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Prova I Direito Penal

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PROVA I DIREITO PENAL

Conceito FORMAL de CRIME:

O conceito formal de crime está relacionado à ideia de que um ato só pode ser
considerado criminoso se estiver descrito de forma clara e precisa em uma lei penal. Ou
seja, para que uma conduta seja considerada crime, é necessário que exista uma lei que
a defina como tal. Dessa forma, o conceito formal de crime está focado na análise da
norma penal e na sua aplicação prática.

Conceito MATERIAL de CRIME:

O conceito material de crime está relacionado à ideia de que um ato só pode ser
considerado criminoso se tiver causado um dano ou prejuízo a algum bem jurídico
protegido pelo ordenamento jurídico. Nesse sentido, o conceito material de crime está
focado na análise dos efeitos que a conduta produziu no mundo real.

Conceito ANALÍTICO de CRIME:

O conceito analítico de crime se concentra em três elementos fundamentais: a conduta, a


tipicidade e a ilicitude. De acordo com essa abordagem, para que uma conduta seja
considerada crime, é necessário que ela preencha todos esses três elementos. A conduta
deve ser uma ação ou omissão voluntaria do agente, ela deve ser descrita como crime na
lei (tipicidade) e ela não pode ser justificada ou permitida pelo ordenamento jurídico
(ilicitude).

ERRO DE TIPO

Erro de Tipo seria o engano (erro) que recai sobre os elementos que compõe o Tipo
Penal. Ele exclui o dolo (a vontade de praticar o fato punível), mas permite a punição
pela culpa, se o Tipo Penal permitir.

Conforme previsto no art. 20 do Código Penal, o erro sobre elemento constitutivo do


tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto
em lei.

QUAIS SÃO OS ERROS DE TIPO?


ERRO ESSENCIAL:

É aquele que ocorre quando a falsa percepção impede o sujeito de compreender a


natureza criminosa do fato. Por exemplo: matar um homem supondo tratar-se de animal
bravio. Recai sobre elementos ou circunstâncias do tipo penal ou sobre os pressupostos
de fato de uma excludente da ilicitude.

Além disso, o Erro de Tipo Essencial pode ser invencível (desculpável) ou vencível
(indesculpável). De forma simples, o Erro Invencível é aquele que não pode ser evitado
pela diligência normalmente aplicada à situação, e ele exclui o dolo e a culpa.

Já o Erro Vencível é aquele que seria evitado pela maioria das pessoas que aplicassem a
diligência normal que a situação exigisse e afastasse apenas o dolo.

ERRO ACIDENTAL:

Já o Erro Acidental, não afasta o dolo nem a culpa, pois o agente atua com consciência
da ilicitude do fato, se enganando em relação a elemento não essencial do fato ou erra
na execução.

Ele ainda pode ser dividido em;

 Erro sobre o objeto (error in objeto);


 Erro sobre pessoa (error in persona);
 Erro na execução (aberratio ictus);
 Aberratio causae.

ERRO SOBRE OBJETO (error in objeto):

Neste erro o agente atua com dolo de praticar uma conduta ilícita, mas o erra sobre o
objeto da ação. Exemplo: o agente quer furtar uma concorrente de ouro, mas acaba
furtando uma bijuteria.

ERRO SOBRE PESSOA (error in persona), disciplinado no art. 20, §3º

“O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se
considere, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra
quem o agente queria praticar o crime.”

ERRO NA EXECUÇÃO (aberratio ictus), previsto no art. 73


Previsto no art. 73 do Código Penal, o erro na execução ocorre:

Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de
atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse
praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste
Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender,
aplica-se a regra do art. 70 deste Código.

Aqui o detalhe é que o erro ocorre na execução da ação criminosa, e por este erro acaba
atingindo pessoa diversa, o que atrai a mesma consequência do erro sobre a pessoa já
explicado acima.

ABERRATIO CAUSAE

Aqui falamos de um erro quanto à causa do resultado, ou seja, é o caso do agente que
querendo matar A afogado joga-o de uma ponte, mas a vítima morre de traumatismo por
se chocar com pedras/pilares. O agente queria matar de uma forma, mas a vitima acabou
morrendo por outro motivo.

CULPABILIDADE

Culpabilidade é o juízo de reprovação de determinada conduta, assim, não basta que a


ação seja típica e ilícita, é necessário que também haja uma reprovabilidade em relação
aquele comportamento.

A culpabilidade é dividida em três elementos, conforme a teoria normativa pura, quais


sejam:

IMPUTABILIDADE;

Trata-se da capacidade ou aptidão para culpável.

Para que haja a configuração da capacidade de culpabilidade é necessário observar dois


momentos, o primeiro é cognoscivo ou intelectual e o segundo o volitivo ou de vontade,
ou seja, a capacidade de compreensão do delito e a determinação da vontade conforme
tal compreensão. Sobre o tema Bittencourt assevera que: “Assim, a ausência de
qualquer dos dois aspectos, cognoscivo ou volitivo, é suficiente para afastar a
capacidade de culpabilidade, isto é, a imputabilidade penal. (BITENCOURT, Cezar
Roberto. Tratado de direito penal, p.390)”

O Código Penal no art. 26 diz:

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Com a leitura do artigo é possível verificar que corresponde exatamente aos dois
momentos mencionados anteriormente.

Deste modo, para concluir pela imputabilidade do agente deve-se observar se o mesmo
era portador de alguma doença mental ou se possuía o desenvolvimento mental
incompleto ou retardo, e se ao tempo do fato, detinha incapacidade de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Por essa razão, restou-se demonstrado que o Código Penal adotou o critério
biopsicológico.

A respeito do critério biopsicológico, Greco em preciosas lições esclarece que:

O critério biológico, portanto, reside na aferição da doença mental ou no


desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Contudo, mesmo que comprovado,
ainda não será suficiente a fim de conduzir à situação de inimputabilidade. Será preciso
verificar se o agente, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento
(critério psicológico).

A escolha do legislador foi pela adoção dos dois critérios, simultaneamente, surgindo,
com isso, o critério biopsicológico. (GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – Parte
Geral. Vol.1, p.395)

Nos casos em que se provar a inimputabilidade do agente, conforme os critério


mencionados anteriormente, o juiz deverá absolver, nos termos do art. 386, inciso VI do
CPP, aplicando uma medida de segurança, trata-se da espécie de absolvição imprópria.

O Parágrafo único do art. 26 do CP diz que:


Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude
de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou
retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

Nesse caso haverá uma redução de pena de um a dois terços e a diferença em relação ao
caput do artigo 26 é que enquanto no caput o agente deve ser inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento,
no Parágrafo único o agressor não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Em grosso modo, o caso do
Parágrafo único é quando o autor possui um pouco de consciência da ilicitude de sua
conduta.

Por fim, a outra possibilidade de inimputabilidade é a questão da maioridade penal.


Tanto o art. 228 da Constituição Federal de 1988 quanto o art. 27 do CP estabelecem
que os menor de 18 anos são inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas pela
legislação especial, qual seja a Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente.

POTENCIAL CONSCIENCIA SOBRE A ILICITUDE DOS FATOS;

Birtencourt ensina que:

Para que uma ação contrária ao Direito possa ser reprovada ao autor, será necessário
que conheça ou possa conhecer as circunstâncias que pertencem ao tipo e à ilicitude. E
— como afirma Vidaurri — “a consciência da ilicitude (antijuridicidade) baseia-se no
conhecimento das circunstâncias aludidas. Por isso, ao conhecimento da realização do
tipo deve-se acrescentar o conhecimento da antijuridicidade”. (BITENCOURT, Cezar
Roberto. Tratado de direito penal, p.391)

Por esta razão, para que se averigue que determinada conduta seja enquadrada como
crime e passível de reprovação, faz-se necessário observar se o agente possuía
consciência sobre a ilicitude do fato, ou seja, se ele não agiu sobre a hipótese do erro de
proibição.

O artigo 21 do CP diz que:

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se


inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Nesse sentido, a pessoa não pode alegar que não sabia que certo comportamento era
crime. Entretanto, se o agente agira sobre o erro de proibição pode haver a isenção de
pena se inevitável ou a redução de evitável.

Existe três modalidades de erro de proibição, que são os: direto, indireto, mandamental.

· No erro de proibição direito o agente não possuía conhecimento que aquela ação era
reprovável por desconhecer que havia uma norma proibitiva, ou porque não conhece
completamente o seu conteúdo, ou porque não entende o seu âmbito de incidência. Um
exemplo clássico da doutrina é a do ou porque não conhece completamente o seu
conteúdo, ou porque não entende o seu âmbito de incidência.

· No erro de proibição indireto o agente sabe que aquele comportamento é típico,


entretanto, acredita haver alguma circunstância que autorize cometê-lo (Ex: O marido
que ao descobrir que a esposa o traiu vem a lesionar a esposa por acreditar que estava
em seu direito);

· Erro de proibição mandamental: Trata-se da hipótese onde o agente acreditando não


possuir determinada obrigação, deixa de prestá-la. Ocorre nos casos de crimes
omissivos, próprios ou impróprios. (Ex: O banhista que ao ver uma pessoa afogando e
por não possuir qualquer vínculo com a mesma, deixa de prestar socorro).

EXIGIBILIDADE DE OBEDIENCIA AO DIREITO (OU DE CONDUTA


DIVERSA);

Para a exigibilidade de conduta diversa, Rogério Greco conceitua que é “a


possibilidade que tinha o agente de, no momento da ação ou da omissão, agir de
acordo com o direito, considerando-se sua particular condição de pessoa humana”
(GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – Parte Geral. Vol.1, p.411).

Em outras palavras, é a situação onde o agente possuía a oportunidade de não violar o


direito, ou não cometer determinado delito.

Essas são nossas breves considerações sobre o conceito de culpabilidade, sendo


crucial sua apreciação para que determinado comportamento seja reconhecido como
criminoso.

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