III – Trimestre

As paisagens brasileiras: Biodiversidade e conservação

Na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92), 175 países reconheceram a relevância de sistemas
nacionais de Unidades de Conservação (UCs) para proteger o ambiente em cada território. No Brasil, em 2000, a Lei no 9.985 criou o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e definiu, no artigo 2o, as Unidades de Conservação como o [...] espaço territorial e seus
recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com
objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.
As unidades de conservação incluem parques, reservas, áreas de proteção ambiental, entre outras categorias. Na década de 1980, surgiu
grande parte das disposições nacionais sobre o tema e até 2015 tinham sido criadas 320 UCs federais no país. Existem também UCs estaduais
e municipais.
Há dois grandes grupos de unidades de conservação:
Unidades de conservação de proteção integral
Preservam os ecossistemas com mínimas alterações possíveis e são permitidos usos indiretos de seus recursos naturais. Nesta categoria se
enquadram: parques nacionais; reservas biológicas; reservas ecológicas; estações ecológicas; refúgios de vida silvestre; e monumentos
naturais. Unidades de conservação de uso sustentável
Conservam-se os ecossistemas, buscando conciliar a preservação da diversidade biológica e dos recursos naturais com seus usos de forma
sustentável. São as Florestas Nacionais; as Reservas Extrativistas; as Reservas de Fauna; as Áreas de Proteção Ambiental; as Áreas de
Relevante Interesse Ecológico; as Reservas de Desenvolvimento Sustentável; e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural.
Corredores ecológicos
Corredores ecológicos são áreas que unem UCs ou fragmentos de florestas. Compreendem grandes áreas florestais consideradas
biologicamente prioritárias e viáveis para a conservação da biodiversidade. São constituídas de unidades de conservação, terras indígenas e
áreas de contato entre elas. O artigo 25 da lei da SNUC prevê que unidades de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva
Particular de Patrimônio Natural, devem possuir uma zona de amortecimento e, quando conveniente, um corredor ecológico. O objetivo dos
corredores ecológicos é permitir a distribuição de sementes, por meio da circulação livre de animais e do aumento da cobertura vegetal. A
ligação entre ecossistemas feita pelos corredores ecológicos permite a recuperação e recolonização de áreas degradadas.
Questões para analise:
1-Você sabe o que são paisagens naturais?
2- Será que ainda existe alguma paisagem natural no mundo? Justifique!
3 -Como são utilizadas as terras em nosso país?
4- Qual a importância das Unidades de conservação para preservar a biodiversidade?

Vamos entender a relação das paisagens com as ações humanas? Observando as imagens abaixo são possíveis construir um entendimento
bacana sobre os temas:
Mata Atlântica

Amazônia
Caatinga

Pampa

Pantanal Cerrado
Durante séculos as paisagens brasileiras estiveram muito mais conservadas que na atualidade, com o passar do tempo e os caminhos histó-
ricos ocorridos podemos dizer que a exploração da terra para produção de alimentos, gera conflitos na zona rural? E com estas atitudes sem
um estudo mais aprofundado causa fortes impactos ambientais também nestes ambientes?
Questões para analise
1- Analise o gráfico abaixo e leia o texto abaixo, que contém trechos de uma entrevista com o climatologista Carlos Nobre (1951-), um
dos principais estudiosos brasileiros sobre a Amazônia.
No desmatamento atual, Amazônia chega a “ponto de não retorno”
em até 30 anos, diz pesquisador referência sobre clima
[...] o que é possível dizer, de forma qualitativa, é que aproximadamente 90% dos desmatamentos detectados pelo sistema Deter (do INPE)
são ilegais.
[…]
Então (o desmatamento) é muito controlado pelo crime organizado, pela grilagem, pelo roubo de terra. Então não tem uma verificação muito
robusta, científica, que dê sustentação à ideia de que o desmatamento está reduzindo a pobreza (da população da Amazônia). De que está
havendo um grande aumento da produção agropecuária, de que as famílias estão se beneficiando. Isso não existe.
Não existe relação entre o aumento do desmatamento e a redução da pobreza, a redução da desigualdade (na região). E eu não estou falando
sobre o ano de 2019. Eu estou falando dos últimos 50 anos nos quais existe essa prática. Na Amazônia, o desmatamento está muito associado
com o crime.
Alguns criminosos ganham (com o desmatamento). Alguns criminosos ganham muito. Mas grande parte da população não tem qualquer
benefício.
Você pega, por exemplo, uma grande fazenda de pecuária: ela contrata pouquíssimos empregados, que quando ganham um salário mínimo
estão ganhando bem. Então não é um modelo que reduz a pobreza ou que traz bem-estar à população amazônica. [...]
SHALDERS, André. No desmatamento atual, Amazônia chega a “ponto de não retorno” em até 30 anos, diz pesquisador referência sobre clima. BBC News Brasil.

a) Em 2004, foi lançado pelo governo federal o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm).
Com base no gráfico e no texto, é possível dizer que o objetivo do governo com esse plano foi atingido? Justifique sua resposta.
b) De acordo com o texto, quais são os principais responsáveis pelo desmatamento da Amazônia?
c)Qual é a relação entre o aumento do desmatamento e a redução da pobreza, de acordo com o texto?
d)Que medidas poderiam ser tomadas para a redução da degradação da Floresta Amazônica? Qual é a relação dos povos indígenas com esse
tema?

País registrou 1.833 conflitos no campo em 2019, mostra relatório

Levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT), divulgado hoje (17), revela que o
Brasil registrou, em 2019, 1.833 conflitos no campo, o número mais elevado dos últimos
cinco anos e 23% superior ao de 2018. O dado reúne ocorrências relacionadas a
disputas por terra, disputas por água e conflitos trabalhistas.
Segundo o relatório, no ano passado, houve recorde em disputas por terra, desde que
os casos passaram a ser reportados pela entidade, em 1985. Em 2019, foram
contabilizadas 1.254 ocorrências. A média foi de cinco casos por dia. De acordo com a
organização, as disputas por terra impactaram a vida de 859.023 pessoas.
Além das propriedades da terra, a falta de acesso à água potável ou a iminência da
falta estiveram no cerne dos conflitos, fazendo-se presentes em 489 deles. O índice foi
77% superior ao de 2018 (276). A CPT observa que as lutas em torno da água
afetaram 279.172 pessoas, pertencentes a 69.793 famílias.

O relatório mostra que em 2019 o número de assassinatos chegou a 32, o que

representa quatro casos a mais do que no ano anterior. Desse total, 28 estão
associados a disputas por terra, três a conflitos trabalhistas e uma à disputa por água.
Uma das vítimas foi o mototaxista Márcio Rodrigues dos Reis, de 33 anos. Principal
testemunha de defesa de padre José Amaro Lopes de Sousa,
ele próprio era também uma liderança, em Anapu, no Pará. O assassinato aconteceu
em 4 de dezembro, quando, segundo a CPT, o mototaxista foi alvo de uma emboscada.
O total de tentativas de assassinato passou de 28 para 30, de 2018 para 2019. A
diferença é de 7%, menor do que a variação de ameaças de morte, que subiram 22%, com o aumento de 165 para 201 casos.
Interesses do setor privado
O documento da CPT estabelece ligação de interesses empresariais com os conflitos por água, informando que o setor de mineração está
envolvido em 189 casos (39%). Hidrelétricas, por sua vez, têm conexão com 54 (11%), enquanto empresários e governos participaram,
respectivamente, de 117 (36%) e 33 (7%) conflitos. Foram registradas 40 denúncias por parte da população, dado que inclui agressões,
contaminação por mercúrio, ameaças de morte, danos, humilhação, intimidação e omissão.
"A gente, observando os conflitos por terra, vê que se concentram em regiões do agronegócio, das mineradoras, das madeireiras, das obras de
infraestrutura, como barragens. Os estados mais conflitivos foram o Maranhão, o Pará, que sempre é o primeiro [na lista] e a Bahia, sobretudo
o oeste do estado", destaca Ruben Siqueira, da coordenação nacional da CPT.
Os dados são da Comissão Pastoral da Terra – Publicado em 17/04/2020 -
Paisagens brasileiras
Como você viu, o Brasil é bastante diverso, com diferentes paisagens ao longo do seu território. Os pesquisadores da Geografia buscam
compreender essa diversidade na paisagem natural no Brasil, e se perguntam quais são as semelhanças e as diferenças ao longo do território
brasileiro. Para isso, em seus estudos o geógrafo procura apresentar as diferenças e as semelhanças, demonstrar os padrões para a sua
ocorrência, e explicar o porquê delas existirem. Quando fazemos isso, nós estamos regionalizando o território brasileiro de acordo com as
características naturais. Você se lembra o que significa o termo região para a geografia?
Essa regionalização do território brasileiro a partir das características naturais é denominada de Domínios Naturais!
Uma maneira interessante e rápida de os vestibulandos revisarem as principais características das grandes paisagens naturais do Brasil é
estudar a partir dos domínios morfoclimáticos. Esses domínios correspondem a áreas com relativa homogeneidade no quadro natural composto
pelo relevo, pelo clima, pela vegetação e pela hidrografia. É muito importante observar que as paisagens não são homogêneas, podendo
ocorrer, por exemplo, mais de uma vegetação em um mesmo tipo de relevo. Ainda assim, é possível fazer uma síntese do quadro natural do
país em seis grandes domínios. As perguntas de vestibulares costumam questionar também o modo como essas áreas foram e são
transformadas pela ação antrópica (do homem).
No Brasil, temos 6 domínios morfoclimáticos:
O domínio do cerrado ocorre principalmente na região Centro-Oeste, no entanto está presente também nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste,
em suas porções limítrofes com o Brasil central.
Na região Norte, prevalece o domínio amazônico, que também está presente no
Centro-Oeste (no norte de Mato Grosso) e no Nordeste (no oeste do Estado do
Maranhão).
O domínio das caatingas, que é relativo ao sertão nordestino, também aparece do
norte de Minas Gerais, no Sudeste.
O domínio das araucárias está presente predominantemente nas partes mais altas
da região Sul.
O domínio dos mares de morros é a característica da porção mais próxima ao
litoral do país e se interioriza um pouco mais na região Sudeste.
Na porção meridional do Estado do Rio Grande do Sul, está a maior ocorrência do
domínio das pradarias no país.
As áreas situadas entre os domínios morfoclimáticos são chamadas de faixas de
transição. Elas apresentam características de dois ou mais domínios.
Exercícios:
1- Compare o domínio morfoclimático amazônico com o domínio de mares de
morros. O que eles têm de semelhante? O que eles têm de diferente?
2- Qual a importância da biodiversidade brasileira?
3- Observe a charge e responda. Que crítica a charge faz?

4-De que forma os conflitos de terras no Brasil, colocam em risco a sobrevivência dos povos originários brasileiros?
5-(ENEM/2014) Determinado bioma brasileiro apresenta vegetação conhecida por perder as folhas e ficar apenas com galhos esbranquiçados,
ao passar por até nove meses de seca. As plantas podem acumular água no caule e na raiz, além de apresentarem folhas pequenas, que em
algumas espécies assumem a forma de espinhos.
Qual região fitogeográfica brasileira apresenta plantas com essas características?
a) Mata Atlântica. b) Floresta Amazônica. c) Caatinga.
d) Pantanal e) Cerrado
6- Ao olharmos a imagem 1, vemos suaves ondulações. Você seria capaz de citar algum elemento da natureza responsável por essa escultura
mamelonar sobre algumas estruturas do relevo brasileiro?
Imagem 1- Cunha fica na Serra do Mar, na divisa entre Rio de Janeiro e Imagem 2- Rio Japurá e Floresta Amazônica em Tefé (AM.
São Paulo. Foto: GC/Blog Vambora!

7- Elabore hipóteses que possam explicar o desmatamento em áreas de proteção ambiental, como unidades de conservação, terras indígenas
e assentamentos..

Vamos Praticar!
1-Nos últimos anos estão sendo registradas as maiores queimadas nos biomas do Pantanal, Cerrado e Amazônia. Quais consequências
negativas essas atitudes causam na sociedade?
2- Forme uma dupla com um colega para ler o texto e responder às questões.
No debate sobre mudanças climáticas, há aqueles que defendem que as ações humanas estão causando o aquecimento global. As atividades
industriais poluidoras, a queima de combustíveis fósseis, as queimadas e os desmatamentos estariam na origem das mudanças climáticas.
Porém, há uma perspectiva que aponta para o caráter ideológico da discussão. Alguns envolvidos defendem que há interesse em propagar a
ideia de um “pseudoaquecimento global” com o propósito de não permitir o desenvolvimento dos países do Sul, já que a Terra, finita em seus
recursos, não aguentaria um aumento da sociedade de consumo que viria dessa porção pobre do planeta.
BRASIL 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. p. 23-24.
Nessa perspectiva, que alguns apontam como “ecoterrorismo”, a população dos países ricos, já com o bem-estar social alcançado, lutaria
contra o desenvolvimento dos países pobres, o que inevitavelmente levaria a uma degradação ambiental.
a) Em dupla, reflitam e debatam os posicionamentos apresentados sobre as mudanças climáticas.
b) Com qual deles vocês concordam?
c) Elenquem argumentos que justifiquem a escolha e os motivos que os levaram a descartar o outro posicionamento.
3 -Galera, nesse momento vou lhes convidar para fazer uma análise do que estamos estudando, com os fatos que já ocorreram no nosso país.
Pesquisem nas mais variadas fontes (livros, revistas, internet) sobre as secas que assolam os variados lugares do Brasil, e se estas secas
possuem alguma relação com a degradação ambiental nos biomas e paisagens naturais. Registre essas informações: Você pode fazer (um
texto, um poema, uma paródia, uma história em quadrinhos). Use a criatividade, sei que você é capaz.
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Desenvolvimento Sustentável

A ONU criou uma agenda que estabelece 17 objetivos para serem cumpridos pelos países signatários dessa instituição. Essa agenda destina-
se ao Desenvolvimento Sustentável das nações até o ano de 2030 e teve início em 2015. Um dos objetivos prevê:
Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de
forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a
perda da biodiversidade.
15.1 Até 2020, assegurar a conservação, recuperação e uso sustentável de ecossistemas terrestres e de água
doce interiores e seus serviços, em especial florestas, zonas úmidas, montanhas e terras áridas, em
conformidade com as obrigações decorrentes dos acordos internacionais
15.2 Até 2020, promover a implementação da gestão sustentável de todos os tipos de florestas, deter o
desmatamento, restaurar florestas degradadas e aumentar substancialmente o florestamento e o reflorestamento
globalmente
15.3 Até 2030, combater a desertificação, restaurar a terra e o solo degradado, incluindo terrenos afetados pela desertificação, secas e
inundações, e lutar para alcançar um mundo neutro em termos de degradação do solo
15.4 Até 2030, assegurar a conservação dos ecossistemas de montanha, incluindo a sua biodiversidade, para melhorar a sua capacidade de
proporcionar benefícios que são essenciais para o desenvolvimento sustentável
15.5 Tomar medidas urgentes e significativas para reduzir a degradação de habitat naturais, deter a perda de biodiversidade e, até 2020,
proteger e evitar a extinção de espécies ameaçadas
15.6 Garantir uma repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos e promover o acesso adequado
aos recursos genéticos
15.7 Tomar medidas urgentes para acabar com a caça ilegal e o tráfico de espécies da flora e fauna protegidas e abordar tanto a demanda
quanto a oferta de produtos ilegais da vida selvagem
15.8 Até 2020, implementar medidas para evitar a introdução e reduzir significativamente o impacto de espécies exóticas invasoras em
ecossistemas terrestres e aquáticos, e controlar ou erradicar as espécies prioritárias
15.9 Até 2020, integrar os valores dos ecossistemas e da biodiversidade ao planejamento nacional e local, nos processos de desenvolvimento,
nas estratégias de redução da pobreza e nos sistemas de contas
15.a Mobilizar e aumentar significativamente, a partir de todas as fontes, os recursos financeiros para a conservação e o uso sustentável da
biodiversidade e dos ecossistemas
15.b Mobilizar recursos significativos de todas as fontes e em todos os níveis para financiar o manejo florestal sustentável e proporcionar
incentivos adequados aos países em desenvolvimento para promover o manejo florestal sustentável, inclusive para a conservação e o
reflorestamento
15.c Reforçar o apoio global para os esforços de combate à caça ilegal e ao tráfico de espécies protegidas, inclusive por meio do aumento da
capacidade das comunidades locais para buscar oportunidades de subsistência sustentável

Praticando!
1-Você consegue identificar políticas que visam implantar algum dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil? Qual(is)? Como?
2-Você consegue imaginar um mundo sustentável sem florestas protegidas? Então, esta é uma das preocupações presentes nos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável, da Agenda 2030.

Junte-se a três colegas e, de acordo com o que vocês aprenderam realizem a atividade a seguir.
- Coloquem-se no papel de gestores públicos do município ou estado onde vivem.
- Pensem em maneiras de se alcançar o Objetivo 15 de forma que não sejam contraditórias à ideia de Desenvolvimento Sustentável.
- Elenquem metas fundamentais para que o referido objetivo possa ser implementado no município/estado e também em outras localidades. O
que tem sido feito para a manutenção da vida terrestre?
-Para tanto, o grupo deve levar em consideração que o município/estado também precisa se desenvolver, criar oportunidades de emprego e de
geração de renda, resolver as desigualdades sociais e viver de forma harmoniosa.
- Escreva as ações que vocês pensaram conjuntamente, mostrando como os jovens podem contribuir com o desenvolvimento sustentável e o
bem-estar social no município/estado.