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Vulcanismo Resumos

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Tema 1: Estrutura e dinâmica da geosfera

1. Vulcanologia
A vulcanologia é a área do conhecimento geológico que estuda os fenómenos vulcânicos. Os
contributos fornecidos por essa área têm sido fundamentais para esclarecer muitos aspetos da
estrutura interna da Terra, sobretudo no que diz respeito à composição e à dinâmica da
litosfera.

O magma é uma mistura de materiais silicatados, total ou parcialmente fundidos, contendo


também gases e, por vezes, alguns materiais sólidos. Uma erupção vulcânica ocorre quando o
magma, ao ascender, sofre descompressão, perdendo parte dos gases e dando origem à lava.

Um vulcão é uma abertura na crusta terrestre através da qual são libertados materiais líquidos
(lava), gasosos e sólidos (por exemplo, cinzas) (FIG.1). A saída dos materiais pode ocorrer
através de uma abertura mais ou menos circular, constituindo uma cratera - vulcanismo
central -, ou através de fissuras mais ou menos extensas - vulcanismo fissural.

Figura 1 – Esquema de um vulcão associado ao vulcanismo central.

Os vulcões constituem manifestações de vulcanismo primário; possuem muitas formas e


tamanhos e as erupções podem variar muito em termos de duração, de explosividade e do
tipo de material libertado.

A natureza de uma erupção permite enquadrá-la num determinado tipo de atividade


vulcânica. Essa natureza depende, sobretudo, da quantidade de crás presente no magma e da
maior ou menor facilidade com que ocorre a sua desgaseificação. A viscosidade de uma lava
caracteriza a sua resistência ao fluxo, determinando a sua velocidade de escorrência sobre a
superfície. Quanto mais viscosa for a lava, maior será o volume de gás nela contido e mais
difícil será a sua desgaseificação.
São três os fatores que influenciam a viscosidade da lava: o teor em sílica (SiO2); a
temperatura a que se encontra; e a quantidade de gases dissolvidos. Tendo em conta estes
fatores, considera-se a existência de três tipos de lava (TAB.1).

Tabela 2 – Caracterização de diferentes tipos de lava.

 Nuvem ardente: Mistura de material piroclástico e gases, muito densa e de elevada


temperatura.
 Fumarola: Gases vulcânicos ricos em enxofre ou em dióxido de carbono, emitidos
através de fissuras no terreno.
 Agulha: Estrutura alongada resultante da consolidação de magma dentro da chaminé
vulcânica e sua posterior erosão.
 Cone adventício: Forma de relevo resultante da acumulação de materiais expelidos
através de condutas secundárias.
 Domo vulcânico: Estrutura arredondada resultante da consolidação de lava viscosa.
 Caldeira: Depressão de colapso localizada sobre a câmara magmática.
 Escoada: Estrutura típica originada por lavas básicas.

Tipos de atividade vulcânica


Apesar da grande diversidade de erupções vulcânicas, é possível enquadrá-las basicamente em
três tipos de atividade vulcânica.

ATIVIDADE VULCÂNICA EXPLOSIVA


Associada a lavas muito viscosas, com origem em magmas ácidos (elevado teor em sílica) e
ricos em gases. A entrada de água para a câmara magmática conduz à diminuição da
temperatura, com o consequente aumento da viscosidade e aumento do teor de gases,
provocando atividade explosiva.

Dada a sua viscosidade, estas lavas não originam escoadas, podendo solidificar na chaminé, de
que resultam formas alongadas e pontiagudas, as agulhas, ou no interior da cratera, onde
originam formas arredondadas, os domos ou cúpulas. Devido à acumulação de gases na
câmara magmática, estas erupções são muito violentas, sendo acompanhadas por grandes
explosões, onde predominam as emissões de piroclastos.

Nestas erupções, é frequente a formação de nuvens ardentes constituídas por materiais


densos, sobretudo cinzas envolvidas em gases, a elevadas temperaturas, que se deslocam
junto ao solo (FIC.2). A natureza dos materiais libertados faz com que se acumulem muito
próximo da cratera, dando origem a cones de vertentes íngremes.
Figura 2 –Vulcão com atividade explosiva.

Figura 3 –Monte de St. Helens (EUA). Vulcão com atividade explosiva, onde é visível um domo.

ATIVIDADE VULCÂNICA EFUSIVA


Associada a lavas muito fluidas, com origem em magmas básicos, com baixo teor em sílica e
pobres em gases. Dada a sua fluidez, a emissão destas lavas é rápida, formando-se escoadas
que podem percorrer grandes distâncias. Estas escoadas tendem a formar cones vulcânicos de
diâmetro considerável e com vertentes pouco inclinadas, conhecidos por vulcões em escudo
(FIG. 4).

Figura 4 – Vulcão em escudo.

A consolidação de lavas básicas origina uma diversidade de aspetos de que se destacam


(FIG.5):
 lavas encordoadas ou pahoehoe - apresentam o aspeto de cordas sobrepostas,
resultante de uma consolidação rápida da sua superfície à medida que a velocidade do
fluxo diminui;
 lavas escoriáceas ou aa - apresentam um aspeto irregular, áspero e poroso resultante
da consolidação de lavas menos fluidas que as anteriores;
• lavas em almofada ou pillow lava - formam-se em ambiente aquático, por causa da
escorrência de lavas para o oceano ou das erupções submarinas. Devido ao contacto
com a água, o arrefecimento da superfície da lava é muito rápido, formando-se massas
com uma superfície arredondada que ficam sobrepostas à medida que a lava flui no
seu interior.

Figura 5 – (A) Lavas encordoadas. (B) Lavas escoriáceas. (C) Lavas em almofada.

ATIVIDADE VULCÂNICA MISTA


Atividade que se caracteriza pela alternância de períodos efusivos e explosivos. Enquanto os
episódios efusivos correspondem à libertação de escoadas de lava, durante os episódios mais
explosivos, verifica-se, sobretudo, a libertação de piroclastos e lavas de natureza intermédia a
ácida. A água da superfície que se introduz no sistema vulcânico pode aumentar a
explosividade de uma erupção, contribuindo para esta alternância. Este padrão de atividade
origina cones designados por estratovulcões ou vulcões compósitos, formados por camadas
alternadas de lava solidificada e de piroclastos, com vertentes ingremes (FIG. 6).

Figura 5 – Estratovulcão.

Vulcanismo residual
O vulcanismo ativo nem sempre ó tão espetacular como nas erupções vulcânicas. Por vezes,
revela-se em manifestações de vulcanismo residual ou secundário. Estas manifestações
incluem emanações de gases, em fumarolas, ou de água a elevadas temperaturas, nos géiseres
ou nas fontes termais (FIG.7).
Figura 7 – Em profundidade, a água infiltrada contacta com rochas mais quentes, aquecendo e
expandindo-se, podendo irromper à superfície em diferentes estados (líquido e gasoso), dando origem a
manifestações de vulcanismo residual.

Vulcões e tectónica de placas


A maioria dos alinhamentos vulcânicos está associada aos limites de placas tectónicas,
vulcanismo interplacas, e coincidem com regiões de intensa atividade sísmica. Também pode
ocorrer vulcanismo no interior das placas tectónicas, associado a pontos quentes - vulcanismo
intraplaca (FIG.8).

VULCANISMO DE SUBDUCÇÃO
Este tipo de vulcanismo coincide com regiões de convergência de placas tectónicas, onde
ocorre o mergulho, ou subducção, de uma placa oceânica mais densa sob outra, oceânica ou
continental, menos densa. Geram-se, assim, condições de temperatura e pressão que
favorecem a fusão das rochas e o aparecimento de câmaras magmáticas relativamente pouco
profundas. Os magmas formados nestes locais tendem a ter uma composição intermédia a
ácida (FIG. 8B, E).

Os vulcões associados a zonas de subducção correspondem à maioria dos vulcões ativos e


possuem uma natureza mista ou explosiva.

Os alinhamentos mais significativos associados a este tipo de vulcanismo constituem o Anel de


Fogo do Pacífico, situado ao longo das margens do Pacífico, e engloba, por exemplo, os
vulcões do Alasca, dos Andes, do Japão e das Filipinas.

VULCANISMO DE VALE DE RIFTE


Este vulcanismo, associado a zonas de rifte, nas dorsais oceânicos ou no interior dos
continentes é, na maioria dos casos, do tipo efusivo, apresentando, normalmente, um carácter
fissural. Estão relacionadas com a produção de magmas básicos, formados em profundidade, a
elevadas temperaturas, em resultado da fusão de rochas do manto, pobres em sílica (FIG. 8A,
C).
Desta atividade efusiva formam-se os fundos oceânicos. Por vezes, e ainda em domínio
oceânico, o contacto da água do mar com regiões mais profundas e quentes da crusta pode
originar erupções mais ou menos violentas.

VULCANISMO INTRAPLACA
O vulcanismo no interior das placas litosféricas, mais raro que o vulcanismo interplacas,
constitui o resultado da ascensão de colunas de material a elevadas temperaturas de regiões
profundas do manto (plumas mantélicas). Por alívio de pressão, os materiais assim
transportados para a base da litosfera oceânica ou continental, fundem, originando pontos
quentes (hotspots), que ocupam posições fixas.

Esta atividade gera magmas a elevadas temperaturas, de natureza básica, associados


frequentemente a erupções efusivas.

O facto de as placas se deslocarem sobre os pontos quentes origina, ao longo do tempo,


vulcões alinhados na direção do movimento das mesmas. Neste alinhamento, apenas o vulcão
que se localiza sobre o hotspot está ativo, encontrando-se os restantes inativos. As ilhas do
arquipélago do Havai tiveram esta origem, situando-se atualmente a ilha do Havai sobre o
ponto quente localizado nessa região (FIG. 8D).

Por vezes, os pontos quentes localizam-se próximo de limites divergentes, como é o caso da
Islândia e dos Açores.

Figura 8 – Relação entre os fenómenos de vulcanismo e a dinâmica das placas tectónicas. (B e E)


Vulcanismo de subducção, (A e C) vulcanismo de vale de rifte e (D) vulcanismo intraplca.

Vulcanismo ativo e inativo e História da Terra


Após um período de atividade eruptiva, um vulcão pode permanecer inativo por um período
de tempo mais ou menos longo. Caso não ocorra a possibilidade de reabastecimento da
camara magmática com novo magma, o vulcão considera-se extinto.

O estudo dos fenómenos de vulcanismo ativo, conjugado com o estudo de afloramentos


vulcânicos, tem ajudado a compreender a Historia da Terra. A localização de extensos mantos
basálticos, formados ao longo do tempo geológico, em oferentes zonas continentais, bem
como a correlação entre eles, pode, por exemplo, esclarecer aspetos da evolução da tectónica
de placas.

Alguns episódios de extinção em massa podem ser explicados como resultado de alterações
climáticas provocadas por grandes erupções vulcânicas, como o aumento da temperatura
global decorrente da libertação de gases com efeito de estufa. Por outro lado, a observação de
situações atuais de alterações climáticas, como a provocada pela erupção de 1991, no monte
Pinatubo, nas Filipinas, demonstraram que os gases e as poeiras emitidos nessa erupção
reduziram a radiação solar que penetrou na atmosfera, fazendo baixar nos anos seguintes a
temperatura média mundial em cerca de 1°C.

Vulcanismo em Portugal
Em Portugal continental não há, atualmente, fenómenos de vulcanismo ativo. Contudo,
existem vestígios de vulcanismo antigo, por exemplo, nos arredores de Lisboa. O arquipélago
da Madeira, provavelmente resultante da atividade de um ponto quente, não apresenta
vestígios da atividade vulcânica há, aproximadamente, 7000 anos. O arquipélago dos Açores é
uma zona de vulcanismo ativo, sobretudo as ilhas do grupo central e oriental, por se
localizarem ao longo de planos de falha associados à dorsal atlântica e ao rifte da Terceira.
Para além de episódios recentes de vulcanismo ativo (erupção dos Capelinhos, em 1957), é
possível observar nessas ilhas sinais de atividade vulcânica passada, como as cadeiras, ou sinais
de vulcanismo residual, como as fumarolas. Nas regiões vulcânicas pode beneficiar-se da
energia geotérmica através do aproveitamento do calor libertado do interior da Terra. Para
além disto, estas regiões, pelas suas características, são muito procuradas pelo turismo, o que
ajuda a promover o desenvolvimento destes territórios (FIG. 9). Os materiais rochosos
vulcânicos são utilizados também na construção de obras arquitetónicas, pavimentos ou
rochas ornamentais.

Figura 9 – As paisagens vulcânicas e as suas manifestações são polos de desenvolvimento devido à


procura turística.

Minimização de riscos vulcânicos - previsão e prevenção


A determinação do risco geológico resulta do cálculo da probabilidade de ocorrência de um
fenómeno geológico específico (perigo) e dos potenciais prejuízos que o mesmo pode causar.

O conjunto de fenómenos associados ao vulcanismo ativo provoca, frequentemente, perdas e


danos que, em alguns casos, podem assumir proporções catastróficas. A definição dos
diferentes níveis de risco associados às diferentes regiões vulcânicas prende-se com os perigos
E inerentes ao tipo de vulcanismo característico dessas regiões e dos efeitos potenciais que
podem causar. Esses níveis de risco condicionam quer os mecanismos de previsão quer as
medidas de prevenção a adotar.

Atendendo aos fatores de risco mais frequentes, podem considerar-se, para além da
necessidade de informação e educação das populações, as medidas de prevenção
apresentadas na TABELA 2.

Tabela 2 – Risco vulcânico – prevenção e previsão.

Perigos Efeitos Potenciais/Riscos Prevenção e Mecanismos de previsão


Minimização dos riscos

Escoadas de lava ●Destruição de estruturas ●Localização dos pontos ●Levantamento da história


edificadas de emissão de lava bem eruptiva dos vulcões com o
como de trajetos objetivo de estabelecer um
● Incêndios
possíveis de escorrência padrão de frequência
● Destruição de terrenos de
●Condicionamento do ●Interpretação de dados
cultivo
avanço das escoadas sismológicos (sismogramas)
obtidos por sismógrafos
●Ordenamento do
colocados nas proximidades
território
do vulcão e que permitem
Projeção de piroclastos ●Incêndios (bombas e lapili) ●Evacuação revelar movimentações de
●Impactos destrutivos ●Uso de capacetes magmas
(bombas e lapili) ●Uso de óculos de
●Monitorização da natureza
●Soterramento de estruturas proteção
das emanações gasosas nas
edificadas ●Uso de máscaras de
fumarolas
●Destruição de culturas filtração
agrícolas, quer devido ao ●Construção ●Monitorização da
soterramento quer devido ao antissísmica qualidade da água
aumento da turvação do ar e ●Ordenamento do subterrânea das regiões
consequente dificuldade de território nas zonas vulcânicas
penetração da luz (lapili e litorais
●Verificação de deformações
cinzas) ●Condicionamento do
da crusta que permitam
avanço do lahar
●Problemas respiratórios e inferir da deslocação de
oculares (cinzas) magma em regiões
subjacentes
●Acidentes de aviação (cinzas)
●Monitorização da
Nuvens ardentes ●Calcinação de elementos
temperatura das emanações
existentes na sua passagem
gasosas e das nascentes
Libertação de gases ●Contaminação do ar, de que termais
pode resultar intoxicação
respiratória
●Asfixia
●Contaminação da água em
casos de erupções ou
emanações subaéreas

Sismos vulcânicos ●Danos em estruturas


edificadas

Deslizamento do flanco ●Ocorrência de tsunamis, com


de um cone vulcânico consequente inundação de
para o oceano zonas litorais
Fluxo de material ●Destruição de campos de
piroclásticos misturado cultura e de infraestruturas
com água (lahar) por soterramento

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