Simulação em Escoamento Bifásico
Simulação em Escoamento Bifásico
Simulação em Escoamento Bifásico
São Cristóvão - SE
2017
SÁVIO SAYANNE ANDRADE SILVA
São Cristóvão - SE
2017
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________
Prof. Dr. Rogério Luz Pagano – Orientador
PEQ / UFS
_________________________________________
Prof. Dr. Pedro Leite de Santana - Coorientador
PEQ / UFS
_________________________________________
Prof. Dr. Antônio Santos Silva – Membro interno
PEQ / UFS
_________________________________________
Prof. Dr. Acto de Lima Cunha – Membro externo
NUPETRO / UFS
_________________________________________
Prof. Dr. Ricardo de Andrade Medronho – Membro externo
EQ / URFJ
AGRADECIMENTOS
Tantas palavras poderiam ser ditas nessa única página, porém qualquer coisa escrita
jamais descreveria o que desejo para todos que se fizeram presente nesse momento mais que
especial. Pra tentar expressar tal sentimento irei tentar descrever alguns parágrafos.
Uma certo dia sentado sozinho como costumo fazer em momentos de dificuldade, me
questionei sobre o real sentido de tudo que acontecia naquele momento em minha vida, depois
de muito pensar sobre tal questionamento descobri que o ato de perder é algo fundamental na
vida. Nos primeiros momentos após tal perda é normal sentirmos tristeza, raiva ou algo
parecido, porém, assim como as lágrimas, esses sentimentos cessam ao passar do tempo e é
exatamente nessa hora que chega aquele momento de plena consciência em que você começa a
assimilar tal fato, e descobre que tudo tem um fundamento.
“Yesterday.... Oh, I believe in yesterday” já diziam os Beatles, hoje mais que nunca
posso dizer o quanto fui e serei eterno aprendiz do ontem, a evolução deve ser sempre continua.
Sei que tenho muito a aprender e que talvez não sou o melhor, porém ando com a cabeça erguida
sabendo que lutei para que o melhor fosse feito.
Obrigado a todos colegas do LAMSIM e UFS que não me deixaram desistir mesmo nos
momentos mais difíceis. A todos que fazem e fizeram parte da Republica Etanóis em São
Carlos-SP que me receberam de braços abertos nos meses que estive por lá, aprendi grandes
lições que levarei pra toda minha vida.
A toda minha família em especial a minha esposa (Camila Felix), sogros (Francisco e
Elza), minhas avós (Severina e Creuza), pais (Sergio e Sônia) e irmãos (Savylle e Safira) que
foram fundamentais nessa caminhada.
Agradecer também a todos professores do Departamento de Engenharia Química –UFS
que contribuíram de forma direta ou indireta para o desenvolvimento desta pessoa que vós fala,
em especial aos professores José da Paixão, Giselia Cardoso, Antônio Santos Silva, como
também aos professor do Departamento de Engenharia de Petróleo da UFS Acto de Lima Cunha
e do Departamento de Engenharia Química da UFRJ Ricardo Andrade Medronho pelas valiosas
correções e sugestões. Aos meus orientadores, Professores Rogerio Luz Pagano e Pedro Leite
de Santana pela confiança, orientação e principalmente paciência com meus erros.
Ao Dr. Thomas Hohne do Helmoholtz-Zentrum Dresden-Rossendorf (HZDR) do
Institute of Fluid Dynamics, a Capes, PETROBRAS, PRH-ANP 45 e ao PEQ/UFS pelo suporte
financeiro e colaboração.
Alguns agradecimentos adicionais devem ser feitos aos criadores do team viewer como
também aos colegas participantes dos fóruns de discursões sobre CFD. De modo geral, quero
agradecer a todos que de forma direta ou indiretamente participaram deste trabalho, saibam que
têm minha eterna gratidão.
E por último me auto agradeço pela teimosia em concluir esse mestrado, embora
algumas vezes a dúvida tomasse conta.
“Grandes sonhos se materializam através de pequenos detalhes e diversas atitudes”
Sávio Sayanne
RESUMO
Escoamentos bifásicos podem ser encontrados nas mais diferentes áreas da indústria química,
alimentícia, de conversão energética, processamento de materiais, bem como nas de petróleo e
gás. Nesta última em particular, em setores como produção e transporte, esses escoamentos
percorrem grandes distâncias em trechos ascendente ou descendente, resultando em
modificações nas propriedades da mistura. O correto entendimento do comportamento dessa
mistura em cada trecho do escoamento é de fundamental importância para que problemas
relacionados com a garantia do escoamento possam ser previstos e antecipados, assegurando
também a viabilidade técnica e econômica do campo petrolífero. Devido aos recentes avanços
tecnológicos em áreas como modelagem e simulação, aplicações de técnicas alternativas como
a fluidodinâmica computacional (CFD) vêm sendo de grande valia nessas investigações, devido
principalmente ao seu baixo custo quando comparada com a construção de aparatos
experimentais. Diante deste contexto, este trabalho teve como finalidade a aplicação da técnica
de fluidodinâmica computacional para a reprodução do escoamento bifásico presente em
tubulações industriais, tendo como base a implementação de um modelo algébrico interfacial
(AIAD). A partir dos resultados reportados referente ao comportamento ondulatório da
interface líquido/gás foi possível validar qualitativamente tal modelo. Então, um estudo
paramétrico foi realizado visando determinar o comportamento da interface óleo/gás ao longo
do tempo, como também os efeitos da viscosidade do óleo e da altura do duto. Os resultados
mostraram que a transferência de quantidade de movimento exerce grande influência no
comportamento da interface líquido/gás, além disso, o aumento da viscosidade da fase líquida
juntamente com equilíbrio entre a velocidade de injeção das fases são fundamentais para uma
estratificação do escoamento de forma mais rápida.
Two-phase flows can be found in the most different fields of the chemical, food, energy
conversion, materials processing, as well as in the oil and gas industry. In this last one, in
particular, in sectors such as manufacturing and transport, these flows travel great distances in
lines upward or downward, resulting in changes in the mixture properties. The correct
understanding of this mixture behavior in each section of the flow has fundamental importance
in order that problems related to the assurance of the flow could be foreseen and anticipated,
also providing technical and economic viability of the oil field. Due to recent technological
advances in areas such as modeling and simulation, application of alternative techniques such
as computational fluid dynamics (CFD) has been of great value in these investigations, mainly
due to its low cost when compared with the construction of experimental apparatus. In this
context, the purpose of this work was to apply computational fluid dynamics to reproduction of
the biphasic flow present in industrial pipes, based on the implementation of an interfacial
algebraic model (AIAD). From the results reported on the wave behavior it was possible to
qualitatively validate such model. Then, a parametric study was carried out to determine the
behavior of the oil/gas interface over time, as well as the effects of oil viscosity and duct height.
The results demonstrate that the transfer of the amount of movement has a great influence on
the behavior of the liquid/gas interface, in addition, the increase of the viscosity of the liquid
phase together with the equilibrium between the injection velocity of the phases are
fundamental for a stratification of the flow of form faster.
Letras Latinas
Símbolo Descrição
A área da seção transversal 𝑚2
𝐴𝑑𝑒𝑛𝑠 densidade da área interfacial 𝑚−1
C constante do fator de atrito ---
𝐶𝑝 capacidade calorífica 𝐽 𝑘𝑔−1 𝐾 −1
𝐶𝐷 coeficiente adimensional de arrasto ---
D diâmetro 𝑚
f função mistura ---
𝐹𝐷 força de arraste 𝑁
𝐹𝑟 número de Froude ---
𝑓𝑓 fator de Fanning ---
G fluxo mássico 𝑘𝑔 𝑚−2 𝑠 −1
GCI índice de convergência de malha ---
𝑔 aceleração da gravidade 𝑚 𝑠 −2
𝐻𝐿 holdup ---
L comprimento 𝑚
m, n constantes de correlação do fator de fricão ---
P pressão 𝑃𝑎
p ordem de precisão para o teste de malha ---
𝑃𝑟 número de Prandlt ---
Q vazão volumétrica 𝑚3 𝑠 −1
r razão entre malhas ---
𝑅𝑒 número adimensional de Reynolds ---
T, F,K grupo de adimensionais ---
t tempo 𝑠
𝑣 velocidade 𝑚 𝑠 −1
𝑋2 , 𝑌 parâmetros de Lockhart e Martinelli ---
W vazão mássica 𝑘𝑔 𝑠 −1
𝑊𝑒 número de Weber ---
Letras Gregas
Símbolo Descrição
𝛼 fração volumétrica da fase ---
𝜀 fração volumétrica da fase menos densa ---
𝜖𝑡 energia cinética turbulenta 𝐽 𝑘𝑔−1
𝜉 relação de deslizamento ---
Subscritos
Símbolo Descrição
A componente de aceleração ---
B bolhas ---
D gotas ---
FS superfície livre ---
F componente de atrito ---
G fase gasosa ---
L fase líquida ---
M mistura ---
no-slip sem deslizamento ---
S superficial ---
slip deslizamento ---
Grav componente gravitacional ---
Λ fase contínua ---
β fase dispersa ---
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 6 - Mapa para escoamento horizontal proposto por Mandhane et al. (1974)............... 17
Figura 11 - Mapa para padrão para escoamento horizontal (Taitel e Dukler,1976) ................ 26
Figura 12 - Comparação do modelo Taitel e Dukler (1976) com o mapa de Mandhane (1974)
............................................................................................................................................ 26
Figura 15 - Comparação entre os perfis de velocidade no interior de uma canalização para uma
mesma vazão ....................................................................................................................... 38
Figura 16 - Representação esquemática das escalas de turbulência e sua relação com os seus
respectivos modelos. ............................................................................................................ 39
Figura 17 - Três volumes de controle com três pontos nodais (W, P e E) e duas interfaces (w e
e) ......................................................................................................................................... 50
Figura 29 - Análise do padrão pelo mapa proposto por Mandhane et al. (1974) .................... 77
Figura 35 - Posição da linha traçada para o estudo de malha ao longo do duto ...................... 80
Figura 40 - Perfil extrapolado da velocidade real da água ao longo do duto entre as malhas M1
e M2 .................................................................................................................................... 83
Figura 41 - Perfil extrapolado da velocidade real da água ao longo do duto entre as malhas M2
e M3 .................................................................................................................................... 84
Figura 42 - Perfil extrapolado da velocidade real da água ao longo do duto entre as malhas M3
e M4 .................................................................................................................................... 84
Figura 43 - Perfil extrapolado da velocidade real da água ao longo do duto entre as malhas M4
e M5 .................................................................................................................................... 85
Figura 44 - Campo de fração volumétrica com 𝑣𝑎𝑟 = 5 𝑚/𝑠 e 𝑣á𝑔𝑢𝑎 = 1 𝑚/𝑠 .................... 87
Figura 45 - Estrutura da fração de água juntamente com o arraste de gotas no instante t = 0,1 s
............................................................................................................................................ 87
Figura 51 - Velocidade real da água no centro do duto, 1 metro após a lâmina ..................... 92
Figura 52 - Velocidade real da água no centro do duto, 2 metro após a lâmina ..................... 92
Figura 53 - Fração volumétrica de líquido no duto com diâmetros de 0,05 m (a), 0,1 m (b) e 0,2
m (c). ................................................................................................................................... 94
Figura 54 - Fração volumétrica de óleo no instante de tempo igual a 0,3 segundos ............... 96
Figura 55 - Posição das linhas traçadas ao longo da altura do duto e após 1 e 2 metros da lâmina
............................................................................................................................................ 97
Tabela 13 - Valores absolutos de GCI para a pressão extrapolada entre as malhas ................ 83
Tabela 14 - Valores de GCI para a velocidade real da fase líquida extrapolada entre as malhas
............................................................................................................................................ 85
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1
3. METODOLOGIA ......................................................................................................... 58
4. RESULTADOS.............................................................................................................. 75
5. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 99
6. SUGESTÕES................................................................................................................ 100
1. INTRODUÇÃO
Segundo Rosa (2012), é possível definir um escoamento multifásico como sendo aquele
no qual duas ou mais fases escoam de forma simultânea, tendo sua classificação de acordo com
o estado físico das diferentes fases presentes como: sólido-gás, sólido-líquido, líquido-gás ou
líquido-líquido-gás.
2
De acordo com Ishii e Hibiki (2011), a descrição do escoamento multifásico pode ser
realizada por dois tipos de abordagem. Na primeira, denominada One-fluid, a interface entre as
fases é fielmente rastreada, e as propriedades materiais globais são resultados da soma daquelas
3
propriedades referentes às fases puras, ponderadas pela fração volumétrica de cada uma. A
segunda abordagem refere-se ao Two-fluid na qual as fases escoam de maneira interprenetrante.
Nesta abordagem, cada fase é modelada usando um conjunto de equações de conservação de
massa, momento e energia. Na área de petróleo, a abordagem Two-fluid é considerada a mais
acurada para lidar com escoamentos bifásicos.
2. REVISÃO DA LITERATURA
Ishii e Hibiki (2011) descrevem um sistema multifásico como uma região onde
coexistem dois ou mais fluidos imiscíveis separados por uma interface. A complexidade que
acompanha esses escoamentos tem origem devido à existência dessas múltiplas, deformáveis e
móveis regiões. Como consequência, tem-se uma significativa descontinuidade das
propriedades do fluido e dos campos próximos à interface.
diversas notações para possíveis características e propriedades, sejam quais forem os sistemas
sólido-líquido, sólido-gás ou líquido-gás.
𝑊 = 𝑊𝐿 + 𝑊𝐺 (1)
𝑊𝐿 + 𝑊𝐺
𝐺= = 𝐺𝐿 + 𝐺𝐺 (2)
𝐴
𝑄 = 𝑄𝐿 + 𝑄𝐺 (3)
𝑄𝐿
𝑣𝑆𝐿 = (4)
𝐴
𝑄𝐺
𝑣𝑆𝐺 = (5)
𝐴
6
𝑄𝐿 + 𝑄𝐺
𝑣𝑀 = = 𝑣𝑆𝐿 + 𝑣𝑆𝐺 (6)
𝐴
𝑣𝑠𝑙𝑖𝑝 = 𝑣𝐺 − 𝑣𝐿 (7)
𝑣𝐺 𝑣𝑠𝑙𝑖𝑝
𝜉= =1+ (8)
𝑣𝐿 𝑣𝐿
Já o liquid holdup sem o deslizamento pode ser calculado pela seguinte expressão:
𝑄𝐿 𝑣𝑆𝐿
𝜆𝐿 = = (10)
𝑄𝐿 + 𝑄𝐺 𝑣𝑆𝐿 + 𝑣𝑆𝐺
Outro termo bastante utilizado é o void fraction (𝛼𝐺 ) que se refere a fração volumétrica
da fase gasosa na seção transversal do tubo.
𝛼𝐺 = 1 − 𝐻𝐿 (11)
A velocidade real (𝑣) define a velocidade com que os fluidos apresentam-se escoando
juntos na mesma tubulação. As Equações (12) e (13) abaixo descrevem a velocidade real da
fase líquida e gasosa:
𝑣𝑆𝐿
𝑣𝐿 =
𝐻𝐿 (12)
𝑣𝑆𝐺
𝑣𝐺 = (13)
1 − 𝐻𝐿
Fração mássica
𝑊𝐺 𝑊𝐺
𝑥= = (14)
𝑊𝐺 + 𝑊𝐿 𝑊𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑊𝐺 𝜌𝐺 𝑣𝐺 𝐴𝛼
= (15)
𝑊𝐺 + 𝑊𝐿 𝜌𝐺 𝑣𝐺 𝐴(1 − 𝐻𝐿 )+𝜌𝐿 𝑣𝐿 𝐴
𝜌𝑀(𝑠𝑙𝑖𝑝) = 𝜌𝐿 𝐻𝐿 + 𝜌𝐺 (1 − 𝐻𝐿 )
(16)
𝜇𝑀(𝑠𝑙𝑖𝑝) = 𝜇𝐿 𝐻𝐿 + 𝜇𝐺 (1 − 𝐻𝐿 ) (17)
Adotando que a fase líquida contém óleo e água, o cálculo das propriedades como
viscosidade, densidade e tensão superficial referentes às condições de não-deslizamento tem
como base uma média da taxa volumétrica de água.
sendo que 𝑓𝐴𝐶 refere-se a uma relação entre ao fluxo volumétrico de água juntamente com fluxo
volumétrico total da fase líquida, podendo ser descrito pela seguinte expressão:
𝑄á𝑔𝑢𝑎
𝑓𝐴𝐶 = (21)
𝑄á𝑔𝑢𝑎 + 𝑄𝑜𝑙é𝑜
Número de Froude
2
𝜐2
𝐹𝑟 = (22)
𝑔𝐷
𝑣𝑀 2 (𝑣𝑆𝐺 + 𝑣𝑆𝐿 )2
𝐹𝑟 2 = = (23)
𝑔𝐷 𝑔𝐷
do tipo líquido-gás, a distribuição espacial da interface entre as fases presentes pode assumir
uma variedade de configurações, a depender de parâmetros como geometria do duto (diâmetro,
inclinação), condições operacionais (temperatura, vazão, pressão) e propriedades físicas dos
fluidos.
Ainda não se tem uma concordância entre pesquisadores quanto a uma definição e
classificação universal para esses padrões. Essa não concordância deve-se, principalmente, ao
fato de que a descrição desses padrões tem sido determinada, na maioria das situações, por
observações visuais. Além disso, esses padrões são fortemente dependentes do ângulo de
inclinação, e o que se tem relatado é para uma única inclinação ou uma faixa limitada de
ângulos. Em Shoham (2005), é possível obter uma apresentação dessas diferentes distribuições
que esses padrões de escoamento podem assumir em tubos horizontais, verticais e inclinados.
A Figura 1 apresenta os possíveis padrões para o escoamento em tubulações verticais.
Direção do escoamento
Escoamento de bolhas (Bubbly flow): Neste padrão, a fase gasosa encontra-se em forma
de bolhas dispersas na fase líquida contínua, bolhas estas que podem assumir as mais
10
Escoamento pistonado (Slug flow): Grande parte da fase gasosa encontra-se em forma
de bolsões denominados “Bolhas de Taylor” e tendem a ocupar toda a seção transversal
do tubo devido ao aumento da velocidade na fase gasosa. Entre a bolha de Taylor e a
parede é possível observar ainda uma pequena película de líquido que flui no sentido
concorrente ao escoamento.
Escoamento anular (Annular flow): Este padrão é caracterizado por altas vazões da fase
gasosa no centro do duto, onde também se tem o arraste de gotas. Em torno da parede
interna do duto tem-se uma película de líquido uniforme que flui lentamente. A estrutura
ondulada da interface associada ao fluxo resulta numa elevada tensão de cisalhamento
interfacial.
Estratificado suave
Estratificado
Estratificado-
ondulado
Bolhas-alongadas
Intermitente
Pistonado
Anular
Anular
Anular-ondulado
Bolhas-dispersas
Direção do escoamento
Intermitente (Intermittent): É caracterizado por bolsões de gás que ocupam grande parte
da seção transversal do duto, juntamente com uma camada estratificada de líquido que
escoa na parte inferior. O padrão de escoamento intermitente é dividido em pistonado
12
Anular (Annular): O escoamento ocorre em elevadas vazões da fase gasosa que escoa
na região central, enquanto o líquido forma uma película fina na parede da superfície
interna do tubo. Este escoamento ocorre na fronteira de transição entre estratificado-
ondulado, pistonado e anular. Comumente é classificado em anular (Annular) e anular-
ondulado (Wavy-Annular). A diferença entre ambos é mais distinguível em escoamentos
ascendentes inclinados, pois nos escoamentos anular-ondulado (Wavy-Annular) o
líquido se move para frente na forma de ondas que sobrepõem o filme líquido.
A predição desses padrões ainda é bastante incerta, devido às diversas transições que
podem ocorrer durante o escoamento. Porém, na literatura é possível encontrar diversos tipos
14
de mapas que podem ajuda a prever a formação desses padrões a depender de variáveis como
vazão e velocidade superficial, por exemplo.
Qualquer tentativa de ter uma solução geral e exclusiva para todos os padrões de
escoamento é extremamente complicada. No entanto, o estudo do comportamento desses
escoamentos torna um pouco mais fácil a análise de cada padrão separadamente, pois só assim
é possível o desenvolvimento de modelos específicos para cada padrão. Estes modelos auxiliam
na predição de importantes variáveis como queda de pressão, holdup, e coeficientes de
transferência de calor e massa.
Um dos pioneiros a propor mapas que correlacionam regimes de escoamento foi Baker
(1954). As Equações (24) e (25) fornecem os valores para os fatores 𝜆 e 𝜓 tendo como base o
fluxo mássico das fases (GG e GL). De posse das propriedades e velocidades superficiais de
ambas as fases, juntamente com a área da seção reta do tubo, é possível determinar o padrão de
escoamento no mapa de Baker, apresentado na Figura 4.
𝜌𝐺 𝜌𝐿 0,5
𝜆 = [( )( )] (24)
0,075 62,5
1
73 62,3 2 3 (25)
𝜓= [𝜇 ( ) ]
𝜎 𝐿 𝜌𝐿
15
O mapa de Baker foi de grande valia na época. Porém, o trabalho foi realizado à
temperatura e pressão constantes de 20ºC e 1 atm, o que faz com que se tenha uma aplicação
limitada, podendo esses resultados serem usados apenas para sistemas com condições
operacionais similares.
Com a constatação de que o mapa de Baker era deficiente para predizer padrões de
escoamento em diferentes condições operacionais, Beggs e Brill (1973) desenvolveram um
novo método para prever regimes de escoamento em sistemas bifásicos. Suas correlações
possibilitaram aplicações para quase todos os intervalos dos ângulos de inclinação, porém só
não é recomendado para o escoamento vertical ascendente porque não prevê a queda de pressão
(SHOHAM, 2005).
O estudo experimental realizado por Beggs e Brill foi feito em dutos de acrílico com 90
ft de comprimento e diâmetros de 1 e 1,5 in, com ângulos de inclinação que podiam variar entre
0º e 90º. Para cada diâmetro da tubulação, as vazões de gás e líquido eram variadas para que se
pudesse observar o tipo de escoamento (MARTINS, 2011). Quatro tipos foram considerados
como forma de simplificação dos limites: segregado, intermitente, transição e distribuído. O
mapa foi desenvolvido tendo como coordenadas o número de Froude e o holdup de líquido
conforme apresentado na Figura 5.
16
Outro mapa que possui bastante aceitação foi elaborado por Mandhane et al. (1974),
tendo como base 1.178 observações de diversos pesquisadores, todas referentes a um
escoamento ar-água em tubos de pequeno diâmetro (SHOHAM, 2005). A coordenada
horizontal faz referência à velocidade superficial do ar. Já a coordenada vertical faz referência
à velocidade superficial do líquido.
Este é o mapa mais simples de ser utilizado, além de ser o que possui melhor
concordância com os demais mapas e dados experimentais disponíveis para escoamento
bifásico ar-água (FILHO, 2010).
17
Figura 6 - Mapa para escoamento horizontal proposto por Mandhane et al. (1974).
Fonte: Adaptado de Oliveira et al. (2010).
for estável, o escoamento estratificado ocorre. Caso o escoamento não seja estável, há um
escoamento não-estratificado ocorrendo, assim o padrão de escoamento resultante deverá ser
determinado.
𝑑𝑝
−𝐴𝐿 | − 𝜏𝑊𝐿 𝑆𝐿 + 𝜏𝐼 𝑆𝐼 − 𝜌𝐿 𝐴𝐿 𝑔 𝑠𝑖𝑛 𝜃 = 0 (27)
𝑑𝐿 𝐿
𝑑𝑝
−𝐴𝐺 | − 𝜏𝑊𝐺 𝑆𝐺 − 𝜏𝐼 𝑆𝐼 − 𝜌𝐺 𝐴𝐺 𝑔 𝑠𝑖𝑛 𝜃 = 0 (28)
𝑑𝐿 𝐺
𝑆𝐺 𝑆𝐿 1 1
𝜏𝑊𝐺 − 𝜏𝑊𝐿 + 𝜏𝐼 𝑆𝐼 ( + ) − (𝜌𝐿 − 𝜌𝐺 )𝑔 𝑠𝑖𝑛 𝜃 = 0 (29)
𝐴𝐺 𝐴𝐿 𝐴𝐿 𝐴𝐺
𝜌𝐿 𝑣𝐿2
𝜏𝑊𝐿 = 𝑓𝐿 (30)
2
19
𝜌𝐺 𝑣𝐺2
𝜏𝑊𝐺 = 𝑓𝐺 (31)
2
𝜌𝐺 (𝑣𝐺 − 𝑣𝐼 )2
𝜏𝐼 = 𝑓𝐼 (32)
2
Os fatores de atrito do gás e do líquido são definidos com base em seus respectivos
números de Reynolds, dados pelas seguintes expressões:
𝑑𝐿 𝑣𝐿 𝜌𝐿 −𝑛
𝑓𝐿 = 𝐶𝐿 (𝑅𝑒𝐿 )−𝑛 = 𝐶𝐿 ( ) (33)
𝜇𝐿
𝑑𝐺 𝑣𝐺 𝜌𝐺 −𝑚
𝑓𝐺 = 𝐶𝐺 (𝑅𝑒𝐺 )−𝑚 = 𝐶𝐺 ( ) (34)
𝜇𝐺
Para que ocorram transições no padrão estratificado, a velocidade do gás tem de ser
maior que a do líquido. Neste modelo, como é assumido que existe uma interface suave (𝑓𝐼 ≈
𝑓𝐺 ), negligencia-se a velocidade da interface, pois 𝑣𝐺 ≫ 𝑣𝐼 . Com estas aproximações, a tensão
de cisalhamento interfacial é igual à tensão de cisalhamento da fase gasosa (SHOHAM, 2005).
A Tabela 1 mostra os valores adotados por Taitel e Dukler (1976) para constantes
utilizadas no cálculo dos fatores de atrito.
É necessário transformar as equações para sua forma adimensional, visto que a solução
final para o nível de líquido é apresentada como adimensional. Então, a partir de agora essas
variáveis adimensionais serão designadas por um til (~). Variáveis como comprimento, área, e
velocidades superficiais assumem a seguinte forma:
𝑆̃𝐿 ̃ 𝑆̃𝐼
2 𝑆𝐺 𝑆̃𝐼
𝑋 2 [(𝑣 ̃ −𝑛 ̃𝐿 2
𝐿 𝐿) 𝑣
̃𝑑 ̃
] − [(𝑣̃𝑑
𝐺 𝐺 )
−𝑚
𝑣
̃𝐺 ( + + )] + 4𝑌 = 0 (35)
̃𝐿
𝐴 ̃𝐺 𝐴
𝐴 ̃𝐿 𝐴̃𝐺
sendo:
20
̃𝐿 − 1) + ( 2ℎ
̃𝐿 = 0,25 |𝜋 − 𝑐𝑜𝑠 −1 (2ℎ
𝐴 ̃𝐿 − 1)2 |
̃𝐿 − 1)√1 − (2ℎ (38)
̃𝐿 − 1) − ( 2ℎ
̃𝐺 = 0,25 |𝑐𝑜𝑠 −1 (2ℎ
𝐴 ̃𝐿 − 1)2 |
̃𝐿 − 1)√1 − (2ℎ (39)
̃𝐿 − 1)
𝑠̃𝐿 = 𝜋 − 𝑐𝑜𝑠 −1 (2ℎ (40)
−1 ̃
𝐺 = 𝑐𝑜𝑠 (2ℎ𝐿 − 1)
𝑠̃ (41)
̃𝐿 − 1)2
𝑠̃𝐼 = √1 − (2ℎ (42)
4𝐴̃𝐿
̃𝐿 =
𝑑 (43)
𝑆̃𝐿
̃𝐺
4𝐴
𝑑̃𝐺 = (44)
𝑆̃ ̃
𝐺 + 𝑆𝐼
̃𝑃
𝐴 ̃𝑃
𝐴
𝑣
̃𝐿 = 𝑒 𝑣̃𝐺 = (45)
̃𝐿
𝐴 ̃𝐺
𝐴
estratificado existe. Para altas velocidades de ambas as fases, pode haver mais de uma solução
̃𝐿 deve ser utilizado (NASCIMENTO, 2013).
numérica, e neste caso o menor valor de ℎ
De acordo com essa teoria para escoamento entre placas paralelas infinitas, as ondas
irão crescer quando as forças de sucção que provocam o crescimento das ondas for maior que
as forças gravitacionais que estabilizam o escoamento.
−0,5
𝑔(𝜌𝐿 − 𝜌𝐺 )ℎ𝐺
𝑣𝐺 > 𝐶1 [ ] (46)
𝜌𝐺
sendo que ℎ𝐺 a distância entre a placa superior e o nível de líquido em equilíbrio. Já o valor
para 𝐶1 depende do tamanho da onda.
−0,5
2
𝐶1 = [ ] (47)
(ℎ𝐺 ⁄ℎ′𝐺 )(ℎ𝐺 ⁄ℎ′𝐺 + 1)
−0,5
(𝜌𝐿 − 𝜌𝐺 )𝑔 𝑐𝑜𝑠 𝜃 𝐴𝐺
𝑣𝐺 > 𝐶2 [ ] (48)
𝜌𝐺 𝑆
23
sendo
(𝐴′𝐺 ⁄𝐴𝐺 )2
𝐶22 = 2 (49)
(1 + 𝐴′𝐺 ⁄𝐴𝐺 )
ℎ𝐿
𝐶2 = 1 − (50)
𝐷
Recentemente, Tzotzi et al. (2013) estudaram o efeito das propriedades sobre os padrões
de escoamento, usando observações visuais e sonda de condutividade. Foram utilizados dois
tipos de gases no estudo, CO2 e He em condições atmosféricas em um longo tubo de 12,75 m
com um diâmetro de 0,024 m em tubos com inclinações descendentes de 0°, 0,25° e 1°. Os
estudos se concentraram em sub-regiões estratificadas e concluíram que a densidade do gás
afeta fortemente a transição para ondas de Kelvin-Helmholtz, enquanto que a transição de
estratificado para golfadas permanece inalterada.
Park et al. (2016) estudaram a formação de ondas em uma interface óleo-água. O estudo
foi realizado em uma secção de ensaio acrílico com 8 metros de comprimento com 37
milímetros de diâmetro. Os dois fluidos foram armazenados separados em tanques e conduzidos
por bombas até a seção de teste. Uma haste com diâmetro externo de 5 mm foi introduzida a
460 mm da entrada. Os padrões de escoamento e as características interfaciais das ondas foram
obtidos a partir de gravações com uma câmera de alta velocidade. A distância para captação
das imagens foram iguais a 40,0; 55,9; 71,8; 87,7 e 103,6 mm, tendo como referência a haste. As
experiências foram conduzidas para velocidades de mistura que variam entre 0,62 e 2,17 m / s
e taxas de escoamento de óleo-água entre 0,29 e 3,50. Nos sistemas com e sem haste, foram
observados três padrões de escoamento diferentes. Os padrões de escoamento quando não se
tinha nenhuma haste mostrou boa concordância com padrões identificados em estudos
anteriores no mesmo sistema. A transição do escoamento estratificado para não estratificado
ocorre com o aumento da velocidade de mistura em ambos os casos. O momento inicial de
transição foi considerado quando ocorreu o primeiro aparecimento de uma gota de óleo ou
24
água. Esta transição é retardada para velocidades mais elevadas de mistura, onde as velocidades
relativas entre as duas fases são baixas. Enquanto o comprimento médio da onda e frequência
se mantiveram constantes, a posição média da interface aumentou gradualmente com a distância
da haste. Quanto mais distante a haste se encontrava, maior a velocidade de mistura, e
consequentemente maior a altura para a interface. Com o estudo foi possível concluir, que a
presença da haste num tubo proporciona melhoria no controle dos padrões de escoamento, além
de realizar melhorias na mistura das fases presentes, o que aumenta as taxas de transferência de
calor e massa.
0,5
𝑑𝑝
− 𝑑𝐿 |
𝑆𝐿 (51)
𝑇= [ ]
(𝜌𝐿 − 𝜌𝐺 )𝑔 𝑐𝑜𝑠 𝜃
𝜌𝐺 𝑣𝑆𝐺
𝐹= √ (52)
𝜌𝐿 − 𝜌𝐺 √𝑔 𝑑 𝑐𝑜𝑠 𝜃
1⁄
𝑣𝑆𝐿 𝜌𝐿 𝑑 2
𝐾 = 𝐹[ ] = 𝐹 2 𝑅𝑒𝑆𝐿 (53)
𝜇𝐿
̃𝐺
8𝐴
𝑇2 ≥ [ −𝑛 ] (54)
𝑆̃𝐼 𝑣̃𝐿2 (𝑣̃𝐿 − 𝑑̃𝐿 )
1 𝑣̃𝐺2 𝑆̃𝐼
𝐹2 [ 2 ̃ ]≥ 1 (55)
(1 − ℎ̃𝐿 ) 𝐴 𝐺
2
𝐾≥[ ] (56)
√𝑣
̃𝑣
𝐿 ̃√𝑆
𝐺
25
̃𝐿 , se ℎ
Para a predição da transição para o padrão anular é necessário checar o ℎ ̃𝐿 < 0,35,
e o critério da Equação (55) for satisfeito, a transição ocorre para o padrão anular.
Figura 11 - Mapa para padrão para escoamento horizontal (Taitel e Dukler, 1976).
Fonte: Shoham (2005).
O modelo teórico produzido por Taitel e Dukler (1976) foi comparado com dados
experimentais para escoamento água-ar em condições atmosféricas em tubos horizontais com
2,5 cm de diâmetro e ligeiramente inclinados, mostrando uma concordância bastante satisfatória
com os dados relativos ao regime estratificado e as fronteiras de transição para o não-
estratificado do mapa de Mandhane et al., (1974). Porém, para tubos com diâmetros maiores, o
estudo mostrou uma alta sensibilidade nas regiões de transição previstas pelo modelo, isto
ocorreu devido à inclinação do tubo (SHOHAM, 2005).
Figura 12 - Comparação do modelo Taitel e Dukler (1976) com o mapa de Mandhane (1974).
Fonte: Shoham (2005).
27
0,2 𝑚/𝑠. Após 17 m da entrada da seção de teste, estava localizado o WMS para assegurar que
o escoamento das duas fases esteja totalmente desenvolvido por toda a tubulação. A saída da
seção de teste estava ligada a um separador, onde o ar e o líquido eram bombeados de volta
para o tanque de recirculação, mantendo o fluxo estratificado dentro da seção de teste. Com
base na curva interpolada pelo algoritmo foi verificado o centro de massa de cada pixel obtido,
tendo valores de 0 e 1 selecionados para representar a fase gasosa e líquida, respectivamente.
Visualizada a interface ondulada, notou-se que nos primeiros 0,5 s, para as condições 𝑣𝑆𝐺 =
9,2𝑚/𝑠 𝑒 𝑣𝑆𝐿 = 0,2 𝑚/𝑠 as características ondulatórias do escoamento obtido no conjunto de
dados é bem mais rápida que as originais sem sensores WMS. Valores obtidos para o holdup a
partir do conjunto de dados, e dos WMS foram comparados com estudos com o método Quick
Closing Valve (QCV). O desvio máximo entre o WMS e QCV foi de 1,74%, já o desvio absoluto
foi de 0,56%. As medições para o escoamento água-ar foram tratadas de forma semelhante,
porém não foi possível a comparação ao método QCV devido à ausência de estudos.
Os padrões bubble flow, slug flow e churn flow, principalmente sob altas pressões,
apresentam a formação de uma grande área interfacial, e condições como esta fazem com que
a aplicação do modelo homogêneo ao problema torne-se válida. Já para situações de rápida
aceleração do escoamento ou altas variações de pressão, como em descargas flash líquido-
vapor, o modelo não é aconselhável. Outro exemplo da não validade desse modelo homogêneo
é a produção de petróleo, ´pois as condições de pressão no reservatório e na descarga durante a
produção são muito elevadas (DANTAS, 2011).
29
Em seu estudo, Correia et al. (2011) compararam dois simuladores de fluxo multifásico
comerciais utilizando modelo homogêneo juntamente com uma base de dados experimentais
obtidas em campos de petróleo para escoamentos do tipo gás-líquido. Os desvios entre os dados
experimentais da fração de volume e as previsões eram de cerca de 200% para o fluxo
estratificado. As comparações com dados de campo mostraram uma elevada estimativa na
queda de pressão, que chegou a cerca de 100% na região dominada pela gravidade, onde o fluxo
estratificado era esperado.
𝑑𝑝 𝑑𝑝 𝑑𝑝 𝑑𝑝
− = −( ) −( ) −( ) (57)
𝑑𝐿 𝑑𝐿 𝐹 𝑑𝐿 𝐺𝑟𝑎𝑣 𝑑𝐿 𝐴
𝑑𝑝
− | = 𝜌𝑀 𝑔 𝑠𝑖𝑛 𝜃 = [(1 − 𝐻𝐿 )𝜌𝐺 + 𝐻𝐿 𝜌𝐿 ]𝑔 𝑠𝑖𝑛 𝜃 (58)
𝑑𝐿 𝐺𝑟𝑎𝑣
𝑑𝑝 2 (
𝑑𝑥 𝑑𝑝 𝑑𝑣𝐺 𝑑𝑣𝐿 𝐺 2 1 𝑑𝐴
− | = 𝐺 [ 𝑣𝐺 − 𝑣𝐿 ) + (𝑥 (
+ 1−𝑥 ) )] − (59)
𝑑𝐿 𝐴 𝑑𝐿 𝑑𝐿 𝑑𝑝 𝑑𝑝 𝜌𝑀 𝐴 𝑑𝐿
O gradiente de pressão devido ao atrito é descrito pela Equação (62). Trata-se de uma
expressão que tem como base a tensão de cisalhamento em termos de um fator de atrito. Logo,
a tensão média de cisalhamento na parede do duto pode ser calculada a partir do coeficiente de
atrito de Fanning.
30
1 2
𝜏𝑤 = 𝑓𝐹 𝜌𝑀 𝑣𝑀 (60)
2
𝑑𝑝 𝜋𝐷2 𝑑𝑝
= 𝜋𝐷𝜏𝑤 = ( ) (61)
𝑑𝐿 4 𝑑𝐿 𝐹
𝑑𝑝 4𝜏𝑤 2 2
2 𝐺2
− | = = 𝑓𝐹 𝜌𝑀 𝑣𝑀 = 𝑓𝐹 (62)
𝑑𝐿 𝐹 𝐷 𝐷 𝐷 𝜌𝑀
𝑑𝑝 2 2
𝑑𝑥 𝑑𝑝 𝑑𝑣𝐺 𝑑𝑣𝐿 𝐺 2 1 𝑑𝐴
− = 𝑓𝐹 𝜌𝑀 𝑣𝑀 + 𝜌𝑀 𝑔 𝑠𝑖𝑛 𝜃 + 𝐺 2 [(𝑣𝐺 − 𝑣𝐿 ) + (𝑥 + (1 − 𝑥) )] − (63)
𝑑𝐿 𝐷 𝑑𝐿 𝑑𝐿 𝑑𝑝 𝑑𝑝 𝜌𝑀 𝐴 𝑑𝐿
Rearranjando a expressão:
2 𝑑𝑥 𝐺 2 1 𝑑𝐴
𝑓𝐹 𝜌𝑀 𝑣2𝑀 + 𝜌𝑀 𝑔 𝑠𝑖𝑛 𝜃 + 𝐺 2 (𝑣𝐺 − 𝑣𝐿 )
𝑑𝑝 𝐷 𝑑𝐿 − 𝜌𝑀 𝐴 𝑑𝐿
− = (64)
𝑑𝐿 𝑑𝑣 𝑑𝑣
1 + 𝐺 2 (𝑥 𝑑𝑝𝐺 + (1 − 𝑥 ) 𝑑𝑝𝐿 )
Tendo sua origem com base no trabalho de Lockhart e Martinelli publicado em 1949, a
correlação de Lockhart e Martinelli foi a primeira abordagem empírica que permitiu calcular,
com grau aceitável de precisão, o gradiente de pressão no escoamento bifásico. Trata-se de um
modelo simples, que pode ser empregado nos mais diversos padrões de escoamento, e se baseia
em duas premissas fundamentais. A primeira é que a pressão é uniforme na seção transversal
do escoamento, e o gradiente de pressão das fases de líquido e gás são iguais. A segunda impõe
que o volume total da tubulação é igual à soma dos volumes ocupados pelas fases de líquido e
gás. A principal desvantagem dessa abordagem, deve-se ao cálculo da perda de carga por atrito
no qual torna-se limitado apenas a escoamentos em tubos horizontais.
31
O gradiente de pressão por atrito da fase líquida pode ser descrito utilizando o conceito
de diâmetro hidráulico a partir do fator de atrito de Fanning. A fase gasosa também é tratada de
forma similar. A seguir são apresentadas as equações que descrevem a perda de carga da mistura
bifásica líquido-gás.
𝑑𝑝 𝑑𝑝 2
− | =− | = 𝑓 𝜌 𝑣2 (65)
𝑑𝐿 𝑇𝑃 𝑑𝐿 𝐿 𝐷𝐿 𝐿 𝐿 𝑆𝐿
𝑑𝑝 𝑑𝑝 2
− | =− | = 𝑓 𝜌 𝑣2 (66)
𝑑𝐿 𝑇𝑃 𝑑𝐿 𝐺 𝐷𝐺 𝐺 𝐺 𝑆𝐺
𝑄𝐿 𝜌𝐿 𝐷𝐿 −𝑛
𝑓𝐿 = 𝐶𝐿 (𝑅𝑒𝐿 )−𝑛 = 𝐶𝐿 [( ) ] (67)
𝐴𝐿 𝜇𝐿
𝑄𝐺 𝜌𝐺 𝐷𝐺 −𝑚
𝑓𝐺 = 𝐶𝐺 (𝑅𝑒𝐺 )−𝑚 = 𝐶𝐺 [( ) ] (68)
𝐴𝐺 𝜇𝐺
A área efetiva de cada fase é definida a partir do diâmetro hidráulico, assim como no
modelo homogêneo. Os parâmetros a e b correlacionam a área da secção transversal efetiva do
escoamento da fase líquida e gasosa e as áreas das circunferências de diâmetro 𝐷𝐿 e 𝐷𝐺 .
𝜋
𝐴𝐿 = 𝑎 ( 𝐷𝐿2 ) (69)
4
𝜋
𝐴𝐺 = 𝑏 ( 𝐷𝐺2 ) (70)
4
𝑄𝐿
𝑣𝑆𝐿 = 𝜋 (71)
𝑎 (4 𝐷𝐿2 )
𝑄𝐺
𝑣𝑆𝐺 = 𝜋 (72)
𝑏 ( 4 𝐷𝐺2 )
−𝑛 2
𝑑𝑝 2 𝑄𝐿 𝜌𝐿 𝐷 𝑄𝐿 𝑛−2
𝐷 2
− | = { 𝐶𝐿 [(𝜋 ) ] 𝜌𝐿 (𝜋 ) } 𝑎 ( ) (73)
𝑑𝐿 𝐿 𝐷 𝐷 𝜇𝐿 𝐷 2 𝐷𝐿
4 4
32
−𝑚 2
𝑑𝑝 2 𝑄𝐺 𝜌𝐺 𝐷 𝑄𝐺 𝐷 2
− | = { 𝐶𝐺 [(𝜋 ) ] 𝜌𝐺 (𝜋 ) } 𝑏𝑛−2 ( ) (74)
𝑑𝐿 𝐺 𝐷 𝐷2 𝜇𝐺 𝐷2 𝐷𝐺
4 4
As Equações (73) e (74) descrevem o que poderia ocorrer com os gradientes de pressão
caso cada fase escoasse sozinha na tubulação, ou seja, o gradiente de pressão superficial da fase
líquida e gasosa, respectivamente. Definindo-se as expressões de forma adimensional, têm-se:
𝑑𝑃
− 𝑑𝐿 | 𝐷 (5−𝑛)/2
𝐿
𝜙𝐿 = √ = 𝑎(𝑛−2)⁄2 ( ) (75)
𝑑𝑃 𝐷𝐿
− 𝑑𝐿 |
𝑆𝐿
𝑑𝑃
− 𝑑𝐿 | 𝐷 (5−𝑚)/2
𝐺 (5−𝑚)⁄2
𝜙𝐺 = √ =𝑏 ( ) (76)
𝑑𝑃 𝐷𝐺
− 𝑑𝐿 |
𝑆𝐺
Supondo que os gradientes de pressão das fases são iguais durante o escoamento
estacionário, têm-se a igualdade das equações:
𝑑𝑃 𝑑𝑃
− | =− | (77)
𝑑𝐿 𝐺 𝑑𝐿 𝐿
𝑑𝑃
𝜙𝐺 − 𝑑𝐿 |
𝑆𝐿 (78)
=√
𝜙𝐿 𝑑𝑃
− 𝑑𝐿 |
𝑆𝐺
𝑑𝑃
− 𝑑𝐿 |
𝑆𝐿
𝑋2 = (79)
𝑑𝑃
− 𝑑𝐿 |
𝑆𝐺
2 𝑣𝑆𝐿 𝜌𝐿 𝐷 −𝑛 2
𝐶𝐿 [ ] 𝜌𝐿 𝑣𝑆𝐿
𝐷 𝜇 𝐿
𝑋2 = (80)
2 𝑣𝑆𝐺 𝜌𝐺 𝐷 −𝑚 2
[ ] 𝜌𝐺 𝑣𝑆𝐺
𝐷 𝐶𝐺 𝜇𝐺
As curvas descritas na Figura 13 podem ser representadas pelas das Equações (81) e
(82). Os termos 𝜙 e X fazem referência aos gradientes de pressão descritos na Equação (75).
𝐶 1
𝜙𝐿2 = 1 + + 2 (81)
𝑋 𝑋
𝜙𝐺2 = 1 + 𝐶𝑋 + 𝑋 2 (82)
escoamento horizontal óleo-água. Foi relatado que a medida que se aumentava a velocidade de
escoamento do óleo, a diferença entre os valores do gradiente de pressão reportado eram
maiores. O efeito da viscosidade do óleo no gradiente de pressão também foi investigado
usando o modelo de dois fluidos, tendo apresentado a melhor previsão quando se têm baixos
valores.
Muitas teorias e conceitos têm sido estudados extensivamente na tentativa de obter uma
descrição universal adequada para problemas práticos sobre o fenômeno da turbulência. Porém,
a turbulência permanece sendo um fator complicador nas análises para fenômenos de transporte
por não permitir uma abordagem analítica. Na prática, a maioria dos escoamentos que são
encontrados estão em regimes turbulentos, sendo de fundamental importância o entendimento
dos mecanismos físicos que governam este tipo de escoamento.
𝑣𝐿𝜌
𝑅𝑒 = (83)
𝜇
𝜙 = 𝜙𝑚 + 𝜙 ′ (84)
a variável da velocidade têm-se a soma de um valor médio (𝑢𝑚 , 𝜈𝑚 , 𝑤𝑚 ) mais uma flutuação
(𝑢′ , 𝑣 ′ , 𝑤 ′ ):
𝑢 = 𝑢𝑚 + 𝑢 ′ (85)
𝜈 = 𝜈𝑚 + 𝑣 ′ (86)
𝑤 = 𝑤𝑚 + 𝑤 ′ (87)
1 ∆𝑡 (88)
𝑢̅ = 𝑢𝑚 = ∫ 𝑢(𝑡) 𝑑𝑡
∆𝑡 0
Figura 15 - Comparação entre os perfis de velocidade no interior de uma canalização para uma
mesma vazão: i) escoamento laminar; ii) escoamento turbulento.
Fonte: adaptado de Tritton (1988).
Existem várias abordagens utilizadas para modelagem dos fenômenos turbulentos, eles
se diferenciam principalmente pela forma como é considerado o fenômeno da turbulência, sua
complexidade para modelagem, precisão e custos computacionais envolvidos na solução.
Dentre os mais conhecidos está a simulação numérica direta normalmente conhecida na
literatura inglesa como Direct Numerical Simulation (DNS), consiste basicamente em resolver
as equações de Navier-Stokes por completo, ou seja, para todas as escalas temporais e espaciais
do movimento. A principal vantagem dessa abordagem deve-se a sua vasta aplicação nos mais
diversos tipos de escoamentos, muitas vezes substituindo experimentos físicos por serem
capazes de representar o fenômeno da turbulência por completo. Porém a necessidade de um
alto custo computacional restringe sua utilização para aplicações em domínios pequenos ou em
casos onde têrm-se valores para o número de Reynolds baixo. Um outra abordagem conhecida
é a simulação de grandes escalas ou Large Eddy Simulation (LES). Nesta técnica, um filtro
espacial separa os grandes vórtices que realizam o transporte de energia e movimento, dos
pequenos vórtices onde predomina a isotropia. Uma representação esquemática de todas as
abordagens acima relatadas pode ser visualizada a partir da Figura 16.
39
Figura 16 - Representação esquemática das escalas de turbulência e sua relação com os seus
respectivos modelos.
Fonte: Ranade (2002).
Problemas que envolvem escoamentos turbulentos em sua maioria podem ser resolvidos
pela aplicação do conjunto de equações RANS (Reynolds-Averaged Navier-Stokes) um modelo
simples e de custo computacional relativamente baixo quando comparado com outros. Esse
modelo tem como base a introdução de novas incógnitas no sistema da equação da quantidade
de movimento. Estas incógnitas são os 6 tensores de Reynolds ̅̅̅̅̅
(−𝜌𝑢 ′2, −
̅̅̅̅
𝜌𝑣 ̅̅̅̅̅
′ 2 , −𝜌𝑤 ′ 2 , −𝜌𝑢
̅̅̅̅̅̅ ̅̅̅̅̅̅
′ 𝑣 ′ , −𝜌𝑢 ̅̅̅̅̅̅
′ 𝑤 ′ , 𝜌𝑣 ′ 𝑤 ′ ). Da mesma forma, as equações transporte escalar do tempo
Nos últimos anos, alguns estudos vêm sendo realizados para investigar as características
fundamentais dos escoamentos turbulento em canais, que vão desde a decomposição da
turbulência (FLORES e RILEY, 2011; DONDA et al., 2015), a teorias de similaridades (SHAH
et al., 2014; MELLADO e AMSORGE, 2014; BASU e HE, 2015).
O modelo de dois fluidos (two fluid model) é de um dos modelos mais utilizados para
descrever escoamentos multifásico, e em sua abordagem definem-se as variáveis de cada fase
com seu próprio conjunto de equações governantes. De forma geral, na maioria das aplicações,
dois tipos de padrões de escoamentos podem ser encontrados, os escoamentos dispersos onde
uma fase é contínua e a outra dispersa, e o escoamento de fases separadas onde ambas as fases
são contínuas.
O modelo de dois fluidos tem um bom desempenho para escoamentos bifásicos, nos
quais as fases estão relativamente desacopladas, isto é, quando o padrão é estratificado, liso,
ondulado ou anular. Escoamentos no qual as fases estão fortemente acopladas, tal como
disperso em bolhas, disperso em gotas e agitado podem ainda ser previstos pelo modelo, porém
têm-se equações constitutivas mais complexas, que nem sempre representam todos os
fenômenos físicos relativos às interações entre bolhas e fluido, podendo induzir a um mau
41
2002 ; OZAR et al., 2012). A densidade de área interfacial, dada pela Equação (90), expressa
a razão entre as áreas interfaciais contidas em um volume (ROSA, 2012).
𝑚
1
𝐴𝑖,𝑘 = ∑ [∫ 𝑑𝑠𝑗 ] (90)
∆∀
𝑗=1
Modelo de partículas: assume que uma das fases é contínua (fase Λ) e a outra dispersa
(fase β). A densidade de área interfacial é determinada assumindo que a fase β dispersa
está presente na forma de partículas esféricas com um diâmetro médio 𝑑𝛽 .
6𝛼𝛽
𝐴𝛬𝛽 = (91)
𝑑𝛽
𝜌𝛬 |𝑣𝛽 − 𝑣𝛬 | 𝑑𝛽
𝑅𝑒𝛬𝛽 = (92)
𝜇𝛬
𝜇𝛬 𝐶𝑃𝛬
𝑃𝑟𝛬𝛽 = (93)
𝜅𝛬
Modelo de mistura: é considerado um modelo mais simples, pois trata ambas as fases Λ
e β de forma simétrica e contínuas. A densidade de área interfacial é calculada a partir
da expressão:
6𝛼𝛬 𝛼𝛽
𝐴𝛬𝛽 = (94)
𝑑𝛬𝛽
As propriedades de mistura 𝐶𝑃Λ𝛽 ,𝜇Λ𝛽 , 𝜌Λ𝛽 , 𝜅Λ𝛽 , são definidas pelas seguintes
expressões:
Modelo de superfície livre: o modelo busca definir a interface entre os fluidos. Se existir
apenas duas fases na simulação, a seguinte equação é usada para o cálculo da densidade
da área interfacial:
2|𝛻𝛼𝛬 ||𝛻𝛼𝛽 |
𝐴𝛬𝛽 = (102)
|𝛻𝛼𝛬 | + |𝛻𝛼𝛽 |
O modelo de arraste para superfícies livres em um sistema multifásico com base na tensão
de cisalhamento foi aplicado nos trabalhos de Porombka e Hohne (2015), com todas as fases
do fluxo tratadas como contínuas. No trabalho, o método de simulação direta (DNS) foi
utilizado para resolver todas as escalas espaciais e temporais envolvidas no escoamento. A
análise do amortecimento de turbulências foi observada adotando o modelo de turbulência k-
𝜔, devido à menor sensibilidade ao refinamento da malha. Os resultados do estudo mostraram
que o novo modelo de arraste descreveu os dados experimentais com boa precisão, entretanto
medidas mais precisas da tensão de cisalhamento no fluxo estratificado ainda são necessárias
para realmente validar o modelo em um posterior estudo.
De um modo geral, as forças interfaciais são comumente divididas em dois tipos: força de
arraste e outras forças (Drag Force e Non-drag Forces). Na grande maioria das aplicações a
força de arraste tem uma maior parcela na contribuição da transferência da quantidade de
44
movimento interfacial, enquanto as outras forças são pouco consideradas. Na literatura, este
tipo de força tem sido bastante explorada por diversos pesquisadores da área, como Yusuf et al.
(2012) que relataram em seu trabalho o efeito exercido por um polímeros (DRP) para redução
do arraste em padrões de escoamento e queda de pressão, utilizando um óleo mineral escoando
em um tubo de acrílico com 8 metros de comprimento. Observou-se que a adição de DRP
influenciou nos padrões de escoamento e nas suas transições. Em particular, o padrão de
escoamento estratificado sofreu uma redução no atrito como também um aumento na
velocidade superficial do óleo após elevação da concentração do polímero de 2 para 10 ppm.
Fixando-se a velocidade do óleo, observou-se que essa redução no atrito é aumentada até a
velocidade superficial da água atingir 1,3 m/s.
1
|𝐹𝐷 | = 𝐴𝐶𝐷 𝜌𝐿𝐺 |𝑣𝐿 − 𝑣𝐺 |2 (103)
2
Segundo Paladino (2005), a força de arraste sobre um corpo pode ser separada em duas
parcelas, a força devida ao cisalhamento superficial e aquela exercida pela distribuição de
tensões normais assimétricas sobre a superfície do corpo, chamada de arraste de forma. Assim,
para baixos valores do 𝑅𝑒𝑝 o arraste é devido principalmente ao atrito superficial. Quando o
valor do 𝑅𝑒𝑝 aumenta, a força de arrasto vai tendo maior influência no comportamento do
escoamento, até que para altos valores deste número o arraste é dominado por este fenômeno.
Abaixo são descritos algumas das correlações para os regimes mais conhecidos na literatura.
24
𝐶𝐷 = (104)
𝑅𝑒𝑝
Região viscosa: neste regime 1 < 𝑅𝑒𝑝 < 1000, e tanto a força devido ao
cisalhamento quanto ao arraste são relevantes. Dentre as correlações mais utilizadas
encontram-se:
45
24
𝐶𝐷 = (1 + 0,15 × 𝑅𝑒 0,687 ) (105)
𝑅𝑒𝑝
24
𝐶𝐷 = (1 + 0,1 × 𝑅𝑒 0,75 ) (106)
𝑅𝑒𝑝
Região turbulenta: para 1000 < 𝑅𝑒𝑝 < 2 ∙ 105 , o coeficiente passa aqui a ser
independente dos valores de Reynolds, assumindo o valor aproximado de:
𝐶𝐷 = 0,44 (107)
O pacote ANSYS WORKBENCH reúne diversas dessas ferramentas para análise dos
mais variados tipos de sistemas, permitindo desde projetar e otimizar equipamentos até
solucionar problemas já existentes. O software ANSYS CFX é um deles, bastante empregado
em meios acadêmicos, principalmente, em áreas como a engenharia.
Com base nos trabalhos disponíveis na literatura, nota-se uma alta aplicabilidade em
várias linhas de pesquisas, principalmente, quando se trata de simulações direcionadas a
escoamento de fluidos na engenharia química, como relatado em Lí et al. (2015). Eckhard et
al. (2009) que relatam a utilização da fluidodinâmica computacional com o auxílio do software
ANSYS CFX para determinação de parâmetros de propagação de ondas de pressão em reatores,
bem como a simulação de modelos de distribuição de escoamentos borbulhantes em tubulações.
Deendarlianto et al. (2011) realizaram alguns estudos em CFD utilizando o ANSYS CFX para
o estudo dos fenômenos que limitam o fluxo contracorrente em um escoamento multifásico. Na
simulação desenvolvida, o fluxo foi considerado em regime transiente e, desse modo, no
trabalho foram utilizados códigos multifásicos para resolver as equações dos fenômenos de
transporte que constituem o modelo, através de uma abordagem Euler-Euler. A malha adequada
para cada campo de fluxo foi desenvolvida, considerando o refinamento do local e outros
parâmetros.
i) Pré-Processador
Essa primeira etapa consiste na entrada de dados que serão utilizados no solver para
determinar a solução do problema. Tem-se como primeiro estágio nesta etapa, a identificação
da região de interesse do problema para que possa ser realizada a criação de um modelo
geométrico. Essa geometria criada deve seguir alto grau de detalhamento, respeitando as
dimensões reais do sistema. Em seguida, deve ser gerada a malha numérica para a geometria
criada.
É necessária a seleção dos fenômenos físicos e químicos que ocorrem no sistema, como
também a definição das propriedades do fluido juntamente com suas respectivas condições de
contorno. Parâmetros de simulação como tempo de execução, quantidade de iterações, precisão
desejada, entre outros, também serão solicitados. A solução mostrada pelo CFX é totalmente
dependente das condições escolhidas pelo usuário durante a etapa do pré-processamento.
iii) Pós-processador
Gráficos 3D e 2D;
Manipulação visual de resultados;
Escala de cores para contornos;
Trajetória da partícula;
Exibição de malha e vetores;
Visualização da variação de temperatura, pressão e velocidades.
Animações de variáveis escalares.
Pesquisas envolvendo simulações com códigos tipo CFD juntamente com testes
experimentais para escoamento multifásico contracorrente estratificado foram realizadas por
Valleé et al. (2008) utilizando o ANSYS CFX a partir de uma abordagem Euler-Euler. A
turbulência de cada fase foi modelada baseando-se no transporte da tensão de cisalhamento
(SST) e utilizando o modelo k-𝜔. Seus resultados mostraram que o comportamento da geração
de ondas e a sua propagação na estrutura experimental foi reproduzida de forma satisfatória.
Entretanto, foram observados alguns desvios que indicaram uma pequena instabilidade causada
pela pressão ou devido ao aumento da quantidade de movimento entre as fases do escoamento.
valor para as variáveis desconhecidas. Dentre os métodos numéricos existentes, serão descritos
os três mais utilizados e conhecidos que são: Método das Diferenças Finitas, Método dos
Elementos Finitos e Método dos Volumes Finitos.
No método das diferenças finitas, as derivadas das EDP’s são aproximadas por
diferenças, as quais, geralmente, são obtidas utilizando-se das expansões da série de Taylor em
torno dos pontos distribuídos no domínio. Trata-se de um método geralmente baseado em
sistemas de coordenadas ortogonais, como o cartesiano, cilíndrico e esférico. No método dos
elementos finitos são empregadas funções de interpolação e as equações discretizadas são
solucionadas através da minimização de um resíduo ponderado (ROCHA, 2008).
Figura 17 - Três volumes de controle com três pontos nodais (W, P e E) e duas interfaces (w e e).
Fonte: Elias (2010).
As estimativas dos fluxos advectivos e difusivos das propriedades devem ser avaliadas nas
fronteiras do volume de controle, e estes cálculos serão realizados em função dos valores da
função ϕ nos pontos nodais. A tentativa é sempre propor uma função de interpolação com menor
erro possível e que não envolva muitos pontos nodais para que a matriz não possua uma
estrutura muito complexa.
𝜕𝜙 𝜕𝜙
𝜌𝜙𝜈⃗|𝑒 − 𝜌𝜙𝜈⃗|𝑤 = 𝛤 𝜙 | − 𝛤𝜙 | (108)
𝜕𝑥 𝑒 𝜕𝑥 𝑤
O esquema de diferença central é uma aproximação que vem sendo usada para representar
os termos de difusão. Este esquema também pode ser usado para calcular, através de
51
interpolação linear, o valor de ϕ nas faces das células para os termos advectivos. No ponto da
malha cartesiana, o valor é expresso pela Equação (109).
𝜙𝑒 = 𝜙𝐸 𝜆𝑒 + 𝜙𝑃 (1 − 𝜆𝑒 ) (109)
𝑥𝑒 − 𝑥𝑝
𝜆𝑒 = (110)
𝑥𝐸 − 𝑥𝑃
𝜕𝜙 𝜙𝐸 − 𝜙𝑃
| ≅ (111)
𝜕𝑥 𝑒 𝑥𝐸 − 𝑥𝑃
Este esquema é de primeira ordem, sendo, portanto, necessárias malhas refinadas para a
obtenção de soluções precisas. É uma única aproximação que não gera resultados oscilatórios,
ou seja, a solução numérica pode apresentar erros de dissipação numérica (ROSA, 2008).
Higher Upwind
52
Com a finalidade de aumentar ainda mais a precisão da solução, o esquema Higher upwind
introduz mais um termo a oeste da célula numérica 𝜙𝑊𝑊 . É possível ter sua representação
matemática a partir da seguinte expressão:
1
𝜙𝑤 = 𝜙𝑃 + (𝜙𝑊 − 𝜙𝑊𝑊 ) (113)
2
3 1
𝜙𝑒 = 𝜙𝑃 − 𝜙𝑊 (114)
2 2
Também denominado de esquema upwind de segunda ordem, fornece valores mais precisos
do que o esquema upwind de primeira ordem, porém é necessário para tal precisão um maior
esforço computacional.
Este esquema também é baseado no upwind, no entanto utiliza uma expressão de terceira
ordem considerando os dois pontos anteriores e um posterior à face em questão.
3 3 1
𝜙𝑝 = 𝜙𝐸 + 𝜙𝑃 − 𝜙𝑊 (115)
8 4 8
Como é impossível obter soluções numéricas sobre uma região contínua devido ao número
infinito de pontos da mesma, inicialmente é necessário discretizar o domínio dividindo-o em
pontos (nós), e esse conjunto de pontos discretos é denominado malha computacional. A Figura
18 apresenta a distribuição desses nós quando o método de volumes finitos é aplicado a uma
malha computacional 2D.
Segundo Versteeg e Malalasekera (2007), a geração de uma malha, embora pareça trivial
devido à simplicidade dos algoritmos de produção, é na verdade uma tarefa extremamente
difícil e importante na simulação numérica, requerendo bastante cuidado na sua elaboração,
visto que uma boa malha gerada é fundamental na produção de uma descrição física realística,
de modo que se tenha um custo computacional baixo. Na construção de uma malha
computacional têm-se quatro tipos básicos de elementos tridimensionais: os hexaédricos e os
tetraédricos, que são os principais, e os elementos prismáticos e piramidais, que são usados com
menor frequência, conforme apresentado na Figura 19.
54
(a) (b)
Figura 20 - Exemplos de malha estruturada (a) e não-estruturada (b).
Fonte: Elias (2010)
55
A redução desses erros eleva a acurácia dos cálculos quando a distância entre dois nós
da malha tende ao contínuo, e isso ocorre devido à solução numérica ser sensível a este
espaçamento. No entanto, este procedimento é inversamente proporcional ao custo
computacional, isto é, quanto menor essa distância entre os nós, maior é a acurácia e maior será
o custo computacional (NOVAK, 2012).
Na literatura, diversos métodos têm sido propostos para a redução de possíveis erros nas
soluções produzidas, tais como método da extrapolação dos mínimos quadrados, estimadores
de erro com base em elementos finitos. Porém, o mais amplamente utilizado e aceito na
literatura é o modelo de extrapolação de Richardson, isso devido a sua facilidade de aplicação
e verificação de soluções numéricas dos mais variados tipos de discretização (WAHBA, 2013).
𝑝
𝛿𝑖 = 𝑓𝑖 − 𝑓𝑒𝑥 ≈ 𝛼ℎ𝑖 (116)
As malhas computacionais são classificadas da seguinte forma por Roache (1994): para
valores 0 < 𝑅 < 1, convergência monotônica; -1 < 𝑅 < 0, convergência oscilatória; |𝑅| > 1,
divergência.
1 𝑝 𝑝
{𝑙𝑛 ( ) − [𝑙𝑛(𝑟32 − 1) − 𝑙𝑛(𝑟21 − 1)]}
𝑝= 𝑅 (117)
𝑙𝑛 𝑟21
1
𝑙𝑛( )
𝑅
Para quando 𝑟21 = 𝑟32 a ordem de precisão será igual a . Para casos em que a
𝑙𝑛 𝑟21
ordem de precisão, 𝑝, é maior do que a ordem teórica, a relação para a estimativa do erro, 𝛿𝑖′ , é
resolvida com três malhas e a série é truncada no segundo termo.
Para 2 < 𝑝 ≤ 3:
3. METODOLOGIA
A geometria de entrada foi definida de forma que se tenha uma injeção separada dos
fluidos para dentro do canal, o ar flui através da parte superior e a água através da parte inferior,
proporcionando perfis de velocidade homogêneos. Os fluidos entram em contato após uma
lâmina de 0,1 metro que separa ambas as fases. A Figura 23 mostra a geometria gerada no
software.
60
A malha criada no Meshing para o domínio foi do tipo não estruturada, ou seja, não se
tem uma distribuição regular dos elementos. A malha construída apresenta 1,2 x 10 6 elementos
hexaédricos e pode ser visualizada na Figura 24.
61
Uma maneira simples e rápida de analisar a malha gerada é através dos element quality,
aspect ratio, e skewness. O element quality é um fator de qualidade para cada elemento, e seu
valor pode variar de 0 a 1. O aspect ration relaciona as dimensões características de cada
elemento, sendo aconselhado que o intervalo entre os elementos esteja entre os valores de 20 a
50. O skewness determina o quão perto do ideal uma face ou célula está, e seu valor varia de 0
a 1, sendo seu valor máximo descrito para células com alta assimetria, o que indica células de
baixa qualidade (ANSYS, 2009).
Nesta etapa o sub-pacote CFX-Pré foi utilizado para a definição dos modelos
matemáticos, hipóteses simplificadoras, condições de contorno e propriedades dos fluidos, esse
sub-pacote pode ser visualizado na Figura 25.
62
Todas as equações utilizadas pelo software da ANSYS Inc. são apresentadas a seguir:
𝜕(𝛼𝐿 𝜌𝐿 )
+ 𝛻 ∙ (𝛼𝐿 𝜌𝐿 𝑣⃗𝐿 ) = 0 (122)
𝜕𝑡
𝜕(𝛼𝐺 𝜌𝐺 )
+ 𝛻 ∙ (𝛼𝐺 𝜌𝐺 𝑣⃗𝐺 ) = 0 (123)
𝜕𝑡
O primeiro termo das Equações (122) e (123) fazem referência à taxa de variação de
massa por unidade de volume ao longo do tempo. O segundo indica um termo advectivo, que
representa a taxa líquida do fluxo de massa através das fronteiras do volume de controle.
𝜕(𝛼𝐿 𝜌𝐿 )
+ 𝛻 ∙ (𝛼𝐿 𝜌𝐿 𝑣⃗𝐿 𝑣⃗𝐿 ) = −𝛼𝐿 𝛻𝑃𝐿 + 𝛼𝐿 𝜌𝐿 𝑔⃗ + 𝛻 (𝜏̿𝐿 ) (124)
𝜕𝑡
𝜕(𝛼𝐺 𝜌𝐺 )
+ 𝛻 ∙ (𝛼𝐺 𝜌𝐺 𝑣⃗𝐺 𝑣⃗𝐺 ) = −𝛼𝐺 𝛻𝑃𝐺 + 𝛼𝐺 𝜌𝐺 𝑔⃗ + 𝛻 (𝜏̿𝐺 ) (125)
𝜕𝑡
𝜕(𝛼𝐿,𝐺 𝜌𝐿,𝐺 )
indica a transferência da quantidade de movimento devido transporte
𝜕𝑡
advectivo;
∇ ∙ (𝛼𝐿,𝐺 𝜌𝐿,𝐺 𝑣⃗𝐿,𝐺 𝑣⃗𝐿,𝐺 ) indica a transferência da quantidade de movimento devido
transporte convectivo;
𝛼𝐿,𝐺 𝜌𝐿,𝐺 𝑔⃗ é o termo de força gravitacional, e
𝛼𝐿,𝐺 ∇𝑃𝐿,𝐺 é o divergente de contribuição da pressão
∇ 𝜏̿𝐿,𝐺 é o tensor referente a cada fase.
3.6.1 Turbulência
Logo, diante dos atuais modelos, o k-ω foi apresenta a robustez necessária para uma
análise do problema proposto, tendo sido aplicado com êxito em diferentes trabalhos. O modelo
de turbulência k-ω foi introduzido pela primeira vez por Kolmogorov (1942), porém a sugestão
mais popular para melhorias para o modelo veio de Wilcox (1994) que formulou o k-ω para ser
um modelo alternativo ao modelo de turbulência k-𝜀 para baixos valores de Reynolds.
65
O modelo k-ω é um modelo preciso e robusto, pois não envolve as funções complexas
não lineares de amortecimento, as quais são necessárias no modelo k-𝜀. Basicamente, o modelo
assume que a viscosidade turbulenta está relacionada à energia cinética de turbulência e à
frequência turbulenta pela expressão:
𝑘
𝜇𝑡 = 𝜌 (126)
𝜔
sendo:
𝜕𝜔 𝜕𝜔 𝜕 𝜕𝜔
𝜌 ⃗⃗⃗⃗𝑗
+ 𝜌𝑈 = ((𝜇 + 𝜎𝜇𝑡 ) ) + 𝑃𝜔 − 𝐷𝜔 (127)
𝜕𝑡 𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑗
𝜔 ⃗⃗⃗⃗𝑖
𝜕𝑈 𝜔
𝑃𝜔 = 𝛼 𝜏𝑖𝑗 = 𝛼 𝑃𝐾 (128)
𝑘 𝜕𝑥𝑗 𝑘
𝐷𝜔 = 𝛽𝜌𝜔2 (129)
Equação para k:
66
𝜕(𝜌𝑘) 𝜕 𝜕 𝜇𝑡 𝜕𝑘 ⃗⃗⃗⃗𝑖
𝜕𝑈
+ ⃗⃗⃗⃗𝑖 𝑘) =
(𝜌𝑈 ((𝜇 + ) ) + 𝜏𝑖𝑗 − 𝛽 ′ 𝜌𝑘𝜔 (130)
𝜕𝑡 𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑗 𝜎𝑘 𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑗
Equação para ω:
𝜕(𝜌𝜔) 𝜕 𝜕 𝜇𝑡 𝜕𝜔 𝜔 ⃗⃗⃗⃗𝑖
𝜕𝑈
+ ⃗⃗⃗⃗𝑗 𝜔) =
(𝜌𝑈 ((𝜇 + ) ) + 𝛼 𝜏𝑖𝑗 − 𝛽𝜌𝜔2 (131)
𝜕𝑡 𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑗 𝜎𝜔 𝜕𝑥𝑗 𝑘 𝜕𝑥𝑗
2
6𝜇𝐿,𝐺
𝑠𝐷,(𝐿,𝐺) = 𝐴𝑑𝑒𝑛𝑠 ∆𝑦𝛽𝜌𝐿,𝐺 (𝐵 ) (132)
𝛽𝜌𝐿,𝐺 ∆𝑛2
O fator 𝐴𝑑𝑒𝑛𝑠 que descreve a densidade de área interfacial, ativa o uso do termo fonte
somente na superfície livre, cancelando o termo padrão ω de dissipação e substituindo-o pelo
novo termo −𝛼𝐿,𝐺 𝛽𝜌𝐿,𝐺 ω2𝐿,𝐺 , termo este que impõe um alto valor para ω exigindo assim o
amortecimento da turbulência (HOHNE e VALLÉE, 2010).
Para o presente trabalho adotou-se que as morfologias das gotas e bolhas assumiam
formas esféricas com diâmetros constantes. As Equações (136) e (137) descrevem a densidade
de área interfacial (IAD) para bolhas e gotas:
6𝛼𝐺
𝐴𝐵 = (136)
𝑑𝐵
6𝛼𝐿
𝐴𝐷 = (137)
𝑑𝐷
1
|𝐹𝐷 | = 𝐴𝐶𝐷 𝜌𝐿𝐺 |𝑣𝐿 − 𝑣𝐺 |2 (140)
2
Para fluxos dispersos, a densidade da fase contínua 𝜌𝐿𝐺 é a densidade média, e seu
cálculo pode ser realizado pela seguinte equação:
𝜌𝐿𝐺 = 𝛼𝐿 𝜌𝐿 + 𝛼𝐺 𝜌𝐺 (141)
fim de corrigir isso, Hohne e Valle (2010) assumiram em seu trabalho que a tensão de
cisalhamento perto da superfície comporta-se de forma similar à tensão de cisalhamento
próxima as paredes em ambas regiões líquido e gás.
Assumindo que a força de arraste, 𝐹𝐷 , é igual à força da tensão de cisalhamento que atua
na superfície livre, como resultado tem-se um novo coeficiente de arraste dependente da tensão
de cisalhamento na parede, da densidade da mistura, da viscosidade e da velocidade relativa de
ambas as fases:
𝐹𝑤 = 𝜏𝑖 𝐴𝑑𝑒𝑛𝑠 = 𝐹𝐷 (147)
2(𝛼𝐿 𝜏𝑊,𝐿 + 𝛼𝐺 𝜏𝑊,𝐺 )
𝐶𝐷,𝐹𝑆 = (148)
𝜌|𝑣𝐿 − 𝑣𝐺 |2
O modelo AIAD faz uso de três diferentes coeficientes de arraste: 𝐶𝐷,𝐵 = 0,44 para
bolhas, 𝐶𝐷,𝐷 = 0,44 para gotículas e 𝐶𝐷,𝐹𝑆 calculado pela Equação (148) (HOHNE e VALLÉE,
2010). O coeficiente de arraste total é calculado similarmente ao da densidade de área
interfacial, com a soma ponderada pelos coeficientes de arraste para todas as morfologias:
𝐶𝐷 = ∑ 𝑓𝑗 𝐶𝐷 𝑗 , 𝑗 = 𝐹𝑆, 𝐵, 𝐷 (149)
𝑗
70
Simetria: esta condição foi implementada nas paredes laterais do duto, visando reduzir
o tempo computacional.
Toda a simulação foi executada em uma estação de trabalho IBM com processador Intel
Xeon® E5-2620 2 GHz e 8 GB de memória RAM. A Figura 27 apresenta o Solver em execução
descrevendo o valor do erro residual para equações de conservação.
72
O estudo de convergência de malha tem como principal objetivo chegar a uma malha
próxima ao “ideal”, ou seja, uma malha que consiga descrever de forma realística um
determinado problema utilizando o mínimo de esforço computacional. Para que isso ocorra é
necessário determinar até que ponto o refinamento da malha exerce influência nos resultados
finais das soluções produzidas, a partir da discretização das equações de conservação da massa
e da quantidade de movimento envolvidas.
1
N 3
1 (150)
h= [ ∑(Vi )]
N
i=1
sendo 𝑉𝑖 o volume de cada elemento da célula e 𝑁 o número total de células usadas para os
cálculos.
2° Passo: Selecionar diferentes refinos de malha, sendo que é aconselhável que a razão entre o
refino da malha mais grosseiro e a malha mais refinada seja maior que 1,3. Este valor foi
baseado em estudos empíricos.
ℎ𝑔𝑟𝑜𝑠𝑠𝑒𝑖𝑟𝑜
𝑟= > 1,3 (151)
ℎ𝑟𝑒𝑓𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜
1
𝑝= |𝑙𝑛|𝑒32 /𝑒21 | + 𝑞(𝑝)| (152)
𝑙𝑛(𝑟21 )
𝑝
𝑟 −𝑠
𝑞(𝑝) = 𝑙𝑛 ( 21
𝑝 ) (153)
𝑟32 − 𝑠
𝑒32
𝑠 = 1. 𝑠𝑔𝑛 ( ) (154)
𝑒21
𝑝
(𝑟 𝜙1 − 𝜙2 )
21
𝜙𝑒𝑥𝑡 = 21 𝑝 (155)
(𝑟21 − 1)
32
O cálculo de 𝜙𝑒𝑥𝑡 e feito de forma equivalente.
5° Passo: Calcular a estimativa de erro para cada mudança de refino da malha a partir dos
seguintes parâmetros.
74
Erro aproximado:
𝜙1 − 𝜙2
𝑒𝑎21 = | | (156)
𝜙1
Erro extrapolado:
21
21
𝜙𝑒𝑥𝑡 − 𝜙1
𝑒𝑒𝑥𝑡 =| 21 | (157)
𝜙𝑒𝑥𝑡
1,25. 𝑒𝑎21
𝐺𝐶𝐼21 = 𝑝 (158)
𝑟21 − 1
4 RESULTADOS
204,14 3,24 5,22 𝑥10−2 3,28 1,17 1,86 𝑥10−2 2,50 𝑥10−2 16,40
76
Padrão de 𝑮𝑳 𝝀𝝍 𝑮𝑮
𝝀 𝝍
escoamento 𝑮𝑮 𝝀
Figura 29 - Análise do padrão pelo mapa proposto por Mandhane et al. (1974).
Fonte: Retirado de Oliveira et al. (2010).
Para aplicação dessa metodologia foram geradas 5 malhas com diferentes refinamentos,
conforme mostrado na Tabela 12, tendo como malha 1 a mais grosseira e a malha 5 a mais
78
refinada. Por convenção, está descrita também na Tabela 12 a simbologia para cada malha a
fim de facilitar a leitura dos gráficos.
Por meio desse estudo é possível determinar até que ponto o refinamento exerce
influência no comportamento do escoamento. No caso da realização de um refinamento maior,
os resultados tratados no CFX-Post não terão grandes alterações, ou seja, haverá apenas um
acréscimo de tempo e esforço computacional ao problema. Nas figuras a seguir são
apresentadas visualizações das malhas criadas no sub-pacote Mesh (Meshing).
Figura 30 - Visão do refinamento da M1 próximo à lâmina. Figura 31 - Visão do refinamento da M2 próximo à lamina.
79
Figura 32 - Visão do refinamento da M3 próximo à lâmina. Figura 33 - Visão do refinamento da M4 próximo à lâmina.
240 21
210
180
150
Pressao (Pa)
120
90
60
30
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
L (m)
240 32
210
180
150
Pressao (Pa)
120
90
60
30
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
L (m)
80
43
70
60
50
Pressao (Pa)
40
30
20
10
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
L (m)
30
54
25
20
Pressao (Pa)
15
10
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
L (m)
malha. Observando os valores, tem-se que o menor erro médio ocorreu entre as malhas M4 e
M5 com um valor aproximadamente igual a 5,8%.
4,0
Velocidade Real da fase líquida (m/s)
21
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
L (m)
Figura 40 - Perfil extrapolado da velocidade real da água ao longo do duto entre as malhas M1 e M2.
84
3,0
32
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
L (m)
Figura 41 – Perfil extrapolado da velocidade real da água ao longo do duto entre as malhas M2 e M3.
3,0
43
Velocidade Real da fase líquida (m/s)
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
L (m)
Figura 42 - Perfil extrapolado da velocidade real da água ao longo do duto entre as malhas M3 e M4.
85
2,0
54
Velocidade Real da fase líquida (m/s)
1,5
1,0
0,5
0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
L (m)
Figura 43 - Perfil extrapolado da velocidade real da água ao longo do duto entre as malhas M4 e M5.
Da mesma forma que explanado na Tabela 13, a Tabela 14 indica os valores para o
índice de convergência de malha, ou seja, GCI. Observando o erro entre os conjuntos de malha
analisados, percebe-se que entre todos os valores mínimos, máximos e médios de GCI das
malhas M3 e M4, M4 e M5 são os menores descritos.
Tabela 14 - Valores de GCI para a velocidade real da fase liquida extrapolada entre as malhas.
Mínimo Máximo Médio
GCI21 8,63 𝑥 10−2 3,64 𝑥 10−1 1,58 𝑥 10−1
GCI32 5,25 𝑥 10−2 2,86 𝑥 10−1 1,43 𝑥 10−1
GCI43 1,67 𝑥 10−2 6,69 𝑥 10−2 7,25 𝑥 10−2
GCI54 6,74 𝑥 10−3 2,08 𝑥 10−1 4,11 𝑥 10−2
Outro parâmetro inerente ao software ANSYS/CFX® que deve ser levado em conta na
busca do melhor refinamento é o tempo computacional necessário para que o software
solucione as equações de conservação da massa, de movimento e de turbulência até um critério
de convergência RMS (Root Mean Square) que para essa simulação foi definido 1 x 10-4. A
Tabela 15 descreve os valores referentes ao tempo necessário para a resolução em cada malha.
Com base nos valores de GCI descritos nas Tabelas 13 e 14, tem-se que o menor erro
médio, máximo e mínimo está entre as malhas M4 e M5 com o valor igual a 5,8%, 12% e 8%,
e 4%, 20% e 6 %, respectivamente. Porém é importante ressaltar que devido à quantidade
elevada de elementos necessários para tal simulação, seu tempo computacional foi
extremamente alto. Logo, levando em consideração os valores de GCI e o tempo computacional
tem-se que a malha que se mostrou mais adequada para a simulação foi a M4, pois seus valores
de GCI médio, máximo e mínimo estão próximos de 7,2%, 6,7% e 1,6% respectivamente, se
comparados com a malha 3. Além disso seu tempo computacional foi cerca de 3 vezes menor
se comparado com a malha 5.
t = 0,1 s
t = 0,2 s
t = 0,3 s
t = 0,4 s
t = 0,5 s
t = 0,6 s
t = 0,7 s
t = 0,8 s
t = 0,9 s
t = 1,0s
t = 2,0s
t = 3,0 s
t = 4,0s
t = 5,0s
Figura 45 - Estrutura da fração de água juntamente com o arraste de gotas no instante t = 0,1 s.
88
Para as imagens apresentadas na Figura 47, a seguir foram definidas uma isosurface com
50% da fração de líquido, onde é possível visualizar o comportamento ondulatório da interface
do escoamento ao longo do duto de forma mais detalhada. Observa-se que a interface das ondas
produzidas apresenta uma geometria convexa em seu perímetro interfacial, e além disso, tem-
se também um aumento da fração volumétrica de gás na parte de trás da onda, o que ocorre
89
Para realizar um estudo foram escolhidas algumas dessas variáveis, sendo que os
mesmos foram analisados de forma independente. Assim, as influências das variáveis
escolhidas sobre o comportamento do escoamento foram discutidas.
Para ilustrar o efeito da velocidade da fase líquida, foi plotado um conjunto de gráficos,
e os valores foram retirados como ilustrado nos pontos da Figura 50 ao longo de todo tempo de
simulação.
A partir das Figuras 51 e 52, é possível constatar que para os casos 1 e 3 a variação da
velocidade no centro ocorre apenas nos instantes iniciais. De modo geral, para ambos os casos
as condições de contorno impostas sobre a seção de entrada mantêm o perfil estratificado do
escoamento praticamente por todo o tempo de simulação. Para o caso 2, é visível que a variação
da velocidade da água é maior devido a uma maior diferença de velocidade entre as fases, e à
medida que se afasta mais da lâmina essa variação aumenta devido à propagação da onda
desenvolvida nos segundos iniciais, porém, após 4 segundos, essa velocidade tende a estabilizar
fazendo com que as perturbações próximas à interface cessem e o comportamento estratificado
seja também desenvolvido. Além disso, em ambos os gráficos, para todos os casos é notável
que a velocidade que controla o escoamento na proximidade da interface é a da fase mais densa,
no caso a fase líquida.
92
Caso 1
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo (s)
Caso 1
4
Velocidade Real da água (m/s)
Caso 2
Caso 3
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo (s)
Dimensões geométricas do
duto
Casos Velocidade da água Velocidade do ar
estudados (m/s) (m/s)
Comprimento Altura
(m) (m)
t = 0,3 s
t = 0,8 s
t = 1,2 s
(a)
t = 0,3 s
t = 0,8 s
t = 1,2 s
(b)
t = 0,3 s
t = 0,8 s
t = 1,2 s
(c)
Figura 53 - Fração volumétrica de líquido ao longo do duto com diâmetros de 0,05 m (a), 0,1 m (b) e 0,2 m (c).
Diversos autores, como Yusuf et al. (2012), Rodriguez e Castro (2014) e Scheleicher et
al. (2015) reportaram em seus trabalhos a influência da viscosidade na formação de diversos
padrões de escoamento. Os resultados que serão apresentados a seguir descrevem o estudo do
comportamento interfacial do escoamento líquido-gás ao longo do duto. Foram avaliados 5
casos, e todas as dimensões geométricas do duto, como também condições iniciais foram
similares ao estudo de caso 2 mostrado anteriormente. A única mudança refere-se aos fluidos e
95
suas propriedades físicas que foram definidas com base em Copergás (2017), com os valores
indicado na Tabela 18.
0,001
0,1
Viscosidade dinâmica (𝑃𝑎. 𝑠) 1,08 𝑥 10−5 1,0
5
10
Na Tabela 19, estão apresentados os dados e condições utilizadas em cada caso, como
também os valores referentes à variação da viscosidade da fase líquida.
Caso 9 5 1 5
Caso 10 5 1 10
A velocidade com a qual a fase líquida escoa também tende a se reduzir, e isto ocorre
devido à dificuldade da transferência de movimento ao longo da interface à medida que se
aumenta a viscosidade. De modo geral, para casos com níveis elevados de viscosidade, como
os casos 9 e 10, o comportamento estratificado da interface líquido/gás tende a ocorrer mais
rápido, podendo até não ocorrer o fechamento do canal, porém a velocidade na qual as fases
escoam próximo à interface líquido/gás é relativamente menor que nos casos 6, 7 e 8.
Caso 6
Caso 7
Caso 8
Caso 9
Caso 10
Figura 54 - Fração volumétrica de óleo ao longo do duto no instante de tempo igual a 0,3 segundos.
Figura 55 - Posição das linhas traçadas ao longo da altura do duto e após 1 e 2 metros da lâmina.
1,0 Caso 6
Caso 7
Caso 8
0,8
Fração volumétrica de óleo Caso 9
Caso 10
0,6
0,4
0,2
0,0
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10
Y (m)
1,0 Caso 6
Caso 7
Caso 8
Fração volumétrica de óleo
0,8 Caso 9
Caso 10
0,6
0,4
0,2
0,0
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10
Y (m)
5 CONCLUSÕES
6 SUGESTÕES
Realizar estudo experimental para que seja possível uma comparação qualitativa e
quantitativa mais detalhada;
Realizar as mesmas investigações do presente estudo com tempos maiores para
diferentes geometrias, fluidos e ângulos de inclinação, tanto do duto como da
lâmina, objetivando determinar a influência no comportamento da interface.
Realizar a otimização do escoamento visando garantir melhores condições para o
transporte dos fluidos.
Aplicar diferentes modelos de turbulência e compará-los.
Estudar sistemas não-isotérmicos, uma vez que variações simultâneas de
temperatura e pressão podem ocasionar a evaporação e condensação, sendo,
importante levar em consideração o fenômeno da transferência de calor.
101
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108
LIBRARY:
CEL:
EXPRESSIONS:
AreaDensBubb = 6.0* max(FLUIDAIR.vf,MinVFBubb) / BubbDiam
AreaDensDrop = 6.0* max(FLUIDWATER.vf,MinVFDrop) / DropDiam
AreaDensSurf = max(10e-4 [m^-1] ,sqrt((FLUIDAIR.VolumeFraction.Gradient
X)^2+(FLUIDAIR.Volume Fraction.Gradient Y)^2+(FLUIDAIR.Volume Fraction.Gradient
Z)^2))
AreaDensity = WeightDrop*AreaDensDrop+WeightBubb*AreaDensBubb+
WeightSurf*AreaDensSurf
BubbDiam = 0.002 [m]
CoefBubb = 50.0
CoefDrop = 50.0
DenGas = 1.185 [kg m^-3]
DenLiq = 997.0 [kg m^-3]
DragCoeff = WeightDrop*DragCoeffDrop
+WeightBubb*DragCoeffBubb+WeightSurf*DragCoeffSurf
DragCoeffBubb = 0.44
DragCoeffDrop = 0.44
DragCoeffSurf = min(10e4, max(10e-3 , 2*(WSSAIR + WSSW)/max(10e-4 [kg m^-1 s^-
2],(FLUIDAIR.vf*DenGas+ FLUIDWATER.vf*DenLiq)*SlipVel^2)))
DropDiam = 0.001 [m]
GridCellSize = 1[mm]
HighCoefTurb = 100.0
HydroP = waterDen*g * (waterHt - y)* waterVF
InterLenBubb = BubbDiam
InterLenDrop = DropDiam
InterLenScale=WeightDrop*InterLenDrop+WeightBubb*InterLenBubb+WeightSurf*InterLe
nSurf
InterLenSurf = FLUIDAIR.Volume Fraction*(1- FLUIDAIR.VolumeFraction)/AreaDensSurf
LimitVFBubb = 0.3
LimitVFDrop = 0.3
MinVFBubb = 1.E-7
MinVFDrop = 1.E-7
MinVFforFS = 1.0E-4
MinVolFrac = 1.E-15
OmegaDampGas = HighCoefTurb * 6.0*(ViscGas/DenGas)/ ( 0.075*(InterLenScale^2))
OmegaDampLiq = HighCoefTurb * 6.0*(ViscLiq/DenLiq)/ ( 0.075 *(InterLenScale^2))
SlipVel = sqrt((FLUIDWATER.u- FLUIDAIR.u)^2+(FLUIDWATER.v-
FLUIDAIR.v)^2+(FLUIDWATER.w- FLUIDAIR.w)^2 )
SmWaTurb = abs(WeightSurf*2/3*waterDen*VELBET*(0.5*(ubound^2-lbound^2)))
VELBET = (FLUIDWATER.Velocity u.Gradient X)+(FLUIDWATER.Velocity v.Gradient
Y)+(FLUIDWATER.Velocity w.Gradient Z)
ViscGas = 1.831E-05 [kg m^-1 s^-1]
ViscLiq = 8.899E-4 [kg m^-1 s^-1]
WSSAIR = FLUIDAIR.Volume Fraction*WSSGas
109
MATERIAL: Air at 25 C
Material Description = Air at 25 C and 1 atm (dry)
Material Group = Air Data, Constant Property Gases
Option = Pure Substance
Thermodynamic State = Gas
112
PROPERTIES:
Option = General Material
EQUATION OF STATE:
Density = 1.185 [kg m^-3]
Molar Mass = 28.96 [kg kmol^-1]
Option = Value
END
SPECIFIC HEAT CAPACITY:
Option = Value
Specific Heat Capacity = 1.0044E+03 [J kg^-1 K^-1]
Specific Heat Type = Constant Pressure
END
REFERENCE STATE:
Option = Specified Point
Reference Pressure = 1 [atm]
Reference Specific Enthalpy = 0. [J/kg]
Reference Specific Entropy = 0. [J/kg/K]
Reference Temperature = 25 [C]
END
DYNAMIC VISCOSITY:
Dynamic Viscosity = 1.831E-05 [kg m^-1 s^-1]
Option = Value
END
THERMAL CONDUCTIVITY:
Option = Value
Thermal Conductivity = 2.61E-02 [W m^-1 K^-1]
END
ABSORPTION COEFFICIENT:
Absorption Coefficient = 0.01 [m^-1]
Option = Value
END
SCATTERING COEFFICIENT:
Option = Value
Scattering Coefficient = 0.0 [m^-1]
END
REFRACTIVE INDEX:
Option = Value
Refractive Index = 1.0 [m m^-1]
END
THERMAL EXPANSIVITY:
Option = Value
Thermal Expansivity = 0.003356 [K^-1]
END
END
END
MATERIAL: Water
Material Description = Water (liquid)
Material Group = Water Data, Constant Property Liquids
Option = Pure Substance
113
BOUNDARY: INLETA
Boundary Type = INLET
Location = F38.28
BOUNDARY CONDITIONS:
FLOW REGIME:
Option = Normal to Boundary Condition
END
MASS AND MOMENTUM:
Normal Speed = flowProfileA
Option = Normal Speed
END
TURBULENCE:
Option = Medium Intensity and Eddy Viscosity Ratio
END
END
FLUID: FLUIDAIR
BOUNDARY CONDITIONS:
VOLUME FRACTION:
Option = Value
Volume Fraction = 1
115
END
END
END
FLUID: FLUIDWATER
BOUNDARY CONDITIONS:
VOLUME FRACTION:
Option = Value
Volume Fraction = 0
END
END
END
END
BOUNDARY: INLETW
Boundary Type = INLET
Location = F29.28
BOUNDARY CONDITIONS:
FLOW REGIME:
Option = Normal to Boundary Condition
END
MASS AND MOMENTUM:
Normal Speed = flowProfileW
Option = Normal Speed
END
TURBULENCE:
Option = Medium Intensity and Eddy Viscosity Ratio
END
END
FLUID: FLUIDAIR
BOUNDARY CONDITIONS:
VOLUME FRACTION:
Option = Value
Volume Fraction = 0
END
END
END
FLUID: FLUIDWATER
BOUNDARY CONDITIONS:
VOLUME FRACTION:
Option = Value
Volume Fraction = 1
END
END
END
END
BOUNDARY: Laminawall
Boundary Type = WALL
Location = F77.28,F78.28,F79.28
BOUNDARY CONDITIONS:
116
BOUNDARY: OUTLET
Boundary Type = OUTLET
Location = F30.28
BOUNDARY CONDITIONS:
FLOW DIRECTION:
Option = Normal to Boundary Condition
END
FLOW REGIME:
Option = Subsonic
END
MASS AND MOMENTUM:
Option = Opening Pressure and Direction
Relative Pressure = 1 [Pa]
END
TURBULENCE:
Option = Medium Intensity and Eddy Viscosity Ratio
END
END
FLUID: FLUIDAIR
BOUNDARY CONDITIONS:
VOLUME FRACTION:
Option = Value
Volume Fraction = 1
END
END
END
FLUID: FLUIDWATER
BOUNDARY CONDITIONS:
VOLUME FRACTION:
Option = Value
Volume Fraction = 0
END
END
END
END
BOUNDARY: SYM
Boundary Type = SYMMETRY
Location = F34.28
117
END
BOUNDARY: SYM2
Boundary Type = SYMMETRY
Location = F32.28
END
BOUNDARY: WALL
Boundary Type = WALL
Location = F31.28,F33.28
BOUNDARY CONDITIONS:
MASS AND MOMENTUM:
Option = No Slip Wall
END
WALL CONTACT MODEL:
Option = Use Volume Fraction
END
WALL ROUGHNESS:
Option = Smooth Wall
END
END
END
DOMAIN MODELS:
BUOYANCY MODEL:
Buoyancy Reference Density = 1.185 [kg m^-3]
Gravity X Component = 0 [m s^-2]
Gravity Y Component = -g
Gravity Z Component = 0 [m s^-2]
Option = Buoyant
BUOYANCY REFERENCE LOCATION:
Option = Automatic
END
END
DOMAIN MOTION:
Option = Stationary
END
MESH DEFORMATION:
Option = None
END
REFERENCE PRESSURE:
Reference Pressure = 1 [bar]
END
END
FLUID DEFINITION: FLUIDAIR
Material = Air at 25 C
Option = Material Library
MORPHOLOGY:
Option = Continuous Fluid
END
END
118
FLUID: FLUIDAIR
ADDITIONAL VARIABLE: AreaDensB
Additional Variable Value = AreaDensBubb
Option = Algebraic Equation
END
ADDITIONAL VARIABLE: AreaDensD
Additional Variable Value = AreaDensDrop
Option = Algebraic Equation
END
ADDITIONAL VARIABLE: AreaDensS
Additional Variable Value = AreaDensSurf
Option = Algebraic Equation
END
ADDITIONAL VARIABLE: AreaDensVar
Additional Variable Value = AreaDensity
Option = Algebraic Equation
END
ADDITIONAL VARIABLE: Drag
Additional Variable Value = DragCoeff
Option = Algebraic Equation
END
ADDITIONAL VARIABLE: SlipVelocity
Additional Variable Value = SlipVel
Option = Algebraic Equation
END
ADDITIONAL VARIABLE: SmallWaveTurbulence
Additional Variable Value = SmWaTurb
Option = Algebraic Equation
END
ADDITIONAL VARIABLE: WSSAIRV
Additional Variable Value = WSSAIR
Option = Algebraic Equation
END
ADDITIONAL VARIABLE: WSSWV
Additional Variable Value = WSSW
Option = Algebraic Equation
END
ADDITIONAL VARIABLE: WeightBubble
Additional Variable Value = WeightBubb
Option = Algebraic Equation
END
ADDITIONAL VARIABLE: WeightDroplet
Additional Variable Value = WeightDrop
Option = Algebraic Equation
END
ADDITIONAL VARIABLE: WeightSurface
Additional Variable Value = WeightSurf
Option = Algebraic Equation
END
FLUID BUOYANCY MODEL:
120
SUBDOMAIN: Subdomain 1
Coord Frame = Coord 0
Location = B28
FLUID: FLUIDAIR
SOURCES:
EQUATION SOURCE: tef
Option = Source
Source = (FLUIDAIR.Volume Fraction*FLUIDWATER.Volume \
Fraction)*0.075*DenGas*OmegaDampGas^2
END
END
END
FLUID: FLUIDWATER
SOURCES:
EQUATION SOURCE: ke
Option = Source
Source = SmWaTurb
END
EQUATION SOURCE: tef
Option = Source
Source = (FLUIDAIR.Volume Fraction*FLUIDWATER.Volume \
Fraction)*0.075*DenLiq*OmegaDampLiq^2
END
END
END
END
END
INITIALISATION:
Option = Automatic
FLUID: FLUIDAIR
INITIAL CONDITIONS:
Velocity Type = Cartesian
CARTESIAN VELOCITY COMPONENTS:
Option = Automatic with Value
U = 0 [m s^-1]
V = 0 [m s^-1]
W = 5 [m s^-1]
122
END
TURBULENCE INITIAL CONDITIONS:
Option = Medium Intensity and Eddy Viscosity Ratio
END
VOLUME FRACTION:
Option = Automatic with Value
Volume Fraction = 1-waterVF
END
END
END
FLUID: FLUIDWATER
INITIAL CONDITIONS:
Velocity Type = Cartesian
CARTESIAN VELOCITY COMPONENTS:
Option = Automatic with Value
U = 0 [m s^-1]
V = 0 [m s^-1]
W = 1 [m s^-1]
END
TURBULENCE INITIAL CONDITIONS:
Option = Medium Intensity and Eddy Viscosity Ratio
END
VOLUME FRACTION:
Option = Automatic with Value
Volume Fraction = waterVF
END
END
END
INITIAL CONDITIONS:
STATIC PRESSURE:
Option = Automatic with Value
Relative Pressure = HydroP
END
END
END
OUTPUT CONTROL:
BACKUP RESULTS: Backup Results 1
File Compression Level = Default
Option = Standard
OUTPUT FREQUENCY:
Option = Timestep Interval
Timestep Interval = 10
END
END
MONITOR OBJECTS:
MONITOR BALANCES:
Option = Full
END
MONITOR FORCES:
123
Option = Full
END
MONITOR PARTICLES:
Option = Full
END
MONITOR POINT: Water Volume
Coord Frame = Coord 0
Expression Value = waterVol
Option = Expression
END
MONITOR RESIDUALS:
Option = Full
END
MONITOR TOTALS:
Option = Full
END
END
RESULTS:
File Compression Level = Default
Option = Standard
END
TRANSIENT RESULTS: Transient Results 1
File Compression Level = Default
Include Mesh = No
Option = Selected Variables
Output Variables List =
FLUIDAIR.AreaDensB,FLUIDAIR.AreaDensD,FLUIDAIR.AreaDensS,FLUIDAIR.AreaDe
nsVar,FLUIDAIR.Drag,FLUIDAIR.SlipVelocity,FLUIDAIR.Velocity,FLUIDAIRVolumeFr
action,FLUIDAIR.WSSAIRV,FLUIDAIR.WSSWV,FLUIDWATER.Velocity,FLUIDWATE
R.Volume Fraction,FLUIDAIR.SmallWaveTurbulence
OUTPUT FREQUENCY:
Option = Time Interval
Time Interval = 0.02 [s]
END
END
END
SOLVER CONTROL:
Turbulence Numerics = First Order
ADVECTION SCHEME:
Option = High Resolution
END
CONVERGENCE CONTROL:
Maximum Number of Coefficient Loops = 15
Minimum Number of Coefficient Loops = 2
Timescale Control = Coefficient Loops
END
CONVERGENCE CRITERIA:
Residual Target = 1.E-4
Residual Type = RMS
124
END
TRANSIENT SCHEME:
Option = Second Order Backward Euler
TIMESTEP INITIALISATION:
Option = Automatic
END
END
END
END
Version = 14.0
END