vcc  2 f chav 

Onde:
Ccc - é a capacitância do “link” CC em (F);

f chav - é a frequência de chaveamento dos conversores em (Hz);

vcc - é a tensão do “link” CC em (Volt);

vcc - é a máxima de variação de tensão do “link” CC permitida em (Volt).

5.4 CONTROLE DO CONVERSOR INTERLIGADO A REDE


46

Diversas técnicas de controle podem ser exploradas especificamente para o conversor C2.
Uma dessas técnicas consiste em controlar a tensão do barramento CC, a partir deste
conversor, em que procura-se regular o balanço de potência ativa entre a ponte retificadora e o
inversor. Contudo, esta técnica limita o inversor de injetar quantidades de corrente reativa
durante o curto-circuito, como é requerido atualmennte pelas normas de interligação de
parques eólicos pelo ponto de acoplamento. A alternativa utilizada no presente trabalho
permite (ALMEIDA, 2008) que o conversor C2 injete elevadas quantidades de corrente
reativa durante quedas de tensão, a partir de um controle da tensão CC pelo uso de um
conversor CC-CC tipo chopper-boost, tal que o conversor C2 seja direccionado para controlar
a corrente ativa e reativa injetadas à rede. Os valores dessas correntes seriam portanto
definidos com base nas potências ativa e reativa produzidas pelo gerador elétrico.
Para se definir a técnica de controle aplicada ao conversor C2 ligado à rede, assume-se o
seguinte esquema ilustrado na Figura 5.4, onde a tensão denominada de Vconv representa a
tensão na saída do conversor e Vrede a tensão no ponto de conexão da rede elétrica.

V conv =V d_conv + jV q_conv V rede =V d_rede + jV q_rede

Rt Lt

Conversor C2 Rede
ligado à rede I = Id + jIq Rede Elétrica
Eléctrica CA CA

Figura 5.4 – Esquema do conversor ligado à rede elétrica


A partir da Figura 5.4, as equações diferenciais definidas em coordenadas d-q que
descrevem a ligação do conversor à rede elétrica, assumindo que entre ambos existe um
transformador e um filtro, são definidas como:

diq
Vq _ rede  Rt iq  Lt  Vq _ conv   Lt id (5.4)
dt

did
Vd _ rede  Rt id  Lt  Vd _ conv   Lt iq (5.5)
dt
47

Onde Rt e Lt são a resistência e a indutância do transformador mais filtro,

respectivamente, e  corresponde à velocidade síncrona da rede (   2 f ). O filtro


utilizado serve para reduzir o efeito dos harmônicos provenientes dos chaveamentos durante a
comutação do conversor. Normalmente, um simples filtro de indutancia L entre a rede elétrica
e o conversor, é adotado com o objetivo de estar em conformidade com as normas e
procedimentos de rede descritas em IEEE std 519, (1992). Negligenciando-se a resistência do
indutor, o filtro L pode ser expresso em (H) por (LINDHOLM, 2003):

 VF ,h 
L  max   (5.6)
h  h i
 s h,max 

Onde, VF ,h é a tensão (fase-neutro) nominal de saída em (rms), h é a ordem do

harmônico, s é a velocidade angular base em rad-elet./s, e ih,max é o valor de pico do “ripple”

da corrente em (A).
Tratando e arrumando as equações em (5.4) e (5.5) na forma:

diq
Rt iq  Lt  Vq _ rede  Vq _ conv   Lt id  Vq' (5.7)
dt

did
Rt id  Lt  Vd _ rede  Vd _ conv   Lt iq  Vd' (5.8)
dt

E aplicando-se a tranformada de Laplace nas equações (5.7) e (5.8), obtêm-se as seguintes


funções de transferência:

1
I q ( s)  Vq' ( s) (5.9)
Rt  sLt

1
I d ( s)  Vd' ( s) (5.10)
Rt  sLt

Portanto, as tensões a serem sintetizadas pelo conversor C2 a partir de malhas de controle,


correspondem aos sinais Vd' e Vq' definidas de acordo com as equações (5.7) e (5.8), como:
48

Vq'  Vq _ rede  Vq _ conv   Lt id (5.11)

Vd'  Vd _ rede  Vd _ conv   Lt iq (5.12)

Nas equações (5.11) e (5.12) as tensões Vd' e Vq' de saída do conversor podem ser ajustadas

através do controle de Vd _ conv e Vq _ conv . Estas tensões, por sua vez, são obtidas de

controladores do tipo proporcional-integral que regulam as correntes ativa, I qref , e reativa,

I dref , que o conversor injeta à rede, como mostra a Figura 5.5, a seguir:

Figura 5.5 - Malhas de controle de corrente do conversor C2 ligado à rede.

Os sinais de corrente de referência são definidos a partir das quantidades de potência ativa
e reativa que o aerogerador síncrono pode fornecer a rede elétrica para um determinado ponto
de operação do conjunto turbina/gerador. As correntes injetadas pelo conversor estão
limitadas pela capacidade máxima dos conversores eletrônicos. Esses sinais de referência são
então definidos de acordo com a equação (5.12) para o caso da potência ativa e no caso da
potência reativa, a referência de injeção de corrente reativa depende do nível de subtensão do
sistema e da curva de injeção apresentada no Capítulo 3.

Pg
I qref  (5.13)
V'
49

Sendo Pg a potência ativa fornecidas pelo gerador, e V '  Vd' 2  Vq'2 corresponde ao módulo da

tensão de saída do conversor.

O esquema completo do controle do conversor C2, considerando os termos de acoplamento


das malhas de controle ( Vd _ rede , Vq _ rede ,  Lt iq e  Lt id ) é apresentado na Figura 5.6. Na

literatura vigente, existem diversos exemplos de controle de turbinas eólicas que utilizam uma
metodologia que buscam cancelar os termos de acoplamento como AKHMATOV, (2005)
PENA, (2006) e outros que não utilizam como POLLER, (2003); HANSEN, (2003). No
presente trabalho foi adotada o cancelamento destes componentes a fim de obter-se um
melhor desacoplamento entre as malhas de controle dos termos das equações mostradas em
(5.11) e (5.12). Os ganhos k p1 , k p 2 e ki1 , ki 2 foram obtidos por técnicas de alocação de pólos

sendo seus valores apresentados no anexo A. Algumas metodologias de controle mais


robustas podem ser aplicadas nestas malhas como definido em NASCIMENTO et al. (2007)

Figura 5.6 – Esquema de controle do conversor ligado à rede elétrica.

Dado que o conversor C2 é do tipo PWM, a tensão CA de saída do conversor está


relacionada com a tensão contínua Vcc e pelo índice de modulação representado por (m) pela
seguinte equação (MOHAN et al. 2002) :

3mVCC
V'  (5.14)
2 2
50

A operação linear do conversor existe quando m varia dentro do intervalo  0;1 . Nesta

Tese o conversor C2 apresenta operação linear, tal que o índice de modulação é definido como
m  0,9 .
Com base na equação (5.14), o esquema de controle do bloco de modulação da Figura 5.6
que define a tensão de saída do conversor C2 é apresentado na Figura 5.7, a seguir, onde
observa-se um limitador na saída a fim de não provocar sobretensões no controle proposto.

Figura 5.7 – Bloco de controle de modulação

5.5 CONCLUSÕES

Neste capítulo foram descritas as estratégias de controle dos conversores utilizados para a
máquina Direct Drive, assumindo-se que os conversores são representados como fontes de
tensão. As referidas estratégias de controle exploradas foram baseadas em técnicas de controle
vetorial. Além disso, foram mostradas a metodologia de dimensionamento do capacitor do
“link” CC e do filtro L.
Por fim, foi apresentada a estratégia de injeção de potência reativa para o conversor
interligado a rede elétrica, que será utilizada como parte da solução dos problemas de
simulação de defeitos no capítulo seguinte, com o objetivo de melhorar a capacidade de
sobrevivência a afundamentos de tensão da respectiva máquina no sistema.
51

6 CAPÍTULO 6

RESULTADOS
6.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo são apresentados os resultados das simulações obtidas dentro do contexto da
tese que visa avaliar a capacidade de injeção de reativos por parte de aerogeradores síncronos
em redes elétricas. De acordo com o segundo capítulo do presente trabalho, o Operador
Nacional do Sistema (ONS) Elétrico ainda não definiu uma estratégia de controle de reativos
durante curto-circuito na rede elétrica.
Países que investem há muito tempo na geração eólica em suas redes como Alemanha e
Espanha, com nível elevado de penetração deste tipo de energia comparados a outros países
como o Brasil, definiram em suas normas de interligação curvas de injeção de reativos
visando a manutenção dos aerogeradores nas redes elétricas frente a distúrbios de sub e
sobretensão existentes no sistema durante e após a ocorrência de curto-circuito
respectivamente.
As simulações foram desenvolvidas em cenários que propiciam uma melhor avaliação do
critério adotado como o desempenho do controle para grandes e pequenas perturbações no
sistema, com a injeção ou não de reativos. Conforme descrito no Capítulo 3, a curva de
injeção de reativos adotada foi do operador E.ON Netz da Alemanha.
Os gráficos obtidos das simulações desenvolvidas buscam obter a partir da análise gráfica,
parâmetros relacionados ao controle proposto e também parâmetros elétricos do aerogerador
que são críticos durante defeito no sistema.
Todos os resultados das simulações apresentados neste capítulo foram obtidos recorrendo a
plataforma MATLAB utilizando-se diagramas de blocos do SIMULINK, desenvolvidos
para cada caso de estudo, conforme se descreve nas secções seguintes.

6.2 REDE ELÉTRICA

As avaliações que são apresentadas baseiam-se na rede elétrica mostrada na Figura 6.1,
bastante citada na literatura específica, para o desenvolvimento de estudos de estabilidade
transitória desenvolvida pelo IEEE sendo utilizada também em (NUNES, 2003) e
52

(ALMEIDA, 2006). O sistema original de referência foi modificado para a inclusão de um


parque eólico com 8 turbinas eólicas de 2 MW cada, interligados a barra 2. O modelo do
parque eólico é representado por um equivalente, conforme item sobre modelos agregados
expostos no Capítulo 4, adotando-se um gerador equivalente de 16 MW em 400 V nas
simulações. O parque eólico é conectado a rede de distribuição a partir de um transformador
de 20 MVA em 0.4/13.8 kV.

75 MVA

35 MVA

Figura 6.1 - Diagrama esquemático da rede utilizada


Além do parque eólico representado pelo gerador equivalente, dois sistemas Diesel
convencionais com geradores síncronos alimentam as cargas do sistema, sendo um sistema
com potência nominal de 75 MVA interligado a barra 1 e outro de 35 MVA na barra 3. As
barras de carga 5, 6 e 7 estão indicadas por setas na Figura 6.1.
Os valores em p.u. dos parâmetros do sistema de transmissão, da carga elétrica, do gerador
síncrono diesel e reguladores de tensão e de velocidade associados, juntamente com as
características da turbina eólica são descritos no Anexo A.

6.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os resultados a seguir apresentados foram obtidos a partir de simulações de curto-circuitos


trifásicos em alguns pontos da rede elétrica da Figura 6.1. A duração do curto-circuito assim
53

como a intensidade do mesmo foi ajustada dentro da curva de suportabilidade a faltas adotada
para o Brasil, mostrada na Figura 3.10.
As avaliações de injeção de reativos durante o defeito serão analisadas sobre duas
condições. A primeira será a adotada pelo Brasil que não solicita a injeção de potência reativa
durante o defeito. A segunda injetará potência reativa seguindo a curva de injeção conforme
apresentado no capítulo 3.

Caso a) curto-circuito trifásico de 500 ms aplicado em, t1 = 1s, na barra 1 .

A Figura 6.2 mostra a forma de onda da tensão em p.u no ponto de conexão do


transformador de interligação do parque eólico à rede elétrica, para um curto-circuito aplicado
na barra de geração 1. Observa-se na figura que a tensão fica abaixo do mínimo permitido
pela curva de capacidade de afundamento adotado no Brasil, sendo desligado o parque eólico
do sistema pela atuação do relé de subtensão. Após a retirada do parque, a tensão no ponto de
acoplamento não consegue retornar ao valor nominal devido a problemas de instabilidade do
sistema. Com a adoção do critério de injeção de reativo utilizado, observa-se que a subtensão,
durante o defeito, é menor que o valor solicitado pelo ONS, sendo o parque eólico mantido no
sistema, aumentando-se assim a capacidade do sistema eólico na sobrevivência aos
afundamentos de tensão.
1.1

0.9

0.8
Tensão Terminal (p.u)

0.7 Tensão terminal (injeção segundo curva de reativo)


Tensão terminal (injeção zero de reativo)
curva ride-through do ONS
0.6

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1
0 1 2 3 4 5 6 7
Tempo (s)

Figura 6.2 - Gráfico de tensão no ponto de conexão do parque eólico


54

A estabilidade transitória do sistema foi afetada também devido a saída do parque eólico,
conforme observa-se no gráfico da Figura 6.3, existe uma perda de estabilidade da máquina 2,
com o aumento do ângulo de carga entre as máquinas 01 e 02.

0.5
delta12 (injeção segundo curva de reativo)
delta12 (injeção zero de reativo)

0
diferença de ângulo de carga entre GS1 e GS2 (rad)

-0.5

-1

-1.5

-2
0 1 2 3 4 5 6 7
tempo (s)

Figura 6.3 - Diferença entre o ângulo de carga das máquinas 01 e 02

Como a tensão obtida durante o defeito ficou abaixo de 0.5 pu, pela curva de reativo
utilizada, a corrente reativa de referência deve ser de 100% do valor pré-falta do conversor, ou
seja, para este afundamento, no momento do curto-circuito, a referência de corrente ativa
deverá ir para zero e a corrente reativa deverá ser igual ao valor de corrente do conversor
antes do defeito. Os gráficos das Figuras 6.4(a) e 6.4(b) mostram as respectivas correntes de
referência com o valor obtido para a presente simulação.
55

0.05
IDref (corrente reativa de referência)
ID (corrente reativa no terminal do conversor)

Componentes de correntes reativas (p.u)

-0.05

-0.1

-0.15

-0.2
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)

(a)
IQref (corrente ativa de referência)
IQ (corrente ativa no terminal conversor)
0.16

0.14

0.12
Componentes de corrente ativa (p.u)

0.1

0.08

0.06

0.04

0.02

-0.02
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)

(b)
Figura 6.4 - Correntes (a) Id e (b) Iq de referência para o conversor

Observe na Figura 6.4(b) que a corrente ativa de referência não sobe instantaneamente. É
utilizada uma rampa de injeção de potência reativa após o defeito, a fim de evitar
sobretensões. Na Alemanha é estabelecido que todas as máquinas que não desligam durante o
56

defeito, devam possuir um gradiente de 20% de potência ativa por segundo até alcançar o
valor nominal antes do defeito (EON, 2006).
O gráfico da corrente total de saída do conversor está mostrado na Figura 6.5, sendo
observado na mesma um pequeno aumento inicial durante o defeito e obtendo-se um valor
próximo de zero para o início da rampa de injeção de potência ativa. Nota-se um pequeno
aumento da corrente total durante o defeito, ficando muito abaixo do limite de 1.5 p.u para
ativação do relé de sobrecorrente.

0.2
It conversor (injeção total de reativo)

0.18

0.16

0.14
Corrente terminal do conversor (p.u)

0.18

0.12 0.16

0.14

0.1
Corrente terminal do conversor (p.u)

0.12

0.1
0.08
0.08

0.06 0.06

0.04

0.04
0.02

0
0.02 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9
Tempo (s)

0
0 1 2 3 4 5 6 7
Tempo (s)

Figura 6.5 – Corrente total do conversor

É importante observar, nesta condição, que as correntes ativas e reativas injetadas


obedecem os limites máximos de corrente do inversor, interligado à rede, mostrado na Figura
6.6 (RANGEL, 2006), que estão relacionadas à máxima capacidade de potência entregue pelo
inversor. Esta limitação, imposta pelo inversor, permite que a atuação da proteção de
sobrecorrente do conversor interligado à rede para este tipo de tecnologia, não seja crítica,
quando comparada a outras tecnologias como o DFIG, onde as elevações de corrente são
muito maiores.
57

Figura 6.6 – Limitação de corrente do inversor


As potências ativas e reativas, no ponto de acoplamento do parque eólico com a rede
elétrica, estão mostradas na Figura 6.7. Observa-se que, durante o defeito, a potência ativa
injetada pelo parque possui um valor próximo de zero, devido ao valor nulo de corrente ativa
de referência enviado ao conversor, apresentado no gráfico da Figura 6.4. A potência reativa,
contudo, é injetada conforme a estratégia de controle proposta. Notando-se que o valor
máximo não é alcançado devido ao consumo de reativo da barra de conexão do parque eólico
durante o defeito, o que reduz o valor líquido injetado. Após o defeito, a potência ativa retorna
em rampa ao valor nominal anterior a falta e a corrente reativa se torna nula, devido à
estratégia de fator de potência unitário na condição em regime do sistema elétrico.

0.16
Qt (injeção segundo curva de reativo)
Pt (injeção segundo curva de reativo)
0.14
Potências ativas e reativas terminais do conversor (p.u)

0.16

0.12
0.14
Potências ativas e reativas terminais do conversor (p.u)

0.12
0.1

0.1

0.08
0.08

0.06
0.06

0.04

0.04
0.02

0
0.02
0.9 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9
Tempo (s)

-0.02
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)

Figura 6.7 - Potências ativa e reativa no ponto de conexão


58

A tensão no capacitor do barramento CC está mostrada no gráfico da Figura 6.8, onde


nota-se uma oscilação de tensão no mesmo durante o defeito, devido ao desbalanceamento de
potência no barramento CC. Esta sobretensão pode resultar na atuação da proteção de
sobretensão no barramento, dependo do nível de tensão alcançado. Nesta simulação, a atuação
do conversor CC-CC limitou esta tensão a níveis satisfatórios, não exigindo a atuação da
proteção de sobretensão deste circuito.

1.12
Vcc (injeção segundo curva de reativo)

1.1 1.08

1.07

1.06
1.08
1.05
Tensão no link CC (p.u)
Tensão no link CC (p.u)

1.04

1.06
1.03

1.02

1.04 1.01

0.99
1.02
0.9 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9
Tempo (s)

0.98
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (s)

Figura 6.8 - Tensão no barramento CC

Caso b) curto-circuito trifásico de 200 ms aplicado em, t1 = 1s, na barra 6 .

A Figura 6.9 a seguir, mostra a tensão em p.u no ponto de conexão do transformador de


interligação do parque eólico à rede elétrica. Observa-se nesta figura a tensão próxima de 0.6
p.u para o caso de não injeção de reativo no sistema elétrico, enquanto que para o caso de
injeção da corrente reativa dentro da curva de injeção de corrente o valor encontra-se em 0.8
p.u.. Nesta simulação, foi considerado um atraso de 20 ms na injeção de reativo, sendo
definido na norma alemã como o tempo para o envio da informação e atuação do conversor.
Apesar da subtensão, obtida durante o defeito, situar-se acima da curva de suportabilidade as
subtensões do ONS para o caso de não injeção de reativos, não sendo autorizado, neste caso, o
desligamento do parque eólico, houve uma melhoria no nível de tensão no ponto de conexão
trabalhando com a de injeção de reativos conforme se observa no gráfico.
59

1.05

1 Vt do conversor (injeção zero de potência reativa)


Vt do conversor (curva de injeção de reativo)

0.95
Tensão terminal do conversor (p.u.)

0.9 1

0.95

0.85

Tensão terminal do conversor (p.u.)


0.9

0.8 0.85

0.8

0.75
0.75

0.7 0.7

0.65
1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2
0.65 Tempo (s)

0 1 2 3 4 5 6 7
Tempo (s)

Figura 6.9 - Gráfico de tensão nos terminais do conversor


As correntes de referência e correntes injetadas nos eixos q e d para o conversor interligado
à rede estão mostradas na Figura 6.10(a) e 6.10(b). De acordo com o controle, adotado no
Capítulo 5, a corrente no eixo d é responsável pelo controle da potência reativa enquanto que
a corrente no eixo q controla a potência ativa. Observa-se na Figura 6.10(a) que durante o
defeito a corrente de referência solicitada ao conversor para a situação de injeção de reativo
corresponde a -0.064 p.u, o que está de acordo com a equação curva de injeção de reativo
adotada uma vez que, a queda de tensão para o caso de injeção, foi de aproximadamente 0.8
p.u, causando em relação a tensão nominal de 1.0 p.u uma variação de 0.2 p.u. Desta forma, a
variação de injeção de reativos, que corresponde ao reativo antes da falta menos o reativo
durante a falta, deve ser então de 0.4 p.u segundo a curva. Multiplicando-se este valor pela
corrente nominal do conversor, antes da falta de 0.16 p.u, o valor de referência, obtido da
curva, foi de -0.064 p.u, conforme os resultados apresentados. A corrente no eixo q
corresponde a corrente ativa a ser injetada na rede, de acordo com o gráfico da Figura 6.6,
sendo fornecida também durante o defeito uma parcela de potência ativa conforme observado
no gráfico da Figura 6. 10 (b).
60

0.02
IDref (Ireativo) (curva de injeção de reativo)
Id (Ireativo) (curva de injeção de reativo)

0
Corrente terminal do conversor (p.u.)

-0.02
-0.01

-0.02

-0.04 -0.03

Corrente terminal do conversor (p.u.)


-0.04

-0.05

-0.06
-0.06

-0.07

-0.08
-0.08

-0.09

0.9 0.95 1 1.05 1.1 1.15 1.2 1.25 1.3


Tempo (s)

-0.1
0 1 2 3 4 5 6 7
Tempo (s)

(a)
0.18
IQref (Iativo) (curva de injeção de reativo)
Iq (Iativo) (curva de injeção de reativo)
0.16

0.14
0.16

0.12 0.14
Corrente terminal do conversor (p.u.)

0.12
0.1
Corrente terminal do conversor (p.u.)

0.1

0.08
0.08

0.06 0.06

0.04
0.04

0.02

0.02
0

0 0.95 1 1.05 1.1 1.15 1.2 1.25 1.3 1.35 1.4 1.45
Tempo (s)

-0.02
0 1 2 3 4 5 6 7
Tempo (s)

(b)
Figura 6.10 - Correntes (a) Id e (b) Iq de referência para o conversor

A corrente total de saída do conversor para esta situação de defeito é mostrada na Figura
6.11. Observa-se na mesma, o pequeno acréscimo da corrente total em p.u, o que é
insuficiente para a atuação de proteção de sobrecorrente. Após a eliminação do defeito, a
corrente aproxima-se de zero para seguir a rampa de potência até o valor nominal antes da
falta.
61

0.18
It do conversor (injeção zero de potência reativa)
It do conversor (curva de injeção de reativo)
0.16

0.14

0.16
Corrente terminal do conversor (p.u.)

0.12
0.14

0.12

Corrente terminal do conversor (p.u.)


0.1
0.1

0.08 0.08

0.06

0.06
0.04

0.02
0.04

1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7


Tempo (s)

0.02

0
0 1 2 3 4 5 6 7
Tempo (s)

Figura 6.11 – Correntes total do conversor interligado a rede


Os gráficos das potências ativas e reativas no ponto de acoplamento do parque eólico com
a rede elétrica estão mostrados respectivamente nas Figuras 6.12 (a), 6.12(b). Observa-se na
Figura 6.12 (a) que o conversor injeta, neste caso, potência ativa também durante o curto-
circuito, trabalhando dentro da curva de injeção de reativos e cresce após o defeito em uma
rampa de injeção de potência ativa até a referência nominal.
0.18

0.16
P do conversor (injeção zero de potência reativa)
P do conversor (curva de injeção de reativo)
0.14

0.16
Potências ativa de saida do conversor (p.u.)

0.12
0.14

0.1 0.12
Potências ativa de saida do conversor (p.u.)

0.1

0.08
0.08

0.06
0.06
0.04

0.04 0.02

0.02
0.9 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8
Tempo (s)

-0.02
0 1 2 3 4 5 6 7
Tempo (s)

(a)
62

0.06
Q do conversor (injeção zero de potência reativa)
Q do conversor (curva de injeção de reativo)

0.05 0.05

0.04
0.04

Potências reativa de saida do conversor (p.u.)

Potências reativa de saida do conversor (p.u.)


0.03

0.03

0.02

0.02
0.01

0.01 0

1 1.2 1.4 1.6 1.8 2


0 Tempo (s)

-0.01

-0.02
0 1 2 3 4 5 6 7
Tempo (s)

(b)
Figura 6.12 - Potência (a) ativa e (b) reativa das máquinas síncronas no ponto de conexão da rede

A injeção de potência ativa durante o defeito, permitida pela curva para subtensões acima
de 0.5 p.u e também pela capacidade de fornecimento de potência do inversor definidos
acima, provoca um aumento das margens de estabilidade transitória, contribuindo dessa
forma, para melhoria da segurança global do sistema elétrico, conforme se observa na Figura
6.13, com uma menor oscilação do ângulo de carga entre as máquinas convencionais 1 e 2.
Para subtensões abaixo de 0.5 p.u, será sacrificada a injeção de potência ativa, pelo conversor
interligado à rede elétrica devido a, nesta situação, o conversor ter que injetar 100% de
potência reativa no sistema. Alguns autores sugerem a adoção de um conversor de potência
40% maior a fim de obter também a injeção de potência ativa, na condição de 100% de
injeção de potência reativa.

-16
delta12 (injeção zero de potência reativa)
delta12 (curva de injeção de reativo)
-18

-20
diferença de âgulo de carga entre GS1 e GS2 (graus)

-22

-24

-26

-28

-30

-32

-34

-36
0 1 2 3 4 5 6 7
Tempo (s)

Figura 6.13 – Ângulo de carga da máquina síncrona


63

A tensão no capacitor do barramento CC nesta simulação está mostrada no gráfico da


Figura 6.14, onde observa-se o aumento brusco inicial para os casos de não injeção de
reativos comparado ao caso de injeção segundo a curva. Isto se explica pelo fato que durante a
não injeção de qualquer tipo de potência durante o defeito, o desbalanço de potência no
barramento CC torna-se mais acentuado, aumentando a quantidade de energia entregue ao
capacitor e consequentemente, elevando sua tensão. Esta sobretensão também é observada no
gráfico, durante o início da rampa de injeção de potencia ativa, pelos mesmos motivos
expostos acima. O conversor do barramento CC atua durante estes instantes e mantém a
tensão abaixo do valor de referência 1.1 p.u para a atuação da proteção de sobretensão do
barramento CC. Alguns autores como CONROY et al. (2008) e RANGEL et al. (2006)
propõe a utilização de um resistor de dissipação de potência do capacitor nestas condições que
pode ser ativado por uma chave eletrônica através de um controle do tipo histerese.

1.1
Vcc do conversor (injeção zero de potência reativa)
Vcc do conversor (curva de injeção de reativo)

1.08
1.08

1.07

1.06
1.06
Tensão no link CC (Volt)
Tensão no link CC (Volt)

1.05

1.04

1.04 1.03

1.02

1.01

1.02
1

0.95 1 1.05 1.1 1.15 1.2 1.25 1.3 1.35 1.4 1.45
Tempo (s)

0.98
0 1 2 3 4 5 6 7
Tempo (s)

Figura 6.14 - Potência (a) ativa e (b) reativa e (c) ângulo de carga das máquinas síncronas no ponto de
conexão da rede sem barramento infinito

6.4 CONCLUSÕES

Neste capítulo foi apresentada a avaliação de injeção de reativos pelos aerogeradores


síncronos durante afundamentos de tensão na rede elétrica. Na primeira simulação, foi
64

avaliada a ocorrência de um curto-circuito de elevada capacidade no sistema elétrico


proposto. Nesta situação, o nível de subtensão obtido no ponto de acoplamento do parque
eólico com a rede ficou abaixo do limite imposto pela curva do ONS, sendo permitido o
desligamento do parque pela operação do relé de subtensão. O resultado das simulações
mostrou uma grande instabilidade transitória das outras máquinas do sistema após a retirada
do parque, comprometendo a segurança global da rede analisada em questão. Na mesma
simulação, com o processo de injeção de reativos, proposto no trabalho, o nível de subtensão
no ponto de acoplamento ficou superior ao considerado pelo ONS, não sendo necessária a
retirada do parque eólico, aumentando a capacidade de sobrevivência a subtensões pelo
parque eólico e melhorando a estabilidade do sistema elétrico simulado.
Em uma segunda simulação, foi considerado um curto-circuito não tão severo quanto ao da
primeira. Nesta situação, sem a atuação do controle de reativos, o nível de tensão na barra de
geração eólica ficou acima do permitido pelo ONS não sendo necessária a retirada do parque
eólico. Mesmo assim, os resultados das simulações mostraram que, adotando-se o processo de
injeção de reativos nesta situação, houve uma melhora no nível de tensão do barramento de
geração eólica assim como na estabilidade transitória do sistema, a partir do critério de
injeção adotado.
65

7 CAPÍTULO 7

CONCLUSÕES

7.1 CONCLUSÕES GERAIS

Nesta tese foi avaliada a utilização de aeogeradores síncronos no suporte a injeção de


potência reativa no sistema elétrico interligado, durante afundamentos de tensão devido a
curto-circuitos, a partir de uma metodologia de injeção de corrente reativa já solicitada por
normas de interligação de parques eólicos na Europa.
Na rede elétrica do IEEE utilizada para as avaliações, observou-se nos resultados
apresentados que a adoção da estratégia de controle de potência reativa somente em regime
como solicitam alguns países, dentre eles o Brasil, prejudicam a capacidade do parque eólico
em sobreviver aos afundamentos de tensão na rede elétrica, podendo ser autorizado o
desligamento do mesmo piorando os índices de estabilidade transitória do sistema.
Apesar de o Brasil possuir um sistema elétrico forte interligado e a capacidade instalada
atual dos aerogeradores ainda alcançar índices reduzidos, comparados a outros países, existe
uma perspectiva próxima de crescimento deste tipo de geração no País, aumentando sua
penetração no sistema. Sabe-se ainda que os aerogeradores instalados no país normalmente
encontram-se em localidades onde a robustez do sistema elétrico é menor, com capacidade de
fornecimento de potência reativa comprometida, necessitando que tal procedimento de injeção
de reativos pelos parques eólicos seja executada para a melhoria da estabilidade do sistema
durante defeitos na rede elétrica.
Outro aspecto interessante, obtido nas avaliações dos resultados dos estudos de simulação,
foi à capacidade da máquina de fornecer também parcelas de potência ativa, para
afundamentos de tensão menores que 0.5 p.u., observando a não ultrapassagem dos limites de
produção de potência pelas máquinas eólicas, durante o defeito. Nestes tipos de
afundamentos, conforme as curvas de injeção adotadas, a injeção de corrente reativa pela
máquina não será de 100% da corrente nominal antes da falta, podendo ser injetado uma
parcela de corrente ativa durante o defeito. Os resultados mostraram que estas parcelas,
ajudam os geradores convencionais próximos a reduzir suas oscilações angulares, melhorando
66

os limites de estabilidade transitória do sistema, recuperando-se os mesmos mais rapidamente


após os afundamentos de tensão.
O item citado previamente é de fundamental importância uma vez que os parques eólicos
atendem a filosofia da Geração Distribuída, próxima a carga e normalmente em sistemas
eletricamente mais fracos, daí a importância da manutenção destas máquinas o maior tempo
possível, interligadas à rede elétrica, diferente da filosofia adotada atualmente. Com a
metodologia aqui proposta atende-se a este critério uma vez que a estabilidade transitória do
sistema é de certa forma ampliada, conforme apresentado no capítulo de resultados. Este
procedimento de controle do reativo nas máquinas eólicas atende também aos critérios de
qualidade (reduzindo a interrupção no fornecimento de energia), e de garantia de receita,
normalmente exigidos das concessionárias
O valor de sobretensão no barramento CC foi outro parâmetro elétrico que, a partir dos
resultados obtidos das simulações, merece uma análise interessante. Durante a não injeção de
qualquer tipo de potência pelo conversor interligado à rede durante o defeito no sistema
elétrico, observa-se um aumento brusco de tensão sobre o capacitor, mesmo com o controle
do conversor do barramento CC sendo atuado. Esta tensão pode desligar o parque eólico a
partir da atuação do relé de sobretensão deste barramento, representando a não injeção de
potência mais uma desvantagem para a máquina e o sistema.
É importante observar também que estas injeções de corrente reativa foram analisadas para
defeitos trifásicos no sistema elétrico. No caso de defeitos monofásicos, a injeção de reativos
nas fases que não foram atingidas pelo defeito podem provocar sobretensões elevadas nestas
fases, desligando o parque eólico pela proteção de sobretensão do conversor interligado à rede
elétrica.
Espera-se que com os resultados apresentados nesta tese, seja realizado pela comunidade
acadêmica e pelos órgãos regulamentadores do país, debates que possam melhorar o
desempenho de tais fontes de energia no sistema elétrico durante períodos transitórios, a partir
de novas solicitações de operação das referidas fontes dentro das normas de interligação de
parques eólicos no país.

7.2 PERSPECTIVA DE FUTUROS TRABALHOS

A presente tese fornece perspectivas de pesquisa e desenvolvimento de assuntos abordados


e temas relacionadas, que envolvam principalmente as diretrizes a seguir relacionadas:
67

 Desenvolvimento de estratégias de injeção de reativos durante afundamentos


monofásicos e bifásicos;
 Avaliação da estratégia de injeção de reativos para outra tecnologia de aerogerador
adotando-se as curvas de injeção de reativos descritas no trabalho, como exemplo o
DFIG, buscando visualizar as vantagens e dificuldades desta máquina para executar
tal função;
 A aplicação e desenvolvimento de nova técnicas de controle, como controladores
não-lineares e processos de otimização que permitam aumentar a robustez a
resposta dos aerogeradores perante situações de perturbação;

 Desenvolvimento de modelos que possam ser explorados em ferramentas de


simulação como, por exemplo, ATP (Alternative Transient Program), para estudos
que envolvam especificamente fenômenos de controle de potência ativa e reativa
durante defeitos em redes elétricas, que possam melhorar a qualidade do
fornecimento de energia elétrica à rede por parte deste tipo de máquina.
68

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75

1 ANEXO A

PARÂMETROS DO SISTEMA E DO PARQUE EÓLICO

O sistema é formado por uma rede elétrica, descrita na Figura 6.1 (secção 6.2 do Capítulo
6), composto por duas unidades síncronas Diesel de (2x17,5 MVA) e (75 MVA) além de um
parque eólico representado por uma aerogerador ASVV equivalente (8x2MW). Para as
unidades síncronas adotaram-se os parâmetros definidos nas Tabelas A.1 e A.2. Quanto aos
parâmetros da máquina ASVV estes são descritos na Tabela A.3. Os valores bases para o
sistema são 100 MVA e 13,8 kV (lado de alta da rede elétrica).
Para os parâmetros das Tabelas A.1 e A.2 têm-se os modelos da máquina primária e
reguladores de velocidade e tensão mostrados nas Figuras A.1, A.2 e A.3.

Figura A. 1 - Diagrama de bloco da Turbina Diesel (modelo simplificado).

Figura A. 2 – Diagrama de bloco do regulador de velocidade.


76

Figura A. 3 - Diagrama de bloco do sistema de excitação (IEEE tipo I).


Sistema síncrono nº 1 (Diesel):

Tabela A. 1 - Dados referentes à unidade síncrona Diesel Nº 01 ligada à rede elétrica*.


GERADOR SÍNCRONO Nº 01
Sn (MVA) Vn (kV) Rs (p.u.) Xd (p.u.) Xq (p.u.)
75,0 13,8 0,0031 1,0500 0,9800
Xd (p.u.) Xd (p.u.) Xq (p.u.) Xq (p.u.) Tdo (s)
0,1850 0,1300 0,3600 0,1300 6,1000
Tdo (s) Tqo (s)
0,0380 0,0990
MÁQUINA PRIMÁRIA (DIESEL)
Tp (s) HD (s)
1,0000 4,1900
REGULADOR DE VELOCIDADE
R (p.u.Hz/p.u.MW) KI Kg Tg (s)
(p.u.MW/p.u.Hz)
0,0500 30,0000 1,0000 0,0800
(p.u.MW/p.u.Hz)
REGULADOR DE TENSÃO (IEEE TIPO I)
KR TR (s) KA TA (s) KF
1,0000 0,0500 40,0 0,0500 0,0200
TF (s) KE TE (s) Emin (p.u.) Emax (p.u.)
0,92 0 0,65 -7 6
*Os valores em p.u. estão na base da máquina (Sb = 75 MVA e Vb = 13,8 kV)

Sistema síncrono nº 2 (Diesel):

Tabela A. 2 - Dados referentes à unidade síncrona Diesel Nº 02 ligada à rede elétrica.


PARÂMETROS DO GERADOR SÍNCRONO Nº 02
Sn (MVA) Vn (kV) Rs (p.u.) Xd (p.u.) Xq (p.u.)
2x17.5 13,8 0,0014 1,4 1,372
Xd (p.u.) Xd (p.u.) Xq (p.u.) Xq (p.u.) Tdo (s)
0,231 0,118 0,800 0,118 5,5
77

Tdo (s) Tqo (s)


0,050 0,190
PARÂMETROS DA MÁQUINA PRIMÁRIA (DIESEL)
Tp (s) HD (s)
1,0 4,19
PARÂMETROS DO REGULADOR DE VELOCIDADE (CONTROLE PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO)
R (p.u.Hz/p.u.MW) KI Kg Tg (s)
(p.u.MW/p.u.Hz)
0,05 30,00 1,00 0,08
(p.u.MW/p.u.Hz)
PARÂMETROS DO REGULADOR DE TENSÃO (IEEE TIPO I)
KR TR (s) KA TA (s) KF
1,0 0,05 40 0,05 0,02
TF (s) KE TE (s) Emin (p.u.) Emax (p.u.)
0,92 0 0,65 -7 6
* Os valores em p.u. estão na base da máquina (Sb = 35 MVA e Vb = 13,8 kV)

Parque Eólico:

Tabela A. 3 - Dados referentes ao aerogerador ASVV ligado na rede elétrica.


ASVV (PRINCIPAIS GRANDEZAS)
Potência Ativa Nominal – Pn 2 MW
Tensão Nominal – Vn 400 V
Tensão do Barramento CC – Vcc: 725,77 V
Condensador do Barramento CC – C: 10000 µF
Indutor do Chopper-boost – L: 10 mH
Tensão nominal do gerador elétrico – Vn 400 V

Parâmetros da Rede Elétrica:

Tabela A. 4 - Dados referentes ao aerogerador ASVV ligado na rede elétrica.

Barr b/2 Tap


Barra inicial r (p.u.) x (p.u.) Tap. Tapmin
a Final (p.u.) msx

1 4 0,1600 0,7400 0,007 - - -


1 6 0,2460 1,0360 0,0099 - - -
2 8 0,0 0,375 0,0 1,0 1,0 1,0
3 5 0,5640 1,2800 0,0 - - -
3 7 1,4460 2,1000 0,0 - - -
4 6 0,1940 0,8140 0,0076 - - -
4 7 0,0 0,2660 0,0 0,90 1,0 0,900
5 6 0,0 0,6000 0,0 90,97 1,0 0,900
7 8 0,2898 0,4156 0,0 6- - -
*Os parâmetros em p.u. estão na potência base de 100 MVA e tensão base de 13,8 kV.
78

Tabela A. 5 – Dados de carregamento da rede elétrica


79

2 ANEXO B

DIAGRAMA DE BLOCO DOS PRINCIPAIS OBJETOS


IMPLEMENTADOS EM SIMULINK

O presente anexo descreve os modelos de todo o sistema da rede teste, incluindo sistema
multimáquinas em conjunto com os principais elementos dinâmicos, tais como, unidades
síncronas, com as respectivas malhas de controle, e o parque eólico, foram implementados
utilizando-se da ferramenta computacional, Simulink/Matlab.
A Figura B.1 mostra os blocos principais da estrutura geral do modelo.

Rede Elétrica
Vq1 Iq1

Vd1
Id1
deltacv
Vqcv
0
vd Iqcv
|Vt|
vq Vdcv
Idcv
Vd1 Vd2
Modulo de tensão 1
Vq2

Iq2
Iq1 Vq1 Iq2 Vq2 vd
Vd2
|Vt|
Vqdcv _prim Vqcv
vq
E2d1 E2d2 Id2
modVt delta1
Modulo de tensão 2
E2q1 E2q2
deltacv Vqcv _prim
vd
Iqdcv Vdcv
|Vt|
Id1 delta1 Id2 delta2 vq
delta2
Vdcv _prim
Modulo de tensão 3
w1 ASCVV 2 w2

Gerador 1 Gerador 2

t
Clock To Workspace7

Figura B. 1- Unidades síncronas, ASVV e rede teste implementados em Simulink/Matlab.


Os principais blocos do modelo na Figura B.1 são nada mais que uma abstração dos
principais elementos presentes na rede teste, conforme mostra a Figura B.2.
80

Figura B. 2– Rede elétrica teste


Os dois sub-blocos “Gerador 1” e “Gerador 2”, em verde, representam os modelos das
unidades síncronas 1 e 2 conectados às barras 1 e 3 da rede elétrica. O sub-bloco “ASVV”, em
azul, representa o modelo do parque eólico com seus respectivos controles. Por ultimo, tem-se
o sub-bloco da rede elétrica, em laranja.
Expandindo-se cada sub-bloco, tem-se modelos mais detalhados de cada um destes, como
por exemplo as unidades síncronas, representadas pelos sub-blocos “Gerador 1” e “Gerador
2”. Modelos mais detalhados destes são mostrados na Figura B.3.

Id
|It|
Iq

Modulo de corrent 1 It1

Vd1 1
[Iq1]
1 Iq1 Vd1
Iq1 Vq1 2
IC2
Vq1
[Id1] TeG1
2 Id1 E2d1 3 D
Id1 E2d1
IC3 E2q1 4 Ds1
Efd01
Ef 1 E2q1
Te1 1 1 [delta01]
Vt Ef Manual Te 1/(2*Hs1) 2*pi*60 5
s dw s
Switch1 Modelo Eletrico delta1
Regulador Divide Integrator w0 Integrator1
1/2H IC
de Tensão 1
Tm01 1 6
Modulo de tensão 2 w1
vd
|Vt| w Tm Manual
vq Switch
Regulador
de Velocidade1
modVt1

Figura B. 3 - Sub-bloco das unidades síncronas


81

Na Figura B.3, observa-se o modelo eletromecânico do gerador com suas respectivas


malhas de controle. A subdivisão deste se dá entre as equações de balanço mecânico da
máquina e as equações elétricas desta, descritas no sub-bloco “Modelo Elétrico”, conforme
mostra a Figura B.4.

[Id] Ra1

From1 [Vd1]
1 Rs
1 Xq1 - X2q1 -1/T2q01 1
s
Iq1 E2d Vd1
Integrator
Xq - X2q -1/T2q0 [Iq] X2q1 IC2
[Iq]
From X2q
Goto

[Iq] Ra1

From2 Rs1 [Vq1]


1
2 X1d1 - X2d1 -1/T2d01 2
s
Id1 E2q Vq1
Integrator1
X1d - X2d -1/T2d0 IC4
[Id] [Id] X2d1

Goto1 From3
X2d

1 [E2d01]
Xd1 - X1d1 -1/T1d01 3
s
E1q E2d1
Integrator2 [E2d]
[Efd01] Xd - X1d -1/T1d0 IC3
3
Goto2
Ef1 [E2q01]
[E2d] 4
IC7
E2q1
From7 [E2q]
IC1
[Id] Product Goto3

From4
X2d1 - X2q1 5
[Iq] Te1
Product2
Ra
From5

[E2q]
Product1
From6

Figura B. 4 - Sub-bloco “Modelo Elétrico” das unidades síncronas.


Os sub-blocos representando as malhas de controle dos reguladores de tensão e
velocidade são descritos na Figura B.5 e B.6.

Vref1

modVt1
1 270 1
1 1
0.01s+1 Vr 0.1s+1 Va 1.98s+1 Ef d
Vt Ef
Retificador Amplificador Excitatriz Saturação2
(with initial outputs) (with initial outputs) (with initial outputs)

Estabilizador
(with initial outputs)

Vf 0.048s
0.95s+1

Figura B. 5 - Sub-bloco “Regulador de Tensão” das unidades síncronas.


82

1/Rm1
w0
Regulação
Primária1

1 1 1
1 Kim1 1
s Pc 0.08s+1 Dm 0.1s+1
w Tm
Ki Integrator Válvula piloto Turbina diesel Saturation1
(with initial outputs) (with initial outputs)

Figura B. 6 - Sub-bloco “Regulador de Velocidade” das unidades síncronas.


O parque eólico é modelado através do sub-bloco “ASCVV”, conforme mostra a Figura
B.7

vd
|Vtcv | Vtcv_prim
vq
To Workspace5
Modulo de tensão1 Malha de Controlo vd
Conversor C2 (rede) |Vtcv | Vtcv_sec
vq
1 Vqdcv _prim To Workspace4
Modulo de tensão
Vqdcv_prim
Vqcv 1
2 Iqdcv
Vqcv
Iqdcv
|Vtcv |
Iqref Iqref
Pg Pnom_gerador

Idref Idref
Qg Qnom_gerador
Vdcv 2
Vtg
Definição das Correntes Vdcv
de referência Vcc
Gerador Eléctrico
definido como
Iqdcv
uma fonte de tensão
Vcc Vcc
iq Vtg
To Workspace6
controle de Tensão CC
id (chopper-boost)

vq
Pcv

vd
Pcv
To Workspace2

Qcv

Qcv

To Workspace3

Figura B. 7 – Modelo SCVV


Por fim, atrelado às unidades geradoras, tem-se a rede elétrica, cuja representação é
descrita na Figura B.8.
83

1
Vq1
2 1
Vd1 Vqd
Iq1
3 2
Vqcv
Id1
Concatena Vetor [Iqcv_ini]
4 3
(tensões)
Vdcv Inv Matrix Iqd
Iqcv
delta1 Multiply [Idcv_ini]
5 IQD 4
delta2 T
Vq2
delta3 Idcv
6 t
5
Matriz T YNcc
Vd2 Clock Iq2
1 T1 Out
7 T1 YN Matrix 6
delta1 Matrix Multiply IQD
Tempo para a YN Id2
0.2 tcc Multiply VQD
8 ocorrencia do tcc
Curto-circuito T*Vqd YN*VQD
deltacv Duração
Zbus_cc [Vqcv_prim_ini]
do 7
9
Curto-Circuito
delta2 Matrix Vqcv_prim
Multiply
Zbus
[Vdcv_prim_ini]
8
zeros(10,1) Vdcv_prim

correntes injetadas Concatena Vetor Seletor


pelas barras de carga (correntes) Tensão
Barra 8
(primario trafo conversor)

Figura B. 8 – Modelo da rede elétrica

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