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Centro Nacional de Estética

Dermocosmética 1
Sessão 1

CEN

Suporte Teórico Dermocosmética 1


Sessão1
Índice
1. A PELE COMO UM ORGÃO .................................................................................................................................... 3

1.1. NOÇÃO BÁSICA.................................................................................................................................................. 3

1.2. FUNÇÕES E PROPRIEDADES .............................................................................................................................. 3

1.3. TECIDOS CONSTITUINTES .................................................................................................................................. 3


2
1.3.1. EPITELIAL ....................................................................................................................................................... 4

1.3.2. TECIDO CONJUNTIVO .................................................................................................................................... 5

1.3.2.1. Tecido conjuntivo propriamente dito ....................................................................................................... 6

Suporte Teórico Dermocosmética 1


Sessão1
A PELE – MORFOFISIOLOGIA
1. A PELE COMO UM ORGÃO
1.1. NOÇÃO BÁSICA
A pele forma a superfície externa contínua do corpo. A pele é o maior órgão do corpo, constituindo quase
um sexto do seu peso total .

Em condições fisiológicas a pele, é um órgão definidor da personalidade, regista a actividade individual, o


3
estado de equilíbrio físico, termorregulatório assim com a situação emocional e as respectivas variações. A pele
reflecte o estado de normalidade ou de saúde corporal. É importante salientar que é um órgão que exprime de
forma particularmente activa a evolução individual ao longo da vida, seus ajustamentos ou desajustamentos
cronológicos.

1.2. FUNÇÕES E PROPRIEDADES


- Protecção: A pele fornece protecção contra a luz ultravioleta e agressões mecânicas, químicas e
térmicas; sua superfície relativamente impermeável impede a desidratação e actua como uma barreira á
invasão por microorganismos.

- Sensibilidade- A pele é o maior órgão sensitivo do corpo e contém vários receptores para o tacto,
pressão, dor e temperatura.

- Termorregulação – No homem, a pele é um importante órgão de termorregulação. O corpo é isolado


contra a perda de calor pela presença de pêlos e tecido adiposos subcutâneo. A perda de calor facilitada pela
evaporação do suor na superfície cutânea e aumento do fluxo sanguíneo através da rica rede vascular da
derme.

- Funções metabólicas- O tecido adiposo subcutâneo constitui um importante reservatório de energia.


A vitamina D é sintetizada na epiderme e suplemento da derivada da dieta alimentar.

1.3. TECIDOS CONSTITUINTES


Células que desempenham as mesmas funções básicas e que têm a mesma morfologia geral agrupam-se para
formar os tecidos. Apesar da complexidade do organismo dos mamíferos, há apenas quatro tipos básicos de
tecidos: os epiteliais, os conjuntivos, os musculares e nervoso. Esses quatro tecidos não existem isoladamente
mas juntam-se uns aos outros, em proporções variáveis, para formar os diferentes órgãos e sistemas do
organismo animal.

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Sessão1
1.3.1. EPITELIAL
Apesar de se tratar de tecidos que assumem morfologia e funções variadas no organismo, os tecidos
epiteliais apresentam algumas características básicas em comum. As dimensões e formas das células epiteliais
variam muito. Como as células epiteliais se agrupam formando massas camadas celulares, sua justaposição explica
o facto de serem geralmente poliédricas.

De acordo com a função que desempenham no organismo os tecidos epiteliais podem classificar-se em três
conjuntos: 4
- Tecidos epitelias de revestimento

- Tecido epitelias glandulares

- Neuroepitélios

Epitélios de revestimento- Os epitélios de revestimento apresentam células com diferentes formas e


diferente disposição. Estes epitélios revestem a superfície externa do organismo, constituindo a epiderme, assim
como cavidades internas como o tubo digestivo, o sistema respiratório e os vasos sanguíneos.

Epitélio cúbico simples Epitélio cilíndrico simples

Epitélio pavimentoso estratificado

FIGURA 1 – EXEMPLOS DE TECIDOS EPITELIAIS

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Sessão1
Epitélios glandulares - em certos casos as células epiteliais adquirem a capacidade de produzir substâncias
que segregam para o seu exterior.

As células secretoras apresentam grande actividade de síntese de moléculas, sendo ricas em retículo
endoplasmático rugoso e em complexo de golgi. As secreções produzidas são mobilizadas para o exterior das
células secretoras, podendo intervir em vários processos.

Neuroepitélios- são constituídos por células receptoras de estímulos agrupados em conjuntos ou isolados.
5

1.3.2. TECIDO CONJUNTIVO


Os tecidos conjuntivos caracterizam-se pela riqueza em material intercelular produzido por suas células.

Os vários tecidos conjuntivos, com aspectos muito diversos, têm de comum o facto de serem constituídos
por uma substância fundamental, na qual se encontram dispersos as células e as fibras; por isso a substância
fundamental também se denomina intercelular ou intersticial.

Função: A principal função dos tecidos conjuntivos é unir e conectar outros tecidos do organismo; na maior
parte dos órgãos os tecidos conjuntivos envolvem outros tecidos. Têm, contudo, ainda várias outras funções:
função metabólica (armazena substâncias nutritivas, como é o caso do tecido adiposo ), função mecânica ( como
por exemplo o tecido ósseo ). O tecido conjuntivo propriamente dito exerce também uma função protectora na
cicatrização da pele ( através dos fibroblastos) e uma função de defesa ( através dos Monócitos, produtores de
anticorpos)

Classificação: Há quatro tipos principais de tecidos conjuntivos:

- Tecido conjuntivo propriamente dito

- Tecido cartilagíneo

- Tecido ósseo

- Tecido sanguíneo.

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Sessão1
1.3.2.1. Tecido conjuntivo propriamente dito
O que caracteriza cada um dos subtipos de tecido conjuntivo propriamente dito é o predomínio relativo de
cada um dos seus componentes (substância fundamental, células e fibras).

Estrutura

Tem como principais constituintes :

• Substância fundamental, com aspecto homogéneo, quando observada ao microscópio óptico;


6
• Quatro tipos de células : fibroblastos, macrófagos, mastócitos e os plasmócitos.

• Fibras : colagénio, reticulina e de elastina. Todas são produzidas a partir dos fibroblastos

FIGURA 2 – ESTRUTURA DA DERME

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Sessão1
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Sessão 2

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Sessão2
Índice
1. O TECIDO CONJUNTIVO ........................................................................................................................................ 3

1.1. Função ............................................................................................................................................................... 3

1.2. Constituição ...................................................................................................................................................... 3

1.3. Classificação ...................................................................................................................................................... 4


2
1.3.1. Tecido conjuntivo Propriamente Dito (TCPD) ............................................................................................... 4

1.3.2. TCPD com propriedades especiais ................................................................................................................ 5

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Sessão2
TECIDO CONJUNTIVO
1. O TECIDO CONJUNTIVO
1.1. Função
O tecido conjuntivo é o tipo de tecido mais disseminado pelo corpo, podendo dizer-se que em todos os órgãos o
podemos encontrar. Os diversos tipos de tecido conjuntivo existentes no organismo fazem parte do sistema de
suporte e de revestimento, nomeadamente da pele.

1.2. Constituição
3
Os tecidos conjuntivos são constituídos por vários tipos de células e por uma matriz intercelular que preenche os
espaços entre as células.

A matriz intercelular apresenta-se constituída por duas porções: a substância amorfa e as fibras.

A substância amorfa é constituída por água, polissacarídeos e proteínas. Às vezes, como acontece nos tecidos
ósseos, a substância intercelular é sólida, com uma rigidez considerável; outras vezes, como no plasma sanguíneo
é líquida.

Na substância intercelular distribuem-se diferentes tipos de fibras, de


natureza proteica, das quais destacamos:

• Colagénio – as fibras mais frequentes do tecido conjuntivo; são


fibras com alta resistência à tracção e têm coloração
esbranquiçada;
• Reticulina – as fibras mais finas do tecido conjuntivo;
• Elastina – dotadas de elasticidade, cedendo (ao contrário das
colagéneas) facilmente à tracção; têm coloração amarela.

FIGURA 1– CONSTITUIÇÃO DOS TECIDOS CONJUNTIVOS

Para além da matriz intercelular, o tecido conjuntivo é formado por diferentes tipos de células, entre as quais
citamos:

• Fibroblastos – são as células mais frequentes do tecido conjuntivo. Têm grande actividade na síntese de
proteínas necessárias à organização e manutenção da substância intercelular;
• Macrófagos – desempenham funções de defesa, pela capacidade em digerir microrganismos por
fagocitose;
• Linfócitos – são as células mais abundantes na linfa, com papel fundamental na defesa imunitária do
organismo;
• Plasmócitos – são células também envolvidas nos processos de defesa imunitária, segregando
imunoglobulinas (anticorpos).
• Células adiposas – Grandes células esféricas especializadas no armazenamento de lípidos (gorduras).

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Sessão2
1.3. Classificação
Os elementos que constituem os tecidos conjuntivos – células e substâncias intercelulares – variam de acordo com
as diversas modalidades desses tecidos. Considerando essa variação e, ainda, a função do tecido, pode-se
classificar os tecidos conjuntivos da seguinte maneira:

FIGURA 1 – CLASSIFICAÇÃO DOS TECIDOS CONJUNTIVOS

1.3.1. Tecido conjuntivo Propriamente Dito (TCPD)


Comecemos pelo tecido conjuntivo propriamente dito (TCPD). O TCPD pode apresentar características gerais. Este
tecido localiza-se em todos os órgãos. Preenche espaços entre outros tecidos, serve de apoio a epitélios, forra
exteriormente vasos sanguíneos e linfáticos, estabelece a conexão entre os órgãos.

Pode classificar-se de acordo com a predominância relativa dos seus elementos em:

1. Tecido conjuntivo frouxo ou laxo – caracteriza-se pela presença abundante de substância intercelular,
porém é relativamente pobre em fibras, que se encontram frouxamente distribuídas. Tem papel de
sustentação e de invólucro dos diversos órgãos e tecidos. Assegura a passagem de variadas substâncias
entre os tecidos e o sangue.

FIGURA 3 – TECIDO CONJUNTIVO LAXO

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Sessão2
2. Tecido conjuntivo denso – É pobre em substância intercelular, porém relativamente rico em fibras,
principalmente de colagénio. Tem um papel fundamental na sustentação mecânica de estruturas.

FIGURA 4 – TECIDO CONJUNTIVO DENSO

3. O tecido adiposo caracteriza-se pela presença predominante de células adiposas (adipócitos) e localiza-se
sobretudo na hipoderme. Representa uma das mais importantes reservas energéticas do organismo.

FIGURA 5 – TECIDO CONJUNTIVO ADIPOSO

1.3.2. TCPD com propriedades especiais


Do TCPD com propriedades especiais, destacamos o tecido hematopoiético e o tecido de sustentação.

Os tecidos conjuntivos de transporte (tecido sanguíneo e tecido linfático) serão objecto do nosso estudo quando
abordarmos o aparelho cardiovascular e o sistema linfático em AnatomoFisiologia II

Os tecidos conjuntivos de sustentação são tecidos rígidos, que mantém a forma do corpo e servem de apoio para
os músculos. Este tecido foi objecto de estudo do módulo de Osteo-Miologia I.

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Sessão2
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Sessão 3

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Sessão3
Índice
1. Estrutura da Pele ................................................................................................................................................... 3

1.1. Epiderme ........................................................................................................................................................... 3

1.1.1. Camada basal ................................................................................................................................................ 4

1.1.2. Camada Espinhosa ou de Malpighi ............................................................................................................... 4


2
1.1.3. Camada Granulosa ........................................................................................................................................ 4

1.1.4. Camada Lúcida ou transparente ................................................................................................................... 5

1.1.5. Camada córnea ............................................................................................................................................. 5

1.2. As células da Epiderme ..................................................................................................................................... 5

1.2.1. Queratinócitos .............................................................................................................................................. 5

1.2.2. Melanócitos .................................................................................................................................................. 6

1.2.3. Células de Langerhans................................................................................................................................... 6

1.2.4. Células de Merkel.......................................................................................................................................... 6

1.3. Regeneração da Pele......................................................................................................................................... 7

1.4. Queratinização .................................................................................................................................................. 7

1.5. Melanogénese................................................................................................................................................... 7

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Sessão3
ESTRUTURA DA PELE
1. Estrutura da Pele
A pele recobre a superfície do corpo e apresenta-se constituída por uma porção epitelial - a epiderme, e
uma porção conjuntiva - a derme. Abaixo e em continuidade com a derme está a hipoderme também denominado
de tecido subcutâneo
O limite entre a epiderme e a derme não é regular, mas caracteriza-se pela presença de saliências e
reentrâncias das duas camadas que imbricam e se ajustam entre si. As projecções da derme recebem o nome de
papilas dérmicas. Na pele observavam-se várias estruturas anexas, que são os pêlos, unhas e glândulas 3
sudoríparas e sebáceas.

Glândula
sebácea

Epiderme
Folículo piloso

Derme

Músculo
erector do pêlo
Hipoderme
Vasos sanguíneos
Fibras nervosas
Glândula sudorípara

FIGURA 1 - Estrutura da pele

1.1. Epiderme
É constituído essencialmente por um Epitélio estratificado pavimentoso queratinizado estratificado. Além desse
epitélio, que constitui sua maior parte, a epiderme apresenta ainda quatro tipos de células: os queratinócitos,
melanócitos e as células de Langerhans e de Merkel. Os melanócitos são células que se originam durante a 12ª e a
14ª semanas da vida intra-uterina. A espessura e estrutura da epiderme variam com o local estudado, sendo mais
espessa e complexa na palma da mão e planta do pé. Nessas regiões atinge a espessura de até 1.5 mm e
apresenta, vista da derme para a superfície, as seguintes camadas.

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Sessão3
C am ada
córnea

C am ada
granulosa

C am ada
esp inhosa

C am ada
basal
4
Papila
dérm ica(derm e)

FIGURA 2- Estrutura da pele

1.1.1. Camada basal


Constituída por células prismáticas ou cuboídes repousando sobre nítida membrana basal que separa a
epiderme da derme. Essa camada é também chamada germinativa. Apresenta intensa actividade mitótica, sendo
responsável pela constante renovação epiderme. Calcula-se que a epiderme humana se renova cada 20 a 30 dias.
As células da camada basal contêm filamentos com 10nm de diâmetro constituídos por citoqueratinas. À medida
que a célula avança para a superfície, o número destes filamentos aumenta, e na camada córnea as queratinas
constituem a metade das proteínas totais.

1.1.2. Camada Espinhosa ou de Malpighi


Esta camada é constituída por células epiteliais justapostas, fortemente unidas por ligações fibrilares,
denominadas por desmossomas.
Os desmossomas são importantes na manutenção da coesão das células da epiderme e, consequentemente,
na sua resistência ao atrito. De facto observa-se que quanto maior a acção de pressões e fricções sobre a
epiderme, maior é a sua camada espinhosa.

1.1.3. Camada Granulosa


Caracteriza-se pela presença de células poligonais com núcleo central, nitidamente achatadas, em cujo
citoplasma são observadas grânulos grosseiros. São de querato-hialna, que não são envolvidos por membrana e
vão contribuir para a constituição do material interfilamentoso da camada córnea.
Além desses grânulos, esta célula secreta grânulos, envolvidos por membrana, de substancia. Estes grânulos
são expulsos das células e forma uma camada de substância intercelular que age vedando esta camada de células,
impedindo a passagem de água inclusive a água, entre elas.

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Sessão3
1.1.4. Camada Lúcida ou transparente
Neste estrato, que aparece apenas na pele grossa, as células epiteliais apresentam-se achatadas com
núcleos pouco aparentes ou mesmo invisíveis, de aspecto homogéneo e translúcido. Daí a origem da
denominação desta camada. O citoplasma destas células apresenta-se bastante rico numa proteína precursora da
queratina, a eleídina.

1.1.5. Camada córnea


Esta é a camada mais superficial da epiderme que se caracteriza por se ir desagregando da pele. É formada 5
por células mortas, sem núcleo, fortemente achatadas e ricas em queratina que vão sendo descamadas pela
abrasão física do meio exterior, daí esta denominação.
Por dia a pele larga, em média, cerca de dois gramas de células córneas.
A espessura desta camada varia, em função da região do corpo que considerarmos. Assim as zonas de pele
mais espessa apresenta-se nas palmas das mãos e nas plantas dos pés.
A composição desta camada, além da queratina, é:
- Lípidos ( colesterol, ác. gordos e triglicerideos ) : ~ 20 %
- Conteúdo hídrico : ~ 7 - 20 %

1.2. As células da Epiderme


1.2.1. Queratinócitos
A morfologia dos queratinócitos varia conforme a camada que se localizam, na camada basal são
colunares e cuboidais e apresentam grandes núcleos e citoplasmas basofílicos. Estão alinhados
perpendicularmente na membrana basal. Em circunstâncias normais o tempo de renovação epidérmica
(queratinócitos) é de aproximadamente quatro semanas e as células da camada basal são as responsáveis pela
regeneração da epiderme através da divisão mitótica.
Os queratinócitos da camada espinhosa ou de malpighi são poligonais, de núcleos centrais, citoplasmas
eosinofílicos com expansões que contém filamentos de queratina.
Na camada granulosa os queratinócitos apresentam-se achatados, com núcleo central e cheios de grânulos
basófilos. A espessura da camada granular em condições normais é proporcional à camada córnea.
Finalmente, há uma camada de células de orientação horizontal com citoplasmas repletos de queratina, que
formam o estrato córneo. Todas as camadas da epiderme mostram variações, mas o estrato córneo, em
particular, pode variar de fino (locais de flexão) até espesso (palmas e plantas), onde inclusive observamos a
camada lúcida que é constituída de uma delgada lâmina de células eosinofílicas e translúcidas.

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Sessão3
1.2.2. Melanócitos
A cor da pele resulta de uma serie de factores, entre os quais os de maior importância são: seu conteúdo
em melanina e caroteno, a quantidade de capilares e a cor de sangue que corre nos capilares da derme.
A melanina é um pigmento de cor castanho, produzido por uma célula especial, o melanócito, que se
encontra geralmente nas camadas basal e espinhosa da epiderme. Trata-se de uma célula de citoplasma globoso,
de onde partem prolongamentos que se dirigem em direcção à superfície da epiderme e com núcleo de forma
irregular e central. Tais prolongamentos se insinuam entre e dentro das células das camadas basal e espinhosa,
estabelecendo íntimo contacto com elas.
6

FIGURA 3 - Melanócito

1.2.3. Células de Langerhans


Estas células são parecidas com os melanócitos em virtude de possuírem também dendrites. Contudo a sua
função é completamente diferente. Situam-se predominantemente nos estratos intermédios da pele.
A sua função é a defesa da epiderme, conferindo, nomeadamente, imunidade a infecções virais da
epiderme, eliminação de carcinomas da epiderme, bem como uma diversidade de respostas defensivas. São
afectadas pelos raios ultravioleta, bem como por certos compostos químicos, resultando na sua inactividade e
diminuição do seu número. Este efeito contribui para a alta incidência de carcinomas epidérmicos em peles
caucasianas (claras) habitualmente expostas fortemente à luz solar ou aos raios ultravioletas.

1.2.4. Células de Merkel


Estas células aparecem apenas na pele espessa e sem pêlos. Encontram-se na zona basal, muitas vezes
estendendo-se à derme. Têm uma forma elíptica. A sua função é, aparentemente, mecanoreceptora de impulsos
nervosos. São células com função sensitiva.

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Sessão3
1.3. Regeneração da Pele
A epiderme é responsável pela regeneração da pele. A cada 28 dias uma célula caminha desde a camada
basal (ou germinativa) até à camada córnea, desprendendo-se então como uma célula morta.
Assim a contínua renovação da epiderme é assegurada pela multiplicação constante das células da camada
basal, que também se pode designar por camada germinativa, devido a ser nesta que ocorre a produção de novas
células.

1.4. Queratinização
O processo de queratinização ocorre da camada basal para a camada córnea da epiderme. Consiste na 7
degeneração gradual das células epidérmicas, ao longo das várias camadas epidérmicas, obtendo-se no final deste
processo células mortas, os corneócitos, muito ricos em queratina. À medida que as células vão migrando de
camada em camada, vão enriquecendo em queratina (proteína fibrosa insolúvel de alto peso molecular), sendo a
camada córnea, a camada de células com maior concentração desta proteína. Assim, é nesta camada mais
superficial que a queratinização assume maior importância, sendo também notável ao nível da camada granulosa
onde ocorre degeneração do citoplasma e na camada espinhosa, onde ocorre desidratação das células.

1.5. Melanogénese
A melanina é uma proteína que confere pigmentação à pele, aos olhos e aos cabelos. A falta desta proteína
é chamada de albinismo.
A melanogénese é o processo de produção de melanina, através de células especializadas presentes na
camada basal, que se denominam de melanócitos.
A produção de melanina é feita pelos melanócitos, células da camada basal da epiderme que mantém
contacto com os queratinócitos. Esse contacto é que permite que a melanina produzida se deposite nos
queratinócitos.
A síntese de melanina ocorre no interior dos melanócitos e a enzima tirosinase tem importante participação
nesse processo. Devido à acção dessa enzima, a tirosina é transformada. A tirosinase encontra-se numas vesículas
denominadas como pré-melanossomas produzindo melanina. À medida que se acumula melanina dentro dos pré-
melanossomas, eles se transformam em melanossomas, onde coexistem melanina e actividade da tirosinase.
Quando cessa a síntese de melanina, o melanossoma liberta a melanina e perde a sua actividade tirosinásica,
recebendo o nome de grão de melanina.
Uma vez formados, os grânulos de melanina migram pelos prolongamentos do melanócito e são libertados
para o interior das células epiteliais. As células dessas camadas funcionam, pois como verdadeiros depósitos de
melanina e contêm geralmente maior quantidade desse pigmento do que os melanócitos.
Assim, os melanócitos, são as fábricas de onde surgem os bronzeados. As pessoas de cabelo ruivo possuem
um tipo de melanina relativamente ineficaz chamada de feomelanina. A sua protecção contra a luz solar é muito
baixa, o que faz com que estas pessoas sejam mais propensas a cancros da pele e a um envelhecimento da pele
mais acelerado. As pessoas que ganham um aspecto bronzeado mais facilmente, produzem uma melanina
chamada de eumelanina, que é mais eficaz na reparação dos danos causados pela excessiva exposição solar.

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Sessão3
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Sessão 4

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Sessão 4
Índice
1. Estrutura da Derme .............................................................................................................................................. 3

1.1. Derme Papilar................................................................................................................................................... 4

1.2. Derme reticular ................................................................................................................................................ 4

2. Constituição da Derme ......................................................................................................................................... 5


2
2.1. As células .......................................................................................................................................................... 6

2.2. Elementos Extracelulares ................................................................................................................................. 7

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Sessão 4
ESTRUTURA DA DERME
1. Estrutura da Derme
A pele recobre a superfície do corpo e apresenta-se constituída por uma porção epitelial - a epiderme, e
uma porção conjuntiva - a derme. A derme encontra-se em contacto com a camada basal da epiderme e abaixo e
em continuidade está a hipoderme, também denominado de tecido subcutâneo
A derme consiste num tecido conjuntivo, irregular, mole e moderadamente denso. A sua matriz é
constituída por uma rede intricada de fibras de colagénio e, também, um conteúdo variável de várias fibras de
elastina e reticulina, polissacarideos complexos, principalmente o ácido hialurónico e outros compostos, e por 3
vasos sanguíneos, linfáticos e, ainda nervos.
A densidade do tecido varia muito de zona para zona, quer da derme, quer do corpo.
As funções da derme são:
• Protecção contra choques térmicos
• Confere resistência imunológica
• Forma um compartimento para vasos sanguíneos, linfáticos, nervos e células defensivas, sendo por
isso vital para a sobrevivência da epiderme (recorde-se que epiderme é avascularizada) e para a
fisiologia da pele.
• Regulação da temperatura corporal (vasodilatação e vasoconstrição)
• Responsável pela hidratação profunda da pele (é um reservatório de agua devido,
fundamentalmente, à presença de mucopolissacarídeos, substância com elevado poder
higroscópico)
• Mecânicas proporcionando força considerável à pele em virtude do arranjo da fibras de colagénio
• Elasticidade através das fibras de elastina.

A derme pode ser dividida em duas zonas


distintas, uma zona superficial fina, denominada de
Derme Papilar e uma zona interior denominada de
Derme Reticular.

FIGURA 1 – Estrutura da Derme

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Sessão 4
1.1. Derme Papilar
Situa-se imediatamente sob a epiderme, sendo mais delgada que a Derme Reticular. A sua função é de
fornecer “ancoragem” com a epiderme e ser
suporte metabólico (de nutrientes) à epiderme,
bem como o de alojar redes de terminações
nervosas sensoriais e de vasos sanguíneos e
linfáticos (o que permite uma boa remoção dos
produtos de excreção da pele e boa regulação da
temperatura do corpo).
4
Para que estas funções sejam melhor
desempenhadas esta camada é marcada por
numerosas papilas dérmicas, ondulações em
forma de dedo desta camada para o interior da
epiderme, (daí a denominação de derme papilar),
providenciando um aumento de área superficial e
melhor ligação entre os dois tecidos vizinhos.
Na pele fina, especialmente em regiões
pouco sujeitas a fricção e de baixa sensibilidade, as
papilas dérmicas são menos acentuadas e em
menor número.
A constituição da derme papilar é de tecido
conjuntivo laxo ou frouxo, onde figura uma
intrínseca rede de fibras de colagénio I e III e
algumas fibras elásticas e reticulares, ligadas à
lâmina basal da epiderme, fornecendo elasticidade
e permitem a adesão dermo-epidérmica.

FIGURA 2 – Camadas da Derme

1.2. Derme reticular


Esta camada encontra-se sob a camada papilar e contacta com a hipoderme, sendo mais profunda. É
constituída maioritariamente por fibras de colagénio mais espessas do que as encontradas na derme papilar, que
se interligam umas nas outras formando uma forte, no entanto, deformável, rede tridimensional, onde a maior
parte das fibras se distribui paralelamente, encontrando-se entre elas um número variável de fibras elásticas.
Apresenta menos células e mais fibras do que a Derme Papilar, possuindo um tecido conjuntivo denso.
A orientação predominante das fibras de colagénio pode ser relacionada com a direcção das tensões
principais pelas quais a derme é submetida localmente e que estão envolvidas no desenvolvimento de algumas
linhas ou pregas superficiais da pele.
A parte mais interna contém colagénio mais disperso e separado por tecido conjuntivo solto e também por
tecido adiposo, contendo os canais sudoríparos que se podem estender até à camada subjacente à derme - a
hipoderme.

Suporte Teórico Dermocosmética 1


Sessão 4
2. Constituição da Derme
Vimos nos pontos anteriores como é constituída a derme. Tanto a derme papilar, como a derme reticular
são formados por:
• Tecido conjuntivo
• Vasos sanguíneos
• Nervos
• Inseridos os anexos da pele:
5
o cabelos\pêlos
o unhas
o glândulas sebáceas
o glândulas sudoríparas

FIGURA 3 – Constituição da Derme

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Sessão 4
2.1. As células
As células que constituem a derme podem ter duas origens, serem células residentes, ou seja encontram-se
habitualmente disseminadas neste tecido, ou serem migratórias; estas aparecem no tecido conjuntivo da derme
apenas quando esta necessita das funções que estas desempenham, nomeadamente, acção imunitária, migrando
de vasos sanguíneos e linfáticos para a derme, com vista ao desempenho das suas funções.
Entre as células residentes, teremos vários tipos:
• Fibroblastos

• Histócitos 6
• Macrófagos
• Mastócitos

FIGURA 4 - Fibroblastos
Fibroblastos: Estas células são as principais células da Derme, responsáveis pela síntese e manutenção de
todo o material extracelular, ou seja, de fibras do tecido conjuntivo (fibras de colagénio e elásticas)
Histócitos: Estas células têm a função de assegurar a defesa imunitária da pele através da propriedade
fagocitária que possuem. Esta propriedade é aquela que algumas células têm cercar um corpo estranho e de o
digerirem.
Macrófagos: Tal como os histócitos, estas células desempenham funções imunitárias e de defesa do
organismo à entrada de microorganismos (por ex. bactérias), nomeadamente quando a pele é lesionada. São
dotadas duma capacidade fagocitária muito elevada.
Mastócitos: São células maiores do que as anteriores, cujo citoplasma é rico em certas substâncias
(histamina e a heparina) que quando sujeitas a estímulos são libertadas para o meio extracelular. Estas
substâncias actuam sobre a permeabilidade capilar e contracção da musculatura lisa, provocando processos
inflamatórios locais.
Entre as células migrantes com importante acção nos processos imunitários teremos:
- Linfócitos
- Plasmócitos
- Eosinófilos

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2.2. Elementos Extracelulares
Os elementos extracelulares presentes no tecido conjuntivo são as fibras e a substância intersticial ou
fundamental, já assinalados anteriormente.
Fibras: Existem diversos tipos de fibras, sendo as mais importantes as de colagénio e a elásticas. As fibras
de colagénio são formadas por uma proteína denominada de colagénio. As fibras elásticas são constituídas por
uma proteína denominada elastina. A função das fibras é conferirem resistência (as colagénicas) e flexibilidade
(elásticas) à pele.
Mesmo assim, quando a pele sofre elevadas tensões (por exemplo a pele da barriga das grávidas), pode
acontecer que essas fibras não resistam e se rompam, causando lesões internas na pele, que não são expostas, 7
notando-se no entanto sob forma de estrias na pele.
Substância intersticial ou fundamental: É um material amorfo e transparente cuja função é dar
consistência à derme. Podemos apresentar a seguinte analogia: “ a derme é como um colchão de molas, em que
estas são as fibras e a substância fundamental o enchimento do colchão). Esta substância é formada
principalmente por glicoproteínas, sendo o principal composto o ácido hialurónico, composto muito viscoso e
solúvel em água).

FIGURA 5 – Substância Intersticial

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Índice
1. Hipoderme............................................................................................................................................................ 3

2. Irrigação sanguínea .............................................................................................................................................. 3

3. Inervação .............................................................................................................................................................. 5

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ESTRUTURA DA HIPODERME
1. Hipoderme
A hipoderme ou tecido subcutâneo é a camada mais profunda e é constituída por tecido adiposo. Alguns
autores consideram que que esta camada faz parte da pele. Contudo, iremos considerar ao longo do nosso estudo
que a pele é constituído por 2 camadas, epiderme e derme. É formada por tecido conjuntivo frouxo, que une de
maneira pouco firme a derme aos órgãos subjacentes. É a camada responsável pelo deslizamento da pele sobre
as estruturas na qual se apoia. Dependendo da região em estudo e do grau de nutrição do organismo, a
hipoderme poderá ter uma camada variável de tecido adiposo. Como a gordura é bom isolante térmico, o tecido
3
adiposo proporciona protecção contra o frio.
O emaranhado de vasos existente ao nível da hipoderme tem o nome de plexo sub-dérmico.
Função:
• Armazena gordura
• Combate o frio
• Amortece os choques

Figura 1 – Tecido Subcutâneo

2. Irrigação sanguínea
A derme é dotada uma rede arterial, venosa e linfática.
Os vasos da pele ramificam-se progressivamente da profundidade para a superfície da derme até chegarem
à junção dermo-epidérmica.
Os vasos sanguíneos da profundidade são artérias e arteríolas, ramificam-se até se transformam em
capilares (ansas capilares nas papilas dérmicas) e drenam depois o sangue em sentido inverso em vénulas e veias
de diâmetro progressivamente mais largo.

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A manutenção da temperatura corporal resulta do equilíbrio entre a produção e a dissipação de calor. O
calor aumenta, por exemplo, durante o exercício físico, em temperatura ambiente elevada ou em situações
patológicas (febre). Nestas circunstâncias o sangue preenche o território capilar periférico expondo-se para
arrefecimento, mais próximo da superfície do tegumento pele. Este fenómeno é complementado pela entrada em
funções das glândulas sudoríparas écrinas.

A rede arterial da derme deriva de vasos subcutâneo dispostos numa rede orientada tangencialmente a
que se dá o nome de plexo arterial subcutâneo. A rede arterial atinge a derme até à camada papilar. Junto a esta
camada a rede arterial organiza-se de forma idêntica à encontrada no plexo subcutâneo e em virtude desta 4
semelhança a esta organização de rede junto à camada papilar denomina-se por plexo arterial subpapilar.
Em relação à rede venosa o esquema de vascularização segue o anteriormente referido, existindo também
um plexo venoso subpapilar e um subcutâneo.
A vascularização varia consoante a região corporal considerada e com a idade do indivíduo. Na
circulação cutânea há comunicação arterio-venosa mais abundantes nas mãos e nos pés.
Vamos encontrar, ainda, uma rede linfática que penetra até à derme papilar. Sendo a epiderme, ao
contrário da derme, desprovida de vasos, quer sanguíneos quer linfáticos, irá receber os nutrientes que necessita,
através da difusão dos mesmos a partir dos vasos da derme papilar.

Figura 2 – Vascularização sanguínea

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3. Inervação
A pele tem um rico suprimento de fibras nervosas, ligado às suas duas funções principais:
• ser o maior órgão sensitivo
• promover a termorregulação corporal.
Estas duas funções são reguladas, respectivamente, pelas fibras nervosas sensitivas e as fibras nervosas
eferentes autónomas.
As fibras nervosas sensitivas dão-nos um conjunto de informações acerca do ambiente externo e das suas
interacções com a pele. A partir de receptores sintonizados para estímulos mecanorreceptores de várias formas ( 5
toque rápido ou sustido, pressão, vibração, puxões de cabelo, etc. ), estímulos térmicos ( calor e frio ) e efeitos
danificantes ( moderados, apercebidos como desconforto, e mais severos como dor ) associados a temperaturas
extremas, penetração de objectos aguçados na derme, e outros estímulos destrutivos. Estes são apercebidos por
uma variedade de neurónios especializados, cujos corpos celulares se encontram nos gânglios espinais e do crânio
e cujas fibras terminam na derme.
As fibras nervosas eferentes autónomas servem como inervação das arteríolas, músculos erectores dos pêlos,
actuando também sobre as glândulas sebáceas e apócrinas, etc. A sua função é a regulação do calor pela
vasodilatação ou vasoconstrição, produção de suor e, ainda que pouco significativo na nossa espécie, pela
erecção dos pêlos.

Figura 3 – Fibras nervosas eferentes e sensitivas

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Sessão 5
A rede nervosa passa para a pele onde forma ramificações orientando-se tangencialmente à superfície, formando,
analogamente à rede vascular, um plexo subcutâneo que serve as glândulas sudoríparas e as bases dos folículos
pilosos. Esta rede quando atinge a derme forma uma rede intricada denominada por plexo reticular que serve a
maior parte das glândulas sudoríparas, folículos piloso e arteríolas aí presentes. Muitas fibras passam ainda até à
zona papilar onde formam um plexo papilar na junção das duas camadas.

Figura 4 – Inervação da pele

Os tipos de terminação das fibras nervosas dão-nos informações sensitivas em relação a cada tipo de estímulo.
Assim como tipo de terminações de fibras nervosas sensitivas, bem como os estímulos que estas avaliam, temos:
- Terminações livres: avaliação da dor;
- Corpúsculos de Paccini e de Meissener: avaliação do tacto;
- Corpúsculos de Krauss: avaliação do frio;
- Corpúsculos de Ruffini: avaliação do calor;
De referir, finalmente, que as terminações nervosas só atingem a derme, com a excepção das células de
Merkel, anteriormente referidas.

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Assim, embora consigamos discriminar tacto, pressão e vibração como sensações distintas, essas são
causadas pela estimulação mecânica de um mesmo grupo de receptores. Isso acontece por causa da distribuição
geográfica e da densidade de receptores na pele, assim como, devido às particularidades de como os
mecanorreceptores respondem aos estímulos.
O tacto é provocado por receptores cutâneos mais superficiais; a pressão, pela estimulação de receptores
mais profundos e, a vibração, por receptores sensíveis a estímulos repetitivos e rápidos. Há pele com e sem pêlos
(como os lábios, as palmas das mãos e planta dos pés) como mostra a figura e a tabela abaixo, a relação dos
receptores sensoriais, a natureza do estímulo e a sensação que causa.

Figura 3 – Terminações Nervosas


Veja os tipos de receptores da pele, os estímulos e as sensações percebidas.

Nome do receptor Estimulo Sensação

Corpúsculo de Meissner Vibração (20-40 Hz) Toque rápido

Terminações do Folículo piloso Deslocamento do pelo movimento, direção

Terminações de Ruffini Estímulos lentos Calor

Corpúsculo de Krause Pressão Pressão

Corpúsculo de Pacini Vibração (150-300 Hz) Vibração

Estímulos mecânicos, térmicos


Terminações livres Dor
e químicos intensos

Corpúsculo de Merkel Endentação estável Toque, Pressão

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Há receptores (Pacini e de Meissner) que respondem apenas a estímulos passageiros, ou seja, só quando o
estimulo está sendo aplicado ou removido ou variando constantemente. Esses são conhecidos como receptores
de adaptação rápida pois se o estímulo for contínuo, teremos a sensação de que o estímulo está ausente. Fique
de olhos fechados e concentre-se sobre uma região do seu corpo com e sem roupa. Sem passar a mão sobre essas
regiões e valendo-se apenas do sentido cutâneo, você pode identificar as diferenças claramente. Não? De facto, o
contacto constante da roupa sobre a pele provoca a adaptação dos receptores e, se estivermos de olhos
fechados, teremos a impressão de que ela nem está sobre o nosso corpo.
Outros receptores (Merkel e de Ruffini) respondem continuamente à presença de estímulos, por isso, são
chamados de receptores de adaptação lenta.
8

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Índice
1. pH da Pele ............................................................................................................................................................ 3

2. Barreira electrofisiológica de rhein ...................................................................................................................... 4

3. Absorção Cutânea ................................................................................................................................................ 4

3.1. Via transepidérmica ......................................................................................................................................... 5


2
3.2. Via transanexial ou transfolicular..................................................................................................................... 5

3.3. Glândulas Sudoríparas écrinas ......................................................................................................................... 6

4. Graus de penetração ............................................................................................................................................ 6

5. Factores que influenciam a absorção cutânea..................................................................................................... 6

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Sessão 6
PENETRAÇÃO ATRAVÉS DA PELE
1. pH da Pele
O pH é uma medida química das substâncias
relacionada com a concentração de iões de hidrogénio
(H+) em meio aquoso e permite classificá‐las em ácidas,
neutras ou alcalinas conforme o seu valor, a escala é de 0
a 14. O vinagre, o sumo de limão são exemplos de
substâncias de pH baixo (ácido). As soluções de soda
cáustica, sais de frutos ou hidróxido de cálcio são 3
exemplos de substâncias alcalinas (ou básicas) com pH
superior a 7. A água destilada é neutra, ou seja, tem pH 7.

FIGURA 1 – Escala de pH

O pH à superfície da pele é sempre ácido, cerca de 5,5, e torna‐se mais alcalino na hipoderme e nos tecidos
subdérmicos. A concentração de glândulas sudoríparas e a qualidade do suor são os principais determinantes do
pH epidérmico e estes variam com a zona da pele. O pH determina o curso de cada reacção fisiológica (ou
conjunto de reacções) e, assim, as formulações cosméticas deverão ter em conta o pH médio da pele a que se
destinam. Na próxima figura encontram‐se exemplos destas diferenças de pH de algumas zonas da pele.

FIGURA 2 – pH de algumas zonas da pele

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2. Barreira electrofisiológica de rhein
Estrutura fina situada ao nível da camada córnea, resistente ao sal e à água, oferece às células vivas uma
segunda protecção contra a desidratação excessiva, conferindo impermeabilidade à pele (à agua, líquidos e
produtos aquosos)
É ácida à superfície e mais internamente é básica ou alcalina o que origina uma diferença de potencial
eléctrico.
É a esta zona que se deve atribuir a impermeabilidade da pele à água e em geral às substâncias liquidas.
4

3. Absorção Cutânea
Apesar do efeito barreira que descrevemos para a pele, protegendo os órgãos internos das variações e
agressões externas, há também trocas selectivas permanentes com o exterior. Esta é a condição necessária para a
eficácia e a justificação da aplicação dos cosméticos.

Assim, a pele não é uma barreira impermeável, mas sim uma barreira selectiva. Essa barreira é assegurada
pela camada córnea, pelos lípidos intercelulares – ceramidas ‐ que formam o cimento intercelular (têm como
função impermeabilizar a epiderme, impedir a desidratação e contribuir para a coesão entre os corneócitos) e
secrecções de pH suficientemente ácido para impedir a penetração de microrganismos.

Entende‐se por permeabilidade cutânea a capacidade de penetração de algumas substâncias até à camada
dérmica onde, através da microcirculação, elas podem actuar não só na pele (para os cosméticos) com também
em todo o organismo (caso dos fármacos). Para que tal aconteça é necessário que essas substâncias consigam
vencer as barreiras da pele.

Existem várias vias de absorção cutânea, isto é, formas de transportar substâncias desde o exterior até à
derme (onde podem entrar na corrente sanguínea). Trata‐se sempre de um transporte passivo, pois as células da
camada córnea são células mortas. A penetração dessas substâncias pode ocorrer através dos espaços e cimento
intercelular das subcamadas epidérmicas, da penetração directa em células vivas através das suas membranas,
dos poros das glândulas sudoríparas e através dos folículos pilosos.

FIGURA 3 ‐ Penetração através da pele:


1‐ Via transepidérmica
2‐ Via transfolicular
3‐ Via glândulas sudoríparas

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3.1. Via transepidérmica

Penetração através da camada córnea através das células ou entre elas.


Certas substâncias (de pequenas dimensões) conseguem penetrar através dos corneócitos, é o caso da
água e glicerol. Os compostos químicos, desde que tenham afinidade com os lípidos (lipossolúveis) conseguem
penetrar através dos espaços intercelulares, os quais estão repletos de lípidos.
Assim, os compostos polares, como a água, passam através das células enquanto os não polares difundem‐
se ao longo dos espaços intercelulares, com penetração mais lenta do que em relação ao primeiro caso. A menor
velocidade de difusão acentua‐se, ainda quando os compostos possuem uma baixa solubilidade no meio hídrico.
5

FIGURA 4 ‐ Penetração através dos espaços intercelulares –via intercelular– e através das células – transcelulares

3.2. Via transanexial ou transfolicular


Os aparelhos pilo‐sebáceos (folículos pilosos e glândulas
sebáceas) são zonas de mais fácil penetração, pois a camada
epidérmica fica mais fina, sendo constituída, por vezes, por uma
simples camada de células vivas e penetrando através do poro\óstio
pilo‐sebáceo. A maior parte da absorção é feita desta forma.

FIGURA 5 – Via transfolicular ou transanexial

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3.3. Glândulas Sudoríparas écrinas
As glândulas sudoríparas ‐ têm um papel pouco significativo na penetração percutânea, pois só passam
substâncias com grande afinidade para a água.

FIGURA 6 ‐ Penetração através das glândulas sudoríparas écrinas

4. Graus de penetração
‐Contacto ‐ quando o composto fica depositado na superfície sem conseguir penetrar (ex.
maquilhagem);
‐ Penetração ‐ incompleta / completa (chega à derme);
‐ Absorção ‐ vai ao sangue, passa através da pele e difunde‐se por via sanguínea.

5. Factores que influenciam a absorção cutânea


Vários são os factores que influenciam a absorção cutânea\transcutânea:

• Tamanho das moléculas: as moléculas de grandes dimensões têm dificuldade em penetrar

• Afinidade com os lípidos: quanto mais lipossolúvel for uma substância, mais facilmente penetra, isto é,
deve‐se ao facto de todas as vias de penetração serem compostas por lípidos

• Concentração de substância: quanto mais concentrada for uma substância maior é a quantidade de
substância que penetra.

• Espessura da pele: quanto maior a espessura da pele maior é a permeabilidade.

• Individuo: a absorção varia de individuo para individuo.

• Idade: a pele de uma criança é mais permeável do que num adulto.

• Temperatura: com a elevação da temperatura aumenta a absorção transcutânea\cutânea.


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• Hidratação: quanto maior for o grau de hidratação da camada córnea, maior será a absorção. Quanto
maior o volume aquoso no corpo, maior a hidratação da pele e consequentemente, a absorção cutânea.

• Número de folículo pilo‐sebáceos: a penetração é directamente proporcional ao numero de folículos pilo‐


sebáceos.

• Dermatoses (afecção da pele): no caso de existência de psoriases ou eczema alérgico regista‐se um


aumento da absorção cutânea

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Índice
1. Anexos Cutâneos .................................................................................................................................................. 3

2. Glândulas Sudoríparas.......................................................................................................................................... 4

2.1. Merócrinas ou Écrinas ...................................................................................................................................... 4

2.2. Apócrinas .......................................................................................................................................................... 5


2
3. Glândulas Sebáceas .............................................................................................................................................. 5

4. Manto hidrolipídico .............................................................................................................................................. 6

4.1. Acidez da pele ................................................................................................................................................. 7

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Sessão 7
ANEXOS CUTÂNEOS DO TIPO GLANDULAR
1. Anexos Cutâneos
A pele é constituída por anexos cutâneos:

 Queratinizados: unhas, pêlos

 Não queratinizados: glândulas sudoríparas e glândulas sebáceas.

A abertura dos folículos pilossebáceos (pêlo + glândula sebácea) e das glândulas sudoríparas na pele formam os
orifícios conhecidos como poros. 3

As glândulas sudoríparas produzem o suor e têm grande importância na regulação da temperatura corporal. São
de dois tipos: as écrinas, que são mais numerosas, existindo por todo o corpo e produzem o suor eliminando-o
directamente na pele. E as apócrinas, existentes principalmente nas axilas, regiões genitais e ao redor dos
mamilos. São as responsáveis pelo odor característico do suor, quando a sua secreção sofre decomposição por
bactérias.

As glândulas sebáceas produzem a oleosidade ou o sebo da pele. Mais numerosas e maiores na face, couro
cabeludo e porção superior do tronco, não existem nas palmas das mãos e plantas dos pés. Estas glândulas
eliminam a sua secreção no folículo pilo-sebáceo.

FIGURA 1- Anexos cutâneos glandulares

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2. Glândulas Sudoríparas
As glândulas sudoríparas são glândulas exócrinas, cuja função é a secreção do suor, sendo constituído
essencialmente por: água, NaCl (cloreto de sódio) e ureia.

O suor desempenha as seguintes funções:

 Manter a temperatura do corpo constante (termorregulação) – a evaporação do suor permite


refrescar a pele.

 Excretar toxinas
4
 Contribuir para o pH ligeiramente ácido da pele

 Contribuir para a formação do filme hidrolipídico (juntamente com o sebo secretado pelas glândulas
sebáceas, constitui uma película protectora sobre a pele, designado manto hidrolipídico ou filme
epidérmico abordado adiante)

Existem dois tipos distintos de glândulas sudoríparas, as glândulas sudoríparas merócrinas e as apócrinas,
sendo as primeiras, as que mais estão disseminadas pela pele.

2.1. Merócrinas ou Écrinas

As glândulas sudoríparas são encontradas em toda a pele,


excepto certas regiões, como a glande. São glândulas
Ducto da tubulosas simples, enoveladas. O seu ducto é mais estreito que
glândula
sudorípara a sua porção secretora e não é ramificado. A maior parte da
porção secretora encontra-se na derme.

O ducto da glândula abre-se na superfície da pele e


Porção secretora
da glândula
apresenta-se constituído por epitélio cúbico.
secretora

FIGURA 2- Glândula sudorípara écrina

O suor secretado por estas glândulas é uma solução extremamente diluída, que contém pouquíssima
proteína, além de sódio, cloreto, ureia, amónia e ácido úrico. O seu teor em sódio é nitidamente menor que o do
sangue.

Ao atingir a superfície da pele o suor evapora-se, fazendo baixar a temperatura corporal. A presença de
catabólitos sugere que as glândulas têm função excretora.

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2.2. Apócrinas
Estas glândulas sudoríparas vão encontrar-se apenas em algumas regiões do corpo, nomeadamente, nas
axilas e regiões genitais, perianal e auréola mamária.

São estruturalmente diferentes das glândulas merócrinas. Ao contrário destas, as apócrinas, de maior
tamanho, têm a porção secretora junto aos folículos pilosos.

O modo de secreção é, também, diferente, contribuindo para a


diferença de composição do suor por estas secretadas. Assim a
secreção produzida acumula-se no pólo livre da célula secretora, a 5
qual se desprende do resto da célula e daí a composição do suor
conter uma grande quantidade de restos celulares.

Esta existência de restos celulares, bem como de outras


substâncias, presentes no suor, faz com que este tenha um aspecto
leitoso e está sujeito ao ataque de bactérias, produzindo um odor
característico, denominando-se este estado por brumidose.

Estas glândulas desenvolvem-se apenas após da puberdade e são


estimuladas hormonalmente, pelo que a secreção deste suor varia
consoante o ciclo ovárico da mulher.

FIGURA 3- Glândula sudorípara apócrina

3. Glândulas Sebáceas
As glândulas sebáceas, são controladas hormonalmente e encontram-se anexadas ao folículo piloso,
formando em conjunto com este, o folículo pilo-sebáceo. Distribuem-se por toda a superfície do corpo com
excepção de zona muito restritas como a palma das mãos, a planta dos pés e o lábio inferior. Aparecem em maior
número no couro cabeludo, nariz, testa, face e regiões axilares.

Como na glândula sebácea a formação da secreção resulta na morte das células que a elaboram, diz-se que é
uma glândula do tipo holócrino.

Estas glândulas segregam o sebo, formado por diferentes tipos de lípidos (gorduras):

 30% ácidos gordos livres

 50% ácidos gordos esterificados

 55% colesterol

 14% hidrocarbonetos

 1% fosfolípidos

 Vitamina E (quantidade muito pequena)

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Sessão 7
As glândulas sebáceas produzem sebo, o qual, por sua vez, desempenha uma série de funções:

 Contribuir para a formação da emulsão epicutânea – manto


hidrolipidico

 Evitar a desidratação pois a gordura retêm a água

 Acção protectora contra a penetração de substâncias


hidrossolúveis 6

 Acção bacteriostática

 Lubrificar: o sebo amacia e dá brilho ao pêlo e cabelo

 Proteger contra os raios solares

FIGURA 4- Glândula Sebácea

4. Manto hidrolipídico
O manto hidrolipídico ou filme hidrolipídico (FHL), é uma emulsão do tipo água\óleo (mistura de agua em
óleo) que recobre a camada córnea. No couro cabeludo o FHL é mais gorduroso do que na restante parte do
corpo, pois aí o número de folículos pilo-sebáceos é superior.

É formado por um conjunto de substâncias de diversas proveniências:

 NMF (factor de hidratação natural): ureia, ácido úrico, ácido láctico, ácido de pirrolidona carboxilico
(PCA), aminoácidos, glícidos, iões de cloro, sódio e potássio. Estas substâncias encontram-se no
interior dos corneócitos e na parte hidrofílica do FHL e desempenham um importante papel na
retenção de água nos corneócitos.

 Fracção hidrossolúvel (proveniente, sobretudo, do suor): cloreto de sódio, de potássio, de cálcio e de


magnésio, ureia, amoníaco, aminoácidos, vitaminas e glicose.

 Fracção lipossolúvel (de origem sebácea e epidérmica): colesterol (epiderme), ceras (sebo),
triglicerídeos e ácidos gordos (sebo e epiderme)

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FIGURA 5- Manto hidrolipídico 7

O FHL desempenha as seguintes funções:

 Manter a hidratação da camada córnea, graças à presença de NMF´s.

 Manter a acidez cutânea (aminoácidos), evitando o desenvolvimento de microorganismos e de fungos

 Evitar as variações bruscas de pH, evitando possíveis danos causados por substâncias demasiado ácidas
ou alcalinas

 Proteger contra os raios solares

O suor secretado pelas glândulas sudoríparas écrinas, junto com o sebo secretado pelas sebáceas resulta uma
mistura de características levemente ácidas que envolve a superfície da pele como um manto ou uma película. A
ligeira acidez desta película (pH = 5,5) irá impedir o desenvolvimento de microorganismos.

A lavagem da pele com produtos básicos (como os sabões alcalinos) irá alterar este manto, desprotegendo-o
e secando a pele, pelo que se encontra cada vez mais produtos de limpeza, tais como os “sabões” líquidos cuja
acidez se situa ao nível da acidez média da superfície da pele, com o fim de não alterar significativamente o
manto hidrolipídico.

4.1. Acidez da pele


A medida de acidez usada é a escala de pH. Em termos gerais o pH duma dada substância pode ir de 0
(extremamente ácido) a 14 ( extremamente básico ou alcalino). O pH da água pura é de 7, padrão utilizado para
dizermos que uma substância com este pH é neutra. Valores quanto mais inferiores a este valor, serão tanto mais
ácidas ( uma solução de ácido acético concentrada terá um pH de cerca de 3, já o do ácido sulfúrico terá pH na
ordem de 1 a 0 ); Valores superiores àquele indicam-nos substâncias alcalinas ou básicas (a soda caústica
concentrada usada para desentupir canos terá um pH de 12-14).

Apesar do termo neutro empregue para substâncias com pH neutro, o termo neutro pode ser enganador; de
facto, como referimos, o pH médio da superfície da pele é de 5,5, abaixo, pois do pH neutro. Assim uma solução
neutra, com pH 7, interferirá com o manto hidrolípico, pois este tem um pH menor. Essa solução não é de todo
“neutra” para a pele. A consequência do uso de substâncias com um pH superior ao da superfície da pele é
desidratarem a pele.

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Sessão 7
Como se referiu, em relação ao manto hidrolípico, o estado normal da pele tem um pH ácido. Esta acidez é
devida aos ácidos orgânicos presentes na constituição do manto hidrolípico. Assim a origem da acidez é devida
aos factores seguintes:

- Origem Epidérmica: devido aos ácidos gordos das lipoproteínas existentes no processo de queratinização.

- Origem Sebácea: devido aos ácidos gordos da hidrólise dos glicerídeos do sebo;

- Origem Sudorípara: devido ao ácido láctico formado aquando do desenvolvimento de trabalho muscular;

A acidez da pele varia de região para região do corpo como nos mostra a tabela seguinte. 8

Tabela de valores de pH para várias regiões do corpo

Couro Cabeludo 4,0

Rosto 4,7

Tronco 4,7

Perna 4,5

Prega mamária 6,0

Axila 6,5

De notar os valores mais altos encontrados na axila, relacionados com o diferente suor secretado pelas
glândulas apócrinas aí encontradas.

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Sessão 8
Índice
1. Noções básicas ..................................................................................................................................................... 3

2. Estrutura ............................................................................................................................................................... 5

2.1. Bolbo piloso ...................................................................................................................................................... 5

2.2. Músculo erector do pêlo .................................................................................................................................. 5


2
2.3. Melanócitos ...................................................................................................................................................... 5

2.4. Vascularização .................................................................................................................................................. 5

2.5. Inervação .......................................................................................................................................................... 6

3. Pêlo ....................................................................................................................................................................... 6

3.1. Estrutura........................................................................................................................................................... 6

3.1.1. Camadas do Pêlo .......................................................................................................................................... 7

4. Propriedades do cabelo e da queratina ............................................................................................................... 8

4.1. O cabelo............................................................................................................................................................ 8

4.2. A queratina ....................................................................................................................................................... 9

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Sessão 8
ANEXOS CUTÂNEOS – FOLÍCULO PILO-SEBÁCEO
1. Noções básicas
Os pêlos são estruturas queratinizadas (constituído maioritariamente por queratina) altamente modificadas
produzidas pelos folículos pilosos. Denominam-se por folículos pilosos os tubos que contêm a parte intradérmica
do pêlo, resultante de uma invaginação de epiderme na derme. Ao nível do folículo aparecem três bainhas
epiteliais e conjuntiva. É constituído por tês camadas:

 Camada dérmica (a mais externa) constituída pr tecido da derme (tecido conjuntivo)


3
 Camada epitelial externa – tecido da epiderme que reveste todo o folículo

 Camada epitelial interna (mais interna) – tecido epidérmico que reveste internamente o pêlo desde a
base até à zona da glândula sebácea.

FIGURA 1- Camadas do Folículo piloso

O folículo ou Aparelho pilo-sebáceo engloba as seguintes estruturas:

 Folículo pilo-sebáceo propriamente dito

 Glândula sebácea

 Músculo erector do pêlo (responsável pela erecção do pêlo em caso de frio ou medo)

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Sessão 8
4

FIGURA 2- Aparelho pilo-sebáceo

Os pêlos que cobrem o couro cabeludo são designados de cabelos. O cabelo desempenha uma função de
protecção de termorregulação (contra os raios solares e frio).

Os pêlos e os cabelos vão distribuir-se por toda a superfície do corpo, com particular incidência nas zonas
púbicas e couro cabeludo, à excepção das palmas das mãos e planta dos pés, lábios e certas áreas específicas dos
órgãos genitais (ex. glande). Durante o processo de evolução do Homem, eles não perderam a sua função de
orgao protector e de tacto.

Quimicamente, é constituído por água, queratina, pigmentos, lípidos e sais minerais (Fe, Mg, Cd, Cr, Cu, Pb,
Zn, etc) o que se traduz nas seguintes percentagens: carbono (50%-60%), azoto (8-12%), hidrogénio (6%-8%),
oxigénio (20% a 27%), enxofre (4% a 5%) e sais minerais (vestígios).

As diferentes cores dos folículos pilosos vão dever-se aos diferentes tipos de pigmentos espalhados em
quantidades diversas, e o cabelo\folículo piloso branco resulta da existência de muitos espaços preenchidos com
ar, ao invés de pigmentos.

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Sessão 8
2. Estrutura
É composto por diversas camadas concêntricas, de elementos celulares apresentando na extremidade
inferior uma dilatação característica designada por bolbo piloso. Assenta numa camada germinativa que é muito
irrigada por vasos sanguíneos, a que se chama papila dérmica. É nesta região que se assegura a regeneração do
pêlo e o seu crescimento mediante a proliferação de células diferenciadas.

2.1. Bolbo piloso


Dilatação terminal do folículo piloso, em cujo
interior existem células em intensa actividade mitótica,
responsáveis pela formação do cabelo\pêlo (produzem 5
queratinócitos e melanócitos). Esta região é designada de
matriz. É a partir da matriz que se diferenciam as células
epiteliais do folículo e das várias camadas do pêlo.

As células da matriz são alimentadas por vasos


sanguíneos que se situam numa invaginação, a papila. Aí
também se encontram vários nervos. A papila é responsável
pela nutrição, desenvolvimento, forma e tamanho do cabelo.

2.2. Músculo erector do pêlo


Na derme existe feixes de músculos liso disposto
obliquamente, que se inserem de um lado na bainha
conjuntiva do folículo e de outro na camada papilar da
derme. A contracção desses músculos promove o
eriçamento do pêlo em situações de medo e frio.

FIGURA 3- Estrutura do Aparelho pilo-sebáceo

2.3. Melanócitos
A pigmentação do pêlo processa-se graças à presença de melanócitos, que se dispõem entre a papila e o
epitélio da raiz do pêlo e fornecem melanina às células da raiz e córtex do pêlo, de maneira análoga à que ocorre
na epiderme.

2.4. Vascularização
A papila dérmica é uma zona bastante vascularizada, processa-se por esta via a passagem dos nutrientes
que o pêlo necessita.

FIGURA 4- Papila

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Sessão 8
2.5. Inervação
A bainha do folículo é rica em vasos sanguíneos e contém um plexo delicado de terminações nervosas
sensitivas que são receptivas a diminutos movimentos do folículo piloso e assim actuam como receptores tácteis
altamente sensitivos.

FIGURA 5- Estrutura do Aparelho pilo-sebáceo

3. Pêlo
3.1. Estrutura
O pêlo é formado por duas partes fundamentais, o caule, haste ou talo e a
raíz. A primeira representa a parte visível do pêlo, enquanto a segunda
representa a parte invisível do pêlo, e que termina numa espécie de saco no
seio da derme ou hipoderme. O orifício por onde o pêlo sai é designado por
óstio pilo-sebáceo.

FIGURA 6 - Estrutura do pêlo

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Sessão 8
3.1.1. Camadas do Pêlo
O pêlo apresenta três camadas concêntricas. Estas três porções diferenciadas são designadas do interior
para o exterior, respectivamente, por medula, córtex e cutícula:

A Medula (15% do pêlo) é composta por células córneas arredondadas ou ovais, sem núcleo, pouco
coerentes entre si. Não tem qualquer função vital, vindo a desaparecer, no couro cabeludo, no extremo final da
haste e por vezes em pêlos de outras zonas do corpo. A medula forma-se a partir das células da camada mais
interna do folículo que sofrem queratinização moderada.

O Córtex (75% do pêlo) é a parte mais volumosa do cabelo, constituindo o seu corpo propriamente dito. 7
Esta camada é responsável pela coloração pois é formado por células epiteliais fusiformes e muito ricas em
melanina, que como sabemos é o pigmento da pele e também é usado como pigmento dos cabelos. É também
responsável pela maioria das propriedades do pêlo: solidez, resistência, elasticidade e permeabilidade.

A Cutícula (10% do pêlo) é a camada exterior do pêlo e responsável pela sua resistência; é formada por
células córneas mais densas e anucleadas e achatadas, muito ricas em queratina (sem melanina). A cutícula
forma-se a partir da terceira camada celular do folículo que sofre queratinização. Estas células escamosas
dispõem-se como as telhas dum telhado. São uma muralha defensiva do cabelo, constituindo obstáculo eficaz à
passagem de agentes externos.

FIGURA 7 - Camadas do pêlo

A queratina que esta camada contém vai dar a resistência ao cabelo dadas as propriedades que possuí:

- Resistência à tracção: confere solidez ao cabelo

- Resistência a enzimas confere resistência à putrefacção

- Resistência aos produtos químicos

- Insolubilidade na água e compostos orgânicos;

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No entanto esta é sensível a:

- Produtos alcalinos, nomeadamente ao amoníaco empregue em permanentes.

- Agentes oxidantes, nomeadamente, ao peróxido de hidrogénio (água oxigenada ) que promovem a


descoloração do cabelo.

Portanto do bom estado da cutícula e da coesão dessas células está dependente a aparência do cabelo quanto à:

- Flexibilidade;
8
- Resistência;

- Brilho e suavidade;

4. Propriedades do cabelo e da queratina


4.1. O cabelo
O cabelo possui as seguintes propriedade:

 Elasticidade\flexibilidade ou plasticidade\extensibilidade: estas propriedades indicam que o cabelo pode


variar: de forma, ou seja, é moldável (flexibilidade\plasticidade) e de comprimento (extensibilidade).
Aquando da aplicação de uma força, volta à sua forma original assim que esta elasticidadecessa. Esta
propriedade é devida à menor ou maior coesão entre as moléculas de queratina.

 Resistência: consegue suportar a tracção\distensão. Resta propriedade é determinada pela sua estrutura
e composição química. Os cabelos mais resistentes são os asiáticos, chegam a resistir a pressões da
ordem dos 160g\cabelo e os de raça africana são os menos resistentes, apenas suportam forças da ordem
dos 40 a 60g\cabelo.

 Higroscopia: é a capacidade que o cabelo possui para absorver líquidos. Um cabelo consegue absorver
cerca de 30% de agua em relação ao seu peso.

 Permeabilidade: o cabelo é permeável a algumas substâncias (exemplo: agentes mordentes, que abrem a
cutícula como a agua oxigenada)

 Hinometria: o cabelo absorve a humidade e agentes poluentes.

 Combustibilidade: o cabelo arde facilmente, por exemplo, quando é colocado em contacto com o secador
muito quente.

 Resistência à putrefacção: o cabelo tem muita dificuldade em apodrecer; graças à queratina, que o
compõe, este conserva-se ao longo dos anos, como é o caso das múmias egípcias.

 Potencial electrostático: o cabelo ao ser friccionado produz electricidade estática. A presença de cargas
eléctricas dificulta o pentear e a secagem do cabelo. O uso de champôs com pH forte acentua este
problema.

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4.2. A queratina
A queratina oferece ao cabelo as seguintes propriedades:

 Resistência à tracção

 Resistência à putrefacção

 Insolubilidade em água e em solventes orgânicos

 Sensibilidade a produtos alcalinos


9
 Estabilidade entre pH 4 a 8

 Sensibilidade a agentes oxidantes: descolorantes

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Sessão 9
Índice
1. Actividade cíclica do pêlo ..................................................................................................................................... 3

1.1. Anagénese ........................................................................................................................................................ 3

1.2. Catagénese ....................................................................................................................................................... 3

1.3. Telogénese ....................................................................................................................................................... 4


2
1.3.1. Ciclo de crescimento folicular ...................................................................................................................... 4

2. Tipos de Folículo Pilo-sebáceos ............................................................................................................................ 5

2.1. Folículos vilosos ou lanuginosos....................................................................................................................... 5

2.2. Folículos terminais ........................................................................................................................................... 5

2.3. Folículos sebáceos ............................................................................................................................................ 5

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ACTIVIDADE CÍCLICA DO PÊLO
1. Actividade cíclica do pêlo

A velocidade normal de produção da haste do pêlo é de 0,35mm/dia e usualmente varia de seis mm a 1,2cm por
mês. Essa velocidade vai depender da localização do folículo piloso, da idade e sexo. Períodos de crescimento
(anagénese) duram entre 2 e 8 anos, são seguidos por um breve período de 2 a 4 semanas de degradação
(catagénese) e então passam para a fase de repouso (telogenese) que dura de 2 a 4 meses.

Assim, os folículos pilosos estão submetidos a ciclo evolutivo que compreende as três fases de duração bastante
3
diferente:

1.1. Anagénese
Nesta fase da vida do cabelo, as células situadas na parte interna sofrem um
processo de divisão celular bastante rápido. Esta multiplicação celular irá atingir
a papila dérmica, que fica recoberta por uma camada de células novas que
originarão um novo bolbo piloso. Este processo culmina na expulsão do antigo
cabelo, empurrado aos poucos pelo novo cabelo formado. Nesta fase verifica-se
uma abundante síntese de queratina, indispensável à formação da cutícula do
pelo. A duração desta fase, em que o cabelo está em crescimento contínuo é de
cerca de 3 a 5 anos para o homem e de 6 a 8 anos para a mulher.

FIGURA 1 – Fase de Anagénese

1.2. Catagénese
Esta fase caracteriza-se por ser o período em que cessa a melanogénese e o
crescimento do cabelo. Os processos de divisão celular, responsáveis pela
formação de novas células, param. O bolbo piloso do antigo cabelo ligada à papila
por um fino cordão de células epiteliais e sofrerá uma queratinização progressiva.
O folículo encontra-se mais próximo da superfície devido à destruição do bolbo
piloso

Esta fase de regressão dura, em média, de 2 a 3 semanas.

FIGURA 2 – Fase de Catagénese

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1.3. Telogénese
É uma fase de repouso. A papila dérmica sofre uma retracção, a irrigação sanguínea deixa
de se observar e o processo de queratinização do bolbo piloso fica terminada. O bolbo
piloso está atrofiado e a papila encontra-se isolada do folículo piloso. O cabelo cai
eliminado, pouco a pouco, pelo novo cabelo formado sob aquele. Esta fase dura, em
média, de 2 a 3 meses.

FIGURA 3 – Fase de Telogénese

FIGURA 4 – Ciclo de crescimento do pêlo

1.3.1. Ciclo de crescimento folicular


Refira-se que num estado normal, 14% dos cabelos se encontram na fase de telogénese, 1% na fase de
catagénese e os restantes 85 % encontram-se activos.

FIGURA 5 – Ciclo de crescimento do pêlo

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Este padrão de crescimento cíclico do pêlo é que determina os limites do comprimento atingido pelos pêlos em
diferentes partes do corpo. Por exemplo, a fase de crescimento dos pêlos da cabeça é da ordem de dois anos ou
mais, para ser eliminado dura apenas uns meses. Apenas uma pequena porção de folículos encontram-se
normalmente na fase de repouso a qualquer momento, mantendo assim um nascimento contínuo de pêlos. Ao
contrário dos pêlos do corpo que possuem uma fase de crescimento menor e uma fase de repouso maior,
impedindo o super crescimento inapropriado.

A sucessão no tempo do ciclo pilar é influenciada por factores hormonais.

2. Tipos de Folículo Pilo-sebáceos 5


A pele do corpo humano é revestida por diversos tipos de pelos. Há dois tipos de pêlos: o pêlo fetal ou lanugo,
que é a pilosidade fina e clara, idêntica aos pêlos pouco desenvolvidos do adulto e denominados velus, e o pêlo
terminal, que corresponde ao pêlo espesso e pigmentado, que compreende os cabelos, a barba, a pilosidade
pubiana e axilar.

2.1. Folículos vilosos ou lanuginosos


O pêlo lanugo recobre o feto, e desaparece após o nascimento; é delgado, macio, não pigmentado e não
medulado. É produzido pelos folículos fetais e despreende normalmento no útero no sétimo ou oitavo mês de
gestação ou então logo após o nascimento.

São substituídos posteriormente pelos pêlos velus, constituídos por glândulas sebáceas de grandes dimensões é
macio, não medulado, fino (<0,1 mm), curto (< 2 cm. ) e raramente pigmentado. Disseminadas em toda a
superfície cutânea (excepto na palma das mãos e na planta dos pés), normalmente nas faces das mulheres ou na
área de calvície dos homens pêlos.

2.2. Folículos terminais


É o pêlo que substitui o velus em determinadas áreas do corpo e em determinada idade da vida. É um pêlo mais
comprido (> 2cm), mais grosso (até 0,6 mm ), pigmentado, visível e medulado e anexos a glândulas sebáceas bem
desenvolvidas. É encontrado nas axilas, regiões pubianas, sobrancelhas, cílios, barba, bigode e cabelos do couro
cabeludo.

2.3. Folículos sebáceos


Característicos da raça humana (não existindo noutras espécies animais), essencialmente localizados na face e
partes medianas da parede anterior torácica e do dorso; são constituídos por aglomerados de grandes glândulas
que se continuam com um canal folicular dilatado e profundo, onde se evidencia uma grande desproporção entre
a dimensão do pêlo e do canal folicular.

FIGURA 6 – Tipos de Pêlos

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Sessão 10

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Sessão 10
Índice
1. Alterações da estrutura e pigmentação ............................................................................................................... 3

2. Alterações da quantidade .................................................................................................................................... 3

2.1. Alopécia ............................................................................................................................................................ 3

2.1.1. Alopécias cicatriciais..................................................................................................................................... 4


2
2.1.2. Alopécias não cicatriciais.............................................................................................................................. 4

2.1.2.1. Alopécias circunscritas ou areatas (pelada) ............................................................................................. 5

2.1.2.2. Alopécias difusas ...................................................................................................................................... 5

2.2. Hipertricose ...................................................................................................................................................... 7

2.3. Hirsutismo ........................................................................................................................................................ 7

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Sessão 10
ALTERAÇÕES DO SISTEMA PILOSO
1. Alterações da estrutura e pigmentação
Os pêlos e os cabelos estão dispersos nas várias zonas do corpo com particular incidência nas zonas púbicas e
couro cabeludo. Durante o processo de evolução do Homem, eles não perderam a sua função de órgão protector
e de tacto.

No período entre as 8º e 10º semanas de gravidez, são reconhecíveis no embrião humano, os primeiros folículos
pilosos. O seu número definitivo é já determinável antes do nascimento. Aparecem inicialmente como uma
penugem finíssima não pigmentada (pêlos lanugos). Estes são rapidamente substituídos pelos vellus e pelos pêlos
terminais (na cabeça e áreas axilares e genitais). 3
O número médio no couro cabeludo é de 100.000 com um crescimento por dia de 0,37 a 0,5 mm e perda diária
de cerca de 100 fios.

Existem várias mudanças no organismo que podem alterar o estado normal do sistema piloso. São os cabelos em
fase anagénica os que são mais facilmente afectados por anomalias orgânicas, uma vez que estes são irrigados
pela corrente sanguínea e enervados.

Os pêlos podem sofrer várias alterações da sua estrutura normal, muito vulgares, como ficarem com “pontas
espigadas” ou quebradiços. Além de que pode modificar-se a sua cor, com o aparecimento de manchas de cores
diferentes.

2. Alterações da quantidade
A alteração deste tipo mais visível por defeito, é a Alopécia - queda de pêlos parcial ou total. No entanto, as
alterações por excesso de pêlo são as que mais se relacionam com a estética - Hipertricose e Hirsutismo.

2.1. Alopécia
O termo alopécia refere-se a todo o tipo de queda de pêlo. Estamos a referir a uma rarefacção capilar, assim
como a uma perda de cabelo generalizado ou local.

Tanto no homem como na mulher existem vários tipos de alopécias que passamos a referenciar as principais:

No homem

 Alopécias localizadas (peladas, sarna…)

 Alopécias difusas reaccionais ao stress (anestesia, intervenção cirúrgica, febre, hemorragias…)

 Alopécias secundárias (radioterapia, quimioterapia, corticoides, retinoides, anti-coagulantes…)

 Queda sazonal, que surge principalmente no Outono

Na mulher

 Alopécias de origem medicamentosa (corticosteroides, pílulas androgénicas…)

 Alopécias de origem secundária a uma carência de ferro ou uma anomalia hormonal.

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As alopécias classificam-se em dois grandes grupos:

 Alopécias cicatriciais – caracterizadas por uma destruição do folículo e em que a regeneração


capilar é impossível

 Alopécias não cicatriciais – termo que engloba as restantes quedas ou perdas de cabelo

2.1.1. Alopécias cicatriciais


As alopécias cicatriciais são de dois tipos:
4
1. Atríquia intra-uterino – os folículos não se desenvolveram durante o
período de gestação

2. Hipotricose – pequeno número de folículos; os cabelos são frágeis e


quebradiços. É devido a infecções, tumores, feridas, queimaduras e
radiações.

FIGURA 1 – Alopécia cicatricial

2.1.2. Alopécias não cicatriciais


Estas alopécias são classificadas em dois grupos: alopécias circunscritas ou areatas e alopécias difusas.

FIGURA 2 – Alopécia areata e difusa

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2.1.2.1. Alopécias circunscritas ou areatas (pelada)
Localizadas em zonas bem definidas, apresentando-se sob a forma de regiões ou placas arredondadas. Pode
aparecer na barba, couro cabeludo e pestanas.

Causas

 Infecções (ouvidos, nariz, dentes garganta)

 Problemas do sistema imunitário (condução dos queratinócitos a uma telogénese prematura)


5
 Choques emocionais e outros transtornos nervosos

2.1.2.2. Alopécias difusas


Queda ou perda de pêlo sem limites concretos ou circunscritos

Tipos de alopécias difusas:

1. Alopécias androgénicas ou “calvície”– queda de cabelo deve-se a


factores hormonais (androgénios – hormonas masculinas,
testosterona) e genéticos (herança do pai). No homem verifica-se uma
perda total de cabelo no topo, na região frontal e nas regiões laterais
superiores da cabeça. Na mulher a cabeleira torna-se mais rarefeita e
os cabelos mais finos e claros (com menos melanina)

FIGURA 3 – Alopécia androgénica

Causas

No homem, os androgénios (testosterona) aceleram a regeneração do folículo pilossebáceo


(aumenta a produção de cabelo e sebo), deste modo, esgota-se, antes do tempo, a capacidade
regeneradora do folículo, ficando cada vez mais atrofiado. Dos folículos acabam por desaparecer.

Na mulher, quando ocorre um deficit significativo de estrogénios (permitem uma melhor


vascularização e hidratação da derme) em relação aos androgénios (a testosterona é produzida
na mulher nos ovários e nas glândulas supra-renais) verifica-se a desidratação e diminuição da
vascularização da derme, o que implica uma diminuição da nutrição dos folículos pilosos e,
consequentemente estes tornam-se mais finos.

Desta forma, o cabelo sofre uma redução progressiva do seu tamanho, da sua espessura e da sua
pigmentação.

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Sessão 10
2. Alopécia carencial

Diminuição da densidade de cabelo devido a carência nutritiva, falta de irrigação sanguínea e


problemas nervosos (stress, bulimia, anorexia)

As zonas frontal, laterais superiores e todo o crânio caracterizam-se por apresentar uma tensão
cutânea elevada (ao falarmos ou mastigarmos estas zonsa não são exercitadas e quando uma pessoa
está tensa estas zonas encontram-se repuxadas) o que conduz a uma irrigação sanguínea deficiente e
a consequente queda de cabelo

3. Alopécia pós-parto
6
Durante a gravidez os níveis de estrogénios, existentes em quantidade superior ao normal, evitam
a queda de cabelo, pois permitem uma vasodilatação dos capilares sanguíneos, ou seja, o aporte
de nutrientes a nível da papila é maior do que numa situação normal. Após a gravidez decresce a
quantidade de estrogénio levando a redução na irrigação dos folículos, o qual pode ser agravada
pela perda de grandes quantidades de sangue durante o parto. Esta desnutrição conduz,
inevitavelmente, a uma queda de cabelo. Apos a recuperação verifica-se que a maior parte dos
casos, o cabelo perde um pouco a sua densidade e na pior das situações a sua recuperação é
escassa.

4. Alopécias traumáticas

Perda total ou parcial devido a traumatismo (cosmético, queimadura térmica ou química,


acidente, abrasão, tesouras mal afiadas)

5. Alopécias tóxicas

Ingestão de certos fármacos psicotrópicos (agem no Sistema Nervoso Central (SNC) produzindo
alterações de comportamento, humor e cognição, possuindo grande propriedade reforçadora
sendo, portanto, passíveis de auto-administração)

6. Alopécias pós-operatórias

A perda de sangue causa anemia e desnutrição do folículo piloso o que conduz à queda do cabelo

7. Alopécias pós-febris

Febre alta causa vasodilatação que leva ao crescimento acelerado dos cabelos, esgotando a
capacidade de regeneração celular com posterior queda de cabelo.

8. Alopécias sazonais

No Inverno é necessário uma maior quantidade de cabelo para nos proteger do frio, a preparação
para esta época é feita no Outono em que se verifica uma queda abundante. No Verão,
necessitamos de cabelos mais grossos para uma protecção solar eficaz, sendo frequente
notarmos uma mudança pilosa na Primavera.

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Sessão 10
Atenção, uma queda diária de 50 a 100 cabelos é absolutamente normal e não deve ser considerada alarmante
ou preocupante. Em caso de aumento de queda de cabelo, são possíveis tanto as providências médicas como
também as cosméticas, devendo ser, particularmente no tratamento médico, cuidadosamente ponderados os
efeitos colaterais indesejados.

Não obstante estes factores de risco inevitáveis, uma prevenção que elimine traumatismos desnecessários, como
lavagens drásticas e o acompanhamento capilar adequado, podem evitar o aparecimento mais acelerado dessas
mesmas situações indesejáveis.

2.2. Hipertricose 7
Consiste no crescimento exagerado de pêlo em comparação com o normal para pessoas da mesma raça, sexo e
idade.

Podem ter como causa alterações hormonais (ex. interrupção do uso da pílula, fim de uma gravidez, menopausa,
etc.) ou genéticas.

Esta alteração, em geral, desaparece espontaneamente com a normalização do factor causante.

FIGURA 4 – Hipertricose

2.3. Hirsutismo
Consiste numa hipertricose feminina caracterizada pelo aumento excessivo
de pêlo de características e localização masculinas.

As zonas mais comuns são: mento (queixo), lábio superior, zona peri-
esternal e membros superiores e inferiores.

O hirsutismo pode ser generalizado ou localizado apenas na face -


Hirsutismo facial.

FIGURA 5 – Hirsutismo

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Sessão 10
Pode ser classificado em três tipos em função da causa:

- Hirsutismo Hormonal: Desequilíbrio hormonal pelo aumento dos androgénios ou pela diminuição dos
estrogénios. Este tipo de alteração pode ser acompanhado de transtornos menstruais, hipertrofia do clitóris,
atrofia da vagina e dos seios, assim como um tom de voz mais grave. Muitas vezes a causa é um tumor glandular.

- Hirsutismo Medicamentoso: A administração de certas drogas pode ter como efeito secundário o
hirsutismo, especialmente os medicamentos hormonais e corticosteróides.

- Hirsutismo Idiopático: Causa desconhecida.

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Sessão 11
Índice
1. Factores de alteração da Pele .............................................................................................................................. 3

1.1. Factores externos ............................................................................................................................................. 3

1.2. Factores internos.............................................................................................................................................. 4

2. Exame à Pele ........................................................................................................................................................ 5


2
3. Estado da Pele ...................................................................................................................................................... 6

3.1. Fina ................................................................................................................................................................... 6

3.2. Grossa ............................................................................................................................................................... 6

3.3. Sensivel............................................................................................................................................................. 6

3.4. Envelhecida precocemente .............................................................................................................................. 7

3.5. Desidratada ...................................................................................................................................................... 7

3.6. Asfixiada ........................................................................................................................................................... 8

3.7. Acneica ............................................................................................................................................................. 8

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Sessão 11
ESTADOS DE PELE
1. Factores de alteração da Pele
A saúde da pele depende da saúde geral do organismo e de vários factores externos. Nalguns destes casos
podemos e devemos actuar para manter o bom estado da pele.

Algumas características gerais são fixadas geneticamente: cor, espessura média, irritabilidade, etc. estas e outras
características podem variar drasticamente ao longo do tempo e conforme um vasto numero de factores. Mesmo
a cor natural da pele pode sofrer ligeiras variações conforme o ambiente.
3
1.1. Factores externos
São os factores provenientes do ambiente externo que nos rodeia, que podem tornar a pele mais
espessa, mais seca ou mais sensivel. Alterações que podem causar dependem da intensidade do agente, da
exposição das zonas cutâneas ao mesmo e da predisposição particular do indivíduo.

Atendendo à sua origem podem ser classificados em:

 Factores mecânicos: Traumatismos, pressões, fricção podem ser causa de hematomas, feridas,
cicatrizes, calosidades, etc.

 Factores físicos:

Os factores climáticos influenciam muito a qualidade e aspecto da pele bem como a idade do
aparecimento dos sintomas de senescência. Para um mesmo nível de cuidados da pele, os
habitantes de regiões com climas tropicais húmidos mantêm uma pele “jovem” durante mais
anos do que os habitantes das regiões com climas agressivos para a pele (zonas desérticas ou
polares, por exemplo). As zonas marítimas são também particularmente agressivas para a
pele devido à secura do ar e quantidade de radiação ultravioleta recebida na pele (por via da
luz solar directa ou reflectida). Nos ambientes urbanos, a poluição atmosférica é igualmente
agressiva.

o O frio e o calor: ambos podem provocar eritemas e queimaduras.

o As radiações solares: que causam, através dos raios ultravioletas, queimaduras,


envelhecimento prematuro da pele e ainda cancro da pele.

o O vento provoca desidratação da pele.

o A humidade favorece o aparecimento de infecções.

 Factores químicos: Muitas substâncias químicas como os detergentes, alguns medicamentos, certos
produtos cosméticos, etc. são capazes de provocar irritações e reacções alérgicas sobre a pele.

 Factores biológicos: Alguns microrganismos (vírus, bactérias e fungos) são capazes de infectar as
estruturas da pele e provocar certas lesões na mesma. Também alguns insectos e ácaros de pequeno
tamanho como os piolhos e o agente da sarna são capazes de parasitar as estruturas cutâneas.

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1.2. Factores internos
São os factores inerentes ao próprio indivíduo. Não estão bem definidos, sendo na maioria dos casos um conjunto
de vários factores que causam as alterações. Entre eles podemos destacar os seguintes:

 Desequilíbrio hormonal: Alteram o metabolismo da pele, sendo por exemplo uma das causas da
acne, da hipertricose, etc.

 Transtornos nervosos: A pele é um órgão estreitamente relacionado com o sistema nervoso, quer
pela sua origem embrionária quer pelas múltiplas terminações nervosas existentes nela. As alterações
psicológicas manifestam-se frequentemente como alterações cutâneas. Entre estas alterações
podemos citar a neurodermatite, os dermografismos, etc. 4
 Herança genética: Algumas das alterações aparecem com maior frequência num determinado grupo
de indivíduos, pertencentes a uma determinada família ou raça. Por exemplo, as efélides (“sardas”)
aparecem mais frequentemente nos nórdicos.

 Também existem factores hereditários dependentes do sexo, havendo diferenças entre a pele do
homem e da mulher. A pele da mulher é mais suave, fina, lisa e com menor quantidade de pêlo que a
do homem. Alterações como o acne rosácea aparecem com maior frequência na mulher. Outras
como a calvície e rinofima são mais frequentes no homem.

 Idade: Ao longo dos anos a pele vai-se transformando, sendo mais frequente o aparecimento de
alterações e afecções cutâneas na pele senil.

 Alimentação: A nutrição inadequada é a causa de transtornos digestivos e metabólicos que se podem


manifestar na pele.

FIGURA 1 – Factores de alteração da Pele

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2. Exame da Pele
A pele torna-se menos elástica e mais seca com o aumento da idade e, no rosto, a pele dos homens é mais oleosa
do que a das mulheres. Temos de considerar todos estes factores sempre que se analisa um diagnóstico da pele,
não esquecendo ainda que essa pessoa tem características de pele diferentes conforme a zona do corpo.

Do ponto de vista “cosmético” é importante conhecer as características da pele a “tratar”, sabendo que o
diagnóstico deve ser feito de forma periódica e sempre que usamos um novo produto ou se verificamos uma
alteração visível.

A escolha dos cosméticos adequados a cada pele é de extrema importância já que eventuais erros não só tornam
ineficazes os produtos aplicados como podem causar alergias, desidratações ou sensibilizações desnecessárias, tal 5
como acontece com um medicamento mal receitado.

Esta escolha depende da correcta classificação da pele conforme as características atrás referidas e pode ser feita
por uma esteticista ou por um autodiagnóstico. As regras deste diagnóstico são simples: para a classificação da
pele observa-se meticulosamente o rosto e, com raras excepções, as características ai encontradas generalizam-
se a todo o corpo.

Para realizar um bom diagnóstico, deve-se começar com um exame completo à pele.

• aspecto (se é mate, se tem brilho, …)

• tacto (se é suave, áspera, …)

• textura (se é fina, grossa, flexível, …)

• cor (translúcida, rosada, …)

• impressão (tensa, descamada, alergias, …)

Exame da pele\ Sintomas Diagnóstico

Presença de rídulas Pele desidratada

Presença de rídulas e rugas Pele desidratada e envelhecida

Sintomas de desconforto Pele desidratada

Presença de “pontos negros” Zonas oleosas com impurezas

Vermelhidão frequente Pele sensível

Manchas e\ou borbulhas ferquentes Pele sensível (acne) pele envelhecida

Flacidez Pele flácida e envelhecida

Presença de estrias Pele desidratada e envelhecida

FIGURA 2 – Sintomas e diagnóstico da pele

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3. Estado da Pele
Chama-se estado actual da pele a uma alteração ao tipo de pele que pode ser reversível ou irreversível (positiva
ou negativa) causada por factores que actuam sobre a sua superfície. Os estados da pele são uma situação que se
reporta a um certo momento.

Contrariamente ao estado fundamental do tipo de pele, este estado traduz o efeito produzido pelos agentes
externos e internos. Por vezes este estado pode corrigir-se com produtos cosméticos.

Pode ser devido a inúmeras causas:

 Predisposição hereditária 6
 Agentes externos (frio, calor, radiação U.V.)

 Causas internas (doenças, stress)

 Hábitos comportamentais (alimentação, tabaco, álcool, hábitos de higiene)

3.1. Fina
Superfície unida, grão fino – oríficios pilo–sebáceos invísiveis.

Delicada ao toque (suave).

Uma pele hidratada ou seja que consegue manter, guardar a sua água, manter-se-à fina, com uma leve camada
queratinizada. É um estado benéfico.

3.2. Grossa
Textura grosseira, poros dilatados – a trama superficial visível. Rugosa à apalpação. É um estado negativo

3.3. Sensivel
No conceito popular trata-se de uma pele com características particulares de sensibilidade. Esta sensibilidade
deve-se a uma hiper-reactividade do sistema microcirculatório papilar dérmico e a uma hiper-reactividade
irritativa e alergénica devido a factores externos: calor, frio, vento, radiações UV e factores internos como
hormonais, digestivos, emocionais.

Será necessário considerar duas situações diferentes: o estado da pele que suporta mal as intempéries e a pele
que suporta mal a aplicação de qualquer produto tópico.

Características:

 Espessura da pele (fina)


 Coloração clara
 Capilaridade superfícial
 Secreção sebo-sudorípara diminuída
 Sistema imunitário cutâneo específico afectado (alergenicidade)

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Principais indicadores de superfície para uma pele sensível:

 O grau de hidratação, que normalmente está diminuído


 A produção sebácea reduzida
 A emulsão hidrolipidica, que tem uma acção ineficaz, pelo que a protecção da epiderme é nula,
tornando exarcebada a reacção da pele aos elementos agressores (internos e externos)

3.4. Envelhecida precocemente


O envelhecimento cutâneo é um fenómeno geneticamente programado, a que não se pode escapar, mas certos 7
factores podem acelerar o seu processo (factores climáticos adversos, poluição, tabaco, ingestão exagerada de
álcool, stress, doenças, desequilíbrios alimentares).

 Exame visual apresenta uma pele:

o Amarelada e bacenta (com grão de pele irregular)


o Comedões
o Quistos sebáceos
o Poros dilatados
o Aspecto envelhecido
 Exame à palpação:
o Flácida
o Áspera - desidratada
o Atrófica (delgada)
o Fibrosa
o Falta de elasticidade

3.5. Desidratada
 Exame visual:
o Aspecto macilento
o Escamas
o É muito sensível ao ar fresco, em virtude da perspiração exagerada.
 Palpação da pele:
o Pele fina, irritável com tendência a rugas e estrias de desidratação
o Secreção sebácea normal
o A pele tem falta de água; é pouca elástica e sofre de descamação
o É um estado negativo, mas pode ser reversível

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3.6. Asfixiada
 Poros destruídos e pontos negros;
 Aspecto baço;
 Apresenta granulações e aspereza;
 Pode ter sido “ oleosa “, mas com aparência de seca, por ter sido submetida a tratamentos
demasiado agressivos, dissolvendo superficialmente as gorduras cutâneas;
 Pode igualmente ter sido “ seca “ por diminuição da circulação sanguínea.

8
3.7. Acneica
A pele toma o nome de acneica quando esta apresenta elevado número de pápulas, pústulas, comedões, nódulos,
etc, derivados da produção exagerada de sebo com entupimento do canal folículo pilossebáceo por
hipercornificação e desenvolvimento de microorganismos (caso de propionibacterium acnes).

O local preferível do seu aparecimento é a face, embora possam surgir nas costas e peito.

O aparecimento da pele acneica pode estar relacionado com problemas hormonais, como os verificados na
puberdade, nos ciclos menstruais, no uso de corticosteróides, de contraceptivos em que o gestogénio tenha
elevada acção androgénica ou na gravidez.

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Sessão 12
Índice
1. Lesões Elementares da Pele ................................................................................................................................. 3

1.1. Alterações da Cor ............................................................................................................................................. 4

1.2. Alterações de Espessura................................................................................................................................... 5

1.3. Perdas Teciduais ............................................................................................................................................... 7


2

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Sessão 12
LESÕES ELEMENTARES DA PELE
1. Lesões Elementares da Pele
A análise da pele é um dos passos mais importantes para se definir a forma de tratamento após o
reconhecimento das alterações que ocorrem nos tecidos que compõem a sua estrutura tegumentar.
Este manual constitui um importante auxílio a um correcto diagnóstico dermatológico, baseando-se, para tal, na
observação das alterações da pele.

A palpação revela a profundidade da lesão, a sua extensão, textura, firmeza e grau de fixação às camdas inferiores 3
da pele. Pressionar uma lesão suavemente poderá revelar uma palpitação numa lesão vascular, o que implica
uma malformação arterio-venosa. Apertar firmemente uma porção de pele aparentemente normal poderá
originaruma libertação de histamina, vermelhidão e mesmo edema: este fenómeno conhecido por
dermografismo, acentua-se em casos de urticária.

Qualquer alteração presente na estrutura da pele seja qual for a causa que a provocou caracteriza a formação de
lesões elementares.
Os mecanismos indutores de lesões elementares podem ser de natureza circulatória, inflamatória, metabólica,
degenerativa ou hiperplásica.
Dependendo dos tipos de lesões e das causas que a provocaram podemos classificar as lesões da pele da seguinte
forma:

Mácula
Alterações de cor Nevo
Tumor
Liquenificação
Alterações de Edema
espessura Atrofia
Quelóide
Bolhas
Lesões líquidas
Vesículas
Pápula
Nódulo
Lesões sólidas Pústula
Comedon
Quisto
Úlcera
Escama
Perdas teciduais
Fissuras
Cicatriz

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Sessão 12
4

FIGURA 1: Lesões elementares da Pele

As alterações cutâneas manifestam-se de muitas formas, apresentando uma grande variedade de lesões, entre as
quais podemos distinguir:

1.1. Alterações da Cor


 Mácula: Mancha produzida por uma troca de cor na pele de natureza vascular ou pigmentar. É uma lesão
circunscrita, plana que se diferencia da pele ao redor pela sua cor. Pode apresentar qualquer tamanho ou
forma. As máculas podem resultar de hiper ou hipopigmentação, anormalidade vascular ou mesmo
dilatação vascular (eritema). Em alguns casos são únicas e em outros, múltiplas.

FIGURA 2: Tipos de Máculas

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 Tumor: Neoformação de aspecto variável que se origina anormalmente e tende a persistir
indefinidamente (nódulo de grandes dimensões).

FIGURA 3: Tumor

 Nevo: Neoformação circunscrita de tipo benigno inicialmente, em forma de mancha ou tumor que se
origina a partir de células embrionárias (nevócitos) localizadas na pele.

FIGURA 4: Nevo

1.2. Alterações de Espessura


 Liquenificação: Lesão em placa com a pele espessada, inflamada e de cor avermelhada, de superfície
estriada (acentuação das marcas naturais da pele) e descamativa, acompanhada posteriormente de
prurido.

FIGURA 5: Liquenificação

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 Edema: É uma lesão arredondada por aumento da espessura da pele que ocorre devido ao acréscimo de
líquidos intersticiais. Composto por uma solução aquosa de sais e proteínas do plasma variando conforme
a causa do edema é uma lesão arredondada ou um pápula ou placa achatada que é evanescente
desaparecendo em questão de horas. Podem-se apresentar como pequenas pápulas como na urticária ou
grandes placas coalescentes com em reacções alérgicas.

FIGURA 6: Edema

 Atrofia: adelgaçamento da pele, diminuição da sua consistência e elasticidade, perda da textura da pele
normal. Pode-se limitar à epiderme ou à derme ou pode ocorrer simultaneamente em ambos.

A atrofia da epiderme pode-se apresentar por uma epiderme fina, quase transparente, e pode ou não
apresentar as linhas cutâneas normais.

A atrofia da derme e do tecido subcutâneo resulta de uma diminuição do tecido conjuntivo da derme
papilar ou reticular e manifesta-se como uma depressão da pele, coberta por pele de aparência normal.

FIGURA 7: Atrofia

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 Quelóide: Elevação da pele de colocação variada, de consistência dura, firme e elástica com grande
quantidade de tecido fibroso na sua base. Uma das suas causas é a hipertrofia de uma cicatriz.

FIGURA 8: Quelóide

1.3. Perdas Teciduais


 Escama: Lâmina córnea mais ou menos seca, que se desprende da epiderme formada por agrupamentos
de células queratinizadas. Podem ter uma tonalidade desde o branco ao acastanhado. Mais ou menos
dura provocada pela dessecação de lesões exsudativas, hemorrágicas ou purulentas. Ocorre na queratose
actínica e psoríase.

FIGURA 9: Escama

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 Úlcera: são lesões que resultam da perda total de substância da epiderme, e no mínimo, parcial da
derme. Assim a destruição da pele, pode ser mais ou menos profunda , lacerando a derme em
profundidade, com grande perda de substância, de cor violeta-arroxeada, e com possibilidade de
funcionar como foco infeccioso. Frequentemente, estas lesões saram originando uma cicatriz.

FIGURA 10: Úlcera

 Fissuras: são ulcerações lineares circundadas ou não por hiperqueratose, rasgando a derme superficial
(ex. pé de atleta)

FIGURA 11: Fissuras

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 Cicatriz: Tecido que se forma depois de uma lesão da pele, reparando os tecidos lesados, sendo
constituído por tecido fibroso. Corresponde a modificações da derme e da epiderme, sinal de um
processo fibroso de intensidade variável. É o testemunho da reparação de uma ferida ou de uma perda de
substância (ex. cicatriz após queimadura)

FIGURA 12: Cicatriz

 Crostas: são concentrações de soro e células inflamatórias, de tonalidade amarelo-acastanahada ou


preta, que se formam na superfície da pele. Podem dever-se a processos inflamatórios ou infecciosos.

FIGURA 13: Crostas

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Índice
1. Lesões Elementares da Pele ................................................................................................................................. 3

1.1. Lesões Sólidas................................................................................................................................................... 3

1.2. Lesões Líquidas ................................................................................................................................................. 5

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LESÕES ELEMENTARES DA PELE
1. Lesões Elementares da Pele
1.1. Lesões Sólidas
 Pápula: Lesão sólida de cor rosada geralmente elevada no plano superficial da pele, de pequena
dimensão. Normalmente, as pápulas têm menos que 1 cm de diâmetro e a maior parte desta está acima
do plano da pele ao redor.

Podem resultar de infiltrados celulares localizados da derme e hiperplasia localizada de elementos 3

celulares da derme e epiderme (vegetações). Se há descamação, podemos nomear a lesão como papulo-
escamosa como na psoríase.

FIGURA 1 –Pápula

 Nódulo: lesão palpável, sólida, redonda ou elipsoidal. Profundidade do envolvimento e/ou palpação
substancial em que a pele pode ser movida sobre a lesão, constitui a característica mais marcante desta
lesão. Este pode localizar-se na epiderme ou estender-se a derme ou tecido subcutâneo. Resultam de
inflitrações inflamatórias e edematosas da derme profunda e da hipoderme.

FIGURA 2 –Nódulo

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 Comedon: Grânulo sebáceo contendo no seu interior um filamento seborreico endurecido, apresentando
no exterior um ponto negro no vértice do folículo constituído por um tampão de queratina.

FIGURA 3 –Comedon

 Pústula: Formação vesicular produzida pela acumulação de pús na epiderme. Ocorrem de novo ou
desenvolvem-se a partir de vesículas ou de bolhas, pápula que contém exsudato purulento (pus).
Acumulam-se células inflamatórias e soro, o seu rebentamento liberta material purulento de tonalidade
amarela-esbranquiçada.

FIGURA 4 –Pústula

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 Quisto: Cavidade da forma globular, rodeada de uma parede membranosa própria, contendo no seu
interior materiais líquidos semi-fluídos alterados, geralmente do tipo gorduroso (fluido, células e
produtos celulares).

Pode haver suspeita clínica de que um nódulo ou pápula esférico ou oval seja um quisto se a palpação for
resistente. Frequentemente são móveis, podendo ser pressionadas e adquirir variadas dimensões. Tal
como acontece com os nódulos, a pele pode frequentemente mover-se sobre a lesão. O tipo mais comum
é o quisto epidermóide.
5

FIGURA 5 –Quisto

1.2. Lesões Líquidas


 Vesícula: Lesão elevada da epiderme com uma cavidade central contendo líquido, de tamanho inferior a
meio centímetro (“bolha pequena”).

 Bolha: Proeminência circunscrita da epiderme constituída por uma cavidade de líquido seroso, turvo ou
hemorrágico e com forma redonda ou oval e com mais de meio centrímetro. Diferem entre si pela sua
dimensão e tensão: folhas flácidas ou firmes. É uma vesícula maior.

FIGURA 6 – Lesões Liquidas

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6

FIGURA 7 –Lesões Elementares da Pele

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Índice
1. A Pele.................................................................................................................................................................... 3

1.1. Estrutura Anatómica e Fisiológica .................................................................................................................... 3

1.1.1. Epiderme ...................................................................................................................................................... 3

1.1.2. Derme ........................................................................................................................................................... 5


2
1.1.3. Hipoderme.................................................................................................................................................... 5

1.2. Anexos da Pele ................................................................................................................................................. 5

1.3. Funções da pele................................................................................................................................................ 6

2. Inervação cutânea ................................................................................................................................................ 7

3. Vascularização da Pele ......................................................................................................................................... 7

4. O Manto hidrolipídico ou Filme Hidrolipídico ...................................................................................................... 8

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Resumo do Conteúdo Programático
1. A Pele
1.1. Estrutura Anatómica e Fisiológica
A pele reveste praticamente toda a superfície do corpo, constituindo uma barreira defensiva e reguladora que
separa o nosso meio interno do mundo exterior. É um dos órgãos de maior dimensão do organismo humano, uma
vez que representa aproximadamente 16% do peso corporal. Na estrutura da pele é fundamental a existência de
dois tecidos interligados: a epiderme, na parte superior, e a derme que, por sua vez está intimamente ligada ao
tecido conjuntivo laxo e adiposo adjacente (tecido subcutâneo), constituindo a hipoderme. A pele divide-se em 3
duas camadas principais e uma outra secundária (figura 1):

1.Epiderme
2. Derme
3. Hipoderme: sob a derme existe uma camada de
tecido conjuntivo mais laxo e adiposo, designada
hipoderme que, em muitas partes do corpo, se
transforma em tecido adiposo ou tecido celular
subcutâneo.

FIGURA 1: Estrutura da Pele

1.1.1. Epiderme

As funções específicas da pele dependem, em grande parte, das propriedades da epiderme. Este epitélio constitui
um revestimento celular sem interrupção, que cobre totalmente a superfície exterior do corpo, especializando-se
em algumas zonas para formar os diversos apêndices cutâneos: cabelo, unhas, etc.
A epiderme é composta fundamentalmente por dois tipos de células diferentes:

• A maior parte das células que formam o epitélio queratinizam-se e constituem as camadas superficiais
mortas da pele, são os queratinócitos.

• Também existem outras células nas camadas mais profundas, que não se queratinizam e podem produzir
o pigmento designado melanina, são os melanócitos.

Existem ainda outros tipos de células, que são as células de Langerhans e as de Merckel.

A espessura da epiderme varia entre 0,07 e 0,12 mm na maior parte do corpo, mas pode atingir 0,8 mm na palma
da mão e 1,4 mm na planta do pé. Não tem vasos sanguíneos e possui na parte mais externa uma película invisível
(filme ou manto hidrolipídico).

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Efectuando um corte vertical da epiderme, poder-se-ão distinguir quatro camadas, da profundidade para a
superfície (figura 2):

a) Camada Basal: constituída pelas células que estão em contacto com a derme. As células basais desempenham
um papel fundamental no processo de regeneração da epiderme, devido à sua intensa actividade mitótica. Estas
células recebem os nutrientes por difusão, a partir dos capilares existentes na derme.

b) Camada de Malpighi ou Espinhosa: formada pela sobreposição de quatro ou seis camadas de queratinócitos
poliédricos. Nesta camada, os queratinócitos estão muito coesos, o que explica a capacidade de resistência
mecânica da epiderme.
4

c) Camada Granulosa: constituída por células achatadas que intervêm na síntese de substâncias que, por sua vez,
asseguram a coesão do estrato córneo.

d) Camada Córnea: constituída por células (queratinócitos) totalmente achatadas e anucleadas, que recebem o
nome de corneócitos. A membrana celular dos corneocitos possui uma resistência muito acentuada e, além disso,
está rodeada de um revestimento externo lipídico e de substâncias que actuam como cimento intercelular,
conferindo uma grande resistência a esta camada.

FIGURA 2: Camadas da Epiderme

Note-se que em zonas do corpo nas quais a epiderme necessita de ser mais espessa (palma das mãos e planta dos
pés) existe uma camada, denominada clara ou translúcida, com função protectora.
A epiderme, em condições normais, possui uma elevada capacidade regenerativa. Com efeito, pode renovar-se a
si própria, e de forma completa, num curto espaço de tempo. É sobretudo a camada basal a principal responsável
pela regeneração da epiderme.
Entre a epiderme e a derme, existe uma zona irregular conhecida como Interfase. Forma um desenho variado de
saliências e reentrâncias na camada profunda da epiderme, que encaixa num padrão inverso complementar,
formado pelas irregularidades da derme subjacente. Tradicionalmente, os prolongamentos da derme têm sido
descritos como papilas dérmicas e os da epiderme como cristas epidérmicas.

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Sessão 14
1.1.2. Derme

A espessura da derme é difícil de medir porque se confunde com o tecido celular subcutâneo. No entanto, pensa-
se que a sua espessura varia entre 1 e 2 mm.
A parte mais externa da derme, em contacto com a epiderme, designa-se Derme Papilar, enquanto que a parte
principal, a mais profunda, se designa Derme Reticular.
Numerosos feixes de fibras de colagénio, acompanhados de fibras de elastina, encontram-se imersos numa
substância amorfa, mais ou menos gelificada, constituída por glucosaminoglicanos. Estes três materiais formam o
tecido conjuntivo dérmico, que tem a sua origem na actividade metabólica do fibroblasto, célula principal do
tecido conjuntivo. 5

A Camada Reticular é formada por tecido conjuntivo bastante denso, enquanto que a Camada Papilar é
constituída por tecido conjuntivo mais laxo e com feixes de colagénio muito mais finos.

Em vários níveis da derme, encontram-se os anexos cutâneos: os folículos pilosos e as glândulas sudoríparas e
sebáceas, que são derivações epidérmicas que se prolongam para baixo, para penetrar na derme. Abundam
também os vasos sanguíneos, as terminações nervosas, as células do sistema imunitário e os corpúsculos de
Vater-Pacini, estes últimos capazes de detectar as pressões exercidas sobre a nossa pele.

1.1.3. Hipoderme

É formada por um tecido adiposo subcutâneo de estrutura lobular e bastante difuso, que pode atingir uma
espessura de 3 cm. Nesta camada subcutânea penetram grandes vasos sanguíneos e ramificações nervosas.
O tecido adiposo constitui a grande reserva energética e lipídica do nosso organismo, podendo chegar a pesar
muitos quilos nas pessoas obesas. Esta reserva energética é mobilizada quando a energia utilizada pelos músculos
(glicogénio) se esgota.

1.2. Anexos da Pele

As funções exercidas pela pele que recobre todo o nosso corpo são várias, e delas participam as estruturas anexas
como glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas e folículos pilosebáceos.

O controlo da temperatura interna do nosso corpo deve-se, também, à actividade das glândulas sudoríparas.
Quando estamos em ambientes muito quentes ou realizamos exercícios físicos, eliminamos uma maior
quantidade de suor. Ao atingir a superfície da pele o suor evapora-se, fazendo baixar a temperatura corporal.
Portanto, o suor funciona como um sistema de refrigeração do nosso corpo, além de eliminar uma pequena
quantidade de excreções. Há grande quantidade de glândulas sudoríparas nas axilas, na planta dos pés, na palma
das mãos e na testa. Nas demais regiões do corpo a distribuição é uniforme.

As glândulas sebáceas estão, normalmente, relacionadas aos pêlos. A sua secreção, uma mistura gordurosa, tem
como função proteger a epiderme contra o atrito e contra a excessiva descamação da camada córnea e lubrificar
os pêlos, evitando que eles se quebrem com facilidade. A palma das mãos e a planta dos pés são os únicos locais
do nosso corpo onde não há glândulas sebáceas. A actividade das glândulas sebáceas da nossa pele, assim como a
distribuição de pêlos, é nitidamente influenciada pelas hormonas sexuais.

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Sessão 14
O folículo pilossebáceo compreende o pêlo e as glândulas sebáceas. No pêlo encontram-se as suas bainhas
(conjuntiva, epitelial interna e externa), a haste do pêlo ou parte livre do pêlo, o bolbo piloso e o músculo erector.
A haste é constituída por células mortas queratinizadas dispostas em 3 camadas concêntricas: medula, córtex e
cutícula.

O bolbo, que corresponde à dilatação terminal do folículo, está implantado em ligação estreita com a papila
dérmica com tecido conjuntivo muito vascularizado e inervado, com uma matriz capilar com células de divisão
celular intensa e melanócitos que transferem melanina ao pêlo.

Os pêlos são estruturas que crescem descontinuamente, intercalando períodos de crescimento com períodos de
repouso (época em que o pêlo não cresce). Por exemplo, no couro cabeludo humano, a fase de crescimento (fase 6
anagénica) de cada fio é longa (de 2 a 5 anos), enquanto a fase de repouso (fase catagénese) é curta (três meses
aproximadamente).
Ao final do período de repouso (telogénese), o fio de cabelo cai e, depois de algum tempo, uma nova estrutura
geradora de um fio de cabelo (pêlo) se formará na derme do couro cabeludo. A pigmentação dos pêlos é
semelhante ao processo de coloração da pele.

1.3. Funções da pele

A pele não é uniforme em toda a superfície cutânea, uma vez que se adapta, segundo as zonas, às funções que
tem de desempenhar.
Nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, por exemplo, a epiderme é muito espessa, possuindo uma grande
camada córnea para poder desempenhar a sua função eminentemente protectora.

Pelo contrário, nas pálpebras, a pele é muito fina e tem uma grande quantidade de terminações nervosas que lhe
conferem uma extraordinária sensibilidade.

As funções básicas da pele são, fundamentalmente, cinco:

1.Protecção: devido à sua textura especial e composição, protege os órgãos internos de traumatismos mecânicos,
físicos e químicos, evitando simultaneamente a perda de água e de electrólitos a partir do interior.
A pele protege-nos:
– dos traumatismos mecânicos, através dos estratos dérmico e hipodérmico, que actuam como se fossem
almofadas.
– dos traumatismos físicos, como radiações ultravioleta, através da pigmentação epidérmica.
– dos traumatismos químicos, impedindo a sua penetração através de um epitélio celular compacto, a
nível superficial.

As secreções das glândulas sebáceas e sudoríparas originam a formação de um manto ligeiramente ácido sobre a
superfície da pele, com um pH entre 5 e 6. Este revestimento ácido tem uma função protectora, inibindo o
desenvolvimento de bactérias e fungos existentes na pele.

2.Termorregulação: os fenómenos de vasodilatação e vasoconstrição da rede vascular cutânea (fazem com que a
temperatura da pele aumente ou diminua) conduzem a um aumento ou diminuição da temperatura da pele.

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3. Sensação: tacto, pressão, dor, etc. são captados por receptores sensoriais e/ou corpúsculos sensoriais que os
transmitem ao sistema nervoso central por meio das raízes medulares dorsais.

4.Secreção: as glândulas de secreção podem ser sudoríparas ou sebáceas. As glândulas sudoríparas podem ser
écrinas ou apócrinas. O suor contribui para regular a temperatura do corpo e a secreção sebácea (sebo) protege a
pele da secura.

5. Excreção: Em condições patológicas, com a produção de grandes quantidades de camada córnea, poder-se-ão
perder elementos constitutivos do epitélio, especialmente enxofre e proteínas.

Em condições normais, através do suor que contém 99% de água, são eliminados sais minerais, ureia, ácido úrico, 7
ácidos gordos e colesterol.

Pode-se assim compreender a importância vital da pele para a manutenção das diferentes funções biológicas do
corpo humano. De tal forma, que o próprio organismo possui um mecanismo fisiológico que, em condições
normais, garante a manutenção da integridade cutânea através de uma renovação celular constante e controlada.

2. Inervação cutânea
Existem terminações nervosas livres e terminações nervosas em corpúsculos. As primeiras terminam nos
receptores do calor e frio, nos receptores da dor e a nível das células de Merckel.
Já as terminações em corpúsculos são constituídas por células especializadas que se encontram na derme,
constituindo os seguintes corpúsculos do tacto:
 Corpúsculos de Meissner – localizados nas papilas dérmicas na polpa dos dedos, com sensibilidade ao
toque
 Corpúsculos de Krause – situados na derme superficial da pele espessa e da pele com pêlos, com
sensibilidade é pressão e ao alongamento.
 Corpúsculos de Vater – Pacini – situados na derme profunda, com sensibilidade às vibrações.

3. Vascularização da Pele
Existe uma complexa rede de arteríolas, vénulas e capilares, a nível da derme e da hipoderme, pois a epiderme
não possui vasos sanguíneos. O sistema vascular é formado por várias redes paralelas à superfície da pele,
formando os plexos: subdérmico e subpapilar. O plexo subpapilar liga-se à papila dérmica por capilares papilares
paralelos à superfície da pele. Os vasos linfáticos acompanham a rede sanguínea e permitem a drenagem da linfa.
São diversas as funções exercidas pela vascularização cutânea:
 Nutrição da pele e órgãos anexos devido à permeabildiade da membrana basal da junção
demoepidérmica
 Termorregulação do corpo e do equilíbrio da tensão arterial, pela vasomotricidade dos vasos dérmicos.
 Drenagem de metabolitos pelo sistema venoso e pelo sistema linfático
 Defesa em certos tipos de agressão

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4. O Manto hidrolipídico ou Filme Hidrolipídico

É constituído pelas excreções produzidas pelas glândulas sebáceas e sudoríparas, pela lise do conteúdo celular
das células da camada córnea que queratinizaram e por queratina.

Trata-se de uma emulsão do tipo água em óleo formada por uma fracção lipossolúvel (ceramidas, colestreol,
ceras, ácidos gordos e triglicerideos) e por uma fracção hidrossolúvel (água, cloretos de sódio, potássio, cálcio,
magnésio e substâncias orgânicas como ureia, aminoácidos, amoníaco, vitaminas e glicose).

A composição quantitativa deste filme hidrolipídico varia de acordo com a idade, sexo, as regiões do corpo, as 8
características genéticas e ambientais em que vive o indivíduo. Em relação à idade, a percentagem de lípidos no
filme hidrolipídico é elevada no nascimento, para diminuir na infância e se elevar durante a puberdade e baixar
novamente no idoso.
O teor em lípidos nessa película é mais elevada no homem, tendo, quanto às regiões do corpo, a face e o tórax
valores mais elevados do que o abdómen, os braços e as pernas.

Nas funções exercidas pela película hidrolipidica destacamos as seguintes:


 Protecção da epiderme, como humectante em relação à desidratação e contra o excesso de
humidificação
 Estabilização do pH, devido ao poder tampão exercido, sobretudo pelos aminoácidos e sais, o que
permite a presença de uma flora saprófita que defende a pele contra microrganismos patogénicos.
 Lubrificação e protecção da camada formada por células mortas (camada córnea), de células anucleadas e
queratinizadas com o que forma, assim, uma barreira contra as agressões externas

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