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UFMG – Disciplina Autores e Estilos Cinematográficos - Profa.

Ana Lúcia Andrade


Exercício de analise fílmica – sequencia de: O homem que sabia demais (The man who
knew too Much), Reino Unido, 1934), de Alfred Hitchcock
Isabela Ricci dos Santos – Artes Visuais – 15/09/23
A primeira coisa a ser percebida com o inicio da cena é o recurso do cinema
mudo, onde os acontecimentos são mostrados, não falados. A personagem parece estar
confusa com o olhar inquieto como se estivesse procurando por alguém, dessa forma
compartilhamos deste mesmo sentimento pois nosso foco dela sempre é interrompido
com pessoas cruzando sua frente.
O clima de angustia já começa a ser construído, sabemos que algo irá acontecer.
Uma perturbação ocorre quando ela tromba um homem que lhe entrega o broche de sua
filha, fazendo com que ela se lembre que não poderá fazer nada para impedir o
assassinato que vai acontecer, sabemos que o broche representa sua filha.
A musica se inicia com a mudança de cenário, é criada uma expectativa maior,
por conta da enorme multidão, de novo compartilhamos de sua angustia por meio do
jogo de câmera que nos faz acompanhar com o olhar cada canto do ambiente
procurando o assassino. A câmera se torna os olhos dela, vemos tudo que ela vê.
A música começa tranquila, mas vai crescendo junto ao seu desespero, recurso
utilizado para nos deixar ansiosos. Logo avistamos um individuo na escuridão, o que
indica má índole, o local onde ele se encontra contrasta com o resto do ambiente que
esta muito iluminado, também não conseguimos ver seu rosto.
Sabemos que ela quer agir para impedir que o crime ocorra, mas ao olhar para o
broche somos lembrados da criança, ao assistir nos sentimos assim como ela, de mãos
atadas.
A progressão da musica gera um indicativo de que o momento que esperamos se
aproxima. Corte para os mafiosos tranquilos dando contraste para a cena anterior. A
cortina se movendo esperamos que algo ruim aconteça, novamente recurso do cinema
mudo, show not tell.
A musica sobe desce, este é um arquétipo de suspense para se estabelecer um
clima tenso. Ao chorar da personagem sua visão, e por consequência, a câmera se torna
turva, sentimos o que ela sente, vemos o que ela vê. Ocorre um fade out para o cano da
arma que vai surgindo aos poucos e em seguida volta para as sombras.
O telespectador vai montando o quebra cabeça, sabemos o que vai acontecer,
vemos os pratos e o tambor prestes a serem tocados, nos sugerindo a ideia de um
barulho alto, os cortes se revezam com os instrumentos, a arma, a vitima e ela. Seu grito
nos mostra que o que temíamos já ocorreu, corte para os mafiosos que também
entendem o que acabou de acontecer. Podemos respirar, o crime já foi cometido.
Desde o início Hitchcock cria a ambientação e o jogo de câmera de maneira a
nos tornar imersos no filme, como se fossemos parte daqueles acontecimentos, tudo que
a personagem sente nos é transferido, somos fisgados e ficamos hipnotizados até final.

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