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Boas Novas Grande Alegria eBook

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Boas-novas de Grande Alegria coloca ao nosso alcance uma nova descoberta da glória do Natal.

Que
grande refrigério é para pessoas ocupadas, como todos nós, sentarem-se cada dia no Advento, por 10
minutos, e pensarem sobre Jesus, o nosso Salvador — e descansar, alegrar-se e reviver!
Ray Ortlund, Pastor de pastores, Immanuel Church, Nashville, Tennessee

Como podemos experimentar o Advento de uma maneira que é vantajosa para a nossa alma depois de 25
de dezembro? Por contemplarmos e desfrutarmos a glória de Deus no Cristo encarnado, nosso Salvador,
nosso Senhor, nosso irmão, nosso amigo. Boas-novas de Grande Alegria, escrito por John Piper, nos
conduz numa exploração das boas-novas do Natal e nos convida a nos unirmos ao autor, com admiração,
temor e uma alegria que ultrapassa o encanto do feriado. Este livro é sobre alegria eterna, e Piper nos
guiará a essa alegria, nos levará a ele, Jesus Cristo.
J. A. Medders, Pastor, Risen Church, Houston, Texas

Estas devoções do Advento procedentes da caneta de John Piper podem ser breves, mas você achará nelas
a profundeza e a riqueza de pensamento pelas quais John Piper é muito bem conhecido. Com um senso
de alegria reverente, ele nos toma pela mão e nos leva ao santuário interior da encarnação. Quando
paramos no manancial do Filho nascido em Belém, somos preparados para apreciar ainda mais as efusivas
torrentes de amor em sua forma lacerada no Calvário. Se você quer que seu período de Natal seja
espiritualmente enriquecedor, tempere-o com os pensamentos deste livro.
Conrad Mbewe, Pastor, Kabwata Baptist Church, Lusaka, Zâmbia

Que tesouro de verdades sobre Jesus! Nestas devoções breves e comoventes, John Piper eleva o nosso olhar
para vermos de novo o Natal como ele deveria realmente ser visto — como as boas-novas de grande
alegria para você e para mim. Este livro é um convite a conhecermos o Filho encarnado, enviado pelo Pai,
no poder do Espírito.
Abigail Dodds, autora, Mulher (A) Típica (Fiel)
Sumário

Prefácio
Introdução | O que Jesus quer neste Natal?
Dia 1 | Prepare o caminho
Dia 2 | O magnífico Deus de Maria
Dia 3 | A visitação há muito tempo esperada
Dia 4 | Para os pequeninos de Deus
Dia 5 | Nenhum desvio do Calvário
Dia 6 | Paz entre os homens a quem Deus quer bem
Dia 7 | Messias para os magos
Dia 8 | A estrela sobrenatural de Belém
Dia 9 | Dois tipos de oposição a Jesus
Dia 10 | Ouro, incenso e mirra
Dia 11 | Por que Jesus veio
Dia 12 | Substituindo as sombras
Dia 13 | A realidade final está aqui
Dia 14 | Deus torna a sua aliança real para o seu povo
Dia 15 | Vida e morte no Natal
Dia 16 | A adversidade mais bem-sucedida de Deus
Dia 17 | A maior salvação imaginável
Dia 18 | O modelo do Natal para missões
Dia 19 | O Natal existe para a liberdade
Dia 20 | Greve de Natal
Dia 21 | O nascimento do Ancião de Dias
Dia 22 | Para que você creia
Dia 23 | O presente indescritível de Deus
Dia 24 | O Filho de Deus se manifestou
Dia 25 | Três presentes de Natal
Conclusão | Meu texto de Natal favorito
Apêndice | As sombras do Antigo Testamento e a vinda de Cristo
Prefácio

OAdvento é para adorarmos a Jesus. Pelo menos, esse é o nosso ponto de vista
sobre ele no ministério Desiring God.
O Advento é um período anual de espera persistente, expectativa confiante,
sondagem da alma e observação do calendário por muitas igrejas, famílias
cristãs e seguidores de Jesus. Não há um mandamento bíblico para
observarmos o Advento. É opcional — uma tradição que se desenvolveu no
curso da história da igreja como um tempo de preparação para o dia de Natal.
Muitos de nós achamos que observar o Advento é espiritualmente desafiador,
agradável e benéfico.
A palavra advento se origina do latim adventus, que significa “vinda”. O
advento que está principalmente em vista, cada dezembro, é a primeira vinda
de Jesus, dois mil anos atrás. Mas a segunda vinda de Jesus também atrai a
atenção, como deixa claro o popular cântico de Natal “Cantai que o Salvador
Chegou”:

Pecados, dores, morte, já vencidos dele são


A paz Jesus concederá em régia profusão
Em régia profusão; oh! Sim, em régia profusão.
Verdade e amor são sua lei, os povos acharão
Que é justo e bom o excelso Rei, e lhe obedecerão
E lhe obedecerão; sim todos lhe obedecerão.1

O Advento começa no quarto domingo antes do Natal e termina na véspera


do Natal. Isso significa que, dependendo do ano, o mais cedo que ele começa é
27 de novembro, e o mais tarde é 3 de dezembro. Enquanto a Quaresma (o
período de preparação para a Páscoa) é 40 dias (mais os seus seis domingos), o
Advento abrange de 22 a 29 dias.
Em todo o mundo, cristãos têm maneiras diferentes de celebrar o Advento e
várias manifestações práticas. Alguns acendem velas. Alguns cantam hinos.
Alguns comem doces. Alguns dão presentes. Alguns penduram guirlandas.
Muitos de nós fazemos todas essas coisas. Com o passar dos séculos,
desenvolvemos muitas maneiras boas de estender a celebração da vinda de Jesus
além das 24 horas do dia 25 de dezembro. A encarnação do Filho de Deus,
“por nós e para a nossa salvação”, como diz o credo antigo, é muito
significativa para apreciarmos em apenas um dia. De fato, é algo que
celebraremos por toda a eternidade.
Nossa oração é que este pequeno devocional possa ajudá-lo a manter Jesus
como o centro e o maior tesouro durante o seu período de Advento. As velas e
os doces têm o seu lugar, mas queremos assegurar-nos de que, em toda a pressa
e a agitação de dezembro, acima de tudo, adoramos a Jesus.
Portanto, “Oh! Vinde, Fiéis” talvez seja o tema destas leituras do Advento.2
Todas essas meditações dizem respeito à adoração de Cristo, o Senhor. Em
alguns trechos, você ouvirá nuances de “Ó, vem, vem, Emanuel!”, e, em
outros, “Eis dos anjos a harmonia”.3 E, sem dúvida, teremos uma breve
aparição dos magos. Mas a pessoa no centro é Jesus — o bebê nascido em
Belém, o Deus-homem envolto em faixas, deitado numa manjedoura,
destinado ao Calvário, enviado pelo Pai, para morrer e ressuscitar em favor de
seu povo.
A introdução deve ser lida antes do início do Advento (ou em qualquer
tempo durante). A conclusão pode ser lida como uma seleção adicional no dia
de Natal (ou em qualquer tempo antes, especialmente se você estiver curioso a
respeito do texto de Natal favorito do pastor John). O apêndice sobre as
sombras no Antigo Testamento e a vinda de Cristo se correlaciona com a
meditação para o dia 12 (e você achará uma observação em parênteses ali).
Que Deus se agrade em aprofundar e aprimorar sua adoração de Jesus neste
Advento.
David Mathis
Diretor Executivo
Desiring God
Isaac Watts, “Joy to the World”, 1719.
John Francis Wade, “O Come, All Ye Faithful”, 1751.
John Mason Neale, trad., “O Come, O Come, Emmanuel”, 1861; Charles Wesley, “Hark! The Herald
Angels Sing”, 1739.
Introdução | O que Jesus quer neste Natal?

Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me
deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes
da fundação do mundo.”

João 17.24

O que Jesus quer neste Natal? Nós podemos ver a resposta nas suas orações.
O que ele pedia a Deus? A sua oração mais longa está em João 17. O clímax
dos Seus pedidos está no verso 24.
Entre todos os pecadores indignos do mundo, existem aqueles que Deus
“deu” para Jesus. Esses são aqueles que o Pai trouxe ao Filho (Jo 6.44, 65).
Esses são cristãos — pessoas que “receberam” Jesus como o Salvador crucificado
e ressurreto, Senhor e Tesouro de suas vidas (Jo 1.12; 3.17; 6.35; 10.11, 17-18;
20.28). Jesus disse que deseja que eles estejam consigo.
Às vezes, nós ouvimos as pessoas dizerem que Deus criou o homem porque
ele estava solitário. Eles dizem: “Deus nos criou para que estivéssemos com ele.”
Jesus concorda com isso? Bem, de fato, ele diz realmente que queria que nós
estivéssemos com ele! Sim, mas por quê? Consideremos o resto do versículo.
Por que Jesus queria que nós estivéssemos com ele?

…para que vejam a minha glória que [tu, Pai] me deste; porque tu me
amaste antes da fundação do mundo.

Essa seria uma maneira estranha de expressar sua solidão. “Eu os quero
comigo para que possam ver a minha glória.” De fato, isso não expressa a
solidão dele. Isso expressa a sua preocupação quanto à satisfação do nosso
anseio, e não a sua solidão. Jesus não é solitário. Ele e o Pai e o Espírito são
profundamente satisfeitos na comunhão da Trindade. Nós, não ele, estamos
famintos por algo. E o que Jesus deseja para o Natal é que experimentemos
aquilo para que fomos realmente criados — contemplar e experimentar a sua
glória.
Ó, que Deus penetre isso em nossas almas! Jesus nos fez (Jo 1.3) para vermos
a sua glória.
Um pouco antes de ir para a cruz, ele pede seus desejos mais profundos ao
Pai: “Pai, eu desejo [eu desejo!] que eles… estejam comigo, para que vejam a
minha glória.”
Mas isso é apenas metade do que Jesus queria nesses versos finais e
culminantes de sua oração. Acabei de dizer que fomos, de fato, feitos para
contemplar e experimentar a sua glória. Não era isso que ele queria — que não
apenas pudéssemos ver a sua glória, mas também experimentá-la, nos satisfazer
nela, nos deleitar nela, fazer dela o nosso tesouro e amá-la? Considere o verso
26, o último verso:

Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o
amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja.

Esse é o final da oração. Qual é o propósito final de Jesus para nós? Não que
simplesmente vejamos a Sua glória, mas que nós o amemos com o mesmo
amor que o Pai tem por ele: “A fim de que o amor com que [tu, Pai] me amaste
esteja neles, e eu neles esteja”.
O anseio e propósito de Jesus é que vejamos sua glória e, então, sejamos
capazes de amar o que vemos, com o mesmo amor que o Pai tem pelo Filho. E
ele não quer dizer que nós meramente imitemos o amor do Pai pelo Filho. Ele
quer dizer que o próprio amor do Pai se torne o nosso amor pelo Filho — que
amemos o Filho com o amor do Pai pelo Filho. Isso é o que o Espírito se torna
e derrama em nossas vidas: amor ao Filho pelo Pai através do Espírito.
O que Jesus mais quer para o Natal é que seus eleitos estejam reunidos e,
então, consigam o que eles mais desejam — contemplar Sua glória e, então,
experimentá-la com o mesmo saborear do Pai pelo Filho.
O que eu mais quero para o Natal neste ano é juntar-me a você (e a muitos
outros) em contemplar Cristo em toda sua plenitude e que juntos sejamos
capazes de amar o que vemos, com um amor que vai muito além de nossa
vacilante capacidade humana. Esse é o nosso objetivo nesses devocionais para o
Advento. Queremos, juntos, contemplar e provar esse Jesus cujo primeiro
“advento” (vinda) celebramos, e cujo segundo advento antecipamos.
Isso é o que Jesus pede por nós neste Natal: “Pai, mostre-lhes a minha glória e
lhes dê o mesmo deleite em mim que tu tens em mim.” Oh! que possamos ver
a Cristo com os olhos de Deus e saborear a Cristo com o coração de Deus! Essa
é a essência do céu. Esse é o presente que Cristo veio comprar para pecadores
ao custo de Sua morte em nosso lugar.
Dia 1 | Prepare o caminho

E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. E irá adiante do
Senhor no espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos,
converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um
povo preparado.

Lucas 1.16-17

O que João Batista fez por Israel, o Advento pode fazer por nós. Não deixe
que o Natal o pegue despreparado. Refiro-me ao despreparo espiritual. O gozo
e o impacto dele serão muito maiores se você estiver pronto!
Que você esteja preparado...
Primeiro, medite sobre o fato de que precisamos de um Salvador. O Natal é
uma acusação antes de se tornar um deleite. “Hoje vos nasceu, na cidade de
Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11). Se você não precisa de um
Salvador, não precisa do Natal. O Natal não terá seu efeito pretendido até que
sintamos desesperadamente a necessidade de um Salvador. Deixe que estas
curtas mediações de Advento ajudem a despertar em você uma sensação
agridoce da necessidade do Salvador.
Segundo, realize um sóbrio autoexame. O Advento é para o Natal o que a
Quaresma é para a Páscoa. “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração,
prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho
mau e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139.23-24). Que cada coração prepare
para ele morada... limpando a casa.
Terceiro, edifique uma antecipação, esperança e empolgação centradas em
Deus, em sua casa — especialmente para as crianças. Se você estiver animado
sobre Cristo, eles também estarão. Se você só torna o Natal emocionante com
coisas materiais, como é que as crianças terão uma sede por Deus? Dobre os
esforços de sua imaginação para tornar visível para as crianças a maravilha da
chegada do Rei.
Quarto, seja intenso nas Escrituras, e memorize as principais passagens! “Não
é a minha palavra fogo, diz o SENHOR?” (Jr 23.29). Nesta época do Advento,
reúna-se ao lado desse fogo. É quente. Está cintilando com cores da graça. É
cura para mil feridas. É luz para as noites escuras.
Dia 2 | O magnífico Deus de Maria

A minha alma engrandece ao Senhor,


e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador,
porque contemplou na humildade da sua serva.
Pois, desde agora, todas as gerações me considerarão bem-aventurada,
porque o Poderoso me fez grandes coisas.
Santo é o seu nome.
A sua misericórdia vai de geração em geração
sobre os que o temem.
Agiu com o seu braço valorosamente;
dispersou os que, no coração, alimentavam pensamentos soberbos.
Derribou do seu trono os poderosos
e exaltou os humildes.
Encheu de bens os famintos
e despediu vazios os ricos.
Amparou a Israel, seu servo,
a fim de lembrar-se da sua misericórdia
a favor de Abraão e de sua descendência, para sempre,
como prometera aos nossos pais.

Lucas 1.46-55

M aria vê claramente uma das coisas mais notáveis a respeito de Deus: ele
está prestes a mudar o curso de toda a história da humanidade; as três
décadas mais importantes de todos os tempos estão prestes a começar.
E onde está Deus? Ocupando-se com duas mulheres humildes e
desconhecidas — uma velha e estéril (Isabel), uma jovem e virgem (Maria). E
Maria está tão comovida com esta visão de Deus, o amante dos humildes, que
irrompe em canção — uma canção que chegou a ser conhecida como “o
Magnificat” (Lc 1.46-55).
Maria e Isabel são heroínas maravilhosas no relato de Lucas. Ele ama a fé
dessas mulheres. Parece que a coisa que mais o impressiona e aquilo com que
ele deseja impressionar Teófilo, o nobre leitor do seu evangelho, é a singeleza e
a alegre humildade de Isabel e Maria, ao se submeterem ao seu Deus
magnífico.
Isabel diz: “E de onde me provém que me venha visitar a mãe do meu
Senhor?” (Lc 1.43). E Maria diz: “Porque contemplou na humildade da sua
serva” (Lc 1.48).
As únicas pessoas cujas almas podem realmente magnificar o Senhor são
pessoas como Isabel e Maria — pessoas que reconhecem sua condição humilde
e estão maravilhadas pela condescendência de Deus magnífico.
Dia 3 | A visitação há muito tempo esperada

Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo, e nos
suscitou plena e poderosa salvação na casa de Davi, seu servo, como prometera,
desde a antiguidade, por boca dos seus santos profetas, para nos libertar dos
nossos inimigos e das mãos de todos os que nos odeiam.

Lucas 1.68-71

R epare duas coisas notáveis a partir das palavras de Zacarias em Lucas 1.


Em primeiro lugar, Zacarias, nove meses antes, não conseguia crer que
sua esposa teria um filho. Agora, cheio do Espírito Santo, ele está tão confiante
da obra redentora de Deus, na vinda do Messias, que fala dela usando o
pretérito perfeito: ele “visitou e redimiu o seu povo”. Pois, para a mente da fé,
uma promessa de Deus é “dito e feito”. Zacarias aprendeu a confiar na Palavra
de Deus e assim teve uma garantia notável: “Deus visitou e redimiu!” (Lc
1.68).
Em segundo lugar, a vinda de Jesus, o Messias, é uma visitação de Deus para
o nosso mundo: O Deus de Israel visitou e redimiu. Durante séculos, o povo
judeu definhava sob a certeza de que Deus havia se retirado: o espírito de
profecia cessara, Israel caíra nas mãos de Roma. E todas as pessoas piedosas em
Israel aguardavam a visitação de Deus. Lucas nos diz, em 2.25, que outro
homem, o devoto Simeão “esperava a consolação de Israel”, e, em Lucas 2.38,
que Ana, uma mulher de oração, “esperava a redenção de Jerusalém”.
Foram dias de grande expectativa. Agora, a tão aguardada visitação de Deus
estava prestes a acontecer — de fato, ele estava prestes a vir de uma forma que
ninguém esperava.
Dia 4 | Para os pequeninos de Deus

Naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a


população do império para recensear-se. Este, o primeiro recenseamento, foi feito
quando Quirino era governador da Síria. Todos iam alistar-se, cada um à sua
própria cidade. José também subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, para a
Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém, por ser ele da casa e família de Davi,
a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida.

Lucas 2.1-5

V ocê já pensou que incrível é o fato de que Deus ordenou de antemão que
o Messias nasceria em Belém (como a profecia em Miquéias 5.2 mostra)?
E você fica admirado com o fato de que ele ordenou de tal forma as coisas que,
quando chegou a hora, a mãe e o pai legal do Messias não viviam em Belém,
mas em Nazaré; e que, a fim de cumprir Sua palavra e levar essas duas
pequenas pessoas, desconhecidas e insignificantes, a Belém naquele primeiro
Natal, Deus colocou no coração de César Augusto que todo o mundo romano
deveria recensear-se, cada um em sua própria cidade? Um decreto para todo o
mundo, a fim de mover duas pessoas por 112 quilômetros.
Você já se sentiu, como eu, pequeno e insignificante em um mundo de sete
bilhões de pessoas, onde todas as notícias são sobre grandes movimentos
políticos, econômicos e sociais e sobre pessoas ilustres, com importância global,
muito poder e prestígio?
Se você já se sentiu assim, não deixe que isso o desanime ou entristeça. Pois
está implícito nas Escrituras que todas as gigantescas forças políticas e todos os
enormes complexos industriais, sem mesmo saberem, estão sendo guiados por
Deus, não para seu próprio bem, mas para o bem do pequeno povo de Deus
— a pequena Maria e o pequeno José, que têm que ir de Nazaré à Belém. Deus
maneja um império para abençoar seus filhos.
Não pense que, porque você experimenta adversidade em seu pequeno
mundo, a mão do Senhor está encolhida. Não é a nossa prosperidade ou a
nossa fama, mas a nossa santidade que ele busca com todo o Seu coração. E,
para esse fim, ele governa todo o mundo. Como Provérbios 21.1 diz: “Como
ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo
o seu querer, o inclina”. E está sempre inclinando-o para cumprir seus
propósitos salvadores, santificadores e eternos entre seu povo.
Ele é um grande Deus para pessoas pequenas, e temos grande motivo para
nos alegrarmos no fato de que, sem saber, todos os reis, e presidentes, e
primeiros-ministros, e chanceleres, e chefes do mundo seguem os soberanos
decretos de nosso Pai que está céu, para que nós, os filhos, possamos ser
conformados à imagem de seu Filho, Jesus Cristo — e, depois, entremos em
sua glória eterna.
Dia 5 | Nenhum desvio do Calvário

Enquanto estavam lá, chegou o tempo de nascer o bebê, e ela deu à luz o seu
primogênito. Envolveu-o em panos e o colocou numa manjedoura, porque não
havia lugar para eles na hospedaria.

Lucas 2.6-7

A gora, você pensaria que, se Deus governa o mundo de forma a usar um


censo por todo império para trazer Maria e José a Belém, ele certamente
poderia ter providenciado que um lugar estivesse disponível na hospedaria.
Sim, ele poderia. Ele poderia absolutamente! E Jesus poderia ter nascido em
uma família rica. Ele poderia ter transformado pedra em pão no deserto. Ele
poderia ter chamado 10.000 anjos em seu auxílio no Getsêmani. Ele poderia ter
descido da cruz e salvado a si mesmo. A questão não é o que Deus poderia
fazer, mas o que ele quis fazer.
A vontade de Deus era que, embora Cristo fosse rico, por causa de você, ele se
tornasse pobre. As placas de “Sem Vagas” em todas as hospedarias de Belém
foram por sua causa. Ele “se fez pobre por amor de vós” (2Co 8.9).
Deus governa todas as coisas — até as vagas dos hotéis — pelo bem de seus
filhos. O caminho do Calvário começa com a placa “Sem Vagas” em Belém e
termina com as cuspidas e os escárnios na cruz, em Jerusalém.
E não devemos esquecer que Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, a si
mesmo se negue... tome a sua cruz e siga-me” (Lc 9.23).
Nós nos unimos a Jesus no caminho do Calvário e o ouvimos dizer:
“Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu
senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros” (Jo
15.20).
Àquele que fala com entusiasmo: “Seguir-te-ei para onde quer que fores”,
Jesus responde: “As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o
Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lc 9.57-58).
Sim, Deus poderia ter preparado um quarto para Jesus em seu nascimento.
Mas isso teria sido um desvio do caminho do Calvário.
Dia 6 | Paz entre os homens a quem Deus
quer bem

E isto vos servirá de sinal: encontrareis uma


criança envolta em faixas e deitada em manjedoura. E, subitamente, apareceu
com o anjo uma multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo:
Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele
quer bem.

Lucas 2.12-14

P az para quem? Há uma observação séria emitida no louvor dos anjos. Paz
entre os homens sobre quem o favor de Deus está. Paz entre os homens a
quem ele quer bem. Mas sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6). Então,
o Natal não traz paz a todos.
“O julgamento é este”, Jesus disse, “que a luz veio ao mundo, e os homens
amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más” (Jo 3.19).
Ou, como o velho Simeão disse ao ver o menino Jesus: “Eis que este menino
está destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel e
para ser alvo de contradição... para que se manifestem os pensamentos de
muitos corações” (Lc 2.34-35). Oh! quantos olham para um dia de Natal
sombrio e frio e veem nada mais que isso! Uma atitude que devemos evitar.
“Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o
receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que
creem no seu nome.” Foi somente para seus discípulos que Jesus disse: “Deixo-
vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se
turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo 14.27).
As pessoas que desfrutam da paz de Deus que excede todo o entendimento
são aquelas que em tudo, por meio da oração e súplica fazem as suas
necessidades conhecidas a Deus (Filipenses 4.6-7).
A chave que abre o cofre do tesouro da paz de Deus é a fé nas promessas de
Deus. Assim, Paulo ora: “O Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz
no vosso crer” (Rm 15.13). E quando confiamos realmente nas promessas de
Deus e temos alegria, paz e amor, então, Deus é glorificado.
Glória a Deus nas alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer
bem! Todos — de cada povo, língua, tribo e nação — que creriam.
Dia 7 | Messias para os magos

Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram
uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido
Rei dos judeus?

Mateus 2.1-2

A o contrário de Lucas, Mateus não nos fala a respeito dos pastores que vêm
visitar Jesus no estábulo. Seu foco é imediatamente sobre os estrangeiros
— gentios, não judeus — que vêm do Oriente para adorar a Jesus.
Assim sendo, Mateus retrata Jesus no início e no fim de seu evangelho como
um Messias universal para todas as nações, não apenas para os judeus.
Aqui, os primeiros adoradores são magos da corte, astrólogos ou sábios que
não vinham de Israel, mas do Oriente — talvez da Babilônia. Eles eram
gentios. Imundos, de acordo com as leis cerimoniais do Antigo Testamento.
E no final de Mateus, as últimas palavras de Jesus são: “Toda a autoridade me
foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações”
(Mt 29.18-19).
Isso não apenas abriu a porta para que nós, gentios, nos alegrássemos no
Messias, como também acrescentou prova de que Jesus era o Messias, pois uma
das profecias repetidas era que as nações e os reis iriam, de fato, viriam a ele
como o governador do mundo. Por exemplo, Isaías 60.3:

As nações se encaminham para a tua luz,


e os reis, para o resplendor que te nasceu.
Desse modo, Mateus acrescenta provas à messianidade de Jesus e demonstra
que ele é o Messias — um rei e cumpridor da promessa — para todas as
nações, não apenas para Israel.
Dia 8 | A estrela sobrenatural de Belém

Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente
e viemos para adorá-lo.

Mateus 2.2

R epetidamente, a Bíblia frustra a nossa curiosidade sobre como certas


coisas aconteceram. Como essa “estrela” fez os magos irem do Oriente até
Jerusalém?
Não é dito que a estrela os guiou ou foi adiante deles no caminho até
Jerusalém. É dito apenas que eles viram uma estrela no Oriente (v. 2) e foram a
Jerusalém. E como aquela estrela os precedia no pequeno percurso de oito
quilômetros de Jerusalém a Belém, como diz o versículo 9? E como uma estrela
parou “sobre onde estava o menino”?
A resposta é: não sabemos. Há inúmeros esforços para explicá-lo em termos
de conjunções de planetas, cometas, supernovas ou luzes miraculosas.
Simplesmente não sabemos. E quero exortá-lo a não se preocupar — não se
fixar — em desenvolver teorias que, por fim, são apenas tentativas e têm
pouquíssima relevância espiritual.
Eu arrisco uma generalização para alertá-lo: pessoas que se ocupam e se
inquietam com tais coisas — como a estrela agia, como o Mar Vermelho se
abriu, como o maná caía, como Jonas sobreviveu no peixe e como a lua se
transformou em sangue são geralmente as pessoas que têm o que eu chamo de
mentalidade para o periférico.
Você não vê neles um profundo apreço pelas grandes coisas centrais do
evangelho — a santidade de Deus, o horror do pecado, a incapacidade do
homem, a morte de Cristo, a justificação somente pela fé, a obra santificadora
do Espírito, a glória do retorno de Cristo e o juízo final. Tais pessoas sempre
parecem estar conduzindo você a um desvio, com algum novo artigo ou livro
sobre o qual estão entusiasmados, lidando apenas com algo periférico. Há
pouco regozijo nas grandes realidades centrais.
Mas o que é claro sobre essa questão da estrela é que ela está fazendo que não
pode fazer sozinha: ela está guiando os magos ao Filho de Deus, a fim de que o
adorem.
Há apenas uma Pessoa no pensamento bíblico que pode estar por trás dessa
intencionalidade nas estrelas: o próprio Deus.
Assim, a lição é clara: Deus está guiando estrangeiros a Cristo, para que o
adorem. E, para cumprir esse propósito, ele está exercendo influência e poder
globais, provavelmente até mesmo universais.
Lucas mostra Deus influenciando todo o Império Romano para que o
recenseamento ocorra no momento exato para conduzir uma virgem
insignificante a Belém, para cumprir a profecia com seu parto. Mateus mostra
Deus influenciando as estrelas no céu para guiar um pequeno grupo de
estrangeiros até Belém, a fim de que possam adorar o Filho.
Esse é o propósito de Deus. Ele o fez naquele tempo. Ele ainda o está fazendo
agora. Seu objetivo é que as nações — todas as nações (Mt 24.14) — adorem
seu Filho.
Essa é a vontade de Deus para todos em seu escritório no trabalho, em sua
vizinhança e em sua casa. Como diz João 4.23: “São estes que o Pai procura
para seus adoradores”.
No início de Mateus, ainda temos um padrão de “venha e veja”. Mas, no
final, o padrão é “vá e diga”. Os magos vieram e vira. Nós devemos ir e
anunciar.
Porém, o que não é diferente é o propósito e o poder de Deus no reunir das
nações para que adorem o seu Filho. A exaltação de Cristo na adoração
fervorosa de todas as nações é a razão pela qual o mundo existe.
Dia 9 | Dois tipos de oposição a Jesus

Tendo ouvido isso, alarmou-se o rei Herodes, e, com ele, toda a Jerusalém.

Mateus 2.3

J esus é um incômodo para as pessoas que não querem adorá-lo, e ele suscita
oposição àqueles que o adoram. Provavelmente esse não é um aspecto
principal na mente de Mateus, mas é uma implicação inescapável enquanto a
história continua.
Nessa história, existem dois tipos de pessoas que não querem adorar Jesus, o
Messias.
O primeiro tipo são as pessoas que simplesmente não faz nada sobre Jesus.
Ele é um insignificante em suas vidas. Esse grupo é representado, no início da
vida de Jesus, pelos principais sacerdotes e escribas. Mateus 2.4 diz:
“Convocando todos os principais sacerdotes e escribas do povo, [Herodes]
indagava deles onde o Cristo deveria nascer”. Bem, eles contaram a Herodes e
pronto: voltaram às atividades como de costume. O absoluto silêncio e a
inatividade dos líderes são esmagadores diante da magnitude do que estava
acontecendo.
E observe que Mateus 2.3 diz: “Tendo ouvido isso, alarmou-se o rei Herodes,
e, com ele, toda a Jerusalém”. Em outras palavras, circulava o rumor de que
alguém pensava que o Messias havia nascido. A inatividade dos principais
sacerdotes é assombrosa — por que eles não vão com os magos? Eles não estão
interessados. Eles não estão desejosos de achar o Filho de Deus e adorá-lo.
O segundo tipo de pessoas que não querem adorar a Jesus é o tipo que fica
profundamente ameaçado por ele. Esse é Herodes nessa história. Ele está
realmente com medo — tanto que ele trama, e mente, e, em seguida, comete
assassinato em massa apenas para se ver livre de Jesus.
Assim, hoje esses dois tipos de oposição virão contra Cristo e seus adoradores:
indiferença e hostilidade. Espero que você não esteja em nenhum desses
grupos.
Se você é um cristão, que este Natal seja o momento de você pondere o que
significa — o que custa — adorar e seguir este Messias.
Dia 10 | Ouro, incenso e mirra

E, vendo eles a estrela, alegraram-se


com grande e intenso júbilo. Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua
mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas
ofertas: ouro, incenso e mirra.

Mateus 2.10-1

D eus não é servido por mãos humanas, como se precisasse de alguma coisa
(At 17.25). Os presentes dos magos não são oferecidos como assistência
ou para satisfazer necessidades. Desonraria um monarca se visitantes
estrangeiros chegassem com pacotes de mantimentos reais.
Esses presentes também não significam suborno. Deuteronômio 10.17 diz
que Deus não aceita suborno. Bem, o que esses presentes significam? Como
eles são uma adoração?
Presentes dados a pessoas ricas e autossuficientes ecoam e intensificam o
desejo do doador de mostrar quão maravilhosa a pessoa é. Em um sentido, dar
presentes a Cristo é semelhante a jejuar — ficar sem algo para mostrar que
Cristo é mais valioso do que aquilo de que você está se privando.
Quando você dá um presente a Cristo dessa maneira, está dizendo: “A alegria
que eu busco [observe Mateus 2.10 — ‘E, vendo eles a estrela, alegraram-se
com grande e intenso júbilo’] não é a esperança de ficar rico por barganhar
contigo ou negociar algum pagamento. Eu não vim a ti por causa de tuas coisas,
mas por causa de ti mesmo. E esse desejo eu agora intensifico e manifesto ao
oferecer coisas na esperança de desfrutar mais de ti. Ao dar-Te aquilo de que
não precisas e que eu poderia desfrutar, estou dizendo de modo mais sincero e
verdadeiro: ‘Tu és o meu tesouro, não essas coisas”.
Acho que esse é significado de adorar a Deus com presentes de ouro, incenso
e mirra.
Que Deus desperte em nós um desejo pelo próprio Cristo. Que possamos
dizer de coração: “Senhor Jesus, tu és o Messias, o Rei de Israel. Todas as
nações virão e se prostrarão diante de ti. Deus governa o mundo para
assegurar-se de que tu sejas adorado. Portanto, seja qual for a oposição que eu
possa enfrentar, atribuo alegremente autoridade e dignidade a ti e trago meus
dons para dizer que somente tu podes satisfazer meu coração”.
Dia 11 | Por que Jesus veio

Visto, pois, que os filhos têm participação


comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que,
por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e
livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a
vida.

Hebreus 2.14-15

A cho que Hebreus 2.14-15 é meu texto favorito do Advento porque não
conheço nenhum outro que expresse tão claramente a conexão entre o
começo e o fim da vida terrena de Jesus — entre a encarnação e a crucificação.
Esses dois versículos deixam claro por que Jesus veio, ou seja, para morrer. Seria
ótimo usá-los com amigos ou parentes não crentes para explicar-lhes, passo a
passo, o nosso ponto de vista cristã sobre o Natal. Essa explicação poderia ser
assim, uma sentença de cada vez:

Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue…

O termo “filhos” é tomado do versículo anterior (Hb 2.13) e se refere à


descendência espiritual de Cristo, o Messias (veja Isaías 8.18; 53.10). Estes são
também os “filhos de Deus”. Em outras palavras, ao enviar Cristo, Deus tem
em vista especialmente a salvação de seus “filhos”.
É verdade que “Deus amou ao mundo, de tal maneira, que deu [Jesus]” (Jo
3.16). Mas também é verdade que Deus estava especialmente reunindo “em um
só corpo os filhos de Deus, que andam dispersos” (Jo 11.52). O desígnio de
Deus era oferecer Cristo ao mundo e realizar a salvação de seus “filhos” (veja 1
Timóteo 4.10). Você pode experimentar a adoção por receber Cristo (Jo 1.12).

… destes [carne e sangue] também ele, igualmente, participou…

Isso significa que Cristo existia antes da encarnação. Ele era espírito. Ele era a
Palavra eterna. Ele estava com Deus e era Deus (Jo 1.1; Cl 2.9). Mas ele tomou
carne e sangue e revestiu sua deidade com humanidade. Ele se tornou
plenamente homem e permaneceu plenamente Deus. Esse é um grande
mistério em muitos aspectos. Mas está no coração da nossa fé e é o que a Bíblia
ensina.

… para que, por sua morte…

A razão pela qual Jesus se tornou homem era morrer. Como Deus puro e
simples, ele não podia morrer pelos pecadores. Mas, como homem, ele podia.
Seu objetivo era morrer. Portanto, ele precisou nascer humano. Ele nasceu para
morrer. A Sexta-Feira Santa é a razão do Natal. Isso é o que precisa ser dito
hoje sobre o significado do Natal.

… destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo…

Ao morrer, Cristo desarmou o diabo. Como? Ao cobrir todo o nosso pecado.


Isso significa que Satanás não tem motivos legítimos para nos acusar diante de
Deus. “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os
justifica” (Romanos 8.33). Sobre que fundamento ele justifica? Por mio do
sangue de Jesus (Romanos 5.9).
A arma definitiva de Satanás contra nós é o nosso próprio pecado. Se a morte
de Jesus remove o pecado, a principal arma do diabo — a arma mortal que ele
tem — é retirada de sua mão. Ele não pode pleitear a nossa pena de morte,
porque o Juiz nos absolveu através da morte de seu Filho!
… e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão
por toda a vida.

Logo, estamos livres do pavor da morte. Deus nos justificou. Satanás não
pode derrubar esse decreto. E Deus deseja que nossa segurança final tenha um
efeito imediato em nossas vidas. Ele deseja que o final feliz remova a escravidão
e o medo do agora.
Se não precisamos temer o nosso último e maior inimigo, a morte, então, não
precisamos temer nada. Podemos ser livres: livres para a alegria, livres para
outras pessoas.
Que grande presente de Natal de Deus para nós! E de nós para o mundo!
Dia 12 | Substituindo as sombras

Ora, o essencial das coisas


que temos dito é que possuímos tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do
trono da Majestade nos céus, como ministro do santuário e do verdadeiro
tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem.

Hebreus 8.1-2

A essência do livro de Hebreus é que Jesus Cristo, o Filho de Deus, não veio
apenas para se enquadrar no sistema terreno do ministério sacerdotal como o
melhor e último sacerdote humano, mas veio para cumprir e pôr fim a esse
sistema e para orientar toda a nossa atenção para si mesmo, ministrando por
nós primeiramente no Calvário e, depois, no céu nosso sacerdote final.
O tabernáculo, os sacerdotes e os sacrifícios do Antigo Testamento eram
sombras. Agora, a realidade chegou, e as sombras passaram.
Eis aqui uma ilustração do Advento para crianças — e para aqueles de nós
que já foram crianças e se lembram de como era uma criança. Suponha que
você e sua mamãe se separem no mercado; e você começa a ficar assustado e em
pânico e não sabe para onde ir, e corre até o fim de um corredor, e bem antes
de começar a chorar, você vê uma sombra no chão, no fim do corredor, que se
parece com sua mãe. Essa sombra o deixa realmente esperançoso. Mas o que é
melhor? A felicidade de ver a sombra ou ter a sua mãe no final do corredor e
realmente ser ela?
É assim que acontece quando Jesus vem para ser nosso Sumo Sacerdote. Isso é
o Natal. O Natal é a substituição das sombras pelo que é real: a mãe chegando
pelo corredor e todo alívio e alegria que isso dá a uma criancinha.4
Para saber mais sobre como a vinda de Cristo substitui o Antigo Testamento, veja o apêndice.
Dia 13 | A realidade final está aqui

Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal sumo sacerdote,
que se assentou à destra do trono da Majestade nos céus, como ministro do
santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem [...] os
quais ministram em figura e sombra das coisas celestes, assim como foi Moisés
divinamente instruído, quando estava para construir o tabernáculo; pois diz ele:
Vê que faças todas as coisas de acordo com o modelo que te foi mostrado no
monte.

Hebreus 8.1-2, 5

J á vimos isso antes. Porém, há mais. O Natal é a substituição das sombras


pela realidade.
Hebreus 8.1-2, 5 é um tipo de afirmação sumária. A essência é que o único
sacerdote que permanece entre nós e Deus, nos torna retos diante de Deus e
ora a Deus por nós não é um sacerdote comum, fraco, pecador e mortal, como
nos dias do Antigo Testamento. Ele é o Filho de Deus — forte, sem pecado e
com uma vida indestrutível.
Não apenas isso, ele não está ministrando em um tabernáculo terreno, com
todas as suas limitações de localização e tamanho, que se está se desgastando e
sendo comido pelas traças, sendo inundado, queimado, rasgado e roubado.
Não, Hebreus 8.2 diz que Cristo está ministrando para nós em um “verdadeiro
tabernáculo, que o Senhor erigiu, não o homem”. Isso é a realidade no céu. Isso
é a realidade que lançou uma sombra no Monte Sinai, a qual Moisés copiou.
De acordo com Hebreus 8.1, outro grande aspecto sobre a realidade que é
maior do que a sombra é que nosso Sumo Sacerdote está sentado à destra da
Majestade no céu. Nenhum sacerdote do Antigo Testamento poderia dizer isso.
Jesus trata diretamente com Deus, o Pai. Ele tem um lugar de honra ao lado
de Deus. Ele é amado e respeitado infinitamente por Deus. Ele está
constantemente com Deus. Isso não é sombra da realidade, como cortinas,
taças, mesas, velas, túnicas, pendões, ovelhas, cabras e pombos. Essa é a última
e decisiva realidade: Deus e seu Filho interagem em amor e santidade para a
nossa salvação eterna.
A realidade final é as pessoas da Divindade em relacionamento, interagindo a
respeito de como sua majestade, santidade, amor, justiça, bondade e verdade
serão manifestados em um povo redimido.
Dia 14 | Deus torna a sua aliança real para o
seu povo

Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele
também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores
promessas.

Hebreus 8.6

C risto é o Mediador de uma nova aliança, de acordo com Hebreus 8.6. O


que isso significa? Isso significa que o seu sangue — o sangue da aliança
(Lc 22.20; Hb 13.20) — comprou final e decisivamente o cumprimento das
promessas de Deus para nós.
Isso significa que, de acordo com as promessas da nova aliança, Deus opera a
nossa transformação interior pelo Espírito de Cristo.
E isso significa que Deus opera toda a sua transformação em nós por meio da
fé — a fé em tudo o que Deus é por nós em Cristo.
A nova aliança é comprada pelo sangue de Cristo, aplicada pelo Espírito de
Cristo e apropriada pela fé em Cristo.
O melhor lugar para ver Cristo agindo como Mediador da nova aliança está
em Hebreus 13.20-21:

Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos a Jesus, nosso
Senhor, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança, vos
aperfeiçoe em todo o bem, para cumprirdes a sua vontade, operando em vós
o que é agradável diante dele, por Jesus Cristo, a quem seja a glória para
todo o sempre. Amém!

As palavras “operando em vós o que é agradável diante dele” descrevem o que


ocorre quando Deus escreve a lei em nossos corações, de acordo com a nova
aliança. E as palavras “por Jesus Cristo” descrevem Jesus como o Mediador
dessa gloriosa obra de graça soberana.
Portanto, o significado do Natal não é apenas que Deus substitui as sombras
pela realidade, mas também que ele toma a realidade e a torna real para o seu
povo. Deus a escreve em nossos corações. Ele não coloca seu presente de Natal
de salvação e transformação debaixo da árvore, por assim dizer, para você pegá-
lo em sua própria força. Ele o pega e o coloca em seu coração e em sua mente e
lhe dá o selo da segurança de que você é um filho de Deus.
Dia 15 | Vida e morte no Natal

O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham
vida e a tenham em abundância.

João 10.10

Q uando eu estava prestes a iniciar este devocional, recebi a notícia de que


Marion Newstrum acabara de morrer. Marion e seu marido, Elmer,
fizeram parte de nossa igreja por mais tempo que a maioria de nossos membros
tem de vida. Ela tinha 87 anos. Eles foram casados por 64 anos.
Quando falei com Elmer e lhe disse que gostaria de que ele fosse forte no
Senhor e não desistisse da vida, ele disse: “O Senhor tem sido um amigo
verdadeiro”. Oro para que todos os cristãos possam dizer no fim da vida:
“Cristo tem sido um amigo verdadeiro”.
Em cada Advento, eu relembro o aniversário da morte da minha mãe. Sua
vida foi interrompida aos 56 anos em um acidente de ônibus em Israel. Era 16
de dezembro de 1974. Aqueles eventos são incrivelmente reais para mim ainda
hoje. Se eu me permitir, posso facilmente começar a chorar — por exemplo,
pensando que meus filhos nunca a conheceram. Nós a enterramos no dia
seguinte ao Natal. Que Natal precioso foi aquele!
Muitos de vocês sentirão a sua perda neste Natal mais intensamente do que
antes. Não impeça o sentimento. Permita que ele venha. Sinta-o. O que é
amar, se não intensificar as nossas afeições — tanto na vida quanto na morte?
Mas, oh, não fique amargurado. Ser amargurado é tragicamente
autodestrutivo.
Jesus veio no Natal para que nós tenhamos a vida eterna. “Eu vim para que
tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10.10). Elmer e Marion haviam
conversado sobre onde passariam os seus últimos anos. Elmer disse: “Marion e
eu concordamos que nosso último lar seria estar com o Senhor”.
Você anseia por chegar ao lar? Eu tenho parentes vindo à nossa casa para os
feriados. Isso é bom. Eu acho que o motivo principal por que isso é bom é que
eles e eu somos destinados, no íntimo do nosso ser, a uma volta final para o lar.
Todas as outras voltas ao lar são apenas uma prelibação. E prelibações são boas.
A não ser que elas se tornem substitutos. Oh! não permita que todas as coisas
doces desta época do ano se tornem substitutos da doçura final, grandiosa e
totalmente satisfatória. Permita Deixe que cada perda e cada prazer levem seu
coração a um desejo pelo lar no céu.
Natal. O que é, senão isto: Eu vim para que tenham vida? Marion Newstrum,
Ruth Piper, você e eu — que possamos ter a vida, agora e para sempre.
Torne o seu agora mais rico e mais profundo neste Natal, por beber na fonte
do Para Sempre. Ela está muito perto.
Dia 16 | A adversidade mais bem-sucedida de
Deus

Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira


e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se
dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse
que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.

Filipenses 2.9-11

O Natal marcou o começo da adversidade mais bem-sucedida de Deus. Ele


sempre se deleitou em mostrar o seu poder através da aparente derrota. Ele faz
retiradas táticas para obter vitórias estratégicas.
No Antigo Testamento, José, um dos doze filhos de Jacó, teve a promessa de
glória e poder, em seu sonho (Gn 37.5-11). Mas, para alcançar essa vitória, ele
precisou se tornar um escravo no Egito. E, como isso não bastasse, quando suas
condições melhoraram, por causa da sua integridade, ele foi feito pior do que
um escravo: um prisioneiro.
Porém, tudo estava planejado — planejado por Deus para o bem de José, o
bem de sua família e, posteriormente, o bem do mundo inteiro! Pois, na prisão,
José conheceu o copeiro de Faraó, que, por fim, o levou a Faraó, que o colocou
sobre o Egito. E, finalmente, o sonho de José se tornou realidade. Seus irmãos
se curvaram diante dele, e ele os salvou da fome. Que percurso mais
improvável para a glória!
Mas esse é o caminho de Deus — mesmo para o seu Filho. Ele se esvaziou a si
mesmo e assumiu a forma de um servo. Pior do que um servo — um
prisioneiro — e foi executado. Mas, como José, ele manteve a sua integridade.
“Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está
acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho” (Fp 2.9-
10).
E esse é o caminho de Deus para nós também. Temos a promessa da glória —
se com ele sofrermos, como diz Romanos 8.17. O caminho para subir é descer.
O caminho para frente é para trás. O caminho para o sucesso é através de
adversidades designadas por Deus. Estas sempre serão vistas e sentidas como
fracassos.
Mas, se José e Jesus nos ensinam algo neste Natal, é isto: o que Satanás e
homens pecadores intencionaram para o mal, “Deus o tornou em bem” (Gn
50.20).

Vós, santos temerosos, tomai renovada coragem


As nuvens que vos causam tanto temor
Estão cheias de misericórdia e romperão
Em bênçãos sobre a vossa cabeça.5
William Cowper, “God Moves in a Mysterious Way”, 1773.
Dia 17 | A maior salvação imaginável

Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de
Israel e com a casa de Judá.

Jeremias 31.31

D eus é justo, santo e separado de pecadores como nós. Este é o nosso


principal problema no Natal e em qualquer outra época. Como seremos
reconciliados com um Deus justo e santo?
Contudo, Deus é misericordioso e prometeu em Jeremias 31 (quinhentos
anos antes de Cristo) que um dia ele faria algo novo. Ele substituiria as sombras
pela realidade do Messias. E ele agiria em nossas vidas de modo poderoso e
escreveria a sua vontade em nossos corações, de modo que não seríamos
constrangidos a partir do exterior, mas seríamos dispostos, desde o interior, a
amar a Deus, confiar nele e segui-lo.
Essa seria a maior salvação imaginável: se Deus nos oferecesse o gozo da
maior realidade do universo e, então, operasse em nós para que conhecêssemos
essa realidade, de uma maneira que pudéssemos desfrutá-la com a maior
liberdade e a maior alegria possíveis. Esse seria um presente de Natal digno de
ser cantado.
Isso é, de fato, o que ele prometeu na nova aliança. Mas havia um enorme
obstáculo. Nosso pecado. Nossa separação de Deus por causa de nossa
injustiça.
Como um Deus santo e justo lidará conosco, pecadores, com tanta bondade,
que nos dará a maior realidade do universo (seu Filho) para desfrutarmos com
a maior alegria possível?
A resposta é que Deus colocou nossos pecados sobre o seu Filho, e os julgou
nele, para que pudesse retirá-los de sua mente, lidar conosco com misericórdia
e, ao mesmo tempo, permanecer justo e santo. Hebreus 9.28 diz que Cristo foi
oferecido “uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos”.
Cristo levou nossos pecados em seu próprio corpo quando morreu (1Pe
2.24). Ele tomou o nosso julgamento (Rm 8.3). Ele cancelou a nossa culpa
(Rm 8.1). E isso significa que nossos pecados foram tirados (At 10.43). Eles
não permanecem na mente de Deus como base para condenação. Nesse
sentido, Deus se “esquece” dos pecados. Eles são consumidos na morte de
Cristo.
Isso significa que Deus agora é livre, em sua justiça, para nos conceder todas
as promessas indizivelmente grandes da nova aliança. Ele nos dá Cristo, a
maior realidade do universo, para o nosso gozo. E ele escreve sua própria
vontade — seu próprio coração — em nossos corações, para que possamos
amar a Cristo, confiar em Cristo e seguir Cristo desde o interior, com liberdade
e alegria.
Dia 18 | O modelo do Natal para missões

Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.

João 17.18

O Natal é um modelo para missões. Missões é um espelho do Natal. Como


foi comigo, também é com você.
Por exemplo, o perigo. Cristo veio para os seus, e os seus não o receberam.
Assim é com você. Conspiraram contra ele. Assim é com você. Ele não teve lar
permanente. Assim é com você. Levantaram falsas acusações contra ele. Assim
é com você. Chicotearam-no e zombaram dele. Assim é com você. Ele morreu
após três anos de ministério. Assim é com você.
Mas há um perigo pior do que qualquer um desses, do qual Jesus escapou.
Assim é com você!
Em meados do século XVI, o missionário católico Francisco Xavier (1506–
1552) escreveu para o padre Perez de Malaca (hoje parte da Malásia) sobre os
perigos de sua missão na China. Ele disse: “O maior de todos os perigos seria
perder a confiança e a convicção da misericórdia de Deus… Perder a confiança
nele seria muito mais terrível que qualquer mal físico que todos os inimigos de
Deus juntos pudessem nos infligir, pois sem a permissão de Deus nem os
demônios nem seus ministros humanos poderiam nos impedir no menor
grau”.6
O maior perigo que um missionário enfrenta não é a morte, é desconfiar da
misericórdia de Deus. Se esse perigo for evitado, então, todos os outros perigos
perderão seu aguilhão.
No final, Deus transforma toda adaga em um cetro em nossa mão. Como J.
W. Alexander diz: “Cada instante do atual labor será graciosamente
recompensado com um milhão de eras de glória”.7
Cristo escapou deste perigo — o perigo da falta de confiança em Deus. Por
isso, Deus o exaltou sobremaneira!
Lembre-se, neste Advento, que o Natal é um modelo para missões. Como eu,
vós também. E que missões significa perigo. E que o maior perigo é desconfiar
da misericórdia de Deus. Renda-se a essa desconfiança, e tudo estará perdido.
Vença nisso, e nada poderá prejudicá-lo por um milhão de eras.
De “Uma Carta ao Padre Perez”, em Classics of Christian Missions, ed. Francis M. DuBose (Nashville, TN:
Broadman Press, 1979), 221f.
J. W. Alexander, Thoughts on Preaching: Classic Contributions to Homiletics (Edinburgh: Banner of Truth,
1975), 108.
Dia 19 | O Natal existe para a liberdade

Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes
também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele
que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da
morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida.

Hebreus 2.14-15

J esus se tornou homem porque o que era necessário era a morte de um


homem que fosse mais do que um homem. A encarnação foi Deus
prendendo a si mesmo no corredor da morte.
Cristo não se arriscou na morte. Ele escolheu a morte. Foi precisamente para
isso que ele veio: “Não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em
resgate por muitos” (Mc 10.45).
Não é de admirar que Satanás tenha tentado desviar Jesus da cruz — no
deserto (Mt 4.1-11) e na boca de Pedro (Mt 16.21-23)! A cruz era a destruição
de Satanás. Como Jesus o destruiu?
Hebreus 2.14 diz que Satanás tem o “poder da morte”. Isso significa que ele
tem a habilidade de tornar a morte apavorante. O “poder da morte” é o poder
que mantém os homens em escravidão pelo pavor da morte. É o poder de
manter os homens no pecado, para que a morte venha como uma coisa terrível.
Mas Jesus despojou Satanás de seu poder. Ele o desarmou. Ele moldou uma
couraça de justiça para nós que nos torna imunes à condenação do diabo.
Como ele fez isso?
Por meio de sua morte, Jesus removeu todos os nossos pecados. E uma pessoa
sem pecado não pode ser condenada por Satanás. Perdoados, somos finalmente
indestrutíveis. O plano de Satanás era destruir o governo de Deus, por
condenar os seus seguidores no próprio tribunal de Deus. Mas, agora, em
Cristo, não há nenhuma condenação. A traição de Satanás é abortada. Sua
traição cósmica é frustrada. “Já condenado está; vencido cairá.”8 A cruz o
traspassou. E ele dará seus últimos suspiros.
O Natal existe para a liberdade — liberdade do pavor da morte.
Jesus assumiu a nossa natureza em Belém, para morrer a nossa morte em
Jerusalém, para que pudéssemos ser destemidos em nossa cidade hoje. Sim,
destemidos, porque, se a maior ameaça à nossa alegria já se foi, então, por que
deveríamos nos inquietar com ameaças menores? Como podemos dizer
(realmente!): “Bem, eu não tenho medo de morrer, mas tenho medo de perder
meu emprego”? Não. Não. Pense!
Se a morte (eu disse morte! — sem pulso, frio, morto!) não é mais um medo,
somos livres, realmente livres. Somos livres para assumir qualquer risco debaixo
do sol por Cristo e por amor. Sem mais escravidão à ansiedade.
Se o Filho o libertou, você será livre, realmente!
Martinho Lutero, “Castelo Forte”, 1527–1529.
Dia 20 | Greve de Natal

Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo.

1 João 3.8

A linha de montagem de Satanás produz milhões de pecados todos os dias.


Ele os coloca em enormes aviões de carga, leva-os para o céu e os espalha diante
de Deus e ri, ri e ri.
Algumas pessoas trabalham em tempo integral na linha de montagem. Outras
pediram demissão de seu trabalho e voltam apenas de vez em quando.
Cada minuto de trabalho na linha de montagem faz de Deus o objeto de riso
de Satanás. O pecado é o negócio de Satanás, porque ele odeia a luz, a beleza, a
pureza e a glória de Deus. Nada lhe agrada mais do que quando criaturas
desconfiam de seu Criador e lhe desobedecem.
Portanto, o Natal é boas-novas para o homem e boas-novas para Deus.
“Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo
para salvar os pecadores” (1Tm 1.15). Isso é boas-novas para nós.
“Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo”
(1Jo 3.8). Isso é boas-novas para Deus.
O Natal é boas-novas para Deus porque Jesus veio para liderar uma greve na
fábrica de Satanás. Ele caminhou direto para a fábrica, convocou a greve dos
fiéis e iniciou uma grande paralisação dos trabalhadores.
O Natal é um chamado para fazermos greve na linha de montagem do
pecado. Nenhuma negociação com a chefia. Nenhuma barganha. Apenas
oposição resoluta e firme ao produto. Não seremos parte de sua montagem,
nunca mais.
A greve de Natal visa manter os aviões de carga no chão. Não usará a força ou
a violência, mas, com devoção inflexível à verdade, exporá as condições
destruidoras da vida da indústria do diabo.
A greve de Natal não desistirá até que uma paralisação completa seja
alcançada.
Quando o pecado for destruído, o nome de Deus será totalmente vindicado.
Ninguém mais zombará dele.
Se você deseja dar um presente a Deus neste Natal, saia da linha de
montagem do pecado e nunca mais volte. Tome seu lugar na linha de piquete
do amor. Junte-se à greve de Natal até que o nome majestoso de Deus seja
enaltecido, e ele permaneça glorioso em meio aos louvores dos justos.
Dia 21 | O nascimento do Ancião de Dias

Então, lhe disse Pilatos: “Logo, tu és rei?” Respondeu Jesus: “Tu dizes que sou rei.
Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da
verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.”

João 18.37

J oão 18.37 é um grande texto de Natal, embora relate o final da vida de


Jesus na terra e não o início.
Observe que Jesus disse não somente que nasceu, mas também que veio “ao
mundo”. A singularidade do nascimento de Jesus é que ele não teve sua origem
no seu nascimento. Ele existia antes de nascer numa manjedoura. A pessoa, o
caráter e a personalidade de Jesus de Nazaré existiam antes que o homem Jesus
de Nazaré nascesse.
A palavra teológica para descrever este mistério não é criação, mas encarnação.
A pessoa — não o corpo, mas a personalidade essencial de Jesus — existia antes
de ele nascer como homem. Seu nascimento não foi um surgimento de uma
nova pessoa, mas uma vinda ao mundo de uma pessoa infinitamente antiga.
Miquéias 5.2 expressa essa verdade 700 anos antes de Jesus nascer:

E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de


Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os
tempos antigos, desde os dias da eternidade.

O mistério do nascimento de Jesus não é simplesmente que ele nasceu de


uma virgem. Esse milagre foi intencionado por Deus para dar testemunho de
um milagre ainda maior: o menino nascido no Natal era uma pessoa que
existia “desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”.
E, portanto, seu nascimento foi intencional. Antes de nascer, ele pensou em
ser nascido. Houve um plano estabelecido com o seu Pai. E ele comunicou
parte desse grande plano nas últimas horas de sua vida na terra: “Eu para isso
nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo
aquele que é da verdade ouve a minha voz” (Jo 18.37).
Ele era a verdade eterna. Ele falou somente a verdade. Ele viveu a maior
verdade de amor. E está reunindo em sua família eterna todos aqueles que são
nascidos da verdade. Esse era o plano desde os dias da eternidade.
Dia 22 | Para que você creia

Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão
escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o
Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.

João 20.30-31

S into, muito intensamente, que aqueles entre nós que cresceram na igreja,
que podem recitar as grandes doutrinas de nossa fé durante o sono e que
bocejam em meio ao Credo dos Apóstolos — entre nós, algo deve ser feito para
nos ajudar a sentir novamente a reverência, o temor, o assombro, a maravilha
do Filho de Deus, gerado pelo Pai desde toda a eternidade, refletindo toda a
glória de Deus, sendo a exata imagem da sua pessoa, por quem todas as coisas
foram criadas, sustentando o universo pela palavra de seu poder.
Você pode ler cada conto de fadas que já foi escrito, cada livro de suspense,
cada história de fantasma e nunca encontrará nada tão chocante, incomum,
misterioso e fascinante como a história da encarnação do Filho de Deus.
Quão mortos estamos! Quão indiferentes e insensíveis à sua glória e à sua
história! Quantas vezes precisei me arrepender e dizer: “Deus, eu lamento o
fato de que as histórias que os homens têm inventado comovam mais as
minhas emoções, o meu temor, a minha admiração e minha alegria do que a
tua própria história real”.
Talvez os filmes espaciais de nossos dias possam fazer pelo menos este bem
por nós: podem nos humilhar e nos levar ao arrependimento, por nos
mostrarem que somos realmente capazes de sentir alguma admiração, temor e
reverência que raramente sentimos quando contemplamos o Deus eterno e a
glória cósmica de Cristo e um verdadeiro e vívido contato entre eles e nós em
Jesus de Nazaré.
Quando Jesus disse, “Para isso vim ao mundo”, ele disse algo tão fora do
normal, incomum, inusitado e misterioso quanto qualquer afirmação de ficção
científica que você leu (Jo 18.37).
Oh! como eu oro por um derramamento do Espírito de Deus sobre mim e
sobre você; oro que o Espírito Santo penetre em minha experiência de uma
maneira que cause temor, a fim de me despertar para a inimaginável realidade
de Deus.
Qualquer dia desses, um relâmpago encherá o céu desde o nascente do sol até
ao seu poente; e aparecerá nas nuvens o Filho do Homem, com seus anjos
poderosos, em chama de fogo. E nós o veremos claramente. E, quer seja de
terror, quer de pura empolgação, tremeremos e nos maravilharemos de como
vivemos por tanto tempo com um Cristo tão manso e inofensivo.
Estas coisas foram escritas — toda a Bíblia foi escrita — para que nós
creiamos, para que fiquemos chocados e sejamos despertados para a maravilha:
que Jesus Cristo é o Filho de Deus que veio ao mundo.
Dia 23 | O presente indescritível de Deus

Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a


morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua
vida; e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor
Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação.

Romanos 5.10-11

C omo recebemos de maneira prática a reconciliação e exultamos em Deus?


Uma resposta é: fazemos isso por meio de Jesus Cristo. E isso significa,
pelo menos, que fazemos o retrato de Jesus na Bíblia — ou seja, a obra e as
palavras de Jesus descritos no Novo Testamento — o conteúdo essencial de
nossa exultação em Deus. Exultação em Deus sem o conteúdo de Cristo não
honra a Cristo. E, onde Cristo não é honrado, Deus não é honrado.
Em 2 Coríntios 4.4-6, Paulo descreve a conversão de duas maneiras. No
versículo 4, ele diz que a conversão é ver “a glória de Cristo, o qual é a imagem
de Deus”. E no versículo 6, ele diz que a conversão é ver “a glória de Deus, na
face de Cristo”. Em ambos os casos você percebe o ensino. Nós temos Cristo, a
imagem de Deus, e temos Deus na face de Cristo.
Para exultar em Deus, exultamos no que vemos e sabemos de Deus no retrato
de Jesus Cristo. E isso chega à sua experiência plena quando o amor de Deus é
derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, como Romanos 5.5 diz. E
essa doce experiência do amor de Deus, dada pelo Espírito, é mediada a nós
quando ponderamos a realidade histórica do versículo 6: “Porque Cristo,
quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios”.
Então, aqui está o sentido do Natal. Não somente Deus comprou a nossa
reconciliação pela morte do Senhor Jesus Cristo (Rm 5.10), não somente Deus
nos capacitou a receber essa reconciliação por meio do Senhor Jesus Cristo,
mas também, agora mesmo, nós exultamos em Deus mesmo, por meio de
nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 5.11).
Jesus comprou a nossa reconciliação. Jesus nos capacitou a recebermos a
reconciliação e abrirmos o presente. E o próprio Jesus resplandece como o
presente indescritível — Deus na carne — e fomenta toda a nossa exultação
em Deus.
Olhe para Jesus neste Natal. Receba a reconciliação que ele comprou. Não
coloque o presente na prateleira, sem abri-lo. E, quando abri-lo, lembre-se de
Deus mesmo como o presente da reconciliação com Deus.
Exulte nele. Experimente-o como o seu prazer. Conheça-o como o seu
tesouro.
Dia 24 | O Filho de Deus se manifestou

Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é
justo, assim como ele é justo. Aquele que pratica o pecado procede do diabo,
porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se manifestou o Filho de
Deus: para destruir as obras do diabo.

1 João 3.7-8

Q uando 1 João 3.8 diz: “Para isto se manifestou o Filho de Deus: para
destruir as obras do diabo,” quais são as “obras do diabo” que ele tem
em mente? A resposta está clara no contexto.
Primeiramente, há uma afirmação semelhante em 1 João 3.5: “Sabeis também
que ele se manifestou para tirar os pecados”. A frase ele se manifestou para
ocorre no versículo 5 e no versículo 8. Então, muito provavelmente as “obras
do diabo” que Jesus veio destruir são os pecados. A primeira parte do versículo
8 deixa isso certo: “Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o
diabo vive pecando desde o princípio”.
A questão neste contexto é pecar, não doença, ou carros quebrados, ou
agendas bagunçadas. Jesus veio ao mundo para nos capacitar a parar de pecar.
Vemos isso com mais clareza se colocarmos esta verdade ao lado da verdade de
1 João 2.1: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis”. Este
é um dos grandes propósitos do Natal — um dos grandes propósitos da
encarnação (1Jo 3.8).
Mas há outro propósito que ele acrescenta em 1 João 2.1-2: “Se, todavia,
alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a
propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas
ainda pelos do mundo inteiro”.
Agora veja o que isto significa: significa que Jesus apareceu no mundo por
duas razões. Ele veio para que pudéssemos não continuar pecando — ou seja,
ele veio destruir as obras do diabo (1Jo 3.8); e veio para que houvesse uma
propiciação pelos nossos pecados. Ele veio para ser um sacrifício substitutivo
que remove a ira de Deus por nossos pecados.
O resultado desse segundo propósito não é a anulação do primeiro propósito.
Perdão não é dado a fim de permitir o pecado. O alvo da morte de Cristo por
nossos pecados não é que relaxemos a nossa batalha contra o pecado. Em vez
disso, o resultado desses dois propósitos do Natal é que o pagamento feito uma
única vez por todos os nossos pecados se torna a liberdade e o poder que nos
capacitam a lutar contra o pecado não como legalistas, merecendo a nossa
salvação, e não temerosos de perder a nossa salvação, mas como vitoriosos que
se lançam à batalha contra o pecado com confiança e alegria, ainda que isso
custe a nossa vida.
Dia 25 | Três presentes de Natal

Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia,
alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a
propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda
pelos do mundo inteiro.
Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é
justo, assim como ele é justo. Aquele que pratica o pecado procede do diabo,
porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isso se manifestou o Filho de
Deus: para destruir as obras do diabo.

1 João 2.1-2; 3.7-8

P ondere comigo esta situação extraordinária. Se o Filho de Deus veio para


ajudar você a parar de pecar — destruir as obras do diabo — e se ele veio
também para morrer, a fim de que, quando você pecar, haja uma propiciação,
uma remoção da ira de Deus, então, quais são as implicações disso para a sua
vida diária?
Três coisas. É maravilhoso tê-las. Eu lhe dou essas coisas, brevemente, como
presentes de Natal.

Presente 1: Um propósito de vida claro


A primeira implicação é que você tem um propósito de vida claro. Em termos
negativos, é simplesmente isto: não peque — não faça o que desonra a Deus.
“Estas coisas vos escrevo para que não pequeis” (1 João 2.1). “Para isto se
manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo” (1 João 3.8).
Se você perguntar: “Você poderia nos dizer isso em termos positivos, ao invés
de negativos?”, a resposta é: sim, está tudo resumido em 1 João 3.23. É um
ótimo resumo do que toda a carta de João requer. Note o mandamento
singular: “Ora, o seu mandamento é este: que creiamos em o nome de seu
Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que
nos ordenou”. Essas duas coisas estão tão intimamente conectadas para João,
que ele as chama de um único mandamento: crer em Jesus e amar os outros.
Isso é o seu propósito. Isso é o resumo da vida cristã. Crer em Jesus e amar as
pessoas da maneira como Jesus e seus apóstolos nos ensinaram a amar. Creia
em Jesus, ame as pessoas. Este é o primeiro presente: um propósito de vida.

Presente 2: Esperança de que nossas falhas serão perdoadas


A segunda implicação da verdade dupla de que Cristo veio para destruir nosso
pecar e para perdoar nossos pecados é esta: fazemos progresso em vencer nosso
pecado quando temos a esperança de que nossas falhas serão perdoadas. Se você
não tem esperança de que Deus perdoará suas falhas, quando começa a lutar
contra o pecado, você desiste.
Muitos de vocês estão considerando algumas mudanças no ano novo, porque
caíram em padrões pecaminosos e querem sair. Vocês querem novos padrões de
comer. Novos padrões de entretenimento. Novos padrões de contribuir. Novos
padrões de relacionamento com seu cônjuge. Novos padrões de devoções
familiares. Novos padrões de sono e exercícios. Novos padrões de coragem na
evangelização. Mas estão lutando e se perguntando se há alguma utilidade
nisso. Bem, aqui está o seu segundo presente de Natal: Cristo veio não somente
para destruir as obras do diabo, o nosso pecar, mas também para ser um
advogado em nosso favor por causa das experiências de fracasso em nossa luta.
Então, eu lhe imploro: permita que o fato de que o seu falhar não terá a
palavra final lhe dê esperança para lutar. Mas, cuidado! Se você transformar a
graça de Deus em licenciosidade e disser: “Bem, se eu posso falhar, e isso não é
importante, então, porque me aborrecer lutando contra o pecado?” — se você
disser isso, crer nisso e agir de acordo com isso, você provavelmente não nasceu
de novo e deveria tremer.
Mas essa não é a situação da maioria de vocês. A maioria de vocês quer lutar
contra os padrões pecaminosos em sua vida. E o que Deus está lhes dizendo é
isto: permitam que a propiciação de Cristo para as falhas de vocês lhes dê
esperança para lutar. “Estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se,
todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo.”

Presente 3: Cristo nos ajudará


Finalmente, a terceira implicação da dupla verdade de que Cristo veio para
destruir o nosso pecar e para perdoar os nossos pecados é esta: Cristo nos
ajudará realmente em nossa luta. Ele o ajudará realmente. Ele está do seu lado.
Ele não veio para destruir o pecado porque o pecado é divertido. Ele veio para
destruir o pecado porque o pecado é fatal. É uma obra enganosa do diabo e nos
destruirá, se não lutarmos contra ela. Cristo veio para nos ajudar, não para nos
prejudicar.
Portanto, este é o seu terceiro presente de Natal: Cristo ajudará a vencer o
pecado em você. Primeira João 4.4 diz: “Maior é aquele que está em vós do que
aquele que está no mundo”. Jesus está vivo, Jesus é todo-poderoso, Jesus vive
em nós, pela fé. E Jesus é por nós, não contra nós. Ele o ajudará em sua luta
contra o pecado no ano novo. Confie nele.
Conclusão | Meu texto de Natal favorito

M eu texto de Natal favorito coloca a humildade no âmago do Natal.


Então, neste Natal estou me maravilhando com a humildade de Jesus e
desejando mais dessa humildade para mim mesmo. Citarei o texto em breve.
Mas, primeiramente, há dois problemas. Tim Keller nos ajuda a ver um deles
quando diz: “A humildade é muito tímida. Se começamos a falar a seu respeito,
ela vai embora”. Portanto, uma meditação sobre a humildade (como esta)
parece ser autoderrota. No entanto, mesmo pessoas tímidas se mostram às
vezes, se tratadas bem.
O outro problema é que Jesus não era humilde pelas mesmas razões por que
nós o somos (ou deveríamos ser). Então, como o considerar a humildade de
Jesus no Natal pode nos ajudar? A nossa humildade, se houver alguma, está
baseada em nossa finitude, em nossa falibilidade, em nossa pecaminosidade.
Mas o eterno Filho de Deus não era finito. Não era falível. Não era
pecaminoso. Então, diferentemente de nossa humildade, a humildade de Jesus
se originava de alguma outra maneira.
Eis o meu texto de Natal favorito. Veja a humildade de Jesus.

Pois ele, subsistindo em forma de Deus, [Jesus] não julgou como usurpação
o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de
servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura
humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e
morte de cruz (Fp 2.6-8).

O que define a humildade de Jesus é o fato de que ela é principalmente um


ato consciente de colocar-se a si mesmo num papel servil e inferior tendo em
vista o bem outros. A humildade de Jesus é definida por frases como:
“A si mesmo se esvaziou [de seus direitos divinos de ser livre de abuso e
sofrimento].”

“Assumiu a forma de servo.”

“Ele se tornou obediente até à morte e morte de cruz.”

Portanto, a humildade de Jesus não era uma disposição de coração por ser
finito, falível ou pecaminoso. Era um coração de infinita perfeição, infalível
veracidade e liberdade de todo o pecado, que, por isso mesmo, não precisava
ser servido. Ele era livre e pleno para transbordar em servidão.
Outro texto de Natal que diz isso é Marcos 10.45: “O próprio Filho do
Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate
por muitos”. A humildade não era um senso de defeito nele mesmo, e sim um
senso de plenitude nele mesmo colocada à disposição de outros para o bem
deles. Era uma humilhação voluntária de si mesmo para tornar a sublimidade
de sua glória disponível para que pecadores pudessem desfrutá-la.
Jesus faz a conexão entre sua humildade de Natal e as boas-novas para nós:
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos
aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e
humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é
suave, e o meu fardo é leve” (Mt 11.28-30).
A humildade de Jesus torna possível o alívio de nossos jugos. Se ele não fosse
humilde, não teria sido “obediente até à morte e morte de cruz”. Se ele não
tivesse sido obediente até ao ponto de morrer por nós, seríamos esmagados sob
o peso de nossos pecados. Ele se humilhou a si mesmo para receber a nossa
condenação (Rm 8.3).
Agora temos mais razão do que antes para sermos humildes. Somos finitos,
falíveis, pecadores e, portanto, não temos nenhuma base para nos jactarmos.
Mas agora vemos outras coisas que nos humilham: a nossa salvação não é
devida às nossas obras, mas à graça de Cristo. Assim, a jactância é excluída (Ef
2.8-9). E a maneira pela qual ele cumpriu essa salvação graciosa foi por meio
de auto-humilhação consciente e voluntária, em obediência servil até à morte.
Portanto, além da finitude, falibilidade e pecaminosidade, temos agora outros
dois impulsos enormes em ação para nos humilhar: graça gratuita e imerecida
por trás de todas as nossas bênçãos e um modelo de servidão abnegada e
sacrificial que assume voluntariamente a forma de servo.
Então, somos chamados a nos unir a Jesus nesta auto-humilhação e servidão
consciente. “Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo
se humilhar será exaltado” (Mt 23.12). “Tende em vós o mesmo sentimento
que houve também em Cristo Jesus” (Fp 2.5).
Oremos para que esta “virtude tímida” — este fundamento enorme de nossa
salvação e servidão — saia de seu lugar tranquilo e nos dê vestes de humildade
neste Advento. “Cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos
soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça” (1Pe 5.5).
Apêndice | As sombras do Antigo Testamento
e a vinda de Cristo

U m dos principais ensinos do livro de Hebreus é que o sistema de


adoração da Antiga Aliança é uma sombra que foi substituída por Cristo.
Portanto, o Natal é a substituição das sombras pela realidade. (Você pode ver
isso em Hebreus 8.5, o qual diz que os sacerdotes “ministram em figura e
sombra das coisas celestes”.) Considere seis dessas sombras que a vinda de
Cristo substitui pela realidade.

1. A sombra do sacerdócio da Antiga Aliança


Ora, aqueles são feitos sacerdotes em maior número, porque são impedidos
pela morte de continuar; este, no entanto, porque continua para sempre,
tem o seu sacerdócio imutável. (Hb 7.23-24)

2. A sombra do sacrifício da Páscoa


Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de
fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado.
(1Co 5.7)

3. A sombra do tabernáculo e do templo


Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal sumo
sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade nos céus, como
ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não
o homem. (Hb 8.1-2)

Jesus lhes respondeu: Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei.


Replicaram os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário,
e tu, em três dias, o levantarás? Ele, porém, se referia ao santuário do seu
corpo. (Jo 2.19-21)
4. A sombra da circuncisão
A circuncisão, em si, não é nada; a incircuncisão também nada é, mas o que
vale é guardar as ordenanças de Deus. (1Co 7.19)

5. A sombra das leis dietéticas


Então, lhes disse: Assim vós também não entendeis? Não compreendeis que
tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar, porque não
lhe entra no coração, mas no ventre, e sai para lugar escuso? E, assim,
considerou ele puros todos os alimentos. (Mc 7.18-19)

6. A sombra dos dias de festas


Portanto, não permitam que ninguém os julgue pelo que vocês comem ou
bebem, ou com relação a alguma festividade religiosa ou à celebração das
luas novas ou dos dias de sábado. Estas coisas são sombras do que haveria
de vir; a realidade, porém, encontra-se em Cristo. (Cl 2.16-1 7, NVI)

O significado do Natal é que a realidade encontra em Cristo. Ou seja, o ritual


religioso é semelhante a uma sombra de uma grande e gloriosa Pessoa.
Afastemo-nos da sombra e olhemos diretamente para a Pessoa (2Co 4.6).
Filhinhos, guardai-vos dos ídolos — religiosos (1Jo 5.21).
O Ministério Fiel visa apoiar a igreja de Deus, fornecendo conteúdo fiel às
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