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Unidade 1

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Unidade 1

Concreto Armado
Abertura

Olá , caro Aluno!


Quando se fala em Estruturas dentro da Engenharia Civil, delimitamos duas grandes
áreas que são totalmente dependentes, mas tratadas em separado: a ANÁLISE e o
DIMENSIONAMENTO das estruturas.
Durante a graduação em Engenharia Civil, as matérias relacionadas à Mecânica de
Corpos Rígidos, ou Mecânica de Sistemas Estruturais, e a Mecânica dos Sólidos (ou
Resistência dos Materiais) abordam a Análise Estrutural.
Esta disciplina (Projeto de Estruturas em Concreto Armado) pertence ao rol de
disciplinas de DIMENSIONAMENTO. Nesta, como o próprio nome diz, trabalharemos
com Estruturas em Concreto Armado. Este material é, de certa forma recente, e de
vasta aplicação ao longo do mundo.
O concreto armado é resultado do casamento do concreto com uma armadura de aço.
O primeiro material é formado por agregados inertes (areia, pedra britada, etc.) e um
aglomerante inorgânico (cimento Portland) que, misturado com água, sofre uma
reação hidráulica e endurece. Já o aço é originado da extração do minério de ferro, que
passa por processos siderúrgicos para gerar as barras de aço e tantos outros materiais
possíveis. Tal casamento é bem-sucedido devido a propriedades em comum destes
materiais e, em suas diferenças, as propriedades se complementam.
Ao longo das unidades, estudaremos as propriedades de cada um dos dois materiais
(concreto e aço). Também serão abordadas as normas técnicas vigentes no Brasil para
o dimensionamento das estruturas em concreto armado, e normas complementares.
Por fim realizaremos o pré-dimensionamento de estruturas.
Bom trabalho!

Apresentação do Professor
Gabriel Heckler é Engenheiro Civil (UEL) e Especialista em Engenharia de Estruturas
(UEL). Cursou disciplinas do Mestrado em Engenharia Civil na área de Gerenciamento
de Obras. Atualmente é sócio administrador da Helos Engenheiros Associados e
trabalha com projetos residenciais e comerciais, execução de obras, avaliações de
imóveis e perícias. Já atuou com execução de obras públicas e de edifícios altos.
Também ministra aulas e é autor de materiais para cursos técnicos, de qualificação
profissional e ensino superior. Entusiasta de Tecnologia e Inovação, já participou da
organização das edições do Hackathon Construtech Londrina, além de programa de
aceleração de startups. É membro da iCon – Governança de Inovação da Construção
Civil Norte do Paraná.
Currículo Lattes: <http://lattes.cnpq.br/2560465094676646>
Linkedin: <http://www.linkedin.com/in/enggabrielhp>

Objetivos
 Apresentar os materiais componentes do concreto armado, e suas
propriedades mecânicas;
 Introduzir os conceitos de dimensionamento estrutural em concreto armado;
 Introduzir normas técnicas vigentes para o dimensionamento de estruturas em
concreto armado;
 Dimensionar vigas em concreto armado para esforços de flexão.

Videoaula Apresentação da Disciplina


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Introdução da Unidade

Olá, amigo(a) discente! Seja bem-vindo(a)!

Nesta aula estudaremos o que é o Concreto armado, as propriedades do concreto e do


aço e o motivo da ampla utilização da armadura de aço envolta em massa de concreto.

Bons estudos!
Objetivos

 Definir o que é concreto armado;


 Detalhar as propriedades do concreto;
 Detalhar as propriedades do aço;
 Apresentar um histórico sobre a utilização do concreto armado.
Conteúdo Programático

Aula 1: Concreto armado: o que é e quais suas propriedades.


Aula 2: Propriedades do concreto e do aço.
Aula 1 Concreto armado: o que é e
quais suas propriedades

Indicação de Leitura

Como apoio a esta aula, recomendamos a leitura das aulas 1 e 2 do livro


“Concreto Armado Eu Te Amo”, disponível nos E-books Pearson, na Biblioteca.

BOTELHO, Manoel Henrique Campos; MARCHETTI, Osvaldemar. Concreto


Armado Eu Te Amo. Editora Blucher 491 ISBN 9788521208952.

Conhecemos, da área de Materiais de Construção, o concreto e o aço. O


concreto armado é o emprego do aço (em forma de barras corrugadas) com uma
massa de concreto. Dos grandes motivos de sua utilização, destaca-se:

 A possibilidade de execução de formas e estruturas variadas, visto


que as barras de aço podem ser posicionadas conforme
necessidade, e o concreto é aplicado em uma massa “mole”, para
posteriormente endurecer e adquirir a resistência necessária.
 O concreto é um material com considerável resistência à
compressão, porém com baixíssima resistência à tração
(aproximadamente 10% da resistência à compressão). Já o aço é
um material isotrópico, com elevada resistência à compressão e
tração. A barra, por si só, não atingiria sua resistência de
compressão, pois antes disso romperia por flexão/flambagem. A
combinação do concreto como aço faz com que o concreto trabalhe
nas regiões comprimidas do elemento estrutural e o aço resista aos
esforços de tração.
 Além do citado anteriormente, o “casamento” concreto e aço é
viabilizado por sua aderência (que permite o comportamento
monolítico da peça), a formação de camada protetora por parte do
cimento em volta da barra de aço e o valor quase idêntico do
coeficiente de dilatação térmica dos dois materiais.

Norteado pelos principais motivos do “casamento perfeito”, estudaremos


agora cada um dos materiais: concreto e aço. O enfoque, nesta parte, é dado às
propriedades mecânicas de cada elemento.

1. Concreto

O concreto é um material composto de água, cimento e agregados. O


resultado da associação destes materiais é:

 Pasta: cimento + areia.


 Argamassa: pasta + agregado miúdo.
 Concreto: argamassa + agregado graúdo.

Basicamente, o concreto é uma “pedra artificial” formada pela ligação do


cimento, pedra, areia e água. Esta “pedra artificial” não é adequada para ser
utilizada sozinha como elemento resistente em aplicações estruturais. O
concreto possui uma boa resistência à compressão, mas possui baixa
resistência à tração (cerca de 1/10 da resistência à compressão). Nas estruturas
usuais, principalmente em elementos fletidos, é comum que em uma mesma
seção transversal existam tanto tensões de tração, como de compressão.
Figura 1: representação de estrutura em concreto armado, com o
posicionamento das armaduras e representação da seção transversal e regiões
comprimidas e tracionadas.

(Fonte: BOTELHO; MARCHETTI (2015).

1.1. Alguns termos e expressões

Na sequência apresentaremos alguns termos, expressões e conceitos


básicos que serão utilizados ao longo de toda a disciplina:

 Concreto armado: concreto simples + armadura passiva. É o concreto


obtido associando concreto simples (cimento, pedra britada, areia, água,
aditivos e adições) e armadura convenientemente colocada, para que
ambos resistam solidariamente aos esforços solicitantes.
 Concreto protendido: concreto simples ou armado + armadura ativa. É
o concreto obtido da associação do concreto simples ou armado com uma
armadura ativa (aplica-se uma força na armadura antes da atuação do
carregamento na estrutura).
 Microconcreto: concreto em que o agregado graúdo tem dimensões
reduzidas;
 Concreto normal: concreto com resistência característica à compressão
fck entre 20 e 50 MPa (200 a 500 kgf/cm²).
 Concreto de alto desempenho (CAD): geralmente são os concretos
com fck superior a 50 MPa. Inicialmente era denominado de Concreto de
Alta Resistência. A mudança de nomenclatura deve-se à melhoria de
outras propriedades do concreto que, além de elevar sua resistência,
elevam sua durabilidade.

Videoaula 1
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Agora, assista ao vídeo que aborda o que
é concreto armado.

1.2. Agregados

O cimento utilizado é o Cimento Portland. Os agregados são materiais


inertes, ou seja, não podem apresentar reações com os compostos do cimento.
Estes agregados podem ser:

 Naturais: areia (para agregado miúdo) e pedregulho (agregado


graúdo).
 Artificiais: pedriscos, pedra britada ou brita.

Note que nesta classificação a pedra britada é considerada como agregado


artificial, mas as rochas são naturais. Adota-se a nomenclatura “artificial” pela
necessidade da extração da rocha (geralmente por implosão ou explosão) e
posterior moagem para transformar este material na pedra britada. Já nos
agregados naturais, podemos citar o seixo rolado que é retirado do fundo dos
rios.

Figura 2: seixo rolado.


Figura 3: areia geralmente extraída de rios.

Como o Cimento Portland é um material caro, os agregados que são


empregados no concreto possuem dimensões maiores que o cimento, além de
proporcionar a redução do custo de produção sem prejudicar a qualidade do
material.

Quanto às suas dimensões, essas devem ser consideradas na


especificação do concreto, além do dimensionamento da estrutura em concreto
armado. A tabela abaixo mostra algumas faixas de diâmetros para britas (pedras
britadas). A determinação do diâmetro máximo característico dos agregados,
curva granulométrica, entre outros, é estudada nas disciplinas da área de
Materiais de Construção.
Tabela 1 – Diâmetro das britas.

Brita 0 1 2 3 4 5
Diâmetro Ø (mm) 4,8 9,5 19,0 25,0 50,0 76,0 100

Para a escolha adequada dos agregados, deve-se levar em consideração:

 O diâmetro do agregado deve ser menor ou igual a ¼ da menor dimensão


da peça.

𝟏
∅𝒂𝒈𝒓𝒆𝒈𝒂𝒅𝒐 ≤ 𝒎𝒆𝒏𝒐𝒓 (𝒂𝒍𝒕𝒖𝒓𝒂, 𝒍𝒂𝒓𝒈𝒖𝒓𝒂, 𝒄𝒐𝒎𝒑𝒓𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐, 𝒆𝒕𝒄)
𝟒

 O diâmetro do agregado depende da taxa de armadura da peça. A


taxa de armadura relaciona a quantidade de aço pela quantidade de
concreto. Em peças com elevadas taxas de armadura, o espaçamento
entre armaduras será o mínimo possível. Logo, o espaçamento entre as
barras deve ser suficiente para permitir a entrada do concreto fresco e,
consequentemente, o agregado.
 O diâmetro do agregado deve ser menor ou igual ao cobrimento da
armadura. O cobrimento da armadura é o espaçamento entre a face mais
externa da armadura para a face externa da peça.

∅𝒂𝒈𝒓𝒆𝒈𝒂𝒅𝒐 ≤ 𝒄 = 𝒄𝒐𝒃𝒓𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐

1.3. Aglomerante

O aglomerante utilizado é o Cimento Portland. É um material aglomerante


que se endurece exposto ao ar e água e após reagir com a água, mantém-se
endurecido de forma estável. É composto com Óxido de Cálcio (CaO), Óxido de
Silício (SiO2), Óxido de Alumínio (Al3O2) e Óxido de Ferro (Fe2O3).
Videoaula 2
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Agora, assista ao vídeo que aborda o que


é concreto armado.

1.4. Características e Propriedades do Concreto

O concreto é obtido pela mistura adequada de aglomerante, agregado e


água, além da incorporação de aditivos e adições à massa para conferir a
melhoria de algumas propriedades.

A determinação do tipo de concreto a ser empregado vai muito além da


sua resistência à compressão. O planejamento adequado define as propriedades
desejadas do concreto, a escolha dos materiais existentes ou disponíveis e a
determinação do traço do concreto. E a execução, por sua vez, demanda o
atendimento das boas práticas para cumprir o que fora planejado.

A tabela abaixo comenta as propriedades do Concreto Fresco.

Tabela 2: Propriedades do concreto fresco.

Propriedade Descrição
Maior ou menor capacidade que o concreto fresco tem
de se deformar.

Relacionada com transporte, lançamento e


Consistência adensamento. Varia com quantidade de água e
produtos químicos específicos.

Elementos com alta taxa de armadura exigem concretos


menos consistentes.
Define o quão fácil ou difícil é lançar, espalhar e adensar
o concreto na forma.
Trabalhabilidade
Um concreto homogêneo e trabalhável é aquele que se
mantém coeso, estável e homogêneo durante
transporte, lançamento e adensamento, e que flui dentro
das formas sem segregar.
Relacionada com a distribuição dos agregados graúdos
dentro da massa. Quanto mais uniformes, ou regulares,
os agregados se apresentarem dispersos na massa,
Homogeneidade
estando totalmente envolvidos pela pasta, sem
apresentar desagregação, melhor será a qualidade do
concreto.
É a propriedade que impede os componentes de
Coesão
separarem-se da mistura.
Adensamento, a grosso modo, é “tornar denso”. Logo,
adensar o concreto é tornar a mistura densa através da
Adensamento aplicação de energia mecânica, expulsando as bolhas
de ar, eliminando vazios (para que não se formem
ninhos de concretagem – “bicheiras”)
A pega é o período entre o início do endurecimento até
o ponto onde o concreto possa ser desformado, mesmo
Início de pega sem atingir sua resistência total. O início da pega é o
momento onde a consistência do concreto não permite
mais a sua trabalhabilidade.
Como a reação de hidratação do concreto ocorre em
grande velocidade após o início de pega, é necessário
tomar medidas que evitem a evaporação precoce de
Cura do concreto
água e, consequentemente, evitando fissuras por
retração. Logo, um processo de cura adequado deve ser
realizado.
Fonte: adaptado de Chust; Figueiredo Filho, 2015.

Já no concreto endurecido, as principais características de interesse são


as mecânicas. A que mais se destaca por ser a mais citada e utilizada é a
resistência à compressão, porém, outras propriedades são: resistência à tração,
módulo de elasticidade, fluência, etc.

Em Materiais de Construção, o ensaio que provavelmente vocês


realizaram ou estudaram foi o de resistência à compressão axial em corpos de
prova cilíndricos. Mas as solicitações, como flexão, torção, cisalhamento, etc.,
não são diretamente deduzidas através da compressão axial, porém, no estágio
atual de desenvolvimento do cálculo de estruturas de concreto armado, é
possível considerar como aproximação razoável que a resistência do concreto
para diversos tipos de solicitação seja função de sua resistência à compressão.
O item 8.2 da ABNT NBR 6118:2014, que trata das propriedades do concreto,
apresenta uma série de expressões – geralmente empíricas - a partir das quais
se obtêm, em função da resistência à compressão, as resistências do concreto
para diversos tipos de solicitações.

O mesmo ensaio de resistência à compressão é realizado de forma


rápida, durando poucos segundos ou minutos, enquanto nas construções o
concreto é submetido a ações que, em sua maioria, atuam de forma permanente,
reduzindo sua resistência ao longo do tempo. Ou seja, a resistência do concreto
também é função do tempo de duração da solicitação. Logo, a resistência
medida é influenciada pela forma do corpo de prova e pelas próprias
características dos ensaios.

1.4.1 Resistência à compressão

Curiosidades

Ao longo desta disciplina abordaremos as normas técnicas utilizadas para o


dimensionamento de estruturas em concreto armado. Mas, para melhor
compreensão, a primeira norma que será apresentada (e também a principal
norma desta disciplina) é a ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de Estruturas de
Concreto.

A resistência à compressão é a principal característica do concreto. Esta


é determinada por ensaios de compressão axial em corpos de prova cilíndricos.
Esse ensaio também permite a obtenção de outras características, como o
módulo de elasticidade (ou módulo de deformação longitudinal).

Como as resistências são tensões, e tensão é a razão entre força e área,


a resistência à compressão obtida por ensaio de curta duração do corpo de prova
(aplicação de carga de maneira rápida) é dada por:

𝑁𝑟𝑢𝑝
𝑓𝑐𝑗 =
𝐴
onde fcj – resistência à compressão do corpo de prova de concreto na idade de j
dias; Nrup – carga de ruptura do corpo de prova; A – área da seção transversal
do corpo de prova.

A ABNT NBR 6118:2014, no item 8.2.4, diz:

As prescrições desta Norma referem-se à resistência, à


compressão obtida em ensaios de corpos de prova cilíndricos,
moldados segundo a ABNT NBR 5738 e rompidos como
estabelece a ABNT NBR 5739.

Quando não for indicada a idade, as resistências referem-se à


idade de 28 dias. A estimativa da resistência à compressão
média, fcmj, correspondente a uma resistência fckj especificada,
deve ser feita conforme indicado na ABNT NBR 12655.

A evolução da resistência à compressão com a idade deve ser


obtida por ensaios especialmente executados para tal. Na
ausência desses resultados experimentais, pode-se adotar, em
caráter orientativo, os valores indicados em 12.3.3.

O item 12.3.3 da ABNT NBR 6118:2018 será retomado em momento


oportuno neste material. Quanto aos corpos de prova, no Brasil são utilizados os
com diâmetro da base de 15 cm e altura de 30 cm e, mais comumente
(principalmente em amostragem de concretos em obras) corpos de prova com
base de 10 cm de diâmetro e altura de 20 cm.

Mas como saber a resistência à compressão do concreto antes da


fabricação? Todo o dimensionamento da estrutura é realizado definindo um “f ck”,
ou seja, uma resistência característica do concreto. É desse valor base de
resistência, especificado em projeto e utilizado no cálculo, que será solicitado ou
produzido o concreto em obra.

Cabe então a quem constrói, ou a quem fornece o concreto, produzi-lo


atingindo a resistência característica. Mas como saber se esse valor foi atingido?
Geralmente o concreto dosado em central (erroneamente conhecido como
“concreto usinado”) é entregue em caminhões com capacidade de 8,0 m³. Se
retirarmos diversas amostras, em diversos momentos da descarga do caminhão,
não obteremos o mesmo valor de resistência à compressão.

Então, como saber um valor representativo de resistência à compressão


tendo o resultado dos ensaios de diversos corpos de prova? Chust; Figueiredo
Filho (2015) respondem esta questão:

A ideia inicial é adotar, para tal valor representativo, a média


aritmética fcm dos vários valores obtidos dos ensaios, chamada
de resistência média à compressão. Entretanto, esse valor
não reflete a verdadeira qualidade do concreto na obra, pois não
considera a dispersão dos resultados (entre dois concretos com
a mesma resistência média, é mais confiável o que apresenta a
menor dispersão).

Por isso, tem sido adotado o conceito de resistência


característica, uma medida estatística que leva em conta não só
o valor da média aritmética fcm das cargas de ruptura dos ensaios
dos corpos de prova, mas também o desvio da série de valores,
por meio do coeficiente de variação δ.

A ABNT NBR 6118:2014 define, no item 12.2, que os valores


característicos fk das resistências são os que, num lote do
material, têm uma determinada probabilidade de serem
ultrapassados, no sentido desfavorável para a segurança, e que
usualmente é de interesse a resistência característica inferior
fk,inf (menor que fcm), admitida com o valor que tem apenas 5%
de probabilidade de não ser atingido pelos elementos do lote.

Define-se então como resistência característica (fck) do


concreto à compressão o valor que apresenta um grau de
confiança de 95%, ou seja, fck é o valor da resistência, de modo
que 95% dos resultados dos ensaios estejam acima dele, ou 5%
abaixo. De acordo com essa definição, e admitindo-se uma
distribuição estatística normal dos resultados (curva de Gauss
[...]), a resistência é expressa pelo quantil de 5% da distribuição:

fck = fcm ∙ (1 − 1,645 ∙ δ) ou fck = fcm − 1,645 ∙ s

em que fcm é a resistência média e δ o coeficiente de variação,


expresso por

n
1 fci − fcm 2
δ = √ ∙ ∑( )
n fcm
i=1

sendo s = fcm ∙ δ o desvio padrão.”


Figura 4: Distribuição normal dos resultados.

fcm

Distribuição normal das resistências


Frequências

fck

5% da área abaixo Resistências fci


da curva

Para encerrar esta primeira aula, a ABNT 6118:2014 define classes para
os concretos a partir da resistência característica à compressão. O item 8.2.1
desta norma diz:

Esta norma se aplica aos concretos compreendidos nas classes


de resistência dos grupos I e II, da ABNT NBR 8953 [ABNT,
2015], até a classe C90.

A classe C20, ou superior, se aplica ao concreto com armadura


passiva e a classe C25 ou superior, ao concreto com armadura
ativa. A classe C15 pode ser utilizada apenas em obras
provisórias ou concreto sem fins estruturais, conforme ABNT
NBR 8953.
A ABNT 8953:2015 – Concreto para fins estruturais – Classificação pela
massa específica, por grupos de resistência e consistência, no item 4.2
apresenta a tabela de Classes de resistência:

Tabela 3 – Classes de resistência de concretos estruturais (extraído de ABNT


8953:2015).

Resistência Resistência
Classe de Classe de
característica característica
resistência resistência
à compressão à compressão
Grupo I Grupo II
MPa MPa
C20 20 C55 55
C25 25 C60 60
C30 30 C70 70
C35 35 C80 80
C40 40 C90 90
C45 45
C100 100
C50 50

Os números indicadores das classes representam a resistência característica à


compressão (em MPa) para a idade de 28 dias. A armadura passiva é a do
concreto armado, pois só funciona após a deformação do concreto, enquanto a
ativa é a relativa ao concreto protendido, que passa a funcionar no instante de
aplicação da protensão.

Videoaula 3
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Para finalizar esta primeira aula, assista
ao vídeo que aborda a resistência à
compressão do concreto endurecido.

Curiosidades

Conheça o site da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural


– ABECE. Disponível em: <www.abece.com.br>. Acesso em: 20.02.2020.
Aula 2 Propriedades do concreto e do
aço

1.5 Resistência à Tração

Já vimos na aula anterior que o concreto é um material que possui


baixíssima resistência à tração. Por esse motivo, geralmente é desprezada a
contribuição do concreto nas regiões tracionadas da peça de concreto armado.

Entretanto, a resistência à tração pode estar relacionada com a


capacidade resistente da peça, como as sujeitas ao esforço cortante e,
diretamente, com a fissuração. Por isso a importância em conhecê-la.

Para determinar a resistência à tração, podemos utilizar três ensaios


diferentes: ensaio de tração axial, ensaio de compressão diametral (ou ensaio
de tração indireta, ou ensaio brasileiro, ou ensaio Lobo Carneiro – em
homenagem ao seu desenvolvedor), e ensaio de flexão (flexo-tração). A figura
abaixo representa estes ensaios.

Figura 5: Modos de ensaio de resistência do concreto à tração.

Fonte: Chust; Figueiredo Filho (2015).


A resistência à tração pura, para os concretos de C20 a C50, é de
aproximadamente 85% de resistência à tração por compressão diametral, e 60%
da resistência obtida pelo ensaio de flexotração.

Vejamos o item 8.2.5 da ABNT NBR 6118:2014:

A resistência à tração indireta fct,sp e a resistência à tração na


flexão fct,f devem ser obtidas em ensaios realizados segundo as
ABNT NBR 7222 e ABNT NBR 12142, respectivamente.

A resistência à tração direta fct pode ser considerada igual a 0,9


fct,sp ou 0,7 fct,f, ou na falta de ensaios para obtenção de fct,sp e fct,f,
pode ser avaliado o seu valor médio ou característico por meio
das seguintes equações:

fctk,inf = 0,7 ∙ fct,m

fctk,sup = 1,3 ∙ fct,m

- para concretos de classes até C50:

2/3
fct,m = 0,3 ∙ fck

- para concreto de classes C50 até C90:

fct,m = 2,12 ∙ ln(1 + 0,11 ∙ fck )

onde fct,m e fck são expressos em megapascals (MPa).

Sendo fckj ≥ 7MPa, estas expressões podem ser usadas para


idades diferentes de 28 dias.

Videoaula 1
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Agora, assista ao vídeo que aborda a


resistência à tração do concreto.
1.6 Módulo de Elasticidade

Indicação de Leitura

A aula 7 do livro “Concreto Armado Eu Te Amo”, página 121 e seguintes, traz


um exemplo didático sobre o conceito do módulo de elasticidade. Antes de ler
este subcapítulo da apostila, acesse o livro - disponível nos E-books Pearson,
na Biblioteca.

BOTELHO, Manoel Henrique Campos; MARCHETTI, Osvaldemar. Concreto


Armado Eu Te Amo. Editora Blucher 491 ISBN 9788521208952.

Da Resistência dos Materiais (Mecânica dos Sólidos), temos que tensão


é a relação de uma força aplicada sobre determinada área. Já a deformação é
um parâmetro adimensional que relaciona a variação do deslocamento com seu
comprimento inicial:

𝐹⃗ ∆𝑙
𝑡⃗ = 𝜀=
𝐴 𝑙

A relação entre tensão e deformação é denominada Módulo de


Elasticidade (E).

𝑡
𝐸=
𝜀

Se traçarmos um gráfico que relaciona a tensão com a deformação, ele


obedecerá uma função do tipo linear até determinado ponto. Enquanto cumpre
este requisito, o material está em estado elástico linear. A partir deste ponto o
material passa a não atender este comportamento, caminhando para a ruptura.

Enquanto o material apresenta o comportamento elástico linear, ele


atende a Lei de Hooke. Cada material possui essa constante elástica (E), válida
somente enquanto houver a proporcionalidade entre tensão e deformação.

Para entender o que significa o valor obtido com o módulo de elasticidade,


observe a figura abaixo:
Figura 6: Gráficos tensão vs. deformação para aço, madeira, concreto e
borracha, compreendendo somente o trecho linear da função.

Fonte: Oliveira; Marchetti (2015).

Sendo uma função linear, temos da matemática (do Ensino Médio) que
esta pode ser expressada em uma função do tipo:

𝑓(𝑥) = 𝑎𝑥 + 𝑏

onde a representa o coeficiente angular, ou seja, a inclinação da reta, e b é o


coeficiente angular que define o ponto de interseção da reta com o eixo y
(vertical). Na nossa situação, b=0 (considera início do gráfico na origem (0;0)),
f(x)=tensão e x=deformação. Logo, o equivalente a a é o módulo de elasticidade
E. Matematicamente, o módulo de elasticidade é o coeficiente angular da função
tensão(deformação).

Se o módulo de elasticidade, ou seja, o coeficiente angular da função for


“alto”, significa que o gráfico está mais inclinado (ou mais próximo do eixo y). Se
o gráfico da função se aproxima do eixo y, significa que para valores maiores de
tensão – ou seja – de força aplicada sobre área – o material apresenta
deformação pequena.

A situação oposta acontece com coeficientes angulares “menores”. Para


tensões pequenas, as deformações são maiores. Então, quanto maior for o
módulo de elasticidade do material, menos deformável é o material. E quanto
menor for o módulo E, mais deformável é o material. A tabela abaixo apresenta
os valores de módulo de elasticidade para alguns materiais:

Tabela 4: Módulo de Elasticidade E.

Material E (kgf/cm²) E (kN/cm²)


Aço 2.100.000 21.000
Concreto 250.000 2.500
Madeira (carvalho) 100.000 1.000
Borracha 10 0,1
Fonte: Oliveira; Marchett (2015).

O item 8.2.8 da ABNT NBR 6118:2014 fala sobre como deve ser obtido o
módulo de elasticidade. Segue abaixo:

O módulo de elasticidade (Eci) deve ser obtido segundo o método


de ensaio estabelecido na ABNT NBR 8522, sendo considerado
nesta Norma o módulo de deformação tangente inicial, obtido
aos 28 dias de idade.

Quando não forem realizados ensaios, pode-se estimar o valor


do módulo de elasticidade inicial usando as expressões a seguir:

Eci = αE ∙ 5600√fck para fck de 20 a 50 MPa.

1
f 3
Eci = 21,5 ∙ 103 ∙ αE ∙ ( 10
ck
+ 1,25) , para fck de 55 a 90 MPa.

sendo

αE=1,2 para basalto e diabásio

αE=1,0 para granito e gnaisse

αE=0,9 para calcário

αE=0,7 para arenito

onde Eci e fck são dados em megapascals (MPa).

O módulo de deformação secante pode ser obtido segundo


método de ensaio estabelecido na ABNT NBR 8522, ou
estimado pela expressão:

Ecs = αi ∙ Eci
fck
sendo αi = 0,8 + 0,2 ∙ ≤ 1,0
80

[...]

A deformação elástica do concreto depende da composição


do traço do concreto, especialmente da natureza dos agregados.

Na avaliação do comportamento de um elemento estrutural


ou seção transversal, pode ser adotado módulo de elasticidade
único, à tração e à compressão, igual ao módulo de deformação
secante Ecs.

Na avaliação do comportamento global da estrutura e para


o cálculo das perdas de protensão, pode ser utilizado em projeto
o módulo de elasticidade inicial Eci.

O módulo de elasticidade em uma idade menor que 28 dias


pode ser avaliado pelas expressões a seguir, substituindo fck por
fcj:

f (t) 0,5
Eci (t) = [ c ] ∙ Eci ,para os concretos com fck de 20 a 45 MPa;
cf

f (t) 0,3
Eci (t) = [ cf ] ∙ Eci ,para os concretos com fck de 50 a 90 MPa;
c

onde Eci(t) é a estimativa do módulo de elasticidade do concreto


em uma idade entre 7 dias e 28 dias; fc(t) é a resistência à
compressão do concreto na idade em que se pretende estimar o
módulo de elasticidade, em megapascals (MPa).

Para esclarecer algumas nomenclaturas, define-se no concreto armado


os seguintes módulos de elasticidade, na compressão:

 Módulo tangente: possui valor variável em cada ponto e é dado pela


inclinação da reta tangente à curva nesse ponto.
 Módulo de deformação tangente na origem – E0, ou módulo de
deformabilidade inicial: é dado pela inclinação da reta tangente à curva na
origem;
 Módulo secante Ecs: seu valor é variável em cada ponto e é obtido pela
inclinação da reta que une a origem com esse ponto.

A figura abaixo representa o diagrama tensão deformação e as retas do


módulo de elasticidade:
Figura 7: Diagrama tensão-deformação do concreto.

Fonte: Chust; Figueiredo Filho (2015).

Videoaula 2
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Agora, assista ao vídeo que explica o
módulo de elasticidade.

2. Aço

Figura 8: barras de aço para construção civil.


O aço é um material extremamente versátil, com aplicações em diversos
segmentos industriais, tais como automotivo, linha branca, utilidades
domésticas, máquinas e equipamentos, etc. E é também usado no concreto
armado.

O aço que será abordado nesta disciplina é o aço em barras, utilizado


como armadura passiva, ou seja, que passa a funcionar após o recebimento da
solicitação/carregamento. O aço da armadura ativa é abordado na cadeira de
Concreto Protendido, geralmente em cursos de pós-graduação.

Curiosidades

Um pouco de canteiro de obras...

O aço geralmente é fornecido em barras de 12 metros. Em algumas situações é


entregue dobrado ao meio. Tudo isso é em função do tamanho do caminhão que
faz o transporte.

Algumas cidades que dispõem de transporte de cargas ferroviário recebem o aço


em grandes bobinas, que são transportadas para uma central de corte de aço na
região. Nesta central, esta bobina é retificada (as barras passam a ficar retas) e
cortadas na medida solicitada.

É possível comprar o aço cortado e dobrado em fábrica, sem a necessidade de


dispor de equipamentos de corte e dobra no canteiro de obras. Estas empresas
que fornecem o aço cortado e dobrado seguem as medidas exatas da tabela de
aço gerada no projeto estrutural. Estas barras chegam etiquetadas no canteiro
de obras, cabendo ao armador (profissional responsável pela montagem das
gaiolas metálicas de aço) realizar o serviço de armação dos elementos
estruturais (lajes, vigas, pilares etc).

Para obras de menor porte, algumas empresas fornecem os elementos


estruturais já montados. Para isso, as armaduras são soldadas, ao invés de
amarradas (ou na linguagem do canteiro, “ponteadas”) com uso de arame.

A escolha por montagem na obra, corte e dobra em empresa ou armadura


soldada é definida em função do orçamento e do cronograma da obra.

O aço da construção é normatizado pela ABNT NBR 7480, que define os


tipos, as características e outros itens. As armaduras de aço para concreto são
classificadas em barras e fios. A tabela abaixo apresenta as nomenclaturas e a
tensão de escoamento do material.

Tabela 5: Propriedades mecânicas dos aços.

Aço fyk (MPa) fyd (MPa) εyd (%) ξ=x/d


CA25 250 217 0,104 0,7709
CA50 500 435 0,207 0,6283
CA60 600 522 0,248 0,5900
Fonte: Chust; Figueiredo Filho (2015).

A letra “k” significa característica. Já a letra “d” representa “cálculo”. Logo,


o aço CA50 possui resistência característica de escoamento de 500 MPa, e
resistência de cálculo (minorada) de aproximadamente 435 MPa.
As barras CA25 são barras lisas. Sua aplicação em obras é mais comum
para executar SPDA (Sistema de proteção contra descargas atmosféricas). Em
prédios, é comum utilizar as armaduras dos pilares para esse sistema e, em
alguns pavimentos, introduzir uma barra de CA25 nas vigas, conectadas à barra
do pilar usada para o aterramento) de modo a realizar a devida proteção e
condução da descarga até o solo. Esta barra incorporada não possui função
estrutural.

Outra aplicação das barras de CA25 é na fabricação de ganchos que são


fixados com a estrutura para a colocação de “bandejões”, como espaçadores de
armaduras em estruturas de grande porte, tais como blocos de coroamento de
estacas com grandes dimensões, e suportes para estruturas provisórias (para
escoramentos). Os ganchos são mantidos enquanto da sua utilização, e
havendo necessidade (conforme cronograma de obra), são cortados.

As barras de CA50 começam a ser fabricadas em diâmetros de 6,3 mm


até diâmetros de 40 mm. Sua fabricação é por laminação a quente e seu corpo
apresenta nervuras que proporcionam a aderência entre concreto e aço.

Por fim as barras de CA60, ou fios, são barras produzidas por trefilação,
estiramento ou laminação a frio e possuem diâmetro nominal inferior a 10,0 mm.

A tabela abaixo apresenta as características das barras e fios de acordo


com a NBR 7480.

Tabela 6: Características das barras e fios.

Massa
Diâmetro Área da Perímetro
Fios Barras linear
Nominal (mm) seção (cm²) (cm)
(kg/m)
2,4 2,4 0,045 0,036 0,75
3,4 3,4 0,091 0,071 1,07
3,8 3,8 0,113 0,089 1,19
4,2 4,2 0,139 0,109 1,32
4,6 4,6 0,166 0,130 1,45
5 5,0 0,196 0,154 1,75
5,5 ,5 0,238 0,187 1,73
6 6,0 0,283 0,222 1,88
6,3 6,3 0,312 0,245 1,98
6,4 6,4 0,322 0,253 2,01
7 7,0 0,385 0,302 2,20
8 8 8,0 0,503 0,395 2,51
9,5 9,5 0,709 0,558 2,98
10 10 10,0 0,785 0,617 3,14
12,5 12,5 1,227 0,963 3,93
16 16,0 2,011 1,578 5,03
20 20,0 3,142 2,466 6,28
22 22,0 3,801 2,984 6,91
25 25,0 4,909 3,853 7,85
32 32,0 8,042 6,313 10,05
40 40,0 12,566 9,865 12,57

A próxima tabela foi extraída do livro “Concreto Armado Eu Te Amo” e


apresenta as áreas para barras a partir de 5,0 mm, considerando de 1 a 10 barras
de mesma dimensão na estrutura. Esta tabela poderá ser utilizada como material
de apoio durante o dimensionamento de estruturas.

Tabela 7: Áreas das seções transversais de barras de aço.

Área das seções das barras As (cm²)


Peso
Diâmetro Ø
Usos mais
comuns

linear
(mm)

Número de barras
(kgf/m)
(10N/m)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Estribos e
lajes

5 0,16 0,196 0,392 0,588 0,784 0,980 1,176 1,372 1,568 1,764 1,960

6,3 0,25 0,315 0,630 0,945 1,260 1,575 1,890 2,205 5,520 2,835 3,150
Estribos, lajes e

8 0,40 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00
vigas

10 0,63 0,80 1,60 2,40 3,20 4,00 4,80 5,60 6,40 7,20 8,00

12,5 1,00 1,25 2,50 3,75 5,00 6,25 7,50 8,75 10,00 11,25 12,50

16 1,60 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00
Vigas e
Pilares

20 2,50 3,15 6,30 9,45 12,60 15,75 18,90 22,05 25,20 28,35 31,50

25 4,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 50,00
maiores, p/
Estruturas

pilares

32 6,30 8,00 16,00 24,00 32,00 40,00 48,00 56,00 64,00 72,00 80,00
É muito comum nas obras, em conversas com profissionais com mais
tempo de carreira (desde engenheiros a mestres de obras, pedreiros a
representantes de venda) referir-se a determinada barra de aço pelo diâmetro
em polegadas. Porém, todo o dimensionamento e especificações de projeto são
realizadas em milímetros. A tabela abaixo mostra a equivalência entre milímetros
e polegadas.

Tabela 8: Equivalência de dimensões polegadas – milímetros.


Ø(”) 3/16 1/4 5/16 3/8 1/2 5/8 3/4 1 1¼
Ø 5 6,3 8 10 12,5 16 20 25 32
(mm)

Outra situação corriqueira é a referência “ferro”. Segundo Chust;


Figueiredo Filho (2015):
a diferença entre aço e ferro. A principal é o teor de carbono, em que
o aço possui um teor inferior a 2,04% e o ferro, entre 2,04% e 6,7%.
Como as barras e fios destinados a armaduras para concreto armado
(CA25, CA50 e CA60) possuem, normalmente, teor de carbono entre
0,08% e 0,50%, a denominação técnica correta é aço (grifo do
autor deste material), embora usualmente se utilize o termo ferro.

Curiosidades

Um pouco de projeto...

Botelho; Marchetti (2015) diz: “O projeto de um dos maiores prédios de estrutura


de concreto armado de São Paulo (mais de trinta andares) usou no máximo nas
vigas e nos pilares a armadura de 25 mm.”

Então, se no seu dimensionamento aparecer um número excessivo de barras de


aço ou barras com diâmetros muito elevados para estruturas de pequeno porte,
refaça suas contas.
Videoaula 3
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Agora, assista ao vídeo que explica o


módulo de elasticidade.

Videoaula Resolução de Exercicios


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Agora, assista ao vídeo:

Encerramento

Para encerrar esta unidade, utilizaremos um trecho do livro “Concreto


Armado Eu Te Amo”:

Uma estrutura de concreto armado (lajes, vigas, pilares, bancos de


jardim, tubos, vasos, etc.) é uma ligação solidária (fundida junto) de
concreto (que nada mais é do que uma pedra artificial composta por
pedra, areia, cimento e água), com uma estrutura resistente à tração,
que, em geral, é o aço.

Normalmente a peça tem só concreto na parte comprimida e tem aço


na parte tracionada. Às vezes, alivia-se o concreto na parte
comprimida, colocando-se aí umas barras de aço.

O aço, entretanto, não pode estar isolado ou pouco íntimo com o


concreto que o rodeia. O aço deve estar solidário, atritado, fundido
junto, trabalhando junto e se deformando junto e igualmente com o
concreto.

Quanto mais atrito tivermos entre o concreto e o aço, mais próximos


estaremos do concreto armado. Existem vários tipos de aço com
saliências, fugindo de superfícies lisas, exatamente para dar melhores
condições de união do aço e concreto. (BOTELHO; MARCHETTI,
2015).

Nesta unidade estudamos o que é concreto, suas propriedades no estado


fresco e endurecido. Também estudamos algumas propriedades do aço, além
das vantagens e desvantagens deste “casamento”.

Lembre-se de resolver as atividades de fixação e pesquisar as literaturas


das referências bibliográficas para complementar os estudos.

Até a próxima unidade!

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: projeto de


estruturas de concreto: procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014. 238 p. ISBN
978-85-07-04941-8.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7480: aço


destinado a armaduras para estruturas de concreto armado: especificação. 2.
ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2007. 13 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8953. Concreto


para fins estruturais – Classificação pela massa específica, por grupos de
resistência e consistência. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.

BOTELHO, Manoel Henrique Campos; MARCHETTI, Osvaldemar. Concreto


Armado Eu Te Amo. Editora Blucher 491 ISBN 9788521208952. (E-book
Pearson)

CARVALHO, Roberto Chust; FIGUEIREDO FILHO, Jasson Rodrigues. Cálculo


e detalhamento de estruturas usuais de concreto armado: segundo a NBR
6118:2014. 4. ed. São Carlos: EdUFSCar, 2016. 415 p. ISBN 978-85-7600-356-
4.

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