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Supremo Tribunal Federal

Decisão sobre Repercussão Geral

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 13

08/04/2024 PLENÁRIO

REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.479.602 MINAS GERAIS

RELATOR : MINISTRO PRESIDENTE


RECTE.(S) : FERROVIA CENTRO-ATLANTICA S.A
ADV.(A/S) : RODOLFO DE LIMA GROPEN
RECDO.(A/S) : MUNICIPIO DE VARGINHA
ADV.(A/S) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE VARGINHA

Ementa: DIREITO TRIBUTÁRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMUNIDADE RECÍPROCA.


IPTU. BENS AFETADOS À CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO. REPERCUSSÃO GERAL.
I. O CASO EM EXAME
1. Recurso extraordinário contra acórdão do Tribunal de Justiça de
Minas Gerais que afirmou a incidência de imposto territorial e predial
urbano - IPTU sobre bem público afetado à concessão de serviço de
transporte ferroviário.
II. A QUESTÃO JURÍDICA EM DISCUSSÃO
2. A questão em discussão consiste em saber se o arrendamento de
bem imóvel da União para concessionária de serviço público de
transporte ferroviário afasta a imunidade tributária recíproca, com a
consequente incidência de IPTU sobre o imóvel afetado à prestação do
serviço.
III. A DECISÃO E SEUS FUNDAMENTOS
3. Constitui questão constitucional relevante definir se a concessão
de serviço público afasta a imunidade tributária recíproca para fins de
incidência de IPTU sobre bens públicos afetados à prestação do serviço.
IV. DISPOSITIVO
4. Repercussão geral reconhecida para a seguinte questão
constitucional: saber se a concessão de serviço público afasta a imunidade
tributária recíproca para fins de incidência de IPTU sobre bens públicos
afetados à prestação do serviço.

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RE 1479602 RG / MG

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, reputou constitucional a


questão. Não se manifestou o Ministro André Mendonça. O Tribunal, por
unanimidade, reconheceu a existência de repercussão geral da questão
constitucional suscitada. Não se manifestou o Ministro André Mendonça.

Ministro LUÍS ROBERTO BARROSO


Relator

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08/04/2024 PLENÁRIO

REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.479.602 MINAS GERAIS

MANIFESTAÇÃO:

O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO (PRESIDENTE):

1. Trata-se de recurso extraordinário, apresentado contra


acórdão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que afirmou a incidência
de imposto territorial e predial urbano - IPTU sobre bem público da
União afetado à concessão de serviço de transporte ferroviário. Confira-se
a ementa do acórdão recorrido:

APELAÇÃO CÍVEL – PRELIMINAR – OFENSA À


DIALETICIDADE RECURSAL DIREITO TRIBUTÁRIO –
EMBARGOS À EXECUÇÃO – CONCESSIONÁRIA DE
SERVIÇO PÚBLICO – TRANSPORTE FERROVIÁRIO - IPTU –
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA – SOCIEDADE
ANÔNIMA DE CAPITAL ABERTO - INAPLICABILIDADE -
TAXA DE LIMPEZA PÚBLICA – ATRIBUTOS DA
ESPECIFICIDADE E DIVISIBILIDADE - AUSENTES –
INCONSTITUCIONALIDADE - SENTENÇA PARCIALMENTE
REFORMADA – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
- Se os fundamentos do apelo estão diretamente
associados aos da sentença recorrida, deve ser rejeitada a
preliminar de não conhecimento do recurso por ofensa à
dialeticidade.
- O Supremo Tribunal Federal tem jurisprudência
sedimentada no sentido de que, em regra, a imunidade
tributária prevista no art. 150, VI, “a” da CF/88 não se estende
às pessoas jurídicas de direito privado cessionárias de imóveis
públicos (Tema 385). Excepcionalmente, contudo, no caso de
concessão de serviço público, em que a posse do bem é
transferida precariamente ao particular, afetado ao exercício da
atividade fim, haverá a extensão da imunidade, salvo se a

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concessionária for constituída sobre a forma de sociedade


anônima, que distribui lucros e dividendos e cujas ações são
negociadas na Bolsa de Valores.
- No julgamento do RE 1.320.054 (Tema 1140) o STF fixou
a seguinte tese: "As empresas públicas e as sociedades de
economia mista delegatárias de serviços públicos essenciais,
que não distribuam lucros a acionistas privados nem ofereçam
risco ao equilíbrio concorrencial, são beneficiárias da
imunidade tributária recíproca prevista no artigo 150, VI, a, da
Constituição Federal, independentemente de cobrança de tarifa
como contraprestação do serviço".
- A cobrança feita pelo Município de Varginha não
preenche os requisitos da especificidade e divisibilidade do
tributo (art. 145, II, da CF/88), afigurando-se manifesta a
inconstitucionalidade da exação, notadamente quando referida
cobrança se refere a limpeza urbana de ruas e bueiros, em
proveito de toda coletividade, devendo ser custeada por
impostos.
- À luz do caso concreto em que a imunidade tributária
recíproca, prevista no art. 150, VI, a da CF/88, não se estende às
concessionárias de serviço público que ostentam natureza de
sociedade anônima de capital aberto, negociado na bolsa de
valores, conforme tese fixada no julgamento do RE 1.320.054
(Tema 1140) pelo STF; e considerando a inconstitucionalidade
da cobrança da taxa de limpeza pública, já que ausentes os
atributos da especificidade e divisibilidade, impõe-se a reforma
parcial da sentença, apenas para se declarar como legítima a
exação do IPTU.

2. Nos termos do acórdão recorrido, a imunidade tributária


prevista no art. 150, VI, a, da Constituição, não se aplicaria às pessoas
jurídicas de direito privado cessionárias de imóveis públicos, na linha da
tese de repercussão geral firmada no RE 594.015 (Tema 385/RG).
Destacou-se, contudo, que, nas concessões de serviço público, os bens
afetados à prestação do serviço mantêm a imunidade tributária, salvo se a
concessionária for constituída sob a forma de sociedade anônima, que

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distribui lucros e dividendos e cujas ações são negociadas na Bolsa de


Valores. Assim sendo, no caso em exame, como os bens públicos da União
(terrenos da ferrovia) foram arrendados para uma concessionária de
serviço público que distribui lucros e dividendos e cujas ações são
negociadas na Bolsa de Valores, não haveria imunidade para afastar a
incidência de IPTU. Nesse sentido, confira-se trecho da fundamentação
do acórdão:

“No caso vertente, a apelada exerce a posse precária sobre


a ferrovia, exclusivamente em prol da realização da atividade-
fim da concessão que lhe foi outorgada: o serviço de transporte
ferroviário. Nada obstante, trata-se de sociedade anônima
aberta, que distribui lucros e dividendos e cujas ações são
negociadas na Bolsa de Valores (ordem nº. 04), enquadrando-se
na exceção definida pelo Supremo Tribunal Federal no
julgamento do RE 600.867, razão pela qual não faz jus à
imunidade tributária prevista no art. 150, VI, a, da CF/88.
Frise-se que, a empresa ré, ora apelada, na qualidade de
concessionária de serviço público de transporte ferroviário,
conquanto não se trate de sociedade de economia mista,
inegavelmente sua natureza jurídica é de pessoa jurídica de
direito privado, de sorte que a ratio decidendi se amolda ao caso
dos autos.”

3. A parte recorrente FERROVIA CENTRO ATLÂNTICA S/A,


com fundamento no art. 102, III, a, da Constituição, pretende a reforma
do acórdão sob a alegação de que a decisão recorrida interpretou de
forma inadequada os Temas 385 (RE 594.015), 508 (RE 600.867) e 1.140 (RE
1.320.054). Afirma que a distribuição de lucros a acionistas e a negociação
de ativos em bolsa não alteram a natureza pública do bem e da atividade
exercida. Assim sendo, considerando que a Constituição veda a
incidência de impostos sobre patrimônio, renda ou serviços dos entes
federativos, o lançamento de IPTU sobre os terrenos das ferrovias
caracterizaria violação direta ao art. 150, IV, a, da Constituição.

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4. O recurso foi admitido pelo Tribunal de Justiça do Estado


de Minas Gerais, “tendo em vista a plausibilidade das alegações recursais
quanto à alegada distinção do Tema nº 1.140, bem como de outros precedentes
invocados nos autos sobre a matéria”.

5. É o relatório. Passo à manifestação.

6. O recurso extraordinário deve ser conhecido. A questão


suscitada pelo recurso extraordinário não pressupõe o exame de matéria
fática, tampouco de legislação infraconstitucional. Isso, aliás, é
demonstrado pela existência de quatro teses de repercussão geral sobre a
aplicação da imunidade tributária para pessoas jurídicas de direito
privado.

7. A primeira tese afirma que a imunidade tributária recíproca


não se aplica a empresa privada, arrendatária de imóvel público, que
explora atividade econômica com fins lucrativos (Tema 385/RG). A
segunda orienta que incide IPTU sobre imóvel de pessoa jurídica de
direito público cedido a pessoa jurídica de direito privado (Tema 437/RG).
A terceira disciplina que a sociedade de economia mista, cujos ativos são
negociados em Bolsas de Valores e que distribui lucro, não está abrangida
pela regra de imunidade tributária (Tema 508/RG). A quarta dispõe que as
empresas públicas e as sociedades de economia mista delegatárias de
serviços públicos essenciais, que não distribuam lucros a acionistas
privados nem ofereçam risco ao equilíbrio concorrencial, são beneficiárias
da imunidade tributária recíproca (Tema 1.140/RG). Nenhuma delas, no
entanto, trata especificamente da manutenção da imunidade sobre bens
públicos afetados à serviço público outorgado a particular.

8. Nesse aspecto, diante desse conjunto de orientações, mas


sem uma orientação específica para a hipótese, o acórdão recorrido
afirmou a incidência do imposto, porque, na linha da tese referente ao
Tema 508/RG, as características da entidade de direito privado (a

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distribuição de lucro e a negociação de ativos em bolsa) é que


determinariam a possibilidade de aplicação da imunidade tributária
recíproca. A solução da controvérsia privilegiou, assim, aspectos
relacionados à entidade que tem a posse direta do imóvel. Por outro lado,
no entanto, a parte recorrente sustenta, com apoio no Tema 1.140/RG, que
a avaliação sobre a existência de imunidade tributária deve observar
primariamente a natureza do imóvel, de propriedade da União, bem
como da atividade exercida. Nesse passo, defende que se os bens públicos
estiverem vinculados à prestação de um serviço público, não há
fundamento para a incidência do imposto.

9. Observe-se que, por ocasião do julgamento do RE 601.720,


Red. p/ acordão Ministro Marco Aurélio, j. em 06.04.2017, no regime da
repercussão geral (Tema 437/RG), ao definir se a imunidade tributária
recíproca alcança bem imóvel de propriedade da União cedido à empresa
privada, o Supremo Tribunal Federal firmou a tese de que “incide o IPTU,
considerado imóvel de pessoa jurídica de direito público cedido a pessoa jurídica
de direito privado, devedora do tributo”. Nesse julgamento, os votos que
formaram a maioria destacaram que a desvinculação do bem imóvel de
suas finalidades públicas seria o fator determinante para justificar a
incidência do tributo e sua cobrança ao particular. Nesse sentido, o voto
do Ministro Alexandre de Moraes apontou que “dada a essencialidade do
elemento teleológico, a imunidade recíproca tende a encontrar limitação nas
hipóteses em que o patrimônio pertencente aos entes federados perca sua
pertinência com vertentes do interesse público”.

10. Em igual sentido, confira-se o trecho do voto do Ministro


Marco Aurélio:

“A situação apresentada mostra-se mais grave, uma vez


haver particular atuando livremente no desenvolvimento de
atividade econômica e usufruindo de vantagem advinda da
utilização de bem público. A imunidade recíproca não foi
concebida com tal propósito. A previsão decorre da necessidade

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de observar-se, no contexto federativo, o respeito mútuo e a


autonomia dos entes”.

11. Por sua vez, no julgamento do RE 594.015, Relator Ministro


Marco Aurélio, referente ao Tema 385 da repercussão geral, ao ser instado
a decidir se a imunidade tributária recíproca alcança sociedade de
economia mista arrendatária de terreno localizado em área portuária
pertencente à União, o STF afirmou que a imunidade “não se estende a
empresa privada arrendatária de imóvel público, quando seja ela exploradora de
atividade econômica com fins lucrativos”. De igual modo, ao examinar a
abrangência da imunidade tributária recíproca sobre as atividades de
estatais que prestam serviço público, o Supremo afirmou tese ressaltando
que a garantia de imunidade pressupõe não haver distribuição de lucros
a acionistas privados nem risco ao equilíbrio concorrencial (RE 1.320.054,
Relator Ministro Luiz Fux, j. em 07.05.2021). Atribuiu-se, assim, ênfase aos
aspectos relacionados à entidade que exerce a atividade.

12. Diante disso, em relação aos bens públicos afetados à


prestação de serviço público explorado por concessionária, há tanto
decisões que afirmam a existência de imunidade tributária recíproca,
como aquelas que concluem pela incidência tributária. Citem-se, por
exemplo, os seguintes julgados sobre a existência de imunidade tributária
recíproca, em razão da natureza pública do serviço prestado,
independentemente da finalidade lucrativa e da negociação de ativos em
bolsa pela delegatária:

Agravo regimental em recurso extraordinário. Tributário e


processual civil. Ação rescisória. Súmula nº 343/STF.
Inaplicável. Delegatária de serviço portuário. IPTU. Imunidade
recíproca. Possibilidade. Decisão rescindenda em dissonância
com a firme orientação do Supremo Tribunal Federal. 1.
Tratando a decisão rescindenda originária das instâncias
ordinárias de matéria constitucional, cabe, em regra, ação
rescisória. De outro giro, não cabe a ação rescisória se presente a

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hipótese mencionada na tese do Tema nº 136, isso é, se a decisão


rescindenda estiver em consonância com a orientação do
Supremo Tribunal Federal vigente à época, ainda que o próprio
Tribunal Constitucional a tenha, posteriormente, superado. 2. O
acórdão rescindendo encontra-se em dissonância com a firme
jurisprudência da Suprema Corte, a qual reconhece a
imunidade recíproca tributária à delegatária de serviço
portuário relativamente a imóvel pertencente à União que se
encontra sob a posse da empresa. Precedentes. 3. Agravo
regimental não provido. Honorários de sucumbência recursais
nos termos da fundamentação. (grifos acrescentados)
(ARE 1.401.061 AgR, Relator Ministro Dias Toffoli, j. em
22.05.2023).

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO PREDIAL E
TERRITORIAL URBANO- IPTU. SOCIEDADE DE ECONOMIA
MISTA. SERVIÇO PÚBLICO DE GERAÇÃO E
TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. IMÓVEL
DESAPROPRIADO PARA FINS DE UTILIDADE PÚBLICA.
IMUNIDADE RECÍPROCA. APLICABILIDADE. AGRAVO
REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. (grifos
acrescentados)
(RE 744.699 AgR, Relatora Ministra Cármen Lúcia, j. em
08.10.2013).

13. Em sentido diverso, afirmando a incidência de IPTU sobre


bens públicos afetados ao serviço público, em razão da finalidade
lucrativa da entidade delegatária, citam-se os seguintes julgados:

AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO


COM AGRAVO. IPTU. IMÓVEIS VINCULADOS À
CONCESSÃO DE SERVIÇO FERROVIÁRIO. INCIDÊNCIA
DO IMPOSTO. TEMAS 385 E 437 DA REPERCUSSÃO
GERAL. APLICABILIDADE. 1. Cuida-se, na origem, de Ação
Anulatória ajuizada pela FERROVIA CENTRO ATLÂNTICA

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S/A em face do MUNICÍPIO DE ITAÚNA - MG, requerendo a


desconstituição do crédito tributário de IPTU em relação aos
períodos de apuração compreendidos ente 2003 e 2009, os quais
recaem sobre imóveis vinculados à concessão de prestação dos
serviços de transporte ferroviário, objeto do Contrato de
Arrendamento n. 048/96, ao fundamento de que faz jus à
imunidade tributária recíproca. 2. O Plenário desta SUPREMA
CORTE, no julgamento do RE 601.720-RG (Tema 437, Rel. Min.
EDSON FACHIN, Relator para acórdão Min. MARCO
AURÉLIO, DJe de 5/9/2017), fixou tese no sentido de que Incide
o IPTU, considerado imóvel de pessoa jurídica de direito
público cedido a pessoa jurídica de direito privado, devedora
do tributo. 3. Se até as sociedades de economia mista
concessionárias de serviço público só podem gozar da imunidade
tributária na hipótese de representarem uma verdadeira
instrumentalidade estatal e não distribuírem lucros a
investidores privados, com mais forte razão essa benesse
tributária não é aplicável às empresas particulares - que, além
de não integrarem à Administração Pública, têm intuito de
lucro, mesmo que sejam concessionárias de serviço público. (...).
(ARE 1.415.924 AgR, Relator Ministro Alexandre de
Moraes, j. em 04.09.2023)

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. DIREITO TRIBUTÁRIO. IPTU. PESSOA
JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. CESSÃO DE IMÓVEL
PÚBLICO. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE ECONÔMICA COM
INTUITO DE LUCRO. TRANSPORTE FERROVIÁRIO.
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA. EXTENSÃO
INDEVIDA. 1. A discussão relacionada à extensão de
imunidade tributária recíproca para favorecimento de pessoa
jurídica de direito privado encontra solução nos Temas 385, 437
e 508 da repercussão geral. 2. Inaplicabilidade da imunidade
recíproca para afastar a incidência do IPTU relativo a imóvel
cedido à pessoa jurídica de direito privado (com participação
acionária negociada em bolsas de valores com inequívoco

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intuito de remuneração do capital de seus controladores ou


acionistas), exploradora de atividade econômica com fins
lucrativos, ainda que se trate de atividade de grande interesse
público. 3. A imunidade tributária recíproca não deve servir de
instrumento para a geração de riquezas incorporáveis ao
patrimônio de pessoa jurídica de direito privado cujas
atividades tenham manifesto intuito lucrativo. 4. Agravo
regimental a que se nega provimento. (grifos acrescentados)
(RE 1.395.601 AgR, Relator Ministro Edson Fachin, j. em
30.10.2023)

14. Há, ainda, decisões em que o STF estabeleceu distinção


entre as parcelas do bem público verdadeiramente afetadas à prestação
do serviço público, às quais se reconheceu a aplicação da imunidade
tributária recíproca, e aquelas destinadas à exploração de atividades
econômicas acessórias, sobre as quais incidiria o IPTU. Nesse sentido:

DIREITO CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO


INTERNO NA RECLAMAÇÃO. IPTU. AEROPORTO.
DECISÕES RECLAMADAS QUE RECONHECERAM A
EXTENSÃO DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA A TODOS OS
SEGMENTOS DO COMPLEXO AEROPORTUÁRIO.
IMPOSSIBILIDADE. EXISTÊNCIA DE ATIVIDADES
ACESSÓRIAS DISSOCIADAS DO SERVIÇO PÚBLICO DE
INFRAESTRUTURA AEROPORTUÁRIA. IMÓVEIS CEDIDOS
A PARTICULARES PARA EXPLORAÇÃO DE ATIVIDADES
ECONÔMICAS COM INTUITO DE LUCRO. INAPLICÁVEL A
IMUNIDADE. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. TEMAS 385 E 437.
1. Agravo interno contra decisão monocrática que cassou
acórdãos proferidos na origem, cujo objetivo é ver aplicada a
imunidade tributária quanto ao IPTU sobre a totalidade da área
do aeroporto. 2. No caso em julgamento, as circunstâncias
fáticas não permitem seja reconhecida a imunidade tributária
em relação a todos os segmentos do complexo aeroportuário.
Conquanto seja inconteste a existência de atividades
obrigatórias, vinculadas diretamente ao serviço público de

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infraestrutura aeroportuária, também existem atividades


acessórias, que consistem na exploração de atividades
econômicas por empresas privadas, com nítida finalidade
lucrativa, realizadas no complexo aeroportuário e que estão
dissociadas da prestação do serviço público essencial. 3. A
partir do julgamento dos paradigmas dos Temas 385 e 437, esta
Corte fixou entendimento no sentido da incidência de IPTU em
relação a imóveis públicos cedidos ou arrendados a particulares
para exploração de atividade econômica com intuito de lucro.
Precedentes. 4. Nesse contexto, devem ser excluídos da
imunidade tributária recíproca quanto ao IPTU os imóveis
pertencentes ao complexo aeroportuário cedidos a particulares
para a exploração de atividade econômica com intuito de
lucro, e que sejam alheios ao serviço público stricto sensu de
infraestrutura aeroportuária. 5. Merecem parcial reforma os
acórdãos proferidos pelo tribunal reclamado nestes autos,
diante da não aplicação dos paradigmas dos Temas 385 e 437 ao
caso em exame, que permitiu o afastamento da incidência do
IPTU em relação à totalidade da área que engloba o complexo
aeroportuário, em contrariedade aos precedentes vinculantes
desta Corte. 6. Agravo interno a que se dá parcial provimento.
(grifos acrescentados)
(Rcl 60.726 AgR, sob minha relatoria, j. em 02.10.2023).

15. A existência de interpretações diversas sobre a extensão da


imunidade tributária recíproca para bens afetados à prestação do serviço
público concedido evidencia a relevância jurídica da controvérsia
constitucional. Mais além, como ressaltado pelo Ministro Edson Fachin,
no curso do julgamento do Tema 385/RG (RE 601.720), a determinação da
abrangência da imunidade tributária recíproca tem relação direta com a
“preservação do sistema federativo”, com impactos sobre a prestação de
serviços públicos, sobre a modelagem de outorga para o setor privado,
assim como sobre a capacidade tributária dos entes municipais. Trata-se,
pois, de matéria de evidente repercussão geral, sob todos os pontos de
vista (econômico, político, social e jurídico), em razão da relevância e

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RE 1479602 RG / MG

transcendência dos direitos envolvidos.

16. Diante do exposto, manifesto-me no sentido de reconhecer


a repercussão geral da seguinte questão constitucional: saber se a concessão
de serviço público afasta a imunidade tributária recíproca para fins de incidência
de IPTU sobre bens públicos afetados à prestação do serviço.

17. É a manifestação.

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