Estudo Elias
Estudo Elias
Estudo Elias
SENHOR, Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho
nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra.
2 - Depois, veio a ele a palavra do SENHOR, dizendo:
3 - Vai-te daqui, e vira-te para o oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite,
que está diante do Jordão.
4 - E há de ser que beberás do ribeiro; e eu tenho ordenado aos corvos que ali te
sustentem.
5 - Foi, pois, e fez conforme a palavra do SENHOR, porque foi e habitou junto ao
ribeiro de Querite, que está diante do Jordão,
6 - E os corvos lhe traziam pão e carne pela manhã, como também pão e carne à
noite; e bebia do ribeiro.
7 - E sucedeu que, passados dias, o ribeiro se secou, porque não tinha havido
chuva na terra.
Elias, cujo nome significa “Jeová é Deus” foi chamado por Deus para o ministério
profético, em um dos piores períodos da história de Israel. Período este, marcado
por crise, fome, miséria, corrupção e apostasia. Mas, em meio à crise moral, social
e espiritual, Deus pôde contar com a coragem e a determinação de Elias, para ser
seu porta-voz.
Elias foi profeta do Reino do Norte, nos reinados de Acabe e do seu filho Acazias.
Ele desafiou o povo a fazer uma escolha definitiva entre seguir a Deus ou a Baal.
Os israelitas achavam que podiam adorar o Deus verdadeiro e ao mesmo tempo
adorar a Baal. Eles tinham o coração dividido e por esta razão queriam servir a dois
senhores. Jesus, durante o seu ministério terreno advertiu contra essa atitude
fatal: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o
outro ou se dedicará a um e desprezará o outro” (Mt 6:24).
DEUS usa homens que não se misturam e nem seguem os padrões do mundo
Elias era um professor de profetas na escola de profetas que diferenciava muito de
nossas alunos pois ali se estudava a palavra de DEUS, mas também se jejuava
muito, se orava muito e se buscava a comunhão e a intimidade com DEUS.
Não existe presença de DEUS sem sacrifício.
Não se ministra milagres e nem se confia na confirmação de DEUS de nosso
ministério sem os três ingredientes principais de um verdadeiro profeta de DEUS -
Jejum, oração, estudo da Palavra de DEUS.
Elias dava a impressão de viver separado da sociedade, mas não é verdade, Elias
era super conhecido pelos alunos da escola de profetas e por Acabe e Jezabel, era
conhecido e reconhecido por todos como profeta de DEUS. Não participar de festas
e nem de reuniões com descrentes ou com apóstatas é importante para que se
possa ser um legítimo instrumento de DEUS.
A Igreja tem colocado seus profetas em último lugar no ministério, tem procurado
calar a voz de DEUS no meio da Igreja, principalmente por temer a revelação das
falcatruas ocultas de seus líderes e também não são reconhecidos para que não
sejam sustentados pela Igreja.
Na época de Elias o governo gastava fortuna para sustentar seus 400 profetas de
baal e mais uma multidão de profetas de Asera e de outros deuses como Moloque.
O dinheiro que vinha de impostos estava sendo usado para financiar a religião
oficial do governo (Acabe e Jezabel) e não para ajudar aos pobres e necessitados.
Elias foi profeta do Reino do Norte, nos reinados de Acabe e do seu filho Acazias.
O nome Elias, que significa "o Senhor é meu DEUS", fala da convicção inabalável
que destacou esse profeta (18.21,39). Os fatos principais da sua vida acham-se em
1 Rs 17-19; 21.17-29; 2 Rs 1-2.
(1) A vida de Elias girou em torno do conflito entre a religião do Senhor e a religião
de Baal. Sua missão era levar os israelitas a reconhecerem sua apostasia e
reconduzi-los à fidelidade ao DEUS de Israel (18.21,36,37). Elias era pois um
restaurador e um reformador, empenhado em restabelecer o concerto entre DEUS
e Israel.
(2) O AT no seu final, registra a profecia que Elias reaparecerá "antes que venha o
dia grande e terrível do SENHOR" (Ml 4.5); esta profecia cumpriu-se parcialmente
em João Batista (Mt 11.7-14; Lc 1.17) e poderá ter um cumprimento futuro antes da
volta de CRISTO ( Mt 17.11; Ap 11.3-6; Ap 11.3).
(3) A fidelidade inabalável de Elias a DEUS e ao seu concerto, faz dele para todo o
sempre, um exemplo de fé, destemor e lealdade a DEUS, ante intensa oposição e
perseguição, e um exemplo de resoluta persistência em opor-se às falsas religiões
e aos falsos profetas.
Em 1Rs 17.1 NEM ORVALHO NEM CHUVA HAVERÁ. Elias, na qualidade de
mensageiro de DEUS, pronunciou uma palavra de juízo da parte do Senhor contra
a nação rebelde de Israel. DEUS ia reter a chuva durante três anos e meio ( Dt
11.13-17). Esse juízo humilhava Baal, pois seus adoradores criam que ele
controlava a chuva e que era responsável pela abundância nas colheitas. O NT
declara que essa seca em Israel resultou das ferventes orações de Elias (Tg 5.17).
Em 1Rs 17.4 EU TENHO ORDENADO AOS CORVOS QUE ALI TE SUSTENTEM.
DEUS sustentou Elias junto ao ribeiro Querite, porque esse profeta tomara posição
firme ao lado de DEUS contra a apostasia do povo (vv. 3-7; Sl 25.10). Assim,
como Elias sustentou a luta pela causa de DEUS, o Senhor cuidaria agora da sua
causa, i.e., sua subsistência ( Sl 68.19,20).
Em 1 Rs 17.7 O RIBEIRO SE SECOU. Quando o ribeiro se secou, DEUS dirigiu
Elias a ir a uma terra pagã, habitada por adoradores de Baal, e ali DEUS o
sustentou através de uma viúva pobre (v. 9). Tal experiência reforçou ainda mais a
confiança que Elias tinha na providência divina. Às vezes nos surgem
adversidades, mesmo quando estamos na vontade de DEUS. Em meio a
experiências deste tipo, DEUS poderá nos assistir de uma maneira diferente e
maravilhosa, além do que podemos esperar.
Em 1Rs 17.15 E ASSIM COMEU ELA... E A SUA CASA MUITOS DIAS. DEUS
estava atento às necessidades e aflições de uma viúva pobre. Ele enviou Elias para
fortalecer-lhe a fé e trazer-lhe bênçãos materiais no momento em que ela julgava
que tudo estava perdido (v. 12). A fé que essa viúva tinha em DEUS e na sua
palavra, através do profeta Elias, levou-a a permutar o certo pelo incerto, e o visível
pelo invisível (vv. 10-16; Hb 11.27). A viúva crente recebeu do profeta de DEUS,
não somente uma bênção material, como também uma bênção espiritual.
Em 1Rs 17.17 O FILHO... NELE NENHUM FÔLEGO FICOU. Aqui ficamos
perplexos ante um dos mistérios mais intrincados da vida. Precisamente no
momento em que DEUS, por um milagre, estava a prover farinha e azeite, surgiram
aflição e tristeza. Às vezes, enfermidade ou tragédia ainda maior pode ocorrer à
quem está fazendo a vontade de DEUS e grandemente ocupado na obra do seu
reino.
Em 1Rs 17.22 O SENHOR OUVIU A VOZ DE ELIAS. DEUS restaurou a vida do
menino em resposta à oração de Elias. Este é o primeiro caso bíblico de alguém
ressuscitado dentre os mortos (2 Rs 4.34; At 20.10). Os três milagres relatados no
cap. 17 manifestam notavelmente a glória e o amor de DEUS. Demonstraram a
Elias e à viúva que, no meio de circunstâncias trágicas, o poder e o amor de DEUS
estão em evidência a favor daqueles que o amam e que são chamados segundo o
seu propósito (ver Rm 8.28).
Em 1Rs 20.35 FILHOS DOS PROFETAS. Trata-se dos discípulos dos profetas, que
eram ensinados pelos profetas de mais idade e de renome, tais como Eliseu ( 2 Rs
2.3,5,7,15; 4.1,38; 5.22; 6.1; 9.1). Eles estavam sempre com o profeta-dirigente,
opunham-se à adoração a Baal e promoviam a obediência e fidelidade ao Senhor
DEUS. Eles profetizavam mediante o poder do ESPÍRITO e, deste modo, tornaram-
se conhecidos.
Em 2Rs 2.3 FILHOS DOS PROFETAS. Os filhos dos profetas (ver 1 Rs 20.35) pelo
que parece, concentravam-se em três locais principais: Gilgal, Betel e Jericó
(2.3,5,15; 4.38). DEUS, por certo, enviou Elias a esses locais a fim de encorajá-los
pela última vez e lhes anunciar que Eliseu seria o seu novo dirigente (vv. 1,15).
Em 2Rs 2.11,12 UM CARRO DE FOGO, COM CAVALOS DE FOGO. Elias foi
levado ao céu assim como Enoque (Gn 5.24), sem experimentar a morte. (1) O
traslado milagroso de Elias ao céu foi o selo divino da aprovação com destaque, da
obra, caráter e ministério desse profeta. Elias permanecera em tudo fiel à palavra
de DEUS no decurso de todo o seu ministério. Até ao último momento, vivera em
prol da honra de DEUS, tomara posição firme contra o pecado e a idolatria de um
povo apóstata e despertara o remanescente fiel de Israel. Teve uma comitiva
magnífica para conduzi-lo em triunfo ao céu. (2) A trasladação de Enoque e de
Elias assemelha-se ao arrebatamento futuro do povo fiel de DEUS, à segunda
vinda de CRISTO (1 Ts 4.16,17).
II .A BIOGRAFIA DE ELIAS
1. Elias, o tisbita
- Da forma abrupta como Elias é apresentado no texto sagrado, ficamos a saber tão
somente que o profeta é natural de Tisbe, sendo dos moradores de Gileade. Esta
informação, além de escassa, traz uma série de problemas aos estudiosos da
Bíblia, visto que a única menção que se faz desta cidade é no livro apócrifo de
Tobias, onde é dito que se tratava de uma cidade que se situava na tribo de Naftali,
na região da Galiléia, enquanto que o texto sagrado diz que Elias era “dos
moradores de Gileade”, ou seja, alguém que morava na região daquém do Jordão,
pertencente à meia-tribo de Manassés e à tribo de Gade (Js.13:24,25,30,31).
Assim, ficamos sem saber se Elias morava em Gileade, tendo sido natural de Tisbe
de Naftali ou se era de uma cidade chamada Tisbe que ficasse do outro lado do
Jordão, na região de Gade ou da meia-tribo de Manassés. Flávio Josefo, o grande
historiador judeu, parece concordar com a idéia de que se tratava de uma cidade
de Gileade que se chamava Tisbe, enquanto que a Septuaginta chama a cidade de
“Tisbe da Galiléia”, acolhendo a outra versão.
- Além do local de onde vem Elias, e que já dá margem a controvérsias, sobre Elias
ficamos apenas a saber que se tratava de pessoa que tinha um traje característico,
diferente daqueles usados pelas pessoas de seu tempo, tanto que bastava a
descrição desta vestimenta para identificá-lo, a saber: “…um homem vestido
de pelos e com os lombos cingidos de um cinto de couro…” ( II Rs.1:8). Isto nos dá
a entender que Elias deveria ter uma vida mais ou menos retirada da comunidade,
uma espécie de “eremita” no deserto, o que, aliás, inspirou algumas ordens
religiosas cristãs, notadamente a ordem dos “carmelitas”, que se inspiraram em
Elias para construir a sua vida monástica.
- No entanto, embora Elias demonstre, pelos seus trajes e pela forma repentina
com que se apresenta na história sagrada, que deveria viver um tanto quanto
retirado da comunidade, não é correto dizer que haja respaldo bíblico para dizer
que vivia isolado dos demais homens do seu tempo. Pelo que podemos observar
do texto sagrado, percebemos que Elias tinha uma relação bem próxima aos
chamados “filhos dos profetas”, ou seja, aos jovens que se dedicavam ao estudo da
Palavra de Deus e a uma vida de serviço ao Senhor nas “escolas de profetas”, cuja
origem remonta aos tempos de Samuel (I Sm.10:5; 19:20). Com efeito, as páginas
sagradas permitem-nos vislumbrar que Elias tinha um estreito relacionamento com
estes grupos (II Rs.2:2, 4), sendo até possível que Elias tenha sido uma figura
proeminente de tais grupos quando se apresentou ao rei Acabe, o que, aliás,
explicaria a facilidade com que tenha conseguido se apresentar ao rei.
- Elias não era uma pessoa que havia se misturado com as estruturas religiosas
desvirtuadas e contaminadas do reino de Israel. Nos dias de Elias, vivia Israel uma
situação espiritual extremamente difícil. O rei era Acabe, filho de Onri, o fundador
da terceira dinastia (família real) do reino de Israel, o reino do norte, o reino das dez
tribos que haviam se separado de Roboão, neto de Davi ( I Rs.12:16-25). Esta
terceira família reinante não se apartou do pecado de Jeroboão, o primeiro rei de
Israel (reino do norte), que havia criado um culto próprio, fazendo sacerdotes dos
mais baixos entre o povo, e levando o povo a adorar dois bezerros de ouro, um
situado em Dã e outro em Betel ( I Rs.12:26-33), tendo, além disso, Acabe se
casado com Jezabel, filha do rei de Sidom, que, ao se mudar para Israel, trouxe
com ela o culto a Baal, o deus da fertilidade dos fenícios, criando, assim, um culto
rival ao culto a Deus.
- Servir a Deus nestas circunstâncias não era nada fácil, pois, ou se adotava o culto
oficial do reino, criado no tempo de Jeroboão, idolátrico e totalmente desvirtuado
das prescrições da lei de Moisés ou, então, se aderia ao culto a Baal, trazido por
Jezabel e que alcançou grande popularidade. Isto explica o distanciamento físico
não só de Elias mas também dos filhos dos profetas, que não tinham espaço para,
com liberdade, servir a Deus em meio a estruturas sociais altamente desfavoráveis
a quem buscasse a presença do Senhor.
- Mas, ainda que possamos contemplar este distanciamento físico de Elias e dos
demais que serviam a Deus naquele tempo, devemos ter como lição para os
nossos dias deste comportamento do profeta não o distanciamento físico, mas, sim,
o distanciamento espiritual. Embora muitos tenham se inspirado em Elias para
tomar uma decisão de se apartar da sociedade a fim de servir a Deus, a lição que o
profeta nos deixa é bem outra: é a da separação do mundo espiritual, da separação
do pecado. Na nova aliança estabelecida por Jesus Cristo, não há espaço para
“eremitas”, para pessoas que saem da sociedade para servir a Deus mas, sim,
pessoas que, a exemplo de Jesus, estão completamente separadas do pecado,
mas vive no meio dos pecadores, para “…salvar alguns, arrebatando-os do fogo”
(Jd.23 “in initio”, isto é, a parte inicial do versículo). Jesus disse que não somos do
mundo, não podemos nos comprometer com ele (Jo.17:16), mas não pediu que do
mundo fôssemos tirados(Jo.17:15), porque é necessário que sejamos sal da terra e
luz do mundo (Mt.5:13,14).
- A outra lição que aprendemos com Elias, já neste instante em que ele surge nas
Escrituras, é de que devemos estar sempre comprometidos com o estudo da
Palavra de Deus, com a busca da presença de Deus. Elias tinha um carinho
especial com os “filhos dos profetas”, com aqueles que, em meio a um mundo tão
distante de Deus, dedicavam suas vidas para servir ao Senhor e informar-se a
respeito da Sua Palavra. Devemos ter este mesmo compromisso, devemos nos
aliar àqueles que têm este mesmo propósito. Ao nos reunirmos em classe, a cada
Escola Bíblica Dominical, pomos em prática este exemplo deixado por Elias e,
certamente, agradamos a Deus tanto quanto o profeta Lhe agradou no seu tempo.
- Elias surge no texto sagrado já desempenhando uma tarefa toda especial da parte
de Deus. As Escrituras sempre mostram Elias na execução de uma tarefa, no
desempenho de um encargo que lhe fora confiado pelo Senhor. Neste ponto, há
até um paralelo entre a forma como se narra a história de Elias e como Marcos, o
evangelista, narrou o ministério de Jesus, que, naquele livro, é apresentado como o
incansável servo do Senhor, como um homem de ações e de atitudes.
- Aliás, aqui é oportuno mostrar que, quando se diz que Elias foi determinado, que
nele era grande a determinação, estamos a utilizar a palavra “determinação” no seu
significado correto e prescrito nos dicionários de língua portuguesa, ou seja, “forte
inclinação a ser persistente no que se quer alcançar”. Assim, esta “determinação”
nada tem que ver com o que têm ensinado os defensores da chamada “doutrina da
confissão positiva”, entendida como uma “fé real”, uma “tomada de posse de
bênção”, uma “exigência ao inimigo para nos obedecer”. Elias jamais foi alguém
que tenha “determinado” neste sentido distorcido que nos é apresentado pelos
arautos da “confissão positiva”, mas uma pessoa “determinada”, ou seja, disposta a
persistir no cumprimento das ordens que lhe deu o Senhor.
- Elias simplesmente disse ao rei Acabe que não choveria nem haveria orvalho
enquanto ele não orasse a Deus neste sentido. Nesta primeira palavra de Elias já
se nota a missão que incumbiria ao profeta: mostrar que o Senhor era o verdadeiro
Deus e não Baal. Baal era uma divindade que se entendia ser a controladora da
natureza. A Baal se atribuía a fertilidade, ou seja, não só a reprodução dos animais,
mas também a produção agrícola. Por isso, Baal era tido como o responsável pelas
chuvas que permitiam as fartas colheitas e era costume entre os povos cananeus,
inclusive os fenícios, procurar agradar a Baal e ter pequenas estatuetas deste deus
e de Asera, a deusa da fertilidade, como forma de obter o favor deste deus e,
assim, prosperidade na colheita. Ao dizer que não choveria até que houvesse um
pedido do profeta a Deus, o Senhor está mostrando que é maior que Baal, que
Ele, e não esta falsa divindade, tinha o controle sobre a natureza.
- Assim que proferiu esta palavra ao rei, Elias foi orientado pelo Senhor para que
saísse dos termos de Israel e fosse para o ribeiro de Querite, que estava diante do
Jordão (I Rs.17:3). esta ordem divina tinha a ver com a proclamação dada por
Elias e que “…sem dúvida alguma, isso provocou uma tremenda agitação e a vida
de Elias começou a correr perigo…
- Elias, que até então, havia demonstrado dedicação a Deus, vivendo distanciado
fisicamente de uma sociedade ímpia e buscando a presença do Senhor,
juntamente com os “filhos dos profetas”, passa a ter a experiência da dependência
completa de Deus. Denunciar o pecado e anunciar o juízo divino não é uma tarefa
fácil e o serviço a Deus traz inevitável aborrecimento do mundo e dos pecadores.
Não pensemos nós que servir ao Senhor é alcançar popularidade, respeito e medo
dos ímpios, mas, bem ao contrário, é acirrar os ânimos das hostes espirituais da
maldade contra nós. Deus mandou que Elias fugisse e fosse até um ribeiro,
provavelmente situado na região de Gileade, para que ali ficasse protegido e não
sofresse os danos da seca que havia anunciado.
- Temos uma outra importante lição, qual seja, a de que Deus é o garantidor do
cumprimento da Sua Palavra. Certamente não foi fácil para Elias acatar a ordem
divina de desafiar o próprio rei, mas, ao fazê-lo, Deus, que bem sabia os riscos que
o profeta passava a correr, encarregou-Se de providenciar ao profeta proteção e
sustento, já que o juízo divino afetaria a própria subsistência do povo.
- Deus passou a sustentar o profeta que, junto a um ribeiro, onde havia água
necessária à sua sobrevivência, passou a ser alimentado por corvos, que lhe
traziam pão e carne pela manhã e pela noite (I Rs.17:6). Como diz o apóstolo
Paulo, “…Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias, e
Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes, e Deus
escolheu as coisas vis deste mundo e as desprezíveis, e as que não são, para
aniquilar as que são: para que nenhuma carne se glorie perante Ele” (I Co.1:27-29).
Como poderia Elias ser alimentado por corvos, animais que são conhecidos por
serem decompositores, ou seja, que se alimentam daquilo que está apodrecendo,
daquilo que está se desfazendo, e num momento em que passou a haver escassez
de alimentos? Como ser alimentado por um animal tão asqueroso, tão repugnante?
Entretanto, como disse o Senhor, havia sido dada uma ordem aos corvos para
alimentar o profeta e, ante a ordem divina, não há como haver recusa.
- Elias, toda manhã e toda noite, era servido pelos corvos, que, pontualmente,
cumpriam a ordem do Senhor. Deus, assim, mostrava, duas vezes ao dia, ao
profeta que estava no controle de todas as coisas, que toda a natureza estava sob
as Suas ordens. Era uma experiência singular para Elias, que tinha de enfrentar o
culto a Baal, apresentado como “deus da natureza”. Elias não só deveria saber
intelectualmente que Deus era o único Senhor, mas também precisaria vivenciar,
experimentar esta realidade. Muitas coisas por que passamos, ao longo da vida,
tem este objetivo da parte de Deus: fazer-nos vivenciar, experimentar quem é Deus
e qual é o Seu poder. Nunca nos esqueçamos de que, quando a Bíblia fala em
“conhecer a Deus”, não está se referindo ao significado grego, adotado por nós na
atualidade, de “domínio intelectual”, mas, sim, o de “ter intimidade”, “ter
experiência”. E, como diz Paulo, a experiência com Deus é o resultado da
paciência, que, por sua vez, é conseqüência da tribulação (Rm 5:3,4).
- Dia após dia, Elias era alimentado pelos corvos, mas a seca que anunciara já era
uma realidade. Por isso, dia após dia, as águas do ribeiro de Querite iam
minguando, até o momento em que o ribeiro secou. Deus continuava a agir na vida
de Elias, demonstrando que tinha o controle da situação, mas que estava a guardar
o profeta e só a ele. Os corvos vinham lhe trazer comida, mas o ribeiro se secava,
em cumprimento à palavra do profeta, que tudo dissera em nome do Senhor. Deus
tem compromisso com a Sua Palavra (Jr1:12) e não a invalidará, ainda que isto
representasse a proteção e o sustento dos Seus servos fiéis. Deus não precisa
invalidar a Sua Palavra para guardar os Seus!
- Quando o ribeiro secou, Deus, então, mandou que o profeta fosse para Zarefate,
cidade pertencente a Sidom, pois o Senhor havia ordenado a uma viúva que
sustentasse o profeta (I Rs.17:9). Vemos, aqui, que Deus, depois de mostrar que
tinha controle sobre a natureza, estava agora a mostrar ao profeta que também era
o controlador da humanidade e das estruturas sociais.
- Em primeiro lugar, Deus manda que Elias deixe a região de sua morada, a região
de Gileade, região que lhe era conhecida, para que fosse a uma terra estrangeira,
um lugar desconhecido, de outros costumes, onde o profeta não poderia se valer
de seus conhecimentos de vida. Tratava-se de mais um passo de fé que se exigia
do profeta, prova de que Elias havia galgado mais um patamar da vida espiritual.
Como diz o apóstolo Tiago, quanto mais nos chegamos a Deus, mais Ele Se chega
até nós (Tg.4:8). Entretanto, esta aproximação com Deus, que é sempre boa
(Sl.73:28), exige de cada um de nós um desprendimento cada vez maior. Quando
nos propomos a prosseguir no conhecimento de Deus (e conhecimento,
lembremos, na Bíblia é ter intimidade, ter experiência), mais nos envolveremos com
o Senhor e isto fará com que necessitemos confiar mais nEle. O profeta Oséias
ressalta esta realidade ao dizer que, quando iniciamos nosso conhecimento com
Deus, Ele nos aparece “como a alva”, ou seja, como a luz da aurora, que traz seu
brilho mas é, de certa forma, distante, mas, na continuidade deste conhecimento, o
Senhor “…virá a nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra” (Os.6:3
“in fine”), ou seja, já não estará mais distante, estará em nós, envolver-nos-á, como
a chuva da época da colheita, a chuva abundante, que tudo molhava, que embebia
e encharcava a terra.
- Deus, ao mandar que Elias deixasse sua região e fosse para uma terra
estrangeira, estava a mostrar que domina todas as sociedades, todos os povos,
que não é apenas um “deus nacional”, como se apresentava Baal-Mecarte, mas o
Senhor de toda a Terra (Ex.19:5; Sl.24:1).
- Em segundo lugar, ao mandar que Elias fosse para Zarefate, uma cidade sob o
domínio de Sidom, o Senhor dava mais uma demonstração de sua superioridade
em relação a Baal. Ora, Sidom era, precisamente, o reino que cultuava a Baal-
Mecarte. Jezabel era filha do rei de Sidom e, portanto, Deus iria providenciar, nas
próprias terras dedicadas a Baal, a sobrevivência do Seu profeta. Deus mostrava
que tinha domínio sobre todas as estruturas políticas do mundo, passando a
sustentar o Seu profeta na “terra do inimigo”. Por isso, não devemos temer “as
investidas do vil Tentador”, porque, mesmo neste mundo que repousa no colo do
diabo, quem tem o controle da situação é o nosso Deus. Aleluia!
- Em terceiro lugar, ao mandar que Elias fosse até o encontro de uma viúva, o
Senhor também estava a mostrar que tinha pleno controle sobre a situação sócio-
econômica das sociedades. Zarefate era uma cidade dominada por Sidom e, já por
isso, uma cidade modesta, certamente de parcos recursos, visto que as cidades
dominadas por outras eram tributárias, ou seja, deviam pagar pesadas somas
periodicamente a seus dominadores. Além do mais, tratava-se de uma viúva e as
viúvas, via de regra, eram pessoas necessitadas, que se encontram entre os mais
desprovidos de recursos econômico-financeiros, que viviam da caridade pública.
Entretanto, este Deus que escolhe as coisas loucas para confundir as sábias, fez
com que o profeta passasse a ser sustentado, na terra de Sidom, por uma viúva
miserável. A cada instante, Elias aprendia o significado do seu próprio nome: “Javé
é Deus”.
- Mas, as experiências com Deus ainda não haviam cessado. Baal, também, era
tido como o deus da saúde. Aliás, em Sidom, Baal era conhecido como Eshmun, o
deus da saúde. Deus deveria, pois, demonstrar não só a Elias, mas à própria viúva
de Zarefate, que Deus era o Senhor da saúde. Assim, o filho da viúva adoeceu,
doença que se agravou e que levou o filho da viúva à morte(I Rs.17:17). Apesar de
sustentada pelo poder do Deus dos hebreus, a viúva, ela própria uma gentia, não
hesitou em culpar o profeta pela morte de seu filho, como se fosse uma vingança
de Baal contra o fato de a viúva estar a acolher um israelita em sua casa.
- Desafiado pela viúva, o profeta demonstrou, uma vez mais, a sua fé. Pediu o
corpo do filho e o levou para o seu quarto, onde, em particular, clamou ao Senhor,
pedindo que se restituísse a vida ao morto. É interessante notar que, até este
instante, não havia qualquer relato de ressurreição de mortos em Israel. Elias será
o primeiro a fazer um milagre desta natureza, a revelar como estava alto o seu
nível espiritual, como estava a saber quem era Deus e do que Ele era capaz de
fazer. E a Bíblia nos diz que “o Senhor ouviu a voz de Elias e a alma do menino
tornou a entrar nele e reviveu” (I Rs.17:22). O resultado deste milagre foi o
reconhecimento, pela viúva, de que “Javé é Deus” e de que Elias era o Seu
legítimo profeta (I Rs.17:24).
- Ao se encontrar com Obadias, Elias fica a saber que o rei Acabe o havia
procurado em todos os lugares, a demonstrar, mais uma vez, que o Senhor o havia
escondido, o havia não só sustentado, mas também protegido (I Rs 18:10).
Também foi cientificado de que não era o único a ter obtido a proteção e sustento
da parte de Deus, que os profetas, aqueles com quem Elias tinha tanto cuidado,
também haviam sido guardados, pela mão de Obadias.
- O encontro entre Elias e Acabe bem mostra como não há comunhão entre a luz e
as trevas (II Co.6:14). Elias havia profetizado e a profecia se cumpria integralmente,
o que mostrava ser ele um profeta que vinha da parte de Deus (Dt 18:21,22).
Deveria, pois, o rei Acabe respeitá-lo, considerá-lo. Mas, pelo contrário, ao se
encontrar com Elias, o rei o chama de “o perturbador de Israel” (I Rs 18:17). Assim
é o mundo, assim são os ímpios: eles aborrecem os servos do Senhor,
consideram-nos um estorvo, um obstáculo, um empecilho. Jamais nos tratarão
bem, jamais reconhecerão a nossa santidade e a nossa condição de filhos de
Deus.
- Não nos iludamos, os homens sem Deus e sem salvação nunca nos darão valor,
nunca falarão bem de nós. São palavras do Senhor Jesus: “Se o mundo vos
aborrece, sabei que, primeiro do que a vós, me aborreceu a mim. Se vós fôsseis
do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas, porque não sois do mundo, antes
eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos aborrece” (Jo 15:18,19). Há
muitos que querem agradar aos homens, que se preocupam em ser “populares”,
“simpáticos”, “enturmados”, mas não cedamos a esta tentação. O servo de Deus
jamais será visto com simpatia pelo mundo pecador. Se, por um acaso, temos
querido popularidade e simpatia e a tenhamos alcançado, ouçamos o que diz o
Senhor: “Ai de vós quando todos os homens falarem bem de vós, porque assim
faziam seus pais aos falsos profetas!” (Lc 6:26).
- O profeta Elias, porém, não se abateu por causa desta ofensa, desta palavra
mentirosa do rei, como também não ficou preocupado pelo fato de o rei lhe ser
hostil (ninguém pense que este encontro se deu a sós. O rei, certamente, fazia-se
acompanhar de sua guarda pessoal, enquanto que Elias estava só). Antes, com
autoridade, disse que quem era o perturbador de Isael era o próprio rei, uma vez
que ele havia deixado os mandamentos do Senhor e seguido a Baal e,
devidamente orientado por Deus, lançou o desafio da reunião de todos no monte
Carmelo, a fim de que se demonstrasse quem é o verdadeiro Deus(I Rs.18:19,20).
Devidamente experimentado e tendo vivido que Deus é o único Deus, Elias poderia
lançar este desafio, a fim de proclamar a todo o povo o que havia aprendido.
- O povo se reuniu e Elias, sem medo, apresentou-se ao povo, exigindo dele uma
definição. “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus,
segui-O e, se é Baal, segui-o.” (I Rs 18:21). O grande mal espiritual do povo era a
vacilação, a dúvida, a incerteza. Tudo o que não provém de fé é pecado (Rm 14:23
ARA). Nas Escrituras, sempre o Senhor nos recomenda a abandonarmos a
vacilação, considerada sempre uma situação espiritual de letargia, de imobilismo,
uma condição de fracasso e morte espirituais (Is.51:17,22). “Vacilar” é tremer,
abalar-se, hesitar, duvidar. Nunca podemos agir em relação a Deus, “…porque o
que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de
uma para outra parte. Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa.
O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos” (Tg 1:6b-8).
- Os dias em que vivemos não são diferentes. Embora não haja uma alusão
explícita das Escrituras aos “dias de Elias”, como os há em relação aos “dias de
Noé” e aos “dias de Ló”, o fato é que os dias que antecedem imediatamente aos da
vinda de Cristo também são dias de dúvida, perplexidade e de vacilação em grande
parte do povo de Deus. O próprio Jesus disse, ao se referir a estes dias, afirma,
num tom que nos exige uma rigorosa auto-análise: “…Quando, porém, vier o Filho
do Homem, porventura, achará fé na terra?” (Lc 18:8b).
- Israel vivia, nos dias de Elias, uma verdadeira “apostasia nacional”, pois todo o
país estava se enveredando pelo culto a Baal. O próprio Deus diria a Elias, pouco
depois, que apenas sete mil pessoas não haviam dobrado seus joelhos a Baal nem
o haviam beijado, um número bem diminuto frente a uma população que deveria
ser bem maior (I Rs 19:18). Estes sete mil, como bem explica o apóstolo Paulo,
representam os remanescentes do povo de Deus (Rm 11:4), remanescente que
também existe na Igreja (Ap 2:13,24; 3:4). São muitos, portanto, aqueles que se
deixam levar, atualmente, pela vacilação e que, por isso, perderão a salvação. Que
Deus nos guarde!
- Elias, então, depois que havia deixado tempo suficiente para que Baal
respondesse ao sacrifício, oferece o seu sacrifício diante de Deus. Como Deus não
é Deus de confusão (I Co 14:33), reparou o altar, que estava quebrado, bem como
pôs água abundante para que não houvesse qualquer dúvida de que era Deus
quem iria operar. Este cuidado do profeta é um exemplo a seguirmos na atualidade:
a operação de Deus é algo de que devemos ter certeza e convicção. Por isso, nada
deve ser feito sem a devida preparação espiritual, a devida santificação (o reparo
do altar), como também tudo deve ser feito às claras diante do povo, com
transparência, decência e ordem (I Co.14:40). Quantos altares desmantelados na
atualidade têm buscado o “fogo divino” e, como Deus não opera em lugares assim,
recorrem a subterfúgios, a astuciosos estratagemas para impressionar o povo.
Entretanto, não nos iludamos, Deus não é Deus de confusão.
- Mas, além de ter reparado o altar e não deixado margem a qualquer dúvida, Elias
fez uma oração. Elias não “determinou” coisa alguma a Deus, pois sua
“determinação”, como vimos, é a disposição firme de servir a Deus, não qualquer
exigência que devesse ser feita, como muitos iludidos atrevem-se a fazer em os
nossos dias. Elias fez uma oração, um pedido a Deus, reconhecendo a Sua
soberania, o Seu senhorio. Ele poderia chamar Deus de Senhor, porque havia
experimentado o controle de Deus sobre todas as coisas: o corvo, a panela da
viúva, a vida do filho da viúva. Relembrou ao povo, que o escutava, que Deus era o
Deus do pacto feito com os patriarcas, o Deus que havia formado a nação de Israel
e que ele, Elias, era tão somente um servo dEle. Mal acabou a oração, o Senhor
consumiu tudo com o fogo e o povo não teve mais dúvida alguma: só o Senhor é
Deus! (I Rs 18:36-39).
- Em meio a este triunfo espiritual, o zelo do profeta se mostrou. Elias mandou que
os profetas de Baal e de Asera fossem mortos e, incontinenti, o povo lhe obedeceu,
levando-os ao ribeiro de Quisom, situado ao pé do monte Carmelo, onde matou a
todos os profetas. Em seguida, avisou o rei Acabe para que se apressasse e fosse
comer e beber, porque ruído havia de uma abundante chuva (I Rs 18:40,41).
- Enquanto Acabe foi comer e beber, Elias foi orar. Aqui, mais uma vez, vemos
como eram diferentes estes dois homens e como são diferentes, até os dias de
hoje, aquele que serve a Deus e aquele que não O serve. Acabe, ante tamanha
demonstração do poder de Deus, deveria se arrepender dos seus maus caminhos
e tornar a servir ao Senhor. Mas, antes disso, resolveu comer e beber, continuar
com a sua vida regalada, indiferente a Deus e a tudo quanto lembrasse o Senhor,
entre os quais, o próprio sofrimento do povo, que padecia fome e sede por causa
da seca. Acabe, porém, não se importava com o povo, mas única e exclusivamente
com o seu bem-estar. É este, lamentavelmente, o comportamento de muitos que
estão à frente do povo de Deus, que se importam apenas em “subir, comer e
beber”, enquanto o povo passa necessidade.
- Ainda bem que, enquanto os Acabes comem e bebem, ainda existem os Elias que
vão buscar a Deus. Elias estava cheio de fé, havia sido usado por Deus
maravilhosamente, fogo havia descido do céu, consumido o altar além do próprio
sacrifício, mas, quando foi orar, e orando com fé pois já sentia o ruído duma
abundante chuva, nada aconteceu. Com rosto em terra, clamando ao Senhor,
foram necessárias sete vezes até que no céu surgisse uma pequenina nuvem
como u’a mão. Deus ensinava a Elias uma vez mais: o servo nunca deve deixar de
perseverar e ser persistente. Deus não está preso ao homem. Se o fogo veio antes
mesmo que a oração acabasse, agora foram necessárias sete orações para que o
pedido fosse atendido, pedido, aliás, que Deus já havia dito, antes que tudo
começasse, que haveria de acontecer ( I Rs 18:1).
- Deus é o Senhor, que, aliás, é o significado do nome de Elias. Assim como Deus
atendeu a Elias incontinenti para mandar fogo, exigiu dele mais insistência para
mandar a tão esperada chuva, chuva que começou numa pequenina nuvem na
forma de u’a mão, para mostrar que era a mão do Senhor que estava sobre Elias (I
Rs 18:46), que continuava a ser um simples homem, como qualquer um de nós (Tg
5:17).
- Por isso, não temos como admitir em nosso meio as famigeradas “campanhas”,
que têm proliferado nas igrejas, impondo ao Senhor “sete sextas-feiras”, “quarenta
segundas-feiras”, “vinte e uma semanas” e tantas invencionices para que a obra
seja realizada. Isto é um absurdo e, com Elias, nós temos de aprender que “Javé é
Deus”, que é o Senhor quem opera, quando, como e onde quer. Devemos pedir
insistentemente, de modo ininterrupto, como ensinou Jesus (Mt 7:7,8), mas sempre
se lembrando que o tempo é de Deus, bem como a vontade dEle. Abandonemos
estas superstições, este paganismo que se introduziu em o nosso meio e voltemos
ao que ensina as Escrituras, através do exemplo do profeta Elias.
- A mão do Senhor estava sobre Elias, mas, assim que recebeu a notícia, Elias não
procurou saber qual a orientação do Senhor. Até ali, Elias tudo havia feito de
acordo com a ordem do Senhor. Mas, assim que recebeu a notícia do mensageiro
de Jezabel, em Jizreel,para onde se deslocara para ficar junto ao rei Acabe (I
Rs.18:46), o profeta não buscou a direção de Deus. Deixou, então, de ser “a boca
de Deus”, para ser tão somente o “homem sujeito às paixões”.
- A prova maior disto é que, em primeiro lugar, sai do reino de Israel, dirigindo-se
para Judá. Revela, neste seu gesto, que não mais aguardava a direção de Deus,
desprezou, mesmo, o fato de a mão do Senhor estar sobre ele, o que poderia
perceber, vez que, como profeta, tinha o Espírito do Senhor dentro dele. Tratou, em
primeiro lugar, de ir para um “local seguro”, um local onde Acabe não reinasse.
Preocupara-se, então, com a organização política, com o poder real, algo que,
enquanto estava sob a orientação divina, nunca havia sido obstáculo para suas
jornadas (lembremos que fora para Zarefate, cidade dominada por Sidom, cujo rei
era o próprio pai de Jezabel, e nunca fora encontrado por quem quer que fosse,
apesar da insistente busca empreendida por Acabe e por Jezabel).
- Em segundo lugar, uma vez em Berseba, tratou de ali deixar o seu moço, aquele
que o acompanhava. Não sabemos desde quando este moço o estava
acompanhando, mas o fato é que este moço conhecia apenas o profeta, não o
homem. Ao deixar ali o seu moço e seguir rumo ao deserto completamente só,
Elias como que se despia de sua função profética, como que “pendurava as
chuteiras” do seu ministério. O profeta ficava em Berseba. A partir daí, somente o
homem sujeito às mesmas paixões que nós, o homem demasiadamente humano é
que prosseguia a viagem. Mais uma vez, o profeta demonstrava estar fora da
direção de Deus, porque resignava seu ofício sem ao menos perguntar a Deus o
que deveria fazer.
- “Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da
morte” (Pv 14:12). “Há caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim são
os caminhos da morte” (Pv 16:25). Por duas vezes, Salomão nos dá esta
advertência, cujo exemplo de Elias só faz ressaltar. Precisamos sempre estar
debaixo da mão do Senhor, não podemos jamais sair da Sua direção, porque, se o
fizermos, isto nos será fatal. De nada adianta termos sido “campeões de Deus”, se,
no momento seguinte, deixarmos de nos orientar pelo Espírito Santo, estaremos
irremediavelmente perdidos.
- Elias não esperou que Deus falasse, mas, ante o pavor repentino que dele tomou
conta, por causa da ameaça de Jezabel, desesperou-se e iniciou uma jornada sem
a presença de Deus, que o levou a um pé de zimbro, no meio do deserto, a pedir a
morte. Que decadência espiritual, a mesma decadência a que estamos sujeitos se,
também, deixarmos os “lugares celestiais em Cristo” (Ef 1:3). Por isso, o apóstolo
Paulo nos recomenda a “sermos firmes e constantes, sempre abundantes na obra
do Senhor, sabendo que o nosso trabalho não é vão no Senhor” (I Co 15:58b, com
variação das pessoas gramaticais). Percebamos bem este conselho do apóstolo: o
trabalho não é vão quando feito “no Senhor”. Se deixarmos o lugar debaixo da mão
do Senhor, “o esconderijo do Altíssimo à sombra do Onipotente”, não haverá
descanso, como diz o salmista no salmo 91. Devemos sempre ter o mesmo
cuidado e prudência de Esdras, para somente andarmos no caminho direito, onde
esteja sempre “a mão do nosso Deus” (Ed 8:21,22,31).
- Este homem sujeito às mesmas paixões que nós, este “eu” que se recusava a
seguir a orientação divina é que precisava agora ter uma real experiência com
Deus. O profeta já havia aprendido que “Javé é Senhor” em relação à natureza, à
organização política, à estrutura sócio-econômica, mas era necessário que ele
soubesse que também “Javé é Senhor” do nosso “eu”, que precisamos nos render
total e absolutamente a Ele. A maior luta de um servo do Senhor é contra si
mesmo, contra o seu “eu”. Para sermos valentes, precisamos vencer a nós
mesmos, como diz o poeta sacro Almeida Sobrinho na última estrofe do hino 225
da Harpa Cristã.
- Quando está a pedir a morte, neste profundo estado depressivo, Elias recebe a
visita de um anjo, que determinou que ele se alimentasse de um pão cozido sobre
as brasas e uma botija de água. Elias atendeu à ordem angelical, mas, logo em
seguida, tornou a deitar-se. Novamente, o anjo lhe determinou que se alimentasse
e que retomasse o caminho, que seria mui comprido. Após ter se alimentado esta
segunda vez, Elias recobrou ânimo físico e, com a força daquela comida, caminhou
quarenta dias e quarenta noites, em direção a Horebe, o mesmo monte onde Deus
havia Se manifestado a Moisés para a libertação do povo (I Rs 19:5-7).
- Nesta manifestação da misericórdia divina, Elias tem uma nova experiência com o
Senhor. Descobre que Deus também tem controle sobre os céus. A vinda de um
anjo para alimentá-lo mostra que Deus é tanto Senhor dos céus como Senhor da
terra. Elias tem, assim, a revelação do Senhor dos Exércitos, dAquele que tem
pleno domínio também das regiões celestiais.
- Uma vez em Horebe, Elias entra em uma caverna. A ação divina, até aquele
instante, havia atingido tão somente o físico do profeta. Em vez de ir ao cume do
monte para buscar a Deus, Elias esconde-se numa caverna, a denunciar o seu
estado espiritual. Mas, mesmo na caverna escura, Deus nos encontra! O Senhor
Se apresentou ao profeta e perguntou o que ele fazia ali. Em resposta a esta
pergunta, Elias demonstra toda a força do seu “eu”. Embora tivesse sido avisado
pelo mordomo real Obadias da existência de outros servos do Senhor, Elias diz que
somente ele havia ficado para servir a Deus. A prevalência do “eu” impede-nos de
ver a manifestação do poder de Deus ao nosso redor. Nunca estamos sós nem
jamais somos os únicos a desfrutar da misericórdia divina. Devemos, sempre,
considerar os outros superiores a nós mesmos (Fp 2:3), nunca devemos nos
enfatuar, nos envaidecer, pois esta atitude é típica dos homens dos tempos
trabalhosos, daqueles que não servem a Deus.
- Para vencer o seu “eu”, o profeta deveria ter uma nova experiência com o Senhor.
Até então havia visto o Senhor que controla todas as coisas, que ordena os corvos
a trazer pão e água, o azeite e a farinha da panela a se multiplicar, o filho da viúva
a reviver, o fogo do céu a consumir o sacrifício e o próprio altar, o anjo a trazer
alimento, o corpo de Elias a ter um miraculoso vigor que o permitiu andar pelo
deserto, sem precisar se alimentar, por quarenta dias e quarenta noites. Agora, o
profeta haveria de conhecer uma outra face divina: a face do amor.
- Elias é mandado sair da caverna e, no monte, ficou diante do Senhor, Senhor que
fez passar um grande e forte vento que fendia os montes e que quebrava as
penhas, mas, em toda esta violência, Deus não estava. Em seguida, como se fosse
pouco o vento, houve um terremoto, mas ali também Deus não estava. A seguir,
veio um fogo, e também o Senhor ali não estava. Deus mostrou que era o supremo
controlador da natureza, mas este lado o profeta já conhecia. O que Elias ainda
não conhecia era o lado amoroso do Senhor, o Deus que não só controla a
natureza, nela intervindo, mas que também ama o homem. Era na voz mansa e
delicada que o Senhor Se apresentou (I Rs 19:11,12).
- Novamente o profeta apresenta o seu “eu” diante do Senhor, mas este “eu” é
quebrantado pela voz mansa e delicada. O Senhor mostrou ao profeta que não era
ele o único servo de Deus, era ele um homem sujeito às mesmas paixões que nós,
era um homem que ainda precisava fazer algo pela obra do Senhor. Deus lhe
revelou, então, que caberia ainda ao seu ministério ainda três providências: a
separação de pessoas escolhidas por Deus para governar sobre Israel, sobre a
Síria e a continuidade do próprio ministério profético.
- A Bíblia é bem sucinta, dizendo apenas que, após estas palavras do Senhor, o
profeta Elias partiu do monte Horebe (I Rs 19:19). Esta partida, contudo, tem um
grande significado, pois o texto sagrado nos diz que a primeira coisa que Elias fez
foi ir à busca de Eliseu, que Deus havia indicado como seu sucessor. Este gesto do
profeta mostra que o seu “eu” havia sido quebrantado, que estava ele na total
dependência de Deus, que voltara à direção do Espírito Santo. Ao ir atrás de
Eliseu, o profeta retomava o seu ministério e se punha à disposição de Deus. Não
era mais o arrogante “zeloso”, mas alguém que compreendera que era apenas um
vaso de barro nas mãos do oleiro, tanto que, incontinenti, já foi em busca daquele
que Deus apontara como o seu sucessor.
- O desprendimento de Elias foi tanto que observamos que das três tarefas
determinadas por Deus a ele, Elias apenas cumpriu o referente à sua própria
sucessão. Jeú foi ungido por ordem de Eliseu (2 Rs 9.1-3), assim como Hazael, rei
da Síria, foi ungido também por Eliseu (2 Rs 8:13). Elias não quis para si esta
honra, mas, sabedor de sua condição de simples servo de Deus, tomou a
providência que lhe cabia: preparar o seu sucessor, a fim de que ele cumprisse
tudo quanto havia de se fazer na obra de Deus.
- Elias compreendeu que, muitas vezes, nosso ministério não depende de nossas
atitudes diretas, mas de nosso desprendimento para preparar outros para a
continuidade do trabalho do Senhor. Era este o mesmo espírito que norteava a
ação dos apóstolos na igreja, notadamente no caso de Paulo que, abrindo igrejas,
tão logo havia condição, escolhia alguns para governá-las e prosseguia sua missão
evangelizadora. Foi, também, o que fizeram os missionários Daniel Berg e Gunnar
Vingren ao implantar as Assembléias de Deus no Brasil. Como seria bom se, em
vez do amor ao poder e à formação de impérios eclesiásticos, as lideranças da
atualidade experimentassem este mesmo quebrantamento de “eu” que o Senhor
operou em Elias!
- Depois desta experiência no monte Horebe, tem início a fase final do ministério de
Elias, pelo menos no que diz respeito a este período de sua vida terrena. O texto
sagrado interrompe o relato da vida do profeta, no capítulo 20, para voltar a falar do
rei Acabe e de sua guerra contra a Síria, quando, para confirmar a palavra que
Deus havia falado a Elias, aparece um outro profeta, cujo nome não é mencionado,
que faz com que o rei tenha vitória sobre os seus inimigos.
- Elias, porém, retorna ao texto sagrado, agora para trazer um duro juízo sob
re Acabe, Jezabel e sua casa, por causa da morte de Nabote, uma trama
engendrada por Jezabel. Acabe creu na palavra do profeta e, por isso, foi poupado
de ver a destruição de sua casa em seus dias, ainda que ele mesmo viesse a sofrer
o juízo de ter seu corpo dilacerado e seu sangue lambido pelos cães nas terras que
haviam sido tomadas de Nabote (I Rs.21:17-29), profecia, esta, que foi
integralmente cumprida (II Rs.9:36; 10:10).
- Acabe morreu, tendo, aliás, se cumprido em relação a ele o que havia falado o
profeta Elias (I Rs.19:38), sendo sucedido pelo seu filho Acazias, que adoeceu e
foi, então, pedir a saúde a Baal-Zebube, deus de Ecrom, que, como vimos, era o
deus da saúde. Surge, então, novamente o profeta Elias, para anunciar a morte do
rei. Acazias mandou, então, por três vezes, que soldados fossem prender o profeta,
tendo as duas primeiras companhias militares sido consumidas pelo fogo do céu
que foi invocado pelo profeta. Elias continuava a ser o profeta zeloso, mas que
dependia exclusivamente do Senhor. Fogo do céu consumiu cem homens, mas
tudo Elias fez pela direção do Espírito, tanto que, mesmo após terem sido
consumidos cem homens, foi até a presença do rei quando o Senhor assim o
determinou (2 Rs 2.15).
- O profeta, também, deixou uma mensagem escrita que foi anunciada somente
depois de sua trasladação, mensagem destinada ao rei de Judá, Jeorão, filho de
Josafá e sobrinho de Acabe, no qual lançou um juízo de dura enfermidade por
causa da apostasia daquele rei, juízo este que se cumpriu integralmente (II
Cr.21:12).
- Após mais esta atitude que fez prevalecer o nome do Senhor no meio de Israel,
Elias é, então, poupado da morte, subindo ao céu, sem passar pela morte física,
num redemoinho. Antes disso, porém, Elias faz um milagre, qual seja, a exemplo
do que fizera Josué, atravessa o rio Jordão em seco, na companhia de Eliseu (II
Rs.2:8). Ao assim agir, Elias mostrou claramente, a Eliseu e aos filhos dos profetas,
que “Javé é Deus”, que tem o pleno controle da natureza.
a) o ministério do profeta Elias não se encerrou, tanto que duas das três tarefas a
ele cometidas, foram cumpridas por Eliseu. Tratar-se-ia, pois, de um ministério
inacabado, que o foi propositadamente pelo Senhor, porque Elias haveria de voltar
para concluí-lo, o que se dará na Grande Tribulação.
b) o profeta Malaquias afirma que Elias voltará antes do “grande e terrível dia do
Senhor” (Ml.4:5), ou seja, antes da batalha do Armagedom, que porá fim à Grande
Tribulação e instituirá o milênio. Alguns afirmam que Ml.4:5 já teria se cumprido no
ministério de João Batista, conforme teria confirmado o próprio Senhor Jesus (Mt
17:12; Mc 9:13). No entanto, embora Jesus tenha dito que o Elias que haveria de
vir antes de Sua primeira vinda, fosse João Batista, também afirmou que Elias viria
e restauraria todas as coisas, como que indicando que o cumprimento cabal desta
profecia ainda não se deu (Mt.17:11; Mc 9.12). O Elias da primeira vinda a Israel
teria sido João Batista, mas o próprio Elias haveria de vir antes da segunda vinda.
c) a Bíblia diz que todos os homens foram destinados a morrer uma vez (Hb 9.27) e
Deus não faz acepção de pessoas (Dt 10:17; At 10.34), sendo certo que Elias,
como homem que era, pecou, necessitando, pois, morrer. Assim, sua volta na
Grande Tribulação seria para o cumprimento desta ordem divina, já que as duas
testemunhas serão mortas pelo Anticristo (Ap 11:7).
1. Era um período de sucessão de reis ímpios: Nos dias de Elias, Israel estava
sendo governado por reis maus e idólatras. A Bíblia diz que Onri “…fez o que era
mau aos olhos do Senhor; e fez pior do que todos quantos foram antes dele” (I Rs
16.25,26). Quando Onri morreu, em seu lugar reinou seu filho Acabe (I Rs 16.28),
que teve a capacidade de fazer pior do que todos os reis que lhe antecederam. A
Bíblia diz acerca de Acabe: “E fez Acabe, filho de Onri, o que era mau aos olhos do
SENHOR, mais do que todos os que foram antes dele…” (I Rs 16.30,31).
3. Era um período de crise: Quando Acabe, influenciado por sua esposa Jezabel,
substituiu o culto à Jeová pela adoração à Baal (I Rs 16.31-33), Elias apareceu
repentinamente perante o rei para anunciar a ausência de chuva e orvalho sobre a
terra (I Rs 17.1). Como a chuva é um dos principais elementos de sustentação da
natureza, a falta dela provocou seca, fome e miséria. As Escrituras dizem que “… a
fome era extrema em Samaria” (I Rs 18.2). Isto fez com que Acabe se irasse ainda
mais com Elias, pois achava que ele era o culpado daquela calamidade.
São muitas as virtudes que as Escrituras registram sobre a vida deste destemido
profeta:
1. Elias aprendeu a confiar em Deus: Profetizar no tempo de Elias não era uma
tarefa fácil. Era colocar a sua própria vida em risco (I Rs 18.4). E Elias foi chamado
para profetizar exatamente contra aqueles que tinham o poder nas mãos: o rei
Acabe e sua ímpia esposa, Jezabel. Mas Elias não vacilou: Profetizou a falta de
chuva e de orvalho (I Rs 17.1); combateu o pecado de Acabe, chamando-o de
perturbador de Israel (I Rs 18.18); desafiou os profetas de Baal (I Rs 18.22-40) e
predisse a morte do rei Acabe e de sua esposa Jezabel (I Rs 22.17-24). Somente
uma confiança inabalável em Deus poderia levar um homem a profetizar naqueles
dias.
3. Elias aprendeu a ter intimidade com Deus: O ministério de Elias não foi
marcado apenas por profecias, mas também, por muitos milagres, tais como:
multiplicação de azeite e farinha (I Rs 17.16); ressurreição (I Rs 17.22); fogo no
altar (I Rs 18.16-46); morte dos soldados do rei Acazias (II Rs 1.9-14); divisão do
rio Jordão (II Rs 2.8). Todos estes milagres demonstram claramente que Elias era
um homem que vivia em íntima comunhão com Deus. A maior prova disto é que,
semelhante a Enoque, Deus o tomou para si (II Rs 2.11,12).
Aos monges, o tema do aspecto profético de sua própria vida sempre inspirou o
mais vivo interesse Os grandes profetas Elias, Eliseu e João Batista foram
considerados, junto com outros, como protótipos da vida religiosa.
- No entanto, o “isolamento profético” não pode ser considerado um modelo no
sentido físico, mas, sim, sob o seu aspecto espiritual. “a característica fundamental
do estilo de vida profético de Elias, que entrará em ação nos últimos dias, é o
isolamento profético. Elias se isolava completamente dos pecados da sociedade.
Em seu isolamento, Elias sempre buscava a Deus e se preparava para atender
toda vez que Deus o chamava para ir ao meio da sociedade e confrontar seus
líderes políticos e valores errados.…” (A volta do profeta Elias: o que a unção de
Elias representa para as famílias e o mundo político nestes últimos dias.
2. Não podemos ser individualistas, nem achar que o mundo gira em torno de nós.
Deus e o Seu povo são maiores do que nós. Somos importantes para Deus, Deus
nos ama, mas também ama outras pessoas e tem compromisso com a Sua
Palavra, Palavra esta que é posta, inclusive, acima do Seu próprio nome (Sl 138:2).
Assim, para reproduzir uma frase de um controvertido parlamentar brasileiro que
ficou famosa, devemos nos reduzir à nossa insignificância.
Na parábola já mencionada, é o Senhor quem diz o que deve, ou não, ser feito pelo
servo (Lc 17:7). Quando recebemos uma incumbência do Senhor, temos de
cumpri-la, sabendo que o lugar, o tempo e o modo de fazê-lo são estabelecidos
pelo Senhor, não por nós. “Sabei que o Senhor é Deus, foi Ele e não nós que nos
fez povo Seu e ovelhas do Seu pasto” (Sl 100:3).
- Elias achou que seu ministério havia findado. Provara que o Senhor era Deus e
matara os profetas de Baal e Asera. Para sua surpresa, o rei Acabe não havia se
convertido e Jezabel, em vez de fugir para Sidom, mandou avisar Elias que o
mataria. Elias entendeu, então, que seus objetivos haviam sido cumpridos e que
nada mais restava fazer senão morrer. Considerara que Deus havia falhado no seu
intento de destruir o culto a Baal e que não havia mais o que fazer pelo povo. Que
presunção, que audácia de um simples vaso de barro, querendo determinar o que
havia de fazer o oleiro! “Ai daquele que contende com o seu Criador, caco entre
outros cacos de barro! Porventura, dirá o barro ao que o formou: Que fazes? Ou a
tua obra: Não tens mãos?” (Is.45:9).
- Quantas igrejas locais não têm sofrido por causa destes que, se arrogando o
direito de estipular lugar, tempo e modo de seus ministérios, ficam onde Deus não
quer mais que fiquem, saem de onde Deus não quer que saiam, estabelecem
modos e maneiras que Deus não quer que estabeleçam. São verdadeiras pedras
de tropeço, obstáculos para o bom desenvolvimento da obra do Senhor. Tais
pessoas são rebeldes, desobedientes e, se não se arrependerem, terão um destino
triste e lamentável (I Pe.2:6-8). Que Deus nos guarde!
- Como já dissemos supra, o fato de Elias ter deixado seu moço antes de partir
para o deserto é elucidativo desta circunstância negativa. Na verdade, ao deixar o
seu moço em Berseba, Elias como que renunciava a seu ministério, deixava em
Berseba não só o moço, mas o profeta. Partia para o deserto apenas como um
homem, como alguém despido de espiritualidade. Quantos não têm caminhado
para o deserto, abandonando seu ministério, mas ainda mantendo o título e a
posição na organização. Quantos não têm deixado o corpo de Cristo, embora
continuem integrando o grupo social. Quantos não têm deixado a Cristo, mas têm
se mantido crentes, e até “ministros”…
A ideia de que o ministério profético era totalmente independente da vontade do
profeta está bem delineado neste trecho de um historiador judeu-brasileiro, que ora
se transcreve: “…O conceito do profeta como ‘boca de Deus’ é antigo (Ex.7:1,2), é
uma função que ele não escolhe, mas para a qual se acha designado, muitas vezes
contra sua própria vontade e quase sempre para dizer o que os outros não querem
ouvir. O navi [profeta em hebraico, observação nossa] é escolhido por Deus e
irresistivelmente compelido a comunicar aos outros a Sua mensagem. Ele só fala
quando assim mandado e, uma vez recebida a ordem, quer queira quer não, tem
que falar.…
atinja.
- Não podemos desfalecer, apesar das dificuldades dos nossos dias. O pecado
aumenta e, por isso, tem de aumentar a denúncia contra o pecado. Ainda que haja
trevas, ainda que muitos se envergonhem do Evangelho e da Palavra de Deus,
devemos repetir as palavras do profeta Miquéias: “Mas, decerto, eu sou cheio da
força do Espírito do SENHOR e cheio de juízo e de ânimo, para anunciar a Jacó a
sua transgressão e a Israel o seu pecado” (Mq.3:8). Combatamos o bom combate
até que acabemos a nossa carreira.
Ele jamais prometeu que nos livraria sempre dos problemas, dificuldades ou até
mesmo a morte. Prometeu, sim, que nos susterá e jamais nos deixará sozinhos.
Sua providência estará conosco. Sua direção inclui Sua provisão. Descansemos
nisso!
Não sabemos quanto tempo Elias ficou no deserto. Ali, Deus lhe dá uma nova
orientação: “Vai a Serepta...ordenei a uma mulher viúva que te sustente” (1 Rs
17:8-9). Ao chegar a cidade encontra a viúva fora da cidade apanhando lenha.
Deus tinha escolhido a viúva pobre para suprir as necessidades do profeta,
contudo, ela mesmo, tinha apenas um punhado de farinha numa panela, um pouco
de azeite numa botija e havia saído para pegar lenha a fim de preparar a última
refeição para si e para seu filho e depois, diz ela, “morreremos” (17:12).
Um dos motivos pelos quais Elias foi enviado a esta viúva pobre é que ela era uma
mulher em necessidade profunda. O Senhor sabia que seu alimento estava
acabando e conhecia seu desespero. Há algumas lições para nós neste episódio!
“Não andeis ansiosos de cousa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas diante
de Deus as vossas petições pela oração e pela súplica, com ações
de graças." Apóstolo Paulo
Esta mulher era um gentia e mesmo pagãos são objetos de sua providencia.Em
sua bondade a “Graça comum” contempla bons e maus, justos e injustos. No Novo
Testamento somos conclamados por Jesus a imitá-lo nessa “graça comum”.“o fator
especificamente cristão consiste no extraordinário, no invulgar, no não natural, no
muito mais, pois se amarmos apenas os que nos amam não somos melhores que
os pagãos. Nossa vocação é ultrapassá-los em virtude”.
9. Se Deus pôde usar aves e uma viúva pobre para suprir as necessidades do
profeta, Ele pode usar qualquer coisa e qualquer pessoa a fim de suprir a
necessidade de seus filhos.
Quando dentro da vontade do Senhor todo céu e mesmo o “inferno” trabalharão
para suprir as necessidades daqueles a quem Deus governa.
A história nos conta que a viúva pobre preparou um bolo primeiramente para o
profeta ( 1 Rs 17:13-16) e depois para si, segundo a palavra do profeta. Diz-nos o
texto que devido a sua obediência a farinha da panela não ficou vazia e botija com
azeite não secou. Certamente ela conheceu a Deus na sua cozinha!
A viúva pobre nos ensina que:
11. Deus tem prazer em tomar o que temos, por mais insignificante que possa
parecer.
Nossos talentos, recursos materiais, tudo pode ser multiplicar sua eficácia quando
sob a benção do Senhor.
Se Deus o manda para Sarepta, não tente entender o por quê. Apenas vá!~
o milagre aconteceu na casa da viúva, mas isso não quer dizer que ela e seu filho
obtiveram tudo o que desejavam. Significa sim que obtiveram tudo o que
precisavam para o momento. Quando você esgota todos os seus recursos e Deus
diz “não” aos seus desejos e “sim” as suas necessidades, considere-se mais que
satisfeito.
Tivesse o Senhor levado Elias para uma fazenda próspera onde fluía leite e mel,
certamente ficaria contente, contudo não sucedeu assim. Aprendi que uma coisa é
confiarmos no Senhor quando vemos a fonte ou origem das bênçãos, o doador.
Outra coisa é quando confiamos no Senhor e não temos nada em vista a não ser
Ele mesmo.
O ministério de Elias foi marcado por profecias, milagres, desafios e muitas
experiências com Deus. Porém, o acontecimento mais notável na vida do profeta
Elias não foi profetizar a falta de chuva, nem desafiar os profetas de Baal, nem
ressuscitar o filho da viúva. Sem dúvidas, o fato mais notável foi quando lhe
apareceram cavalos e carros de fogo e, em um redemoinho, ele foi levado ao céu
(2 Rs 2.11).