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Fascíclo Da 10 Classe - ZIP QUÌMICA - 2022

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2022

Fascículo de Química
10ª Classe

Elaborado por: Juliana David Correia


Material de apoio de Química – 10ª Classe

AO ALUNO

A Química está presente em todas as actividades humanas, não se resumindo


apenas a pesquisas avançadas de laboratório ou produção industrial.
Quando preparamos os nossos alimentos, tomamos medicamentos ou até mesmo
quando lavamos as mãos ou escovamos os dentes, estamos a fazer uso de
conceitos químicos, transformações químicas e reacções químicas.
Os conhecimentos de Química são essenciais para a compreensão de muitas
transformações, podendo, por isso, ser entusiasmante e aliciante a todos níveis,
desde a aquisição de conhecimentos teóricos, práticos até investigativos.
No decorrer deste ano lectivo será possível consolidar, aprofundar e adquirir
novos conhecimentos em química.
Este material foi concebido para o uso do aluno da 10ª classe, do 2º ciclo do ensino
secundário, a fim de uniformizar os conteúdos a nível da província da Huíla,
município do Lubango, devendo por isso ser fornecido ao aluno de forma gratuita
para a reprodução.

Elaborado por MSc. Juliana Correia


Ano lectivo 2022 2
Material de apoio de Química – 10ª Classe

PROGRAMA 10ª CLASSE

TEMA 1: EQUAÇÕES QUÍMICAS


1.1. Significado de Equação Química
1.2. Apresentação das Equações Químicas
1.3. Reacções Químicas Completas e Incompletas
1.4. Cálculos baseados nas Equações Químicas
1.5. Análise Química: Gravimetria e Volumetria

TEMA 2: VELOCIDADE DAS REACÇÕES QUÍMICAS


2.1. Avaliação da Rapidez de uma Reacção Química
2.2. Efeito da Concentração dos Reagentes
2.3. Reacções Químicas a Nível Molecular
2.4. Outros Factores que Influenciam a Velocidade de uma Reacção Química

TEMA 3: EQUILÍBRIO QUÍMICO


3.1. Introdução
3.2. Reversibilidade das Transformações Físicas e Químicas
3.3. Noção de Sistema
3.4. Equilíbrio em Sistemas Homogéneos
3.5. Factores que Afectam o Estado de Equilíbrio de um Sistema
3.6. Aplicações Práticas do Princípio de Le Châtelier
3.7. Equilíbrio em Sistemas Heterogéneos

TEMA 4: REACÇÕES ÁCIDO-BASE


4.1. Ácidos em Soluções Aquosas
4.2. pH de uma Solução. Relação com a concentração do ião H+
4.3. Dissociação Completa e Incompleta
4.4. Caracterização do Equilíbrio Ácido-Base

Elaborado por MSc. Juliana Correia


Ano lectivo 2022 3
Material de apoio de Química – 10ª Classe

INTRODUÇÃO
Nos dias de hoje, conhecem-se milhões de substâncias químicas diferentes, algumas de
ocorrência natural e outras sintetizadas em laboratório. Para facilitar o estudo da Química, as
substâncias químicas foram divididas em grupos ou funções químicas, que são grupos de
substâncias que apresentam características e propriedades químicas semelhantes. Estas, na
metade do século XVIII, passaram a classificar-se em funções inorgânicas e funções orgânicas.
As funções inorgânicas são aquelas que não possuem cadeias carbonadas, e as orgânicas são as
que possuem.
As substâncias inorgânicas são divididas em quatro grupos: óxidos, ácidos, hidróxidos e sais,
chamados de “funções inorgânicas”.

Ácidos
São substâncias formadas por hidrogénio e não metais. Estes podem ser obtidos pela
combinação dos óxidos de não metais com água.
Os ácidos classificam-se em:

 Hidrácidos: ácidos sem oxigénio.


Ácido + Nome do elemento + ídrico.
HCl → Ácido Clorídrico HF →
HBr → Ácido Bromídrico HI →
H2S → Ácido Sulídrico HCN →
 Oxiácidos: ácidos com oxigénio.
Ácido + Nome do elemento + ico.
H2SO4 → Ácido Sulfúrico H3PO4 →
HNO3 → Ácido Nítrico H2CO3 →
A reacção que ocorre entre um ácido e uma base produzindo um sal e água recebe o nome de
Reacção de Neutralização.

Bases ou Hidróxidos
São compostos formados por catiões metálicos e aniões hidróxido. As suas soluções apresentam
caracter básico acentuado, motivo pelo qual também são chamados de bases.
Hidróxido de + Nome do Catião
NaOH → Hidróxido de Sódio Al(OH)3 →
Cu(OH)2 → Hidróxido de Cobre Fe(OH)2 →
Sais
São compostos iónicos formados por catiões e aniões.
Nome do anião + de + nome do catião.
NaCl → Cloreto de sódio K2SO4 →
KNO3 → Nitrato de Potássio AL(NO2)3 →

Óxidos
São compostos binários formados apenas por dois elementos, dos quais um dos elementos é
sempre o oxigénio e o outro é um elemento metálico ou não-metálico.
Os óxidos classificam-se em:
Elaborado por MSc. Juliana Correia
Ano lectivo 2022 4
Material de apoio de Química – 10ª Classe
 Óxidos de metais: são formados por átomos de um elemento metálico e de oxigénio.
Óxido de + Nome do Metal.
Na2O → Óxido de Sódio BaO →
CaO → Óxido de Cálcio K2 O →
NOTA: Quando os átomos dos elementos metálicos possuem mais de uma Valência esta pode
aparecer em números romanos entre parenteses.
Fe2O3 → óxido de ferro (III)
Óxido de metal + água → base
Óxido de metal + ácido → sal + água
 Óxidos de não-metais: são formados por átomos de um elemento não-metálico e de
oxigénio.
Prefixos (nº de Oxigénios) + óxido de + o nome do não-metal.
CO → Monóxido de Carbono SO2 →
SiO2 → Dióxido de Silício N2O5 →
Óxido de não-metal + água → ácido
Óxido de não-metal + base → sal + água

Elaborado por MSc. Juliana Correia


Ano lectivo 2020 5
Material de apoio de Química – 10ª Classe

TEMA 1: REACÇÕES QUÍMICAS E EQUAÇÕES QUÍMICAS


A Química é uma ciência em constante evolução que se ocupa do estudo da matéria e as suas
transformações.
Todos os dias, o dia inteiro, ocorrem reacções químicas, não só a nossa volta, mas também
dentro do nosso corpo, de tal forma que podemos dizer que a manutenção da vida depende de
uma série de reacções. Estas mudanças são designadas por fenómenos.

A transformação de uma ou mais substâncias em outra ou outras é designada por Reacção


química. Apesar da complexidade de muitas reacções químicas possam atingir, estudá-las é um
ponto de partida para a compreensão de muitas transformações ao nosso redor e até mesmo
que nos permitem viver.
Assim, podemos definir uma reacção química como qualquer transformação química, em que
uma ou mais substância (reagentes) se transforam em uma ou mais substâncias diferentes
(produtos), com novas propriedades, isto é com propriedades diferentes das substâncias
iniciais.
Numa reacção química, às substâncias iniciais chamamos de reagentes e às substâncias
formadas chamamos de produtos da reacção.
Figura 1 - Reacção química

Para se identificar a ocorrência de uma reacção química, é necessário procurar algumas


evidências, tais como: alteração na cor, produção de um gás a partir de líquidos e sólidos,
produção de um precipitado1 a partir de líquidos ou sólidos, cheiro característico, variação da
temperatura, chama e modificação das substâncias iniciais.
As várias reacções químicas que ocorrem no quotidiano são representadas mediante equações
químicas, a fim de esquematizar o que sucede durante a reacção química.
Resumo
Reacções químicas são transformações que envolvem mudanças, quebra e/ou formação, das ligações entre
partículas da matéria (átomos, moléculas ou iões), resultando a formação de nova substância com propriedades
diferentes da anterior. Algumas evidências da ocorrência de uma reacção química são mudança de cor, alteração
da temperatura, cheiros, formação de um gás, entre outras.

1.1. Significado de Equações Químicas


Equações químicas são representações gráficas das reacções químicas que podem ter dois
significados:
Significado qualitativo – aquele que indica as substâncias que interagem no sistema, os
respectivos estados físicos e o tipo de reacção.
Significado quantitativo – aquele que indica a proporção em que as substâncias iniciais
se combinam para formar às substâncias finais.
As equações podem fornecer-nos inúmeras informações, além das substâncias que nela
participam.
 Estados físicos: Gasoso (g), vapor (v), Líquido (l), aquoso (aq), sólido (s) ou cristal (c)
 Presença de moléculas ou iões
 Desprendimento de gás(↗)

1
Precipitado – fase sólida formada no seio de um líquido, que se deposita espontaneamente ou pela adição de um reagente.
Também pode significar a formação de uma fase líquida em um meio gasoso, a qual se precipita.
Elaborado por MSc. Juliana Correia
Ano lectivo 2020 6
Material de apoio de Química – 10ª Classe
 Formação de precipitado (↓)
 Necessidade de aquecimento (Δ)
 Presença de luz (λ)
 Ocorrência de reacção reversível ( ↔ )
 Libertação de ou absorção de calor/energia (+Q ou –Q)
Mas não nos fornecem toda informação do que realmente acontece durante a reacção, por
exemplo não é possível a partir de uma reacção saber como se formam as novas substâncias,
nem o tempo necessário.

1.2. Apresentação das Equações Químicas


Para facilitar a comunicação entre os cientistas, estes estabeleceram uma maneira de
padronizada de representar as reacções químicas. Assim, de acordo às normas internacionais,
por eles estabelecidas, as substâncias são representadas por fórmulas químicas, e todas as
reacções químicas devem ser representadas por equações químicas.
Equação química é a representação esquemática que reflecte o processo que ocorre durante uma reacção
química.
Numa reacção química as substâncias iniciais designam-se reagentes e as finais são os produtos
da reacção. Ao conjunto dos reagentes e dos produtos da reacção dá-se o nome de sistema
reaccional.
Nas equações os reagentes são escritos do lado esquerdo e os produtos, do lado direito. Os
reagentes são separados entre si por “+”, e lê-se “reage com”. Os produtos são separados entre
si por “+”, e lê-se “e”. Os reagentes e produtos são separados por uma seta, simples “→” ou
dupla “ ↔ ” e lê-se “formando/produzindo” ou “para formar”.

1.2.1. Coeficientes estequiométricos


A proporção molar entre reagentes e produtos é representada por algarismos denominados
coeficientes estequiométricos. Estes são colocados à esquerda, na mesma linha não como
índice, do símbolo químico ou fórmula química. Caso o coeficiente estequiométrico seja “1” não
é representado.

1.2.2. Estados físicos


Os estados físicos dos reagentes e produtos são escritos à direita do símbolo químico ou
fórmula química, de forma abreviada e dentro de parênteses.

EXERCÍCIOS
1- Escreva equação que traduza a reacção do carvão com oxigénio, produzindo dióxido de
carbono.
2- Escreva equação que traduza a reacção do metano com o oxigénio, produzindo dióxido
de carbono e água.
3- Escreva equação que traduza a reacção do ácido clorídrico com o Magnésio, produzindo
cloreto de magnésio e libertando hidrogénio.

1.2.3. Acerto de equações químicas. Lei de Lavosier.


Existem várias formas de balancear ou acertar uma equação química, mas o método mais
utilizado para determinar os coeficientes de uma equação é o método das tentativas.
Durante uma reacção química, consomem-se os reagentes à medida que os produtos da reacção
vão sendo formandos. Assim, as ligações entre os átomos dos reagentes vão se partindo e
formam-se novas ligações, originando novas substâncias. No entanto, o número de átomos de
Elaborado por MSc. Juliana Correia
Ano lectivo 2020 7
Material de apoio de Química – 10ª Classe
cada elemento dos reagentes é igual ao número de átomos de cada elemento nos produtos da
reacção, encontrando-se apenas “arranjados” de formas diferente. Esta conclusão foi obtida por
Antoine Lavoisier, tal como enuncia a sua Lei.
Figura 2 - Esquema de uma equação

“Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.”


As equações químicas devem, sempre, ser acertadas evidenciando a Lei da Conservação da
Massa – Lei de Lavoisier.
Actualmente, a Lei da Conservação da Massa – Lei de Lavoisier – é enunciada destacando
aspectos mais relevantes da conservação da massa, isto é:
“Numa reacção química em sistema fechado, a massa total dos reagentes é igual à massa total
dos produtos da reacção.”
Depois de acertadas, as equações químicas, fornecem-nos duas informações importantes:
Informação qualitativa – quais as substâncias que reagem e quais se formam.
Informação quantitativa – em que proporções reagem e se formam.
Desta forma, para se proceder ao acerto de uma equação química devemos obedecer os
seguintes passos:
1. Escrever a equação química que representa a reacção;
2. Fazer a contagem do número de átomos de cada elemento em cada membro da equação,
verificando se há igualdade no número de átomos de cada elemento;
3. Acertar a equação atribuindo apenas coeficientes estequiométricos;
4. Começar sempre pelos elementos que só aparecem uma vez nos reagentes e nos
produtos, depois é que vamos acertar os que se repetem duas ou mais vezes;
5. Devemos começar por acertar aos elementos com maior índice;
6. Fazer a contagem novamente de forma a verificar se o número de átomos está agora de
acordo com a lei de Lavoisier.

EXEMPLO: Acerte as equações a seguir:


a) __C (s) + __O2 (g) → __CO2 (g)
b) __CH4 (g) + __O2 (g) → __CO2 (g) + __H2O (v)
c) __H2 (g) + __O2 (g) → __H2O (g)
d) __Mg (s) + __HCl (aq) → __MgCl2 (aq) + __H2(g)
e) __Fe(OH)3 (s) + __H2SO4 (aq) → __Fe2(SO4)3 (aq) + __H2O (l)
f) __C3H8 (g) + __O2 (g) → __CO2 (g) + __H2O (g)
g) __KClO4 → __KCl + __O2
h) __Fe + __H2SO4 → __Fe2(SO4)3 + __H2
i) __C12H22O11 → __C + __H2O
j) __C2H4 + __O2 → __CO2 + __H2O
k) __C2H6 + __O2 → __CO2 + __H2O
l) __NaHCO3 → __Na2CO3 + __CO2 + __H2O

Elaborado por MSc. Juliana Correia


Ano lectivo 2020 8
Material de apoio de Química – 10ª Classe
Resumo
As equações químicas apresentam uma linguagem universal, sendo igual para todos os países do Mundo. Estas
obedecem alguns critérios de escrita:
1. Saber as fórmulas químicas dos reagentes e produtos da reacção.
2. Usar uma seta (→) ou duas ( = ) de acordo ao tipo de reacção (completa ou incompleta) para separar os
reagentes dos produtos de reacção. Reagentes à esquerda da seta, produtos à direita. Havendo mais de um
reagente e/ou produto, separa-se as fórmulas químicas por sinais “+”.
3. Indicar os estados físicos da substâncias (reagentes e produtos), colocando-os à direita da respectiva
fórmula ou símbolo (substância simples).
4. Contar o número total de átomos de cada elemento nos reagentes e nos produtos da reacção. O número
de átomos de cada elemento deve ser igual (reagentes = produtos da reacção).
5. Colocar coeficientes2 antes das fórmulas de substâncias como objectivo de igualar o número total de
átomos nos reagentes e produtos – balanceamento ou acerto de equações.

1.2.4. Tipos de equações: forma molecular e forma iónica


Como anteriormente já referimos, uma equação química é a representação esquematizada e
abreviada de uma reacção química. Porém, quando em solução aquosa, as reacções químicas
ocorrem com a participação de iões. Assim, toda equação química em que se evidenciam os iões
que participam nesta reacção é denominada por equação iónica. Portanto, a representação de
uma reacção química pode ser feita de forma molecular e de forma iónica completa ou
incompleta.
Forma molecular – modo de representar reacções químicas em que intervêm só átomos
ou moléculas. Esta não indica com exactidão o que acontece numa perspectiva microscópica.
Forma iónica – modo de representar reacções químicas em que intervêm só iões ou iões e
outras espécies químicas não iónicas.
EXEMPLO: Escreva a equações da reacção, na forma molecular e iónica completa e
simplificada, entre o ácido clorídrico, no estado aquoso, e o carbonato de sódio, em solução
aquosa, para originar cloreto de sódio, em solução aquosa, água, no estado líquido, e dióxido de
carbono, no estado gasoso.
Resolução
Forma molecular
2HCl (aq) + Na2CO3 (aq) → 2NaCl (aq) + H2O (l) + CO2 (g)
Forma iónica
O cloreto de hidrogénio em solução aquosa, ou ácido clorídrico, fica ionizado em iões Cl - e H+.
HCl (aq) → H+ (aq) + Cl- (aq)
O carbonato de sódio em solução aquosa fica dissociado em iões Na + e CO32-.
Na2CO3 (aq) → 2Na+ (aq) + CO3-2 (aq)
O cloreto de sódio em solução aquosa fica dissociado em iões Na + e Cl-.
NaCl (aq) → Na+ (aq) + Cl- (aq)
Substituindo na forma molecular obtém-se a seguinte equação iónica completa.
2H+ (aq) + 2Cl- (aq) + 2Na+ (aq) + CO32- (aq) → 2Na+ (aq) + 2Cl- (aq) + H2O (l) + CO2 (g)
2H+ (aq) + 2Cl- (aq) + 2Na+ (aq) + CO32- (aq) → 2Na+ (aq) + 2Cl- (aq) + H2O (l) + CO2 (g)
Como os iões cloreto e sódio não participam verdadeiramente na reacção, ou seja, não se transformam, são
chamados iões espectadores, por isso, não aparecem na equação iónica simplificada. Assim, equação iónica
simplificada será:
2H+ (aq) + CO32- (aq) → H2O (l) + CO2 (g)
Obs. Verifica-se se a equação está devidamente balanceada e se o total das cargas dos reagentes é igual aos
produtos da reacção.

2
Coeficiente – número que indica a proporção dos reagentes e produtos na reacção química, indicando, assim, um sentido
quantitativo dos envolvidos.
Elaborado por MSc. Juliana Correia
Ano lectivo 2020 9
Material de apoio de Química – 10ª Classe

NOTA
Para acertar uma equação iónica, é necessário ter em conta:
 A conservação da massa (o número de átomos nos reagentes e produtos da reacção deve
ser igual);
 A conservação da carga eléctrica (a carga total dos iões nos reagentes e produtos da
reacção tem de ser igual).

1.3. Reacções Químicas Incompletas e Completas


Por vezes, nem todas as quantidades de substâncias se transformam totalmente em produtos da
reacção.
Reacção incompleta – aquela em que no final da reacção existe uma mistura de todo os
reagentes e todos os produtos da reacção. ( ↔ )
Reacção completa – aquela em que pelo menos um dos reagentes é consumido na sua
totalidade. (→)
Reacção reversível – aquela que pode ocorrer também no sentido dos produtos da
reacção para os reagentes, nas condições da experiência, isto é ocorre nos dois sentidos. ( ↔ )
Reacção irreversível – aquela incapaz de ocorrer a partir dos produtos da reacção, nas
condições operacionais. (→)
Reacção directa – aquela que ocorre no sentido dos reagentes para os produtos da
reacção. (→)
Reacção inversa – aquela que ocorre no sentido dos produtos da reacção para os
reagentes. (←)

1.3.1. Tipos de reacções químicas


As reacções podem ser classificadas segundo vários critérios.
Quanto ao envolvimento do calor
 Exotérmicas – Aquelas que ocorrem com libertação de calor.
 Endotérmicas - Aquelas que ocorrem com absorção de calor.
Quanto a velocidade podem
 Reacções instantâneas ou rápidas – são aquelas reacções que ocorrem numa velocidade muito
elevada, dificultando a sua determinação.
 Reacções lentas – São as reacções que ocorrem numa velocidade muito baixa.
 Reacções moderadas – São aquelas velocidade que ocorrem numa velocidade intermediária.
Quanto a reversibilidade as reacções químicas
 Completas ou irreversíveis – Ver reacções completas e incompletas 1.3.
 Incompletas ou reversíveis – Ver reacções completas e incompletas 1.3.
Quanto à espontaneidade
 Reacções espontâneas – aquelas que ocorrem sem que haja necessidade de uma influência
externa. A combustão é um exemplo de reacção espontânea.
 Reacções não espontâneas – reacções que precisam ser induzidas numa direcção contrária por
uma influência externa. Como exemplo de reacção não espontânea podemos citar a electrólise, processo
em que reacções químicas são desencadeadas pela passagem de corrente eléctrica.
Quanto as substâncias participantes
 Adicção – é a reacção onde duas ou mais substâncias reagem para se transformar em
uma.
 Decomposição ou análise – é a reacção onde uma substância se divide em duas ou mais
substâncias de estrutura mais simples.

Elaborado por MSc. Juliana Correia


Ano lectivo 2020 10
Material de apoio de Química – 10ª Classe
 Troca simples ou substituição – é a reacção onde uma substância simples troca de lugar
com um elemento de uma substância composta, se transformando em uma nova substância
simples.
 Troca dulpa – é a reacção onde duas substâncias compostas reagem e trocam seus
elementos, se transformando em duas substâncias também compostas.

1.4. Cálculos Químicos


Em actividades de laboratório e/ou industriais, é bastante importante saber, antecipadamente,
as quantidades de reagentes que devemos usar para obter a quantidade desejada de produtos.
Esta previsão, de quantidades, só é possível a partir de cálculos das massas e dos volumes das
substâncias envolvidas na reacção.
Muitas vezes é necessário determinar também o número de átomos ou de moléculas das
substâncias que reagem ou que se formam. Sendo, por isso, necessário conhecer-se a massa dos
átomos.
Informações úteis
 Unidade de massa atómica (ᶙ) – é igual a 1/12 da massa de um isótopo 3 de carbono 12 (12C), isto é, é a
unidade especial para medir as massas dos átomos. (1ᶙ=1,67.10-24g)
 Massa atómica (MA) – é a massa de um átomo medida em unidades de massa atómica, isto é, a soma do
número de protões e neutrões contidos num isótopo. Esta é obtida computando-se a média ponderada dos
números de massa dos seus isótopos.
 Massa molecular (PM) – é a massa da molécula medida em unidades de massa atómica, isto é a soma
das massas atómicas que constituem uma molécula.
 Mol (n) – é a quantidade de matéria de um sistema que contém tantas entidades elementares quantos
átomos existem em 0,012kg de carbono.
 Massa molar – é a massa, em gramas, de um mol da substância, elemento ou ião.
 Constante de Avogrado – é a grandeza que traduz o número de átomos ou moléculas existentes na
massa molar de qualquer elemento ou substância, cujo valor é 6,02.10 23.
 Volume molar de um gás ou vapor – aquele que ocupado por um mol de um gás nas CNTP (0ºC e 1atm)
e que vale 22,4L.

1.4.1. Cálculos baseados nas equações químicas


Para realização destes cálculos, é essencial conhecer a estequiometria, as leis fundamentais da
Química e saber fazer a análise qualitativa e quantitativa das equações químicas.
O termo estequiometria foi utilizado em 1792 pelo químico Jeremias Richter (1762-1807) para
designar o estudo das proporções em que se combinam os elementos químicos. Richter foi um
dos primeiros químicos a descobrir que a quantidade em que os elementos se combinam, é
constante. Actualmente o termo estequiometria é utilizado para deduzir informações
quantitativas a partir das fórmulas e das equações químicas.
As leis estequiométricas são:
Lei da conservação da massa ou lei de Lavoisier – “Numa reacção química, a massa total
mantém-se constante, ou seja, a massa total dos reagentes que se transforma é igual a massa total dos
produtos da reacção.”
EXEMPLO: SO3 (g) + H2O (l) ↔ H2SO4 (aq)
1mol de SO3 reage com 1mol de H2O, formando 1 mol de H2SO4. Como:
PM (SO3) = 80g/mol, PM (H2O) = 18g/mol e PM (H2SO4) = 98g/mol. Temos:
80g de SO3 + 18g de H2O = 98g de H2SO4

3
Isótopo – átomo de igual número atómico (mesmo elemento) e número de massa diferentes, isto é igual número de
protões.
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Ano lectivo 2020 11
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Lei das proporções definidas ou lei de Proust – “Num dado sistema reaccional são fixas as
proporções em que os reagentes reagem entre si e as proporções em que se formam os produtos da
reacção.”
EXEMPLO: SO3 (g) + H2O (l) ↔ H2SO4 (aq)
1mol de SO3 + 1mol de H2O = 1mol de H2SO4
Proporção de combinação dos reagentes – 1:1 ou 1/1
A partir destas leis, podemos resolver problemas de cálculos estequiométricos baseados nas
equações químicas.
Para a resolução de problemas é necessário:
1- Escrever a equação química correcta;
2- Seleccionar as substâncias referidas no enunciado;
3- Exprimir as quantidades dessas substâncias em moles;
4- Estabelecer as proporções em moles entre as substâncias referidas e efectuar os cálculos
respectivos;
5- Exprimir o resultado das unidades pedidas no enunciado;
6- Verificar se o resultado tem significado físico.
Os cálculos e estequiométricos podem relacionar.
Um reagente com um produto;
A+B→C+D
Um reagente com outro reagente;
A+B→C+D
Um produto com outro produto;
A+B→C+D

EXEMPLO: Calcule a massa do elemento sódio existente em 10g de sulfato de sódio.


Resolução
Sulfato de sódio = Na2SO4
1mol de Na2SO4 → 2mol de Na
142g de Na2SO4 → 2.23g de Na
142g de Na2SO4 → 46g de Na
10g de Na2SO4 → m de Na
m de Na = (10g de Na2SO4 . 46g de Na)/ 142g de Na2SO4
m de Na = 3,2g
Resposta: A massa do elemento sódio existente em 10g de sulfato de sódio é 3,2g.

1.4.1.1.Relações molares (Mol – Mol)


Neste tipo de relação os dados são expressos em termos de moles.
EXEMPLO: Quantas moles de O2 reagem com 3,17 moles de Al.
Resolução
1º Devemos escrever a equação química: Al + O2 → Al2O3
2º Devemos balancear a reacção: 4Al + 3O2 → 2Al2O3
3º Converter as unidades para mol, caso elas não tenham sido fornecidas em mol.
4º Fazer os cálculos
4 moles de Al → 3 moles de O2
3,17 moles de Al → X moles de O2
X = 3,17 moles x 3 moles / 4 moles
X = 2,38 moles de O2

Elaborado por MSc. Juliana Correia


Ano lectivo 2020 12
Material de apoio de Química – 10ª Classe
1.4.1.2.Relações (Mol-Massa)
Os dados da questão são expressos em termos de moles (ou massa) e a incógnita e pedida em
termos de massa (ou quantidade em moles). Isso é facilmente resolvido aplicando-se um factor
de conversão.
EXEMPLO: Quantos moles de ácido clorídrico (HCl) são necessários para produzir 23,4 gramas
de cloreto de sódio (NaCl), a partir da equação (massas atómicas: Na = 23; Cl = 35,5)
Resolução:
HCl(aq) + NaOH(aq) → NaCl(s) + H2O(l)
58,5g → 1mol de HCl(aq)
23,4g de NaCl(s) → X mol de HCl(aq)
X = 23,4g x 1 mol / 58,5g
X = 0,4 mol de HCl(aq)

1.4.1.3.Relações (Massa-Massa)
As informações da questão e as incógnitas pedidas são expressas em termos de massa.
EXEMPLO: Qual a massa de água, dada em grama que é produzida a partir de 8g de
hidrogénio gasoso.
Resolução:
1º Escrever a equação da reacção: H2 + O2 → H2O
2º Acertar a equação: 2H2 + O2 → 2H2O
3º Fazer os cálculos:
4g→ 36g
8g → X
X = 8g x 36g / 4g
X = 72g

1.4.1.4.Relações (Massa-Volume)
Os dados da questão são expressos em termos de massa e a incógnita é pedida em termos de
volume.
EXEMPLO: Calcula o volume de dióxido de carbono (CO2) produzido em CNTP, na reacção de
16g de oxigénio (O2) com monóxido de carbono (CO).
Resolução:
1º Escrever a equação da reacção: 2CO(g) +O2(g) → 2CO2(g)
2º Fazer os cálculos:
32g de O2 → 2. 22,4 l de CO2
16g de O2 → X l de CO2
X = 16g de O2 x 44,8 l de CO2 / 32g de O2
X = 22,4 l de CO2
R: O volume de CO2 produzido quando reagem 16g de O2 é de 22,4 l.

1.4.2. Rendimento de Uma reacção química (reagente limitante e em excesso)


O reagente limitante é a substância que se consome totalmente durante a reacção, isto é, o que
existe em menor quantidade. Este condiciona a quantidade de produtos formados e a
quantidade de outros reagentes que se vai consumir. Quando isso acontece, dizemos que a
reacção é completa.
O reagente em excesso é aquele que não se consome na sua totalidade durante a reacção
química.
1.4.2.1.Métodos para determinar o reagente limitante e em excesso
Os principais métodos para se determinar o reagente limitante e excesso são:

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Material de apoio de Química – 10ª Classe
Método de suposição
Este é um método em que relacionamos os dois reagentes com o produto formado e aquele cujo
resultado for menor será a reagente limitante (e essa menor massa será a massa esperada).
Para melhor compreensão deste método vamos nos apegar no problema estudado no primeiro
método.
EXEMPLO: Fizeram-se reagir 100g de ácido nítrico (HNO3) com 60g de óxido de cálcio (CaO),
obtendo-se nitrato de cálcio Ca(NO3)2 segundo a equação:
2HNO3(aq) + CaO(s)↔ Ca(NO3)2(aq) + H2O(l)
Agora vamos relacionar cada um dos reagentes com o produto.
1º Relacionando o HNO3 com Ca(NO3)2 teremos:
126g(HNO3) →164gCa(NO3)2
100g(HNO3) →X
X = 100g(HNO3) x 164gCa(NO3)2 / 126g(HNO3)
X = 130, 15gCa(NO3)2
2º Relacionando o CaO com Ca(NO3)2 teremos:
56g(CaO) → 164gCa(NO3)2
60g(CaO) → X
X = 60g(CaO) x 164gCa(NO3)2 / 56g(CaO)
X = 175,71gCa(NO3)2
Como podemos constatar a menor massa (massa esperada) de nitrato de cálcio Ca(NO 3)2
formada é obtida quando relacionamos o ácido nítrico com o produto. Por ter dado origem a
menor massa (massa esperada) de produto formado podemos afirmar que o ácido nítrico
(HNO3) é o reagente limitante.

Método de RTC e RCE.


RTC – relação de combinação teórica
RCE – relação de combinação experimental
A partir dos resultados de RCT e RCE, podemos obter as seguintes conclusões:
 Quando RCT > REC, a substância limitante está no numerador;
 Quando RCT < REC, a substância limitante está no denominador.
Analisemos com um exemplo simples, este conceito de reagente limitante, a partir do seguinte
problema.
EXEMPLO: Fizeram-se reagir 100g de ácido nítrico (HNO3) com 60g de óxido de cálcio (CaO) segundo a equação:
2HNO3(aq) + CaO(s) Ca(NO3)2(aq) + H2O(l)
RCT = nteórico de A x MM de A / nteórico de B x MM de B
Para o exemplo temos: RCT = 2 molHNO3 x 63g/molHNO3 / 1 molCaO x 56g/molCaO
RCT = 2,25
RCE = mexperimental de A / mexperimental de B
Para o exemplo temos: RCE = 100gHNO3 / 60gCaO
RCE = 1,67
Como RCT é maior que RCE concluímos que o reagente limitante é o ácido nítrico, porque
os dados do mesmo encontram-se no numerador.

1.4.2.2.Rendimento de uma reacção


Chama-se Rendimento (ɳ) de uma reacção química à razão entre a quantidade real de produto
obtido e a quantidade teórica prevista pela equação química correspondente.

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Material de apoio de Química – 10ª Classe
%
A não ocorrência de um rendimento de 100% pode ser atribuída a vários factores,
nomeadamente:
 Perdas físicas como, por exemplo, a evaporação:
 Perdas químicas como, por exemplo, a ocorrência de reacções secundárias em
simultâneo;
 Erros sistemáticos e acidentes como, por exemplo, defeitos de aparelhagem, falta de
cuidado do operador, entre outros.

EXEMPLO: A partir de 21g de ácido acético e 6g de hidróxido de sódio obtiveram-se 8,2g de


acetato de sódio. A equação química que traduz esta reacção é:
CH3COOH (aq) + NaOH (aq) → CH3COONa (aq) +H2O (l)
Qual o rendimento da reacção?

1.4.3. Cálculos baseados nas diferentes formas de expressar a concentração das soluções
Em laboratório, as soluções normalmente são preparadas dissolvendo uma massa determinada
de soluto em certa quantidade de solvente. Conhecer as quantidades, de soluto, solvente e
solução permite-nos estabelecer algumas relações matemáticas, denominadas concentrações das
soluções.
1.4.3.1.Concentração Comum ou Mássica
Concentração Comum ou mássica – é a quantidade, em gramas, de soluto existente em cada
unidade de volume de solução.

Onde:
 C é a concentração mássica, expressa em kg/m3.
 msoluto é a massa do soluto, expressa em kg.
 Vsolução é o volume da solução, expressa em m3.
A concentração mássica exprime-se no SI em kg/m3, no entanto, é comum o uso de outras
unidades como g/cm3 ou g/dm3.
EXEMPLO: O Kenyata dissolveu 15g de H3PO4 em água até formar 0,25L de solução. Qual é a
concentração mássica desta solução?
Resolução
Dados
m(H3PO4) = 15g
Vsolução = 0,25L Solução
C =?

Fórmula
Resposta: A concentração mássica desta solução é de 60g/L. (Geralmente a concentração mássica e expressa por
(Cm).
Não confunda concentração mássica com densidade da solução!

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Material de apoio de Química – 10ª Classe

1.4.3.2.Concentração Molar ou Molaridade


Molaridade é a quantidade química de soluto (mol) por unidade de volume de solução (m 3 ou
dm3).

Onde:
 M é a concentração molar, expressa em mol/m3 ou
mol/dm3.
 nsoluto é a quantidade química, expressa em mol.
 Vsolução é o volume da solução, expressa em m3 ou dm3.

Sabendo que:

Onde:
 n é a quantidade da substância, expressa em mol.
 msubstância é a massa da substância, expressa em g.
 PM é o peso molecular a substância, expressa em g/mol.
 Substituindo a fórmula de (n) na fórmula de concentração molar teremos:
M = m / PM x Vsolução
Obs: A concentração Molar também pode ser expressa pela letra (C).
EXEMPLO: Um professor de química dissolveu 42,5g de hidróxido de sódio (NaOH) num
volume de 0,25 litros de solução. Qual é a concentração molar da solução formada?
Dados: mNaOH = 42,5g; Vsolução = 0,25 l; MNaOH = 40g/mol; n =? e C =?
C = 42,5g / 40g/mol x 0,25 l
C = 4,25mol/l
R: A concentração molar da solução é igual á 4,25mol/l.

1.4.3.3.Concentração Normal ou Normalidade


Normalidade, também é uma forma de expressar a concentração, é calculada a partir do
quociente do número de equivalentes-grama4 do soluto pelo volume da solução em litros.

Onde:
 N é a concentração normal, expressa em eq-g/L.
 nEq-g é a número de equivalentes, expresso em eq-g.
 V é o volume da solução, expresso em L.
 msoluto é a massa do soluto, expressa em g.
 Eq é o equivalente químico.
Um equivalente é dependente do tipo de reacção envolvida. Podendo ser o número de iões H+,
OH-, cargas positivas, cargas negativas ou electrões que se transferem durante a reacção.

4
Equivalente grama – quociente do peso atómico de um elemento químico pela sua valência.
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Onde:
 PM é a peso molecular, expressa em g/mol.
 Z é a número de valência.
EXEMPLO: Qual a massa de ácido sulfúrico (H2SO4), contida em 80mL de sua solução 0,1N?
Resolução
Dados
PM = 98g/mol
V = 80mL = 0,08L Solução
N = 0,1N
Z=2
msoluto = ?
Fórmula

Resposta: A massa de ácido sulfúrico, contida em 800mL de solução é de 0,392g.


Quando misturamos soluções, o cálculo da normalidade e da molaridade da solução resultante
podem efectuar-se da seguinte forma:

1.4.3.4.Concentração Molal ou Molalidade


Molalidade é a quantidade química de soluto (mol) por unidade de volume de solução, em kg.

Onde:
 W é a concentração molal, expressa em mol/kg.
 nsoluto é a quantidade química, expressa em mol.
 Vsolução é o volume da solução, expressa em kg.
EXEMPLO: Uma solução foi preparada misturando-se 80g de NaCl e 1L de água. Calcule a sua
molalidade.
Resolução
Dados
msoluto = 80g
Vsolução = 1L = 1kg Solução
W=?
Fórmula

Resposta: A molalidade da solução é de 2.

1.4.3.5.Fracção Molar
Expressa a razão entre a quantidade de matéria de um dos componentes da solução e a
quantidade de matéria total da solução. Esta não tem unidade.
o Fracção molar do soluto Xsoluto – fracção em quantidade de matéria do soluto.

o Fracção molar do soluto Xsolvente – fracção em quantidade de matéria do solvente.

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A soma das fracções em quantidade de matéria dos componentes da solução é numericamente


igual a 1.

EXEMPLO: Calcule a fracção molar do soluto quando se dissolvem 60g de ácido nítrico em
225g de água.
Resolução
Dados Solução
msoluto = 60g
msolvente = 225g
Fórmula

Resposta: A fracção molar do soluto é de 0,07.

1.4.4. Tipos de fórmulas


1.4.4.1.Fórmula Percentual
Uma maneira de determinar a fórmula percentual é a partir da fórmula molécula da substância,
aplicando os conceitos de massa atómica e massa molecular.
Fórmula percentual indica a percentagem, em massa, de cada elemento que constitui a
substância
Por exemplo, sabendo que a fórmula molecular do metano é CH4 e qua as massas atómicas do
carbono e do hidrogénio são, respectivamente 12 e 1, temos:
PM (CH4) = 12.1+1.4 = 16
Assim, a massa molecular é igual a 16, o carbono com 12 e o hidrogénio com 4. Logo:
Carbono Hidrogénio
16 → 100% 16 → 100%
12 → X 4→y
X= 75% de carbono y= 25% de hidrogénio
Deste modo, temos C75%H25%.

1.4.4.2.Fórmula mínima ou empírica


Ao realizar a análise de uma substância desconhecida, o primeiro passo é determinar a sua
composição. O segundo passo consiste na determinação das quantidades das massas de cada
elemento. Com esses dados obtêm-se a fórmula percentual e, a partir dela, pode-se determinar o
número de átomos de cada elemento e estabelecer uma proporção entre esses valores.
Fórmula mínima indica a menor proporção, em números inteiros de mol, dos átomos dos
elementos que constituem a substância.
Uma amostra submetida à análise qualitativa apresenta como únicos constituintes Carbono e
hidrogénio. Uma posterior análise quantitativa revelou a existência de 75% de carbono e 25% de
hidrogénio.
Com base nesses dados, é possível determinar a fórmula mínima do composto.
1º Passo: é conveniente, quando se trabalha com percentagem em massa, considerar amostras
de 100g, o que permite que as percentagens em massa correspondam à massa em gramas de
cada elemento.
100g da amostra = 75g de carbono + 25g de hidrogénio
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2º Passo: a partir dessas quantidades em massa e conhecendo as massas atómicas dos
elementos, pode-se determinar o número de mol dos átomos de cada elemento.
Fórmula

Hidrogénio
Carbono
Esses valores indicam a proporção de números de mol entre os elementos. Neste composto,
6,25mol de átomos de carbono estão combinados com 25mol de átomos de hidrogénio.
3º Passo: Após determinar a proporção entre o número de mol de átomos, deve-se transformá-
la na menos proporção entre o número de mol de átomos, deve-se transformá-la na menor
proporção possível de números inteiros. Isso pode ser feito dividindo-se os valores em números
de mol pelo menor deles.
Carbono Hidrogénio
Relação entre o
número de mol
Essa é a menor proporção, de números inteiros. Assim, a fórmula mínima desse composto é
C1H4.
1.4.4.3.Fórmula molecular
Em alguns casos a fórmula mínima é a fórmula molecular, em outros, porém é um múltiplo
inteiro da fórmula mínima.
Fórmula molecular indica o número real de átomos de cada tipo de molécula.
Assim, temos:
A fórmula molecular pode ser determinada de várias maneiras, das quais destacaremos duas.
1º Método: A partir da percentagem em massa calculando a fórmula mínima.
Vitamina C (PM =176g/mol)
100g = 40,9g de carbono + 4,55 de hidrogénio + 54,6g de oxigénio
1º Passo: Número de mol de cada átomo 2º Passo: Relação entre o número de mol
Carbono: n = 40,9g/12g.mol-1 = 3,41 mol Carbono: n = 3,41mol/3,41 mol = 1
Hidrogénio: n = 4,55g/1g.mol-1 = 4,55 mol Hidrogénio: n = 4,55 mol/3,41 mol = 1,33
Oxigénio: n = 54,6g/16g.mol-1 = 3,41 mol Oxigénio: n = 3,41mol/3,41 mol = 1
Como os valores não são inteiros, deve-se multiplicar por um número que permita obter a menor porção de
números inteiros. Neste caso, o número adequado é 3.
Carbono Hidrogénio Oxigénio
1mol 1,33mol 1mol
1mol x3 1,33mol x3 1mol x3
3mol 4mol 3mol
Fórmula mínima: C3H4O3
A relação entre a fórmula mínima e a molecular pode ser feita da seguinte forma:
Fórmula mínima: C3H4O3 Fórmula molecular: C6H8O6 Temos (C3H4O3)n = 176
PM=88g/mol PM=176g/mol 88n = 176, n=2, (C3H4O3)2 = C6H8O6

2º Método: Relacionando as percentagens em massa com a massa molecular do composto.


Considerando que a sua fórmula seja CxHyOz, temos:
Carbono Hidrogénio Oxigénio CxHyOz
12x 1y 16z 176
40,9% 4,55% 54,6% 100%
x=6 y=8 z=6 C6H8O6

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1.5. Análise Química: Gravimetria e Volumetria
A análise química é um dos ramos mais importantes da Química. Esta permite-nos:
 Determinar falsificações de alimentos,
 Controlar quimicamente a quantidade de água de abastecimento público,
 Fazer o controlo das matérias-primas e produtos em muitas indústrias,
 Detectar e avaliar as poluições, e outras.
A análise química divide-se em dois ramos fundamentais:
Análise química qualitativa – estuda os métodos de reconhecimento e identificação das
substâncias assim como os procedimentos a seguir para estes fins, isto é, determina os
constituintes da amostra.
Análise química quantitativa – tem como finalidade a determinação da quantidade
relativa dos componentes de uma substância ou de uma mistura, isto é estabelece as proporções
em que se encontram esses constituintes.
Faremos apenas uma breve explicação de alguns métodos utilizados em análise química
quantitativa.

1.5.1. Análise gravimétrica ou gravimetria


Método baseado na medida indirecta da massa de um ou mais constituintes de uma amostra. A
separação dos constituintes pode ser efectuada por diversos meios: Precipitação 5 química,
electrodeposição6 ou extracção7.
Por precipitação, o elemento a determinar é separado da amostra inicial, devendo o precipitado
ser muito insolúvel, facilmente filtrável, muito puro e possuir uma composição constante.
O resultado, neste método de análise, é calculado a partir da pesagem de uma substância.
Para este método analítico precipitamos a substância, filtramos, lavamos, secamos, e pesamos o
precipitado.
Figura 3 - Análise gravimétrica do anião sulfato

1.5.2. Análise volumétrica ou volumetria


Método baseado na medição do volume de soluções de um reagente necessário suficiente para
efectuar determinada reacção.
O resultado, neste método de análise, é calculado com base ao volume de uma solução
adicionada por uma bureta – titulação8.
Esta técnica permite determinar a concentração ou título9 de uma solução através da reacção
completa com outra solução de concentração conhecida, comparando os volumes gastos

5
Precipitação – processo de formação de uma fase sólida separável dentro de um meio líquido.
6
Electrodeposição – deposição de uma substância, que pode ser um metal, uma liga ou um composto químico, sobre um
eléctrodo, no processo de electrólise.
7
Extracção – separação de um ou mais componentes de uma mistura mediante solventes apropriados.
8
Titulação – consiste em transferir uma quantidade de uma solução de concentração conhecida para uma solução de
concentração desconhecida, com o objectivo de determinar a concentração da segunda.
Elaborado por MSc. Juliana Correia
Ano lectivo 2020 20
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durante a titulação. Podendo determinar-se mediante cálculos, a concentração da solução
titulada, aplicando-se a lei fundamental da volumetria.
No processo analítico, fracções da solução de concentração conhecida são gradualmente
adicionadas a um volume conhecido da solução problema, até que ocorra a reacção total entre as
duas – Titulação.
Titular uma solução é determinar a sua concentração através de adições sucessivas de fracções
de uma solução conhecida.
Os métodos volumétricos são, geralmente, menos exactos que os gravimétricos, contudo além
de apresentarem adequadas exactidões, mostram grande rapidez nas operações analíticas,
sendo por isso, largamente utilizados na química analítica.
Conforme anteriormente referido, as análises volumétricas baseiam-se em medidas de volumes,
podendo classificar-se os dispositivos utilizados em tais medições como “quantitativos” e “não
quantitativos”. Como exemplos de dispositivos “quantitativos” temos as buretas, balões
volumétricas, pipetas volumétricas, e dispositivos “não quantitativos” temos as provetas ou
cilindros graduados. Estas últimas são utilizadas quando não é necessária uma medida muito
precisa, como por exemplo, a adição de um volume de ácido suficiente para conferir uma
determinada acidez ao meio.
De uma forma geral, a titulação é realizada pela adição de uma solução contida numa bureta
(titulante), a uma solução contida num erlenmeyer (titulado) até que se atinja o ponto de
equivalência.
Informações úteis
 Soluções padrão – soluções de concentração conhecida, utilizadas nas determinações volumétricas.
 Ponto de equivalência ou ponto final da titulação – ponto, em uma titulação, em que um dos reagentes
foi completamente consumido pela adição de outro reagente. Sabemos que o mesmo foi alcançado, através de
alguma mudança física ou química do meio.

Diluição de soluções
Quando adicionamos mais solvente a uma solução inicialmente mais concentrada, designamos
por diluição.
A adição de solvente provoca aumento do volume da solução, contudo, a quantidade do soluto
permanece constante.
Podemos ter as seguintes relações entre a solução inicial e final
Inicial Final Relação
Concentração
Comum
Concentração
Molar
Título

Mistura de soluções
A mistura de soluções é feita em algumas situações da nossa vida.
 Mistura de soluções sem reacção química
o Mesmo soluto e solvente

9
Título – quociente da massa do soluto pela massa total da solução. ζ=m soluto/msolução
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Logo, para a solução final, temos:


o Mesmo solvente com solutos diferentes
Neste caso, o que ocorre é uma simples diluição dos dois solutos, pois suas quantidades
permanecem constantes, porém dispersas num volume maior.

Na solução final, temos:


Para o Na Cl:
Para o C12H22O11:
Também poderíamos calcular a concentração em mol/L, para ambos solutos, após a mistura
utilizando a fórmula da diluição .
 Mistura de soluções sem reacção química
Na mistura de soluções formadas por um mesmo solvente, porém com solutos diferentes, pode
ocorrer uma reacção química.
Figura 4 - Titulação ácido-base

EXEMPLO: Na titulação de 20cm3 da solução de HNO3, gastaram-se 10cm3 de solução de


NaOH de concentração 0,10mol/dm3. Calcule a concentração da solução de HNO3.
Resolução
NaOH (aq) + HNO3 (aq) → NaNO3 (aq) +H2O(l)
Dados Fórmula
C(ácido)=?
V(ácido)=20cm3
C(base)=0,10mol/dm3
V(base)=10cm3
Aplicando a lei fundamental da volumetria:´ Solução

Resposta: A concentração da solução de HNO3 é de 0,05mol/dm3.

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TEMA 2: CINÉTICA QUÍMICA


O conhecimento e o estudo da velocidade das reacções, além de serem muitos importantes em
termos industriais, também estão relacionados ao nosso dia a dia. As reacções químicas ocorrem
com diferentes velocidades, podendo estas serem alteradas (aumentadas ou diminuídas).
A cinética química é a área da Química que se dedica ao estudo da velocidade das recções
químicas e os factores que a influenciam.

2.1. Avaliação da Rapidez de uma Reacção Química


Quando pensamos na enorme variedade de reacções químicas que ocorrem à nossa volta
facilmente constatamos que todas ocorrem com diferentes rapidezes.
Por exemplo, a combustão do gás butano do fogão quando aproximamos um fósforo e a
explosão de fogos-de-artifício, demoram alguns segundos; a combustão da vela demora
algumas horas; a conversão da grafite em diamante leva anos.
As figuras a seguir ilustram exemplo de reacções químicas correntes, classificadas de acordo
com a rapidez com que se processam.
Figura 5 - Velocidade das reacções

Formação dos fósseis leva Combustão do Fósforo leva Reacção da solução de sulfato
Enferrujamento leva semanas
milhares de anos (muito segundos (rápida) de cobre (II) com a de
(lenta)
lenta) hidróxido de sódio
(instantânea)

Por isso, para um químico, o importante não é apenas conhecer uma reacção ocorrer de forma
espontânea, mas sim conhecer a velocidade a que acontece e os meios que pode utilizar para
aumentar ou diminuir essa velocidade. Uma vez que como vimos as reacções podem ocorrer
com velocidades destintas. Assim, a ciência que estuda a velocidade das reacções, os factores de
que depende a velocidade e os mecanismos segundo os quais ocorrem as reacções denomina-se
cinética química.
EXERCÍCIOS
1- Da experiência do dia-a-dia assinala com R as reacções rápidas e com L as reacções
lentas:
a) Explosão de um foguete.
b) Acção do ácido clorídrico sobre o magnésio.
c) Acção da água sobre o sódio.
d) Combustão do gás no bico de Bunsen.
e) Alteração dos alimentos congelados ou refrigerados.
2- Num sótão cheio de pó, ou numa fábrica de madeira, há elevado risco de incêndio.
Porquê?

2.1.1. Velocidade média e velocidade instantânea de uma reacção química


Do ponto vista cinético, a velocidade de uma reacção química é a variação da concentração que
experimenta qualquer substância que intervem numa reacção química, quer seja reagentes ou
produto, por unidade de tempo. Podemos ainda defenir velocidade de uma reacção como a
diferença da variação da concentração num dado intervalo de tempo de qualquer um dos
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Ano lectivo 2020 23
Material de apoio de Química – 10ª Classe
reagentes ou produtos, dividido pelo coeficiente estequiométrico correspondente na equação
química acertada e convertida em número positivo. Esta é determinada medindo-se a
diminuição da concentração dos reagentes ou o aumento da concentração dos produtos. Usa-se
a variação da concentração em módulos para que evitar valores negativos de velocidade como
seria o caso dos reagentes. Contudo, também usa-se a altelação da cor ou outras propriedades
físicas ou químicas para ajudar a determinar a velocidade.
Para os reagentes, a velocidade da reacção decresce com o tempo, sendo que a velocidade de
formação dos produtos é igual a velocidade de consumo dos reagentes.
De forma genérica temos:
aA + bB → cC + Dd
Figura 6 - Variação da concentração em relação ao tempo dos reagentes e dos produtos de uma reacção.

As velocidades médias de formação para C e D são respectivamente: e

As velocidades médias de consumo para A e B são respectivamente: e

A velocidade média para a reacção é: , onde a, b, c e d são os


coeficientes estequiométricos.
Os sinais negativos que aparecem para a velocidade média dos reagentes devem-se a
diminuição da sua concentração ao longo do tempo. A unidade no sistema internacional (SI) da
velocidade média é mol/Ls.
Supondo que a substância A da reacção acima representada reaja de cordo a tabela:
Tempo (s) 0 5 10 15 20 25 30
Concentração (mol/L) 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,1 0,0
A velocidade média da reacção em relação à A velocidade média da reacção em relação à
substância A, no intervalo de 5s e 15s é: substância C, no intervalo de 15s e 25s é:

Como avaliar a velocidade de uma reacção?


Existem procedimentos que permitem avaliar a velocidade de uma reacção química:
 Medir o tempo de formação de uma dada quantidade de produto;
 Medir a quantidade de produto formado num certo intervalo de tempo;
 Medir o tempo de consumo de um ou mais reagentes.
Por exemplo, dada a reacção:
CO +NO2 → CO2 +NO

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Ano lectivo 2020 24
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Podemos medir a sua velocidade medindo as quantidades de CO ou de NO2 que se consomem
ou pelas quantidades de CO2 ou NO que se formam por horas, minutos, por segundos…

EXEMPLO
Determine a velocidade média da reacção depois de 40min par a reacção a baixo:
A→B
Supondo que para t=0min há 1mol do reagente A e não existe B, que para t=20min existem
0,54mol de A e 0,46mol de B, e para t=40min existem 0,20mol de A e 0,80mol de B.
Resolução
Dados
T (min) 0 20 40 Resolução
CA (mol/L) 1 0,54 0,20
CB (mol/L) 0 0,46 0,80
Resposta: A velocidade média da reacção depois de
Fórmula 40 min é de 0,20mol/Lmin.

A velocidade de uma reacção química pode expressar-se como velocidade média ou velocidade
instantânea.
Velocidade média de uma reacção química é o quociente da variação da molaridade de um
reagente (ou produto) da reacção pelo intervalo de tempo em que essa variação ocorre.

A velocidade da reacção para um dado instante é o declive da tangente à curva do gráfico


concentração em função ao tempo nesse instante, esta é diferente da velocidade média
Velocidade instantânea é o valor para o qual tende a velocidade média quando os
intervalos de tempo vão se tornando cada vez menores.

2.2. Equação da Velocidade ou Lei Cinética de uma Reacção Química


2.2.1. Efeito da concentração dos reagentes na velocidade inicial
É interessante a velocidade no início da reacção, podendo se estabelecer uma relação da
velocidade com as concentrações dos reagentes. Geralmente, esta velocidade é tanto maior
quanto maior for a concentração dos reagentes. Esta relação é estabelecida com base a estudos
experimentais e não quanto a equação química.
Considere a reacção a baixo representada:
NH4 (aq) + NO2- (aq) → N2 (g) + 2H2O (l)
Para a qual,
Nº de [NH+4]Inicial [NO- Velocidade
experiências (mol/L) 2]Inicial inicial
(mol/L) observada
1 0,010 0,200 5,4x10-7
2 0,020 0,200 10,8x10-7
3 0,040 0,200 21,5x10-7
4 0,060 0,200 32,3x10-7
5 0,200 0,202 10,8x10-7
6 0,200 0,404 21,6x10-7
7 0,200 0,606 32,4x10-7
8 0,200 0,808 43,3x10-7
A partir dos resultados experimentais, podemos notar que:
Elaborado por MSc. Juliana Correia
Ano lectivo 2020 25
Material de apoio de Química – 10ª Classe
 Quando a [NH+4]
duplica, mantendo-se constantes a [NO-2], a velocidade duplica.
 Quando a [NH+4] mantém-se constante, duplicando a [NO-2], a velocidade também
duplica.
Logo, esta reacção tem uma velocidade proporcional à concentração de [NH+4] e de [NO-2].
Assim, escrevemos a equação da velocidade ou lei cinética da reacção:

Qual a utilidade desta equação?


Esta equação de velocidade permite calcular a velocidade de uma reacção a partir do
conhecimento da constante de velocidade e das concentrações de reagentes. Permite ainda
calcular a concentração de reagentes em qualquer instante durante uma reacção.

2.2.2. Ordem da reacção. Constante de velocidade


Em 1864, Guldberg e Peter Waage comprovaram que a temperatura constante, a velocidade de
uma reacção é directamente proporcional a alguns expoentes das concentrações molares dos
reagentes da reacção experimental.
Para uma reacção genérica aA + bB →cC + dD, temos a seguinte expressão da lei de velocidade:
onde:
 v é a velocidade da reacção:
 k é a constante da velocidade (a uma dada temperatura)
 [A] e [B] são as concentrações em mol/L dos reagentes
 x e y são os expoentes determinados experimentalmente, denominados por ordem da reacção.
Quando a reacção ocorre em uma única etapa, dizemos que se trata de uma reacção elementar,
nesse caso, os expoentes x e y, correspondem aos coeficientes estequiométricos a e b.
Assim ,
 Ordem de reacção em relação aA é a;
 Ordem de relação em relação bB é b;
 Ordem total da reacção é a+b.
No entanto, a maioria das reacções ocorre em mais de uma etapa, ou seja, não é elementar.
Se , a constante de velocidade da reacção não é mais que a velocidade quando as
concentrações molares dos reagentes são unitárias. Como esta constante depende da
temperatura, é necessário um controlo rigoroso da temperatura, para determinar a velocidade
da reacção.
A ordem de uma reacção é a soma dos expoentes das concentrações da equação da velocidade.
Uma reacção pode ser de ordem zero, ordem um (1ª ordem), ordem dois (2ª ordem), etc.
Uma reacção é de:
Ordem zero – quando a velocidade da reacção é independente da concentração dos
reagentes: .
Ordem um – quando a velocidade da reacção é proporcional à concentração de um
reagente: .
Ordem dois – quando a velocidade da reacção é proporcional ao produto das
concentrações de dois reagentes: ou .
Leis de velocidade de ordem zero não são muito comuns. Sendo que a maioria das reacções
seguem leis de velocidade de ordem um e dois. A lei de velocidade de ordem zero pode ser
observada apenas se as concentrações actuais dos reagentes não puderem variar, à medida que
a reacção ocorre, o k é incomum. A lei de ordem um é uma das formas mais comuns da lei de
velocidade. As leis ordem dois dependem da concentração de um dos reagentes elevada ao
quadrado ou das concentrações de dois reagentes diferentes, cada uma delas elevada à unidade.
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Ano lectivo 2020 26
Material de apoio de Química – 10ª Classe
2.3. Reacções Químicas a Nível Molecular
As reacções químicas são uma consequência dos incessantes movimentos que os átomos e as
moléculas possuem, sejam os movimentos internos em moléculas (vibração) ou movimentos de
cada molécula como um todo (rotação e translação).
Um modelo para a interpretação do modo como as reacções químicas ocorrem a nível
molecular, em fase gasosa, é a teoria das colisões. Nessa teoria, parte-se do princípio que uma
reacção só pode ocorrer quando as moléculas dos reagentes se encontram. Para os gases, este
encontro entre duas moléculas designa-se por colisão.
Quando duas moléculas colidem, podem ocorrer uma das seguintes situações:
 Se a energia cinética das moléculas for inferior a uma determinada energia cinética (Emin),
elas voltam a separar-se;
 Se a energia cinética das moléculas for superior a Emin, as ligações podem quebrar-se,
formando em seguida novas ligações.
Quanto maior o número de colisões por unidade de tempo, maior será a probabilidade de
ocorrência da reacção. O número de choques depende da velocidade das moléculas, e essa
velocidade, por sua vez, depende da temperatura.

2.3.1. Mecanismo da reacção


O mecanismo da reacção é o conjunto de fases ou estados que constituem uma reacção química.
Os mecanismos da reacção estão ligados à cinética química. Estes podem ser:
 Elementares – aqueles que ocorrem em apenas uma etapa, isto é representam-se por
apenas uma etapa.
 Complexos – aqueles que ocorrem em duas ou mais etapas, podendo ser representados
por várias equações químicas ou por uma equação global.
A molecularidade é o número de moléculas que participam como reactivos numa reacção
elementar. Podendo classificar-se em:
Unimoleculares – quando só participa uma molécula;
Bimoleculares – quando participam duas moléculas;
Trimoleculares – quando participam três moléculas (casos raros).

EXERCÍCIOS
1- Classifique as Reacções abaixo como quanto a molecularidade.
a) CH3Br → CH3+ +Br-
b) ICl + HO- → ClOH + I-
c) O3 → O2 + O
d) H + Br2 → HBr + Br

Só no caso de processos elementares é que é possível escrever directamente a lei de


velocidade a partir da equação química.

Dada a equação A + B → Produtos. Se for um processo elementar, então .


Quando um processo é elementar podemos extrair a lei cinética a partir dele, mas caso a lei da
velocidade condiz com a estequiometria não podemos afirmar que este seja um processo
elementar. É o caso da reacção do Iodo com o hidrogénio, cuja lei de velocidade é ,
condizendo com a estequiometria da reacção, mas não é um processo elementar.
Consideremos a reacção global entre o óxido nítrico e o oxigénio:
2NO (g) + O2 (g) → 2NO2 (g) Processo global
Elaborado por MSc. Juliana Correia
Ano lectivo 2020 27
Material de apoio de Química – 10ª Classe
Experimentalmente, sabe-se que os produtos não se formam directamente como resultado da
colisão de duas moléculas de NO com uma molécula de O2 porque verificou-se
experimentalmente a existência de N2O2 durante o decorrer da reacção. Um mecanismo
possível é supor que esta reacção ocorre em duas etapas ou reacções elementares como as
indicadas abaixo:
2NO (g) → N2O2 (g) Primeira etapa
N2O2 (g) + O2 (g) ) → 2NO2 (g) Segunda etapa
A equação química global pode ser interpretada como a soma destes dois processos
elementares. E as espécies como o N2O2 são consideradas como espécies intermediárias.

2.3.2. Lei cinética e mecanismo da reacção


A velocidade de uma reacção não está relacionada directamente com a reacção global, mas sim
se ocorre por etapas. Por esta razão, estabeleceu-se o mecanismo da reacção para poder explicar
os diferentes passos em que algumas reacções decorrem, mediante os factos experimentais
observados. Assim, a etapa mais lenta é que determina a velocidade de uma reacção.
Vejamos o seguinte exemplo: H2O2 + 2H+ +2I- → I2 +2H2O
A lei da velocidade desta reacção é
Vejamos o mecanismo proposto a partir do conhecimento da lei da velocidade:
1ª Etapa: H2O2 + I- → OH- +HIO Etapa Lenta
2ª Etapa: H+ + OH- → H2O Etapa Rápida
3ª Etapa: HIO + H+ + I- → Etapa Rápida
Reacção Global: H2O2 + 2H+ +2I- → 2H2O + I2
EXERCÍCIOS
1- Considere as reacções
a) NO2 + CO → NO + CO2
b) Br2 + H2 → 2HBr
1.1- Haverá um processo elementar único?

2.4. Factores que Influenciam a velocidade de uma Reacção Química


A cinética química estuda a influência de factores externos sobre a velocidade da reacção tendo
em conta o comportamento de factores internos e a interligação entre os factores. Baseando-se
nesses factores entende-se a existência de reacções muito rápidas, moderadas e lentas.
Por vezes interessa-nos que as reacções ocorram de forma mais lenta (deterioração dos
alimentos) ou mais rápido (produção industrial).
Os químicos, após várias investigações, chegaram a conclusão que é possível alterar a
velocidade das reacções químicas, acelerar ou retardar, utilizando um ou mais dos seguintes
factores externos ou macroscópicos:
Natureza dos reagentes;
Concentração dos reagentes em solução;
Estado de divisão dos reagentes;
Temperatura;
Presença de luz ou electricidade;
Pressão;
Adição de substâncias (catalisadores e inibidores).
Os factores internos ou microscópicos são factores relacionados com o aspecto fenomenológico
no processo da reacção. E estes factores são energia interna das partículas e os choques entre as
partículas.
Vejamos a seguir a influência de factores externos e internos sobre a velocidade da reacção.

Elaborado por MSc. Juliana Correia


Ano lectivo 2020 28
Material de apoio de Química – 10ª Classe
2.4.1. Efeito da natureza dos reagentes
Experiências diárias mostram que, em iguais condições, a velocidade de duas reacções pode ser
diferente. Esta diferença é causada pela estrutura das partículas reagentes, isto é, pelo tipo de
ligações químicas entre os átomos, ou seja, pela natureza do reagente.

2.4.2. Efeito da concentração dos reagentes


A velocidade de uma reacção depende da concentração dos reagentes, devido ao número de
choques entre as moléculas. Quanto maior for a concentração dos reagentes, maior será a
frequência com que acontecerão as colisões moleculares e, consequentemente, maior será a
velocidade de uma reacção. Soluções concentradas têm uma velocidade superior a soluções
diluídas.

Figura 7 - Concentração dos reagentes e a velocidade das reacções

Quando abanamos o carvão em brasa,


notamos que ele fica mais incandescente,
porque ao abanarmos estamos a O oxigénio é um dos responsáveis pela
concentração de oxigénio, aumentando a deterioração dos sumos de fruta, porque
velocidade da reacção. dentro da casca a concentração de
oxigénio é baixa e o sumo dura mais
tempo.
Quanto maior for a concentração dos reagentes, maior será a velocidade de uma reacção
química.

2.4.3. Efeito do estado de divisão dos reagentes


Nas reacções químicas, em que pelo menos um dos reagentes está no estado sólido, nota-se um
aumento na velocidade quando se utiliza o sólido em pedaços menores. Quanto mais
fragmentado está o sólido, maior a quantidade de reagentes em contacto, maior o número de
colisões, maior a rapidez com que a reacção ocorre.
Quanto maior for a superfície de contacto dos reagentes, maior será a velocidade de uma
reacção química.

2.4.4. Efeito da temperatura


Muitos acontecimentos no nosso cotidiano podem servir para demonstrar a relação entre a
mudança das reacções e as mudanças de temperatura.
Figura 8 - Temperatura e a velocidade das reacções.

Os alimentos cozinham mais rápido numa Em um ambiente onde a perda de calor é


Os alimentos são conservados em frigoríficos,
panela de pressão, porque a água ferve a uma pequena, um aumento de temperatura
que diminuem a temperatura, diminuindo a
temperatura mais alta, favorecendo o provoca um aumento na rapidez da reacção
rapidez das reacções responsáveis pela
cozimento. de combustão.
decomposição.
O primeiro cientista a relacionar variações de temperatura e velocidade das reacções foi Jacobus
Van’t Hoff. Este percebeu que, algumas reacções, uma elevação da 10ºC duplicava a velocidade.

Elaborado por MSc. Juliana Correia


Ano lectivo 2020 29
Material de apoio de Química – 10ª Classe
O aumento da temperatura é o principal factor do aumento da velocidade das partículas
formadoras de um sistema material, causando então um aumento da velocidade das reacções.
Um aumento de temperatura provoca um aumento de energia cinética nas moléculas. Assim, as
moléculas movimentam-se mais rapidamente, colidindo com maior frequência e com maior
energia, o que provoca um aumento na rapidez da reacção.
Quanto maior for a temperatura, maior será a velocidade de uma reacção química.

2.4.5. Efeito da luz e electricidade


Da mesma forma que o calor (temperatura), a luz e a electricidade também são formas de
energia que influenciam na velocidade das reacções.
Reacções influenciadas pela luz são chamadas de fotoquímicas. Por exemplo:
 Fotossíntese
 Fotólise
Quanto maior for a exposição a luz, maior será a velocidade de uma reacção química.

2.4.6. Efeito da pressão


Em sistemas gasosos, em equilíbrio, um aumento da pressão deslocará o equilíbrio para o
sentido de diminuição de moles.

2.4.7. Efeito da adição de determinadas substâncias chamadas catalisadores e inibidores


Outro modo de aumentar a velocidade de uma reacção é usar um catalisador. Os catalisadores
são substâncias que alteram a velocidade de uma reacção química sem se consumirem. Não são
reagentes da reacção. Adicionam-se para modificarem a velocidade da reacção.
O aumento da velocidade da reacção é provocado por um catalisador e a diminuição da
velocidade da reacção é produzida por um inibidor.
Características de um Catalisador
Um catalisador não é consumido, este actua como um intermediário numa sequência cíclica em
que os intermediários são regenerados. Este aumenta a velocidade de uma reacção, permitindo
caminhos alternativos entre os reagentes e os produtos através de energias de activação mais
baixas. A composição do sistema reaccional permanece em equilíbrio, uma vez que os
catalisadores aceleram tanto a reacção directa como a inversa.
Os processos em que intervêm os catalisadores são designados por catálises, podendo ser
homogéneas ou heterogéneas.
Catálise Homogénea
Um catalisador homogéneo é aquele que se encontra no mesmo estado de agregação que os
reagentes.
EXEMPLO
Reacção de decomposição do ácido fórmico, catalisada pelos iões H+. (Catálise ácida)
HCOOH (aq) H+(aq) CO (g) +H2O (l)
Mecanismo
HCOOH (aq) + H+ (aq) → HCOOH2+ (aq)
HCOOH2+ (aq) → HCO+ (aq) + H2O (aq)
HCO+ (aq) → CO (aq) + H+ (aq)

Elaborado por MSc. Juliana Correia


Ano lectivo 2020 30
Material de apoio de Química – 10ª Classe
Catálise Heterogénea
Um catalisador heterogéneo é um catalisador que está numa fase diferente da dos reagentes. Os
catalisadores heterogéneos mais comuns são ou sólidos finalmente divididos ou sólidos
porosos, usados com reagentes gasosos ou em fase aquosa.
Importância dos catalisadores
Há um ditado que diz “Tempo é dinheiro”. Esta é uma realidade, independentemente de a velocidade
das reacções poder ser aumentada de diferentes formas, quer na indústria, quer nos organismos vivos,
onde ocorrem uma diversidade de processos biológicos.
Na indústria são variadíssimas as reacções que se efectuam na presença de catalisadores, para acelerar a
velocidade das mesmas, como a síntese de amoníaco, largamente utilizada na produção de adubos e na
qual se utiliza uma mistura de ferro, com uma pequena quantidade de óxidos de potássio e de alumínio,
como catalisador.
N2 (g) + 3H2 (g) Fe(K2O/Al2O3) 2NH3 (g)
O etanol e o etano também podem ser obtidos, industrialmente, em presença de ácido nítrico e níquel
como catalisador.
CH2 = CH2 + H2O HNO3 CH3 – CH2OH
CH2 = CH2 + H2 Ni CH3 – CH3
Apesar do infinito papel dos catalisadores na indústria, estes desempenham um papel importante em
outras áreas.
Nos automóveis, por exemplo, este são utilizados como conversores catalíticos.
Na indústria alimentar, recorre-se com urgência a catalisadores para a produção de óleos alimentares,
queijos, iogurtes, pão, cerveja ou vinho.
Num sistema biológico podem decorrer simultaneamente dezenas de reacções químicas num espaço tão
pequeno como uma célula. Estas reacções devem ser controladas, de modo a não interferirem umas com
as outras. O controlo e a catálise destas reacções são feitos por catalisadores biológicos, denominados de
enzimas.
As enzimas são proteínas que proporcionam caminhos reaccionais alternativos com energias de
activação mais baixas, deste modo são catalisadores muito activos, sendo necessária uma quantidade
mínima de enzima para catalisar uma reacção.
Os inibidores têm muita importância económica, isto porque servem de antioxidantes e de conservantes
dos nossos alimentos.
Os conservantes prolongam a duração dos alimentos, protegendo-os das alterações provocadas pelos
microorganismos.
Na indústria alimentar, é muito frequente usar-se inibidores com a finalidade de reduzir a possibilidade
de deterioração de alimentos.
Por exemplo, o sal é utilizado como inibidor na deterioração do peixe seco.
Na indústria farmacêutica introduzem-se inibidores nos medicamentos impedindo assim o
desenvolvimento dos processos químicos e biológicos relacionados com determinadas doenças.

Elaborado por MSc. Juliana Correia


Ano lectivo 2020 31
Material de apoio de Química – 10ª Classe

TEMA 3: EQUILÍBRIO QUÍMICO


Muitas reacções químicas, pelo facto de não haver transformação total dos reagentes em
produtos, ocorrem em dois sentidos, ou seja, os reagentes transformam-se em produtos e estes
por sua vez transformam-se em reagentes, verificando-se deste modo a reversibilidade do
processo (reacções reversíveis).
Como sabemos, em todas as reacções há duas questões importantes que despertam o interesse
químico:
1ª A velocidade da reacção;
2ª A extensão da reacção.
Como já abordamos da velocidade das reacções no tema passado, passaremos a estudar a
extensão das reacções.

3.1. Reversibilidade das transformações químicas


3.2. Noção de Sistema
Ao iniciarmos o estudo de qualquer transformação química ou física, temos que limitar bem a
parte que pretendemos estudar uma vez que a nossa capacidade de estudar o Universo não é
ilimitada, concentrando assim a nossa atenção sobre parte do Universo.
Em química, considera-se sistema parte do Universo que se pretende estudar.A parte do
Universo que não está em estudo designa-se por meio exterior. A vizinhança é a parte do meio
exterior que interage com o sistema. O que separa o sistema e o meio exterior pode designar-se
por fronteira. O sistema é constituído pelo reagente, pelos produtos e pelo catalisador.

Figura 9 - Sistema químico


Os sistemas podem classificar-se em:
 Sistema aberto – quando há troca de matéria e de energia com o meio exterior. Ex: A chama
de um bico de Bunsen, a evaporação da água dos rios, e outras.
 Sistema fechado – quando não há troca de matéria com o meio exterior, mas há troca de
energia. Reacções que ocorram num recipiente fechado constituem um sistema fechado, como
por exemplo a evaporação da água numa panela com tampa.
 Sistema isolado – quando não há troca de matéria nem de energia com o meio exterior. Uma
reacção química que ocorra num vaso fechado, cuja parede não permita trocas de energia com o
meio exterior, como por exemplo uma garrafa térmica pode constituir uma aproximação de um
sistema isolado. Como o isolamento nunca é 100% perfeito, é fácil prever que não existem
sistemas rigorosamente isolados, no entanto, alguns podem ser concebidos como tal, dentro de
razoáveis aproximações.

3.3. Equilíbrio em sistemas Homogéneos


3.3.1. Equilíbrio dinâmico
Consideremos a reacção reversível de iodo gasoso de cor violeta, e o hidrogénio gasoso incolor.
Estes dois gases devem ser introduzidos em quantidades de substância iguais num balão no
qual se retirou o ar e a uma temperatura de 450ºC.
Elaborado por MSc. Juliana Correia
Ano lectivo 2020 32
Material de apoio de Química – 10ª Classe
A reacção química entre o iodo e o hidrogénio é traduzida pela seguinte equação química:
I2(g) + H2(g) 2HI(g)
Violeta IncolorIncolor

Se observarmos o balão ao longo do tempo, verificamos que a cor violeta inicial vai ficando
cada vez menos intensa até que, a partir de uma dada altura, a cor se estabiliza conforme
mostra a figura.

Reacção reversível entre o iodo e o hidrogénio


Figura 10 -
Como se interpreta esta ocorrência?
A partir da observação do balão ao longo do tempo, podemos concluir:
 A cor violeta vai enfraquecendo porque o iodo vai-se consumindo;
 A reacção não é completa, porque a cor violeta não desapareceu na totalidade.
 As concentrações, quer do iodo, quer das restantes substâncias do sistema reaccional são
constantes a partir de determinada temperatura.
Terá a reacção finalizado?
Podemos afirmar que não. Há factos experimentais que demonstram. A nível molecular
verifica-se que as reacções, directa e inversa,verificam-se à mesma velocidade. Diz-se então que,
neste caso, se atingiu o equilíbrio químico. Um processo em equilíbrio químico é representado
simbolicamente mediante uma equação química com duas setas para indicar a reversibilidade
do processo.
I2(g) + H2(g) → 2HI(g)
O equilíbrio químico é um sistema dinâmico, ou seja, uma vez atingido, as reacções, directa e
inversa; continuam a processar-se a velocidadesiguais. No equilíbrio químico não há alteração
das propriedades macroscópicas do sistema reaccional.
Vamos analisar e interpretar o que se passa no equilíbrio químico recorrendo à teoria das
colisões.

3.4. Tipos de Equilíbrio Químico


De acordo com as fases em que se encontram os componentes de um sistema em equilíbrio,
distinguen-se dois tipos de equilíbrio: homogéneo e heterogéneo.
Um equilíbrio é homogéneo quando os componentes do sistema se encontram todos na mesma
fase, ou geralmente no mesmo estado de agregação.
EXEMPLOS: H2(g) + Cl2(g) 2HCl(g) e N2(g) + 3H2(g) 2NH3(g)
Um equilíbrio é heterogéneo quando os componentes do sistema se encontram em fases
diferentes, ou geralmente em diferentes estado de agregação.
EXEMPLOS: CaCO3(s) CaO (s) + CO2 (g) e NH4HS (s) NH3 (g) +H2S (g)

Elaborado por MSc. Juliana Correia


Ano lectivo 2020 33
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3.5. Constante de Equilíbrio
3.5.1. Equilíbrios homogénios
Dada a equação H2(g) + Cl2(g) → 2HCl(g) que representa a síntese do cloreto de hidrogénio, se
considerarmos o processo elementar, pode escrever-se as equações de velocidade para a reacção
directa e inversa da seguinte maneira:
e

Considerando que no estado de equilíbrio , então:

Neste caso, pode escrever-se:

Como Kd e Ki são constantes, a sua relação será constante: . Logo,

Onde: K é a constante de equilíbrio em função das concentrações e depende da temperatura,


isto é, para cada temperatura existirá um valor K determinado.
Esta equação é a forma matemática da lei de Guldberg e Waage, que diz:
“Num sistema em equilíbrio químico é constante a razão entra o produto das concentrações dos
produtos da reacção e o produto das concentrações dos reagentes, elevados aos respectivos
coeficientes estequiométricos.”
Para uma dada reacção, mantendo constante a temperatura, K é sempre o mesmo e
independente das concentrações iniciais.
Voltando ao exemplo da reacção do iodo com o hidrogénio, de acordo a equação:
I2(g) + H2(g) 2HI(g)
Se se supuser que, a uma dada temperatura, se colocam num balão de 1dm3 de capacidade
iguais quantidades de iodo e hidrogénio, verifica-se, experimentalmente, que a reacção decorre
até uma determinada altura que, como vimos anteriormente, é evidenciada pelo decréscimo da
intensidade da cor violeta, característica dos vapores de iodo, até que a cor estabiliza, o que
significa que se atingiu o equilíbrio.
Se começarmos a medir, a partir deste momento, as concentrações de iodo, hidrogénio e iodeto
de hidrogénio, verificaremos que estas se mantêm constantes.
Será que o estado de equilíbrio alcançado por um sistema é característico da reacção que nele se
processa?
Observemos a tabela a seguir, onde se registaram as concentrações de iodo, hidrogénio e iodeto
de hidrogénio, num sistema em equilíbrio à mesma temperatura, determinadas
experimentalmente a partir de concentrações iniciais diferentes.
|HI|2/|H2|.
I2 H2 HI
|I2|
1,1409x10 -3 1,1409x10 -3 8,110x10 -3 54,3
2,9070x10 -3 1,7069x10 -3 16,482x10 -3 54,7
4,5647x10 -3 0,7378x10 -3 13,544x10 -3 54,5
1,8313x10-3 3,1292x10-3 17,671x10-3 54,5

Da análise da tabela, verifica-se que para uma dada reacção pode haver uma infinidade de
estados de equilíbrio, ou seja, as quantidades das substâncias presentes no equilíbrio dependem
Elaborado por MSc. Juliana Correia
Ano lectivo 2020 34
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das quantidades iniciais dos reagentes. No entanto, à mesma temperatura e para uma mesma
reacção que se mantém costante a constante de equilíbrio K.
Generalizando:
aA + bB cC + dD
A constante de equilíbrio da reacção a uma dada temperatura, é:

É de salientar que as concentrações que encontramos na expressão matemática da constante de


equilíbrio são as concentrações dos produtos e reagentes depois de se atingir o estado de
equilíbrio químico e são determinadas experimentalmente.
O valor da constante de equilíbrio depende da natureza da reacção e da temperatura. Para uma
mesma temperatura, a constante de equilíbrio de uma dada reacção é a mesma. Se a
temperatura variar, o valor da constante de equilíbrio também varia. Verifica-se também,
experimentalmente, que à mesma temperatura, K varia muito de reacção para reacção.
O valor de Kc concede-nos a informação sobre as quantidades relativas de reagentes e produtos
da reacção no equilíbrio e, consequentemente, sobre o rendimento da reacção, comparando a
expressão das reacções directa e inversa.
Desta forma:
 A extensão da reacção directa é o grau de transformação dos reagentes em produtos da
reacção, uma vez atingido o ponto de equilíbrio;
 Se a constante de equilíbrio for muito elevada (Kc>>1), isto significa que no equilíbrio há
muito maior quantidade de produtos da reacção do que reagentes. Assim, a extensão da
reacção directa é muito maior à extensão da reacção inversa;
 Se a constante de equilíbrio for muito baixa (K<<1), isto significa que no equilíbrio há muito
maior quantidade de reagentes do que produtos da reacção. Assim, a extensão da reacção
inversa é muito maior à extensão da reacção directa;
 Se a constante de equilíbrio não for muito superior nem muito inferior a 1, então as
quantidades de reagentes e de produtos da reacção presentes no equilíbrio são da mesma
ordem de grandeza. Assim, a extensão da reacção directa e da reacção inversa não são muito
diferentes.
Tratando de reacções que participam somente espécies químicas em fase gasosa, tal como
reacções de síntese do amoníaco:
N2(g) +3H2(g) 2NH3(g)
A constante de equilíbrio (Kc) [ ], também se pode exprimir em função das pressões
parciais (Kp).

3.5.2. Constante de equilíbrio em termos de pressão (Kp)


Até agora, a expressão do equilíbrio foi dada em termos de concentração em mol/L (Kc). No
entanto, em equilíbrios nos quais pelo menos um dos participantes é um gás, a constante de
equilíbrio pode ser expressa em termos de pressões parciais dos gases envolvidos e, nesse caso,
será representada por Kp.
Assim, as expressões de Kc e Kp para os equilíbrios a seguir são dadas por:

Elaborado por MSc. Juliana Correia


Ano lectivo 2020 35
Material de apoio de Química – 10ª Classe

Podemos agora deduzir a relação entre Kc e Kp.


Pela equação dos gases perfeitos, tem-se que:
Assim,

Substituindo na expressão de Kp, tem-se:

Generalizando,
aA(g) + bB(g) → cC (g) + dD (g)
ou
Em que Δn é igual a diferença entre a soma dos coeficientes estequiométricos dos produtos e a
soma dos coeficientes estequiométricos dos reagentes.

3.5.3. Equilíbrios heterogéneos


Para o caso dos equilíbrios heterogéneos, só consideramos as concentrações das substâncias
gasosas, porque a concentração dos sólidos é uma constante, e está englobada na constante de
equilíbrio.
Consideremos o equilíbrio seguinte: C(s) + CO2(g) 2CO(g)
Como a concentração do Carbono é uma constante (por ser sólido), e está englobada na
constante de equilíbrio.

Assim, e
A relação entre estas duas constantes é:

3.5.4. Cálculos das constantes de Equilíbrio


Conhecidas as concentrações das substâncias em equilíbrio podemos calcular a constante de
equilíbrio, e uma vez conhecida a constante de equilíbrio de uma reacção podemos calcular as
concentrações das substâncias em equilíbrio.
EXEMPLO: Determine a constante de equilíbrio para o seguinte sistema: 2HI(g) → H2(g) +I2(g).
Sabendo que a 423oc, o sistema tem uma mistura em equilíbrio de 0,9mol/L de hidrogénio;
0,7mol/L de iodo e 0,3mol/L de iodeto de hidrogénio.
Dados Fórmula Resolução
|HI|=0,3mol/L
|H2|=0,9mol/L
|I2|=0,7mol/L

3.6. Princípio de Le Châtelier


Num sistema em equilíbrio, a uma dada temperatura, as velocidades da reacção directa e
inversa são iguais e as concentrações das substâncias mantêm-se constantes. Contudo, este
estado de equilíbrio pode ser alterado por determinados factores.

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Ano lectivo 2020 36
Material de apoio de Química – 10ª Classe
O químico francês Le Châtelier, através de observações experimentais, estabeleceu uma regra
simples que permite prever alterações provocadas num sistema de equilíbrio. Esta regra,
chamada de Principio de Le Châtelier, enuncia-se da seguinte maneira:
«Se um sistema em equilíbrio se introduz uma alteração, o sistema reage
evoluindo no sentido de contrariar essa alteração.»
A aplicação deste princípio é muito importante na indústria, uma vez que permite antever os
factores que têm de se alterar para aumentar o rendimento do produto de uma reacção em
equilíbrio.

3.7. Factores que afectam o equilíbrio


O principio de Le Châtelier demostrou que experimentalmente que existem três factores que,
uma vez alterados, podem provocar uma mudança no estado de equilíbrio de uma reacção:
A concentração de algum dos reagentes ou produtos;
A pressão em sistemas com componentes gasosos;
A temperatura.

3.7.1. Efeito da variação da concentração


Se a um sistema em equilíbrio se adiciona ou se retira algum dos componentes (reagente ou
produto), o equilíbrio é alterado.
O Principio de Le Châtelier permite prever o que acontece. Assim,
Se a um sistema em equilíbrio de adiciona um reagente ou produto, o sistema progride no
sentido de consumir parcialmente a substancia adicionada;
Se a um sistema em equilíbrio se retira um reagente ou produto, o sistema progride no
sentido de restabelecer parcialmente essa substancia.

3.7.2. Efeito da variação da temperatura


Segundo Le Châtelier, o efeito da temperatura num sistema em equilíbrio modifica o valor da
constante de equilíbrio. Estas mudanças dependerão da cedência (reacção exotérmica) ou
absorção (reacção endotérmica) de calor por parte do sistema em equilíbrio. Portanto, ao
aumentar a temperatura, o sistema desloca-se no sentido em que o sistema absorve calor, isto é,
no sentido da reacção endotérmica, e ao diminuir no sentido da reacção exotérmica.
Assim, segundo Le Châtelier:
Quando se aumenta a temperatura de um sistema em equilíbrio (aumento da energia), o
sistema vai evoluir no sentido de consumir essa energia, ou seja, vai progredir no sentido da
reacção endotérmica;
Quando se diminui a temperatura de um sistema em equilíbrio (diminuindo a energia), o
sistema o sistema vai evoluir no sentido de aumentar essa energia, ou seja, vai progredir no
sentido da reacção exotérmica.

Aumento da temperatura — desloca o equilíbrio no sentido da reacção endotérmica (para a esquerda);


Diminuição da temperatura — desloca o equilíbrio no sentido da reacção exotérmica (para a direita).

3.7.3. Efeito da variação da pressão em sistemas com componentes gasosos


Segundo Le Châtelier, o efeito da pressão quando no sistema há pelo menos uma substancia
gasosa. Na influência ocorre apenas quando as quantidades de substâncias e reagentes são
diferentes das quantidades de substâncias dos produtos presentes no sistema em equilíbrio.
Elaborado por MSc. Juliana Correia
Ano lectivo 2020 37
Material de apoio de Química – 10ª Classe
Assim, segundo Le Châtelier:
Se pressão total aumenta, o sistema vai progredir no sentido de diminuir a pressão, ou
seja, progride da reacção que faz diminuir o número de moléculas de componentes gasosos;
Se a pressão total diminui, o sistema vai progredis no sentido de aumentar a pressão, ou
seja, progride no sentido da reacção que faz aumentar o número de moléculas de componentes
gasosos.

A fim de verificarmos os efeitos da variação de pressão em um equilíbrio, vamos considerar o


equilíbrio seguinte, a uma temperatura constante:

Se aumentamos a pressão, o equilíbrio se desloca para a direita, favorecendo a formação do


SO3(g), porque nesse sentido há uma diminuição do número de mol de gás e, consequentemente,
uma diminuição da pressão.
Outra maneira, mais simples, de analisarmos o efeito produzido pela variação de pressão em
um equilíbrio é associar o número de mol ao volume. Assim, nas mesmas condições, temos:

No exemplo dado, temos:

↑(aumento) Pressão: desloca o equilíbrio para a direita (menor volume).


↓(diminuição) Pressão: desloca o equilíbrio para a esquerda (maior volume).

3.8. Aplicações Práticas do Princípio de Le Châtelier


O princípio de Le Châtelier está presente nas nossas vidas, na indústria, na agricultura, na
solubilidade de substâncias e em muitas áreas da ciência.
Vejamos a aplicação nas várias áreas.

3.8.1. Solubilidade de substâncias


A solubilidade define-se como a quantidade máxima de soluto que se consegue dissolver num
dado solvente de modo a perfazer 1 dm3 de uma solução saturada, a uma dada temperatura.
Por outras palavras, a solubilidade é a concentração do soluto numa solução saturada, a uma
dada temperatura.
A solubilidade varia de substância para substância. Assim sendo, existem substâncias solúveis e
pouco solúveis em H2O. Por exemplo, são consideradas substâncias solúveis as seguintes:
Todos os sais de sódio, potássio e amónio;
Todos os acetatos (CO3COO-), excepto o CH3COOAg;
Elaborado por MSc. Juliana Correia
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Todos os sulfatos, excepto o BaSO4, SrSO4 e PbSO4;
Todos os cloretos, brometos e iodetos, excepto os de prata, chumbo e mercúrio;
Todos os ácidos, excepto os de silício, antimónio e estanho;
Os hidróxidos do grupo I A da Tabela Periódica e o hidróxido de amónio.

3.8.2. Na indústria
Hoje em dia, em quase todos os processos na indústria ocorrem transformações químicas,
implicando importantes reacções químicas. Mas para obter um melhor rendimento deste
processo é necessário controlar uma serie de parâmetros, tais como a temperatura, a pressão, o
volume e a concentração, visto que o não controlo destes parâmetros pode alterar o rendimento
ou resultado esperado. Assim sendo, o controlo destes parâmetros nos diferentes processos
industriais passa necessariamente pela aplicação do Principio de Le Châtelier.
Adicionando um catalisador de um sistema em equilíbrio, as velocidades das reacções directa e
inversa aumentam proporcionalmente, não se produzindo qualquer alteração no sistema de
equilíbrio. Contudo, se o catalisador for adicionado antes de ser atingido o ponto de equilíbrio,
este será alcançado mais rapidamente. O catalisador acelera então a processo de fabrico.

3.8.3. Em sistemas biológicos


No organismo humano, o equilíbrio é muito importante porque uma das condições normais da
vida altera o normal funcionamento do organismo humano.
Por exemplo, o normal funcionamento do organismo exige que o individuo respire ar puro para
permitir a melhor circulação do sangue. Assim sendo, o organismo necessita de oxigénio,
indispensável para a vida humana, de peixes, plantas e outros seres vivos.
Do ponto de vista da fisiologia, a respiração é processo pelo qual um organismo vivo troca
oxigénio e dióxido de carbono com o meio ambiente.
Do ponto de vista da bioquímica a respiração celular é processo de conversão das ligações
químicas de moléculas ricas em energia que possa ser usada nos processos vitais.
Portanto a entrada de oxigénio no organismo e saída de dióxido de carbono constitui um
processo em equilíbrio.
Este tipo de equilíbrio é mais aprofundado no curso de bioquímica.

3.8.4. No quotidiano
Os óculos fotocromáticos são óculos que têm lentes que mudam de cor de acordo com a
intensidade luminosa, isto é, quando utilizadas sem exposição a luz solar são incolores, e
quando utilizadas a luz solar vão escurecendo.
No caso das garrafas de refrigerante, ocorrem várias reacções, mas uma das mais importantes
para o equilíbrio é a decomposição do ácido carbónico em água e dióxido de carbono.

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TEMA 4: REACÇÕES ÁCIDO-BASE


4.1 Ácidos em solução aquosa
Os ácidos apresentam carácter ácido quando em solução aquosa.

4.1.1 Electrólitos
No Mundo actual, quer na indústria como no laboratório, as reacções ocorrem na sua maioria
em solução aquosa, isto é, o solvente é a água. Os solutos destas soluções podem classificar-se
em electrólitos ou não-electrólitos, dependendo da sua capacidade de conduzir corrente
eléctrica.
Os electrólitos são soluções capazes de conduzir corrente eléctrica. Estes resultam da
dissociação do soluto em iões num dado solvente. Quando o soluto não se ioniza numa solução
designa-se por não-electrólito, isto é, não conduz corrente eléctrica quando dissolvido em água.
Quando dissolvemos o cloreto de sódio em água, os seus iões ficam rodeados por moléculas do
solvente, orientadas da seguinte forma:
 A parte positiva da água rodeia os iões negativos do cloreto de sódio;
 A parte negativa da água rodeia os iões positivos do cloreto de sódio.
Este processo recebe o nome de solvatação.
Nem todas as soluções aquosas apresentam a mesma condutibilidade eléctrica, ou seja, quanto
maior for o número de iões presentes na solução, maior a condutibilidade. Os electrólitos
podem ser classificados em fracos e fortes.
Electrólito forte – aquele que se dissocia totalmente ou quase totalmente em iões.
Electrólito fraco – aquele que não se dissocia totalmente em iões.

4.1.2 Soluções aquosas de ácidos. Os iões H+ (aq)


Tal como a Química é uma ciência em constante desenvolvimento, assim, o conceito de ácido
também foi evoluindo. Inicialmente, ácidos eram substâncias que possuíam um sabor
azedo/amargo. Svante Arrhenius associou ao conceito de ácido à presença de iões H + em
solução.
Ácidos são compostos que em solução aquosa se ionizam, produzindo iões H+.
Apesar de inovadora, a teoria de Arrhenius, tenha algumas limitações:
 Considerava que as reacções envolvendo ácidos apenas ocorriam em soluções aquosas;
 Não explicava as propriedades ácidas de soluções aquosas que não tivessem o
hidrogénio na sua constituição.
Mais tarde, Johannes Nicolaus Brӧnsted e Martin Lowry, alteraram este conceito – Teoria
Protónica.
Ácido é um dador de protões.
Os ácidos são muito comuns em nosso dia-a-dia: o vinagre contém ácido acético (C2H4O2); o
limão, a laranja e demais frutas cítricas contêm ácido cítrico (C6H8O7); a bateria de um
automóvel contém ácido sulfúrico (H2SO4); o ácido muriático, usado para a limpeza de pisos,
azulejos etc., contém ácido clorídrico (HCl); e assim por diante.
Os ácidos são muito usados, nas indústrias químicas, para a produção de novos materiais. Em
particular, o ácido sulfúrico é o primeiro colocado em uso industrial. Devemos lembrar, porém,
que acidentes com trens e caminhões transportando ácido sulfúrico podem dar origem a
vazamentos do ácido, com efeitos bastante danosos ao meio ambiente.
Os ácidos podem ser classificação de três formas:
De acordo com o número de hidrogénios ionizáveis
Elaborado por MSc. Juliana Correia
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 Monoácidos: na ionização, a molécula produz apenas 1H+ (HCl, HNO3 etc.).
 Diácidos: na ionização, a molécula produz 2H+ (H2SO4, H2CO3 etc.).
 Triácidos: na ionização, a molécula produz 3H+ (H3PO4, H3BO3 etc.).
 Tetrácidos: na ionização, a molécula produz 4H+ (H4P2O7, H4SiO4 etc.).
Os ácidos com 2 ou mais hidrogénios ionizáveis são denominados poliácidos.
De acordo com a presença ou não de oxigênio na molécula
 Hidrácidos: não contêm oxigénio (HCl, HBr, H2S etc.).
 Oxiácidos: contêm oxigénio (HNO3, H2SO4, H3PO4 etc.).
De acordo com o grau de ionização
É importante relembrar a definição de grau de ionização (α).
• Ácidos fortes: quando α>(50%). Exemplos: HCl (α=92%), H2SO4 (α=61%) etc.
• Ácidos moderados ou semifortes: quando 5<α <50%. Exemplos: HF (α=8%), H3PO4 (α=27%)
etc.
• Ácidos fracos: quando α<5%. Exemplos: HCN (α=0,008%), H2CO3 (α=0,18%) etc.

4.1.3 Interpretação do comportamento ácido em termos de iões H+ (aq). Os ácidos como


fonte de iões H+ em soluções aquosas
Define-se ácido como um dador de protões H+, estes protões são recebidos por uma espécie
denominada base.
As bases são muito comuns em nosso cotidiano, vários líquidos de limpeza usados nas cozinhas
contém bases, como o hidróxido de sódio (NaOH), presente em substâncias para desentupir
pias, o hidróxido de amónio (NH4OH), encontrado no amoníaco etc. O chamado “leite de
magnésio”, usado para combater a acidez estomacal, contém hidróxido de magnésio
(Mg(OH)2).
As bases são também muito usadas nas indústrias químicas. O hidróxido de sódio, por
exemplo, é empregue na produção de sabões, detergentes, tecidos, etc.
Do ponto de vista teórico, Arrhenius definiu Bases ou hidróxidos como compostos que, por
dissociação iónica, liberam, como ião negativo, apenas o anião hidróxido (OH -), também
chamado de oxidrilo ou hidroxilo.
As bases podem ser classificadas de três formas:
De acordo com o número de hidroxilos (OH-)
 Monobases: possuem apenas 1(OH-). Exemplos: NaOH, NH4OH etc.
 Dibases: possuem 2OH-. Exemplos: Ca(OH)2, Fe(OH)2 etc.
 Tribases: possuem 3OH-. Exemplos: Al(OH)3, Fe(OH)3 etc.
 Tetrabases: possuem 4OH-. Exemplos: Sn(OH)4, Pb(OH)4 etc.
Não existem bases com mais de quatro grupos hidroxilo por molécula.
De acordo com o grau de dissociação
Relembre a definição de grau de ionização ou grau de dissociação iónica (α).
 Bases fortes: são aquelas cujo grau de dissociação é praticamente 100%. É o caso dos
hidróxidos dos metais alcalinos, como NaOH, KOH etc., e dos metais alcalino-terrosos, como
Ca(OH)2, Ba(OH)2 etc., que já são iónicos por natureza. O Mg(OH)2 é uma excepção à regra, pois
constitui uma base fraca.
 Bases fracas: cujo grau de dissociação é, em geral, inferior a 5%. É o caso do hidróxido de
amónio (NH4OH) e dos hidróxidos dos metais em geral (excluídos os metais alcalinos e
alcalino- terrosos), que são moleculares por sua própria natureza.
De acordo com a solubilidade em água

Elaborado por MSc. Juliana Correia


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Material de apoio de Química – 10ª Classe
 Solúveis: hidróxidos dos metais alcalinos como NaOH, KOH etc., e hidróxido de amónio
(NH4OH).
 Pouco solúveis: hidróxidos dos metais alcalino-terrosos, como Ca(OH)2, Ba(OH)2 etc.
 Praticamente insolúveis: todos os demais.

4.2 pH de uma solução. Relação com a concentração do ião H+


Como as concentrações dos iões H+, em solução aquosa, são normalmente números muito
pequenos, Soren Sorensen propôs uma nova grandeza física, o pH.
O pH é definido como o simétrico do logaritmo decimal da concentração de iões H +. O sinal
“menos” deve-se aos valores reduzidos das concentrações H+, caso contrário o valor do pH
seria negativo.

Quanto menor o valor de pH, maior a concentração de H+, e consequentemente, mais ácida é a
solução.

4.3 Dissociação completa e incompleta.


Como já vimos, as reacções químicas podem ser completas ou incompletas. O mesmo acontece
com a dissociação dos ácidos dependendo se o ácido é forte ou fraco.

4.3.1 Força dos ácidos


Um ácido forte é aquele que se dissocia quase totalmente em água, isto é, com grande
capacidade de ceder protões – reacção completa.
Um ácido fraco é aquele que se dissocia parcialmente em água, isto é, com uma capacidade
muito reduzida de ceder protões – reacção incompleta.

4.4 Caracterização qualitativa do equilíbrio


4.4.1 Transferência de protões. Base
Numa relação ácido-base, a espécie dadora de protões H+ é o ácido e a espécie receptora desses
mesmos protões é a base.
A grandeza relacionada ao valor da concentração do ião hidroxilo HO -, de uma solução, é
denominada de pOH. Esta é definida como o simétrico do logaritmo decimal da concentração
de iões OH-. O sinal “menos” deve-se aos valores reduzidos das concentrações OH-, caso
contrário o valor do pOH seria negativo. Quanto menor o valor de pOH, maior a concentração
de OH-, e consequentemente, mais básica ou alcalina é a solução.

A tabela a seguir, ilustra algumas semelhanças e diferenças entre ácidos e bases:


ÁCIDO BASE
1. Sabor azedo; 1. Tem sabor amargo;
2. Conduz corrente eléctrica; 2. Conduz corrente eléctrica;
3. Solúvel em água; 3. A maioria é insolúvel em água, e
4. Reage com metais como o zinco, escorregadia ao tacto.
libertando hidrogénio; 4. Altera a cor dos indicadores
5. Reage com carbonato de cálcio, 5. Reage com ácidos originando sais e
libertando dióxido de carbono; água.
6. Altera a cor dos indicadores;
7. Reage com bases originando sais e água.
Elaborado por MSc. Juliana Correia
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Material de apoio de Química – 10ª Classe
4.4.2 Grau de dissociação ou de ionização
A grandeza física que permite determinar quantitativamente a extensão da dissociação
electrolítica é medida pelo grau de dissociação ou de ionização.

4.4.3 Pares conjugados ácido-base


Um pare ácido-base conjugado é sempre constituído por duas espécies químicas que diferem
num protão.
Quanto mais forte for um ácido, mais fraca será a sua base conjugada e vice-versa.
ÁCIDO BASE CONJUGADA
HClO4 – ácido perclórico ClO4 – ião perclorato
-

HI – ácido iodídrico I- – ião iodeto


HCl – ácido clorídrico Cl- – ião cloreto
H2SO4 – ácido sulfúrico HSO4- – ião hidrogenossulfato
HNO3 – ácido nítrico NO3- – ião nitrato
H3O+ - ião hidrónio H2O - água
NH4+ - ião amónio NH3 - amoníaco
H2O – água HO- – ião hidróxido
NH3 – amoníaco NH2- – ião amida

4.4.4 Espécies químicas anfipróticas


Há espécies que por vezes se comportam como ácidos mas noutras como bases, dá-se o nome
de espécies químicas anfipróticas ou anfotéricas. O que Determina se essa espécie se comporta
como ácido ou base é a outra espécie química com a qual esta vai reagir.

4.4.5 Auto-ionização da água. Produto iónico da água. O valor de pH da água pura


As moléculas de água são muito polares e ligam-se por pontes de hidrogénio. Apesar de más
condutoras de electricidade é possível detectar uma certa condutividade, apesar de pequena, na
água pura, devido a ionização da água.
H2O (l) + H2O (l) = H3O+ (aq) + HO- (aq)
A constante de equilíbrio da auto-ionização da água (produto iónico da água), é igual ao
produto das concentrações dos iões.

Numa solução neutra, ou na água pura a 25ºC, as concentrações dos iões são iguais, assim,
kw=10-14.

Elaborado por MSc. Juliana Correia


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Material de apoio de Química – 10ª Classe
ÍNDICE

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 4

TEMA 1: REACÇÕES QUÍMICAS E EQUAÇÕES QUÍMICAS .......................................................... 6

1.1. Significado de Equações Químicas ........................................................................................... 6

1.2. Apresentação das Equações Químicas ..................................................................................... 7

1.2.1. Coeficientes estequiométricos ............................................................................................ 7

1.2.2. Estados físicos ....................................................................................................................... 7

1.2.3. Acerto de equações químicas. Lei de Lavosier. ............................................................... 7

1.2.4. Tipos de equações: forma molecular e forma iónica ....................................................... 9

1.3. Reacções Químicas Incompletas e Completas....................................................................... 10

1.3.1. Tipos de reacções químicas............................................................................................... 10

1.4. Cálculos Químicos ..................................................................................................................... 11

1.4.1. Cálculos baseados nas equações químicas ..................................................................... 11

1.4.2. Rendimento de Uma reacção química (reagente limitante e em excesso) ................. 13

1.4.3. Cálculos baseados nas diferentes formas de expressar a concentração das soluções
15

1.4.4. Tipos de fórmulas .............................................................................................................. 18

1.5. Análise Química: Gravimetria e Volumetria ......................................................................... 20

1.5.1. Análise gravimétrica ou gravimetria .............................................................................. 20

1.5.2. Análise volumétrica ou volumetria ................................................................................. 20

TEMA 2: CINÉTICA QUÍMICA ......................................................................................................... 23

2.1. Avaliação da Rapidez de uma Reacção Química ..................................................................... 23

2.1.1. Velocidade média e velocidade instantânea de uma reacção química ........................... 23

2.2. Equação da Velocidade ou Lei Cinética de uma Reacção Química ....................................... 25

2.2.1. Efeito da concentração dos reagentes na velocidade inicial ............................................. 25

2.2.2. Ordem da reacção. Constante de velocidade ..................................................................... 26

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2.3. Reacções Químicas a Nível Molecular ....................................................................................... 27

2.3.1. Mecanismo da reacção ........................................................................................................... 27

2.3.2. Lei cinética e mecanismo da reacção .................................................................................... 28

2.4. Factores que Influenciam a velocidade de uma Reacção Química ........................................ 28

2.4.1. Efeito da natureza dos reagentes .......................................................................................... 29

2.4.2. Efeito da concentração dos reagentes .................................................................................. 29

2.4.3. Efeito do estado de divisão dos reagentes .......................................................................... 29

2.4.4. Efeito da temperatura............................................................................................................. 29

2.4.5. Efeito da luz e electricidade .................................................................................................. 30

2.4.6. Efeito da pressão ..................................................................................................................... 30

2.4.7. Efeito da adição de determinadas substâncias chamadas catalisadores e inibidores... 30

TEMA 3: EQUILÍBRIO QUÍMICO ......................................................................................................... 32

3.1. Reversibilidade das transformações químicas ...................................................................... 32

3.2. Noção de Sistema ...................................................................................................................... 32

3.3. Equilíbrio em sistemas Homogéneos ..................................................................................... 32

3.3.1. Equilíbrio dinâmico ........................................................................................................... 32

3.4. Tipos de Equilíbrio Químico .................................................................................................... 33

3.5. Constante de Equilíbrio ............................................................................................................ 34

3.5.1. Equilíbrios homogénios..................................................................................................... 34

3.5.2. Constante de equilíbrio em termos de pressão (Kp)...................................................... 35

3.5.3. Equilíbrios heterogéneos ................................................................................................... 36

3.5.4. Cálculos das constantes de Equilíbrio ............................................................................. 36

3.6. Princípio de Le Châtelier .......................................................................................................... 36

3.7. Factores que afectam o equilíbrio ........................................................................................... 37

3.7.1. Efeito da variação da concentração ................................................................................. 37

3.7.2. Efeito da variação da temperatura .................................................................................. 37

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Ano lectivo 2020 45
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3.7.3. Efeito da variação da pressão em sistemas com componentes gasosos ..................... 37

3.8. Aplicações Práticas do Princípio de Le Châtelier ................................................................. 38

3.8.1. Solubilidade de substâncias .............................................................................................. 38

3.8.2. Na indústria ........................................................................................................................ 39

3.8.3. Em sistemas biológicos ...................................................................................................... 39

3.8.4. No quotidiano ..................................................................................................................... 39

TEMA 4: REACÇÕES ÁCIDO-BASE .................................................................................................... 40

4.1 Ácidos em solução aquosa ....................................................................................................... 40

4.1.1 Electrólitos ........................................................................................................................... 40

4.1.2 Soluções aquosas de ácidos. Os iões H+ (aq) .................................................................. 40

4.1.3 Interpretação do comportamento ácido em termos de iões H+ (aq). Os ácidos como


fonte de iões H+ em soluções aquosas ........................................................................................... 41

4.2 pH de uma solução. Relação com a concentração do ião H+ .............................................. 42

4.3 Dissociação completa e incompleta. ....................................................................................... 42

4.3.1 Força dos ácidos ................................................................................................................. 42

4.4 Caracterização qualitativa do equilíbrio ................................................................................ 42

4.4.1 Transferência de protões. Base ......................................................................................... 42

4.4.2 Grau de dissociação ou de ionização .............................................................................. 43

4.4.3 Pares conjugados ácido-base ............................................................................................ 43

4.4.4 Espécies químicas anfipróticas ......................................................................................... 43

4.4.5 Auto-ionização da água. Produto iónico da água. O valor de pH da água pura ..... 43

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................ 47

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Ano lectivo 2020 46
Material de apoio de Química – 10ª Classe

BIBLIOGRAFIA
Coelho, A. (2015). Química - 10ª classe. 2º Ciclo do Ensino Secundário. Manueal do Aluno. Luanda:
Editora das Letras.
Corrêa, C., Bastos, F. P., & Almeida, N. (2004). Química. Fisico-Química A. Química 11º ano. Porto:
Porto Editora.
Dantas, M. d., & Ramalho, M. D. (2007). Jogo de Partículas A. Fisico-Química A. Química - Bloco 1
10ª/11ª ano. Lisboa: Texto Editores, Lda.
Feltre, R. (2005). Fundamentos de Química -Volume único. São Paulo: Moderna.
Maciel, N., & Miranda, A. (2002). Eu e a Química. Fisico-Química 9º ano. Porto: Porto Editora.
Mendonça, L. S., & Ramalho, M. D. (2001). Jogo de Partículas. Química - 10º Ano. Lisboa: Texto
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Rodrigues, M. M., & Dias, F. M. (2006). Ciências na Nossa Vida.Sustentabilidade na Terra. Ciências
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Usberco, J., & Salvador, E. (2010). Química - Volúme único. USBERCO & SALVADOR. São Paulo:
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Elaborado por MSc. Juliana Correia


Ano lectivo 2020 47

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