AnaliseEconomicoFinanceira_Barbosa_2021
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NATAL
2021
YURI HENRIQUE DE SOUSA BARBOSA
NATAL
2021
FICHA CATALOGRÁFICA
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
Prof. Dr. Adilson de Lima Tavares - Orientador
_______________________________________
Prof. Dr. Clayton Levy Lima de Melo
Membro da Banca
_______________________________________
Prof. Dr. Renato Henrique Gurgel Mota
Membro da Banca
AGRADECIMENTOS
De início, agradeço a Deus pela saúde, persistência, determinação e motivação para alcançar o
objetivo pretendido, espero que ocorra tudo bem, conforme o planejado. Foi difícil, “mas quem
falou que seria fácil?!”.
Agradeço também aos familiares, namorada e a todos que de alguma forma contribuíram para
o processo, mesmo impondo adversidades, as quais serviram de motivação.
Obrigado professor Adilson, que me forneceu o suporte necessário para a conclusão da
monografia.
Por fim, agradeço a mim mesmo, afinal o presente trabalho precisou de um pesquisador e
redator.
Sigamos firmes até o objetivo!
RESUMO
In March 2020, the WHO officially declared the Coronavirus pandemic (COVID-19), which
brought with it several impacts, from social to financial, affecting not only individuals, but also
legal entities. In this sense, companies were affected by changes in the market that required
readjustments to face the new scenario. In the midst of this context, it is considered relevant to
analyze the impacts suffered by the entities during the period in question, in view of the health
crisis involved. Therefore, this study aimed to analyze the economic and financial impacts on
a company located in the Brazilian electricity sector, responsible for a large part of the supply
of electricity in Rio Grande do Norte. To achieve this purpose, the analysis of the financial
statements based on profitability, capital structure and liquidity indicators was used, based on
quarterly data for the period between 2019 and 2020. Regarding the research methodology,
according to the classification adopted by Beuren and Raupp (2006), regarding the objectives,
it is characterized as descriptive, regarding the procedures, case study, and, regarding the
approach to the problem, quali-quantitative. The results found showed that even in the face of
an unfavorable scenario - increase in default, drop in the consumer market, among others - the
company evolved during the period: it became more profitable, as it improved the generation
of net income from the use of your resource; reduced its indebtedness, although short-term
debts have risen over the past few quarters; and it also evolved in terms of liquidity, although
current liquidity has decreased in recent quarters due to the concentration of short-term debt.
AC – Ativo circulante
ANC – Ativo não circulante
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
COSERN – Companhia de Energia Elétrica do Rio Grande do Norte
DRE – Demonstração do resultado do exercício
EBITDA – Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
ITR – Formulário de informações trimestrais
LL – Lucro líquido
MEI – Micro Empreendedor Individual
OMS – Organização Mundial da Saúde
ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico
PC – Passivo circulante
PECLD – Perdas estimadas com créditos de liquidação duvidosa
PIB – Produto Interno Bruto
PL – Patrimônio líquido
PNC – Passivo não circulante
ROA – Retorno sobre ativos
ROE – Retorno sobre o patrimônio líquido
RSV – Retorno sobre vendas
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO ................................................................................................ 13
1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................. 14
1.2.1 Geral ....................................................................................................................... 14
1.2.2 Específicos ............................................................................................................. 14
1.3 JUSTIFICATIVA .......................................................................................................... 14
2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 16
2.1 CRISE SANITÁRIA DA COVID-19 ............................................................................ 16
2.2 SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA.............................................................................. 18
2.3 COSERN........................................................................................................................ 20
2.4 ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA.................................................................... 22
2.4.1 Rentabilidade e Lucratividade................................................................................ 24
2.4.1.1 Retorno sobre o PL (ROE) ............................................................................. 24
2.4.1.2 Retorno sobre o Ativo (ROA) ........................................................................ 24
2.4.1.3 Margem líquida (Retorno sobre vendas) ........................................................ 24
2.4.2 Estrutura de capitais ............................................................................................... 25
2.4.2.1 Endividamento................................................................................................ 25
2.4.2.2 Composição do endividamento ...................................................................... 25
2.4.2.3 Dependência financeira .................................................................................. 26
2.4.3 Solvência e liquidez ............................................................................................... 26
2.4.3.1 Liquidez geral ................................................................................................. 26
2.4.3.2 Liquidez corrente ............................................................................................ 27
2.4.3.3 Liquidez Imediata ........................................................................................... 27
3 METODOLOGIA................................................................................................................ 28
3.1 TIPOLOGIA DO ESTUDO........................................................................................... 28
3.2 AMOSTRA UTILIZADA NA PESQUISA .................................................................. 29
3.3 COLETA DOS DADOS ................................................................................................ 29
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................................ 30
4.1 RENTABILIDADE E LUCRATIVIDADE .................................................................. 30
4.2 ESTRUTURA DE CAPITAIS ....................................................................................... 33
4.3 SOLVÊNCIA E LIQUIDEZ .......................................................................................... 36
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 39
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 41
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO
Desde de 11 de março de 2020, o mundo enfrenta um dos episódios mais catastróficos
dos últimos tempos, marcado pela declaração de pandemia do Coronavírus (COVID-19) pela
organização mundial da saúde (OMS). De acordo com o Ministério da Saúde (2020), A
COVID-19 é uma infecção respiratória provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, de elevada
transmissibilidade e de distribuição global. Segundo dados divulgados no portal do Ministério
da saúde (2020), no final de 2020 mais de 7 milhões de casos já tinham sido confirmados.
Vale salientar que a forma de análise varia conforme o segmento de cada empresa, tendo
em vista sua natureza, mercado no qual está inserida, objetivos, entre outros aspectos. Posto
isso, o presente trabalho busca analisar o comportamento de uma empresa pertencente ao setor
elétrico em meio ao cenário de pandemia atual, a partir de um estudo de caso da Companhia
energética do Rio Grande do Norte (Cosern), objetivando responder ao seguinte
questionamento: quais as variações sofridas pela empresa em relação a seus indicadores
econômico-financeiros, tendo em vista a crise sanitária da COVID-19?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Geral
O objetivo geral do trabalho é realizar uma análise econômico-financeira da Companhia
Energética do Rio Grande do Norte (Cosern), com base nos dados trimestrais do período de
2019 a 2020, e demonstrar as variações patrimoniais, citadas no tópico anterior, pela empresa
durante o período de pandemia da COVID-19.
1.2.2 Específicos
1.3 JUSTIFICATIVA
Os impactos da pandemia manifestaram-se em diversas áreas, provocando danos que
não foram reparados em sua totalidade e precisam ser estudados. Não se trata, todavia, somente
de aspectos sanitários ou sociais, mas também econômico-financeiros.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 CRISE SANITÁRIA DA COVID-19
O Corona vírus pertence à família de vírus Coronaviridae, isolados inicialmente em
1939, mas denominados como tal apenas em 1965. Eles possuem como característica marcante
a propagação de infecções respiratórias. Diversos são seus membros, alfa coronavírus (HCoV-
229E, beta coronavírus (HCoV-HKU1), entre outros. No entanto, o novo integrante que ganhou
destaque no final de 2019 devido aos casos registrados na China foi o SARS-CoV-2,
responsável pela COVID-19 (LIMA, 2020, p.5).
A pandemia foi decretada oficialmente pela OMS em 11 de março de 2020. Todo esse
cenário inesperado elevou o grau de incertezas quanto ao seu enfrentamento e medidas para
combatê-la. Nesse tipo de situação, com ânimes exaltados e questionamentos sem respostas, os
efeitos econômico-sociais são muito radicais e precisam ser controlados, por meio da
cooperação no âmbito nacional e internacional.
Com relação aos aspectos sociais, estes foram os que mais sofreram alterações ao
decorrer do avanço da COVID-19. O distanciamento social foi amplamente divulgado por
diversos governos municipais e estaduais, o que impacta de imediato as relações íntimas de
afeto entre pessoas próximas. De forma mediata, as relações de trabalho também sofreram
alterações. Por questões de espaço físico muitas empresas/instituições adotaram o trabalho
remoto como forma de garantir o distanciamento social entre os empregados e coibir o avanço
da pandemia.
No que tange ao cenário econômico, é de se esperar que diante de tantas incertezas seja
um dos mais afetados. É evidente que cada setor responde de uma forma diferente à medida em
que seus produtos ou serviços são comprometidos.
Nesse contexto, o setor elétrico brasileiro é regulado pela Agência Nacional de Energia
Elétrica (ANEEL), uma autarquia em regime especial com diversas atribuições, dentre elas:
regular a distribuição, produção, e comercialização de energia elétrica. Além disso, exerce
atividades de fiscalização dos serviços prestados por concessionárias e permissionárias nesse
setor (ANEEL, 2020). Na crise atual, a Aneel agiu juntamente com o governo federal para
buscar medidas que possibilitassem o pleno fornecimento de energia aos cidadãos e que
respeitassem a situação financeira.
Outro órgão que atua diretamente na questão da energia elétrica no Brasil é o Operador
Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Essa instituição possui competência de coordenar e
controlar as operações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado
Nacional (SIN) sendo fiscalizada pela própria Aneel. Dentre as competências que lhe são
incumbidas, destacam-se: otimizar a operação do sistema eletroenergético, objetivando redução
de custos e aumento de eficiência sob critérios estabelecidos pela Aneel; garantir a transmissão
de forma ampla a todos; colaborar com a expansão do SIN almejando melhores condições
operacionais no futuro (ONS, 2021).
Embora diversas medidas tenham sido tomadas, uma das fases mais críticas da
pandemia no setor elétrico ocorreu em março de 2021. De acordo com Sousa et. al (2021),
constatou-se alta de 5,5% no quantitativo de consumo no SIN (Sistema Integrado Nacional), a
partir do comparativo anual.
2.3 COSERN
A companhia energética do Rio Grande do Norte (Cosern) foi fundada em 1961 e
permaneceu sob controle estadual até 1997, época em que foi privatizada. Atualmente, pertence
ao grupo Neoenergia, que é responsável pela geração, transmissão, distribuição e
comercialização de energia elétrica em diversos estados brasileiros, principalmente na região
nordeste do país. Ademais, a Cosern está presente em 167 municípios potiguares e atende mais
de 3,5 milhões de habitantes (COSERN, 2021).
De acordo com a Cosern (2020) tais variações podem ser explicadas pela redução do
ciclo de leitura do grupo A, que no caso da industrial foi basicamente o maior agente
impactante, e pelas seguintes razões:
• Apesar da evolução do EBITDA (Sigla do inglês que significa Lucro Antes dos Juros,
Impostos, Depreciação e Amortização, LAJIDA) de 11%, ele ainda foi prejudicado
pelos efeitos da Covid-19 em 24 milhões.
Para atingir alcançar o fim a que se propõe, isto é, fornecer informações úteis e
relevantes, faz-se necessário o uso das demonstrações contábeis. Segundo o Comitê de
Pronunciamentos Contábeis:
A análise das demonstrações consiste em uma das técnicas contábeis. Para Ribeiro
(2009, apud DINIZ, 2015), o processo de análise inicia quando o processo contábil termina, ou
seja, o analista contábil utiliza as demonstrações já elaboradas para fazer inferências e estudar
a composição patrimonial de uma entidade sob diferentes aspectos. Para uma avaliação mais
precisa, é necessário interpretar os dados com base nas características do setor de atividade da
23
organização, o que irá resultar em análises mais consistentes tendo em vista os parâmetros
incialmente estabelecidos (DINIZ, 2015, p.71).
De acordo com Oliveira et al. (2010), pode-se dividir a análise das demonstrações
contábeis em duas categorias distintas: Análise Financeira e Análise Econômica. A primeira
permite a interpretação da saúde financeira da entidade, do grau de liquidez e capacidade de
solvência. Já a segunda, está mais ligada com a interpretação das variações do patrimônio e da
riqueza gerada.
Outro ponto relevante para a análise diz respeito ao uso de índices, os quais, para
Oliveira et. al (2010, p.4), consistem na “confrontação entre os diversos grupos ou contas
patrimoniais e de resultado de forma que se estabeleça uma relação lógica que possibilite a
mensuração da situação econômica e financeira da empresa”. Para obtê-los são necessários
alguns cuidados quanto à qualidade e padronização dos métodos utilizados.
Sob a ponto de vista de Assaf Neto (2020, p.51), as principais técnicas de análise de
balanço são as seguintes:
Análise Vertical – Similar à análise horizontal por incidir sobre o estudo de tendências.
No entanto, essa permite visualizar a participação relativa dos elementos patrimoniais, isto é,
quanto uma determinada conta, ou grupo de contas, representa de um conjunto maior, por
exemplo: o percentual de passivos de curto e longo prazos no passivo total;
Do inglês Return On Equity (ROE), cuja tradução significa retorno sobre o Patrimônio
Líquido, o presente indicador permite mensurar a capacidade da entidade de gerar resultados a
partir do capital próprio. Em outras palavras, sob a ótica dos acionistas, permite auferir o ganho
dos proprietários como consequência do lucro (ASSAF NETO, 2020).
Para Marion (2019), essa razão possibilita, do ponto de vista dos proprietários, uma
estimativa de quanto tempo demorará para que recuperem seus recursos aplicados na entidade,
funcionando, na visão dele, como um “payback dos proprietários”.
Lucro líquido
ROA =
Ativo
Fonte: adaptado Marion (2019)
De forma similar ao ROE, o ROA também aborda a questão do retorno, diferindo quanto
ao seu denominador, que no caso deste é o ativo. Nesse sentido, segundo Marion (2019, p.121)
esse índice representa “O poder de ganho da empresa: quanto ela ganhou por real investido”.
Lucro Líquido
RSV =
Vendas Líquidas
Fonte: adaptado de Assaf Neto (2020)
25
Por fim, a Margem Líquida aborda o retorno a partir das vendas líquidas. Tal indicador
está intimamente relacionado à eficiência da gestão da lucratividade. Posto isso, a margem
líquida é formada a partir da combinação de resultados da gestão de ativos, passivos, que
refletem diretamente na função básica da entidade (ASSAF NETO, 2020).
2.4.2.1 Endividamento
Por meio do confronto entre passivo e patrimônio líquido chega-se ao valor do índice
de endividamento. Para Assaf Neto (2020), esse indicador permite visualizar quanto as dívidas
representam do capital próprio da empresa, ou seja, quanto a empresa assumiu de dívidas para
cada recurso dos acionistas investido.
Um ponto interessante ao falar sobre endividamento é que nem sempre um alto índice
representa um aspecto negativo. Marion (2019) ressalta em alguns países desenvolvidos o
indicador apresenta valores elevados pelo fato de empresas recorrerem a dívidas para realizarem
aplicações produtivas no seu ativo. Por essa razão, mesmo elevado é aceitável, uma vez que no
futuro resultarão em benefícios econômicos suficientes para saldarem as dívidas. No entanto,
ainda segundo o autor, é preciso ter cuidado pois sucessivas dívidas podem ocasionar um ciclo
vicioso, acarretando prejuízos para a entidade.
possibilita à empresa mais tempo para acumular recursos. Em contrapartida, caso concentrem-
se no curto prazo, a entidade poderá ter dificuldades e necessitará adotar medidas emergenciais
para saldá-las, como vender seus estoques ou assumir novas dívidas (Marion, 2019).
Na visão de Marion:
Ademais, Segundo Assaf Neto (2020, p.176) “A liquidez geral é utilizada também como
uma medida de segurança financeira da empresa a longo prazo, revelando sua capacidade de
saldar todos seus compromissos”.
Para avaliar a disponibilidade de recursos de uma entidade, além da liquidez geral, deve-
se levar em consideração tal perspectiva aplicada no curto prazo. Para isso surge o presente
índice, pois quanto maior a liquidez corrente, maior é a capacidade da empresa financiar suas
necessidades de curto prazo, ou capital de giro (ASSAF NETO, 2020).
Convém ressaltar que é necessário ter cautela na análise do índice, conforme aponta
Marion:
[...] uma premissa deve ficar bem clara: nos casos em que ocorra a queda do índice de
LC nem sempre significa perda da capacidade de pagamento; pode significar uma
administração financeira mais rigorosa (o que é louvável) diante, por exemplo, da
inflação, do crescimento da empresa etc. (MARION, 2020, p.75).
Apesar de não ser desejável que esse índice seja muito alto, é interessante manter certos
valores em disponibilidade como forma de segurança para liquidar possíveis dispêndios
emergenciais, conforme aponta Marion (2019).
28
3 METODOLOGIA
Segundo Reis (2009, p.23) “A metodologia de pesquisa é um caminho a ser trilhado
pelo pesquisador no processo de produção de conhecimento sobre a realidade que se busca
conhecer”. Nesse sentido, esta seção busca apresentar a metodologia de pesquisa utilizada para
atingir o propósito do trabalho. Além disso, demonstrar o modo como chegou-se ao resultado
de pesquisa, a partir da amostra e dos procedimentos utilizados.
Posto isso, quanto aos objetivos esta pesquisa caracteriza-se como descritiva, a qual
objetiva analisar características de determinada população ou o estabelecimento de relações
entre variáveis, conforme aponta Gil (1999, BEUREN; RAUPP, 2006, p.81). Esse tipo de
pesquisa direcionada à contabilidade pode ser relevante para esclarecer determinadas
características do objeto de pesquisa. No entanto, para que um trabalho monográfico utilize
estudos descritivos e apresente resultados válidos, é imprescindível entender a natureza desse
estudo, caso contrário invalidará tais resultados (BEUREN; RAUPP, 2006).
Com relação aos procedimentos, trata-se de um estudo de caso, uma vez que se deseja
obter conhecimentos acerca de um determinado caso específico, conforme apontam Beuren e
Raupp (2006). O caso particular a ser contemplado pelo trabalho é justamente a situação
econômico-financeira da empresa Cosern no período selecionado (2019 e 2020). Ademais,
Beuren e Raupp (2006, p.84) afirmam que esse procedimento quando aplicado à contabilidade,
concentra maior número de pesquisas em organizações, visando à análise ou à aplicação de
instrumentos ou teorias contábeis.
Por fim, no que tange à abordagem do problema, essa pesquisa possui aspectos quali-
quantitativos. Ao abordar a questão da análise econômico-financeira com o uso de índices,
utiliza-se aspectos quantitativos pois há uma tentativa de entender, a partir de uma amostra, o
comportamento de uma população (BEUREN; RAUPP, 2006, p.93), isto é, com base na
amostra selecionada, procura-se entender o comportamento da empresa selecionada em meio
29
Por fim, o tratamento e a organização dos dados foram feitos por meio da utilização de
planilha eletrônica (Excel), a qual também foi utilizada para o cálculo dos índices.
30
ROE
8,00%
7,00%
6,00%
5,00%
4,00%
3,00%
2,00%
1,00%
0,00%
1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T
2019 2020
Por meio da observação dos dados, o segundo trimestre de 2020 destaca-se em relação
aos demais trimestres do mesmo ano, uma vez que é o menor valor do ano e o segundo menor
31
valor de todo o período analisado. Tal fato justifica-se pelo incremento do patrimônio líquido
em detrimento da diminuição do lucro líquido. Enquanto o patrimônio líquido aumentou
aproximadamente 6% do primeiro para o segundo trimestre de 2020, o lucro líquido resultou
em uma diminuição de 16%.
ROA
2,50%
2,00%
1,50%
1,00%
0,50%
0,00%
1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T
2019 2020
Vale ressaltar que o segundo trimestre de 2020 apresenta um ROA abaixo dos demais
pelo mesmo motivo do ROE desse trimestre: o lucro líquido.
RSV
14,00%
12,00%
10,00%
8,00%
6,00%
4,00%
2,00%
0,00%
1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T
2019 2020
Em suma, a partir dos dados obtidos no período analisado, constatou-se uma variação
positiva da rentabilidade no período analisado. Apesar das adversidades que impactaram a
Cosern no período - reajuste tarifário, aumento da PECLD em razão do provisionamento da
covid-19, além de outros aspectos comentados no referencial teórico – a empresa conseguiu
resultados favoráveis no período analisado.
Contudo, cabe destacar o segundo trimestre do ano de 2020, que foi marcado por uma
redução do lucro líquido em aproximadamente 16% em relação ao trimestre anterior. Por essa
razão, todos os indicadores de rentabilidade apresentaram redução nesse trimestre.
Diante disso, buscou-se verificar as principais razões que contribuíram para esse
cenário. Por meio da consulta às notas explicativas da Cosern (2020) e aos relatórios de
desempenho da entidade, destaca-se que o surto da pandemia, o qual foi agravado ao final de
março de 2020 e perpetuou-se ao longo do segundo trimestre, impactou negativamente os
resultados da companhia em relação ao trimestre anterior nos seguintes aspectos:
Apesar disso, a empresa ressaltou que as perdas apuradas devem ser objeto de
recomposição tarifária a fim de reestabelecer o equilíbrio econômico-financeiro da concessão,
o que não afetará de forma significativa os investimentos no longo prazo. Ademais, os efeitos
da COVID-19 são tidos como itens não recorrentes e que, gradualmente, haverá retorno à
normalidade (COSERN, 2020).
33
Gráfico 4 – Endividamento
Endividamento
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T
2019 2020
Diante desse cenário, apesar do passivo da empresa ter aumentado durante os trimestres,
o patrimônio líquido também aumentou, mas em uma proporção superior, o que causou uma
diminuição do indicador ao longo do tempo. Em suma, no ano de 2020 a empresa demonstrou
que vem reduzindo o endividamento, mesmo diante das agitações ocorridas em 2019.
Composição do endividamento
35,00%
30,00%
25,00%
20,00%
15,00%
10,00%
5,00%
0,00%
1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T
2019 2020
Dependência financeira
76,00%
74,00%
72,00%
70,00%
68,00%
66,00%
64,00%
1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T
2019 2020
A dependência financeira, por sua vez, mensura o quanto dos recursos de terceiros
representam dos recursos totais a disposição da empresa, ou seja, a razão entre passivos e ativos
totais. A partir dos dados obtidos, constatou-se uma pequena variação entre 2019 e 2020.
Enquanto a média de 2019 foi de 72,14%, a de 2020 atingiu 72,23%. Diante disso, percebe-se
que os ativos e passivos variaram em proporções semelhantes durante o período, o que
provocou alterações pouco significativas no indicador.
Liquidez geral
1,2
1,15
1,1
1,05
1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T
2019 2020
A partir da liquidez geral, pode-se extrair a proporção entre ativo (circulante e realizável
a longo prazo) e passivo (circulante e não circulante). Posto isso, verificou-se que tal indicador
cresceu no período de 2020 em relação ao ano anterior, em decorrência do aumento nos ativos,
tanto circulante quanto realizável a longo prazo em comparação a uma variação menos
significativa no passivo.
Apesar da evolução do índice, em termos percentuais a variação não foi tão significativa.
A média de 2020 foi aproximadamente 4% superior à média de 2019. Nesse sentido, dentre os
37
índices utilizados para avaliar a liquidez da empresa, esse foi o que apresentou menor variação,
uma vez que as contas patrimoniais utilizadas no seu cálculo apresentaram oscilações
semelhantes.
Liquidez corrente
1,5
0,5
0
1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T
2019 2020
No que tange à liquidez corrente, observou-se um aumento nos últimos dois trimestres
do ano de 2019 e no primeiro trimestre do ano de 2020, o qual não se perpetuou nos últimos
trimestres de 2020.
Liquidez imediata
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T
2019 2020
Ao comparar a liquidez corrente com a imediata, percebe-se que do ponto de vista dos
recursos de maior liquidez (caixa e equivalentes de caixa) a empresa evoluiu durante todo o
período, com exceção do último trimestre de 2020. Por outro lado, em alguns períodos a
liquidez corrente apresentou queda enquanto a imediata obteve um acréscimo, a exemplo do
período entre o segundo e o terceiro trimestre de 2020. Diante disso, apesar de aparentemente
a empresa ter reduzido a capacidade de liquidez em alguns períodos sob o ponto de vista da
liquidez corrente, a liquidez imediata demonstrou uma melhora nesse aspecto.
39
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalhou objetivou demonstrar as variações econômico-financeiras em uma
empresa de distribuição de energia elétrica – Cosern – a partir das demonstrações financeiras
trimestrais relativas ao período de 2019 a 2020. O período em questão foi marcado pelo
surgimento da pandemia da COVID-19, que trouxe consigo alterações sociais e econômicas a
nível global. Para alcançar o propósito, a pesquisa utilizou a análise das demonstrações
contábeis com o uso de indicadores específicos para verificar a situação da empresa sob o ponto
de vista da rentabilidade, estrutura de capitais e liquidez.
Sob a ótica da rentabilidade, com base nos dados coletados e nos índices calculados, a
empresa demonstrou uma melhora nesse aspecto. Apesar das vendas líquidas da empresa em
alguns trimestres de 2020 terem sido inferiores em relação aos trimestres de 2019, o lucro
líquido apurado aumentou, o que impactou positivamente os índices de rentabilidade. Nesse
sentido, a média do ROE e do ROA - levando em considerações os valores trimestrais – obteve
um singelo acréscimo no ano de 2020 em relação ao ano anterior, bem como o RSV. Diante
disso, a empresa conseguiu aumentar o seu lucro líquido em relação ao capital próprio, aos
ativos e às vendas.
diminuição da liquidez corrente, ou seja, as dívidas estão cada vez mais se concentrando no
curto prazo e os ativos circulantes da empresa não estão acompanhando essa evolução
proporcionalmente.
41
REFERÊNCIAS
ANEXO
Tabela 4 – Dados coletados nas ITR’s e utilizados no cálculo dos índices.
2019 2020
Contas patrimoniais 1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T
Contas de resultado 1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T
VENDAS LÍQ. 702.400 628.000 624.000 669.000 636.900 605.000 706.000 847.000
Fonte: adaptado Cosern (2019) e Cosern (2020)