Diaspora
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Reitor
Flávio Luis Barbosa Nunes
Vice-Reitora
Veridiana Krolow Bosenbecker
EDITORA IFSUL
Editor Executivo
Vinícius Martins
Conselho Editorial
Vinícius Martins (Presidente)
Alessandra Cristina Santos Akkari Munhoz
Aline Jaime Leal
Daniel Ricardo Arsand
Elisabeth Tempel Stumpf
Gilnei Oleiro Corrêa
Glaucius Décio Duarte
Klaus Boesch
Mariana Jantsch de Souza
Nei Jairo Fonseca dos Santos Junior
Rodrigo Kohn Cardoso
Editora IFSul
Diáspora
2024
© 2024 Editora IFSul
Este livro está sob a licença Creative Commons (br.creativecommons.org), que segue o
princípio do acesso público à informação. O livro pode ser compartilhado desde que
atribuídos os devidos créditos de autoria. Não é permitida nenhuma forma de alteração ou
a sua utilização para fins comerciais.
Prólogo ........................................................................................ 13
Prefácio ....................................................................................... 15
Biografia de Guilherme da Silva Xavier ........................................ 18
Apresentação ............................................................................ 21
Biografia de Marta Helena Blank Tessmann .............................. 23
Pele Negra .................................................................................. 25
Biografia de Natália Pagot ................................................................. 27
1. Sob o jugo da escravidão: apontamentos sobre a
população cativa na montagem do complexo
açucareiro de Campinas/SP ............................................ 31
Biografia de Carlos Eduardo Nicolette .......................................... 50
2. O Extremo Sul em Foco: Análise das redes de
sociabilidades (d)entre escravizados na Vila de
Rio Grande de São Pedro no século XVIII ................... 53
Biografia de Caroline Ortiz Fortes e Carine Ortiz Fortes ...... 67
3. Reflexões acerca da História Africana e da África
Yorubana ............................................................................. 71
Biografia de Douglas Bandeira Ramos ......................................... 82
4. Escrita Criativa: Ativismo e Resistência contra o
racismo ................................................................................... 85
Biografia de Edilaine Vieira Lopes .................................................. 103
5. Gênese espacial, segregação e distinção social e
étnica na produção da cidade de Novo Hamburgo:
conteúdo de um espaço desigual ................................... 107
Biografia de Fernando Benvenutti Schaab .................................. 119
7
Edilaine, Gilberto, Keli, Valter
8
Posfácio ........................................................................................ 297
Biografia de Gisela Loureiro Duarte ............................................... 299
Epílogo ......................................................................................... 301
Biografia de Valter Lenine Fernandes ........................................... 304
O ofício que vale a pena ......................................................... 307
Biografia de Lucas Corrêa da Silva ................................................. 310
Bionegrafia de Niyi Tokunbo Mon’a-Nzambi .............................. 312
Biografia de José Hugo Fernandes ................................................... 313
In Memoriam .............................................................................. 315
9
ESTA OBRA E DEDICADA A TODOS OS AFRO-
BRASILEIROS, E FOI ESCRITA EM MEMORIA AOS
SERES HUMANOS QUE, INFELIZMENTE, FORAM
ESCRAVIZADOS.
11
Prólogo
Esta obra reúne autores que se dedicaram a pesquisar e a ensinar
sobre o Brasil Africano. O tema das relações étnico-raciais nunca esteve tão
em voga, tanto nos debates educacionais como na mídia jornalística, por
conta de diversos atos de racismo, injúria racial e intolerância religiosa com
os praticantes das religiões de matrizes africanas.
É necessário falar sobre a presença negra/preta no Rio Grande do
Sul e abordar o processo de apagamento dessa população, já que inúmeros
brasileiros (e até estrangeiros) acreditam na famosa frase que tem sido
reproduzida há gerações: “o Sul é totalmente branco”. Não, senhoras e
senhores. NÃO É!
Essa temática está presente na cultura em forma de re- sistência, na
música, no cinema, na arte, na poesia. As correntes que eram presas nas
mãos e nos pés dos africanos escravizados, em nosso passado colonial,
infelizmente ainda prendem nossa forma de olhar o mundo. O modelo
econômico baseado na escravidão acabou ou, pelo menos, deveria ter
acabado...
Que bom seria se não houvesse casos de trabalho análogo à
escravidão, como os denunciados recentemente. É preciso reconhecer que
ainda somos um país com fortes traços coloniais, já que nossa sociedade é
formada por uma pequena parcela que herdou muitos privilégios. São esses
que colhem os frutos de séculos de subalternização do povo africano e de
seus descendentes.
No entanto, há também uma boa parcela, que soma mais de 50%, e
que ainda sofre com as desigualdades ou enfrenta algum tipo de
discriminação em suas práticas socioespaciais, culturais e sociais, dentre
outras formas de reprodução social. O curso As Áfricas no Rio Grande do Sul
(já indo para sua terceira edição e, agora, virando livro e evento), colhe seus
frutos ao reunir nesta obra autores de diferentes áreas do conhecimento,
13
Edilaine, Gilberto, Keli, Valter
1
Africasnors2021@gmail.com e @africas_no_rs (Instagram).
2
Agradecimento ao Pai Oxalá, o orixá mais velho, e a todos os nossos ancestrais. Com a tradução
de “Mo dúpẹ́ gbogbo” = “Obrigado(a) a todos”, em referência ao caminho e aos passos que vêm
da ancestralidade até nós (trecho extraído de “Meus passos vêm de longe!”, artigo desta edição,
cuja autora é Ronise Ferreira dos Santos, com base em https://educayoruba.com/formas-de-
agradecer-em-yoruba-indo-alem--do-a-dupe/).
3
Respectivamente: http://lattes.cnpq.br/7385721779493141;
http://lattes.cnpq.br/3095107003711526; http://lattes.cnpq.br/5449273854131156; e
http://lattes.cnpq. br/8709945945282466.
14
Prefácio
15
Guilherme da Silva Xavier
16
“E às vezes, perdido
Eu me encontro em tuas asas, Beija-Flor Por mais que existam barreiras
Eu vim pra vencer no teu ninho
É bom lembrar, eu não estou sozinho Ê Laroyê Ina Mojubá
Adakê, Exu, ô, ô, ô
Segura o povo que o povo é o dono da rua”
17
Biografia de Guilherme da Silva Xavier
18
19
Apresentação
As experiencias de um ensino antirracista sao tudo de que
precisamos... nao basta nao ser racista: e necessario afirmar e reafirmar que o
ensino desenvolvido na Educaçao Profissional e Tecnologica, sobretudo nos
Institutos Federais, ocorre como ato publico na luta antirracista.
Este livro advem de um projeto muito importante para o IFSul
Campus Sapiranga, que se empenhou nas pesquisas em documentos
historicos sobre a tematica das Africas no Rio Grande do Sul.
A obra e composta por 14 capítulos, repletos de estorias, dores e
sentimentos acerca da historia dos negros em nosso estado e no Brasil. Carlos
Eduardo Nicolette estreia o primeiro capítulo e nos traz apontamentos sobre
a populaçao cativa na montagem do complexo açucareiro de Campinas/SP, em
“Sob o jugo da escravidao”.
Na sequencia, Caroline e Carine Ortiz Fortes escrevem sobre o
extremo sul em foco e fazem uma analise das redes de sociabilidades (d)entre
escravizados na Vila de Rio Grande de Sao Pedro, no seculo XVIII.
Depois, Douglas Bandeira Ramos nos brinda com algumas reflexoes
acerca da historia africana e da Africa Yorubana. Dando continuidade, vem o
artigo Escrita Criativa: Ativismo e Resistencia contra o racismo, com autoria
de Edilaine Vieira Lopes.
Logo atras, o professor Fernando Benvenutti Schaab aborda a genese
espacial, sobre a segregaçao e a distinçao social e etnica na produçao da cidade
de Novo Hamburgo, como conteudo de um espaço desigual.
A seguir, Gilberto dos Santos aborda a proibiçao do trafico negreiro
em Portugal, na segunda metade do seculo XVIII. Keli Ruas fala sobre as
religioes de matrizes africanas, com percepçoes a partir da cidade de Pelotas.
21
Marta Helena Blank Tessmann
22
respectivamente para o Curso As Africas no Rio Grande do Sul e para o
lançamento dessas memorias aqui contidas em forma de palavras. Entre
frases, citaçoes, poemas e textos, o livro Diaspora mostra a que veio.
Compartilhe seus insights conosco, marcando a #africas no
Instagram @ifsulsapiranga. Parabens, muito obrigada e otima leitura!
23
Biografia de Marta Helena Blank Tessmann
24
Pele Negra
Natália Pagot
25
Sou eu, solo, mae, gentil
que na insurgencia busca
maneiras de ver seus filhos crescerem
Poema retirado da obra: POETAS VIVOS. Voz da Revolução. In: MARIÁ, Agnes; DANOVA, Pretana;
DEDS Felipe; PAGOT, Natália (org.). Vozes da Revolução. Porto Alegre: Class, 2019. 132 p.
26
Biografia de Natália Pagot
27
29
1. Sob o jugo da escravidão:
apontamentos sobre a população
cativa na montagem do complexo
açucareiro de Campinas/SP
Introdução
1
PETRONE, Maria Thereza S. A lavoura canavieira em São Paulo: e xpansão e declínio
(1765-1851). São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1968.
2
Renato Leite Marcondes aponta que a safra campineira de café no ano de 1886 foi a
maior da província paulista. In: A estrutura fundiária e cafeeira de dois municípios do oeste
31
Carlos Eduardo Nicolette
paulista: Campinas e Ribeirão Preto no início do século XX. Revista de História, São Paulo,
n. 165, p. 403-424, 2011.
3
BACELLAR, Carlos de A. P. As listas nominativas da capitania de São Paulo sob um olhar
crítico (1765-1836). Anais de História de Além Mar, Lisboa, v. XVI, p. 313-338, 2015.
32
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4
LUNA, Francisco V.; KLEIN, Herbert S. Evolução da sociedade e economia escravista de
São Paulo, de 1750 a 1850. São Paulo: Edusp, 2005, p. 44.
5
Cópia da Ordem Real, 1748. Documentos interessantes para a história e costumes de
São Paulo. São Paulo: Dep. do Arquivo do Estado de São Paulo, vol. 73, 1952, p. 122-123.
6
SILVA, Áurea Pereira da. Engenhos e fazendas de café em Campinas (séc. XVIII - séc. XX).
Anais do Museu Paulista, São Paulo, v. 14, n. 1, 2006.
7
ROSSETO, Pedro Francisco. Reconstituição do traçado da ‘estrada dos Goiases’ no trecho
da atual mancha urbana de Campinas. Anais do Museu Paulista, São Paulo, v. 14, n. 2, p.
141- 191, 2006, p.141.
8
Mogi-Mirim estava ligada à jurisdição da vila de Jundiaí até 1769, tendo se desmembrado
nesse ano e se tornando vila sob o nome de “São Jose de Moji-Mirim”. Ver: SEADE –
Fundação Sistema de Análise de Dados, Desmembramento dos Municípios Paulistas.
33
Carlos Eduardo Nicolette
de uma elite agraria12 . Pelo contrario, tudo in- dica que Campinas foi
por muito tempo espaço de pequenos sítios, plantaçao de mantimentos
para o estabelecimento de pequenas transaçoes e local de passagem
para os negocios estabelecidos com as zonas auríferas.
Desde o período em que havia se estabelecido enquanto
freguesia de Jundiaí ate o início da decada de 1790, Campinas havia
recebido uma migraçao constante, porem paulatina, de moradores
livres. Mesmo que incipiente para uma ampla expansao das fronteiras,
foi processo fundamental para principiar uma ocupaçao territorial e
para ali se vislumbrar o estabelecimento de novas relaçoes familiares e
economicas. Paulo Eduardo Teixeira e Peter Eisenberg trouxeram a baila
que, no ano de 1774, a freguesia possuía 388 indivíduos livres e apenas
59 fogos13; ja cinco anos depois, em 1779, a freguesia apresentou um
pequeno crescimento, somando o total de 445 habitantes e alcançando
66 fogos; em 1790, por seu turno, apresentou um crescimento para,
respectivamente, 1.138 indivíduos e 177 fogos.
Por outro lado, se em 1774 havia na freguesia o total de 87
cativos listados, 16 anos depois eram 219 escravizados14, demonstrando
um crescimento abaixo do encontrado para livres. A idade media dos
cativos, inclusive, era bastante alta para o período e, apesar de ter
diminuído continuamente apos 1774, estava em torno de 27 anos, em
179015. Considerando os escravizados enquanto um padrao de
acumulaçao de cabedal por parte de seus proprietarios – visto serem os
cativos a principal mao de obra das propriedades agrícolas – e
observando em conjunto o baixo crescimento do numero de cativos e
suas altas idades, somados ao proprio numero de mulheres e homens
12
Para mais informações sobre a categoria de elite, ver: BACELLAR, Carlos de A. P. Os
senhores da terra: família e sistema sucessório entre os senhores de engenho do Oeste
Paulista, 1765-1855. Campinas: Centro de Memória/Unicamp, 1997.
13
TEIXEIRA, Paulo E. A formação das famílias livres: Campinas, 1774-1850. São Paulo:
Editora Unesp, 2011, p. 40; EISENBERG, Peter. Homens esquecidos: escravos e
trabalhadores livres no Brasil, séculos XVIII e XIX. Campinas: Editora da Unicamp, 1989, p.
358.
14
Arquivo Público do Estado de São Paulo, Lista Nominativa de Habitantes, Campinas,
1774 e 1790.
15
APESP, LNH, Campinas, 1790.
35
Carlos Eduardo Nicolette
16
NICOLETTE, Carlos E.; ALFONSO, Felipe R. A composição do perfil das escravarias como
elemento das estratégias adotadas pelos proprietários de escravos. Campinas, 1778-
1829. In: Anais do VII Encontro Internacional de História Colonial, Natal/RN. Espaços
coloniais: domínios, poderes e representações. Natal: EDUERN, 2018, v. 1, p. 2104-2105
17
PUPO, 1969, p. 34.
18
ALFONSO, Felipe R. A fronteira escravista entre o açúcar e o café: Campinas, 1790-1850.
Dissertação (Mestrado). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade
de São Paulo. São Paulo, 2018a, p. 85-86.
19
Razão de sexo é o cálculo do número de homens para cada 100 mulheres, ou seja, nesse
ano havia mais mulheres do que homens cativos em Campinas, numa taxa de 99 homens
para cada 100 mulheres.
36
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20
TEIXEIRA, Paulo E.; SANTOS, Antônio. Viver e envelhecer: trajetórias de vida numa vila
paulista (Campinas, 1774-1842). Resgate - Revista Interdisciplinar de Cultura. Campinas, v.
26, n. 1 [35], 2018, p. 7-30.
21
NICOLETTE; ALFONSO, 2018, p. 2106-2107; APESP, LNH, Campinas, 1790 e 1799.
22
NICOLETTE, Carlos Eduardo. À luz do ouro branco: lavoura canavieira e a montagem do
parque açucareiro de Campinas (c. 1790-1818). Dissertação (mestrado). Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo. São Paulo. 2022, p. 249-
252.
23
Não raro serem encontradas menções, nas listas nominativas de habitantes, às vendas
de milho e toucinho para a cidade de São Paulo, para a vila de Itu, dentre outros espaços
da região.
24
FRACCARO, 2018, p. 57.
37
Carlos Eduardo Nicolette
25
NICOLETTE, Carlos E.; ALFONSO, Felipe R. Especificidades da Sociedade Açucareira:
Campinas no Contexto do Quadrilátero Paulista (1836). Revista de História Bilros.
História(s), Sociedade(s) e Cultura(s), v. 9, n. 18, p. 118-137, 2022, p. 125.
38
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26
Foram utilizados os dados do ano de 1800 de Campinas para comparação com o ano de
1799 de todo o Oeste Paulista. Para os dados referentes a todo o Oeste, bem como outras
regiões de São Paulo, ver: LUNA, KLEIN, 2005, p. 61. Sobre Campinas: APESP, LNH,
Campinas, 1799.
27
ALFONSO, 2018, p. 47-98.
28
MARTINS, Valter. Nem senhores, nem escravos: os pequenos agricultores em Campinas
(1800-1850). Campinas: CMU/UNICAMP, 1996, p. 16.
29
MARTINS, 1996, p. 130.
30
Como foi discutido anteriormente, esse era o grande vetor da economia campineira
após o açúcar.
39
Carlos Eduardo Nicolette
Fonte: AHU, Mappa dos Engenhos de assucar..., Post. 1798; APESP, LNH,
Jundiaí, 1794; APESP, LNH, Campinas, 1798, 1800, 1803, 1805, 1807, 1809.
31
KLEIN, Herbert S. A demografia do tráfico Atlântico de escravos para o Brasil. Estudos
Econômicos, São Paulo: IPE-USP, v. 17, p. 129-149, 1987.
40
Diaspora
41
Carlos Eduardo Nicolette
32
A média é obtida através da soma de todos os valores de um determinado conjunto e o
resultado é, então, dividido pela quantidade de dados. Por sua vez, a mediana refere-se ao
valor central de um determinado grupo de dados, a partir do momento que se ordena tal
grupo em ordem crescente. Caso a quantidade de dados seja par, deve ser realizada a média
dos dois valores centrais.
33
Stuart Schwartz estabelece a faixa dos adultos entre 14 e 50 anos. Góes e Florentino, em
trabalho conjunto, por sua vez, estabeleceram os adultos enquanto sujeitos entre 15 e 40
anos. Um terceiro recorte foi estabelecido por Luna e Klein, que indicaram o recorte entre
15 e 64 anos. Cf.: SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos: engenhos e escravos na
sociedade colonial, 1550-1835. Trad. Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia das
Letras, 2011 [1988]. FLORENTINO, Manolo. GÓES, José Roberto. A paz das senzalas:
famílias escravas e tráfico atlântico, Rio de Janeiro, c. 1790 – c. 1850. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1997; LUNA; KLEIN, 2005.
42
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34
Em estudo sobre o perfil demográfico da população na cidade de Itu no ano de 1836,
evidenciei que, apesar existir em todas as camadas da população, a atração pelas idades
terminadas em 0 e 5 foi encontrada em maior número para aqueles recenseados enquanto
pardos e, especialmente, pretos. Isso se deve, possivelmente, porque idades eram mal
conhecidas, especialmente entre os escravizados. Cf.: NICOLETTE, Carlos E. A vila de Itu
sob o olhar da Demografia Histórica: Lista Nominativa de Habitantes de 1836. Ensaios de
História (Franca), v. XVIII, p. 111-141, 2013-2017. p. 127-130.
43
Carlos Eduardo Nicolette
Considerações Finais
35
FLORENTINO; GÓES, 1997.
44
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45
Carlos Eduardo Nicolette
BIBLIOGRAFIA
Fontes
46
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Referências
ALFONSO, Felipe R. A fronteira escravista entre o açúcar e o café:
Campinas, 1790-1850. Dissertaçao (Mestrado). Faculdade de Filosofia, Letras
e Ciencias Humanas, Universidade de Sao Paulo. Sao Paulo, 2018.
BACELLAR, Carlos de A. P. Os senhores da terra: família e sistema sucessorio
entre os senhores de engenho do Oeste Paulista, 1765-1855. Campinas:
Centro de Memoria/ Unicamp, 1997.
BACELLAR, Carlos de A. P. As listas nominativas da capitania de Sao Paulo sob
um olhar crítico (1765-1836). Anais de Historia de Alem Mar, Lisboa, v. XVI, p.
313-338, 2015.
EISENBERG, Peter. Homens esquecidos: escravos e trabalhadores livres no
Brasil, seculos XVIII e XIX. Campinas: Editora da Unicamp, 1989.
FLORENTINO, Manolo. GOES, Jose Roberto. A paz das senzalas: famílias
escravas e trafico atlantico, Rio de Janeiro, c. 1790 – c. 1850. Rio de Janeiro:
Civilizaçao Brasileira, 1997.
FRACCARO, Laura Candian. Estratégias de pequenos agricultores livres de
cor perante a expansão dos engenhos de açúcar escravistas em
Campinas: 1779-1836. Tese (Doutorado), Instituto de Filosofia e Ciencias
Humanas da Universi dade de Campinas. Campinas, 2018.
KLEIN, Herbert S. A demografia do trafico Atlantico de escravos para o Brasil.
Estudos Econômicos, Sao Paulo: IPE--USP, v. 17, p. 129-149.
LUNA, Francisco V.; KLEIN, Herbert S. Evolução da sociedade e economia
escravista de São Paulo, de 1750 a 1850. Sao Paulo: Edusp, 2005.
MARCONDES, Renato L. A estrutura fundiaria e cafeeira de dois municípios do
oeste paulista: Campinas e Ribeirao Preto no início do seculo XX. Revista de
História, Sao Paulo, n. 165, p. 403-424, 2011.
MARTINS, Valter. Nem senhores, nem escravos: os pequenos agricultores em
Campinas (1800-1850). Campinas: CMU/UNICAMP, 1996.
47
Carlos Eduardo Nicolette
48
Diaspora
SILVA, Aurea Pereira da. Engenhos e fazendas de cafe em Campinas (sec. XVIII
- sec. XX). Anais do Museu Paulista, Sao Paulo, v. 14, n. 1, 2006.
TEIXEIRA, Paulo E. A formação das famílias livres: Campinas, 1774-1850.
Sao Paulo: Editora Unesp, 2011.
TEIXEIRA, Paulo E.; SANTOS, Antonio. Viver e envelhecer: trajetorias de vida
numa vila paulista (Campinas, 1774-1842). Resgate - Revista
Interdisciplinar de Cultura. Campinas, v. 26, n. 1 [35], 2018.
49
Biografia de Carlos Eduardo Nicolette
50
51
2. O Extremo Sul em Foco: análise
das redes de sociabilidades (d)entre
escravizados na Vila de Rio Grande
de São Pedro no século XVIII
Introdução
1
Essa pesquisa partiu da motivação pessoal da pesquisadora Caroline Ortiz Fortes,
empenhada na redação de um importante artigo para uma disciplina de História
Demográfica, no Mestrado em História. A partir dos esboços iniciais do projeto de
pesquisa e das atividades entregues ao programa de pós-graduação, a autora obteve a
ajuda da pesquisadora Carine Ortiz Fortes, que auxiliou na correção, na revisão e no
aprofundamento deste trabalho.
53
Caroline e Carine Ortiz Fortes
2
DEMETRIO, Denise Vieira. Famílias Escravas no Recôncavo da Guanabara: Século XVII e
XVIII. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em História, Instituto de His-
tória, Universidade Federal Fluminense, Niterói - RJ, maio de 2008.
3
VENÂNCIO, Renato Pinto. Compadrio e rede familiar entre forras na Vila Rica, 1713 -
1804. In: Anais da V Jornada Setecentista, Curitiba - PR, novembro de 2003.
54
Diaspora
4 TORRES, Luiz Henrique. História do Município do Rio Grande: fundamentos. Rio Grande:
Pluscom Editora, 2015.
5 Ibidem.
55
Caroline e Carine Ortiz Fortes
6
Ibidem.
56
Diaspora
7 NADALIN, Sérgio Odilon. História e Demografia: Elementos para um diálogo. São Paulo.
Editora: Associação Brasileira de Estudos Populacionais - ABEP, 2004.
8 DEMETRIO, Denise Vieira. Famílias Escravas no Recôncavo da Guanabara: Século XVII e
hierarquia social (Rio Grande de São Pedro, c. 1776 - c. 1800). Tese (Doutorado) - Programa
de Pós Graduação em História, Universidade Federal do Pará, Curitiba - PR, 2016, p. 14.
57
Caroline e Carine Ortiz Fortes
10 NADALIN, Sérgio Odilon. História e Demografia: Elementos para um diálogo. São Paulo.
Editora: Associação Brasileira de Estudos Populacionais - ABEP, 2004.
11
Ibidem (p. 44).
58
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12MARQUES, Rachel dos Santos. Para Além dos Extremos: Homens e mulheres livres e
hierarquia social (Rio Grande de São Pedro, c. 1776 - c. 1800). Tese (Doutorado) - Programa
de Pós Graduação em História, Universidade Federal do Pará, Curitiba - PR, 2016, p. 41.
59
Caroline e Carine Ortiz Fortes
do Sul, 1984.
60
Diaspora
18NADALIN, Sérgio Odilon. História e Demografia: Elementos para um diálogo. São Paulo.
Editora: Associação Brasileira de Estudos Populacionais - ABEP, 2004, p. 57.
62
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hierarquia social colonial, sendo esse o caso de “Simao Preto Forro”, que
apresentava seu estatuto jurídico e, por conseguinte, sua posiçao no
contexto das relaçoes sociais colonialistas. Assim como em outros
registros, nao foi possível identificar seu padrinho e sua madrinha, tao
pouco dados que comprovem que ele havia apadrinhado alguma
criança. E possível inferir que Simao Preto teria preferencia no jogo das
redes sociais estabelecidas. A partir desse banco de dados, nao foi
possível estabelecer as relaçoes de apadrinhamento entre os
escravizados, pois essas informaçoes nao estavam disponíveis
diretamente na plataforma.
Ainda sobre a categorizaçao na hierarquia social, apesar da
quase completa ausencia das condiçoes jurídicas de “escravo”, “livre” e
“forro” dos 60 registrados, e notavel a frequente apariçao da
característica fenotípica, como “sobrenome”. Como exemplos, podem
ser citados os casos de: “Maria Preta”, possivelmente “Barguella”, a
“Izabel Preta”, possivelmente “Banguella”, da “Atonia Preta”, e da
“Victoria Preta”. Ha tambem outras ocorrencias, possibilitando refletir
sobre a hierarquia social baseada na tonalidade de pele.
Considerações finais
Referências
65
Caroline e Carine Ortiz Fortes
66
Biografia de
Caroline Ortiz Fortes e Carine Ortiz Fortes
67
69
3. Reflexões acerca da História
Africana e da África Yorubana
71
Douglas Bandeira Ramos
73
Douglas Bandeira Ramos
1 MACEDO, José Rivair. Ibn Battuta, os hipopótamos e a “idade média” na África. p.7.
2
Ibidem.
74
Diaspora
75
Douglas Bandeira Ramos
5 Ibidem.
6 Ibidem, p.167.
76
Diaspora
Os Yorubás8
localização, aqui optou-se pela grafia oficial indicada pelo VOLP (Vocabulário Ortográfico
da Língua Portuguesa, da ABL (Academia Brasileira de Letras), que indica o uso
aportuguesado da palavra ioruba (com I e sem acento).
77
Douglas Bandeira Ramos
9EL FASI, Mohammed; HRBEK, Ivan. História Geral da África–Vol. III–África do século VII
ao XI. UNESCO, 2010. p. 561.
78
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Orun, 2018, p. 4.
80
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Referências
81
Biografia de Douglas Bandeira Ramos
82
83
4. Escrita Criativa: Ativismo e
Resistência contra o racismo
85
Edilaine Vieira Lopes
86
Diaspora
88
Diaspora
89
Edilaine Vieira Lopes
1 Acesse: https://www.geledes.org.br/alguma-vez-um-negro-inventou-alguma-coisa/
2
Acesse: https://earth.google.com/web/data=CiQSIhIgN2JiMTc5NDUyMzJhMTF
lOTg4ZTM-zYmJlMjQ5MGY5NmU?hl=pt-BR
90
Diaspora
91
Edilaine Vieira Lopes
3
Acesse: https://marciatravessoni.com.br/noticias/forbes-brasil-lista-20-influenciadores-
digi- tais-e-perfis-negros-para-seguir/
4
Acesse: https://movimentoblackmoney.com.br/8-criadores-de-conteudo-negros-que-
voce-preci- sa-conhecer/
92
Diaspora
5
Acesse: https://br.rbth.com/historia/81126-africanos-que-prosperaram-russia
93
Edilaine Vieira Lopes
6
Acesse: https://youtu.be/pxe92zWOot0E e https://youtu.be/D9Ihs241zeg
7 Acesse: https://claudia.abril.com.br/cultura/escritoras-negras-brasileiras-que-voce-vai-
adorar--conhecer/
8 #blacklivesmatter (2013) #georgefloyd (2020), em https://www.uol.com.br/universa/
noticias/redacao/2020/06/03/black-lives-matter-conheca-o-movimento-fundado-por-
tres--mulheres.htm
94
Diaspora
9
Acesse: https://youtu.be/qWaeusDX29U
10
Acesse: https://youtu.be/qxiAETHJ6B8
11
Acesse: https://youtu.be/0O_uAnSpx-s
12 Acesse: http://artepopularbrasil.blogspot.com/2012/05/carlos-alberto-de-oliveira.html
13 Acesse: https://escolamunicipaldeartenh.weebly.com/
14
Acesse: https://youtu.be/wV4ZXfQPt2s
15
Acesse: https://youtu.be/NQNIeyWSUVg
95
Edilaine Vieira Lopes
16 Acesse: https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/turismo/turismo-de-negocios/sao-
paulo/museu-em-sao-paulo-mostra-riqueza-da-cultura-negra-no-
brasil,34ba8faea7172410VgnVC-M3000009af154d0RCRD.html
17 Acesse: http://www.museuafrobrasil.org.br/o-museu/um-conceito-em-perspectiva
18 Acesse: https://viagemeturismo.abril.com.br/materias/9-museus-que-ensinam-sobre-
escravi-dao-racismo-e-cultura-negra/
19 Acesse: https://guiaculturalcentrodorio.com.br/museu-do-negro-do-rio-de-janeiro/
20 Acesse: https://amlatina.contemporaryand.com/pt/places/museu-de-percurso-do-
negro-in-porto-alegre/
21 Acesse: https://gauchazh.clicrbs.com.br/comportamento/noticia/2019/11/aprovado-ha-
nove-a-nos-pela-camara-da-capital-museu-do-povo-negro-ainda-nao-saiu-do-papel-
ck36fxgye-031v01ph5mlu5j4f.html
22 ADICHIE, C. N. O perigo de uma história única. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
96
Diaspora
97
Edilaine Vieira Lopes
98
Diaspora
99
Edilaine Vieira Lopes
101
Edilaine Vieira Lopes
102
Biografia de Edilaine Vieira Lopes
103
105
5. Gênese espacial, segregação e
distinção social e étnica na
produção da cidade de
Novo Hamburgo:
conteúdo de um espaço desigual
Introdução
107
Fernando Benvenutti Schaab
108
Diaspora
112
Diaspora
114
Diaspora
115
Fernando Benvenutti Schaab
Considerações finais
116
Diaspora
Referências
117
Biografia de Fernando Benvenutti Schaab
119
121
6. A proibição do tráfico negreiro
em Portugal na segunda metade do
século XVIII
1
MAXWELL, Kenneth. Chocolate, piratas e malandros: ensaios tropicais.
São Paulo: Paz e Terra, 1999, p. 97-110.
2 MARQUESE, Rafael Bivar. Feitores do corpo, missionários da mente: Senhores, letrados
e o controle de escravos nas Américas, 1660-1860. São Paulo: Companhia das Letras, 2004,
p. 174.
3 Alvará determinando que os pretos que forem trazidos da África, América e Ásia,
passando o tempo que menciona, sejam considerados livres logo que cheguem aos portos
123
Gilberto dos Santos
deste reino, sem outra formalidade mais que passarem-lhes nas respectivas alfândegas, a
competente certidão de nelas terem entrado. 19 de setembro de 1761. Registrado na
Secretaria de Estado dos Negócios do Reino, livro I, folha 105. / Arquivo da Torre do Tombo,
Chancelaria Régia, Núcleo Antigo 28, f. 160 verso.
4 Idem.
5 NOVAIS, Fernando A. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial (1777- 1808).
97-98.
7 MAXWELL, Kenneth. Chocolate, piratas e malandros: ensaios tropicais, p. 92.
8 Utilizaremos o emprego do nome “Brasil”, pois como bem notou Rodrigo Ricupero, foi o
termo mais comumente utilizado durante a Época Moderna para se referir ao conjunto da
América portuguesa. Na documentação do período, encontramos “as terras do Brasil”, “as
costas do Brasil”, “partes do Brasil”, sendo a expressão “América portuguesa”
esporadicamente ou quase nunca utilizada na documentação. Evidentemente, o leitor não
deve confundir o Brasil do período colonial com as divisões geográficas do século XX.
Rodrigo M. Ricupero. A formação da elite colonial: Brasil (c. 1530 – c. 1630). São Paulo:
Alameda, 2009. p. 13.
124
Diaspora
passando o tempo que menciona, sejam considerados livres logo que cheguem aos portos
deste reino, sem outra formalidade mais que passarem-lhes nas respectivas alfândegas, a
competente certidão de nelas terem entrado. Portugal, 19 de setembro de 1761. Arquivo
da Torre do Tombo, Chancelaria régia, Núcleo Antigo 28, f. 160, verso.
15 FALCON, Francisco José Calazans. A época Pombalina: Política econômica e monarquia
ilustrada, p. 398-399.
16 LAHON, Didier. O escravo africano na vida económica e social portuguesa do Antigo
Regime. Africana Studia, Porto, n.º 7, p. 73-100, 2004. Disponível em: http://aleph.letras.
up.pt/index.php/1_Africana_2/article/view/7154. Acesso em: 15 dez. 2022.
17 LAHON, Didier. O escravo africano na vida económica e social portuguesa do Antigo
Regime, p. 79-80.
126
Diaspora
Regime, p. 77.
21 GORENDER, Jacob. O escravismo colonial. São Paulo: Expressão Popular: Perseu Abramo,
2016, p. 231.
127
Gilberto dos Santos
no Brasil escravista. África Studia, Porto, n.º 14, p. 73-92, 2010, p. 82. Disponível em:
http://aleph.letras.up.pt/index.php/1_Africana_2/article/view/7319.
128
Diaspora
26 LARA, Silvia Hunold. O espírito das leis: tradições legais sobre a escravidão e a liberdade
no Brasil escravista, p. 82.
27 Alvará de 19 de setembro de 1761. Registrado na Secretaria de Estado dos Negócios do
Reino, livro I, folha 105. / Arquivo da Torre do Tombo, Chancelaria régia, Núcleo Antigo 28,
f. 160, verso.
28
Ibidem.
29 LARA, Silvia Hunold. Fragmentos setecentista: Escravidão, cultura e poder na América
129
Gilberto dos Santos
130
Diaspora
p. 181.
36 SILVA, Luiz Geraldo; SOUZA, Priscila de Lima. Escravos marinheiros, senhores e
América portuguesa, c.1760 – c.1825. Almanack, (5), p. 149. Disponível em: https://doi.
org/10.1590/2236-463320130508. Acesso em: 17 de dez. 2002.
38 Alvará de 22 de fevereiro de 1776. Apud Silvia Hunold Lara. Legislação sobre escravos
seriam libertos pelo Alvara de 1761. A menos que nao fossem matri-
culados como tripulantes dos navios, da mesma forma que todos outros
membros da equipe. Em outros termos, se o escravizado nao estivesse
matriculado como membro da tripulaçao, ele ficaria livre ao
desembarcar em Portugal.
Diversos proprietarios de escravizados, que levavam cativos do
Brasil para Portugal na condiçao de marinheiro, mantinham-nos depois
para servi-los ou vende-los a outras pessoas na metropole. Foi o que
ocorreu com o escravizado Jose, que saiu da Bahia como marinheiro em
uma embarcaçao, mas, dois anos depois, estava servindo ao seu senhor
sem que ele tivesse a intençao de regressa-lo. A Intendencia Geral da
Polícia, contudo, teve ciencia do caso e passou a Jose uma carta de
manumissao, encaminhando-o ao Colegio dos Catecumenos para que
fosse doutrinado e batizado39.
Em 1800, o príncipe regente, D. Joao VI, outorgou um alvara,
reforçando que os escravizados marinheiros, que atendessem aos
requisitos listados na Lei de 1776, nao teriam sua condiçao de escravo
modificada ao embarcarem em navios comerciais com destino aos
portos de Portugal40.
O Alvara de 1761 ressaltava que aqueles que se encontravam
na condiçao de cativo assim continuariam, demonstrando a
preocupaçao com a manutençao da escravidao nas conquistas ao
destacar que “nao se inove coisa alguma, com motivo desta lei; nem que
com o pretexto dela desertem dos meus domínios ultramarinos os
escravos que neles se acham, ou acharem”41.
passando o tempo que menciona, sejam considerados livres logo que cheguem aos portos
deste reino, sem outra formalidade mais que passarem-lhes nas respectivas alfândegas, a
competente certidão de nelas terem entrado. Portugal, 19 de setembro de 1761. Arquivo
da Torre do Tombo, Chancelaria régia, Núcleo Antigo 28, f. 160, verso.
132
Diaspora
Considerações Finais
133
Gilberto dos Santos
Fontes
134
Diaspora
Referências
135
Gilberto dos Santos
136
Biografia de Gilberto dos Santos
137
139
7. Religiões de matrizes africanas:
percepções a partir da cidade de
Pelotas
Keli Ruas
Introdução
142
Diaspora
2ANJOS, Rafael, S.Á. dos. WEBINAR GEOAFRO 3 - O BRASIL AFRICANO E A EDUCA ÇÃO
BÁSICA HOSTILIZADA E PERIFÉRICA NO ESTADO RACISTA. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=eX8WC55uRu0. acessado em junho de 2022.
144
Diaspora
146
Diaspora
147
Keli Ruas
153
Keli Ruas
154
Diaspora
Considerações finais
Referências
157
Keli Ruas
158
Biografia de Keli Siqueira Ruas
159
161
8. O adoecimento dos
trabalhadores escravizados:
questões e circunstâncias através da
imprensa baiana oitocentista
(1860-1887)
1 Agradeço imensamente pela orientação da Professora Dra. Avanete Pereira Sousa e por
todo conhecimento, pelos conselhos, pela confiança e pelo apoio. E à Professora Dra. Rita
de Cássia Pereira, por compartilhar tanto conhecimento e o amor pelo LHIST.
2 Em sua origem, as fichas são fruto de minuciosa pesquisa realizada pelo professor José
revista Afro-Ásia. O autor recorre aos relatos do padre Manuel da Nóbrega para afirmar a
existência de fugas e revoltas de escravos desde meados do século XVI.
5 FILHO, Walter Fraga. Encruzilhadas da liberdade: histórias e trajetórias de escravos e
7 MATTOSO, Kátia M. Queirós. Bahia Opulenta: uma capital portuguesa no Novo Mundo
(1549-1763). Revista de História. n: 114, 1983. p. 5-20.
8 PIRES, Maria de Fatima Novaes. Travessias a caminho - Tráfico interprovincial de escravos,
Escravos no Rio de Janeiro 1808-1850, de Mary Karasch. Afro-Ásia, 25-26 (2001), 421-425.
18 KARASCH, Mary C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850). São Paulo:
metade do século XIX. In: CHALHOUB, Sidney et al (org). Artes e ofícios de curar no Brasil:
capítulos da história social. Campinas, SP. Editora da Unicamp. 2003.
22 XAVIER, Regina. Dos males e suas curas: práticas médicas na campinas setentista. In:
CHALHOUB, Sidney et al (org). Artes e ofícios de curar no Brasil: capítulos da história social.
Campinas, SP. Editora da Unicamp. 2003.
170
Diaspora
23 PIMENTA, Tânia Salgado. Doenças. In: SCHWARCZ, Lilia Moritz et al. Dicionário da
escravidão e liberdade: 50 textos críticos. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. p. 195-
200.
24 BARRETO, Maria Renilda Nery. Nascer na Bahia no século XIX.
25 BARRETO, Maria Renilda Nery. A ciência do parto nos manuais portugueses de
27 BARRETO, Maria Renilda Nery et al. Saúde dos escravos na Bahia oitocentista através do
Hospital da Misericórdia. Revista Territórios (Fronteiras, Cuiabá, vol. 6, n. 2, jul.-dez., 2013.
p. 75-90.
28 SAMPAIO, Gabriela dos Reis. Decrépitos, anêmicos, tuberculosos: africanos na Santa
173
Larissa Bispo dos Santos
teor toxico, visto que era aprendiz de pedreiro. Assim como o problema
de fígado poderia ser decorrente de castigos físicos.
Ainda sobre o regime de trabalho, os castigos e as condiçoes de
vida, a notícia publicada no Diario da Bahia, em maio de 1860, assinala
que o escravizado Firmino fugiu da província do Rio de Janeiro para a
Bahia. Pela descriçao, Firmino, classificado como “perfeito criado
copeiro, entende de cozinha, lava, engoma, coze e anda bem a cavalo”, e,
ao que parece, um trabalhador domestico. Para identifica-lo, sao
ressaltados “signais de (?) e de castigos sobre o peito esquerdo por
sofrer do coraçao”. Estes sinais de castigo indicam o quao severas
poderiam ser as condiçoes de trabalho impostas ao escravizado e como
podem interferir diretamente na saude dos indivíduos:
400$000 de gratificaçao
A quem der notícia certa no Rio de Janeiro, rua larga
de S. Joaquim n° 100, a Joao Pereira de Andrade, do
escravo crioulo, de nome Firmino, que anda fugido a
8 meses, o qual desconfia-se que veio para essa
província. Tem os signais seguintes: cor fula, beiços
grossos, altura regular, reforçado, tem barba e muitos
signais de (?) e de castigos sobre o peito esquerdo por
soffrer do coraçao, e perfeito criado copeiro, entende
de cozinha, lava, engoma, coze e anda bem a cavallo,
este escravo pertence a sua filha D. Joanna de Andrade
Guimaraes (Diario da Bahia 19 de maio de 1860).
175
Larissa Bispo dos Santos
32 PIMENTA, Tânia Salgado. Doenças. In: SCHWARCZ, Lilia Moritz et al. Dicionário da
escravidão e liberdade: 50 textos críticos. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. p. 195-
200.
176
Diaspora
10$000 de gratificaçao
Fugiu no dia 27 de fevereiro uma cabra de nome
Silvina, vendedeira de pao de lo, altura regular, cheia
de corpo, cara bochechuda, olhos pequenos, com uma
mancha no braço esquerdo, dedos dos pes muito
separados um do outro. Leva vestida saia de chita
branca, lenço cor de rosa ja desmaiado e pano da costa
usado.
177
Larissa Bispo dos Santos
33Sinais como, corte no rosto, que poderiam ser por brigas e ou castigos físicos; olhos
amarelos, que poderiam denunciar doença hepática; marcas roxas pelo corpo que
poderiam ser em decorrência de pancadas ou problemas no coração; manchas no rosto ou
espalhadas pelo corpo, como resultado da longa exposição ao sol e ou doenças de pele.
178
Diaspora
Atençao:
Fugiu o escravo crioulo cypriano, um tanto magro,
tristonho, tem pouco mais de 20 anos, com umbigo
grande e mao direita grossa e feia por causa de viver
a tirar caranguejos na pioca(?), perto de (?), e no
iguape; o qual foi escravo do Dr. A. G. Gil Pimentel:
quem o levar a Bahia, a rua dos ourives n° 12, 3° andar,
ou em S. Amaro ao Sr. Manoel Antonio Guimaraes,
recebera 50$ ou mais (Diario da Bahia, 03 de janeiro
de 1860).
179
Larissa Bispo dos Santos
34KARASCH, Mary C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850). São Paulo:
Companhia das Letras. 2000.
180
Diaspora
Nazare
100$000 reis de gratificaçao - fugiu no dia 20 de
novembro de 1875 do engenho (?), do abaixo assi-
nado, na freguesia do Bom Jardim, o escravo africano
de nome Barnabe, de idade de 50 anos mais ou menos,
de estatura alta, cor um tanto fula, olhos fumacentos,
tem falta de um dente no queixo de cima, um tanto
beiçudo, tem alguns cabelos brancos, pouca barba,
pernas finas, um tanto cambeta e mete-se a curandei-
ro e adivinhador. O anunciante, seu senhor, gratifica
com cem mil reis a quem o pegar e trouxer neste
engenho ou prende-lo em qualquer cadeia publica. O
anunciante protesta perseguir com a força da lei a
quem tiver acoitado. Sto. Amaro - engenho (?). 01 de
setembro de 1877. Joao Lopes de Carvalho (Opiniao
Liberal, 6 de janeiro de 1878).
35SAMPAIO, Gabriela dos Reis. Tenebrosos Mistérios* Juca Rosa e as relações entre crença
e cura no Rio de Janeiro Imperial. In: CHALHOUB, Sidney et al (org). Artes e ofícios de
curar no Brasil: capítulos da história social. Campinas, SP. Editora da Unicamp. 2003. p.
388-426.
181
Larissa Bispo dos Santos
Fontes
O Americano (1868-1880)
O Monitor (1876)
O Regenerador (1864)
O Americano (1870)
183
Larissa Bispo dos Santos
Referências
184
Diaspora
186
Biografia de Larissa Bispo dos Santos
187
189
9. Africanos ocidentais e seus
laços familiares: liberdade,
etnicidade e mobilidade social na
cidade de Pelotas/RS (1850/1888)
Introdução
1 Segundo Sheila Faria, “Homens e mulheres nascidos na África, como era de se esperar,
não tinham, geralmente, ascendentes ou colaterais residentes no Brasil. Entre os
testamentos de forros, uma esmagadora maioria não tinha filhos. Mesmo sendo casados,
mas na ausência de filhos, era necessário fazer testamento para que o outro se
transformasse em herdeiro. Provavelmente foi a ausência de herdeiros necessários que
fez com que muitos forros se preocupassem em redigir um testamento para que os bens
amealhados não fossem parar nas mãos de qualquer um, principalmente do Estado. A
forma detalhada com que dispuseram de suas propriedades demonstra que havia uma
clara intenção de beneficiar certas pessoas, especificamente”. FARIA, Sheila. Sinhás Pretas,
Damas mercadoras: as pretas minas na cidade do Rio de Janeiro e de São João Del Rey
(1700-1850). Tese (Titular) – Departamento de História da UFF, Niterói, 2004. p. 182.
191
Natalia Garcia Pinto
vida, laços e afetos na Africa. E deste lado de ca, refez laços familiares
com outros parceiros de naçao que tambem vivenciaram experiencias
de cativeiro e liberdade2. Neste capítulo, procuro evidenciar as
experiencias de africanos libertos, especialmente, os afro-ocidentais,
pontuando como conseguiram livrar-se do cativeiro e como eram suas
escolhas no mercado matrimonial legitimado no “papel de branco”.
Embora fossem distintos os caminhos percorridos para a
conquista da liberdade, os libertos que dao vida a essa trama adquiriam
sua carta de liberdade trabalhando por um determinado tempo a seus
senhores, ou a um familiar; outros obtiveram a manumissao em maos
depois de anos amealhando recursos e finalmente pagando por sua
liberdade. Alguns (muitos, alias) conseguiram atravessar a porta
estreita da liberdade com a ajuda de parentes que auxiliavam com
modicas quantias em dinheiro, aliado ao apoio ofertado para enfrentar
as durezas e as mazelas da vida em cativeiro. Outros tantos ganhavam a
liberdade sem onus ou condiçao, depois de passarem quase uma vida
inteira trabalhando para outrem, portanto, de gratuito nada tinha o
gosto dessa alforria conquistada. E nos ultimos anos derradeiros da
instituiçao escravista, os libertos intensificaram as disputas na arena
jurídica do direito de serem senhores de si.
A passagem da escravidao para a liberdade foi um processo
lento e arduo na vida desses sujeitos. A manumissao nem sempre era
garantia absoluta de uma vida com melhores condiçoes3. Muitas vezes
os libertos viviam em condiçoes de miseria e precariedade4, somado a
isso tinham sempre seus passos vigiados pelas elites, sempre temerosas
de uma possível revolta de seus subalternos ou da busca por uma
autonomia tal que desorganizasse os esquemas de controle social
arquitetados. Partindo, sobretudo, de registros cartorarios de alforrias,
investigo como esses sujeitos conseguiam passar do cativeiro imposto
2 Testamento de Fabrício Teixeira de Magalhães. Ano de 1862, Número 1696, Maço 86.
Cartório de Órfãos e Provedoria de Pelotas. APERS.
3 LIMA, Henrique Espada Rodrigues. “Sob o domínio da precariedade: escravidão e o
significado da liberdade de trabalho no século XIX”. In: Revista Topoi, v. 6, n.11, jul-dez,
2005, p. 289-326.
4 CHALHOUB, Sidney. A força da escravidão: ilegalidade e costume no Brasil oitocentista.
Casamento e Liberdade
6 Ver GUTERRES, Letícia. Para além das fontes: (IM)Possibilidades de laços familiares entre
livres, libertos e escravos: Santa Maria – 1842-1884. Dissertação de Mestrado. Porto
Alegre: PUCRS, 2005.
194
Diaspora
7 Ver PETIZ, Silmei. Caminhos cruzados: família e estratégia escrava na Fronteira Oeste do
Rio Grande de São Pedro (1750-1835). Tese de Doutorado. São Leopoldo: UNISINOS, 2009.
8 FARIA, Sheila. A colônia em Movimento: fortuna e família no cotidiano colonial. Rio de
196
Diaspora
– Brasil Século XIX. Edição revista e ampliada. Campinas: Editora UNICAMP, 2013, p.99.
15 FARIA, Juliana Barreto. Mercados Minas: africanos ocidentais na Praça do Mercado
do Rio de Janeiro (1830-1890). Rio de Janeiro: Arquivo Geral da Cidade do Rio, 2015, p. 198.
16 Carta concedia em 27/06/1857 e registrada em 30/06/1857. Primeiro Tabelionato da
brasileira comportava uma das maiores populações escravas das Américas, todavia tal fato
não alterou a instituição da escravidão, sendo que o gozo pleno do exercício da cidadania
de direitos políticos, os escravos e os libertos foram alijados desse processo, o que seria nos
dias de hoje compreendido como “discriminação racial”. Para a autora, “apesar da
igualdade de direitos civis entre os cidadãos, reconhecida pela Constituição, os brasileiros
não-brancos continuavam a ter até mesmo o seu direito de ir e vir dramaticamente
dependente do reconhecimento costumeiro da condição de liberdade. Se confundidos
com cativos ou libertos, estariam automaticamente sob suspeita de ser escravos fugidos –
sujeitos, então, a todo tipo de arbitrariedade, se não pudessem apresentar a carta de
alforria”. MATTOS, Hebe. Racialização e cidadania no Império do Brasil. In: CARVALHO, José
Murilo de; Neves, Lúcia Maria (orgs). Repensando o Brasil do Oitocentos: cidadania,
política e liberdade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009 p. 359. Quando faço
referência a “cidadania” no texto é referente como estas conquistas de espaços (alforrias,
casamento católico, acesso a moradia, imóveis) fosse uma espécie de salvo-conduto frente
a uma sociedade que fazia de tudo para mantê-los à margem, restringindo os direitos civis
dessas pessoas e marcando hierarquias raciais nos diferentes espaços sociais. Essa
“cidadania” era estabelecida no cotidiano não apenas pelo reconhecimento social, mas
por fazer e estar presente em espaços de domínio de livres e brancos, contribuindo para a
luta pelo processo de abolição do cativeiro.
198
Diaspora
59v. ACDP.
22 Livro de Casamento de Livres da Catedral São Francisco de Paula n. 04 (1863-1866), fl.
59v. ACDP.
23 Carta de Alforria concedida em 01/07/1875 e registrada em 02-07-1875. Primeiro
199
Natalia Garcia Pinto
25 FARIA, Sheila. Sinhás pretas, Damas mercadoras, Op. cit., 2004, p. 220.
200
Diaspora
Considerações Finais
26 BRÜGGER, Silvia. Minas Patriarcal: família e sociedade (São João Del Rei – Séculos
XVIII e XIX. São Paulo: Annablume, 2007.
27 ABREU, Martha; VIANA, Larissa. Lutas políticas, relações raciais e afirmações culturais
201
Natalia Garcia Pinto
28 GOMES, Flávio. “No meio das águas turvas”: raça, cidadania e mobilização política na
cidade do Rio de janeiro -1888-1889. In: GOMES, Flávio; DOMINGUES, Petrônio.
Experiências da emancipação: biografias, instituições e movimentos sociais no pós-
abolição (1890- 1980). São Paulo: Selo Negro, 2011, p. 39.
202
Diaspora
Referências
203
Natalia Garcia Pinto
204
Biografia de Natália Garcia Pinto
205
1
10. Yalorixás – a
diversidade e a transformação
através da história oral
209
Patrícia Helena da Rocha
210
Diaspora
211
Patrícia Helena da Rocha
1 Sobre o trabalho compulsório, verificar: Gorender, Jacob. Escravismo Colonial. 6.ed. São
Paulo; Expressão Popular; Perseu Abramo, 2016.
2 DAVIS, Angela. Mulheres, Raça e Classe. Tradução Heci Regina Candiani. São Paulo:
ministrada no Curso Compartilhando Experiências para o ingresso via ações afirmativas, fiz
a construção da minha problemática. Ele explicou que não existe ineditismo, que as
questões de um projeto de dissertação de mestrado são construídas nas lacunas
encontradas nos textos do gênero do objeto.
214
Diaspora
Tráfico Atlântico, Rio de Janeiro, c. 1790 - c. 1850. São Paulo: Editora Unesp, 2017, p. 7.
215
Patrícia Helena da Rocha
brasileiras no estado do Rio. O nome do app, Igbá, é uma alusão ao recipiente que cada
iniciado no candomblé recebe e onde ficam objetos sagrados. 19/09/2021. Consulta dia
06/02/2021: https://oglobo.globo.com/rio/aplicativo-criado-por-ialorixa-faz-mapeamento-
dos-terreiros-adeptos-de-religioes-afro-brasileiras-no-estado=-do-rio25194292-#:::text-
Lan%C3%A7ada%20com%20arecursos%20da%20Leiterreiros%20e%20220%20 pessoas%20
cadastradas.
216
Diaspora
10 DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. Tradução Heci Regina Candiani. São Paulo:
Boitempo, 2016, p. 96.
11 Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil. In: Estudos e Pesquisas – Informação
218
Diaspora
14 SCHMIDT, Simone Pereira. Posfácio: A Força das Palavras, da Memória e da Narrativa. In:
EVARISTO, Conceição. Becos da Memória. 3. ed. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Pallas, 2017,
p.187.
15 Ver principais obras de Conceição Evaristo: Ponciá Vicêncio, 2003; Becos da Memória,
Janeiro e na Bahia. A religiao sempre foi úma maneira dos povos oprimi-
dos articúlarem seús movimentos defensivos a dominaçao16.
Na obra de Nina Rodrigúes verifica-se úma certa tendencia a
afirmar qúe a religiao jeje-nago (candomble) nao desapareceú do Brasil.
Como cúlto organizado, ele persistiú ainda por largo prazo, mesmo apos
a extinçao dos velhos africanos sobreviventes a escravidao. Grande
número de terreiros no Rio de Janeiro, e principalmente no interior do
Estado, ja sao dirigidos atúalmente por negros crioúlos e mestiços17,
instrúídos nessas praticas litúrgicas.
No entanto, nos anos iniciais do secúlo XX, o aútor despertava
a preocúpaçao de qúe no conflito com institúiçoes do novo meio, a
tendencia seria o esqúecimento completo dessa religiao como cúlto
organizado18. Destarte, na conjúntúra atúal nas comúnidades cariocas,
sao constantes os conflitos violentos e as tentativas de apagamento dos
terreiros de candomble por parte de grúpos ligados as religioes da últra-
direita brasileira19.
Nesse sentido, apesar das constantes tentativas de
apagamento da memoria das religioes afro-brasileiras no Rio de Janeiro,
pode-se afirmar qúe o candomble, termo de origem banta, se difúnde no
Brasil colonia e, posteriormente, no período da independencia ate os
dias atúais, com a chegada dos africanos escravizados de varias regioes
da Africa. O cúlto e designado pelas praticas aos orixas jeje-nagos oú
no Rio Grande do Sul, definem crioulos, pardos e cabras as/os escravizadas/os nascidas/os
na colônia ou no Brasil Império. Conferir recente projeto de pesquisa premiado na FEBRA-
CE/USP: FERNANDES, Valter Lenine e SILVA, Lucas Corrêa. As Áfricas no Rio Grande do Sul:
Porto Alegre e os assentos de batismo. São Paulo: FEBRACE/USP, 2022, p. 5.
18 RODRIGUES, Nina. Os Africanos no Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1935,
p. 372.
19 Em 2018, a comissão da Intolerância registrou 30 ataques a terreiros na Baixada
20 Cf.
LAW, R. Etnias de africanos na diáspora: novas considerações sobre os significados do
termo ‘mina’. Revista Tempo (UFF), Rio de Janeiro, v.10, n.20, 2005; HALL, Gwendolyn.
Escravidão e etnias africanas nas Américas. Petrópolis: Editora Vozes, 2017; SOUZA, Marina
de Mello e. África e Brasil Africano. 2. ed. São Paulo: Ática, 2019.
21
BARROS, José Flávio Pessoa de. As Comunidades Religiosas Negras do Rio de Janeiro: de
suas origens à atualidade. Acervo. Rio de Janeiro, v. 22, n. 2, p. 121-150, jul/dez, p. 124.
22 CONDURU, Roberto. Das Casas às Roças: Comunidades de Candomblé no Rio de Janeiro
desde o fim do Século XIX. Topoi, v. 11, n. 21, jul-dez. 2010, p. 195.
221
Patrícia Helena da Rocha
nas Escolas. Cadernas de Pesquisa, V. 46, N. 160 p. 466-483 abr./jun. 2016, p. 470.
25
SANTOS, Nadja Antonia Coelho dos. O Candomblé na Representação da Yalorixá.
Entrelaçando - Revista Eletrônica de Culturas e Educação. Caderno Temático: Educação e
Africanidades. N. 4 p.26-37, ano 2 (novembro/2011), p. 30.
26
CAPUTO, Stela Guedes. Educação nos terreiros: e como a escola se relaciona com
crianças de Candomblé. Rio de Janeiro: Pallas, 2012, p. 185.
222
Diaspora
Conclusão
224
Diaspora
Referências
MEIHY, Jose Carlos Sebe B. Manual de história oral. Sao Paúlo: Loyola, 2002.
NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro: processo de úm
racismo mascarado. 3. ed. Sao Paúlo: Perspectivas, 2016.
OLIVEIRA, Marco Davi. A religião mais negra do Brasil. Múndo Cristao: Sao
Paúlo, 2004.
OLIVER, Roland. A Experiência Africana: da pre-historia aos dias atúais.
Agúiar, Renato (tradúçao). de Blais, Paúlo. Jorge Zahar Editor: Rio de Janeiro,
1994.
PORTELLLI, Alessandro. O qúe faz a historia oral diferente. Tradúçao: Maria
Therezinha Janine Ribeiro. Revisao tecnica: Dea Ribeiro Fanelon. In: Proj.
História, Sao Paúlo (14), fev. 1997, p. 25-39.
RUSSO, Kelly e ALMEIDA, Alessandra. Yalorixas e Edúcaçao: Discútindo o
Ensino Religioso nas Escolas. Cadernas de Pesquisa, V. 46, N. 160 p. 466-483
abr./jún. 2016, p. 470.
226
Biografia de Patrícia Helena da Rocha
227
228
11. A inserção de
escravizados no Maranhão como
estratégia para a defesa do
patrimônio colonial
Roger Neves
229
Rojane Brúm Núnes
1
MEIRELES, Mário Martins. História do Maranhão. 2. ed. São Luís: Fundação Cultural do
Maranhão, 1980. 426 p.
230
Diaspora
2
SILVEIRA, Simão Estácio da. Relação sumária das cousas do Maranhão (1624). São Luís:
Edições Academia Maranhense de Letras. 2012.
232
Diaspora
10Segundo Fabiano Vilaça, a escolha de Belém como o novo centro de poder ocorreu para
facilitar a logística da expedição demarcatória, para auxiliar na defesa e no socorro da
região, que futuramente se tornaria a capitania de São José do Rio Negro, e para
estabelecer as bases da ocupação das terras do Cabo do Norte, que eram disputadas com
a França, por meio da fundação da vila e fortaleza de São José de Macapá. SANTOS,
Fabiano Vilaça dos. O governo das conquistas do norte: trajetórias administrativas no
Estado do Grão Pará e Maranhão (1751-1780). p. 41.
235
Rojane Brúm Núnes
11 CARTA RÉGIA (minuta) do rei [D. José] para o governador e capitão-general do Estado do
Pará e Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, dando instruções e justificando
a necessidade de divisão daquele Estado em dois governos, e informando da nomeação
do tenente coronel Luís de Vasconcelos Lobo como governador e capitão-general da
capitania de São Luís do Maranhão. AHU_CU_013, Cx. 32, D. 3050.
12 MENDONÇA, Marcos Carneiro de. A Amazônia na era pombalina 1751- 1759, tomo I. p.
288-289.
236
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13
Ibidem. p. 399-400.
237
Rojane Brúm Núnes
14
Ibidem, tomo II. p. 68-73.
15
Ibidem.
16
REGIMENTO do rei D. José, acerca da instituição da Companhia Geral de Comércio do
Grão-Pará e Maranhão. Lisboa, 6 de junho de 1755 AHU_CU_009, Cx. 36, D. 3549.
238
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461-467.
239
Rojane Brúm Núnes
20 Ibidem.
240
Diaspora
21 Além disso, o contato comercial entre a Costa da Guiné e o Brasil não era novo, já existia
uma rede mercantil estabelecida, porém as relações comerciais e as condições materiais
das feitorias estavam arruinadas, o que mudou no reinado de D. José devido aos
investimentos na região. Diego de Cambraia Martins. O tráfico de escravos nos rios da
Guiné e a di nâmica da economia atlântica portuguesa (1756-1806). Dissertação (mestrado
em História Econômica) – Programa de Pós-Graduação em História Econômica, Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo – USP, 2015. p. 52-70.
22 Antônio Carreira. A Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão: volume 1. São Paulo:
por: Antônio Carreira. A Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão. Volume 2. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 1988.
25 DIAS, Manuel Nunes. A Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão (1755-1778). p. 486.
242
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243
Rojane Brúm Núnes
29 SAMPAIO, Antonio Carlos Jucá de. Crédito e Circulação monetária na Colônia: o caso
fluminense, 1650-1750. Anais do V Congresso Brasileiro de História Econômica, Caxambu:
ABPHE, 2003. p. 15.
30 CARREIRA, Antônio. A Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão. Volume 1. p. 115.
244
Diaspora
Conclusão
Referências
246
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247
Biografia de Roger Neves Dezuani
248
249
12. Notas sobre uma
Pedagogia Antirracista na Escola
Estadual de Ensino Médio Nossa
Senhora de Lourdes e no Instituto
Estadual de Educação Assis Brasil,
Pelotas, RS
251
Rojane Brúm Núnes
254
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256
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257
Rojane Brúm Núnes
258
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Por oútro lado, úm aspecto qúe foi recorrente nas falas dos(as)
discentes qúe se aútoidentificaram como negros(as) e/oú pretos(as) foi
o da apropriaçao cúltúral, conforme enfatizado no comentario do alúno
Joao Vítor Machado da Costa:
259
Rojane Brúm Núnes
260
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Considerações finais
262
Diaspora
Referências
263
Biografia de Rojane Brum Nunes
264
265
13. Meus passos vêm de
longe: Èpa Bàbá! Mo Dúpé gbogbo!
exclúsao. Como nos ensina Makota Valdina2, “e preciso qúe cada vez
mais sejamos sújeitos de nossa fala, nossa escrita, de nossa historia. E
preciso parar de ser objeto. E preciso dar essa voz, dar esse espaço.”
Proponho-me, como escolha metodologica, a narrativa
dialogica3, nao inocente em súa militancia, pois intenciono ir alem de
expressoes verbais de úma historia pessoal. Compreende-se aqúi qúe e
interessante a continúidade para a robústez da dialetica academica, com
vistas a gerar interpretaçoes diversas a compreensao da realidade pelas
súbjetividades do povo preto.
2 Makota Valdina foi uma mulher negra, professora, líder comunitária e religiosa, marcada
pela fé e pela luta por dignidade de todos os brasileiros afrodescendentes, mui
especialmente das mulheres negras. Sua história foi contada no vídeo-documentário
“Makota Valdina: Um jeito negro de ser e viver”, um dos vencedores do Primeiro Prêmio
Palmares de Comunicação – Programas de Rádio e Vídeo, realizado no ano de 2005.
3 BARBATO et al (2019).
4 ALMEIDA (2019).
268
Diaspora
5 Pelo Decreto nº 77.107, de 4/2/76, o governo assume a compra de boa parcela dos livros
para distribuir nas escolas e unidades federadas. Com a extinção do INL, a Fundação
Nacional do Material Escolar (Fename) torna-se responsável pela execução do programa
do livro didático (FNDE, s/d).
6 Ignorância: A ignorância se refere à falta de conhecimento. A palavra ignorante é um
adjetivo que descreve uma pessoa em estado de consciência e pode descrever indivíduos
que deliberadamente ignoram ou desconsideram informações ou fatos importantes…”.
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Ronise Ferreira dos Santos
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Ronise Ferreira dos Santos
7Música cantada por Maria Bethânia, sob o título “Não Mexe Comigo”. In álbum: Carta de
Amor – DVD, 2019.
272
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8 [...] mulheres, pessoas pretas ou pardas, jovens e a população com menor nível de
instrução apresentaram indicadores mais desfavoráveis; […] a presença de pretos e pardos
é mais acentuada nas atividades de Agropecuária (60,7%), na Construção (64,1%) e nos
Serviços domésticos (65,3%), justamente as atividades que possuíam rendimentos
inferiores à média em todos os anos da série histórica; […] Tais resultados refletem
desigualdades historicamente constituídas, como a maior proporção de pessoas de cor ou
raça preta ou parda em posições na ocupação de empregados e trabalhadores domésticos
sem carteira de trabalho assinada, além de trabalhadores por conta própria, não
contribuintes para a Previdência Social (Síntese de Indicadores Sociais do IBGE, 2021).
9 Em 2018, pessoas de cor ou raça preta ou parda tiveram rendimento médio domiciliar
per capita de R$ 934, quase metade do rendimento de R$ 1.846 das pessoas de cor ou raça
branca. Entre 2012 e 2018, houve ligeira redução dessa diferença, explicada por um
aumento de 9,5% no rendimento médio de pretos ou pardos, ante um aumento de 8,2%
do rendimento médio dos brancos. Mas tal redução não foi capaz de superar a histórica
desigualdade de rendimentos, em que brancos ganham o dobro de pretos e pardos
(Fiocruz, 2019).
275
Ronise Ferreira dos Santos
276
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Ronise Ferreira dos Santos
Fonte: Foto 1- enviada por úm participante, com súa mesa de jantar toda
preparada com a colheita da horta.
Foto 2 - enviada por Dona Neli, mostrando a colheita de feijao vagem
do dia, no seú canteiro.
Com essa experiencia, ha qúe se destacar o qúanto os
instrúmentos da administraçao pública sao inadeqúados para prestar
seú objetivo fim: serviço público. O projeto H.O.R.T.A.S, para emitir o
pagamento da ajúda de cústo de R$ 200,00 (dúzentos reais), solicitava
tantos docúmentos qúe acabava inviabilizando o recebimento pelas
278
Diaspora
pessoas mais húmildes e qúe, por úsa vez, mais precisavam do aúxílio.
Em contrapartida, consegúimos aúxiliar no processo de emissao de
docúmentos e conhecimento da existencia dos mesmos. Mas qúem tem
fome tem pressa! Nosso público tinha pressa. A decolonizaçao dos
instrúmentos da administraçao pública otimiza o atendimento as
popúlaçoes, sobretúdo daqúelas em vúlnerabilidade. Isso úrge.
Atraves do Projeto HORTAS, súrge oútra demanda de atençao
por inovaçao tecnologica qúe motiva o desenvolvimento do projeto de
pesqúisa, o MOVIMENTO CULTURA DE PROJETO. Trata-se de úma
contribúiçao do campo do design as praticas de inovaçao tecnologica do
IFSúl Campús Sapiranga. Um dos ambientes de ensino e aprendizagem
e o relogio do corpo húmano, canteiro em forma de relogio, onde cada
intervalo de hora esta representado por plantas medicinais nativas qúe
tratam os males do corpo, qúando ministradas naqúele determinado
horario. E o círcúlo de cúltúra (Freire, 1991; Dantas, 2010) para
montagem do relogio foi a atividade qúe proporcionoú a aproximaçao
com a eqúipe de farmaceúticos e estagiarios da Farmacia Viva, da Cidade
de Sao Leopoldo, no Vale do Rio dos Sinos.
O contato nos permitiú conhecer a historia do projeto
“Farmacias Vivas” (FV), qúe súrgiú em 1983, no Ceara, mais
especificamente na Universidade Federal do Ceara, a partir do trabalho
academico do Prof. Dr. Francisco Jose de Abreú Matos (Bandeira, 2015).
A Farmacia Viva consiste em oferecer assistencia social farmaceútica,
baseada no emprego científico de plantas medicinais originarias do
Brasil e prodútos delas derivados. No contexto da Política Nacional de
Assistencia Farmaceútica e do SUS, o lúgar deve ser onde se compreende
todas as etapas, desde o cúltivo, a coleta, o processamento, o
armazenamento de plantas medicinais, a manipúlaçao e a dispensa de
preparaçoes magistrais e oficinais de plantas medicinais e fitoterapicos”
(Ministerio da Saúde, Portaria nº 886, de 20 de abril de 2010).
Dúrante as narrativas nos encontros, foi identificada a
demanda por úm eqúipamento de extraçao de oleo essencial, de baixo
cústo, com eficiencia energetica e de fonte renovavel, qúe permitisse
maior segúrança no úso, pois a resolúçao ANVISA, n° 18, de 3 de abril de
2013, dispoe sobre as boas praticas de processamento e
279
Ronise Ferreira dos Santos
280
Diaspora
281
Ronise Ferreira dos Santos
Referências
ALMEIDA, Silvio Lúiz de. Racismo estrutural. Ed. Polen, Sao Paúlo, 2019.
Disponível em: https://blogs.úninassaú.
edú.br/sites/blogs.úninassaú.edú.br/files/anexo/racismo_estrútúral_feminis
mos_-_silvio_lúiz_de_almeida.pdf. Acesso em: 05 jan. 2023.
BANDEIRA, Mary Anne Medeiros. Farmácias vivas do Ceará: historico e
evolúçao. Conselho Regional de Farmacia do Estado de Sao Paúlo, Nº 121 -
abr-mai / 2015. Disponível em: http://www.crfsp.org.br/revis- ta/474-
revista-121/6610-revista-do-farmaceútico-121-farmacias-vivas.html. Acesso
em: 22 abr. 2022.
BARBATO, Silviane; Alves, Priscila Pires; Oliveira, Valeria Marqúes de.
Narrativas e dialogia em estúdos qúalitativos sobre a prodúçao de si.
Revista Valore, Volta Redonda, 5 (Ediçao Especial): 22-36, 2019. Disponível
em: https://revistavalore.emnúvens.com.br/valore/arti-
cle/download/399/301. Acesso em: 10 jan. 2023.
BRASIL. Historico. In: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE). Disponível em: http://www. fnde.gov.br/component/k2/item/518-
hist%C3%B3rico. Acesso em: 05 jan. 2023.
BRASIL. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: úma
política para o SUS / Ministerio da Saúde, Secretaria de Gestao Estrategica e
Participativa, Departamento de Apoio a Gestao Participativa e ao Controle
Social. 3. ed., Brasília: Editora do Ministerio da Saúde, 2017. 44 p. Disponível
em: https://bvsms.saúde.gov.br/bvs/públicacoes/
politica_nacional_saúde_popúlacao_negra_3d.pdf. Acesso em 05 jan. 2023.
BRASIL. Portaria Nº 886, de 20 de abril de 2010. Institúi a Farmacia Viva
no ambito do Sistema Unico de Saú- de (SUS).Disponível em:
https://bvsms.saúde.gov.br/bvs/saú-
delegis/gm/2010/prt0886_20_04_2010.html. Acesso em: 22 abr. 2022.
282
Diaspora
283
Ronise Ferreira dos Santos
284
Biografia de Ronise Ferreira dos Santos
285
286
14. A Alforria do Preto Benedito:
uma relação de tensão
Introdução
288
Diaspora
289
Ubirata Ferreira Freitas
6Processo - Aggravo de Intrumento Santa Cristina do Pinhal 1886, João Martins Phileseno
aggravante, Benedito aggravado. APERS.
290
Diaspora
11GOMES, Flavio dos Santos. Negros e Política (1888-1937). Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
12
CHALHOUB, Siney. Visões de Liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão
na corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
292
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Conclusão
Referências
293
Ubirata Ferreira Freitas
294
Biografia de Ubiratã Ferreira Freitas
295
296
Posfácio
1
Pró-reitora de Extensão e Cultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Sul-rio-grandense.
297
Gisela Loúreiro Dúarte
298
Biografia de Gisela Loureiro Duarte
299
Epílogo
301
Valter Lenine Fernandes
1 Os nomes dos organizadores foram citados como consta na capa, em ordem alfabética.
2 No IFSul Câmpus Sapiranga/ RS.
3 Os nomes dos coordenadores também foram citados no padrão alfabético.
302
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305
O ofício que vale a pena
Lucas Corrêa da Silva
22/03/2023
Campo Bom
A Historia,
A trajetoria do homem no tempo,
O romance dos romances,
O exemplo dos exemplos.
O meio para reconhecer o lance em qúe estamos nesta escada,
A ciencia qúe tao súblime
Pende entre o súbstrato da vida
E a diligencia e severidade metodologica.
Esta coisa ronronante
Qúe nao serve de nada.
307
Lúcas Correa da Silva
A Historia verdadeira
E aqúela qúe nao nos aliena
Do nosso proprio fútúro.
Qúe as crianças qúe leem
Nao tenham tolhidas as súas esperanças
E se encontrem nos antepassados.
O qúe fomenta feito úma alavanca
E a nostalgia do passado
E a total certeza da capacidade de múdança,
308
Diaspora
Da materialidade,
E nao da ideologia qúe nos traga o proprio sangúe.
309
Biografia de Lucas Corrêa da Silva
310
A contracapa contoú com úm poema de Niyi Tokúnbo Mon’a-
Nzambi (em Kimbúndú, com tradúçao em Portúgúes), qúe foi
disponibilizado na versao declamada (no idioma original), conforme o
link/ QRcode.
A cúradoria grafica deste projeto contoú com o repertorio
visúal do artista Jose Húgo Fernandes, estúdante de Psicologia (PUCRS)
e entúsiasta das pesqúisas acerca da ancestralidade.
Por súgestao dos organizadores, na capa e no miolo foram
úsadas cores vivas, ligadas a nobreza e a realeza na Africa, como o
vermelho carmim e o magenta, alem de mençoes as reprodúçoes tribais.
As imagens sao livres (nao estao licenciadas) e búscam retratar
elementos cartograficos e identitarios, em respeito a forma como
reconhecemos e entendemos as varias Africas qúe nos constitúem:
ricas, felizes, repletas de músicalidade, sabias em espiritúalidade,
prosperas em conhecimento e abúndantes historica e cúltúralmente.
311
Bionegrafia de Niyi Tokunbo Mon’a-Nzambi
312
Biografia de José Hugo Fernandes
313
In memoriam
A memoria de Ronise Ferreira dos Santos, múlher preta,
carioca, nascida e criada no súbúrbio do Rio de Janeiro, qúe, em 2024,
os ceús escolheram como úma estrela a brilhar. Embora Ronise nao
esteja mais fisicamente entre nos, súa presença, força e legado
continúam vivos em todos qúe tiveram o privilegio de crúzar seú
caminho.
Eú, Valter Lenine Fernandes, homem com súrdez bilateral
profúnda, carioca e historiador, atúalmente residente no Rio Grande do
Súl e responsavel pelo desenvolvimento dos Projetos de Ensino,
Pesqúisa e Extensao As Africas no Rio Grande do Súl, qúero dedicar este
livro a memoria da Ronise. A inspiraçao para esses projetos, qúe
cúlminam na públicaçao desta obra, nasceú nos anos 2000, nos trens da
Central do Brasil, onde transita grande parte da popúlaçao negra e pobre
qúe, oriúnda de úm Brasil escravocrata, vive a desigúaldade historica
qúe ainda nos marca. Esse trajeto conecta as nossas historias de vida, a
minha e a de Ronise, pois ali, nas condiçoes de desigúaldade, sempre se
materializoú a historia de úm Brasil colonizado e escravizado, com o Rio
de Janeiro sendo úm dos maiores portos das Americas no trafico de
escravizados, qúe abastecia as Minas e as regioes do Súl do Brasil no
secúlo XVIII.
Em 2018, tomei posse como docente no Campús Sapiranga do
Institúto Federal Súl-rio-grandense. No ano segúinte, em 2019, Ronise
chegoú ao Campús Sapiranga, redistribúída da Universidade Federal do
Rio Grande do Súl. Nesse momento, nossas trajetorias, qúe úm dia se
crúzaram no Rio de Janeiro, decidiram se reencontrar e se fortalecer
aqúi, no Rio Grande do Súl, no Institúto Federal, onde nos tornamos
servidores federais da edúcaçao. Júntos, constrúímos úma historia de
resistencia e lúta.
314
Diaspora
315
Lúcas Correa da Silva
Este livro foi editorado com as fontes Cambria, Arial e Arial Nova.
Versão digital (e-book), em acesso aberto, disponível em:
http://omp.ifsul.edu.br/index.php/portaleditoraifsul