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Poesia Trovadoresca - Português 10º Ano

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POESIA – CANTIGAS

 CANTIGAS DE AMOR

As cantigas de amor são composições poéticas medievais, originalmente influenciadas


pelos trovadores da Provença, em que o sujeito poético um homem que expressa os
seus sentimentos por uma dama de elevado estatuto social (nobreza), seguindo regras
específicas do elogio cortês.

 Elogio Cortês
Conjunto de regras que devem ser seguidas em todas as cantigas de amor,
principalmente por codificarem a forma com o amado deve tratar a ama.

 Idealização da Mulher
A dama, designada frequentemente por “senhor”, é uma mulher absolutamente

idealizada e sublimada pela sua beleza e elevação moral, mas muito raramente

descrita fisicamente. Falamos, assim, de um amor espiritual.

 A Vassalagem Amorosa
O sujeito poético vai exprimir a sua devoção pela “senhor”, colocando-se numa posição
semelhante à de um vassalo feudal, servindo-a com a diligência e fidelidade absolutas
com que um vassalo deve servir o suserano.

O amor cortês é regido por códigos e formas de comportamento específicos, que


determinam as relações: o amador sabe que o seu amor pela “senhor” nunca se
consumara, visto que ela é inalcançável (e, geralmente, era uma mulher casada).

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 Representação do Amor
Tanto este amor como a forma como é descrito são marcados por um forte
convencionalismo. A “mesura” representa a regras de sigilo, discrição e contenção que
o amador tem de cumprir ao dirigir-se à “senhor” e na relação que com ela estabelece.

Nota: as cantigas de amor, geralmente, dão-se num ambiente cortesão ou palaciano,


devido do fato de a “senhor” ser sempre uma mulher da nobreza.

 Coita de Amor
Como o sujeito lírico não é correspondido no seu sentimento, chegando mesmo a ser
ignorado pela “senhor”, as cantigas de amor têm geralmente a forma de um lamento
triste.

A “coita” ou sofrimento amoroso que o “eu” sente é insustentável, podendo mesmo


chegar a afirmar que o amor o levará a loucura, ou até mesmo à morte, mas tudo vale
a pena por amar a sua “senhor”.

O sentimento que surge desta relação é marcado pela tensão entre opostos: o amor
traz dor e prazer ao sujeito poético, que tanto deseja morrer, como viver.

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CANTIGAS DE AMIGO

As cantigas de amigo fazem parte da poesia tradicional peninsular medieval, não tendo
sofrido muita influência das cantigas provençais. Nestas composições poéticas, o
sujeito lírico é uma donzela, que escreve sobre o amor que sente pelo seu “amigo”.

Caracterizam-se especialmente por fenómenos de paralelismo, com repetição de


estrofes, palavras ou versos, sendo também frequente o uso de refrões.

 Paralelismo
Consiste na repetição de versos numa sequência específica (com um refrão), apenas
com substituição das palavras em posição de rima, mas mantendo o sentido original,
com a transposição de palavras ou repetição de conceitos para alcançar esse objetivo.

 Paralelismo Perfeito
Num poema que apresente paralelismo perfeito, o número de estrofes ou coblas deve
ser par:

 O primeiro dístico do par emparelha com o segundo dístico, mantendo a


substituição dos finais de verso.

Também é notável o encadeamento das estrofes através do processo de leixa-pren, isto


é, começar cada estrofe repetindo o último verso de uma estrofe anterior, como se
fosse uma cantiga à desgarrada:

 No terceiro dístico, o primeiro verso retoma o segundo verso do primeiro


dístico, acrescentando um verso novo;
 O quarto dístico retoma o segundo verso do segundo dístico e repete, com
variação, o segundo verso do terceiro dístico, e assim sucessivamente.

Nota: A progressão de pensamento verifica-se apenas no 2º verso das coblas ímpares!

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 Relação com a Natureza
A Natureza é um tema fulcral das cantigas de amigo, assumindo diversas funções e
diferentes valores:

 Confidência Amorosa
A donzela partilha com um confidente o amor que sente pelo amigo; pode fazê-lo para
pedir um conselho ou ajuda, para exprimir alegria, tristeza ou até ansiedade.

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 Variedade do sentimento amoroso
As cantigas de amigo representam diferentes sentimentos das jovens enamoradas, que
correspondem a momentos diferentes da relação entre elas e os seus amados.

O amor que a donzela exprime ao amigo pode assumir várias facetas e despertar
diferentes efeitos na personagem feminina.

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CANTIGAS DE ESCÁRNIO E MALDIZER
A poesia satírica trovadoresca tem objetivos sociais e lúdicos, visando denunciar certos
costumes da sociedade. Inclusivamente, permitem-nos aceder às vivências do
quotidiano medieval: são documentos históricos.

O recurso ao cómico associa-se a essa crítica social, para a tornar mais divertida,
mordaz e incisiva. São usadas caricaturas e tipos representativos da sociedade, mas
também assistimos a críticas individuais e subjetivas.

A linguagem utilizada nas cantigas de escárnio e maldizer é rica e complexa, com uso
de ironias, hipérboles e metáforas.

 Dimensão Satírica – Paródia do amor cortês


Estas composições também podem ser conhecidas por "escárnios de amor”, por
inverterem os códigos do amor cortês, parodiando-los e ridicularizando os principais
tópicos da lírica trovadoresca.

É, assim, um contragénero da cantiga de amor.

 A Crítica de Costumes
As cantigas de escárnio e maldizer criticam aspetos circunstanciais e anedóticos da vida
da corte, bem como polémicas entre trovadores e jograis, problemas sociais ou outros
acontecimentos histórico-políticos e militares.

Em geral, abordam a decadência generalizada dos costumes na sociedade medieval,


sempre de maneira jocosa e divertida.

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