Contos Clarice Lispector
Contos Clarice Lispector
Contos Clarice Lispector
Entendendo o conto:
Crônica social
Clarice Lispector
Era um almoço de senhoras. Não só a anfitrioa como
cada convidada parecia estar satisfeita por tudo estar
saindo bem. Como se houvesse sempre o perigo de
subitamente revelar-se que aquela realidade de garçons
mudos, de flores e de elegância estava um pouco acima
delas - não por condição social, apenas isso: acima
delas. Talvez acima do fato de serem simplesmente
mulher e não apenas senhoras. Se todas tinham direito a
esse ambiente, pareciam no entanto recear o momento
da gafe. Gafe é a hora em que certa realidade se revela.
O almoço estava bem servido, inteiramente longe da
ideia de cozinha: antes da chegada das convidadas
haviam sido retirados todos os andaimes.
O que não impediu que cada uma tivesse que
perdoar um pequeno detalhe, a bem dessa entidade: o
almoço. O detalhe a perdoar de certa mente no seu
penteado, o que lhe dava um desses sobressaltos que
pressagiam catástrofe. Havia dois garçons. O que servia
esta senhora ficou-lhe invisível o tempo todo. E não se
acredita que ele tivesse visto o rosto dessa senhora.
Sem a possibilidade de se conhecerem jamais, suas
relações se estabeleciam através de periódicos toques
no penteado. E ele sentia. Através do penteado sentia-se
ATIVIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA
Entendendo o texto
Não temos sido ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para
que no fim do dia possamos dizer “pelo menos não fui tolo”, e assim
não chorarmos antes de apagar a luz.
Temos tido a certeza de que eu também e vocês todos também, e
por isso todos sem saber se amam.
Temos sorrido em público do que não sorrimos quando ficamos
sozinhos.
Temos chamado de fraqueza a nossa candura.
Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo.
E a tudo isso temos considerado a vitória nossa de cada dia…
Entendendo o texto
pela casa toda com um chinelo na mão, até pegar uma e bate
com o chinelo em cima até ela morrer. Tenho pena das baratas
porque ninguém tem vontade de ser bom com elas. Elas só são
amadas por outras baratas. Não tenho culpa: quem mandou
elas virem? Eu só convido os bichos que eu gosto. E, é claro,
convido gente grande e gente pequena.
Sabem de uma coisa? Resolvi agora mesmo convidar
meninos e meninas para me visitarem em casa. Vou ficar tão
feliz que darei a cada criança uma fatia de bolo, uma bebida
bem gostosa, e um beijo na testa.
Outro bicho natural de minha casa é... adivinhem!
Adivinharam? Se não adivinharam não faz mal, eu digo a
vocês. O outro bicho natural de minha casa é a lagartixa
pequena. São engraçadas e não fazem mal nenhum. Pelo
contrário: elas adoram comer moscas. E mosquitos, e assim
limpam minha casa toda. [...]
O que eu não entendo é o paladar horrível que a lagartixa
tem por moscas e mosquitos. Mas é claro: como não sou
lagartixa, não gosto de coisas que ela gosta, nem ela gosta de
coisas que eu gosto. [...]
Agora vou falar de bichos convidados, igual ao meu
convite para vocês. Às vezes não basta convidar: tem-se que
comprar.
Por exemplo, convidei dois coelhos para morar com a
gente e paguei um dinheiro ao dono deles. Coelho tem uma
história muito secreta, quero dizer, com muitos segredos.
Eu até já contei a história de um coelho num livro para
gente pequena e para gente grande. Meu livro sobre coelhos
se chama assim: O Mistério do Coelho Pensante. Gosto muito
de escrever histórias para crianças e gente grande. Fico muito
contente quando os grandes e os pequenos gostam do que
escrevi.
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