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Embargos Lisangela

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR RELATOR DA 3ª

CÂMARA DE DIREITO CIVIL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA


CATARINA – DOUTOR SAUL STEIL

Autos n. 5028720-80.2023.8.24.0020

LISANGELA BIANCHIN, já devidamente qualificada nos autos em


epígrafe, que move em face de UNIMED CRICIUMA COOPERATIVA
TRABALHO MEDICO REGIAO CARBONIFERA, igualmente qualificado, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seus advogados
infrafirmados, com fulcro no artigo 1.022 do Código de Processo Civil, opor
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO em virtude da omissão contida no acórdão do
Evento 14, assim como para fins de prequestionamento, pelos seguintes fatos e
fundamentos jurídicos:

1. DOS FATOS

A Autora/Embargante ingressou com Ação de Obrigação de Fazer c/c/


Indenização por Danos Materiais e Morais com Pedido de Tutela de Urgência, ajuizada
em face da Ré/Embargada, tendo em vista a lesividade das condutas ilícitas da Ré de
passar a cobrar e condicionar o prosseguimento do tratamento da Autora contra o câncer
de mama que a acomete, pelo plano de saúde, ao pagamento de coparticipação pela
consumidora no importe de 50% sobre o tratamento oncológico/quimioterápico, sem
que haja qualquer previsão contratual autorizando esta cobrança.

Diante disso, a Autora pleiteou a condenação da Ré na obrigação de custear


integralmente o tratamento oncológico da Autora, sem cobrança de coparticipação, o
reembolso das despesas realizadas pela consumidora injustamente compelida a custear
pela Ré (em violação contratual), a título de coparticipação ou cobradas inteiramente em
seu tratamento oncológico, além da condenação da Ré ao pagamento de indenização por
danos morais à Autora/Apelante, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) ou outro
valor arbitrado por este Juízo.

Após o trâmite regular do processo, sobreveio ao feito a sentença do Evento


47, por meio da qual o Juízo a quo decidiu pela improcedência dos pedidos iniciais, sob
o fundamento da legitimidade da cobrança de coparticipação no tratamento oncológico
da Autora, aduzindo suposta previsão contratual de tal cobrança.

Inconformada com o decisum, a Autora/Embargante interpôs


recurso de apelação, buscando a reforma da sentença para julgar
procedentes os pedidos autorais, ao qual, a 3ª Câmara de Direito Civil
deste Egrégio Tribunal de Justiça negou provimento, sob o
fundamento de legitimidade de cobrança de coparticipação da Autora
em seu tratamento oncológico, por suposta previsão clara e
destacada de tal contrapartida no contrato firmado entre as partes
(Evento 14).

Todavia, em análise aprofundada do decisum, data vênia o entendimento


exarado por Vossas Excelências, denota-se haver omissão, contradição e obscuridade
nos fundamentos apresentados para manter a sentença que julgou improcedentes os
pedidos autorais, tendo em vista a ausência de justificativa do porquê que o
procedimento de tratamento de câncer da Autora estaria previsto nos procedimentos
passíveis de cobrança de coparticipação da cláusula 10ª do contrato firmado entre as
partes, assim como ausência de manifestação quanto a violação aos artigos 6º, III, 39, V,
46, 47, e 54, § 4º, todos do Código de Defesa do Consumidor, ao artigo 16, VIII, da Lei
n. 9.656/98, e ao artigo 113 do Código Civil.

Assim, existe no mencionado provimento jurisdicional certos e específicos


pontos omissos, contraditórios e obscuros, razões pelas quais se opõem os presentes
Embargos de Declaração, a fim de vislumbrar sanadas as aventadas omissões e
obscuridades, assim como para fins de prequestionamento.

2. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL

Tem-se, inicialmente, que os pressupostos recursais objetivos estão


presentes.

No tocante ao cabimento, a decisão judicial combatida trata-se de acórdão, a


qual está sujeita à recorribilidade, sendo inquestionável o cabimento do presente recurso
(artigo 1.022 do Código de Processo Civil).

Com relação à tempestividade, convém pontuar que, nos termos do artigo


1.023, caput, do Código de Processo Civil, o prazo para a oposição dos embargos de
declaração é de 5 (cinco) dias úteis.

No caso em tela, afere-se que pela certidão do Evento 16, o início do prazo
recursal, após intimação destes causídicos sobre o teor do acórdão do Evento 14, se deu
em 03/09/2024, portanto, tempestivo o recurso.

Não há fatos impeditivos ou extintivos do direito recursal.

Entende-se, portanto, que o recurso deve ser admitido.

3. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

O acórdão proferido pela Colenda 3ª Câmara de Direito Civil do


Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina (Evento 14) foi
omisso e obscuro.

Diante de tal situação fática, iniludível in casu o cabimento dos Embargos


de Declaração, haja vista o teor do artigo 1.022 do Código de Processo Civil:
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial
para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o
juiz de ofício ou a requerimento;
III - corrigir erro material.
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos
repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob
julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º.

Sobre o instrumento processual em tela, Nelson Nery Jr. e Rosa Maria


Andrade Nery lecionam:
Os Edcl têm finalidade de completar a decisão omissa ou, ainda, de aclará-la,
dissipando obscuridades ou contradições. Não têm caráter substitutivo da
decisão embargada, mas sim integrativo ou aclaratório. Como regra, não têm
caráter substitutivo, modificador ou infringente do julgado. Não mais cabem
quando houver dúvida na decisão (CPC 535 I, redação da L 8950/94 1º).
(Código de Processo Civil comentado e legislação processual civil
extravagante. 9ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2006, p. 785-786).

Embora não seja regra a modificação do direito material por meio dos
embargos, esta alteração é possível nos casos em que o suprimento ou a correção
almejada importem em variação do sentido da decisão acatada, o que se denomina
efeitos infringentes.

Acerca desta possibilidade, o Egrégio Tribunal de Justiça de Santa Catarina


decidiu que "São conferidos efeitos infringentes aos embargos declaratórios quando
constatados omissão, contradição, obscuridade ou erro material, e desde que o
suprimento ou a correção impliquem em significativa modificação da decisão
embargada" (TJSC, Embargos de Declaração n. 0305095-45.2018.8.24.0039, de Lages,
rel. Des. Salim Schead dos Santos, Primeira Câmara de Direito Comercial, j. 30-01-
2020).

A fim de bem aclarar o tema, importa trazer lições da doutrina do que se


deve entender por contradição e omissão abarcadas pelo recurso em questão, ao dispor:
A contradição atacável pelos embargos de declaração é marcada pelo
antagonismo de proposições, ou seja, em premissas impossíveis de se
manterem unidas. Por tal passo, haverá contradição quando dentro da decisão
forem encontradas premissas inconciliáveis entre si, uma capaz de superar a
outra.
[...] será considerada omissão para efeito dos embargos de declaração a não
análise de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício
ou a requerimento. (...) A omissão também será vislumbrada nas hipóteses
em que o pedido é julgado sem análise (total ou parcial) dos fundamentos
trazidos pelas partes ou quando, embora tenha examinado toda a
fundamentação, o julgador deixa de resolver a questão na parte dispositiva.
(WAMBIER, Tereza Arruda Alvim. Breves Comentários ao Novo Código de
Processo Civil, 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 2527-2530).

Nesse sentido, passa-se a dispor sobre as referidas contradições, omissões e


obscuridades verificadas no acórdão recorrido para que sejam corrigidas:

3.1 DAS OMISSÕES, CONTRADIÇÕES, OBSCURIDADES E


PREQUESTIONAMENTO

Opõem-se os presentes embargos de declaração para que sejam sanadas as


omissões, contradições e obscuridades do acórdão recorrido, especialmente nos
fundamentos apresentados para manter a sentença de improcedência dos pedidos
autorais, sob o fundamento de legitimidade de cobrança de coparticipação da Autora em
seu tratamento oncológico, por suposta previsão clara e destacada de tal contrapartida
no contrato firmado entre as partes, sem, contudo, especificar de que forma que o
procedimento de tratamento de câncer da Autora estaria previsto nos procedimentos
passíveis de cobrança de coparticipação da cláusula 10 do contrato firmado entre as
partes, assim como ausência de manifestação quanto a violação aos artigos 6º, III, 39, V,
46, 47, e 54, § 4º, todos do Código de Defesa do Consumidor, ao artigo 16, VIII, da Lei
n. 9.656/98, e ao artigo 113 do Código Civil.

Consoante se extrai do acórdão embargado, a improcedência dos pedidos


autorais foi confirmada sob o fundamento de que o contrato firmado pelas partes “prevê
de forma clara e inteligível, na cláusula 10, que as consultas e sessões realizadas por
profissionais de saúde, em regime ambulatorial, estarão sujeitos à cobrança de
coparticipação no valor de 50% da Tabela de Referência editada pela operadora”,
assim disposto:
“CLÁUSULA 10ª - MECANISMOS DE REGULAÇÃO
Para realização das coberturas assistenciais contratadas, os beneficiários
devem observar os mecanismos de regulação adotados pela CONTRATADA
para gerenciar e regular a demanda de utilização de serviços prestados.
Observando ainda, as atualizações estabelecidas em normativos da Agência
Nacional de Saúde Suplementar, vigentes na data do evento.
I – Coparticipação
É a participação financeira na despesa assistencial, a título de fator
moderador, a ser paga pelo beneficiário após a realização dos
procedimentos e cobrada em conjunto com a mensalidade do plano de
saúde. A coparticipação incidirá sobre todos os serviços/procedimentos:
a) consulta de puericultura, demais consultas médicas em consultório e
pronto socorro;
b) exames e procedimentos de diagnose, realizados em consultórios médicos,
clínicas, laboratórios e hospitais em regime ambulatorial, incluindo
materiais, medicamentos, honorários e taxas relacionadas à execução do
exame;
c) consultas/sessões realizadas por profissionais de saúde, previstas no Rol
de Procedimentos e Eventos em Saúde da ANS, vigentes à época do evento,
tais como: fisioterapia, acupuntura, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional,
psicólogo, nutricionista e psicoterapia, realizadas em regime ambulatorial,
incluindo materiais, medicamentos, honorários e taxas relacionadas à
execução dos procedimentos
Parágrafo Primeiro. A coparticipação será de 50% (cinquenta por cento)
sobre os valores constantes da Tabela de Referência de Coparticipação da
CONTRATADA, vigente na data do atendimento, observado o limite máximo
de R$ 300,00 (trezentos reais) por serviço/procedimento realizado.
Parágrafo Segundo. Os valores constantes na Tabela de Referência de
Coparticipação da CONTRATADA e respectivos limites máximos serão
reajustados anualmente, conforme condições estabelecidas na Cláusula de
Reajuste.
Parágrafo Terceiro. Sempre que houver uma atualização do rol de
procedimentos e eventos em saúde, publicada pela Agência Nacional de
Saúde Suplementar, e forem inclusos procedimentos e/ou medicamentos não
listados acima e também não contemplados no rol anterior, incidirá a
cobrança de coparticipação sobre as novas coberturas incluídas.
Parágrafo Quarto. A inadimplência dos valores apurados a títulos de
coparticipação sujeitará o CONTRATANTE às mesmas penalidades
impostas à inadimplência das mensalidades" (Evento 1, CONTR4, p. 31).

Ocorre que referida justificativa está disposta de forma genérica no acórdão,


eis que em análise da cláusula 10ª do contrato entabulado entre as partes, fica evidente
que os procedimentos ali descritos como passíveis de cobrança de coparticipação NÃO
GUARDAM A MÍNIMA RELAÇÃO COM OS PROCEDIMENTOS OBJETO DOS
AUTOS, conquanto sequer trata de procedimentos/tratamentos médicos como os
realizados no tratamento oncológico da Autora, mas sim exclusivamente daqueles
procedimentos realizados por outros profissionais de saúde que não guardam
relação com o tratamento da Autora.

Dessa forma, denota-se que a improcedência dos pedidos autorais foi


fundamentada em suposta previsão contratual da coparticipação no tratamento
oncológico da Autora. Entretanto, é cristalino que referido dispositivo contratual
utilizado como fundamento da legitimidade da cobrança do mecanismo de regulação,
não abarca o procedimento/tratamento médico demandado pela Autora (tratamento
oncológico), mas sim procedimentos realizados por outros profissionais de saúde,
não havendo, portanto, autorização para a cobrança de coparticipação da Autora
em seu tratamento contra o câncer, devendo ser esclarecido tal ponto através do
julgamento do corrente recurso.

Como já debatido, é cediço que referida cláusula do mecanismo de


regulação deve ser interpretada de forma restritiva, possibilitando a cobrança de
coparticipação apenas aos serviços expressamente nela listados, sob pena de violação
ao dever de informação de que trata o artigo 6º, VIII, artigo 46, e artigo 54, § 4º, todos
do Código de Defesa do Consumidor, e artigo 16, VIII, da Lei dos Planos de Saúde (Lei
n. 9656/98), acarretando na exigência de vantagem manifestamente excessiva, conforme
artigo 39, V, do Código de Defesa do Consumidor, os quais aponta-se para fins de
prequestionamento.
Um contrato de plano de saúde não pode usar termos e cláusulas vagas, para
depois surpreender o consumidor com cobranças inesperadas, em especial, no seu
momento de maior necessidade.

Importa destacar que durante mais de 1 (um) ano do tratamento oncológico


da Autora/Apelante, a Ré o custeou integralmente (desde maio de 2022), somado a
resposta dada a consumidora de que o tratamento quimioterápico não incidiria cobrança
de coparticipação, bem como a completa ausência de previsão contratual de incidência
de coparticipação no tratamento de câncer, gerou na Autora uma expectativa de que seu
tratamento oncológico seria custeado integralmente pela Cooperativa Ré.

Porém, a partir da fatura de agosto/2023, de forma injustificada, passou a


cobrar o importe de 50% sobre o tratamento oncológico a título de coparticipação,
fazendo-se imperiosa a aplicação da regra do artigo 113 do Código Civil, ignorado no
acórdão combatido, os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e
os usos do lugar de sua celebração, devendo lhe ser atribuído o sentido que for
confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio e for
mais benéfico à parte que não redigiu o contrato, dispositivo que também se
questiona para fins de prequestionamento.

Neste sentido, é o entendimento da jurisprudência:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. PLANO DE SAÚDE.


MEDICAMENTO ANTINEOPLÁSICO. COBRANÇA DE
COPARTICIPAÇÃO. AUSÊNCIA DE CLÁUSULA CLARA E
EXPRESSA. REPETIÇÃO SIMPLES DOS VALORES. I. O
CONTRATO DE PLANO DE SAÚDE ESTÁ SUBMETIDO ÀS NORMAS
DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. NESTAS
CIRCUNSTÂNCIAS, O ART. 47, DO CDC, DETERMINA QUE AS
CLÁUSULAS CONTRATUAIS SERÃO INTERPRETADAS DE
MANEIRA MAIS FAVORÁVEL AO CONSUMIDOR. IGUALMENTE,
DEVE INCIDIR O DISPOSTO NO ART. 51, IV, § 1°, II, DO CDC,
SEGUNDO O QUAL É NULA A CLÁUSULA QUE ESTABELEÇA
OBRIGAÇÕES CONSIDERADAS INÍQUAS, QUE COLOQUEM O
CONSUMIDOR EM DESVANTAGEM. II. CONSIDERANDO O
DISPOSTO NO ART. 16, VIII, DA LEI Nº 9.656/98, RESTOU
PACIFICADO PELO EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
QUE NÃO HÁ ILEGALIDADE OU ABUSIVIDADE NA CLÁUSULA
QUE AUTORIZA A COBRANÇA DE COPARTICIPAÇÃO FINANCEIRA
NOS CONTRATOS DE PLANO DE SAÚDE, SEJA EM PERCENTUAL
SOBRE O CUSTO DO TRATAMENTO, SEJA EM MONTANTE FIXO,
DESDE QUE FIGURE DE FORMA CLARA E EXPRESSA A
OBRIGAÇÃO PARA O CONSUMIDOR NO CONTRATO E NÃO
INVIABILIZE O ACESSO AO SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA À
SAÚDE SUPLEMENTAR. III. NO CASO EM EXAME, CONTUDO,
VERIFICA-SE QUE O CONTRATO DE PLANO DE SAÚDE
FIRMADO ENTRE AS PARTES NÃO PREVÊ EXPRESSAMENTE A
COBRANÇA DE COPARTICIPAÇÃO SOBRE MEDICAMENTO
ORAL PARA TRATAMENTO DE CÂNCER. IV. PORTANTO, À LUZ
DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E DA LEI N° 9.656/98,
DESCABE A COBRANÇA DE COPARTICIPAÇÃO SOBRE O
MEDICAMENTO INDICADO PELO MÉDICO ASSISTENTE DA
PARTE AUTORA, DEVENDO A RÉ SUPORTAR INTEGRALMENTE
O TRATAMENTO POSTULADO. V. É DEVIDO O REEMBOLSO
DOS VALORES COBRADOS À TÍTULO DE COPARTICIPAÇÃO
SOBRE O TRATAMENTO ATÉ ENTÃO REALIZADO PELA PARTE
AUTORA, [...] APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. (Apelação
Cível, Nº 50050221820228210132, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Jorge André Pereira Gailhard, Julgado em: 28-06-2023).

Dessa forma, diante da ausência de expressa previsão contratual da


incidência de coparticipação para tratamentos oncológicos/antineoplásicos
(medicamentos, materiais, procedimentos, quimioterapia e correlatos), mostram-se
abusivos e ilegais os atos praticados pela Cooperativa Médica Ré/Apelada de passar a
exigir da Autora/Apelante o pagamento de coparticipação como condicionante para dar
continuidade a seu tratamento contra o câncer.

Diante disso, requer-se, nos termos do artigo 1.022 do Código de Processo


Civil, sejam supridas as omissões, contradições e obscuridades do acórdão recorrido, no
que tange ao referido dispositivo contratual (cláusula 10ª do contrato firmado pelas
partes), utilizado como fundamento da legitimidade da cobrança do mecanismo de
regulação, o qual, no entanto, não abarca o procedimento/tratamento médico
demandado pela Autora (tratamento oncológico), mas sim procedimentos realizados
por outros profissionais de saúde, não havendo, portanto, autorização para a
cobrança de coparticipação da Autora em seu tratamento contra o câncer, de
modo a alterar a decisão embargada para julgar procedentes os pedidos autorais.

Outrossim, para fins de prequestionamento, nos termos da fundamentação,


requer-se seja manifestado quanto a violação aos artigos 6º, III, 39, V, 46, 47, e 54, § 4º,
todos do Código de Defesa do Consumidor, ao artigo 16, VIII, da Lei n. 9.656/98, e ao
artigo 113 do Código Civil.

4. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, a Embargante requer o conhecimento e provimento dos


presentes embargos para suprir as omissões, contradições e obscuridades apontadas do
acórdão do Evento 14, para:

a) no que tange ao referido dispositivo contratual (cláusula 10ª do contrato


firmado pelas partes), utilizado como fundamento da legitimidade da cobrança do
mecanismo de regulação, o qual, no entanto, não abarca o procedimento/tratamento
médico demandado pela Autora (tratamento oncológico), mas sim procedimentos
realizados por outros profissionais de saúde, não havendo, portanto, autorização para
a cobrança de coparticipação da Autora em seu tratamento contra o câncer, alterar a
decisão embargada para julgar procedentes os pedidos autorais; e

b) fins de prequestionamento, nos termos da fundamentação, requer-se seja


manifestado quanto a violação aos artigos 6º, III, 39, V, 46, 47, e 54, § 4º, todos do
Código de Defesa do Consumidor, ao artigo 16, VIII, da Lei n. 9.656/98, e ao artigo 113
do Código Civil.

Nestes Termos,
Pede e Espera Provimento.

Criciúma/SC, 9 de setembro de 2024.

DIEGO PACHECO VALENTIN LUCAS DE AGUIAR POSSAMAI


OAB/SC 48.492 OAB/SC 59.297

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