TEMA 03. O SUS e seus principais caminhos normativos
TEMA 03. O SUS e seus principais caminhos normativos
TEMA 03. O SUS e seus principais caminhos normativos
PROPÓSITO
Compreender a origem e a construção do Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de seus
principais marcos normativos a fim de identificar toda a complexidade e importância desse
sistema para a saúde pública e sua atuação profissional.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
INTRODUÇÃO
Abordaremos a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) e o quanto é complexa a
existência de um sistema que precisa garantir saúde para toda a população brasileira, estando
em um cenário de grandes desigualdades sociais e com diversas outras questões que colocam
inúmeros desafios para que seus princípios aconteçam na prática.
Veremos também os avanços que o SUS já alcançou e o quanto é importante defender esse
sistema, que existe não somente para prestar assistência à saúde, mas para garantir um olhar
integral, que acolha as diferenças e que seja acessível a todos, ou seja, uma garantia para a
nossa cidadania.
Vamos trazer pontos importantes, como as principais legislações que embasam o SUS e a
aplicabilidade dessas leis, decretos e portarias na prática do cotidiano. Você perceberá o
quanto é essencial o papel de cada um de nós na sustentação e no avanço desse sistema tão
importante!
MÓDULO 1
Identificar a construção do Sistema Único de Saúde (SUS) a partir da Constituição
Federal de 1988 e das Leis n. 8.080/1990 e 8.142/1990
A saúde não era considerada um direito de toda a população, ou seja, era acessada somente
por aqueles que tinham mérito para tal. Essa visão meritocrática da saúde excluía a maior
parte da população brasileira, tendo em vista que, desde a colonização, o país possui
concentração de riqueza para pequenos grupos.
Você consegue identificar quando esse cenário começou a mudar? Na década de 1970, muitos
começaram a unir forças contra o regime de ditadura vigente, lutando contra a opressão e a
exclusão que atingiam diversos setores, inclusive a área da saúde. Na década de 1980, o
Brasil reconquistou um regime democrático de governo e, a partir desse renascimento da
democracia, começou a construção de um sistema de saúde universal, ou seja, para toda a
população, até para os que não tinham vínculos formais de trabalho.
Percebe como o SUS tem ligação estreita com a democracia? Os dois nascem juntos e são
garantidos pela nossa Constituição Federal de 1988. Por isso, ouvimos rotineiramente a
seguinte frase: “Lutar pelo SUS é lutar pela democracia!”.
RELEMBRANDO
É importante que você se lembre de que o texto constitucional referente à saúde universal é
originário da 8ª Conferência Nacional de Saúde de 1986, a primeira conferência que teve
participação popular, pensando em mudanças significativas no sistema vigente. Porém, o fato
de estar garantido na Constituição Federal de 1988 não exclui os inúmeros desafios para sua
real implementação no cotidiano.
A Constituição reforça, em um de seus parágrafos, que todo poder emana do povo e que a
população exerce esse poder diretamente e por meio de governantes eleitos
democraticamente, tendo como alguns de seus objetivos:
Alimentação
Educação
Lazer
Moradia
Previdência social
Saúde
Segurança
Trabalho
Pensando em todo o cenário que você estudou até aqui, consegue perceber o avanço que é ter
esse texto como base legal para o funcionamento do país? Vamos, porém, trazer tudo isso
para o dia a dia: conseguimos, pensando coletivamente, o acesso a todos esses direitos que
são garantidos constitucionalmente?
Visualize o Brasil como um todo: quantas pessoas ainda vivem em situação de rua? Quantas
crianças precisam trabalhar para ter comida? Quantas pessoas não conseguem estudar? E os
índices de desemprego? É possível ter grande acesso à cultura e ao lazer? Sabemos que as
respostas a tais perguntas reflexivas são de cunho pessimista em função de uma realidade
ainda tão desigual e assim temos um outro direito minado: a segurança. Por que tantas falhas
nessas questões acontecem? A violência cresce, causando adoecimento e morte.
Ao chegar à parte que aborda a questão da saúde, que vai dos artigos 196 a 200, a
Constituição Federal de 1988 afirma que as ações e os serviços de saúde precisam fazer parte
de uma rede regionalizada e hierarquizada. Também reforça a necessidade de ocorrer a
descentralização, a integralidade e a participação da comunidade. Leia o trecho constitucional
a seguir:
CITAÇÃO
Percebe que não basta construir serviços de saúde para responder a questões individuais e
coletivas? É preciso investimento em políticas sociais e econômicas que proporcionem acesso
à educação, à alimentação, à cultura, entre outros. Tal diretiva rompe com a ideia de saúde
como algo biológico e privilegiado.
Você já reparou o quanto a maior parte da população deseja um plano privado de saúde? A
visão de saúde como mercadoria ainda está presente na sociedade brasileira em nossos dias.
No texto constitucional, vemos que a iniciativa privada na saúde deve participar de forma
complementar em relação ao Sistema Único de Saúde, preferencialmente a partir de
entidades filantrópicas e sem fins lucrativos, segundo as diretrizes do SUS.
Vamos pensar: você acha que, na prática, a iniciativa privada complementa ou compete com
o SUS?
Outra questão muito importante que aparece no texto constitucional, no art. 200, diz respeito às
diversas atribuições do SUS. São elas:
Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como
bebidas e água para consumo humano.
Lendo todas essas atribuições trazidas pela Constituição, você ainda acha que o SUS
restringe-se a exames, consultas e procedimentos em saúde? É possível algum brasileiro dizer
que não usa o SUS? A partir da leitura desse fragmento de texto, podemos afirmar que todos
os brasileiros utilizam o SUS!
Precisamos buscar uma sociedade justa, rompendo com preconceitos e exclusões, dando
lugar a todos, sendo a saúde um dos âmbitos capazes de possibilitar que o texto constitucional
aconteça na prática.
A Lei Orgânica da Saúde traz as condições para promover, proteger e recuperar saúde,
pensando na organização e no funcionamento dos serviços, bem como outras providências.
Todo o território nacional será regulado por essa lei a partir de ações e serviços de saúde, ou
seja, a Lei n. 8.080/1990 institui o SUS!
Traz a organização do sistema, com o SUS acontecendo em uma direção única, partindo da
atenção primária até a atenção terciária.
UNIVERSALIDADE
Quando falamos que saúde é um direito de todos e que é dever do Estado que suas ações e
serviços sejam garantidos, estamos falando de universalidade. Esse princípio busca garantir o
acesso de todos que tenham necessidade de fazer uso do SUS, independentemente de sexo,
raça, classe econômica, profissão ou qualquer outra particularidade.
O princípio da universalidade rompe com a lógica do Inamps, que limitava saúde a quem
tivesse vínculo empregatício formalizado. Saúde é para todos, tanto quando se pensa em
prevenção como para promoção da saúde ou recuperação. É comum ainda ver idosos
apresentando carteira de trabalho ou justificando a ausência dela ao acessarem algum serviço
de saúde. É preciso que os profissionais expliquem que não há mais necessidade desse tipo
de ação.
EQUIDADE
Não podemos confundir equidade com igualdade; de maneira alguma estamos falando de
sinônimos. Precisamos pensar em equidade como justiça social, em que as diferenças são
reconhecidas, respeitadas e acolhidas. Ou seja, é preciso entender que partimos de lugares
desiguais, necessitando assim de intervenções diferenciadas para que se possa chegar ao
mesmo lugar.
Para você compreender melhor, vamos a um exemplo: a população indígena. A ideia é que
essa população tenha o mesmo atendimento e acesso que todos os brasileiros, mas temos
conhecimento de que essa população foi dizimada por séculos, tendo sua cultura, organização
social e política sendo violentadas e invadidas.
Para uma tentativa de recuperação histórica, é preciso construir políticas públicas de saúde
para essa população, incluindo suas particularidades, direcionando um olhar minucioso para
dificuldades, barreiras e peculiaridades. É preciso investir para que os profissionais de saúde
recebam formação para essa atuação específica, bem como é necessária a presença de
representantes indígenas na coordenação e aplicação dessa política.
Para representar a equidade e sua importância no SUS, poderíamos usar mais exemplos
como: população em situação de rua, população privada de liberdade no sistema prisional,
mulheres, população negra, entre outros.
INTEGRALIDADE
Esse princípio traz a importância de se olhar o sujeito como um todo, acolhendo suas
necessidades específicas, olhando além da doença, incluindo todas as suas dimensões de
existência, utilizando ações de promoção, prevenção e recuperação em saúde. Mesmo em
situações similares, o atendimento integral pressupõe ações singulares
Para você entender melhor, vamos a um exemplo: pense em dois homens de 50 anos, com
diagnóstico de diabetes tipo 2. Um deles mora em uma pequena casa, trabalha como camelô e
consegue fazer caminhada duas vezes por semana. O outro mora na rua, não tem renda e só
consegue comer porque vive na calçada ao lado de uma padaria. Mesmo com pontos em
comum, não podemos traçar para eles o mesmo plano de cuidados.
Possivelmente, o homem que tem casa e trabalho poderá cuidar um pouco mais de sua dieta
do que o homem que vive nas ruas e depende de doações, comendo o que consegue ganhar.
É possível pensar também na questão do sedentarismo e no acesso aos serviços de saúde: no
caso do homem em situação de rua, as barreiras são maiores, sendo importante que os
serviços possam ir até ele.
REGIONALIZAÇÃO
As ações e serviços de saúde devem compor uma região de saúde, com organização por
níveis de complexidade, delimitados geograficamente, definindo a população que será
atendida, ou seja, regionalizar envolve muito mais do que somente contornar espaços. A região
de saúde precisa de características comuns de transporte, de cultura, ou seja, precisam ter
realidades semelhantes e com funcionamento compartilhado.
O acesso inicial é feito por meio da Atenção Básica ou Atenção Primária que, a partir de um
acompanhamento no cotidiano do território, consegue responder a muitas questões. As
situações que precisam de níveis mais específicos de cuidado e intervenção serão
direcionadas, a partir da atenção primária, para serviços de maior complexidade. Já no texto da
Constituição Federal de 1988, podemos encontrar apontada a necessidade de o SUS ser
regionalizado.
Vamos a um exemplo para ajudar no entendimento: em uma região de saúde que contenha
sete municípios, estes precisarão compartilhar ações e serviços de saúde. Cada município
precisa ter atenção básica, porém vamos pensar juntos: seria necessária a construção de uma
maternidade de alto risco em cada um desses sete municípios?
Podemos concentrar a maternidades de alto risco em menos municípios, possibilitando maior
investimento financeiro e em recursos humanos, bem como abrir atendimento para todos os
municípios da região, pois, felizmente, a maior parte dos partos são de baixo risco. Isso otimiza
recursos e aprimora o cuidado!
HIERARQUIZAÇÃO
A organização dos serviços em redes deve ser feita de maneira hierarquizada a fim de fazer
um diagnóstico mais aprimorado dos problemas e das questões de saúde de uma região e
assim traçar as ações necessárias de prevenção, promoção e recuperação de saúde para
aquele local. Ou seja, a partir do território nasce o planejamento para gestão e cuidado em
saúde, em uma lógica ascendente.
RESOLUTIVIDADE
Em qualquer nível de complexidade que as pessoas necessitem, é preciso que o atendimento
em saúde seja resolutivo, capaz de resolver a questão.
DESCENTRALIZAÇÃO
Tem relação direta com a regionalização. As três esferas de governo — federal, estadual e
municipal — terão competências e responsabilidades em relação a ações e serviços de saúde,
tanto no sentido administrativo quanto no sentido financeiro.
Finalizamos a discussão dos princípios organizativos do SUS, porém daremos destaque maior
a um deles no item a seguir, que traz outra lei do ano de 1990, promulgada alguns meses
depois da Lei n. 8.080. Veja adiante.
LEI N. 8.142 DE 1990
Em 28 de dezembro de 1990, foi promulgada a Lei n. 8.142, que aborda a questão da
participação da comunidade e do controle social no SUS e as questões de transferências
intergovernamentais.
Essa lei também traz detalhes sobre o funcionamento e a composição dos conselhos de saúde:
CITAÇÃO
Será que a população faz uso efetivo desses espaços? Você já frequentou alguma reunião de
conselho de saúde ou participou de alguma conferência de saúde?
SAIBA MAIS
É importante que você leia na íntegra a Lei n. 8.080/1990 e a Lei n. 8.142/1990 para
aprofundar ainda mais seus conhecimentos e defender o SUS com embasamento legal e
teórico.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
Você conseguiu perceber até aqui a complexidade do SUS? Para muitos estudiosos e
pesquisadores, é uma das melhores políticas públicas do mundo. Abordaremos agora os
muitos desafios para a implementação desse sistema e da continuidade dos marcos
normativos que surgiram ao longo dos anos após a promulgação da Lei n. 8.080/1990 e da Lei
n. 8.142/1990.
EXEMPLO
Por exemplo, Maria vive com seu companheiro em situação de rua, em um bairro próximo ao
CAPS, porém não consegue organizar-se para ir até o serviço (ser atendida pela psicóloga,
pelo psiquiatra e pela enfermeira para ajudar Maria a estabilizar-se psiquicamente). A equipe
precisa se organizar para ir até Maria uma vez por semana para realizar o atendimento e levar
a medicação utilizada. Porém, isso só é possível quinzenalmente em função do número
insuficiente de profissionais no serviço para atender a toda a clientela que frequenta o CAPS
diariamente. Diante da saída de qualquer profissional, a fragilidade aumenta na equipe.
CITAÇÃO
SANTOS, 2013
DESAFIOS DO SUS
Temos um grande desafio em nível de gestão, que é o fato de três entes serem responsáveis,
autônomos, solidários e cooperativos no sistema — o que chamamos de articulação
interfederativa —, que é essencial para a descentralização e a integralidade, mas que ainda
precisa avançar significativamente, pois, na prática, ainda vemos protagonismo do Ministério
da Saúde.
Em algum momento você já pode ter pensado que o Ministério da Saúde seria o órgão com
maior poder no SUS, mas já vimos no módulo anterior que essa não é a realidade.
Outro desafio é a participação da população no SUS, pois ela ainda não ocupa de maneira
eficaz os espaços — como em conselhos de saúde para controle e participação social —,
podendo fiscalizar e propor políticas de saúde.
Tudo que estamos conversando aqui exemplifica o quanto o SUS é complexo e o quanto
precisamos caminhar para que, de fato, ele possa atuar na prática. É preciso uma aposta da
gestão dos trabalhadores e dos usuários para evoluir nessa caminhada.
Agora, voltemos à questão dos marcos normativos, pensando nas mudanças que vieram após
a instituição do SUS em 1990. Para entender esse sistema na prática dos dias atuais e refletir
sobre os avanços e desafios, precisamos olhar sempre para a história e para a legislação.
Antes de explicarmos cada uma dessas normas, é importante que você entenda como
acontece a gestão do SUS entre os três entes. No nível federal, o órgão responsável por gerir é
o Ministério da Saúde; no nível estadual, temos as secretarias estaduais de saúde e no nível
municipal temos as secretarias municipais de saúde. Os gestores de cada esfera reúnem-se
em espaços chamados Comissão Intergestores Bipartite (CIB), com participação do estado e
municípios e Comissão Intergestores Tripartite (CIT), com a presença dos níveis federal,
estadual e municipal.
Nesses espaços, com reuniões periódicas, as políticas e os programas de saúde são avaliados
e pactuados.
EXEMPLO
Vamos pensar no estado do Rio de Janeiro. Pelo menos uma vez por mês os gestores da
Secretaria Estadual do Rio de Janeiro encontram-se na CIB com os gestores das Secretarias
Municipais de Saúde dos 92 municípios existentes no estado para analisar a situação da
saúde, e assim acontece em todos os estados brasileiros. Dessa mesma maneira, pelo menos
uma vez por mês, os gestores das três esferas (federal, com estados e municípios de todo
Brasil) reúnem-se em Brasília, na CIT.
1991
Foi publicada a Norma Operacional Básica do SUS 01/91 (NOB/SUS 01/91), instituindo o
pagamento por produção de serviços, equiparando prestadores públicos e privados na compra
e venda de serviços. Mesmo sendo um fato negativo para o SUS, os municípios apoiaram essa
NOB, pois assim receberiam recursos diretamente do nível federal, o que fragilizava o papel
dos estados no processo.
Tivemos a publicação da segunda dessas normas, a NOB 01/92, seguindo a NOB anterior,
mantendo o pagamento por produção de serviços, com exceção das internações hospitalares.
1992
1993
Tivemos a NOB/SUS 01/93, que trazia o tema: "A municipalização é o caminho", com
fortalecimento da gestão municipal no sistema, instituindo as seguintes formas de gestão
municipal e estadual: incipiente, parcial e semiplena. Os municípios que antes eram pouco
atuantes foram habilitados como gestores e, nesse momento, surgem as Comissões
Intergestores Bipartite e Tripartite.
Publicada a NOB/SUS 01/96, que fortaleceu a descentralização, inovando nas condições de
gestão dos municípios e estados, definindo competências e responsabilidades. Houve a
criação do Piso da Atenção Básica (PAB), ampliando o acesso à atenção primária a partir do
financiamento global per capita, promovendo uma mudança no modelo de atenção à saúde, o
que consolidou o Programa da Saúde da Família.
1996
2001
Temos a publicação da NOAS 01/01, dando maiores responsabilidades aos municípios na
Atenção Básica, definindo como acontece a regionalização na atenção à saúde. Define
também o processo de regionalização da assistência por meio do Plano Diretor de
Regionalização (PDR), um instrumento para organizar o processo de regionalização, pensando
na garantia de acesso próximo às residências dos usuários. O Plano Diretor de Investimento
(PDI) também vem como instrumento para desenvolver estratégias de investimentos, com o
intuito de ofertar assistência em todos os níveis de complexidade.
Nesse sentido, a Atenção Básica ganha força com a NOAS/2001, a partir de ações mais claras.
Nesse momento temos também valorização e estímulo aos municípios para trabalharem
conjuntamente, trazendo a questão de referência e contrarreferência e propostas de ações de
média e alta complexidade.
Foi publicada a NOAS/SUS 01/02, que fortalece a gestão estadual a partir de acordos relativos
aos serviços de média e alta complexidade e do mecanismo de acompanhamento dos recursos
federais para assistência da saúde.
2002
DICA
EXEMPLO
As clínicas da família realizam um potente trabalho no acompanhamento de pacientes
hipertensos e diabéticos. Com isso, vemos que o número de internações decorrentes de
complicações dessas doenças crônicas diminuiu fortemente. Quem ganha? Todos!
O processo de municipalização a partir dessas normas foi muito importante, mas, ao mesmo
tempo, tornou a regionalização mais difícil de acontecer na prática, ou seja, sobre municípios
que fazem parte da mesma região de saúde trabalharem compartilhando ações e não de
maneira individual, fragmentando o sistema. Tal fato, muitas vezes, ainda acontece.
Como seria isso na prática? Vamos pensar em uma região de saúde composta por 11
municípios. Cada município precisa ter sua Atenção Básica fortalecida, porém não é
necessário que todos tenham hospitais de grande porte e complexidade. É importante que
todos que integram tal região possam compartilhar esse tipo de serviço, que pode concentrar-
se em alguns municípios, porém considerados serviços regionais, de modo que o recurso é
otimizado e a assistência pode ser mais qualificada.
O Pacto era composto por três partes: Pacto pela vida, Pacto em defesa do SUS e Pacto de
gestão do SUS.
Ações para contribuir com a redução da mortalidade por câncer de colo de útero e de
mama;
Atenção integral para a população idosa, por meio da implementação da Política Nacional
de Saúde da População Idosa;
Focar no cuidado dentro do SUS voltado para as doenças emergentes e endemias, como
dengue e hanseníase, buscando fortalecer as respostas a essas questões;
É importante que você saiba também que cada esfera de gestão possui conselhos gestores
que se reúnem frequentemente para planejar e organizar a saúde. São eles: o Ministério da
Saúde, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (composto por secretários estaduais de
saúde) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS).
Diante de tanto conteúdo trabalhado, você consegue perceber o quanto o Pacto pela Saúde
trouxe importantes avanços em pontos frágeis do SUS, que até aquele momento ainda eram
confusos teoricamente? Como colocar em prática uma teoria que ainda não era tão clara como,
por exemplo, quanto à questão da regionalização?
DECRETO N. 7.508/2011
O tempo foi passando e algumas questões ainda permaneciam confusas para a
implementação do SUS. Em 28 de junho de 2011, foi pulicado o Decreto n. 7.508, que veio
regulamentar a Lei n. 8.080/1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde
(SUS), o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa. Ou seja,
21 anos depois nasce um decreto para esclarecer pontos importantes da Lei Orgânica da
Saúde. Percebe o tempo de amadurecimento necessário diante de tanta complexidade?
CITAÇÃO
SANTOS, 2013
A questão da regionalização fica mais evidente e valorizada nesse decreto, definindo região de
saúde como:
CITAÇÃO
É importante que essas regiões sejam vistas a partir de um aspecto vivo, rompendo com a
lógica estritamente burocrática. Ainda precisamos avançar muito nesse sentido, mas o Decreto
n. 7.508/2011 vem para fortalecer.
SAIBA MAIS
Você precisa ler o Decreto n. 7.508/2011 na íntegra, vai contribuir bastante para o
entendimento e o aprendizado adquirido aqui!
DICA
O conteúdo que trabalhamos aqui é extenso, com muitos detalhes essenciais para
compreensão do SUS, mas é primordial que você articule esse material com outros: a Reforma
Sanitária é um processo constante e todos esses marcos normativos fazem parte dessa
trajetória contínua. Tudo isso, no entanto, não garante um SUS eficaz porque é preciso
vontade política, investimento e conhecimento para avançarmos ainda mais. A luta é de todos
nós!
ATENÇÃO
As leis abordadas são extensas. É importante que você leia todas na íntegra. Essas leis são
bastante cobradas em concursos públicos.
DIFERENÇA ENTRE NOB E NOAS E
DECRETO N. 7.508/2011
Explicar a diferença entre NOB e NOAS e colocar pontos importantes do Decreto n. 7.508/2011
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conhecemos a construção do Sistema Único de Saúde (SUS) a partir dos principais marcos
normativos que servem de base para a sustentação do sistema.
Vimos que, atualmente, o SUS encontra muitos desafios para que seus princípios doutrinários
(equidade, integralidade e universalidade) aconteçam na prática e conseguimos discutir
importantes avanços ao longo dos anos.
Entendemos que é preciso que o SUS seja defendido na sociedade, na formação e nos
serviços de saúde, pois concluímos que o SUS está em muitos espaços que ultrapassam a
assistência de saúde. Ou seja, todos usam o SUS e é fundamental que possamos compartilhar
informações sobre esse sistema tão importante.
PODCAST
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BRASIL. Casa Civil. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: 1988.
BRASIL. Casa Civil. Decreto n. 7.508, de 28 de Junho de 2011. Regulamenta a Lei n. 8.080,
de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde -
SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá
outras providências. Brasília: 2011.
BRASIL. Casa Civil. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições
para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília: 1990.
BRASIL. Casa Civil. Lei n. 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da
comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências
intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências.
Brasília: 1990.
EXPLORE+
Acesse o site PenseSUS, da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), e amplie seus
conhecimentos sobre diversas questões do Sistema Único de Saúde (SUS).
CONTEUDISTA
Alice Medeiros Lima
CURRÍCULO LATTES