GR. A Beleza Da Ginastica Ritmica
GR. A Beleza Da Ginastica Ritmica
GR. A Beleza Da Ginastica Ritmica
LLoorreettaa M
Meelloo B
Beezzeerrrraa C
Caavvaallccaannttii
Natal, RN
2008
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1
Natal – RN
Março de 2008
2
Banca examinadora
___________________________________
Profa. Dra. Karenine de Oliveira Porpino (UFRN) - Orientadora
___________________________________
Profa. Dra. Elaine Melo de Brito Costa Lemos (UEPB)
___________________________________
Profa. Dra. Terezinha Petrucia da Nóbrega (UFRN)
___________________________________
Profa. Dra. Larissa Kelly de Oliveira Marques Tibúrcio (UFRN)
Suplente
Natal – RN
Março de 2008
3
AGRADECIMENTOS
Acredito que muitas dessas linhas foram inspiradas por relações e distâncias, casos e
momento tão importante: a gestação dupla, de um filho, Davi, e desta minha filha.
A toda minha família, todos aqueles com os quais mantenho laços de sangue
Aos meus dois amores: meu pequenino Davi e meu companheiro Alexsandro.
pelo carinho nas nossas conversas, por todas as sábias palavras que acalmavam meu
e desveladoras nos seminários de dissertação, sem seus olhares este trabalho não
Às amigas de infância, as irmãs que escolhi, por toda força, por me provarem,
carinho, abrigo, respeito, coisas do coração que jamais esquecerei: Aline e família,
professores quanto nos palcos. Agradeço também a amizade firmada com alguns
os professores e funcionários.
RESUMO
existência. Para indagá-la tomamos o discurso sobre poder de Foucault (1971, 1979,
1987, 1988, 1997, 2003) e sua relação com a produção de saberes. Com base nessa
papel preponderante. Sendo assim, a GR construiu sua beleza através dos tempos
resistência dos corpos: a produção de discursos. Por isso, pensando a beleza como
relação entre poderes e saberes implicados nessa regulamentação? Para tanto, temos
Também fizemos uso de imagens de ginastas como recurso analógico para ampliar o
o poder cria saberes e o corpo como suplantador, sempre criará novas formas de ser
pois mesmo na submissão é capaz de produzir saber, ser belo e criar novos sentidos
RÉSUMÉ
condition de son existence. Pour son analyse, nous avons eu recourt au discours sur
le pouvoir de Foucault (1971, 1979, 1987, 1988, 1997, 2003) et à sa relation avec la
production de savoirs. Basés sur cette compréhension, nous avons réfléchi sur les
des corps: la production de discours. C’est en pensant à une beauté comme ume
du corps dans la Gymanstique Rythmique que nous nous posons les questions :
sujet de la construction de la beauté ? Quelle est la relation entre les pouvoirs et les
savoirs impliqués dans cette réglementation ? Nous avons donc pour objectifs de
dans sa version 2005-2008. Nous avons également fait usage des images de
chapitre antérieur en prenant pour cible trois sujets : Pouvoirs et Savoirs, Technique
été et continue à être dessinée par des mécanismes de pouvoir-savoir tout au long de
public, parce que le pouvoir crée des savoirs et le corps, qui se dépasse, créera
réactualisant les règles est une réflexion importante pour l’éducation physique : elle
réaffirme que le corps n’est jamais seulement soumis, que même dans la soumission
il est capable de produir du savoir, d’ être beau et de créer de nouveaux sens pour la
Culture de Mouvements.
SUMÁRIO
Lista de imagens 12
Motivações e intenções 15
1 Introdução 19
2 A beleza regulamentada 31
LISTA DE IMAGENS
Imagem 4 – Ginasta russa Alina Kabaeva, série de bola, Gran prix de Moscou,
2006, p. 30.
Imagem 5, 6 e 7 – Ginasta brasileira Vera Miranda, série com arco, 1972. Ginasta
2005, p. 58.
2003, p. 85.
MOTIVAÇÕES E
INTENÇÕES
15
para mim, a Ginástica Rítmica (GR) exprime algo que determinou grande parcela de
minhas escolhas.
prática, nem precisava ter, ora era circo, ora era dança, ora era ginástica.
resumir tão bem todos os meus sonhos, todos os meus brinquedos? Parecia que ia
é que geraram pensamentos de busca por outras significações na GR, e vieram como
1
Nomenclatura da Ginástica Rítmica até a década de 1990.
16
diante das vivências nos mais diferentes setores da modalidade: ginasta na escola,
elementos para pensar o esporte na escola, orientada pela professora Dra Petrucia
estética na GR, bem como, suas implicações em âmbito escolar, partindo da análise
(CAVALCANTI, 2005).
para o ser humano que sente, quer sentir, atribui importância a esse sentir, e que
pode ser capaz de mirar criticamente o dilúvio de dados que chega a ele numa
Educação nos faz nadar contentemente contra uma maré de ressaca, nos faz sonhar,
mesmo não havendo uma semente efetivamente plantada, que se prepare a terra!
Para que, dali a alguns anos, esta possa estar fértil ao invés de desértica, revigorada
Mudas de uma Educação que assuma sua condição de ordem perceptiva, cuja
estudiosos da área, mas que neste estudo enfoca a análise da percepção da beleza na
GR, motivo pelo qual dedicamos esse trabalho, norteado para um acesso vivo ao
1INTRODUÇÃO
19
Educação Física, aos tempos e aos poucos desenhou seus próprios feitios.
conhecimento produzido pelo ser humano através dos tempos, a ginástica criou
galhos, folhas e floresceu. A prática ginástica criada no intuito de ser a mais bela das
mulheres, buscando enaltecer seus valores tidos como mais femininos, sua
portáteis, apanhados das brincadeiras de rua: corda, arco e bola, seguidos dos pares
preciso então refletirmos sobre a forma com que incidem-se essas relações de poder-
Tomamos algumas das reflexões sobre poder de Foucault (1971, 1979, 1987,
1988, 1997, 2003) e sua relação com a produção de saberes, pois acreditamos na
ideológico, que o poder não é dado em hierarquia, de cima para baixo, do detentor
para os detentos, pois todos somos ao mesmo tempo “vítimas” e “réus” das relações
sociedade, nas várias relações, pois quem se sujeita não é sempre submisso, produz
poder também. Ressalvamos que as observações sobre poder foucaultianas, não são
sociais, não sendo possível aferir com nitidez seus benefícios ou malefícios.
corporais, por sua vez, são as práticas sociais, históricas e datadas que são
corpos.
povo.
naturalidade com que ocorre sua inscrição nos corpos, pois quanto mais natural,
mais seus efeitos são imperceptíveis e maior é sua força do ponto de vista do
23
mecanismo de poder que o induziu (FRAGA, 2000). Tal fato abre a perspectiva para
concepções que norteiam nossos “gostos” e não nos damos conta disso. A GR, por
exemplo, é uma modalidade que nasceu para ser bela, beleza pré-concebida, e assim
segue seu dever. A beleza é uma condição, está posta, é “natural” à GR, mesmo que
de sua prática. E, imersa nessas relações de poder, cujo Código de Pontuação tem
papel preponderante, a GR, através dos tempos, legitimou a beleza como resultado
sempre mais.
Com base nas questões supracitadas temos como objetivos investigar a beleza
modalidade, refletir sobre as relações entre poderes e saberes na GR, tendo o corpo
como produto e produtor da beleza, bem como, discutir implicações dessas reflexões
questionar a sua constituição estética com fins de reflexões para a Educação Física é
algo recente para as produções que versam sobre essa manifestação. Buscamos, nas
formativos da mulher da época: Saur (1970), Peuker (1974 e 1976), Pallarés (1979).
“naturalmente”.
(1972), São Paulo (1980), Bizzochi e Guimarães (1985), Bott (1986), Róbeva (1981).
movimento, que por sua vez é belo, porque alcança um modelo pré-estabelecido, e
que é quantificado.
das obras de Gaio (1996) e de Pereira (1999). Todavia, com espectros evidentes do
Uma das mais importantes obras nacionais trata sobre o treinamento de alto
belo atrela-se a todo o processo de treinamento, ou seja, aos usos do corpo neste
quais todos os domínios (cognitivo, motor, afetivo etc) e preparações (física, técnica,
um trabalho árduo.
de ampliar as produções que versam sobre GR para além das abordagens que
de Porpino (2003, 2004) que em um dos seus artigos realça a estética através de uma
que podemos contribuir para fomentar reflexões dessa natureza não somente com
Com efeito, esta pesquisa dá continuidade a outras pesquisas que já têm como
contribui para uma reflexão sobre o corpo não apenas submisso, que não só
PERCURSO METODOLÓGICO
sua última versão referente ao período mais atual, o ciclo 2005 – 2008, o qual recebeu
década de 1970, quando a FIG publicou sua primeira versão. A segunda só foi
revisada em 1977, vigorando em 1978, e foi revisada mais uma vez em 1982. Em
1984, o esporte foi incluso nos Jogos Olímpicos de em Seul, dessa forma, a cada ciclo
27
olímpico (Llobet, 1996), as regras da Ginástica Rítmica são (re) visitadas na íntegra,
acometendo por vezes em mudanças estruturais tão abruptas que modificam não só
as equipes do mundo.
GR.
análise é ao mesmo tempo negar as transparências dos fatos sociais e afastar-se das
em:
28
partes do Código e intuir que seria possível praticar uma análise temática. O passo
utilização dos trechos. Para organizar essa análise, elaboramos fichas de conteúdo
do gesto técnico”. A partir desses eixos buscamos conduzir toda a análise sobre a
que a separação dos eixos ocorre apenas do ponto de vista didático, para facilitar e
(VIEIRA, 2005).
abarcasse não só o mais apariscente, mas tentando extrair significados expressos nos
(LEITE, 1998, p. 43). Assim, foi possível vislumbrar a materialização das regras e
2A BELEZA
REGULAMENTADA
31
Rítmica percorreu uma trilha norteada pela sua mais emblemática vertente: a
coercitiva dos corpos (FOUCAULT, 1979), pela retidão, pela higiene, pela harmonia
Com isso, temos uma ginástica que se pauta no modelo, mas se afirmou nas
categoria dessa beleza. Caráter ambíguo, como o poder expresso por Foucault
(1979), que ao mesmo tempo em que se exerce, cria mecanismos de fuga, cria um
contra-poder.
julgamento da GR, que é um ponto que especifica sua prática e garante sua beleza. O
Execução, avalia a qualidade com que a ginasta demonstra a sua composição, embora
2007).
pesos são iguais. Isso ocorre pela dificuldade que é apresentada em se julgar
gesto. Por isso, oito árbitros se preocupam com uma metade da nota, enquanto
Nos Torneios internacionais, deve haver um juiz superior que não participa
Isso mostra que mesmo o olhar direcionado de 13 pessoas atentas pode não dar
que devem ser prescritas numa ficha através de símbolos para que o árbitro possa
ginástico, através de uma sistematização própria. O olhar que julga, surge na escolha
corpo, o olhar que cobra e molda e o terceiro por uma infinidade de olhares,
apreciadores e julgadores.
que compreendia todos os espaços das cidades, do micro ao macro, das casas às
nicho onde o poder se torna presente e visível em toda parte “inventa novas
(FOUCAULT, 1979).
quadra após uma apresentação, a ginasta terá todo o mapeamento dos seus
evitando ao máximo que corpo e objeto, foco da série, estejam separados. O sentido
só (FIG, 2007).
exemplo, em que a música pode servir apenas como “pano de fundo” ou inexistir.
maior visibilidade da GR, inclusive nos meios de comunicação, com o passar dos
tempos.
Nas fotografias a seguir temos ginastas das décadas de 1970, 1990 e 2000. A
2001), a concepção pedagogicista tomava a Educação Física como algo útil e bom
para a sociedade, o que atribuía uma nova importância ao professor desta disciplina,
1994).
Tal contexto faz com que a Romero (1994) reporte-se ao Grupo Unido de
Ginastas (GUG), quando este divulgou a GR, até então GM, através de
GR, os quais implicaram na busca insistente das performances, pois era necessário
com arcos, e na seqüência a série da Seleção Brasileira de conjuntos nos Jogos Pan-
ser tomada como exemplo deste processo de reelaboração para o espetáculo, pois
38
cada uma dessas vertentes se expressa com especificidades próprias que se notam
encontram-se separadas.
individuais, tolera-se que a ginasta inicie e/ou possa ter momentos em que fique sem
aparelho, ou que uma ou mais ginastas portem mais de um aparelho, desde que
inúmeras vezes no texto do Código. E, mesmo que estes possam significar princípios
de trabalho coletivo, tais como apregoados no conjunto, alguns são proibidos, por
exemplo, carregar uma ginasta, caminhar sobre uma ou várias ginastas que são
esta modalidade, são parcialmente autorizadas, para realçar ainda mais o teor
velha lona do circo que ronda as cidades, e sim às perspectivas estéticas constituídas
difundindo pelo mundo com sucesso absoluto nestes últimos anos. Mas, a
dentro do sutil limite entre o grotesco e o sublime, pois brinca com o nosso medo e
limiar, quando lança-se ao ar, ao chão, à troca de eixos, dobra seu corpo, arremessa
utilização de aparelhos.
40
progresso dessa prática. É ainda mais bela a ginasta que consegue se diferenciar de
que são criados, também são elementos que permitem caracterizar suas
Ilona Peuker, retirado da página da internet que descreve sua trajetória. O texto se
tudo aquilo que é excessivo, exige que o exercício da ginasta contenha variações de
criativo, uma criação pautada em um fim pré-determinado. Não deve exceder gestos
inúteis à série, com esse pensamento podemos nos remeter ao princípio de utilidade
não é mais a mesma, não se pauta somente na potencialização das forças dos corpos
para fins de saúde, militares, de qualidade de vida etc., o corpo útil contemporâneo
serve para a melhoria dos desempenhos esportivos. Com efeito, a ginástica atual
42
utilitária.
primeiras, contido na diversão deveria ser abandonado, pois era necessário que se
outras práticas, porém a forma ginástica precisa ser resguardada. Por exemplo, um
precisa ter altura, forma definida e fixada durante o vôo, amplitude na forma (FIG,
2007).
43
técnicas que lhe são específicas. A ginasta deve saber dominá-las para que a
coreografia possa conter uma gama ampla de movimentações que ao mesmo tempo
não-técnicos com os aparelhos, porém essa situação deve ser passageira, pois cada
aparelho deve ser caracterizado segundo uma natureza técnica própria (FIG, 2007).
Numa série de fita4, por exemplo, o aparelho deve ser “desenhado” pela ginasta a
todo tempo, pois situações em que este aparelho permaneça parado ou enrolado por
bola, maças e corda têm seus movimentos específicos, os grupos técnicos, de acordo
das quais as coreografias devem sucumbir, sendo a criação da série refém do Grupo
Corporal Obrigatório. Nas séries com bola devem aparecer mais flexibilidades e
ondas, nas de corda os saltos, nas de maças os equilíbrios, nas de fita os pivots e nas
“Matrix”, a maneira com a qual a ginasta do centro segura todos os pares de maças
nos parece inusitada, dado que não é um novo manejo, portanto não recebe
contada, parte da união das cinco ginastas e de todas as relações possíveis entre elas
julgamento das séries e uma nova perspectiva para a beleza destas, que não está
somente nas proezas que uma ginasta é capaz de realizar com o seu aparelho, mas
dependente do papel de cada uma que expressa um todo, ou seja, maneiras novas
de uso de cinco corpos e cinco aparelhos nos conjuntos. Corpos e aparelhos que se
projetam nos espaços do tablado competitivo e criam uma matriz do belo que
a seguir.
46
A imagem anterior nos alerta para o fato de que não é mais a performance de
um só corpo que impressiona, pois pouco importa qual a ginasta que eleva mais a
perna. A figura que se forma com a variação das alturas das pernas das cinco
séries de conjunto instituem uma beleza que difere das composições individuais.
A beleza de uma série de Conjunto é dada, sobretudo, pela maneira com que
as ginastas elaboram o trabalho coletivo, além do virtuosismo que cada ginasta deve
grupos, coral etc. e as colaborações são as ações que só são possíveis pelo empenho
de cada ginasta: passar por dentro dos aparelhos de outras ginastas passar por cima
(FIG, 2007).
elementos que fujam dos manejos característicos dos aparelhos e das características
especificidades que se recriam a todo tempo através dos saberes produzidos pelos
por Foucault (1987). Ainda que nesta oportunidade o autor foque suas reflexões para
o contexto das práticas punitivas em Vigiar e Punir, ele deixa claro que,
penais, tais como escolas, hospitais, quartéis, pois coligavam entre si as relações de
penalidade do século XIX, retratada pela interrogação das idéias morais, pela
história da moral. “O corpo não precisa mais ser marcado; deve ser adestrado,
formado e reformado; seu tempo deve ser medido e plenamente utilizado; suas
Além da história dos corpos, alia-se a história das relações entre os corpos e o
poder político, controle, sujeição, poder direto ou indireto. Cria-se uma nova ótica,
o tablado - são vetados desde as sessões diárias. Em uma quadra de treino é possível
(FOUCAULT, 1987), com lugares isolados e utilitários, ou seja, local para as aulas de
Ballet, local para o treino de flexibilidade, local para treinamento de força etc. O
de 13 x13 metros, e não extrapola esses limites. Nas competições ocorre o mesmo,
sendo que desta vez o corpo já adestrado não se permite passar do quadrado, a não
ser por um erro imprevisto. Corpo e o aparelho não devem, sob nenhuma hipótese,
entanto, essa caracterização espacial precisa ser nítida. Por exemplo, em uma reta
formada pelas ginastas deve ser resguardada a forma exata de uma reta com
definidas.
50
.
Imagem 16 - Figura em V.
ginastas em competição, portanto estas não podem se atrasar nem se adiantar, nem
horários precisam ser respeitados a todo o tempo pois na ginástica existe tempo e
local para tudo. E, para que não ocorra veiculação do exercício antes do momento
minutos e meio da série de conjunto, a entrada no tablado competitivo não pode ser
seu julgamento, tais como suas condutas ou de sua equipe fora do tablado. Por
exemplo, as ginastas numa prova de conjunto não devem se comunicar entre si, nem
com a técnica, nem com os membros da arbitragem durante o exercício (FIG, 2007).
treinamento e para além deste. A vida da ginasta é um ciclo rotineiro regrado pelo
tempo, que é controlado para garantir a qualidade da sua profissão, e inclui treino,
alimentação, sono, estudos e tempo livre. Este último serve para realizar todas as
família etc. Porém, mesmo no tempo livre não é permitido se exceder, a fim de que o
corpo esteja pronto para produzir bem nos momentos “úteis” da vida da ginasta.
de perceber e aceitar o próprio corpo” (PORPINO, 2004, p. 129). É o que reflete esta
realizado” (PORPINO, 2004, p. 128). A ginasta “abandona” sua vida para garantir
sua (re) significação por meio da dor, do uso de um corpo constantemente utilitário
Sobre o tempo útil, Foucault (1987, p. 129), ilustra o controle do tempo dos
deve ser também um tempo sem impureza nem defeito, um tempo de boa
qualidade, e durante todo o seu transcurso, o corpo deve ficar aplicado a seu
exercício”.
outro recebe uma interpelação determinada pelo corpo e pela métrica musical, que
Quanto mais se fraciona o tempo, mais é possível extrair mais tarefas dele.
imobilização completa para que se possa enxergar a duração exata do exercício (FIG,
dois minutos e trinta segundos, tempo máximo regulamentado para que uma
vezes a série sem erros, que pode ter uma duração de quinze minutos ou de várias
53
horas. Isso só vai depender do aperfeiçoamento dos gestos. Essa é uma fase do
treinamento em que infere-se que a ginasta, já adequada àqueles gestos, seja capaz
repetições dos exercícios de conjunto descritos por Porpino (2004), do vídeo que
coreografia. Por exemplo, a ginasta que perde um aparelho e sai correndo, ou que
demora mais num determinado Elemento Corporal perde várias vezes o ritmo da
54
determinado pelo tempo de música, qualquer imprevisto pode levar ao erro (FIG,
2007).
coreografia de Ginástica Rítmica, pois, após marcar cada batida da música com
extremamente lenta, que empreende longos doze segundos da sua coreografia, que
seguir.
determinados. Saltar, em Ginástica Rítmica é mais que uma explosão de força dos
membros inferiores, tal ação não se basta, porque todo o corpo precisa estar belo
pódio.
contemporânea terem se originado de uma prática que teve suporte nos movimentos
pedagógicas. Pressupomos com isso que as transcendências dos gestos dos corpos
rendimento esportivo.
57
naturais dos movimentos chamados “orgânicos”, nem se referem aos seus aspectos
culturais.
estes eram considerados inatos e precisavam ser trabalhados para fins utilitários
Moderna em nosso país. Ilustramos essas evidências com uma imagem do GUG
após a esportivização, critério de julgamento, que por sua vez é firmado pelo Código
A ginasta obedece a sua tarefa de ser bela, ajustada às formas requeridas pelo
Código. Mas, a beleza do gesto não se basta, este precisa parecer fácil, perfeito, sem
necessidade de retoque. A beleza envolve todo o corpo, dos cabelos às pontas dos
pés, é preciso que tudo esteja envolto harmonicamente, que cada segmento
que pressuponha o imprevisto, que não se enquadre nos padrões exatos, portanto,
devem ser penalizados a cada vez que ocorram, para que as notas de Execução da
ginasta que menos erre sejam as mais altas. O olhar do árbitro que observa este
parâmetro precisa ser minucioso e calculista para julgar a mínima falha, perceptível
ou imperceptível aos olhos do espectador comum, pois nesse esporte de alto nível, o
que diferencia a Execução de uma ginasta para outra é a minúcia, pois quanto mais
reformulados.
condenados pelo Código de Pontuação. Por exemplo, para que uma ginasta possa
executar um pivot, giro de 360 graus ou mais na meia-ponta7 de um dos pés, com
uma das pernas sem contato com o solo, exige-se o mesmo tônus do corpo vertical
de uma bailarina que executa uma pirueta, movimento do Ballet análogo ao pivot.
que na GR o Código classifica como pivot sem forma definida e fixada. Na imagem
ginastas ao longo da trajetória da GR, bem como, a postura exigida para a ginasta
suscitados por outras danças não foram completamente extintos. Numa série de GR
8“a dança moderna reflete o contexto histórico que a gerou: a de um mundo governado por
máquinas, no qual o ser humano se debate em busca de novas relações consigo mesmo e
com a sociedade” (PORTINARI, 1989, p. 133).
62
dos Grupos Fundamentais: as ondas e as flexibilidades, que por sua vez, são os
movimentos mais exigidos para as séries com bola, como na imagem a seguir.
A partir dessas evidências, refletimos que o gesto técnico da GR, tal qual
evidenciado pelas ginastas que seguem o Código, parecem ser fruto de uma hibridez
técnico do gesto, bem como sua especificidade que caracteriza a executante como
Código. Essa separação ocorre apenas nas divisões da banca de árbitros, pois
movimentos.
diferenciar bem a execução de uma atleta que perde o aparelho de outra que não o
perde.
Ainda que a ginasta recupere seu aparelho, este deve ter um tempo certo de
ação de vôo que não permita que esta dê um passo sequer para a sua recuperação.
sobre ele mesmo, e dessa forma obtendo os resultados requeridos e, por último, o
dessas habilidades ser considerado belo. Com isso, observamos que a regulação dos
beleza do movimento.
alcançar performances, ou para exprimir esse controle pode fazer uso de outros
Ginástica Rítmica seria fátuo pensar apenas nos aparelhos portáteis, pois eles já
desempenho desejado.
também assinalam um Grupo Corporal Obrigatório. Dessa forma, cada série tem um
executar bem todos os grupos corporais dessa modalidade, para ser exímia nas séries
flexibilidades e ondas) de forma geral, são aqueles que contam pontos num exercício
de GR, são os movimentos mais codificados, mais exatos, mais padronizados. Caso
65
série.
Técnicos dos aparelhos, uma vez que o domínio do corpo confunde-se com o domínio
de implementos. Para tanto, os gestos da série têm um ritmo, uma forma, um tempo,
treinados.
ação motora da ginasta, penalizá-la por faltas do corpo e dos aparelhos. Portanto, é
do aparelho na hora do exercício. Além disso, o árbitro, com seu olhar clínico, pesa,
a cada segundo, a forma adequada do corpo para cada ação, sendo possível
penalizar a ginasta por várias falhas ao mesmo tempo. Por exemplo, uma mínima
falha com o aparelho ou com um segmento corporal deve ser notada pelo árbitro de
corpo, expressas por uma mínima imprecisão do eixo corporal, até o desequilíbrio
total finalizado pela queda (FIG, 2007). Essas faltas podem ser minimizadas através
se envolvem na ação.
66
acrobacias e giros são de suma importância. Para esses elementos específicos são
geral, pois as ações de saltar, girar e girar através do eixo vertical (elementos
e após esses movimentos são mais passíveis de erros visíveis pelo público não
A ginasta búlgara Teodora Alexandrova marcou época na GR, por chegar aos
giros com alto grau de dinamismo, fatores que sanavam suas possíveis limitações.
quatro seqüências de pivots, uma com duas voltas completas, outra com cinco, outra
com seis voltas e a última com dez giros completos. No Código atual isso não seria
Com essa tática, Teodora sempre utilizou na série seus melhores movimentos,
O erro apariscente, causado tanto por uma série composta por movimentos
perde pontos por errar, perde por deixar de ganhar. Enquanto um árbitro penaliza a
ginasta por uma eventual queda, o outro desconsidera um elemento corporal não
executado por causa da queda, nesse caso, a ginasta perde pela qualidade e
quantidade.
podem ser utilizados numa série, a qual deve conter até 18 que contam pontos: as
com que aparecem na série são fundamentais para a performance da ginasta e para o
68
A ordem dos elementos de uma série de GR devem ser descritos numa ficha
ginástico. Deve ser respeitada a sucessão dos movimentos e suas formas (FIG, 2007),
Uma série de GR não permite improviso que não seja ocasionado pelo erro. O bom
quando a ginasta perde o aparelho, por exemplo, as decisões precisam ser tomadas
rapidamente para que os árbitros e o público fiquem com a sensação de que nada
aparecem na série, sendo as pequenas falhas a cada vez, e as grandes falhas a cada
vez e somadas a cada ginasta (FIG, 2007). Complementar a essas falhas são as falhas
mesmo que o erro não seja uma falta técnica. Por exemplo, a altura aceitável de uma
perna em determinado exercício: se uma ginasta mais flexível eleva ainda mais essa
grupos corporais. Caso uma ou mais delas não atenda os critérios necessários para
expressar a dificuldade tal qual o Código anuncia, esta será invalidada para todo o
individual também é tido como erro coletivo. Ou seja, todas as ginastas comemoram
habilidade com ambas as mãos, aguçando ainda mais a sua técnica. Neste caso, é
ambidestras.
expressão do movimento que vá além dos seus ditames, porém a ginasta o subverte.
sempre capaz de produzir saber a partir das relações de poder, neste caso, não um
saber que suplante às performances, mas um saber que as transcenda, um saber que
3O CORPO BELO
TRANSCENDE A REGRA
72
exceder, ir além. Tal conceito nos leva a intuir que as transcendências alcançadas
meio das escrituras do corpo e dos saberes produzidos por este. Um caos ordenado,
adequada para expressar essa condição do corpo da ginasta. Conforme tal autor,
durante a época clássica, a partir da segunda metade do século XVIII, o corpo foi
Não seria a primeira vez que o corpo era alvo de investimentos, no entanto, em tal
73
oportunidade, o corpo foi controlado por um poder invisível, detalhado, sem folga,
Essa regulação, por sua vez, não era idêntica aos sexos. Para os meninos era
para superar os obstáculos impostos pela maternidade, mas sem perder o ‘encanto’
feminino: ser forte em sua ‘missão’, mas, ao mesmo tempo, graciosa em seus gestos”
nasceu no início do século XX, envolvida tanto pelos alinhamentos corporais, quanto
representação da mulher: o sexo belo. Isso se torna evidente nos regulamentos, que
se referem sempre a uma ginasta, nunca a um ginasta, pois, a GR prevalece até hoje
Foucault (1987) nos esclarece que as estruturas de poder balizaram toda a formação
aspectos que definem a beleza da GR, como visto no capítulo anterior. Desse modo,
tempos.
acordo com Foucault (1997), livrar-nos desta crença, porque o sujeito seria
constituído pela trama histórica. Ou seja, vale focar uma análise histórica que possa,
sem ter de se referir a um sujeito, dar conta das constituições dos saberes, dos
pela técnica que se funda na criação subjetiva. Dessa forma, o mesmo leque aberto
discursos dos corpos das ginastas são permeados por relações de poder, as quais
belo, que conduziram ao desejo do próprio corpo por uma cautela obstinada,
das ginastas, resistências que por vezes são vencidas, e por vezes são resignificadas,
instituindo novas formas de saber. As ginastas das próximas fotos, por exemplo,
saltar que extrapola bastante os 180 graus de angulação das pernas requeridos pelo
Código de Pontuação.
Vale ressaltar, tal como reflete Foucault (1979), que a resistência não resulta
aceitar somente a negação. O que faz com que o poder seja aceito é sua
considerá-lo como uma rede produtiva que atravessa todo o corpo social muito mais
do que uma instância negativa que tem por função reprimir” (FOUCAULT, 1979,
que não só reprime, mas que produz o corpo belo da ginasta, possibilita a
justificativas prazerosas que fazem com que praticantes destinem grande parte de
ascendência da vida profissional, mas a um aspecto maior que faz até um atleta
amador se doar completamente àquela causa: o esporte, o desafio. Sobre essa relação
prazer-poder Foucault (1988, p. 48) reflete: “Prazer e poder não se anulam; não se
mudanças nas regras desde a versão publicada no Brasil em 1978 pela Confederação
deslocamento, que são formas de poder, são essenciais para a formação de saberes.
forma, compreendemos que da versão de 1978 à versão de 2005 – 2008 dos Códigos
passava de 53 e que na última passa das 132 sem contar os anexos e erratas
conhecimento preexistente.
(FOUCAULT, 1971). Esses mecanismos, intitulados por Foucault (2003) como poder,
verdade.
discursos ao longo dos tempos, dos quais, elegemos os que consideramos os mais
(2003) pelos usos do corpo das sociedades. A leitura dessas técnicas torna possível
uma análise estética a partir da historicidade, pois são adequadas aos contextos das
análise permissiva pela via da historicidade que remete às técnicas, e pelas técnicas
modas, os prestígios” (MAUSS, 2003, p. 404). Ler os gestos na ginástica, assim como
protegidos por sua insignificância mesma são testemunhos geralmente melhores que
culturas. A análise dos gestos poderia, então, ser um patrimônio comum e acessível
à humanidade.
80
Europa. Tal fato forneceu à região propriedades pioneiras dos gestos mais
da GR.
A escola russa exibia uma forma de trabalho toda fundamentada pelo Ballet
Clássico, familiar às suas tradições, o que imprimia aos movimentos uma grande
acrobacias, a Coréia que foi vetada por esboçar uma ginástica mais acrobática
(LLOBET, 1996).
Nas palavras do filósofo: “Enquanto os clássicos eram eles próprios sem que o
análise através das pinturas, refere-se às diferenciações das artes clássica e moderna
uma época.
82
2004).
artísticos suscitados pelo filósofo Merleau-Ponty (2002), que tão bem conceitua o
movimento, que constitui sua atmosfera pelas suas formas, aparências, oscilações no
inerente à GR, ao mesmo tempo em que não pode se desviar da técnica pode criar e
transformados, o que por sua vez caracterizaram a constituição da própria GR. Esse
e fundadora de um estilo inventivo e inédito que fez história, Róbeva (1981), nos
esclarece que cada ginasta tem seu estilo próprio, e que as músicas, as coreografias,
Rússia e Bulgária carimbaram suas marcas nos anos 80 e 90, mas após a
redesenhou.
clássico ucraniano, o estilo circense russo etc. Tomaremos os dois últimos para
e ritmo marcado conforme a música. Bessonova parece ter saído dos palcos dos
grandes balés de repertório, é uma ginasta bailarina que impressiona pela sua
precisão e pela bela história que conta durante a série pelos movimentos do seu
corpo.
Imagem 33 - O cisne.
Outra ginasta que destacamos é a russa Alina Kabaeva. Seus movimentos são
corporal, tanto que isso lhe rendeu um mundo de críticas ao estilo considerado
movimentos de pernas e tronco, sua potência para saltos a eleva a alturas e ângulos
Imagem 34 - A circense.
por mecanismos sociais construídos culturalmente. Isso não impede, ao nosso ver,
surpresa, além dos prescritos pelo Código, para transcender a normatização, para
outros que sofreram rupturas. Discursos provenientes da arte, desde suas origens,
objetivava o belo, pelo corte dos excessos, pela medida. Discursos provenientes da
se preocupava com a visibilidade das doenças, “ver para crer” (FOUCAULT, 2001),
sobre o corpo, para conhecê-lo mais. Discursos sobre a condição natural da mulher:
espaço regulado e de características fechadas. O corpo sempre nos diz algo, desafio
mundo, corpos que tudo podem, e também possível para corpos menos agraciados
transcendência acaba por ser uma condição da prática dessa modalidade, é preciso
é uma modalidade que propõe diversas facetas que extrapolam as fechadas formas
transformando, seja pela transcendência, seja pela retomada das idéias que a
constituíram.
Moderna, por exemplo), desse modo, pensamos sobre o que fez com que esta viesse
dionisíacas: Dionísio, deus do vinho, que desafia o belo posto pela representação de
Apolo através das emoções, da embriaguez dos sentidos. Dionísio é suscitado por
suas danças, em seu rompimento com as “rígidas convenções de uma época em que
a dança teatral era apreciada pelo seu virtuosismo técnico (...) Fez da dança o êxtase
2).
Para além dessa concepção objetivista clássica, já desafiada pelo duplo caráter
Nesta perspectiva, o olhar é voltado para o sujeito, exclusivamente para o seu gosto
próprio. Porém, alicerçamos nossos pensamentos acreditando que beleza não está
De acordo com Dufrenne (2004), o belo não pode ser considerado somente
como uma idéia ou um modelo, é a singularidade de certos objetos que nos são
Pontuação nos traz essa compreensão. Porém, refletimos que a beleza pode ser
pensada também como experiência do ser no mundo, pois, a partir desta o indivíduo
edificado. Isso se comprovou nos resultados da nossa análise, quando vimos que o
qualificável. Pensamos que a GR tomada desta forma, além de canalizar por demais
O que por sua vez, não se traduz como uma visão distorcida, considerando os
imobilidade desses padrões quando a tomamos para outros contextos, quando não
91
exemplo, deixa de ser criação e passa a ter normatizações próprias para que possa se
Cada vez que se atingem índices extraordinários, estes são tomados como
mais formidáveis proezas em uma olimpíada, dali a quatro anos todas as outras
comunicação gestual própria, que esculpe sua identidade através dos textos dos seus
ressalta como “todo quadro de referência corporal que compõe determinada pessoa”
Embora a GR, como visto no decorrer das análises, exiba seus contornos
seu patamar mais expressivo: o esporte de alto rendimento. É preciso lembrar que
à GR, constitui-se como a possibilidade mais forte de idealizá-la, mas que não é a
pode significar uma atitude não inclusiva que define e valoriza padrões de gosto e
vivência sensível em que todo o indivíduo encontra-se engajado com sua história,
vertente olímpica da GR para pensá-la como experiência do vivido, uma vez que, ao
perfeita para se ancorar no nosso mundo sensível. Retomamos aqui uma concepção
1999, p.165).
imanência entre sujeito e objeto” (PORPINO, 2003 p. 145). Dessa forma, o olhar do
nossa cultura. Desta forma, é possível intuir que a GR pode contribuir para
nessa manifestação.
culturas, como definir padrões iguais para sociedades diferentes? Não estamos aqui
94
criação desses padrões, para pensar nessa racionalização do sensível. Pois, sendo a
pelo resto do mundo com identidades variadas para que essa universalização
torneadas, mas pouco protestadas, é, a priori, um desafio. Porém, esse diálogo crítico
materialização das relações de poder que adequam os corpos, mas que foram
possível perceber também que essa beleza é conquistada cada vez mais a partir da
técnica criada através dos tempos que é pormenorizada pela capacidade das
próprias ginastas.
Mais uma vez citamos Foucault (2003, p. 25), quando este parece nos dizer da
Mas, como lançar um olhar crítico ao padrão a partir do próprio padrão? Para
menos perceptível for a incidência do poder mais encarnado ele estará. Educar o
olhar é enxergar onde não se explicitam evidências, para que não tomemos uma
aspecto e não tomar as práticas de alta performance como modelo único, sem
na escola. É certo que já existe uma adequação, porém, esta não tem sido eficiente na
do nosso país.
todo o corpo, como visto em nossas análises. Destacamos aqui, a compreensão das
aprendizagem limitada.
inexistente, pois mesmo que uma dança seja extremamente codificada, numa
exemplo do maracatu, forró e frevo numa série de GR, como na série de maças
2000.
aos educandos e uso de outras linguagens de movimento que possam dialogar com
Ginástica Rítmica.
compreender que não há alunos tipo “páginas vazias”. Muitas vezes os vídeos de
sons e formas nos fazem conhecer um pouco mais sobre as linguagens pelas quais a
GR opera. Por outro lado, a decodificação dos movimentos tanto pode abrir margem
para a mais sutil leitura dos gestos quanto para a análise do julgamento da
modalidade.
contexto determinado, pois, a maneira com que uma turma de Educação Física
escolar, ou uma equipe de GR, ou escolinha de GR, ou até mesmo uma turma da
muito divergente, e essa diversidade se ramificará ainda mais entre cada uma das
pessoas.
mesmo tempo em que busca consolidar os cuidados com um corpo físico, biológico,
99
momento em que as práticas corporais puderem ser tomadas pelas suas nuances
mais ricas, como a vivência crítica dos seus mais diversificados conteúdos, as
Nóbrega (2000) nos aponta a ação motora do ser humano como linguagem
p. 76). A abordagem do sentido estético dessa autora nos reporta a algo mais
mais perceptivo, uma ação corporal que solicita os sentidos e que diz respeito à ação
motora.
criação do novo na GR, pois, para garantir uma composição que fosse original e que
singulares com seus corpos e aparelhos, sendo essas façanhas buscadas por elas
mesmas. Naquela época, década de 1980, isso ainda seria válido porque a
arbitragem - fazendo com que a tarefa das técnicas esteja muito além de nuances
simplesmente porque são os mais belos executados pela ginasta, é necessário que
matemática.
ainda mais difícil. Por exemplo, eleger os melhores, mais belos e mais valiosos
como uma tarefa árdua, imagine ter que arrancar movimentos que somem pontos
fornecer brinquedos para crianças e pedi-las para fazer qualquer coisa. Acreditamos
disciplina de GR, quando solicitamos aos alunos a criação de uma série de conjunto
coincidiam com os conteúdos trabalhados nas aulas até então. Dessa forma,
Além de todos os grupos terem contemplado as exigências apontadas por nós, eles
composições não-competitivas10.
perspectiva da criação.
reconhecer a manifestação no alto nível sim, pois é lá onde se guarda a mais pura
10
Os momentos mais significativos da minha trajetória como professora de Ginástica
Rítmica na escola, foram a criação de apresentações de grandes grupos, com a participação
de todas as meninas que praticavam GR. Partíamos de um tema, e a partir dele
desenvolvíamos uma estória. Mesclávamos os aparelhos oficiais a aparelhos construídos por
nós. Eram nesses momentos que a participação de todas se efetivava, cada ginasta tinha um
papel muito importante na coreografia, mesmo as menos agraciadas com flexibilidade,
graça, magreza, protótipos típicos da GR. Meninas com deficiência auditiva também
participaram das apresentações.
102
4CONSIDERAÇÕES
FINAIS
103
tempos.
impõe e se inscreve nos corpos das ginastas, que por sua vez, também exercem
demasiadamente precisos. São as vias do poder produzido pelos corpos das ginastas
Todavia, o poder que incide e é representado pelos corpos das ginastas não se
silêncio das linhas e das entrelinhas, dessa forma, as relações de poder estão
espaços afunilam uma técnica pautada nas minúcias e na utilidade, ou seja, tempo e
disciplinar.
ocorrem através de uma hibridação de técnicas que especificam gestos pautados nas
apresentação de Ginástica Rítmica, isso porque a beleza não é apenas qualidade que
poder cria saberes e o corpo como extrapolador sempre criará novas formas de ser
belo. Isso implica dizer que, mesmo regrada, a ginasta pode criar, ser original e bela
pode conviver com essas regulamentações, pois o corpo nunca é somente submisso.
aprender com o corpo que recria, subverte, faz diferente, é original apesar da regra.
Portanto, é preciso lidar com o determinado e com ele produzir outros saberes.
corpo arranca frutos que transcendem essa incidência, dessa forma, saberes são
Rítmica no nosso caso, para a Educação Física, ocorram a partir dessa linha de
produzir. A perfeição é uma qualidade requerida, mas não é condição para a prática
proposta por este trabalho, qualquer um, numa intervenção pedagógica, possa
de exemplificar o fenômeno da beleza, não de abarcar sua totalidade, pois isto seria
problematização da GR possa alavancar este ideal. Que por este viés estes
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GLOSSÁRIO
(FIG, 2007).
colaborações entre ginastas. Essas bonificações são descritas previamente ema fichas
por um tempo prolongado, tiver uma forma definida, fixada e ampla e for
e do Artístico.
115
seu sucessor.
da Ginástica Rítmica.
cada um dos aparelhos oficiais. Nas séries de corda devem aparecer mais saltos, nas
de bola, flexibilidades e ondas, nas de maças, equilíbrios, nas de fita, pivots, e nas de
arco devem aparecer todos esses grupos de forma equilibrada (FIG, 2007).
aparelho. Por exemplo, nos exercícios com bola a ginasta deve executar quicadas,
ANEXOS
LEGENDA:
As especificidades da GR
Os usos do tempo e espaço
A configuração do gesto técnico
PARTE 1 -
GENERALIDA
DES
Subtítulos Unidades de registro temático Núcleos de sentido
Títulos
1. Concursos y 1.3 – Programa para “La duración de cada ejercicio es de 1’15’’ a A duração total da seqüência de
programa las gimnastas 1’30’’.” movimentos não deve ser
individuales. extrapolar nem não atingir a
margem de tempo regulamentar.
1.4 – Programa para “La duración de cada ejercicio es de 2’15’’ a Antes e após a duração
los conjuntos 2’30’’.” regulamentar, o corpo da ginasta
deve apresentar imobilização
completa para que se possa
enxergar a duração exata do
exercício.
1.5 – Cronometraje “El cronômetro es activado com la puesta Nesses segundos a ginasta ou
em moviemento de la gimnasta o la primera conjunto devem manifestar o
ginmnasta del conjunto y parado com la melhor de suas virtudes
inmovilización completa de la gimnasta o de corporais mais excepcionais.
la última gimnasta del conjunto”
2.2 Torneos “La presencia de uma juez neutra com la Nos Torneios internacionais,
internacionales función de jurado superior es obligatoria” deve existir um juiz superior que
não participa efetivamente do
júri para esclarecer possíveis
dúvidas de julgamento.
Isso reflete que mesmo o olhar
direcionado de 13 pessoas
atentas pode não dar conta de
um julgamento “justo”, sendo
necessária a presença de um
árbitro renomado e experiente.
2.4 Instrución de las “Antes de cada compeonato e competición O código supõe que o olhar de
jueces oficial FIG, será organizada uma reunión julgamento da arbitragem seja
por el Comitê Técnico com el fin de informar todo embasado pelo seu texto, o
a las jueces participantes sobre la que já afirmaria uma avaliação
organización del juicio. Antes de cada igual, não necessitando de outras
torneo, uma reuníon análoga será reuniões de discussão.
organizada por el comitê de organización”
3. Modalidades 3.2 Distribución e e “La nota viene dada por: 1. La nota de Embora a execução julgue
de pontuación calculo de las notas execución: nota media de las 2 notas através de 1 grupo de árbitros e a
centrales (...) – máximo 10 puntos; 2. Más la composição por 2 grupos, os
nota final de composición (A+D) dividida pesos são iguais. Isso ocorre pela
por 2” dificuldade que é apresentada
em se julgar parâmetros
dependentes da subjetividade
humana, tais como a criação e a
beleza coreográfica, a
interpretação da série pela
ginasta, e a identidade cultural
fornecida pelo gesto. Por isso que
8 árbitros se preocupam com
uma metade da nota, enquanto
apenas 4 com a outra metade.
119
4. Praticable 4.1 Salidas de “todo rebasamento del praticable com uno o O corpo e o aparelho não devem,
Praticable dos pies o com outra parte do cualquiera del sob nenhuma hipótese,
corpo que se apoye más allá de los limites ultrapassar os limites
reglamentarios será penalizado” regulamentares durante o
exercício. Sendo que essa
“todo aparato que toque el solo fuera do los ultrapassagem só é validada ao
limites reglamentarios o que salga fuera del tocar o solo.
praticable y vueva por si mesmo, será
penalizado” O corpo da ginasta é treinado,
desde a elaboração do seu
“Cada ejercicio debe ser realizado, em su exercício, para não exceder esses
totalidad, sobre el mismo praticable” limites.
5. Aparatos 5.1 Normas – “Todos los aparatos utilizados por um Os aparelhos não podem
control conjunto deben ser idênticos (peso, expressar diferenças entre si no
dimensión y forma); solo su cor puede ser conjunto, pois a diferença entre
diferente”. os aparelhos desarmoniza a
coreografia de conjunto.
5.3 Perdidas e “Toda caída involuntária del aparato será O aparelho não pode ser perdido
recuperaciones del penalizada” durante o desenrolar do
aparato exercício. Aparelho perdido
demonstra claramente o erro da
ginasta e desqualifica de beleza o
seu exercício.
5.4 Aparato roto o “Ninguna gimnasta o conjunto estará Caso o aparelho quebre a ginasta
aparato colgado em autorizado a continuar su ejercicio com um pode cessar seu exercício ou
las vigas del techo aparato roto. De lo contrario el valor es 0,00” utilizar um aparelho reserva que
estará, caso opte por isso, situado
nos limites do tablado.
O aparelho quebrado altera sua
forma e impede os movimentos
da série, tornando impossível o
julgamento de seus movimentos
específicos.
PARTE 2-
EJERCICIOS
INDIVIDUAL
ES
Subtítulos Unidades de registro temático Núcleos de sentido
Títulos
1. Ejecución del Nota “Las faltas de ejecución se deben penalizar São considerados erros tudo
ejercicio cada vez y por cada elemento em falta, salvo aquilo que pressuponha o
em caso de penalizaciones globales.” imprevisto, que não se enquadre
nos padrões exatos, portanto,
devem ser penalizados a cada
vez para que a nota de execução
da ginasta que menos erre seja
mais alta. O olhar do árbitro que
observa esse parâmetro precisa
ser minucioso e calculista para
que julgar a mínima falha,
imperceptível aos olhos do
espectador comum, pois no alto
nível, o que diferencia a execução
de uma ginasta para outra é a
minúcia.
121
3 – Musica e Penalizacione: 0,10 – “Pérdida del ritmo A perda de ritmo neste caso é
movimiento durante la ejecución”. ocasionada por erros que
Penalizacione: 0,30 – “Falta de concordância interfiram no encadeamento da
entre música-movimiento al final del coreografia, por exemplo, a
ejercicio ”. ginasta que perde um aparelho e
sai correndo atrás dele, perde
várias vezes o ritmo da
coreografia.
2. Artístico 1 – Música “Todos los ejercicios deben ser ejecutados Uma coreografia de GR tem
em su totalidad com acompañamiento todos os movimentos
musical. Se permitem paradas voluntárias acompanhados pela música.
muy breves, motivadas por la composicion”.
“Es obrigatória uma harmonia muy estricta Essa dependência com a música
entre el carácter y el ritmo de la musica e los é o que caracteriza a GR, e a
del ejercicio y de sus movimientos” diferencia das outras
modalidades ginásticas. É bela a
ginasta e série que consegue
harmonizar perfeitamente
música e movimentos. Os
movimentos de um exercício de
GR estão presos aos ditames da
rítmica, a ginasta só pode se
expressar a partir de sua música.
“El aparato no podrá estar sujeto por más de Em todo momento da série a
um movimiento sin que ejecute um ginasta deve manipular o
movimiento próprio o sin estar em aparelho, pois o sentido de uma
equilíbrio inestable nin dejarse posarse coreografia de GR só é dado pela
inmóvil sobre el suelo. (estatismo)”. íntima junção
música/ginasta/aparelho, é
preciso que o público e,
principalmente, os árbitros
possam enxergar um só.
“La posición del comienzo del ejercicio debe A ligação entre ginasta e
124
Variedad
“La variedad debe incluir también todos los Ao mesmo tempo em que o
aspectos seguientes: a. El dinamismo código exerce a “poda” de tudo
(velocidad e intensidad de los movimientos) aquilo que é excessivo,
. b. La utilización del espacio: direcciones, consequentemente erro, exige
trayectorias, niveles, modalidades”. que o exercício da ginasta
contenha variações de diversas
naturezas, convidando à criação.
3. Aparatos Nota válida para “2. Todos los elementos que no se dan por el O código prescreve todos os
todos los aparatos CODIGO 2005 e 2007 no tienen ningún valor elementos possíveis com os
para el Artístico” aparelhos, novas possibilidades
ou devem ser utilizadas como
originalidade, ou devem
aparecer de forma restrita na
série. Dessa forma, as
possibilidades de criação são
sempre originadas por elementos
já existentes. O novo se dá pelas
possibilidades de extrapolar a
prescrição.
126
4. Dificuldad 1 – Generalidades ”Cada ejercicio individual puede tener 18 Uma série de GR deve conter até
dificultades como máximo para um valor de 18 movimentos que contam
10,00 puntos”. pontos, a escolha dessas
“Cada dificultad debe ser escrita sobre la dificuldades e a ordem com que
ficha en su casilla según el orden de elas aparecem na série são
sucesión”. fundamentais para a
performance da ginasta e para o
desenrolar do exercício. O código
determina uma longa lista e a
escolha desses elementos deve
ser adequada as possibilidades
corporais da ginasta, ou seja,
suficientes para que os erros não
aconteçam.
2 – Valor de las “El valor total de las dificultades corporales Cada aparelho guarda, além de
dificultades es dado por la suma del valor de las suas características específicas
dificultades pertenecientes al grupo um grupo corporal próprio.
corporal obrigatório (6 como mínimo) del Dessa forma cada série tem um
aparato utilizado, más eventualmente el formato próprio, e uma
valor de 2 dificultades, como máximo, por concepção diferente. A grande
cada grupo corporal no obrigatório, si los ginasta de GR precisa executar
hay”. bem todos os grupos corporais.
“Los grupos obligatorios de cada aparato
son: Cuerda: saltos, Aro: 4 grupos, Pelota:
flexibilidad y ondas, Mazas: Equilíbrios,
Cinta: giros”.
“El valor de la dificultad viene dado por el Não basta apreender as formas
elemento corporal. Sin embargo, todas las dos movimentos corporais, é
dificultades corporales realizadas sin preciso faze-los executando os
relación con el aparato no cuentan como movimentos dos grupos técnicos
dificultades”. dos aparelhos. O domínio do
corpo confunde-se com o
“Una dificultad es válida com la condición domínio de implementos.
de que sea ejecutada sin las faltas técnicas
seguientes: grave alteración de 126ãs O erro apariscente desvaloriza
características de base propias de cada muito mais que a execução do
grupo corporal; Pérdida del aparato durante exercício, a ginasta não só perde
la dificultad (...); Pérdida de equilíbrio por errar, mas perde por deixar
durante la dificultad, com apoyo de uma o de ganhar. Enquanto um árbitro
dos manos sobre el suelo o sobre el aparato, estará penalizando a ginasta por
o caída”. uma eventual queda, o outro
“Uma dificultad que no se realiza tal y como estará desconsiderando uma
se anuncia em la ficha, em lo que respecta al dificuldade.
elemento corporal, debe ser registrada e A ficha contém a descrição de
evaluada por la juez según el orden de todo o exercício ginástico, e deve
ejecución. Las dificultades que son ser respeitada sua ordem e forma
ejecutadas con un valor más bajo que o das dificuldades. Uma série de
anunciado em la ficha no cuentan; Las GR não permite improviso que
dificultades ejecutadas con un valor major não seja ocasionado pelo erro.
guardan el valor declarado em la ficha”. A série de GR é prevista, pois
todos os seus movimentos são
direcionados pelo código.
127
PARTE 3 –
EJERCÍCIOS
DE
CONJUNTOS
Subtítulos Unidades de registro temático Núcleos de sentido
Títulos
GENERALIDA 1.2 Gimnastas de “Si um el transcurso del ejercicio uma Esse é o paradoxo do código de
DES reserva gimnasta abandona el conjunto por um pontuação. A situação é prevista,
motivo válido: la gimnasta puede ser mas ao mesmo tempo é
1. Gimnastas
128
2. Entrada 2.1 Colocación “La colocación sobre el praticable debe Para que não ocorra
sobre el praticable hacerse: rapidamente e sin acompañamiento espetacularização do exercício
musical; Las 5 gimnastas em posesión cada antes do momento propriamente
um um aparato, o uma o varias gimnastas dito da série, já que o julgamento
sujetando los 5 aparatos”. ocorre estritamente durante os
dois minutos e meio da série de
conjunto, a entrada no tablado
competitivo não pode ser
coreografado.
3. Aparatos 3.1 Contactos com el Principio del ejercicio Aqui começa a alusão ao
aparatos “Al principio del ejercicio, cada gimnasta princípio de cooperação
puede tener um aparato y estar em contato priorizado nas séries de
com él, o bien uma o varias gimnastas conjunto. Ao contrário das séries
pueden tener los 5 aparatos que enviarán o individuais tolera-se que a
darán a sus compañeras” ginasta inicie e/ou possa ter
momentos em que fique sem
Durante el ejercicio aparelho, desde que sejam
“Salvo indicación particular, la composición momentos passageiros que
conllevará um solo aparato por gimnasta. realcem a colaboração entre as
Em el curso del ejercicio, se tolera que um o atletas. A beleza de uma série de
varias gimnastas estén em posesión de 2 conjunto é dada, sobretudo pela
aparatos o más, quedando sus compañeras maneira com que as ginastas
desprovidas de ellos, siempre y quando: esta elaboram o trabalho coletivo no
situación sea pasajera; que los aparatos sean momento da apresentação, além
realmente manejados por las gimnastas que do vistuosismo individual que
los posean y no simplemente sujeto” cada ginasta deve apresentar tal
qual nos exercícios individuais.
Al final del ejercicio
“Cada gimnasta debe obligatoriamente
sujetar o estar em contato com uno de los 5
aparatos; está permitido que um aparato sea
sujetado por várias gimnastas o que uma
gimnasta sujete o este em contato com vários
aparatos”
EJECUCIÓN
DEL
EJERCICIO
ARTÍSTICO 2.1 Composición de “La coreografia está caracterizada por um A história que deve ser contada
2. Coreografia base ‘idea-guia’ realizada por um discurso motor agora parte da união das 5
unitário de principio a fin, con la utilización ginastas e de todas as relações
de todos los movimientos posibles del possíveis entre elas e entre os
cuerpo y del aparato y todas las relaciones aparelhos. Essa perspectiva
posibles entre las gimnastas, las gimnastas e prediz uma nova perspectiva
los aparatos, entre los aparatos”. para o julgamento das séries de
conjunto e uma nova perspectiva
Relación e colaboración entre las gimnastas para a beleza da série, que agora
El caráter típico del ejercicio de conjunto es não está somente nas proezas
la participación de cada gimnasta em el que a ginasta é capaz de realizar
trabajo del conjunto de manera homogênea com o seu aparelho, mas também
y um espíritu de coletividad. La e principalmente na capacidade
composición debe ser concebida de um do conjunto realizar um
modo tal que la idea de colaboración de espetáculo dependente do papel
todas las gimnastas, um todas las partes del de cada uma que expressa um
ejercicio sean bien visible”. todo.
2. Valor de la “Si todas las 5 gimnastas no realizan uma Porém, além do risco da
dificultad dificultad, sea cual sea el motivo, la dificuldade ser invalidada por
dificultad no cuenta” não atender as especificidades de
“Las dificultades pueden ser del mismo tipo cada grupo obrigatório, há a
y del mismo nível para las 5 gimnastas o de obrigatoriedade de todas as
tipo y nível diferentes. Sin enbargo, es la ginastas executarem as
gimnasta que ejecuta a dificuldad más fácil, dificuldades. Caso uma ou mais
la que determina el valor de la dificultad del delas não atenda os critérios
conjunto”. necessários para expressar a
dificuldade tal qual o código
anuncia, esta será invalidada
para todo o grupo.
2.2 Nivel y valor de “Solamiente los intercambios por Trocas de dificuldade são trocas
las dificultades com lanzamientos son considerados dificultades realizadas por lançamentos em
132