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1 Ciclo Aluno

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Lições Bíblicas

Discipulando

Conhecendo
Jesus eo
Reino de Deus
Lições Bíblicas

Discipulando
Comentarista: César Moisés Carvalho

Lição 1 Lição 2 Lição 3


A Necessidade 0 Fracasso de Israel Quem é
Humana: 0 Problema em Representar o Jesus
do Pecado Reino de Deus

18 Lição 5 23 Lição 6 28
O Caráter O Ministério O Novo
de Jesus de Jesus Mandamento

Lição 7 Lição 8 Lição 9


A Mensagem de 0 Reino de Deus A Morte
Jesus - 0 Reino já teve Início de Jesus
de Deus

Lição 10 48 Lição 11 53 Lição 12 58


A Ressurreição A Salvação Sendo um Discípulo
de Jesus em Cristo de Jesus

Lição 13
Igreja: Uma Expressão
do Reino de Deus
Discipulando CM)

EDITORIAL CASA PUBLICADORA DAS


ASSEMBLÉIAS DE DEUS
Caro professor, as novas revistas Discipu-
lando chegam com uma proposta perma­ Av. Brasil, 34.401 - Bangu
Rio de Janeiro - RJ - cep: 21852/002
nente de um rico discipulado. Após sete
Tel.: (21) 2406-7373 / Fax: (21) 2406-7326
anos de sucesso com o antigo currículo, os
professores de Escola Dominical se veem
agora diante de novos desafios, agendas Presidente da Convenção Geral das
e complexidades que fazem com que Assembléias de Deus no Brasil
José Wellington Costa Júnior
eles sintam a necessidade de contar com
revistas que atendam a esses desafios Presidente do Conselho Administrativo
José Wellington Bezerra da Costa
contemporâneos.
Este material foi pensado e planejado Diretor Executivo
visando ao desenvolvimento integral e Ronaldo Rodrigues de Souza
permanente do novo convertido. Este, por Gerente de Publicações
sua vez, entrará numa nova realidade, em Alexandre Claudino Coelho
um novo mundo até então desconhecido Gerente Financeiro
para ele. O desafio de qualquer discipu- Josafá Franklin Santos Bomfim
lador é fazer com que o seu discipulando Gerente de Produção e Arte & Design
deseje cada vez mais parecer-se com o Jarbas Ramires Silva
maior discipulador de todos os tempos:
Gerente Comercial
Jesus de Nazaré. Cícero da Silva
Portanto, este também é o desafio da
Gerente de Comunicações
CPAD, ou seja: produzir um material que Leandro Souza da Silva
desperte nos alunos do discipulando a
Gerente da Rede de Lojas
inspiração de ser igual a Jesus e de com­ João Batista Guilherme da Silva
preender os aspectos manifestos do Reino
de Deus e da sua Justiça no mundo. Chefe de Arte & Design
Wagner de Almeida
Chefe do Setor de Educação Cristã
Marcelo Oliveira
Projeto Gráfico
Leonardo Engel
Lição 1
Estudada em / /

A Necessidade
Humana:
o Problema
do Pecado
TEXTO BÍBLICO BASE
Romanos 3.9-11; 5.12-14

Romanos 3
MEDITAÇÃO 9 - Pois quê? Somos nós mais excelen­
tes? De maneira nenhuma! Pois já dantes
“Porque todos pecaram e destituí­
demonstramos que, tanto judeus como
dos estão da glória de Deus”
gregos, todos estão debaixo do pecado,
(Rm 23.3).
10 - como está escrito: Não há um justo,
nem um sequer.
11 - Não há ninguém que entenda; não há
ninguém que busque a Deus.

Romanos 5
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA 12 - Pelo que, como por um homem entrou
• SEGUNDA - Gênesis 4.7 o pecado no mundo, e pelo pecado, a mor­
• TERÇA - 2 Crônicas 7.13,14 te, assim também a morte passou a todos
os homens, por isso que todos pecaram.
• QUARTA - Salmos 1.1
13 - Porque até à lei estava o pecado no
• QUINTA - Mateus 9.13 mundo, mas o pecado não é imputado não
• SEXTA - Lucas 7.36-50 havendo lei.
• SÁBADO - João 1.29 14 - No entanto, a morte reinou desde
Adão até Moisés, até sobre aqueles que
não pecaram à semelhança da transgres­
são de Adão, o qual é a figura daquele que
havia de vir.

Discipulando Aluno | Primeiro Ciclo 3


INTRODUÇÃO punições, portanto, servia como um nor­
te para que o ser humano tivesse uma
Uma das primeiras e mais duras verda­
direção. Lamentavelmente, representada
des que tomamos conhecimento quando
pelo casal progenitor, a humanidade op­
passamos a ter consciência, é que um dia
tou por desobedecer ao Criador e assim
iremos morrer. Isso Leva-nos a refletir o
transgrediu a ordem divina expressa (Gn
porquê de não apenas morrermos, mas
24).
3.1- Tal desobediência e transgressão,
também o porquê de existirmos. Quando
conhecida como “Queda”, rompeu a relação
nos perguntamos acerca desse assunto,
da criatura com o Criador, alterando todas
chegamos ao maior e mais decisivo acon­
as demais relações (Gn 3.9-24). A harmo­
tecimento de que se tem notícia, que é o
nia que antes havia fora então quebrada.
fato de Deus ter decidido criar, por amor,
O Reino de Deus, isto é, o reinado divino
o universo e a humanidade (Gn 1.12.25; Jo
que contava com a participação humana
1.1-
5; Hb 11.3). Contudo, o modo como ELe
em sua administração, passou agora a ser
decidiu criar-nos, isto é, Livres e não autô­
um desejo praticamente inatingível, pois o
matos, fez com que fôssemos responsá­
mundo tornara-se o reino humano no pior
veis peLa decisão de viver segundo nossa
sentido da expressão (Gn 3.17,23). A dor e a
própria maneira e não de acordo com a
morte tornaram-se uma realidade.
forma que o Criador estipulara. Esse é o
ponto de partida para se entender a triste 1.3 - Redenção. Desse triste episódio
realidade do pecado (Rm 3.9,10; 5.12-14). em diante, a tentativa desesperada da
humanidade é “voltar” ao estado paradi­
1. A CRIAÇÃO PERFEITA E A síaco do mundo ou recriá-Lo à sua própria
ORIGEM DO PECADO forma e maneira. A humanidade, mesmo
sem Deus, percebe que há alguma coisa
1.1 - Criação. Criada à imagem e se­
errada, consigo e com o mundo, e procura
melhança de Deus (Gn 1.26; 5.2; Tg 3.9), a
de todas as formas consertá-Los. Por ► 1.3 -
humanidade recebeu um propósito muito
Redenção. Desse triste episódio em diante,
específico: administrar o planeta (Gn 2.15-
a tentativa desesperada da humanidade é
17). O primeiro casal vivia em plena harmo­
“voltar” ao estado paradisíaco do mundo
nia entre si, com a natureza e com o Criador
ou recriá-Lo à sua própria forma e maneira.
(Gn 2.18-25; 3-8). Na realidade, eles viviam
A humanidade, mesmo sem Deus, percebe
literalmente a plenitude do “Reino de
que há alguma coisa errada, consigo e
Deus”, ou seja, eram dirigidos, orientados
com o mundo, e procura de todas as for­
e plenamente adaptados tanto à dimensão
mas consertá-Los. Por isso, em toda a sua
física, humana, social e natural do mundo;
trajetória é possível verificar as diversas
quanto à dimensão espiritual e sensível
criações humanas que intentam produzir
com o Criador. Não há como saber quanto
uma realidade melhor: religião, filosofia,
tempo durou tal condição no mundo, fato política, ciência, ideologia, etc. Todas, po­
é que não havia choques ou disputas por rém, têm se mostrado insuficientes, pois
espaços, pois durante esse período tudo a transgressão humana exige um paga­
funcionava harmoniosamente. mento (redenção) que somente Deus pode
1.2 - Queda. Juntamente com a or­ saldar. Assim, como ato de misericórdia o
dem de cuidar do planeta, a humanidade Criador, ainda na cena do terrível episódio
recebeu uma orientação ética (Gn 2.15-17). da Queda, mencionou uma promessa de­
Como é possível verificar, tal orientação nominada pelos teólogos de protoevange-
continha deveres, direitos, proibições e Lho. ELe disse à serpente que da “semente”

4 Discipulando Aluno 1
da mulher nascería um descendente que pessoa alguma que não peque”, já reco­
Lhe esmagaria a cabeça (Gn 3.14,15 cf. Ap nhecia o sábio rei Salomão na cerimônia
20.2), destruindo o poder do pecado. de dedicação do Templo em Jerusalém,
muitos séculos depois de o casal repre­
2. A NATUREZA EA sentante da humanidade ter pecado pela
REALIDADE DO PECADO primeira vez (2 Cr 6.36).
2.1 - O pecado e sua universalidade. O 2.3 - O pecado estrutural. Mesmo a
texto paulino registrado em Romanos 3.23 humanidade tendo, através da desobe­
informa que “todos pecaram e destituídos diência e consequentemente rebelião,
estão da glória de Deus”. Os versículos aberto mão de seu direito de ser gover­
nove a onze do mesmo capítulo tratam nada por Deus, o Criador, ciente de que
igualmente desse assunto e informam a maldade humana não tem Limite, por
que a realidade do pecado é irrevogável sua misericórdia, desde os tempos de
do ponto de vista humano. A despeito de Moisés, transmitiu Leis para proteger os
o povo de Israel ter sido usado por Deus menos favorecidos (Lv 19.9-18; Dt 23.7,8).
como canal por onde o mundo recebeu Todavia, a maldade humana é tão terrível
a promessa de que seria abençoado (Gn que, mesmo assim, o povo que deveria
3),
12.1- o apóstolo Paulo, que também servir como um exemplo ao mundo todo
era judeu, diz que mesmo o seu povo do que significava ser governado por Deus
em nada é mais excelente, ou melhor, do (Êx 19.6; Dt 4.5-8), resolve, por causa da
que as demais nações e povos. Em outras natureza pecaminosa, rebelar-se contra o
palavras, todos igualmente estão debaixo Deus que o havia Libertado (Êx 20.2; 1 Sm
da maldição do pecado, isto é, “não há um 8.4-22). Como o Senhor advertira, o resul­
justo, nem um sequer”, pois ninguém, por tado da rebelião não podería ser outro,
si mesmo, entende e muito menos busca Israel terminou tornando-se novamente
a Deus (Rm 3.10,11). escravo e assim passou a aspirar ainda
2.2 - O pecado pessoal. A doutrina mais o reinado divino sobre si (Lv 18.24-
cristã ensina que a humanidade peca 30; 20.22; 2 Cr 30.6-9). Mesmo no exílio,
justamente por ser pecadora e não o con­ a misericórdia divina é tão grande, que
trário, ou seja, não se torna pecadora ao a condenação de Nabucodonosor, rei da
pecar. Desde quando o Criador advertira Babilônia, conforme dissera Daniel, talvez
Caim, a Bíblia nos mostra que o pecado fosse revogada se ele fizesse justiça aos
está sempre nos espreitando querendo menos favorecidos (Dn 4.27).
fazer com que cedamos (Gn 4.7). Na ver­
dade, conforme vemos em Gênesis 6.5, o
3. O SOFRIMENTO HUMANO
próprio Criador constatara, em relação à EA PRIVAÇÃO DE DEUS
humanidade, que “toda a imaginação dos 3.1 - Consequências físicas do peca­
pensamentos de seu coração era só má do. Dos transtornos proporcionados pela
continuamente”. Se antes de transgredir, Queda, a morte talvez seja uma das mais
ou desobedecer, a vontade humana era visíveis e cruéis consequências (Rm 5.12).
inclinada a manter-nos sendo o que Deus No entanto, até que cheguemos a este
projetou-nos para que fôssemos, agora momento final, o drama humano é per­
nossa natureza fora completamente de­ meado por angústias, doenças e males di­
turpada, Levando-nos, às vezes até mesmo versos, tal como dissera o Criador no triste
a contragosto (Rm 7.15-23), a nos rebelar evento da Queda (Gn 3.16-19). O desastre
contra Deus através do pecado. “Não há causado pela desobediência humana atin­

Primeiro Ciclo 5
giu proporções tão drásticas que até mes­
mo a natureza foi atingida negativamente,
pois o Senhor dissera que a terra passara A escravidão e a
a ser maldita (Gn 3.17). É justamente por
isso que as Escrituras falam sobre o fato subserviência nunca
de que “a criação geme e está juntamente
com dores de parto até agora” (Rm 8.22).
fizeram parte do pla­
A harmonia que era tão real no jardim do
Éden fora completamente transtornada,
no original de Deus
trazendo terríveis consequências físicas,
tanto para a humanidade quanto para o
para a humanidade.
restante da criação.
3.2 - Consequências sociais do pe­
cado. Desde o início é perceptível que o CONCLUSÃO
Criador planejara a vida em sociedade
Como vimos nessa primeira lição, o
para todos os seres humanos (Gn 1.28;
pecado é um efeito colateral decorrente
2.18). Mas até mesmo essa característica
do fato de não termos sido criados como
da humanidade foi transtornada pelo pe­ autômatos e sem vontade própria. Por esse
cado. O desejo egoísta de dominar logo ato aprendemos que Deus não queria seres
aflorou, fazendo com que uns tivessem robotizados e sem capacidade de pensar,
poder sobre a vida dos outros (Gn 10.8,9; mas justamente o inverso, isto é, o Criador
6).
11.1- A escravidão e a subserviência optou por criar seres livres. Isso, inclusive,
nunca fizeram parte do plano original de custou a Ele o preço de ser rejeitado pela
Deus para a humanidade, porém, torna- humanidade que, por amor, criara. Se por
ram-se uma das consequências da Queda um lado isso possibilitou a humanidade
(Lc 22.24-26). rejeitar o Deus Criador, por outro trouxe
3.3 - Consequências espirituais do também obrigações a cada um de nós, pois
pecado. Apesar de vermos o quanto o somos responsáveis por nossas decisões e
pecado afetou a humanidade, primeira­ atitudes, em relação a Deus, a nós mesmos
mente em seu aspecto pessoal, atingindo e às demais pessoas.
até mesmo a própria natureza, a “morte”
mencionada pelo Criador a Adão, como APROFUNDANDO-SE
se pode ver, não se referia simplesmente “O ponto de vista bíblico é que o pecado
à morte física, ou a cessação da vida, mas originou-se no abuso da liberdade conce­
apontava para a privação momentânea dida aos seres criados, os que foram equi­
da presença divina durante a vida terrena pados com o uso da vontade. Não foi Deus
do ser humano e, posteriormente, a sepa­ o criador do mal. O mal é uma questão de
ração eterna de Deus (Gn 2.17). Chamada relacionamento e não algo provido de subs­
de “segunda morte” trata-se da pior con­ tância. Basicamente, desconsidera a glória,
sequência que pode vir sobre qualquer a vontade e a Palavra de Deus. Rompe com
ser humano, pois significa o banimento e a relação de obediência para com a fé em
a deserção eterna da presença do Cria­ Deus, e toma a decisão de falhar diante dEle.
dor, privando a criatura completamente A vontade é um importante corolário da
de voltar à sua fonte originária (Ap 2.11; personalidade racional. A ação moral é aqui­
20.6,14; 21.8). lo que determina o caráter. E isso envolve

6 Discipulando Aluno 1
um tremendo risco, o de fracassar. Deus, ao 4. Cite as três principais consequências
prover espaço para a tomada de decisões do pecado.
Livres e morais aos anjos e seres humanos
que criou, teve de permitir a possibilidade
do fracasso em algumas de suas criaturas.
Sem essa possibilidade, não haveria Liberda­
de genuína nem verdadeira personalidade.
5. O que é a “segunda morte”?
O pecado, por conseguinte, originou-
-se da Livre escolha das criaturas de Deus.
Em Lugar de crer e confiar em Deus, e
corresponder a seu admirável amor e à sua
provisão, destronaram-no, e entronizaram
o próprio ‘eu’. A incredulidade e o desejo
de exaltar o próprio ‘eu’ foram elemen-
SUGESTÃO
tos-chaves do primeiro pecado” (William DE LEITURA
Menzies e Stanley Horton. Doutrinas Bíbli­ Teologia Sistemática: Uma Pesperctiva
cas: Os Fundamentos da nossa Fé. 5.ed. Rio Pentecostal
de Janeiro: CPAD, pp.72,74).
Uma obra completa para os principais te­
mas doutrinários para o professor dominical
Manual do Professor de Escola Dominical
VERIFIQUE SEU Esta obra tem a finalidade auxiliar os
APRENDIZADO educadores cristãos através de um estilo
claro e preciso
1. Segundo o primeiro ponto da Lição, quais
são os três elementos estruturais que sin­ Manual do Discipulador Cristão
tetizam a trajetória humana? Descubra a importância de ser e fazer
discípulos.

Você Sabia?
2. Cite os dois aspectos principais da uni­
Que o “tema da salvação já aparece
versalidade do pecado.
em Gênesis 3.15, na promessa de que o
Descendente - ou ‘semente’ - da mu­
lher esmagará a cabeça da serpente.
‘Este é o protoevangelium [protoe-
vangelhol, o primeiro vislumbre da
3. Em sua opinião, por que Deus abomina o salvação que virá através daquELe
pecado estrutural tanto quanto o pecado que restaurará o homem à vida”'
pessoal? (Daniel B. Pecota. A Obra Salvífica
de Cristo In Stanley Horton (Ed.). Te­
ologia Sistemática: Uma Perspectiva
Pentecostal. i.ed. Rio de Janeiro: CPAD,
1996, p.337).

Primeiro Ciclo 7
O Fracasso de

Representar
o Reino de Deus
% *.

TEXTO BÍBLICO BASE


Romanos 2.17-24
MEDITAÇAO
17 - Eis que tu. que tens por sobrenomeju- "Porque todos sois filhos de Deus
deu, e repousas na lei. e te glorias em Deus; pela fé em Cristo Jesus; porque todos
18 - e sabes a sua vontade, e aprovas as quantos fostes batizados em Cristo
coisas excelentes, sendo instruído por lei; já vos revestistes de Cristo. Nisto
19 - e confias que és guia dos cegos, luz não há judeu nem grego: não há
dos que estão em trevas, servo nem livre; não há macho nem
fêmea; porque todos vós sois um
20 - instruidor dos néscios, mestre de
em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo,
crianças, que tens a forma da ciência e da
então, sois descendência de Abraão
verdade na lei;
e herdeiros conforme a promessa”
21 - tu, pois, que ensinas a outro, não te
(Gl 3.26-29 - ARA).
ensinas a ti mesmo? Tu. que pregas que
não se deve furtar, furtas?
22 - Tu, que dizes que não se deve adulte­
rar, adulteras? Tu, que abominas os ídolos,
REFLEXÃO BIBUCA DIARIA
cometes sacrilégio?
• SEGUNDA - Gênesis 12.1-3
23 - Tu, que te glorias na lei. desonras a
Deus pela transgressão da lei? • TERÇA - Deuteronômio 7.1-11
24 - Porque, como está escrito, o nome de • QUARTA - Zacarias 8.22
Deus é blasfemado entre os gentios por
• QUINTA - Mateus 23.34-38
causa de vós.
• SEXTA - Romanos 2.25-29
• SÁBADO - Gálatas 5.6

8 Discipulando Aluno I Primeiro Ciclo


INTRODUÇÃO suas noras sobreviveram e assim a terra
foi repovoada, dando continuidade à raça
Mesmo tendo visto a humanidade
humana (Gn 7.1—9,19).
virar-lhe as costas em franca rebelião, o
Criador não desistiu de nós. Isso, a despeito 1.2 - A Torre de Babel. Não é possível
de o Senhor reconhecer que “a imaginação saber quantos séculos se passaram para
do coração do homem é má desde a sua que a terra fosse repovoada, o fato é que
meninice" (Gn 8.21). Na realidade, o que a humanidade desenvolveu apenas uma
a Palavra de Deus relata, em toda a sua língua e a comunicação se fazia sem limi­
extensão, desde o Antigo até o Novo Tes­ tes (Gn 11.1). Isso, porém, longe de criar um
tamento, é a incessante misericórdia divina mundo melhor, fez com que a humanidade
procurando resgatara humanidade caída intentasse “recriar o paraíso" através da os­
(Jr 32.30-44: Jo 3.16). Nessa segunda lição tentação (Gn 11.2-6). O próprio Criador per­
veremos o desenrolar do plano divino, so­ cebeu que a maldade que havia no coração
bretudo no período bíblico, e como Deus, da humanidade não levaria aquele projeto
mesmo diante da rebelião humana, não de construção de uma torre a bom termo.
desiste de propiciar meios de resgatar-nos. Sua construção serviría para distanciar a
humanidade ainda mais de si e do Senhor
1. DEUS CHAMA ABRAÃO Deus, por isso, o Criador, novamente por
1.1 - O Dilúvio. Séculos depois de a amor e compaixão, fez com que surgisse
humanidade representada pelo primeiro a diversidade de línguas, levando-os a
casal ter pecado e caído (Gn 3.1-24), a Bíblia espalharem-se por toda a terra (Gn 11.7-9).
informa que a rebeldia e a afronta contra 1.3 - A chamada de Abraão. O texto
Deus atingiram proporções inimagináveis bíblico informa que da família do filho pri­
(Gn 6.1-5,11,12). Tão crescentes foram as mogênito de Noé, Sem, nasceu Abrão (Gn
manifestações de rebelião, que o Criador 11.10-31). Habitante de Ur dos Caldeus, na
“arrependeu-se" de ter criado a humani­ Mesopotâmia, Abrão, saiu com destino a
dade e resolveu julgá-la de forma drástica Canaã e, sem conhecer a Deus, foi chamado
(Gn 6.6). Em outras palavras, Ele decidiu pelo Criador para peregrinar, por fé, defini­
destruir a humanidade do mundo antigo (Gn tivamente a uma terra desconhecida que,
6.7). Mesmo assim, conforme já foi dito na posteriormente prometeu o Senhor, seria
introdução, o Criador não desistiu da raça dada aos descendentes do patriarca (Gn
humana, pois, a despeito de todo o pecado 12.1; 15.18). Na verdade, a primeira grande
do mundo de então, Ele encontrou em Noé, promessa que o Criador fez a Abrão foi jus­
alguém que o temia, isto é, respeitava, sen­ tamente a de fazer dele uma grande nação
do uma pessoa justa e reta que procurava (Gn 12.2). Embora pouco se reflita acerca de
ter intimidade com o Criador (Gn 6.8-10). o porquê de Deus ter feito essa promessa
Ainda que Deus tenha determinado o ao patriarca, é importante observar que
seu juízo sobre o mundo, Ele usou Noé não ela tinha o propósito de que, a partir da
apenas para construir a arca que protege­ família de Abrão, se formasse uma nação
ria a este e sua família (Gn 6.13-22), mas que seria fonte de bênção para o mundo
também o levou a pregar e anunciar tal todo e não apenas para si mesma. O texto
juízo à humanidade, oferecendo a todos diz que Abrão seria “uma bênção" para que,
a chance de se arrepender, salvando-se nele, isto é, em sua atitude de crer, fossem
da catástrofe iminente (1 Pe 3.20; 2 Pe 2.5). “benditas todas as famílias da terra" (Gn
Como se sabe, apenas Noé, sua esposa, 12.2,3). Talvez pelo fato de o próprio Abrão,
seus três filhos — Sem, Cam e Jafé — e que significa “pai exaltado", não ter enten­

Primeiro Ciclo 9
dido, é que Deus mudou o seu nome para tendo de servir a um povo diferente (Gn
Abraão que pode ser traduzido para "pai de 15.13). Após o periodo áureo do povo es­
uma multidão" (Gn 17.5). Apesar de o foco de colhido no pais, "levantou-se um novo rei
nossa reflexão não ser o milagre de o casal sobre o Egito, que não conhecera a José, o
ter tido um filho em sua velhice, é digno de qual disse ao seu povo: Eis que o povo dos
menção que o cumprimento da promessa filhos de Israel é muito e mais poderoso do
de fazer de Abraão uma grande nação, só que nós” (Êx 1.8,9). Com essa observação,
pôde tornar-se uma realidade porque o o faraó intentava promover um genocídio
Senhor permitiu que Sara, idosa e estéril, eliminando todos os bebês israelitas (cha­
concebesse Isaque, o filho da promessa mados de hebreus) do sexo masculino (Êx
(Gn 16.1; 21.1-13). 1,15,16), ao mesmo tempo em que oprimia
os descendentes de Abraão (Êx 1.11-14). O
2. A FORMAÇÃO DO POVO pequeno clã tornara-se numeroso, e mes­
SANTO E DO REINO mo subjugados a condição de escravos,
multiplicaram-se tanto que o Egito não
SACERDOTAL pode mais segurá-los. Tal, porém, não
2.1 - Jacó e Esaú. É interessante e ocorreu de forma tão rápida como se pode
curioso notar que Isaque era filho de pensar. Desde a ordem do faraó para que
uma mulher estéril e, ao casar-se, o fez se eliminassem os meninos hebreus, até a
sem saber, com Rebeca, que também libertação do povo de Israel, passaram-se
era estéril. Após vinte anos de oração oito décadas! Os hebreus tornaram-se um
ela concebeu e teve dois filhos: Esaú e grande povo e. sob a liderança de Moisés,
Jacó (Gn 25.19-28). Cercados por conflitos após o terrível juízo das dez pragas (Êx
familiares que se iniciaram ainda na ges­ 3.112.51), deixaram o Egito em direção à ter­
tação, Esaú tornou-se mais apegado com ra que Deus prometera a Abraão (Gn 12.6,7;
Isaque, e Jacó, por sua vez, com Rebeca 13.14-17; 1518-21; Êx 2.23-25; 3 6-9,15-17).
(Gn 25.22,28,29-34). Após uma conturbada
2.3 - De uma tribo nômade a uma
convivência, os dois irmãos separaram-se,
grande nação. Chamado para ser um rei­
reconciliando-se depois de duas décadas no sacerdotal (Êx 19.6), isto é, mediador da
(Gn 31.41 cf. 32.233.17). Foi durante o trajeto
relação entre Deus e a humanidade, Israel
desse encontro que Deus mudou o nome
recebera responsabilidades inerentes
de Jacó para Israel (Gn 32.22-32), nome
aos seus privilégios (Dt 4.32-40; 7.6-11).
este que designou primeiramente o povo Todavia, desde a saída do Egito (Êx 14.10-
escolhido e que, até os dias de hoje, de­
12), tudo indicava que o povo teria muita
signa também o pais. Assim, a formação dificuldade em cumprir o seu mandato.
das doze tribos de Israel vem dos filhos de Mesmo assim, visando formá-los, Deus
Jacó, entre os quais temos José que, após promulgou leis e estatutos para educar e
ser vendido por seus irmãos, de escravo garantir que o processo de libertação ini­
tornou-se governador no Egito (Gn 371-36; ciado no Egito fosse completo (Êx 20.2; Dt
39.141.57). Dessa forma o povo de Israel 4.1-
49; 6.1-25). Esse “estágio” de quarenta
formou-se no Egito. anos de peregrinação no deserto era uma
2.2 - De escravos a um grande povo. forma de Deus moldar o caráter do seu
Apesar de Deus não ter revelado a forma povo, punindo os ingratos e sempre ofe­
como introduziría os descendentes de recendo uma nova oportunidade, pois Ele
Abraão no Egito, Ele revelou que ali os sabia o que aquela imensa tribo nômade
familiares do patriarca seriam afligidos que caminhava no deserto se tornaria

10 Discipulando Aluno 1
futuramente, ou seja, uma grande nação decidiu que não mais queria essa forma
que deveria representar o que significava de governo, antes, como todas as nações,
ser governado pelo Criador (Nm 14.33; Dt exigiram um rei, o Criador disse a Samuel:
2.7; 8.2,4; 29.5). “Ouve a voz do povo em tudo quando te
disser, pois não tem te rejeitado a ti; antes,
3.0 FRACASSO DE ISRAEL a mim me tem rejeitado, para eu não reinar
EM REPRESENTAR O QUE sobre ele” (1 Sm 8.7 cf. 10.17-19). Em sua
misericórdia, o Criador ainda advertiu os
SIGNIFICAVA SER
filhos de Israel através de Samuel, ofe­
GOVERNADO POR DEUS recendo um prognóstico do que seria a
3.1 - O período dosjuízes. Após a mor­ realidade do povo durante a monarquia (1
te de Moisés, seu principal auxiliar, Josué, Sm 8.9-22). Entretanto, mesmo assim, os
tornou-se seu sucessor e introduziu o povo descendentes de Abraão que deveríam
de Israel na terra que Deus prometera a ser diferentes e demonstrar o que signifi­
Abraão (Dt 31.1-29; 34.1-12; Js 1.1-18). Josué cava ser governado diretamente por Deus,
inaugura o período dos chamados juizes, preferiram ser como as demais nações.
uma época de duração incerta (cerca de 3.2 - Os períodos dos reinos unido e
300 ou 400 anos), onde Deus levantava dividido. Com Saul tem início o período da
pessoas que tinham o papel de orientar monarquia em Israel (1 Sm 10.1-27). Este
o povo acerca de qual caminho tomar (Js então foi sucedido por Davi que, por sua
24.26-33; Jz 2.16-23). Lamentavelmente, vez, foi sucedido por seu filho Salomão (1
após a morte de Josué, levantou-se uma Sm 16.1-13; 2 Sm 2.1-32; 1 Rs 2.1-46). Esses
nova geração do povo que fora chamado três reis formam o período do chamado
para ser santo, ou seja, separado exclu­ reino unido e teve a duração de 120 anos,
sivamente para Deus, figurando como sendo quarenta para cada reinado. Depois
modelo para os outros povos. Tal gera­ de Salomão, Israel dividiu-se em dois rei­
ção, informa-nos o livro de Juizes, “não nos, o do Sul (chamado de Judá) com duas
conhecia o Senhor, nem tampouco a obra tribos, e o do Norte (chamado de Israel)
que fizera em Israel” (Jz 2.10). Conforme se com as outras dez tribos.
pode verificar no livro de Juizes (sobretu­
3.3 - Israel perde a soberania e volta
do na abertura de cada capítulo), o povo
a ser escravo. Por estar dividido, Israel
seguiu cambaleante e, em vez de aceitar
enfraqueceu-se e, em 722 a.C., a Assíria
o método de governo escolhido por Deus, põs um fim ao reino do Norte. Em 581 a.C.,
preferiu tornar-se como as outras nações, depois de três etapas de cativeiros, foi a
pois como sugere o último versículo do vez do reino do Sul ser definitivamente
referido livro, “Naqueles dias, não havia aniquilado pela Babilônia. Assim, além de
rei em Israel, porém cada um fazia o que os descendentes de Abraão nunca terem
parecia reto aos seus olhos” (Jz 21.25). Para conseguido ocupar todo o território que
o povo escolhido, a solução estava em se Deus prometera ao patriarca, acabaram
ter um rei. perdendo completamente a sua sobe­
Nesse contexto nasceu Samuel que, rania, tornando-se novamente vassalos
praticamente, exerceu os ofícios de juiz, e “escravos" de outros povos. Apesar de
profeta e sacerdote em Israel (1 Sm 3.19; Israel ter tido oportunidade de voltar à sua
7.5-17; 12.1-25). Ele foi responsável por fa­ terra, sua soberania só foi estabelecida no
zer a transição entre o período dosjuízes século passado quando, em 14 de maio de
e a monarquia. Quando o povo de Deus 1948, foi criado o moderno estado de Israel.

Primeiro Ciclo 11
CONCLUSÃO 2. Para quê Deus formou a nação de Israel?

Apesar de todos esses tristes acon­


tecimentos, o apóstolo Paulo diz que a
queda de Israel significou a glória e a opor­
tunidade de os outros povos participarem
do plano divino de salvação. O apóstolo
se expressa retoricamente a respeito de
Israel, dizendo que “se a sua queda é a 3. De acordo com a lição, qual foi a finali­
riqueza do mundo, e a sua diminuição, a dade da peregrinação de quarenta anos
riqueza dos gentios, quanto mais a sua do povo de Israel?
plenitude!” (Rm 11.12).

APROFUNDANDO-SE
Conhecida como "teologia da subs­
tituição", existe uma ideia equivocada
de que atualmente a Igreja é o Israel de 4. Cite os três principais períodos da his­
Deus, e que. por isso, pode desfrutar de tória de Israel.
todas as bênçãos materiais prometidas
por Deus ao seu povo no Antigo Testa­
mento. Apesar de a Bíblia, de fato, ensinar
algo acerca desse ponto, o erro está em
como se interpreta tal questão. Conforme
instrui-nos o apóstolo Pedro, a missão da 5. De acordo com 1 Pedro 2.9, fomos cha­
Igreja, como "geração eleita, sacerdócio mados para quê?
real, nação santa e povo adquirido", assim
como Israel, é anunciar “as virtudes da­
quele que ínosl chamou das trevas para
a sua maravilhosa luz" (1 Pe 2.9), e repre­
sentar o que significa ser governado por
Deus, nada tendo com domínio do mundo.

VERIFIQUE SEU
Você Sabia?
APRENDIZADO
1. Abraão foi chamado por Deus para ser Que a chamada “Torre de Babel”
uma bênção. Explique. era uma espécie de zigurate, algo
parecido com uma pirâmide? E que,
à época, era um dos monumentos
mais altos do mundo?
Para conhecer mais leia R. K. Harrison.
Tempos do Antigo Testamento: Um
contexto social, político e culturaL i.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2010. pp.52-54.

12
Estudada em / /

Quem é
Jesus

TEXTO BÍBLICO BASE


Marcos 1.1-8

1 - Principio do evangelho de Jesus Cristo.


Filho de Deus.
MEDITAÇÃO
2 - Como está escrito no profeta Isaias: Eis
“E ele é antes de todas as coisas, e
que eu envio o meu anjo ante a tua face, o
todas as coisas subsistem por ele, E
qual preparará o teu caminho diante de ti.
ele é a cabeça do corpo da igreja: é
o princípio e o primogênito dentre 3 - Voz do que clama no deserto: Preparai
o caminho do Senhor, endireitai as suas
os mortos, para que em tudo tenha a
veredas.
preeminência, porque foi do agrado
do Pai que toda a plenitude nele 4 - Apareceu João batizando no deserto e
habitasse e que, havendo por ele pregando o batismo de arrependimento,
feito a paz pelo sangue da sua cruz, para remissão de pecados.
por meio dele reconciliasse consigo 5 - E toda a província da Judeia e todos os
mesmo todas as coisas, tanto as que habitantes de Jerusalém iam ter com ele: e
estão na terra como as que estão todos eram batizados por ele no rio Jordão,
nos céus" (Cl 1.17-20), confessando os seus pecados.
6 - E João andava vestido de pelos de came­
lo e com um cinto de couro em redor de seus
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre.
• SEGUNDA - Gênesis 3.15 7 - e pregava, dizendo: Após mim vem
• TERÇA - Deuteronómio 18.15-19 aquele que é mais forte do que eu, do qual
não sou digno de, abaixando-me, desatar
• QUARTA - Jó 19.25
a correia das sandálias.
• QUINTA - Isaías 531-12 8 - Eu, em verdade, tenho-vos batizado
• SEXTA - Lucas 2.25-32 com água: ele, porém, vos batizará com o
• SÁBADO - Filipenses 2.5-11 Espírito Santo.

Discipulando Aluno | Primeiro Ciclo 13


INTRODUÇÃO humana. Como já vimos na primeira lição,
tal profecia é chamada de protoevangelho,
Toda e qualquer pessoa defende o
isto é, um vislumbre antecipado do que
seu direito de ir e vir, de expressar-se, de
Deus efetivamente faria através do seu
emitir sua opinião e de professar suas pre­
Enviado (Mc 1.1-8; Lc 4.14-30).
ferências políticas e também religiosas. É
desnecessário perguntar o quanto é triste 1.2 - A segunda profecia acerca do
perder a liberdade. Como vimos na lição Libertador. A despeito de Israel ansiar por
anterior, Israel, por desobediência, perdera um redentor apenas no exílio, tal já havia
tal condição (Lv 18.24-28; 20.22-24). Deus sido profetizado por Moisés que, devida­
mente inspirado por Deus, profetizara que
já os havia advertido de que se proce­
o Senhor despertaria um profeta do meio
dessem como as demais nações, assim
do povo, isto é, da própria comunidade
como as desapropriara para Israel ocupar
de Israel, que certamente seria ouvido e
o lugar delas, de igual forma Ele faria com
não desobedecido como fizeram com o
o povo escolhido (Dt 28.15-68). No exílio,
legislador (Dt 18.15). Tal seria assim porque
os descendentes de Abraão passaram a
Deus mesmo colocaria as palavras em
ouvir mensagens proféticas de libertação
sua boca e Ele então falaria sem hesitar
através de homens que Deus enviara,
tudo que o Senhor ordenasse (Dt 18.18).
tanto para repreender os reis, quanto para
A advertência divina era que todos os
exortar o povo (2 Rs 21.1-18; 2 Cr 24.17-22;
que não ouvissem tal Enviado, teriam de
36.11-21). Assim, os herdeiros de Abraão
prestar contas a Deus por tal descaso (Dt
passaram a ter esperança e a ansiar cada
18.19 cf. Jo 12.48).
vez mais a vinda de tal libertador, ou
Messias, isto é, o redentor capaz de liber­ 1.3-0 Filho do Homem ou “último
tá-los, restituindo-os definitivamente (Lc Adão". Apesar de a expressão “filho do
2.25-32). Ocorre, porém, que a libertação homem" ser muito corriqueira na Bíblia (no
que tal redentor viria trazer ia muito além livro de Ezequiel seu uso é abundante), em
do anseio político dos judeus, pois atingiu parte alguma do texto ela é devidamente
não somente a eles, mas também a todo explicada, de forma a se presumir tratar-
o mundo, inclusive nós, e até mesmo o -se de um título que objetiva destacar a
universo (Lc 2.8-20; Ef 1.7-10; Cl 1.13-23). humanidade, isto é, a não especialidade de

1. O FILHO DO HOMEM
1.1 - A primeira profecia acerca do
Toda e qualquer
Libertador. Ainda nos primórdios da hu­
manidade, quando a serpente enganara a
pessoa defende o
Eva, o texto de Gênesis 3.15 informa que
seu direito de ir e
um descendente da mulher, esmagaria a
cabeça da serpente (“réptil" que, na Bíblia, vir, de expressar-
tipifica Satanás, cf. Ap 12.9; 20.2). Em sua
bondade e misericórdia, o Criador sabia se, de emitir sua
que a humanidade caída se tornaria escra­
va de seus próprios desejos egoístas, por opinião...
isso, ali mesmo, o Senhor fez tal promessa
que antevia a necessidade da libertação

14 Discipulando Aluno 1
alguém enviado por Deus, pois a pessoa, tornar-se um ser humano como nós (Jo
em si, não tem superpoderes (Dn 8.17 cf. Tg 1.1-14). Justamente por isso o apóstolo do
5.17.18). No entanto, quando a expressão é amor informa, inclusive, que tudo o que
utilizada de forma profética, referindo-se a existe foi igualmente feito, ou criado, não
alguém que transcende, ou seja, que ultra­ apenas por Deus, mas também pelo Filho
passa o acontecimento histórico de quem de Deus (v.3). É glorioso pensar no fato de
está profetizando, diz respeito ao Enviado que, mesmo com toda essa importância,
especial de Deus, cuja identificação com diz João, “o Verbo se fez carne e habitou
a nossa humanidade se faz necessária entre nós, e vimos a sua glória, como a
para que Ele possa ser ouvido: “Eu estava glória do Unigênito do Pai, cheio de graça
olhando nas minhas visões da noite, e eis e de verdade” (v.14).
que vinha nas nuvens do céu um como o 2.2 - O “nascimento” do Filho de Deus.
filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de A própria simplicidade do nascimento ter-
dias, e o fizeram chegar até ele" (Dn 7.13 cf. renal do Filho de Deus demonstra o quanto
Ap 1.13; 14.14). É possível notar que depois Ele, a despeito de ser divino, se sujeita a
de Ezequiel e Daniel que, inclusive, não identificar-se conosco naquilo que é mais
deram a si mesmos esse título, mas foram, comum, simples e trivial (Lc 2.1-38). Sua
por Deus, assim chamados, o único a ter discrição contrasta com a pompa e a gran­
tal título atribuído a si mesmo, inclusive diloquência humanas. É bem por isso que
por Ele, foi Jesus (a expressão é abundan­ Herodes surpreende-se com a informação
temente citada nos quatro Evangelhos). dos magos do Oriente de que nascera, em
Em Romanos, e também na primeira Belém, um rei (Mt 2.1-12). Temendo perder
epístola aos Corintios, Paulo refere-se ao o seu posto, e na intenção de exterminar o
Enviado de Deus como o “último Adão" que Filho de Deus, o malévolo governador da
tem poder e legitimidade de representar Judeia, mandou então que se assassinasse
a humanidade, tal como o primeiro Adão todos os meninos belemitas de até dois
o fizera no Jardim do Éden (Rm 5.12-21:1 anos (Mt 2.13-18). Felizmente, divinamente
Co 15.21-49). Assim como aquele era ho­ avisado, José, esposo de sua mãe Maria,
mem, este último também o é! A diferença considerado pai terreno de Jesus, fugiu
entre ambos é que, enquanto o primeiro com ela e o menino para o Egito, escapan­
sucumbiu à tentação, o último, embora do assim da crueldade herodiana.
em tudo tenha sido tentado, não pecou. 2.3 - O que significa ser “Filho de
E é justamente nisso que Ele, ao mesmo Deus". Em um de seus embates com os
tempo em que se identifica conosco, se religiosos de sua época, ao utilizarem a
distingue do outro Adão, podendo nos figura de Abraão inquirindo Jesus se Ele
ajudar (Hb 2.5-18; 4.14-16). achava-se mais importante que o pa­
triarca, o Mestre respondeu que Abraão
2.0 FILHO DE DEUS ansiou por vê-lo atuando e que, pela
2.1 - A pré-encarnação do Filho de fé “viu", tendo, por isso, se alegrado (Jo
Deus. O evangelho de João, em seu ca­ 8.53,56). Indignados com essa afirmação,
pitulo primeiro, chamado de “prólogo”, e alegando o fato de Jesus não ter ainda
informa que a existência do Filho de Deus, cinquenta anos, sendo por isso impossível
identificado no texto pela expressão "Ver­ ter “visto” Abraão, o Mestre respondeu
bo", antecede em muito o seu nascimento que antes do patriarca Ele “já era", isto é,
humano, É o que chamamos de “pré-en- já existia (Jo 8.57.58). Em outra situação, ao
carnação", isto é, sua existência antes de revelar ser Filho de Deus, Jesus sabia que

Primeiro Ciclo 15
tal pronunciamento significava o mesmo reconhecia isso e sabia que seu tempo
que afirmar que era semelhante, ou igual, a terminaria assim que chegasse a “luz" (Jo
Deus (Jo 5,18). Em outras palavras, confor­ 1.6-10,15-34).
me os próprios judeus entenderam bem, 3.3 - Jesus desenvolve seu ministério
Ele estava dizendo que era Deus. O pro­ terreno e cumpre sua missão. Em um
pósito primário de dizer que o Enviado é curtíssimo espaço de tempo de aproxi­
o Filho de Deus, além de isso ser verdade, madamente três anos, Jesus revolucionou
ressalta o caráter de sua dupla natureza, a realidade, primeiramente dos judeus e,
ou seja, Ele tanto é humano quanto divino, posteriormente, do mundo inteiro. Tudo
identificando-se conosco através de sua em Jesus surpreende, desde seu nasci­
humanidade, e com Deus, através de sua mento até a sua ressurreição. Em virtude
divindade. Assim, é o único, verdadeiro e de termos diversas lições que aborda­
exclusivo mediador entre nós e Deus (1 Tm rão, tanto o caráter do Mestre quanto os
2.5; Hb 8.6; 9.15; 12.24). vários aspectos da sua atuação e obra,
basta agora apenas dizer que Ele é o
3. JESUS DE NAZARÉ personagem central da história, o ponto
3.1 - Infância, adolescência e ju­ para onde todas as coisas convergem e
ventude de Jesus. Após o nascimento encontram sentido.
do Filho de Deus e sua apresentação
no Templo, a fuga para o Egito e a volta CONCLUSÃO
da família para morar em Nazaré (daí o Uma única lição é muito pouco para se
porquê de Ele ser chamado de “Jesus falar acerca de quem é Jesus de Nazaré.
de Nazaré"), excetuando um pequeno Na realidade, tudo o que dissermos jamais
acontecimento em sua pré-adolescéncia será suficiente para descrever tudo o que
(Lc 2.39-51), Lucas é sucinto em informar Ele representa e é. O que importa é que
que “crescia Jesus em sabedoria, e em já o conhecemos e devemos permanecer
estatura, e em graça para com Deus e os firmes em conhecê-lo ainda mais, princi­
homens” (Lc 2.52). Assim, fora o fato de palmente de forma prática Parafraseando
que Jesus provavelmente deve ter tido o apóstolo do amor, se fôssemos abordar
uma vida como qualquer menino judeu tudo o que Ele é, e fez, nem “ainda o mun­
de sua época, tudo o que se disser sobre do todo poderia conter os livros que se
sua trajetória, sobretudo acerca desse escrevessem" (Jo 21.25).
período em que a Bíblia silencia, é mera
especulação.
3.2 - Jesus apresenta-se a João Ba­
tista. Com a idade de trinta anos Jesus APROFUNDANDO-SE
apresenta-se ao seu primo distante, João
Devido a riqueza da expressão grega
Batista, e permite-se ser batizado (Mt 3.13-
Logos, traduzida no Evangelho de João,
17). Apesar da relutância do Batista, Jesus
em português, como “Verbo" ou “Palavra”,
quer identificar-se com as pessoas de seu
tempo, e “cumprir toda a justiça" (Mt 3.15). vale dizer que essa expressão reproduz
Contudo, Ele é objetivo ao dizer que “todos “a plena revelação de Deus, da mesma
os profetas e a lei profetizaram até João" maneira que a lei, proveniente da escrita
(Mt 11.13; Lc 16.16). Em outras palavras, um das Escrituras hebraicas até a sua época,
novo tempo chegara (Mc 1.1 cf. Lc 7.18-22). era uma revelação de Deus” (Benny C.
Verdade seja dita, até mesmo João Batista Aker. João In French L. Arrington e Roger

16 Discipulando Aluno 1
Stronstad (Eds.). Comentário Bíblico Pen-
tecostal Novo Testamento. 2,ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2004, p.495).

VERIFIQUE SEU
APRENDIZADO I SUGESTÃO

■ I DE LEITURA
1. De acordo com a lição, porque Jesus era
chamado de “Filho do homem"?
Teologia Sistemática: Uma Pesperctiva
Pentecostal
Uma obra completa para os principais te­
mas doutrinários para o professor dominical.
Manual do Professor de Escola Dominical
Esta obra tem a finalidade auxiliar os
2. Qual a principal diferença entre o pri­ educadores cristãos através de um estilo
meiro e o “último” Adão? claro e preciso
Manual do Discipulador Cristão
Descubra a importância de ser e fazer
discípulos.

3. De acordo com o texto de João 5.18, o


que significava Jesus dizer que era o Filho Você Sabia?
de Deus?
Que João Batista, mesmo após ter
dito que Jesus era o Cordeiro de
Deus, por ser judeu, estando en­
carcerado, mandou que os seus
discípulos perguntassem a Jesus
se este era mesmo quem os judeus
4. É possível falar detalhadamente a res­ esperavam ou se deveríam esperar
peito da infância, adolescência ejuventude outro (Lc 719.20), simplesmente pelo
de Jesus? Por quê? fato de que Jesus não correspondia
à visão que os judeus tinham do li­
bertador? Enquanto eles esperavam
um libertador político, terreno, Jesus
dissera que os sinais que Ele realizava
eram inequívocos de que o Reino de
5. Se Jesus não tinha pecado, por que Ele Deus chegara (Lc 721.22). Entretanto,
se apresentou a João para ser batizado? como Ele disse a Pilatos, o seu Reino
é eterno, não é deste mundo (Jo 18.36
cf. Lc 11.20).

Primeiro Ciclo 17
O Caráter
de Jesus

TEXTO BÍBLICO BASE MEDITAÇÃO


Mateus 11.25-30 “De sorte que haja em vós o mesmo
sentimento que houve também em
25 - Naquele tempo, respondendo Jesus, Cristo Jesus, que, sendo em forma
disse: Graças te dou, ó Pai. Senhor do de Deus, não teve por usurpação
céu e da terra, que ocultaste estas coisas ser igual a Deus. Mas aniquilou-se
aos sábios e instruídos e as revelaste aos a si mesmo, tomando a forma de
pequeninos. servo, fazendo-se semelhante aos
26 - Sim, ó Pai, porque assim te aprouve. homens; e. achado na forma de
27 - Todas as coisas me foram entregues homem, humilhou-se a si mesmo,
por meu Pai; e ninguém conhece o Filho, sendo obediente até à morte e morte
senão o Pai: e ninguém conhece o Pai, de cruz. Pelo que também Deus o
senão o Filho e aquele a quem o Filho o exaltou soberanamente e lhe deu um
quiser revelar. nome que é sobre todo o nome, para
28 - Vinde a mim. todos os que estais que ao nome de Jesus se dobre todo
cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. joelho dos que estão nos céus, e na
29 - Tomai sobre vós o meu jugo, e apren­ terra, e debaixo da terra, e toda língua
dei de mim, que sou manso e humilde de confesse que Jesus Cristo é o Senhor,
coração, e encontrareis descanso para a para glória de Deus Pai" (Fp 2.5-11).
vossa alma.
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA
30 - Porque o meu jugo é suave, e o meu
• SEGUNDA - Mateus 4.1-11
fardo é leve.
• TERÇA - Filipenses 2.5-11
• QUARTA - Lucas 24.19
• QUINTA - Mateus 11.29,30
• SEXTA - Atos 1.1
• SÁBADO - João 746-52

18 Discipulando Aluno | Primeiro Ciclo


INTRODUÇÃO
No primeiro século de nossa era, uma
cena comum entre a sociedade palestina
era o fato de as pessoas se “dividir” em
grupos, ou partidos, cujos mentores de­ Jesus não veio
finiam o perfil dos seus seguidores que,
naquele momento histórico, eram mais trazer uma nova
conhecidos como “discípulos”. Quando
Jesus inicia seu ministério, as pessoas ideia, mas inaugurar
passam a ouvi-lo a fim de entender sua
“filosofia” e/ou “proposta ideológica”. um novo tempo.
Entretanto, muitas se decepcionaram (Jo
6.60,66,67), pois Jesus não veio trazer uma
nova ideia, mas inaugurar um novo tempo
(Mc 1.1). Nesse novo tempo, os beneficia­
dos seriam justamente os esquecidos pela
sociedade, os que não tinham esperança tornar-se como um de nós, humilhou-se
(Lc 4.14-19). Quanto às pessoas que se e submeteu-se à morte de cruz que era
sentiam seguras com a religião oficial, e uma das piores formas de execução do
também as que não queriam perder sua mundo antigo (Dt 21.22,23). Além disso,
posição na estrutura religiosa, estas não durante o tempo de sua vida terrena,
acolheram a mensagem do Filho de Deus como filho, foi obediente aos seus pais
(Jo 740-53; 12.31-43). O Senhor disse certa (Lc 2.51), como adulto, soube reconhecer
vez que todo discípulo perfeito seria como o ministério de seu primo, João Batista (Mt
o seu mestre (Lc 6.40 cf. Jo 13.13,14). Uma 3.13,14), e foi igualmente responsável com
vez que somos discípulos de Cristo, e Ele, questões cívicas (Mt 17.24-27; 22.15-22). O
como instrui-nos o apóstolo Paulo, é o simples fato de abrir mão dos traços dos
“último Adão" (Rm 5.14; 1 Co 15.45), ou seja, reis conquistadores do mundo antigo,
é o novo representante da humanidade apresentando-se simples, como uma
e, por conseguinte, a nova referência de pessoa do povo e sem exigir nenhum
ser humano a quem, os que nEle creem, tratamento especial, foi o motivo de Je­
devem imitar e procurar parecer (Ef 413; sus ser rejeitado pelo seu povo, porém, é
5.1,2), nessa lição vamos estudar um pouco justamente nessa sua atitude que vemos
acerca do seu caráter. a grandeza, pois quando poderia coagir a
todos para que nEle cressem, não o faz,
1.0 CARÁTER DE JESUS
mas oferece amor e deixa-nos livres para
EVIDENCIADO EM SUAS optar por segui-lo.
AÇÕES E POSTURA 1.2 - O ensino “exemplar" de Jesus.
1.1 - A humildade de Jesus. No cha­ Ao introduzir a narrativa do famoso “Ser­
mado hino cristológico de Filipenses 2.5- mão da Montanha", Mateus diz que Jesus
11, vemos que Jesus, mesmo sendo divino, "abrindo a sua boca os ensinava” (Mt 5.2).
não se apegou a sua igualdade com o Tal informação, a despeito de em outras
Pai, mas esvaziou-se de forma voluntária versões não aparecer tal expressão, po­
e sacrifical, assumindo a condição de deria levar alguém a pensar: “Mas há outra
servo, tornando-se como nós. Depois de forma de ensinar, a não ser falando?”. Sim,

Primeiro Ciclo 19
há. E muitas lições de Jesus foram ensina­ a proteção de “doze legiões de anjos" (Mt
das no silêncio de suas ações e postura (Jo 26.53). Ao governador da Judeia, Pôncio
8.2-11; 131-17). Pilatos, o Mestre disse que a autoridade
que o governante tinha para condená-lo,
1.3 - A coerência de Jesus. Não havia
havia sido dada por Deus e, de certa forma,
dissociação entre o que Jesus falava e fa­
pelo próprio Jesus (Jo 19.9-12)!
zia, ou entre o que praticava e dizia. Como
disseram os vacilantes discípulos saindo 2.2 - Amando até as últimas conse­
de Jerusalém em direção à aldeia de quências. Jesus tinha plena consciência do
Emaús, ‘‘Jesus, o Nazareno, I...1 foi um pro­ porquê de ter sido enviado a este mundo.
feta poderoso em obras e palavras diante Assim, poucas horas antes de ser definiti­
de Deus e de todo o povo” (Lc 24.19). Em vamente preso, o apóstolo João informa
outras palavras, Jesus era coerente, pois que “antes da festa da Páscoa, sabendo
Ele tanto fazia, ou seja, praticava, quanto Jesus que já era chegada a sua hora de
ensinava (At 1.1). Muito diferente dos líde­ passar deste mundo para o Pai, como havia
res religiosos e ensinadores de Israel que, amado os seus que estavam no mundo,
conforme dissera o próprio Jesus, diziam, amou-os até ao fim" (Jo 13.1). Nessa im­
mas não praticavam e nem viviam o que portante reunião estava Judas Iscariotes,
ensinavam (Mt 23.3). Na verdade, revelou o discípulo que traíra e vendera o Mestre
o Mestre, aqueles homens amarravam (Mt 26.14-16). Mesmo assim, como informa
fardos pesados e difíceis de carregar, e o apóstolo do amor, Jesus amou os seus
colocava-os nos ombros do povo, mas eles discípulos até o fim. Amou a Pedro que o
mesmos não se dispunham a movê-los negou, e os demais que se dispersaram
nem sequer com um dedo (Mt 23.4). com a sua prisão e também a Tomé que
dEle duvidou (Jo 18.25-27; 20.19; Mt 26.31;
2. O CARÁTER DE JESUS Mc 14.27; Jo 20.26-29). Ao agir assim com
seus discípulos, Jesus dava-lhes outra
EVIDENCIADO NO
oportunidade e uma nova chance.
DESEMPENHO
2.3 - Perdoando a todos. Mesmo
DE SUA MISSÃO sendo perseguido e hostilizado pelo povo,
2.1 - Jesus não usou o seu poder para
livrar-se da tentação e do sofrimento.
Quando Jesus foi conduzido, pelo Espírito
de Deus, ao deserto a fim de ser tentado,
ou provado, demonstrou mais uma vez Não havia
porque merece reverência e adoração
(Mt 4.1-11). Debilitado pelos quarenta dias dissociação entre
de jejum e, portanto, suscetível a ceder,
o Mestre suportou todas as ofertas do o que Jesus falava
Tentador sem apelar para o seu poder,
mas apenas à Palavra. Semelhantemen­ e fazia, ou entre o
te, ao ser preso no Jardim do Getsêmani,
quando um de seus discípulos feriu o que praticava
criado do Sumo Sacerdote, cortando-lhe
a orelha, Jesus, além de curar o seu algoz, e dizia.
ainda repreendeu o seu discípulo e disse
que, se quisesse, poderia solicitar a Deus

20 Disop.üáftds 1
bênçãos que o Pai concedia às pessoas.
Foi assim ao glorificar a Deus por Ele ter
revelado a chegada do seu Reino para os
simples em vez de privilegiar os podero­
Jesus glorificava sos (Mt 11.25; Lc 10.21). Da mesma forma
aconteceu na ressurreição de Lázaro,
a Deus pelas bên­ Jesus glorificou ao Pai por atendê-lo, mais
uma vez, como sempre fazia (Jo 11.41).
çãos que o Pai con­ Falando de sua morte aos religiosos do
seu tempo, Jesus pediu ao Pai que glori-
cedia às pessoas. ficasse a si mesmo, ou seja, demonstrasse
que estava de acordo com a afirmação
da morte do Filho de Deus (Jo 12.27,28).
Quando a voz veio, e disse que já havia
“glorificado" e outra vez o glorificaria, o
Mestre afirmou que a voz não tinha soado
pregado na cruz, sentindo dores excru-
por amor dELe, mas por amor ao povo (Jo
ciantes, Jesus orava ao Pai pedindo que
Deus não lhes imputasse aquele pecado: 12.29,30).
“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que 3.3 - Deus precisa orar? Finalmente,
fazem" (Lc 23.34). Não há amor maior que uma das maiores demonstrações de sua
este (Jo 15.13; 3.16). Contudo, é justamente humanidade e submissão, era o fato de
esse tipo de amor que Deus espera que que Jesus, mesmo sendo Deus, orava ao
tenhamos (1 Jo 3.16). Pai, passando noites inteiras em oração
(Lc 6.12). Caberia até mesmo a pergunta:
3. O CARÁTER DE JESUS “Deus precisa orar?" Se orar for somente
EVIDENCIADO EM SEU RELA­ pedir, talvez não. Mas acontece que orar
é dialogar com o Pai, por isso Jesus o
CIONAMENTO COM DEUS
fazia. E orar pedindo, mesmo sabendo
3.1 - A obediência de Jesus em rela­ que não seria atendido? Assim aconteceu
ção ao Pai. Enviado pelo Pai para cumprir no Getsêmani (Mt 26.39; Mc 14.35,36; Lc
sua missão, ainda em sua adolescência, 22.41,42). Mas, como fica claro, Ele estava
Jesus demonstrou ter essa consciência, empenhado em fazer a vontade do Pai e
pois chegou a perder-se de José e Maria não a sua.
por estar envolvido em um debate com
doutores da Lei (Lc 2.41-50). Resoluto CONCLUSÃO
em seu propósito, dizia que não veio Pelo pouco que analisamos no espaço
para fazer a sua vontade, e sim a vonta­ dessa lição, há um caminho muito claro a
de daquEle que o enviara (Jo 6.38). Seu ser trilhado por aqueles que creem em
compromisso era tão real, que afirmava Jesus Cristo e que, por isso mesmo, de­
que sua comida era fazer a vontade de vem procurar adequar-se ao caráter do
seu Pai (Jo 4.34). Isso fazia porque, como seu Mestre. Tal não pode ser feito com o
diz o hino cristológico de Filipenses 2.5-11, simples ato de se decorar pontos doutri­
mesmo sendo divino, não tinha apego a nários ou reproduzir costumes religiosos,
sua igualdade com o Pai. mas é na arena da vida, da dura realidade
3.2 - Adorando ao Pai. É maravilhoso do mundo, que devemos viver como Je­
ver que Jesus glorificava a Deus pelas sus viveu.

Primeiro Ciclo 21
APROFUNDANDO-SE 3. Em sua opinião, qual a importância do
fato de Jesus não usar o seu poder para
Ao longo do texto foi comentado, ao
livrar-se da tentação e do sofrimento?
menos duas vezes, sobre o “Hino cristoló-
gico" de Filipenses 2,5-11. Há uma corrente
interpretativa que defende essa porção bí­
4. O que Jesus proporcionou aos seus
blica como sendo um hino que era cantado
discípulos, agindo com perdão e amor,
na igreja do primeiro século. É discutível se
diante do abandono, da negação e da
ele já existia e Paulo o utilizou ou se Paulo
incredulidade?
é o seu compositor, Independentemente
de ser ou não um hino, o fato relevante
é a mensagem que o material objetiva 5. Sendo Deus, por que Jesus orava?
passar: Os que creem em Jesus devem ter
o mesmo sentimento, ou disposição, que
houve no Filho de Deus. Para saber mais leia
Matthew Henry Comentário Bíblico Novo
Testamento — Atos a Apocalipse i.ed, Rio
de Janeiro: CPAD, 2008, pp.617-18.

■ SUGESTÃO
DE LEITURA
Manual de Ensino para o Educador Cristão
Uma seleção de princípios e práticas, incluin­
Você Sabia?
Que um dos títulos atribuídos a Jesus,
a partir do que diz o profeta Isaias
(53.1-12). é o de “Servo Sofredor”? E
que, como previu o chamado profeta
do preciosos esclarecimentos tanto para o messiânico, o fato de Jesus assim se
professor iniciante como para o experiente. apresentar foi uma das causas de sua
Um Mestre Fora da Lei rejeição por parte dos judeus? Foi
assim porque o povo esperava um
Ele ainda é Ele mesmo, e está disponível
Messias, ou Cristo (“ungido”), com os
para todos aqueles que gostariam de
mesmos traços dos reis poderosos e
conhecê-lo.
pomposos da antiguidade. Entretanto,
quando chegou o tempo determina­
VERIFIQUE SEU do por Deus, o Pai enviou seu Filho

APRENDIZADO chamado Jesus e, como o Mestre


revelou-se simples, acabou sendo
1. Qual é o primeiro grande traço do caráter
rejeitado e visto como alguém não
de Jesus colocado na lição?
qualificado. Todavia, como informa
João 1.11-13, Ele “Veio para o que era
seu, e os seus não o receberam. Mas a
todos quantos o receberam deu-lhes
2. Além da fala, Jesus ensinava utilizando o poder de serem feitos filhos de
qual outro método? Deus: aos que creem no seu nome, os
quais não nasceram do sangue, nem
da vontade da carne, nem da vontade
do varão, mas de Deus".

22 Discipulando Aluno 1
Estudada em / /

O Ministério
de Jesus

TEXTO BÍBLICO BASE


Marcos 1.14-20
I MEDITAÇÃO
I "E João, ouvindo no cárcere falar dos 14 - E. depois que João foi entregue à prisão,
| feitos de Cristo, enviou dois dos seus veio Jesus para a Galileia. pregando o evan­
discípulos a dizer-lhe: És tu aquele gelho do Reino de Deus.
£ que havia de vir ou esperamos outro? 15 - e dizendo: O tempo está cumprido, e o
I E Jesus, respondendo, disse-lhe: Ide Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos
I e anunciai a João as coisas que ouvis e crede no evangelho.
I e vedes: Os cegos veem, e os coxos 16 - E, andando junto ao mar da Galileia, viu
| andam: os leprosos são limpos, e os Simão e André, seu irmão, que lançavam a
I surdos ouvem; os mortos são ressus- rede ao mar, pois eram pescadores.
I citados, e aos pobres é anunciado o 17 - E Jesus lhes disse: Vinde após mim, e
I evangelho" (Mt 11.2-5). eu farei que sejais pescadores de homens.
18 - E, deixando logo as suas redes, o se­
guiram.
ig - E, passando dali um pouco mais adiante,
viu Tiago, filho de Zebedeu. e João, seu irmão,
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA que estavam no barco consertando as redes,

• SEGUNDA - Lucas 4.14-19 20 - e logo os chamou. E eles, deixando o seu


pai Zebedeu no barco com os empregados,
• TERÇA - Atos 10,38 foram após ele.
• QUARTA - Marcos 2.17
• QUINTA - Mateus 20.28
• SEXTA - João 12.30
■ SÁBADO - Mateus 11.25

Discipulando Aluno | Primeiro Ciclo 23


INTRODUÇÃO entre as dimensões “teórica" e prática de
seu ministério, é que Ele “tudo Ifazial bem”,
Biblicamente falando, a palavra “minis­
incluindo nisso até mesmo curar surdos e
tério" significa simplesmente “serviço", isto
mudos (Mc 7.37). Uma ocasião, em especial,
é, o serviço que alguém presta a outrem.
que demonstra a integralidade de seu mi­
Nesse sentido, o ministério terreno de Jesus
nistério, trata-se de um episódio ocorrido
Cristo, pode ser visto sob duas perspectivas.
em uma sinagoga onde entrara para ensinar,
A primeira é que Ele estava a serviço de seu
quando acabou libertando um oprimido, em
Pai para desempenhar uma missão que, por
pleno sábado (o que era inadmissível para a
sua vez, e esta é a segunda perspectiva,
religião judaica), fazendo com que as pesso­
beneficiava a humanidade, sendo, portanto,
as exclamassem: “E todos se admiraram, a
também um serviço. Sendo Deus, o nosso
ponto de perguntarem entre si, dizendo: Que
Salvador colocou-se à disposição do Pai, e
é isto? Que nova doutrina é esta? Pois com
da humanidade, para ministrar, ou seja, servir
autoridade ordena aos espíritos imundos, e
(Mt 20.28; Mc 10.45). É acerca desse assunto
eles lhe obedecem!” (Mc 1.27).
que estaremos estudando nessa lição sem,
contudo, pretendermos esgotar o número 1.3 - Dimensão espiritual. A despeito
de benefícios que nos adveio do exercício do dessas bênçãos perceptivelmente valiosas,
ministério do nosso querido Jesus. o grande feito do ministério de Jesus Cristo
consiste no fato de que Ele pagou o preço
1. A NATUREZA DO do nosso resgate eterno (1 Co 6,20; 7.23; 1
Tm 2.6). Ainda que profetas e outras pessoas
MINISTÉRIO DE CRISTO
dirigidas por Deus tivessem experimentado
1.1 - Dimensão “teórica". Comumente grandes milagres divinos no exercício de
se diz que o ministério de Jesus foi tríplice: seus ministérios, nenhum deles, porém, tinha
ensino, pregação e realização de milagres condição de fazer o que o nosso Mestre fez
(Mt 4.23; 9.35). Analisando de forma um pouco (Hb 9.11-28), Uma vez mais vemos que o
mais detalhada tal constatação, é possível ministério de Jesus, apesar de possuir três
verificar que existe algo de mais profundo
nessa tríplice divisão. Na verdade, podemos
falar que a natureza do ministério de Jesus
Cristo possuia uma tríplice dimensão, ou seja,
as dimensões não podem ser separadas, pois
compõe um único ministério. A primeira delas
seria a “dimensão teórica" que diz respeito ao
seu ensino, pois, como é possível facilmente Sendo Deus, o
comprovar, marcava uma ruptura radical em
relação aos mestres da religião oficial dos
judeus. Isso tanto em termos de método
nosso Salvador co-
quanto de conteúdo (Mt 7.28,29; Mc 1.21,22; Lc
4.32). O “segredo" de tanto êxito e admiração
locou-se à disposi­
pelo seu ensino, segundo informa o próprio
Jesus, é que a doutrina ensinada por Ele, ção do Pa i, e da
não era sua própria, e sim de seu Pai que o
enviara (Jo 7.16). humanidade, para
1.2 - Dimensão prática. Quantas pessoas
readquiriram esperança após um encontro ministrar, ou seja,
com Jesus? De judeus a estrangeiros, de
enfermos a oprimidos, de religiosos a publi- servir.
canos, todos, indistintamente, encontraram
no carpinteiro de Nazaré uma palavra de
alento. A prova de que não há dissociação

24 Discipulando Aluno 1
usado também pelo Inimigo de nossas al­
mas, procurou dissuadi-lo de cumprir sua
missão (Mt 4.1-11; Mc 1.12,13; Lc 4.1-13; Mt
Quando Jesus en­ 16.21-23; Mc 8.31-33). Tais tentações são
piores porque procuram seduzir-nos pela
sina que quem nas­ vaidade e o poder.
2.2 - Capacitado pelo Espirito Santo.
ce do Espírito, deve Desde a miraculosa concepção de Maria,
vemos que o Espírito Santo de Deus acom­
aprender a ser guiado panha o Senhor Jesus (Mt 1.18; 3.16; 12.18;
Mc 1.10; Lc 1.35; 3.21,22; Jo 1.32.33). É uma
grande lição percebermos que, mesmo
pelo Espírito, nin­ sendo Deus, Jesus não abriu mão da as­
sistência do Espirito Santo. Incrivelmente,
guém melhor que Ele foi o Espírito Santo que conduziu Jesus ao
deserto para que fosse provado (Mt 4.1; Mc
demonstrou isso [...]. I. 12; Lc 4.1), e também o instruiu e capacitou,
em todos os momentos de seu ministério,
auxiliando-o na missão que deveria cumprir
(Mt 12.22-32; Mc 13.9-11; Lc 10.21; At 1.2).
Quando Jesus ensina que quem nasce do
Espírito, deve aprender a ser guiado pelo
Espírito, ninguém melhor que Ele demons­
dimensões, era único e suficiente, pois o
sacrifício foi realizado, em nossa realida­ trou isso em sua vida (Jo 3.8; Lc 4.14-22;
II. 13; 12.10-12). Além de uma promessa do
de, mas tem o mérito e a capacidade de
alterar, em todos os âmbitos, a condição Senhor (Mt 10.19,20; Jo 7.38,39; 14.16,17,26;
pecaminosa humana, ao mesmo tempo 15.26), que Ele, inclusive cumpriu (Jo 20.22;
em que destina a criação, que também foi At 1.4,5,8; 2.1-13), esse é também um dos
transtornada pelo pecado, à sua completa grandes ensinamentos da Igreja do primeiro
restauração (Ef 1.10). século (Rm 8.1-30; 1 Co 2.12-16; Gl 5.16) que,
devido a sua importância, deve continuar
2. O MINISTÉRIO DE JESUS sendo ensinado em nossos dias.
NA PERSPECTIVA DIVINA 2.3 - A missão concluída. Sem que nada
pudesse contê-lo, Jesus concluiu a sua
2.1 - A missão designada pelo Pai. Re­
missão terrena dizendo que, justamente por
soluto no cumprimento de sua missão, até
isso, glorificara o Pai e assim pôde exclamar:
mesmo Jesus Cristo enfrentou dificuldades
"Está consumado" (Jo 17.4 cf. 19.30). Apesar
em seu caminho para fazer a vontade do Pai.
de ter sido dolorosamente consumado, o
Ainda criança, foi perseguido por Herodes
ministério terreno do Senhor não “acabou"
que atentou contra a sua vida (Mt 2.13-18),
com sua ascensão aos céus (At 1.4-9). Ele
e não poucas vezes foi ameaçado pela
deixou-nos igualmente essa incumbência,
turba religiosa que se enfurecia com seus
dizendo que os seus discípulos deveríam
ensinamentos (Lc 4.29). Mas não são essas
dar continuidade à missão de levar as Boas
as maiores dificuldades que enfrentou para
Novas, realizando obras até maiores que as
cumprir a missão que o Pai lhe designara.
dEle (Mt 28.19,20; Jo 1412).
As piores e mais sutis, provavelmente, são
as relacionadas ao convencimento de que 3.0 MINISTÉRIO DE JESUS
Ele não precisava fazer o que fora enviado
a cumprir. Nesse particular, Jesus enfrentou NA PERSPECTIVA HUMANA
o próprio Satanás e, posteriormente, Pedro, 3.1 - Reconciliando-nos com Deus.
um de seus discípulos mais próximos que, Completamente espiritual, é imprescindível

Primeiro Ciclo 25
Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito
Santo e com virtude; o qual andou fazendo
A obra realizada o bem e curando a todos os oprimidos do
diabo, porque Deus era com ele” (At 10.38).
por Jesus tem uma Vemos que o objetivo de Jesus Cristo não
era levar, ou “tirar", vantagem de ninguém,
justamente o contrário, Ele estava comple­
abrangência cujos tamente comprometido em fazer o bem aos
seres humanos.
reflexos e influência 3.3 - Trazendo libertação. Um dos
grandes propósitos do ministério de Jesus,
podem ser sentidos conforme profetizado acerca do Messias, era
libertar as pessoas (Lc 4.14-19). Presas pelo
e igualmente expe­ legalismo religioso do judaísmo, os judeus
chegaram a negar que um dia tivessem sido
rimentados em nos­ escravos (Jo 8,33). Entretanto, o que dizer
dos longos 430 anos no Egito e dos 70 anos
sa perspectiva. de cativeiro (Êx 12.40,41; Jr 25.11,12; 29.10)?
Evidentemente que, apesar de presos pelo
legalismo religioso, eles não tinham condi­
ções de avaliar a questão por si mesma, daí
- a importância de o Senhor Jesus falar em
libertação para o povo (Jo 8.32,36).

CONCLUSÃO
reconhecer que a obra realizada por Jesus Como se vê, Jesus Cristo exerceu um
tem uma abrangência cujos reflexos e in­ ministério (a Deus e às pessoas) que não
fluência podem ser sentidos e igualmente se constituiu em ostentar um cargo para se
experimentados em nossa perspectiva. autoafirmar. Ele não precisava de tal prática,
Estando apartados do Criador por causa do pois a prova de que exercera da melhor forma
pecado, era preciso que o preço de tal de­ o que deveria fazer, foram as duas vezes em
sobediência fosse pago e, ao mesmo tempo, que o próprio Deus afirmou que tinha prazer
reatasse-nos o relacionamento com o Pai em Jesus (Mt 317; 17 5). Que Deus, possa ver
(Rm 5.10,11). Na realidade, complementando em nós a mesma disposição que houve em
o que já foi dito acima, segundo o apóstolo Jesus Cristo, seu Filho (Fp 2.3-18).
Paulo, além de Deus ter nos reconciliado
“consigo mesmo por Jesus Cristo”, o Cria­
dor “nos deu o ministério da reconciliação, APROFUNDANDO-SE
isto é, Deus estava em Cristo reconciliando
Ao encarnar-se, Jesus, diz o apóstolo
consigo o mundo, não lhes imputando os
seus pecados, e pós em nós a palavra da Paulo, tornou-se servo (Fp 2.5-11). Isso signifi­
reconciliação" (2 Co 5.18,19). ca que a melhor definição para o ser humano
é que este é “servo”. Infelizmente a altivez e
3.2 - Fazendo o bem. Conforme jà foi
o orgulho levam-nos a esquecermo-nos de
repetido diversas vezes, o Mestre não veio
que o Nosso Salvador, o nosso referencial
para ser servido e sim para servir, tanto a
Deus como a humanidade necessitada (Mt último, já foi servo e que, sendo assim, de­
20.28; Mc 10,45; Jo 3.16). Uma vez que este vemos perseguir esse mesmo ideal.
era um dos propósitos do ministério terreno
de Jesus Cristo, em uma de suas pregações,
o apóstolo Pedro falou acerca de “como

26 Discipulando Aluno 1
SUGESTÃO 3. Cite os três benefícios, da perspectiva
humana, acerca do sacrifício de Cristo.
DE LEITURA
Teologia Sistemática: Uma Pesperctiva
Pentecostal
Uma obra completa para os principais
temas doutrinários para o professor do­
minical.
Manual do Professor de Escola Dominical
Esta obra tem a finalidade auxiliar os 4. Dos três benefícios do ministério de
educadores cristãos através de um estilo Jesus na perspectiva humana, qual você
claro e preciso acha mais relevante? Comente.

Manual do Discipulador Cristão


Descubra a importância de ser e fazer
discípulos.

VERIFIQUE SEU
APRENDIZADO 5. Por que Jesus veio trazer Libertação, já
1. Quais são as três dimensões eviden­ que as pessoas praticavam uma religião?
ciadas na natureza do ministério terreno
de Cristo?

2. Em sua opinião, havia necessidade de


o Espírito Santo auxiliar Jesus Cristo? Por Você Sabia?
quê?

Que Jesus Cristo, voluntariamente,


tornou-se servo, reposicionando o
ser humano diante de Deus? E que
esse ato dá-nos a oportunidade de
reconstruir o nosso caminho de volta
para o Criador?

Primeiro Ciclo 27
Lição 6

O Novo
Mandamento

TEXTO BÍBLICO BASE


Marcos 12 28-34

28 - Aproximou-se dele um dos escribas que


os tinha ouvido disputar e. sabendo que lhes
tinha respondido bem. perguntou-lhe; Qual
é o primeiro de todos os mandamentos?
29 - E Jesus respondeu-lhe: O primeiro
de todos os mandamentos é: Ouve, IsraeL MEDITAÇÃO
o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor
“Um novo mandamento vos dou:
30 - Amarás, pois, ao Senhor teu Deus, de Que vos ameis uns aos outros; como
todo o teu coração, e de toda a tua alma, e eu vos amei a vós. que também vós
de todo o teu entendimento, e de todas as
uns aos outros vos ameis. Nisto
tuas forças: este é o primeiro mandamento.
todos conhecerão que sois meus
31 - E o segundo, semelhante a este, é discípulos, se vos amardes uns aos
Amarás o teu próximo como a ti mesmo Não outros” (Jo 1334.35).
há outro mandamento maior do que estes.
32 - E o escriba lhe disse: Muito bem. Mes­
tre. e com verdade disseste que há um só
Deus e que não há outro além dele:
33 - e que amá-lo de todo o coração, e de REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA
todo o entendimento, e de toda a alma, e • SEGUNDA - Êxodo 20.1-17
de todas as forças e amar o próximo como
a si mesmo é mais do que todos os holo- • TERÇA - Deuteronômio 4-5-8
caustos e sacrifícios. • QUARTA - Mateus 5.38-48
34 - E Jesus, vendo que havia respondido • QUINTA - João 12.49,50
sabiamente, disse-lhe: Não estás longe
• SEXTA - Lucas 10.25-37
do Reino de Deus. E já ninguém ousava
perguntar-lhe mais nada. • SÁBADO - Romanos 13.8-14

28 Discipulando Primeiro Ciclo


INTRODUÇÃO
Desde que pecou apartando-se do
Criador, a humanidade degenerou-se em
A fím de que
seus relacionamentos, tanto com Deus, a raça humana não
quanto entre si, ou seja, com o semelhante.
A fim de que a raça humana não provocas­ provocasse sua
se sua própria destruição, vindo por isso
até se extinguir, o Criador dotou-nos de um própria destruição,
senso mínimo de certo e errado. Todavia,
por causa do pecado, até mesmo tal senso, [...] o Criador
que é bom, tornou-se ruim. Tal pode ser
visto em Gênesis 4.15, quando Deus disse dotou-nos de um
que quem matasse Caim sofreria muito
mais. Com isso, o Criador tinha em vista senso mínimo de
garantir, de alguma forma, as condições
mínimas de convivência em sociedade, certo e errado.
preservando-a da completa desordem.
Infelizmente, a humanidade degenerou-se
por completo, mas Deus tinha um plano
de formar um povo que pudesse servir deduzir que a cultura egípcia era pratica­
de exemplo às demais nações. Tal plano
mente a cultura de Israel. Dai o porquê de
iniciou-se com a chamada de Abraão e
as constantes recaídas do povo escolhido
culminou com o Evangelho de Jesus Cris­ ao longo dos 40 anos de peregrinação (Éx
to (Gn 12.1-3 cf. Gl 4-3-6). É sobre isso que
14.11; 32.1-24).
vamos estudar na lição de hoje.
1.2-A lei de Deus. Sendo essa a
1. 0 DECÁLOGO realidade de Israel, Deus então pro­
1.1 - Israel e a promessa abraâmica. mulgou a sua lei para que as­
Após a completa corrupção da humani­ sim o povo tivesse uma formação
dade, Deus, em sua soberania, chamou (Dt 4.5-8). Os dez mandamentos, ou o De-
a Abraão e lhe fez promessas (Gn 6.1-12; cálogo, diferentemente do que se imagina,
12.1-3). O propósito divino era, como já não foram dados pelo Criador para ser
estudamos em lições anteriores, abençoar uma nova prisão do povo. Na verdade,
a humanidade inteira através de uma na­ não há sentido algum pensar que Deus
ção modelo. Esse povo que serviría como libertara os descendentes de Abraão para,
exemplo foi formado no Egito durante um na sequência, aprisioná-los novamente
período de 430 anos e dali saiu para ocupar com mandamentos. Na realidade, como
a terra que o Criador prometera a Abraão se pode ver no prólogo (introdução) dos
(Êx 12.40,41). Tal promessa era a única dez mandamentos — “Eu sou o SENHOR,
instrução que os filhos de Israel possuíam teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da
(Gn 48.21; 50.24,25). Quanto à questão de casa da servidão" — (Êx 20.2), eles tinham
regras, esse povo tinha apenas uma a ob­ a finalidade de garantir o processo de Li­
servar, que era a circuncisão (Gn 17,9-14). bertação do povo, não apenas tirando-os
E mesmo essa prática, não fora obedecida do Egito (geograficamente falando), mas
durante o período de peregrinação de também tirando o “Egito” (culturalmente
Israel no deserto (Js 5.5). Assim, pode-se falando) deles (Dt 26.1—32.52; Ml 4 4).

Primeira Ciclo 29
1.3 - Libertação e legalismo religioso. 2.2 - Amar o próximo como a si mesmo.
Se. como disse Paulo, “a lei é santa; e o Equiparado a esse mandamento, Jesus cita
mandamento, santo, justo e bom” (Rm 7.12), ainda Levítico 19.18, onde a segunda parte
como é que em o Novo Testamento há vá­ do texto diz exatamente o que o Mestre
rias referências negativas à lei (Rm 3.194.25)? respondeu: “Não te vingarás, nem guar­
A resposta é que a finalidade da lei (que é darás ira contra os filhos do teu povo; mas
o “amor") foi abandonada (Mt 23.23: Jo 1.17; amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu
Rm 13.10; Gl 5.14). Além disso, é preciso sou o SENHOR" (Mc 12.31). Apesar de haver
igualmente notar que, muitas vezes, a “lei" leis que protegiam o estrangeiro (uma das
a que se referia Jesus, dizia respeito à cha­ grandes diferenças do código legislativo de
mada “tradição dos anciãos", que não era o Israel em relação às outras nações), como é
texto biblico dos dez mandamentos e muito possível verificar os textos de Êxodo 12.49;
menos o Pentateuco, mas um comentário 22.21 e 23.9, por exemplo, implicitamente, o
paralelo (Mt 15.1-20; Mc 71-23). Assim, a lei mandamento de amar o “próximo" como a
que tinha a finalidade de levar Israel a ter si mesmo, parece especificar que o próximo
uma cultura diferente e acima das outras, é o igual, ou seja, o israelita, ou judeu, que
em exemplo e atitudes, acabou degeneran- possui os mesmos gostos e partilha das
do-se em legalismo religioso, isto é, a falsa mesmas idéias e crenças.
ideia de que é possível salvarmo-nos por 2.3 - O grande mandamento da lei. É
nossos próprios “atos dejustiça” praticados preciso observar que o escriba, chamado
ao observar preceitos religiosos. Algo que de “doutor da lei", questiona Jesus acerca
Paulo reprovava terminantemente, mesmo do grande mandamento da “lei” e não do
porque, “o homem não é justificado pelas Evangelho. Ele pergunta: “Mestre, qual é
obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, o grande mandamento da lei?" (Mt 22,36).
[...] porquanto pelas obras da lei nenhuma Jesus então responde: “O primeiro de
carne será justificada" (Gl 2.16). Da liberta­ todos os mandamentos é: Ouve, Israel,
ção passou-se ao legalismo retornando ao o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.
aprisionamento (Mt 23.1-37). Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de
2. OS DOIS GRANDES todo o teu coração, e de toda a tua alma,
e de todo o teu entendimento, e de todas
MANDAMENTOS: AME A
as tuas forças; este é o primeiro manda­
DEUS E AO PRÓXIMO mento. E o segundo, semelhante a este, é:
2.1 - Amar a Deus. Desde a promulga­ Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
ção do Decálogo no deserto, abrangendo Não há outro mandamento maior do que
o prólogo, bem como o primeiro e o se­ estes" (Mc 12.29-31). O próprio escriba
gundo mandamentos, a ordem é clara: emendou a palavra do Mestre, dizendo
Não se deve ter outro deus além do Deus que observar esses dois mandamentos,
libertador de Israel (Êx 20.2-6). Foi desse “é mais do que todos os holocaustos e
entendimento que surgiu a Shemá, isto é, a sacrifícios” (Mc 12.33). Na passagem pa­
expressão hebraica que pode ser traduzida ralela de Mateus, Jesus disse que desses
como “Ouça Israel”. Trata-se das duas pri­ “dois mandamentos, dependem toda a
meiras palavras da Torá (Lei), e servem para lei e os profetas" (Mt 22.40). Em outras
introduzir os ensinamentos da lei a Israel. É palavras, essa era finalidade da lei: Levar
por isso que Jesus menciona Deuteronômio as pessoas a amar. A Lei toda podia ser
6.4: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é reduzida, isto é, observada nesses dois
o único SENHOR” (cf. Mc 12.29). mandamentos.

30 Discipulando Aluno 1
pessoas (Mt 12.1-21). Não obstante isso, Je­
sus valorizava e priorizava mais as pessoas
É sabido que (Jo 5.1-16). Assim, o mandamento de amar o
próximo como a si mesmo, da forma como
Jesus foi o único era entendido na tradição judaica, parecia
não ser mais do que amar a si mesmo de
ser humano que forma egoística, pois não comportava um
amor ao próximo diferente, ou seja, não ha­
cumpriu toda a lei. via espaço para os que não eram como os
religiosos. Todavia, a novidade do manda­
mento de amar, trazido pelo Evangelho de
Jesus Cristo, é que Ele não disse para amar
3. 0 NOVO MANDAMENTO como amamos a nós mesmos. Não! Ele
disse que os seus seguidores devem amar
NOS APROXIMA DO REINO como Ele amou (Jo 13.34.35). Em outras
DE DEUS palavras, Jesus é a referência, e também
3.1 - O novo mandamento. É sabido o padrão, de amor que devemos praticar.
que Jesus foi o único ser humano que 3.3 - Somos Cristo para o próximo.
cumpriu toda a lei (Mt 5.17-20). Por ser Enquanto a lei possuía vários mandamen­
Deus e ter autoridade para tal, Ele po­ tos que consistiam em amar a Deus sobre
dia modificar determinados preceitos e todas as coisas e o próximo como a nós
tradições, sobretudo, se aqueles fossem mesmos, o Evangelho tem apenas um
humanos, legalisticos e caprichosos. Por mandamento: Amar como Jesus nos amou.
isso, ao introduzir as mudanças (da lei para E como Ele nos amou? Entregando-se pela
o Evangelho), em seu célebre Sermão do humanidade pecadora, dando a sua vida
Monte, Ele dizia: “Ouvistes o que foi dito por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm
aos antigos" e, na sequência, dava uma 5.8). O chamado “texto áureo" da Bíblia.
nova orientação: “Eu, porém, vos digo" João 3.16, precisa ser visto juntamente com
(Mt 57). Foi assim que, na noite em que foi 1 João 3.16: “Conhecemos o amor nisto: que
traído, reuniu os seus discípulos e deu-lhes ele deu a sua vida por nós, e nós devemos
um “novo mandamento" (Jo 13.34,35). Mas, dar a vida pelos irmãos". Sim. Ele deu a sua
se Ele diz para amar e isso já havia na lei, vida por nós, obedecendo ao Pai, e nós,
o que há de “novo”? Aqui entra a grande segundo o apóstolo João, devemos fazer
novidade da proposta de Jesus Cristo. A o mesmo pelos nossos semelhantes. Isso
lei poderia ser resumida em dois manda­ porque, ensina o mesmo apóstolo, se dis­
mentos, ao passo que o mandamento de sermos que amamos a Deus, mas odiamos
Jesus é apenas um. o nosso semelhante, tornamo-nos menti­
3.2 - Jesus como referência. “Amar rosos, pois, questiona ele, "quem não ama
a Deus" sobre todas as coisas é algo seu irmão, ao qual viu, como pode amar a
impossível de ser mensurado, Por isso, Deus, a quem não viu?” (1 Jo 4.20). Fazendo
as pessoas podem ser muito religiosas assim, tornamo-nos “Cristo para o próxi­
e ainda assim amarem mais a si mes­ mo", ou seja, as pessoas verão Cristo em
mas, ou sua reputação, do que Deus nós e o nome do Senhor será glorificado,
(Jo 12.42,43). Nesse mesmo assunto, outro sendo, nós mesmos, um testemunho vivo
aspecto interessante de se pensar, é que o nessa sociedade do que é viver orientado
religioso valoriza mais regras religiosas que por Deus (Jo 1334.35).

Primeiro Ciclo 31
CONCLUSÃO 2. É possível alguém se salvar observando
a lei?
Jesus reduziu todos os mandamentos
em um único, pois sabe que se amarmos
como ELe nos ama, certamente Deus virá
em primeiro Lugar em nossa vida, pois
somos servos. O Mestre sabe iguaLmente 3. Cite o grande mandamento da Lei.
que. se amarmos tal como ELe nos ama,
não desprezaremos os nossos semelhan­
tes, pois eLes serão mais valiosos do que
regras, sejam eLas religiosas ou não. 4. Qual a diferença entre o “novo manda­
mento" do Evangelho e o grande manda­
mento da Lei?
APROFUNDANDO-SE
Pentateuco, também chamado deTorá
ou Lei, refere-se ao conjunto dos primeiros
cinco livros da Bíblia (Gênesis. Êxodo, Levíti-
5. Como nos tornamos “Cristo para o
co, Números e Deuteronômio), escritos por
próximo”?
Moisés. É uma das três divisões principais
da Bíblia dos judeus. Tem um valor muito
grande para nós cristãos, pois faz-nos en­
tender a necessidade do sacrifício de Cristo
e revela-nos a formação de Israel.

SUGESTÃO
DE LEITURA
Os Dez Mandamentos para os Dias de Hoje
Este livro oferece princípios básicos para
Você Sabia?
interpretar e aplicar os Dez Mandamentos.
Que a palavra “Decálogo" traduz
Recursos Didáticos para a Escola Domi­
fielmente o sentido dos Dez Manda­
nical
mentos? A expressão significa literal­
Aumente a capacidade de absorção de mente “dez palavras" e foram dadas
sua aula, Novos recursos e estratégias a Moisés pelo próprio Deus (Éx 2412;
inovadoras. 31.18). Apesar de a Bíblia dizer que
Deus escreveu em duas “tábuas de
pedra” as dez palavras, ela informa
VERIFIQUE SEU que Moisés, angustiado pela atitude
do povo que se desviara, quebrou as
APRENDIZADO tábuas que Deus lhe dera (Èx 32.19).
1. Para quê foi dada à lei? Posteriormente, o próprio Moisés teve
de talhar outras duas tábuas de pedra
para que Deus nelas escrevesse (Éx
34.1.4,10-28).

Discipulando Aluno 1
Estudada em / /

A Mensagem
de Jesus-
o Reino
de Deus
TEXTO BÍBLICO BASE
Mateus 3.1-3:11.1-5
MEDITAÇÃO Mateus 3
“Em verdade vos digo que, entre
1 - E, naqueles dias, apareceu João Batista
os que de mulher têm nascido, não pregando no deserto da Judeia
apareceu alguém maior do que João
2 - e dizendo: Arrependei-vos. porque é
Batista; mas aquele que é o menor
chegado o Reino dos céus.
no Reino dos céus é maior do que
ele, E, desde os dias de João Batista 3 - Porque este é o anunciado pelo profe­
ta Isaías. que disse: Voz do que clama no
até agora, se faz violência ao Reino
deserto: Preparai o caminho do Senhor,
dos céus, e pela força se apoderam
endireitai as suas veredas.
dele, Porque todos os profetas e a lei
profetizaram até João" (Mt 11.11-13), Mateus 11
1 - E aconteceu que, acabando Jesus de dar
instruções aos seus doze discípulos, partiu
dali a ensinar e a pregar nas cidades deles.
2 - E João, ouvindo no cárcere falar dos feitos
de Cristo, enviou dois dos seus discípulos
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA
3 - a dizer-lhe: És tu aquele que havia de
• SEGUNDA - Mateus 6.10
vir ou esperamos outro?
• TERÇA - Mateus 13.1-58
4 - E Jesus, respondendo, disse-lhe: Ide e
• QUARTA - Marcos 1.14 anunciai a João as coisas que ouvis e vedes:
• QUINTA - João 1.6-8 5 - Os cegos veem, e os coxos andam: os
• SEXTA - Marcos 1.1-3 leprosos são limpos, e os surdos ouvem;
os mortos são ressuscitados, e aos pobres
• SÁBADO - Marcos 10.15
é anunciado o evangelho.

Discipulando Aluno | Primeiro Ciclo 33


INTRODUÇÃO
Na oração do Pai-Nosso, Jesus ensinou,
entre outras coisas, que devemos pedir
Se a vontade
a Deus que “envie" o seu Reino, ou o seu
reinado, sobre nós (Mt 6.9-13). Isso para
do Criador for rea­
que façamos, aqui na terra, a vontade do
Pai, exatamente como ela é feita no céu.
lizada, certamente
Tal não significa uma anulação do nosso
livre-arbítrio, mas justamente o contrário,
os nossos verda­
pois se a vontade do Criador for realizada,
certamente os nossos verdadeiros anseios
deiros anseios se­
serão contemplados. Por isso, Jesus instruia
os seus discípulos a que buscassem, primei­
rão contemplados.
ramente, o Reino de Deus e suajustiça, e as
coisas essenciais e básicas certamente não
nos faltariam (Mt 6,25-34)- É justamente acer­
ca desse assunto que vamos estudar hoje, profecia de Malaquias, um sacerdote
chamado Zacarias estava cumprindo a
1. JOÃO BATISTA -
sua vez no turno de oficiar o culto judaico,
O ÚLTIMO PRECURSOR DO quando avistou um anjo chamado Gabriel.
REINO DE DEUS O mensageiro de Deus viera trazer a notícia
1.1 - Profetizado por Malaquias. O de que Isabel, esposa de Zacarias, mesmo
último profeta literário do Antigo Testa­ sendo avançada em idade, concebería
mento, Malaquias, profetizou que antes e daria à luz um filho (Lc 1.5-25)- Por ter
da manifestação do Dia do Senhor, Deus duvidado, Zacarias ficou mudo até que
enviaria o profeta “Elias” para converter, o seu filho nascera (Lc 1.18-20,64). Como
ou fazer voltar, o coração dos pais para os orientado pelo anjo, deram ao menino o
filhos e vice-versa (Ml 4-5,6). Ele também nome de João (Lc 1.57-63)-
admoestou os judeus a que lembrassem 1.3 - Ministério de João Batista. Desde
da lei de Moisés, até que isso não acon­ o seu nascimento, João Batista causou
tecesse (Ml 4.4). Quem estuda a Bíblia curiosidade nas pessoas (Lc 1.66). No
sabe que o conhecido profeta Elias de­ cântico profético de Zacarias, seu pai, está
senvolvera seu ministério anos antes de sintetizado o ministério que Deus destinara
Malaquias ejá havia sido miraculosamente a João (Lc 1.67-79). Seu trabalho consistiu
transportado aos céus (1 Rs 17.1—2 Rs 2.11). em advertir ao povo, despertando-o para
Assim, a profecia de Malaquias, conforme o julgamento divino que, para o Batista,
o anjo Gabriel, e o próprio Jesus disseram, se avizinhava juntamente com o estabe­
cumpriu-se com João Batista, o “Elias que lecimento do Reino dos céus (Mt 3.1-12). É
havia de vir" (Mt 11.14; 17-10-13: Mc 9.11-13; preciso entender, particularmente no que
Lc 1.16,17). Isso porque João Batista de­ diz respeito ao Reino de Deus, que João
senvolvera um ministério parecido com o fala de algo que ele não sabe claramente
de Elias, inclusive, vestindo-se de forma como é. Devido ao fato de João ser judeu,
parecida (2 Rs 1.8; Mt 3.4), provavelmente sua perspectiva a respeito
1.2 - Nascimento de João Batista. do Reino era nacionalista e política. Ele,
Cerca de quatrocentos anos depois da porém, é claro ao dizer que sua missão

34 Discipulando Aluno 1
consiste apenas em anunciar a vinda do serem descendência de Abraão. Todavia,
responsável pelo estabelecimento do como os advertira João Batista, eles não
Reino de Deus (Jo 1.6-8; 3.28). deveriam presumir-se de si mesmos o
serem filhos de Abraão, pois “mesmo [das]
2. JESUS CRISTO- pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão"
OFUNDADOR/INICIADOR (Mt 3.9; Lc 3.8).
DO REINO DE DEUS 2.2 - O Batizador com o Espírito San­
2.1 - O Cristo/Messias esperado to. Uma das características, e também
anuncia o Evangelho do Reino de Deus. promessas, mais marcantes do Cristo é
Ansiado por todos os judeus, o “Ungido" que, conforme João Batista, enquanto este
(Messias, no hebraico, ou Cristo, no gre­ batizava com água, para o arrependimen­
go), visto como descendente de Davi, to, aquele batizaria com o Espírito Santo e
era aguardado como o grande Libertador com fogo, como forma de revestimento
que restauraria a soberania politica de (Mt 3.11; Lc 3.16; At 1.1-8). Assim, se o ba­
Israel. Assim, é com grande entusiasmo tismo de João era um rito de passagem
que Marcos informa que após a prisão de para exemplificar algo que já ocorrera, o
João Batista veio Jesus Cristo pregando o batismo de Jesus marcava uma condição
Evangelho do Reino de Deus (1.14,15). Na permanente de algo que apenas se iniciara
verdade, essa era a principal mensagem com tal revestimento.
do Mestre e mesmo de seus discípulos e 2.3 - O Comissionador dos anun­
apóstolos (Mt 4.23; Lc 443; 8.1; At 1.3; 8.12; ciantes do Reino de Deus. Em Mateus
19.8; 20.25; 28.23.30,31). Essa mensagem 10.7 Jesus instrui seus discípulos a que
era ansiosamente aguardada, pois se pen­ anunciem a chegada do Reino dos céus. A
sava que ao soar dela se acabariam todos mesma passagem é relatada por Lucas ao
os problemas pelo simples fato de eles dizer que Cristo enviou os seus discípulos
a pregar o “Reino de Deus e a curar os
enfermos" (9.2). Essa mesma designação é
repetida em Lucas 10.8,9, quando o Mestre
instrui os seus setenta discípulos: “E, em
É preciso entender qualquer cidade em que entrardes e vos
receberem, comei do que vos puserem
que há uma grande diante. E curai os enfermos que nela hou­
ver e dizei-lhes: É chegado a vós o Reino
diferença entre a de Deus". Assim, apesar de Jesus iniciar/
fundar o Reino de Deus, incumbiu seus
expectativa humana discípulos de anunciar tais Boas Novas
(Mc 16.15).
acerca do Reino e a 3. O ESTABELECIMENTO DO
vontade divina a res­ REINO DE DEUS
3.1 - O conceito de Reino de Deus. No
peito desse mesmo que diz respeito à nomenclatura, ou seja,
a “Reino de Deus", trata-se de expressão
Reino. novíssima, pois não há registro dela no
Antigo Testamento, nem no período in-
tertestamentário, sendo um conceito pra-

Primeiro Ciclo 35
ticamente exclusivo de Jesus (com uma
pequena ocorrência em João Batista) que
nos remete à ideia de um governo ideal, Os sinais realiza­
teocrático que só existira no paraíso, o
lugar original e perfeito onde existia plena dos por Jesus Cristo
harmonia entre a humanidade e o Criador
e as todas as demais coisas. Dessa forma, apontam para um
inicialmente é preciso entender que há
uma grande diferença entre a expectativa mundo onde não há
humana acerca do Reino e a vontade divi­
na a respeito desse mesmo Reino (Jo 18.36 lugar para doenças,
cf. Lc 11.20). Assim, Reino de Deus significa
o reinado, ou o governo, de Deus sobre to­ tristezas, angústias
das as coisas. Entretanto, nesse momento,
isso não pode ocorrer pelo simples direito ou dor.
de Deus ser o Criador de todas as coisas,
pois o pecado privou-nos de desfrutar de
tal governabilidade. Para isso acontecer,
é preciso haver recepção voluntária e (Lc 9.46-48; Em outra ocasião Ele disse
consequente submissão à soberania di­ que quem não recebesse o Reino de Deus
vina. É por isso que Jesus vem anunciar como uma criança jamais poderá entrar
o Evangelho, ou seja, a mensagem que nele; Mc 10.15). No outro caso, ao disputa­
consiste no anúncio de que, através dEle. rem entre si quem era o maior, o Senhor
é possível viver ainda aqui sob a égide, ou mostrou-lhes novamente que quem assim
direção, de Deus. quisesse ser, deveria tornar-se o menor
3.2 - Os sinais do Reino de Deus. A (Lc 22.24-27). Por esses exemplos, vê-se
fim de provar às pessoas que o Reino de uma enorme diferença do que significa ser
Deus chegara, Jesus realiza sinais que an­ cidadão do Reino de Deus e como se deve
tecipam, ou seja, mostram o que significa viver na dimensão desse mesmo Reino.
desfrutar, ainda que de maneira passa­
geira, de um mundo onde Deus governa CONCLUSÃO
indistintamente. Em outras palavras, os Somente o amor nos habilita a viver,
sinais realizados por Jesus Cristo apontam ainda aqui na terra, cumprindo a vontade de
para um mundo onde não há lugar para Deus, tal como ela é feita indistintamente no
doenças, tristezas, angústias ou dor (Lc céu. Para isso foi que Paulo instruiu-nos em
7.21,22). Filipenses 2.5-11, a que tivéssemos o mesmo
3.3 - Os cidadãos do Reino de Deus. sentimento, ou disposição, que houve em
Se no aspecto físico Jesus assim o de­ Cristo Jesus que, sendo Deus, não teve por
monstrara, do ponto de vista social, em usurpação ser igual a Deus, mas abriu mão
dois momentos de injustificada disputa de sua glória e tornou-se servo por amor a
dos discípulos acerca de qual deles era “o Deus, e à humanidade. Assim, Ele espera
maior”. Ele ensinara que na perspectiva do que também façamos, de forma voluntária e
Reino, quem quisesse ser o "maior" deveria sem constrangimento, pois o amor nos leva
receber uma criança como se fosse o pró­ a amar como Jesus nos amou, tornando-se
prio Mestre, pois aquele que se tornasse esse ato na maior forma de pregação do
o menor entre eles, esse sim seria grande Evangelho do Reino de Deus.

36 __________
APROFUNDANDO-SE 3. Qual foi a principal missão de João
Batista?
Segundo alguns autores, a noção de
milagre como algo extraordinário, só faz
sentido em nosso mundo decaído e peca­
minoso, Em um mundo perfeito, ter saúde,
não sofrer e muito menos morrer, é algo
perfeitamente normal Por isso, os milagres
4. Qual a principal diferença entre o batis­
realizados por Jesus são apresentados
mo de João e o de Jesus?
como provas de que o Reino de Deus che­
gara, pois sinalizam e antecipam a verdade
de que Deus restabelecerá a normalidade
e a perfeição de todas as coisas.

5. O que é o Reino de Deus?


SUGESTÃO
DE LEITURA
Teologia do Novo Testamento
Esta obra oferece uma nova percepção
e compreenção da disciplina teológica.
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Potencialize os resultados da Escola Do­
minical de sua igreja.

VERIFIQUE SEU
APRENDIZADO
1.0 que Jesus ensinou que pedíssemos na
Você Sabia?
oração do Pai-Nosso?
Que a expressão "Reino dos Céus', uti­
lizada por Mateus, em seu Evangelho,
tem o mesmo significado de “Reino de
Deus”? É que para os judeus, Deus é
um nome impronunciável, e como
Mateus dirige o seu Evangelho a
judeus, a utilização de "Reino dos
2. Por que João Batista foi profetizado por
Céus” é mais apropriada. Dessa forma,
Malaquias com o nome de Elias?
Mateus utiliza abundantemente a
expressão "Reino dos céus”, em mais
de trinta vezes. Mesmo assim, ainda há
cinco ocorrências da expressão "Reino
de Deus" no Evangelho de Mateus
(6.33:12.28:19.24:21.31: 21.43).

Primeiro Ciclo 37
Lição 8
Estudada em /_J_____

O Reino de
Deus já teve
início

TEXTO BÍBLICO BASE


Mateus 10.5-8
MEDITAÇÃO
5 - Jesus enviou estes doze e lhes ordenou, “E, interrogado pelos fariseus sobre
dizendo: Não ireis pelo caminho das gentes, quando havia de vir o Reino de Deus,
nem entrareis em cidade de samaritanos: respondeu-lhes e disse: O Reino de
6 - mas ide. antes, às ovelhas perdidas da Deus não vem com aparência exte­
casa de Israel; rior. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo
7 - e, indo, pregai, dizendo: É chegado o ali! Porque eis que o Reino de Deus
Reino dos céus. está entre vós" (Lc 17.20.21).
8 - Curai os enfermos, limpai os leprosos,
ressuscitai os mortos, expulsai os demônios;
de graça recebestes, de graça dai.

REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA


• SEGUNDA - Lucas 11.20
• TERÇA - Lucas 17 20,21
• QUARTA - Lucas 1.32,33
• QUINTA - Lucas 8.10
• SEXTA - Lucas 22.16,18
• SÁBADO - Lucas 22.2g

38 Discipulando Aluno I Primeiro Ciclo


INTRODUÇÃO
Invariavelmente as nossas expectati­
vas atrapalham-nos, pois nos levam a ali­ Rejeitado, in­
mentar irrealidades. Em relação às coisas
de Deus, esse tipo de disposição humana clusive, pela famí­
é fatal, provocando em nós uma enorme
falta de sintonia (Mt 11.16-19; Lc 7.31-34). 0 lia, [...] Jesus foi
mais grave é que podemos não perceber
o quanto estamos equivocados a respeito incompreendido
do momento histórico que atravessamos
(Mt 16.1-3). Rejeitado, inclusive, pela famí­ e ostensivamente
lia, no período em que desenvolveu o seu
ministério terreno, Jesus foi incompreen­ rejeitado.
dido e ostensivamente rejeitado (Jo 7.1-5).
O resultado foi o prejuízo de milhares de
pessoas que deixaram de ser abençoadas
pelo seu trabalho (Mt 11.20-24; 13.53-58;
Mc 6.1-6; Lc 4.24-30). Preconceito foi “daqui", é preciso verificar o contexto em
tudo que experimentara, sobretudo, por que Jesus fez tal declaração. Como Cristo
parte daqueles para os quais Ele viera (Jo nada fizera contra o Estado, era preciso
1.11,45-50). A despeito disso, o Espirito de uma acusação que justificasse sua prisão.
Deus estava sobre o Mestre e o ungira Uma vez que foram os sacerdotes quem
para evangelizar os pobres, isto é, anunciar o entregara, ou seja, os lideres religiosos
uma boa notícia aos que não têm espe­ judeus, pois a pregação do Evangelho os
rança, anunciar a libertação aos presos e incomodava e tirava-lhes o poder sobre
oprimidos e declarar a abertura e o início o povo (Jo 11.46-48; 18.19), eles então
de um novo tempo de a humanidade se inventaram uma das piores acusações do
relacionar com Deus (Lc 4.14-21; Mt 4.12- mundo antigo: dizer que alguém, fora o
17). Em outras palavras, Jesus dera início soberano do reino, queria ser rei (Jo 19.12).
ao reinado de Deus (Mc 1.1,14,15). Esse é o Sob essa falsa acusação, Pilatos interrogou
tema da presente lição. Jesus acerca da denúncia, inquirindo-o da
seguinte forma: “Tu és o rei dos judeus?"
1. A NATUREZA DO (Jo 18.33). Diante dessa situação foi que o
REINO DE DEUS Senhor respondeu-lhe: “O meu Reino não é
1.1 - Temporal e eterno. Apesar de deste mundo; se o meu Reino fosse deste
sabermos que o Reino de Deus é men­ mundo, lutariam os meus servos, para
cionado sem nos ser definido, é possível que eu não fosse entregue aos judeus;
falar de sua “essência" e/ou “propriedade mas, agora, o meu Reino não é daqui" (Jo
característica”, ou seja, de sua “natureza", 18.36b).
a partir do que Jesus ensinou acerca do É preciso observar que o Senhor
inicio desse novo tempo. Primeiramente pontuou muito bem o fato de que “agora"
é preciso entender que, como o próprio o Reino não é daqui, mas isso não quer
Jesus respondeu a Pilatos, o Reino de Deus dizer que o Reino nunca será aqui. De
“não é deste mundo" ou “daqui” (Jo 18.36). acordo com o próprio Jesus, essa hora
Antes, porém, de entender o que significa chegará (Mt 25.31-34). Por isso, pode-se
dizer que o Reino “não é deste mundo” ou dizer que o Reino de Deus não é apenas

Primeiro Ciclo 39
eterno, mas também temporal, ou seja, em torno do Mestre que fora frustrada
possui um início, apesar de nunca ter fim (Lc 24.21 cf. Mc 15.43). Quando eles dizem
(Lc 1.31-33). ao “forasteiro” que esperavam que fosse
Jesus quem “remisse" a Israel, na verdade,
1.2 - Material e espiritual. O fato de
expressavam o anseio de libertação políti­
o Reino não haver ainda se materializado
ca que ainda dominava o imagináriojudeu
de forma evidente, não pode ofuscar a
(At 1.6). O “Reino de Deus", para Israel, sig­
verdade de que ele é material e não ape­
nificava o Messias, descendente de Davi,
nas espiritual, Jesus falou que não tomaria
reinando perpetuamente sobre todas as
mais do fruto da vide, ou seja, o vinho, até
nações e os judeus dominando o mundo.
aquele dia em que, juntamente com todos
Contudo, esse não fora o projeto original
nós os que cremos, o fizer novamente no
de Deus para essa nação (Gn 12.1-3 cf.
Reino de Deus (Mt 26.29; Mc 14.25; Lc 22.18).
Éx 19.6). Dai o porquê de suas expectativas
Além disso, ao designar seus discípulos a
irreais terem sido frustradas. Isso também
pregar, o Mestre os orientara a que deve­
ríam dizer “É chegado o Reino dos céus" explica o fato de eles não aceitar Jesus
como Messias, pois esperavam uma figura
(Mt 10.7). E qual era o sinal de que isso, de
mais apresentável do que a de um sim­
fato, acontecera? Jesus então diz: “Curai os
ples carpinteiro de Nazaré (Is 53-1-12 cf.
enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os
Mt 13.53-58; Mc 6.1-6). O Reino de Deus já
mortos, expulsai os demônios" (Mt 10.8).
havia chegado, mas eles não perceberam
Os mesmos sinais que Ele apresentara
e não puderam recepcioná-lo, pois espe­
aos discípulos de João Batista deveríam
ravam algo diferente (Lc 10.8-24).
ser realizados, em seu nome, e utilizados
como evidência da chegada do Reino (Mt 2.2 - Inobservável e não localizável,
11.1-5). Tais prodígios não são “espirituais” mas real. Apesar de o Reino de Deus não
ou metafóricos, mas concretos e muito re­ ser ainda observável e nem localizável, já é
ais, servindo ao benefício dos necessitados uma realidade. Como já foi mencionado, ao
e empobrecidos. ser inquirido pelos fariseus acerca do fato
de o Reino de Deus já ter chegado, Jesus
1.3 - Presente e futuro. Outra caracte­
respondeu-lhes: “O Reino de Deus não
rística da natureza do Reino é o fato de ele
vem com aparência exterior. Nem dirão:
ser. presente e, ao mesmo tempo, futuro.
Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o
Questionado pelos fariseus a respeito de
Reino de Deus está entre vós" (Lc 17.20,21).
quando o Reino de Deus chegaria Jesus
A despeito de os judeus não perceber,
respondera que o Reino de Deus já estava
o Reino de Deus já estava entre eles na
entre a humanidade (Lc 17.20,21). Mesmo
pessoa de Jesus Cristo e, posteriormente,
assim, havia uma promessa de que o Reino
através dos que acolheram a Palavra do
ainda não estava “completo", pois o Se­
Evangelho (Mt 10.7; 13 38). Mas que se
nhor também ensinara acerca do “mundo
entenda, nessa perspectiva, não é a etnia
vindouro” (Lc 20.27-40; Mt 22.23-33; 8.12;
que define quem faz parte do Reino, e sim
Mc 12.18-27).
a aceitação, pela fé, do reinado de Deus
2. O REINO DE DEUS NA sobre a sua vida (Gl 3.6-14).
"ATUALIDADE" 2.3 - Reino ou reinado de Deus?
2.1 - A expectativa israelita frus­ Assim que. por esse aspecto, parece ser
trada. No caminho de Jerusalém a mais apropriado se falar em “reinado de
Emaús, dois discípulos de Jesus deixa­ Deus” em lugar de “Reino de Deus”, pois
ram claro que havia uma expectativa não se trata de uma realidade geográ-

40 Disclpulando Aluno 1
fica e Localizada, mas atuante a partir perspectiva política que eles ansiavam,
do coração, ou seja, da inferioridade mas na que Deus prometeu a Abraão (Is
daqueles que acolheram a mensagem 11.1-16; Rm 9.111.32).
do Evangelho (Lc 17,20,21). O estilo de 3.2 - A Igreja. As pessoas que não são
vida dos que são orientados pela ética descendentes dos judeus são considera­
do Reino de Deus tem como funda­ das “gentias”, isto é, “as gentes”, pois não
mento a obediência e a voluntariedade têm a lei. A estas, os judeus deveríam ter
de Cristo (Jo 3.16 cf, 1 Jo 3.16). Assim, a sido exemplo e, seu estilo de vida, um
desobediência do primeiro casal, acaba incentivo para que eles quisessem se tor­
encontrando, naqueles que abraçaram nar igualmente servos do Deus Altíssimo
a possibilidade de se viver instruído (Dt 4 5-8). Lamentavelmente, conforme
por Deus, um contraste perfeito sendo, denuncia o apóstolo Paulo, a decadência
igualmente, uma forma de “acertar as do povo escolhido chegou ao limite, pois,
contas” com as nossas origens. Apesar conforme disse dos judeus em Romanos
das dificuldades que enfrentamos nesse 2.24, “o nome de Deus é blasfemado entre
mundo caído para viver à Luz da ética do os gentios por causa de vós" (cf. Is 52.5). É
Reino ensinada pelo Senhor Jesus Cristo, nesse contexto que o apóstolo João infor­
cumprindo assim o novo mandamento do ma que apesar de Jesus ter vindo para os
Mestre (Jo 13.34). os cidadãos do Reino judeus, eles o rejeitaram, todavia, aos que
prosseguem vencendo as dificuldades, acolheram a mensagem do Evangelho,
pois o Mestre deu-nos o Consolador independentemente de serem, ou não,
para estar ao nosso Lado, ajudando-nos judeus, Ele “deu-lhes o poder de serem
a viver a realidade do governo divino (Jo feitos filhos de Deus: aos que creem no
14.16,26:15.26; 16.7). seu nome, os quais não nasceram do
3.0 REINO DE DEUS SE sangue, nem da vontade da carne, nem
da vontade do varão, mas de Deus" (Jo
COMPLETARÁ NO FUTURO 1.12,13). Contudo, é preciso ter muito claro
3.1 - Israel. A despeito de Israel ter o fato de que há um propósito em Deus
rejeitado o seu Messias, a Bíblia é clara ao chamar-nos. Fomos chamados para reali­
instruir-nos acerca do fato de que tudo zar o trabalho que Israel não realizou, qual
o que foi prometido pelo Criador a esse seja, sinalizar, com nosso estilo de vida, o
povo, no momento certo, se cumprirá (Mt que significa viver, num mundo caído, sob
23 34-39; 1 Pe 2.4.7.S). Haverá um cumpri­ o reinado de Deus e o governo divino (Mt
mento, em termos de Reino de Deus, para 21.43; 1 Pe 2.9,10).
o povo escolhido, entretanto, não será na
3.3 - O mundo. Uma vez que a pró­
pria natureza foi afetada pelo pecado
(Gn 3.17,18), Paulo diz que até mesmo ela
aguarda a redenção, ou seja, a libertação
(Rm 8,18-22). A Palavra de Deus informa-
-nos acerca de um tempo em que o Reino
de Deus será uma realidade completa
e então haverá a mesma harmonia que
existira no Éden entre Criador e criaturas
e destas entre si (Is 11.1-16). Esse tempo
marcará a plenitude do Reino de Deus,
pois a Terra será perfeita e cheia do co-

Primeiro Ciclo 41
nhecimento do Criador, sem necessidade 3. Apesar de inobservável, como o Reino
alguma de que alguém ensine a outrem de Deus pode ser real?
sobre Ele (Jr 3134; Dn 2.34.35).

CONCLUSÃO
Os reinos desse mundo são tem­
porais, passageiros e dependem das
circunstâncias para subsistir (Lc 14.31,32).
O reinado de Deus, já é uma realidade na 4. É mais apropriado falar de “Reino de
vida de todos aqueles que acolheram a Deus” ou “reinado de Deus"? Explique.
mensagem do Evangelho. Já a plenitude
do Reino de Deus, será uma realidade
definitiva quando o Senhor Jesus voltar a
essa Terra. Enquanto isso não acontece,
vivamos de forma digna de cidadãos do
Reino do céu (Sl 15).

APROFUNDANDO-SE
5. Como o Reino de Deus será uma reali­
Dá-se o nome de “teologia da subs­
dade completa para o mundo?
tituição" à ideia de que a Igreja é o novo
Israel. A fim de advertir-nos acerca do
perigo que se verifica na falta de enten­
dimento desse conceito que, inclusive
acometeu Israel, foi que o apóstolo Paulo
disse: “Porque, se Deus não poupou os
ramos naturais, teme que te não poupe a
ti também" (Rm 11.21).

VERIFIQUE SEU
APRENDIZADO
1. Como é possível falar da “natureza" do
Reino de Deus se ele não foi definido?

Você Sabia?
Que Israel não conta a passagem do
tempo como nós, isto é. não há “a.C."
2. Explique como é possível o Reino de (antes de Cristo) e “d.C." (depois de
Deus ser temporal e eterno, material e Cristo). Uma vez que eles não aceitaram
espiritual, presente e futuro. Jesus como Messias, ainda não chegou
o novo tempo para o povo escolhido.
Por isso, em Israel, vive-se o ano 5775-

42 Discipulando Aluno 1
A Morte
de Jesus

TEXTO BÍBLICO BASE


Marcos 15.33-40

MEDITAÇÃO 33 - E, chegada a hora sexta, houve trevas


sobre toda a terra até à hora nona.
“E eu, quando for levantado da ter­
ra, todos atrairei a mim. E dizia isso 34 - E. à hora nona. Jesus exclamou com
significando de que morte havia de grande voz, dizendo: Eloí, Eloi. lemá sabac-
tâni? Isso, traduzido, é: Deus meu. Deus
morrer. Respondeu-lhe a multidão:
meu, por que me desamparaste?
Nós temos ouvido da lei que o Cristo
permanece para sempre, e como 35 - E alguns dos que ali estavam, ouvindo
dizes tu que convém que o Filho isso, diziam: Eis que chama por Elias.
do Homem seja levantado? Quem é 36 - E um deles correu a embeber uma
esse Filho do Homem?’ (Jo 12.32-34). esponja em vinagre e. pondo-a numa cana,
deu-lho a beber, dizendo: Deixai, vejamos
se virá Elias tirá-lo.
37 - E Jesus, dando um grande brado,
expirou.
38 - E o véu do templo se rasgou em dois,
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA de alto a baixo.

• SEGUNDA - Deuteronómio 18.15-19 39 - E o centurião que estava defronte


dele, vendo que assim clamando expirara,
• TERÇA - Isaias 53.1-12 disse: Verdadeiramente, este homem era
• QUARTA - Lucas 2.34,35 o Filho de Deus.
• QUINTA - João 12,20-36 40 - E também ali estavam algumas mu­
lheres. olhando de longe, entre as quais
• SEXTA - 1 Coríntios 1.18
também Maria Madalena, e Maria, mãe de
• SÁBADO - Efésios 2.11-22 Tiago, o menor, e de José, e Salomé,

Disciputandp .Aluno f Primeiro Ctctó 43


INTRODUÇÃO inaugura um novo tempo (Jo 1.11-13,17; Hb
10.19-23). Enquanto o Filho de Deus não
"A Lógica humana não compreende as
vinha, o Criador oferecera várias possi­
coisas de Deus”. Esse ditado possui grande
bilidades de arrependimento aos seres
similaridade com o texto de 1 Coríntios
humanos (Hb 1.1-3).
2.14 que diz: “Ora, o homem natural não
compreende as coisas do Espírito de Deus, 1.3 - A restauração entre Deus e a
porque lhe parecem loucura; e não pode humanidade. Conforme a epístola aos
entendê-las, porque elas se discernem Hebreus informa, “quase todas as coisas,
espiritualmente”. Sem dúvida alguma a segundo a lei, se purificam com sangue;
morte de Jesus enquadra-se nessa pers­ e sem derramamento de sangue não há
remissão” (Hb 9.22). Como o sistema le­
pectiva. Esperado com pompa nasceu em
meio à simplicidade. Aguardado como rei gislativo do Antigo Testamento estipulava
que era necessário expiar os pecados atra­
nos moldes dos grandes soberanos do
vés de sacrifícios de animais (Hb 8.110.18),
mundo antigo, manifestou-se como filho
e posteriormente se concluiu que tais
de um humilde carpinteiro de Nazaré. Pen­
sacrifícios nada mudavam em termos de
sado como imortal, apresentou-se como
condição diante de Deus (e muito menos
um ser humano comum, sujeito a todas as
do pecador em termos de arrependimen­
agruras da humanidade, tendo uma das
to), houve a necessidade de um sacrifício
mortes mais dolorosas e humilhantes do
único e definitivo (Rm 5.8-11; Hb 7.18,19;
mundo antigo. Como entender tal perso­
10.12). Esse foi o cumprimento total da lei
nagem como a mais importante e central
a que Jesus se referira, dizendo que “até
de todo o universo? Realmente é difícil
que o céu e a terra passem, nem um jota
para a mentalidade humana “natural" ou
ou um til se omitirá da Lei sem que tudo
racionalista. Essa é a nossa aula de hoje.
seja cumprido” (Mt 5.18). Deus oferecera o
1. A NECESSIDADE DA sistema e somente Ele podia encerrá-lo (Jo
1.17; Hb 10.19-23). De igual forma, o pecado
MORTE DE CRISTO entrou no mundo através de um homem
1.1 - Com o pecado, veio a morte. A e somente um novo representante da hu­
morte é consequência direta do pecado manidade poderia vencê-lo (Rm 5.12-21).
(Rm 6.23). Quando o Criador advertiu ao ca­ Dessa forma vemos claramente a atuação
sal progenitor, Ele disse que no dia em que de Deus e da humanidade em uma única
eles desobedecessem, morreríam (Gn 2.17). pessoa. Deus executando, em Jesus, a
Como se sabe, eles não “morreram" no dia
em que comeram, mas além da separação
e da barreira colocadas entre si e também
em relação ao Criador, passaram, gradativa­
mente, a decair, culminando na morte física.
1.2 - A ruptura entre Deus e a huma­
nidade. Como o nosso primeiro represen­
tante decidiu desobedecer ao Criador,
trazendo com esse ato de rebelião a morte,
houve uma ruptura radical entre Deus e a
humanidade (Is 59.2; Rm 5.12,17). Tal se­
paração marcou a trajetória humana até o
nascimento de Jesus que. ao encarnar-se,

Dísctpulando Alfjgb 1
ção, torna-se, na perspectiva divina, e dos
O paradoxo da- que acolheram a palavra do Evangelho,
uma manifestação do “poder de Deus" (1
cruz é que ela, ins­ Co 1.27-31).
2.2 - Escândalo para os judeus. Em
trumento de exe­ uma de suas mensagens, ao falar de sua
morte e de como ela se daria, Jesus foi
cução, torna-se, na interpelado pela sua audiência com a
seguinte objeção: “Nós temos ouvido da
perspectiva divina lei que o Cristo permanece para sempre, e
como dizes tu que convém que o Filho do
e dos que acolhe­ Homem seja levantado? Quem é esse Filho
do Homem?” (Jo 12.34). Como já foi dito em
ram a palavra do lições anteriores, o grave problema dos ju­
deus era alimentar uma expectativa irreal
Evangelho, uma acerca do Cristo ou Messias. Enquanto eles
esperavam um rei político que reconstru­
manifestação do ísse o templo e restabelecesse o culto
judaico, o Enviado de Deus encerraria tal
'poder de Deus'. sistema oferecendo-se, Ele próprio, como
sacrifício (Hb 7 22-28; 9.23-28; 10.11-18).
Além disso, havia também uma cláusula
gravíssima, na lei, para quem fosse exe­
cutado com morte de cruz (Gl 3.13). Dai o
justiça que cobrara e, ao mesmo tempo, porquê de o judeu achar a pregação da
mostrando à humanidade, igualmente em
cruz um escândalo (1 Co 1.23).
seu Filho, que era possível resistir ao pe­
cado deixando de fazer a própria vontade 2.3 - Loucura para os gregos. Como
para fazer a do Pai (Mt 3.15; Jo 6.38). é do conhecimento de todos, os gregos
supervalorizavam o conhecimento e a fi­
2.0 SIGNIFICADO DA CRUZ losofia. Quem nunca ouviu falar da retórica
2.1 - A palavra da cruz é loucura e, ao grega destilada através de uma oratória
mesmo tempo, poder. É interessante pen­ impecável? Assim se formavam as escolas
sar acerca do fato de que o sacrifício de de filosofia. Quanto mais poderoso, elo­
Jesus na cruz reúne, em si, o extremo dos quente, persuasivo e convincente fosse o
sentimentos. O apóstolo Paulo afirma que argumento, mais adeptos se amealhavam
“a palavra da cruz é loucura para os que para aquela escola. Assim, quando o após­
perecem: mas para nós, que somos salvos, tolo Paulo fala que os “gregos buscam sa­
é o poder de Deus" (1 Co 1.18). Loucura bedoria" e que, de sua boca eles ouviríam
era um dos diagnósticos mais sombrios apenas a pregação acerca de “Cristo cru­
da antiguidade, pois tirava a pessoa do cificado”, na verdade, ele está revelando
convívio da família, submetendo-a a um que se recusa a fazer um discurso cuja fé
estilo de vida extremamente precário e das pessoas se apoiem em sua oratória e
sofrido. Contrariamente, o poder, desde não no Evangelho (1 Co 1.22,23 cf. 2.1-5). O
sempre foi, e ainda o é, um dos maiores que os gregos achavam loucura, explica-
desejos da frágil humanidade. O paradoxo -se pelo fato de que, na mitologia grega,
da cruz é que ela, instrumento de execu­ os humanos foram alçados à condição de

Primeiro Ciclo 45
divindades, sendo os chamados semideu- mas justamente 0 contrário, é vivermos
ses. Uma mistura híbrida que resultara em na condição humana, da forma como o
um ser imortal. Falar de um Deus que deixa Criador projetou-nos para que fôssemos
a condição de imortalidade submetendo- (Cl 3.1-17). Tal padrão não se encontra na
-se a mortalidade é algo que equivale a figura do primeiro Adão, e sim na do Últi­
Loucura para a mente racionalista grega. mo, que findara perfeito (Ef 4.13).
Além do mais, para algumas correntes da
3.3 - Livres da tentação de acharmos
filosofia grega, o corpo era por si mesmo,
algo ruim e, portanto, a prisão da alma. que somos bons. Desde a completa dege-
Logo, não havia nenhum sentido em um neração antidiluviana (Gn 6.5,6,11,12), veri­
Deus tornar-se um ser humano. ficamos que a humanidade não consegue
produzir a boa vida e, consequentemente,
3. NA MORTE DE CRISTO, ser boa. Há em nossa natureza uma pro­
NOSSA REDENÇÃO pensão natural para a prática do mal. E isso
3.1 - Livres da tentação de querer­ a tal ponto, que o apóstolo Paulo chega a
mos nos autossalvar. Todos os sistemas dizer que 0 bem que ele desejava fazer não
religiosos baseiam-se na premissa de que conseguia, mas 0 mal que intentava evitar
precisamos fazer alguma coisa para me­ era uma constante em sua vida (Rm 7.18-
recermos a salvação. O sacrifício do Filho 20). Nisso mais uma vez vemos a graça de
de Deus livra-nos dessa tentação, pois Deus, pois a despeito de sermos assim, Ele
somos salvos pela graça de Deus, pelo nos salvou sem que praticássemos o bem,
dom imerecido do Pai que, através de Je­ ou mesmo fôssemos bons (Rm 5.8). Assim,
sus Cristo, cumpriu todas as exigências do a bondade deve fluir de nossa vida como
sistema sacrifical, garantindo-nos salvação resultado de termos acolhido a palavra
(Ef 2.8). Pelo lado da lei Ele “cumpriu toda do Evangelho e de sermos imitadores de
a justiça" (Mt 3.13-15), Pelo lado humano, Cristo (Ef 5.1; Fp 2.5-11).
Ele em tudo foi tentado, porém, não pecou,
demonstrando que o casal progenitor po­ CONCLUSÃO
dería ter resistido à tentação a que foram A morte de Jesus Cristo, diferente­
submetidos (Hb 2.14-18; 4.14-16; Mt 4.1). mente da imagem derrotista que ali­
3.2 - Livres da tentação de queremos mentamos acerca dos que sucumbem
ser “deus”. O grande pecado da humani­ na batalha, não foi fruto de fraqueza. Ao
dade sempre foi querer ser como Deus. contrário, Ele morreu porque voluntaria­
No Éden, a proposta foi exatamente essa: mente deu a sua vida e também autori­
“sereis como Deus" (Gn 3.5). Após pecar, dade para que alguém o executasse (Jo
a humanidade embruteceu, perdendo a 10.11,17,18; 19.9-11). Longe de uma derrota,
foi a maior vitória que alguém já obteve,
sensibilidade humana. Tal sensibilidade é
pois representou o cumprimento irrestrito
novamente demonstrada em Jesus que,
de um caminho que todos os seres hu­
sendo perseguido, traído e mesmo morto,
manos fazem de forma imperfeita: Jesus
continuou amando e não se desumanizou nasceu, cresceu, desenvolveu e morreu,
revidando na mesma moeda (Mt 5.38-47; sem nunca ter desobedecido ao Pai. Ele
Lc 23.34). É por isso que o Senhor ensina­ venceu e, como a nossa fé apoia-se nEle.
mos a sermos “perfeitos, como é perfeito podemos descansar na confiança de que
0 [nosso] Pai, que está nos céus” (Mt 5.48). a cruz é suficiente para proporcionar-nos
Ser santo, não significa tornar-se um deus, salvação (Jo 16.33).

46 Discipuiando Aiuno 1
APROFUNDANDO-SE 3. Fale sobre a visão do grego acerca da
palavra da cruz ser loucura.
Como não havia motivo para os sacer­
dotes executar Jesus Cristo, eles então
plantaram várias mentiras para justificar
sua morte. Nesse aspecto, pode-se dizer
que não foram os romanos que mataram o
Mestre, e sim os seus próprios irmãos. Os
romanos, nesse caso, apenas executaram.
Por que será que os líderes religiosos de
Israel tinham tanta raiva do Filho de Deus?
4. A morte de Jesus, entre outras coisas,
Se Ele apenas fez o bem e curou o povo de
nos livra de três grandes tentações. Ci­
suas moléstias, o que justifica sua morte?
te-as.
A leitura de alguns textos bíblicos nos dá
uma pista (Mt 27.18; Mc 15.10; Jo 11.48).

SUGESTÃO
DE LEITURA
Teologia do Novo Testamento
5. Das três tentações do último tópico, com
Esta obra oferece uma nova percepção qual delas você mais se identificava antes
e compreenção da disciplina teológica. de acolher a palavra do Evangelho?
Marketing para a Escola Dominical
Potencialize os resultados da Escola Do­
minical de sua igreja.

VERIFIQUE SEU
APRENDIZADO
1. Por que Jesus teve de morrer?

Você Sabia?

2. Como é possível a cruz ser, ao mesmo Que, segundo a tradição, o apóstolo


tempo, o poder de Deus para alguns e Pedro, aquele mesmo que negara
loucura para outros? Jesus, foi crucificado, por opção sua,
de cabeça para baixo? É que, segun­
do alegou, ele não merecia morrer,
ou não se achava digno, na mesma
posição que o seu Salvador.

Primeiro Ciclo 47
A Ressurreição
de Jesus

TEXTO BÍBLICO BASE


Lucas 2436-43

36 - E. falando ele dessas coisas, o mes­


mo Jesus se apresentou no meio deles e
disse-lhes: Paz seja convosco.
MEDITAÇAO
37 - E eles, espantados e atemorizados, "E, oito dias depois, estavam outra
pensavam que viam algum espírito. vez os seus discípulos dentro, e, com
eles, Tomé. Chegou Jesus, estando
38 - E ele lhes disse: Por que estais pertur­
as portas fechadas, e apresentou-se
bados, e por que sobem tais pensamentos
no meio, e disse: Paz seja convosco!
ao vosso coração?
Depois, disse a Tomé: Põe aqui o teu
39 - Vede as minhas mãos e os meus pés.
dedo e vê as minhas mãos; chega a tua
que sou eu mesmo; tocai-me e vede, pois
mão e põe-na no meu lado: não sejas
um espirito não tem carne nem ossos,
incrédulo, mas crente, Tomé respon­
como vedes que eu tenho.
deu e disse-lhe: Senhor meu, e Deus
40 - E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos
meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste,
e os pés.
Tomé, creste; bem-aventurados os
41 - E. não o crendo eles ainda por causa que não viram e creram!" (Jo 20.26-29).
da alegria e estando maravilhados, dis­
se-lhes: Tendes aqui alguma coisa que
comer? REFLEXÃO BÍBLICA DIARIA
42 - Então, eles apresentaram-lhe parte de SEGUNDA-Jó 14.14
um peixe assado e um favo de mel,
TERÇA - Daniel 12.2
43-0 que ele tomou e comeu diante deles.
QUARTA - Isaías 26.14,19
QUINTA - Oseias 6.2
SEXTA - Mateus 16.21-23
SÁBADO - 1 Coríntios 15.19

48 Discipulando Aluno I Primeiro Ciclo


INTRODUÇÃO rajava a enfrentar as dificuldades estimu-
“Eu só acredito vendo" ou “Eu tenho lando-os a perseverar (Mt 9.2,22; 14.27; Mc
de ver para crer", são duas expressões 10.49; Lc 8.48; Jo 16.33), “morto", não havia
comuns utilizadas por alguém que duvida mais porque continuar acreditando que a
de tudo e que, por isso, geralmente diz ser realidade poderia mudar (Lc 24.19-21). O
como “São Tomé”. Apesar de as pessoas fato é que, mesmo não crendo, os próprios
que assim falam raramente saberem. "príncipes dos sacerdotes e os fariseus",
Tomé, um dos apóstolos do Senhor, não reunidos com Pilatos, informaram-lhe,
foi elogiado por não acreditar em seus chamando Jesus de “enganador”, que em
vida o Mestre dissera que depois de três
amigos, mas justamente o contrário! O
dias ressuscitaria (Mt 27,62,63). Por isso,
apóstolo João diz que tendo Jesus apare­
solicitaram ao governador romano que os
cido aos seus discípulos, o receoso após­
fornecesse um efetivo da guarda romana
tolo não estava presente (Jo 20.19-24). Ao
para que os discípulos não “roubassem"
relatarem que o Senhor havia estado com
o corpo de Jesus e assim disseminassem
eles, Tomé então lhes dissera: “Se eu não
a mentira de que Ele ressuscitara (Mt
vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não
27.64). Pilatos atendera ao pedido e eles
puser o dedo no lugar dos cravos, e não
então julgaram que tudo estava seguro
puser a minha mão no seu lado, de maneira
(Mt 27.65,66).
nenhuma o crerei” (Jo 20.25). Uma semana
depois, eles estavam no mesmo lugar e, Contado nos quatro Evangelhos (Mt
nessa oportunidade, Tomé estava com 28.1-10; Mc 16.1-8; Lc 24.1-12; Jo 20.1-18),
o grupo. O Senhor Jesus dirige-se a ele o relato da ressurreição contém detalhes
e desafia-o: “Põe aqui o teu dedo e vê as que não deixam dúvida acerca de sua
minhas mãos; chega a tua mão e põe-na no historicidade. Um dos exemplos é o pró­
meu lado; não sejas incrédulo, mas crente" prio fato de haver incredulidade, nos dias
(Jo 20.27). Se alguém afirma que precisa imediatamente posteriores ao milagre, por
ver para crer, então a fé está dispensada, parte dos próprios seguidores do Senhor.
pois o que se vê não necessita de fé, e sim Entretanto, apenas como forma de exem­
de bom senso. Muito embora, é preciso re­ plificar a veracidade da ressurreição, po­
conhecer, mesmo vendo, alguns não cre­ demos tomar a preocupação dos príncipes
em (Mt 28.17; Jo 12.37), pois a indisposição dos sacerdotes e dos anciãos de Israel em
para aceitar nada tem com a factualidade, subornar os guardas para mentir acerca do
ou não, de alguma coisa. Temas dos mais ocorrido (Mt 28.11-15). Ora, se eles estavam
importantes da fé é a ressurreição, e este dormindo, como podem afirmar com cer­
é o assunto do nosso estudo. teza que os discípulos roubaram o corpo
do Senhor? E se eles viram os discípulos
1. JESUS, MODELO roubando, porque não impediram?
DA RESSURREIÇÃO 1.2 - A incredulidade a respeito da
1.1 - O milagre da ressurreição. De­ ressurreição. Na lógica racionalista de
sesperançados e sem motivação alguma sempre, não apenas de hoje, a ressurreição
para levar adiante a missão de proclamar a é algo impossível de acontecer. Mesmo
chegada do Reino de Deus, três dias após desenvolvendo o seu ministério durante
a morte de Jesus os discípulos voltaram às aproximadamente três anos e meio, perí­
suas atividades anteriores (Jo 21.3). Como odo em que ensinara aos seus discípulos
quaisquer pessoas normais, a esperança que seria tirado fisicamente do meio de­
deles estava na vida. Vivo, Jesus os enco­ les (Mt 16.21-23; Jo 12.32-34), quando tal

Primeiro Ciclo 49
momento chegara, as reações que eles 2. 0 PROPOSITO DAS
tiveram evidenciaram que os seguidores APARIÇÕES DO SENHOR
do Senhor não estavam preparados para
2.1 - O período da aparição. Com os
enfrentar tal situação (Mt 26.31; Mc 14.27;
exemplos de incredulidade dos discípulos
Jo 20.19). Além disso, eles demonstraram
de Jesus relatados nas Escrituras, vê-se o
total desconhecimento bíblico acerca do
quanto foi importante a permanência do
que fora profetizado sobre o Messias, pois
Senhor por quarenta dias entre os seus
tudo o que aconteceu, estava predito na
seguidores (At 1.3). Esse aspecto é mais
Palavra de Deus (Mt 21.42; 26.54,56; Mc
um ponto crucial da ressurreição, pois em
14.49; Lc 24.25-27,44-46). Como já ampla­
uma de suas últimas aparições públicas,
mente frisado, os discípulos alimentavam
de acordo com o apóstolo Paulo, “foi visto
expectativas irreais a respeito do Cristo
por mais de quinhentos irmãos” que, à
e por isso sentiram-se decepcionados.
época em que escrevera a epístola, ainda
A dificuldade em aceitar o fato de que o
viviam (1 Co 15.6). O que isso significa? Se
Senhor ressuscitara, não é uma descrença
alguém não conseguisse, por fé, crer na
atual, mas algo que se manifestou nas pri­
ressurreição, podia se dirigir a essas pes­
meiras horas que se seguiram à aparição
soas e comprovar por si mesmo. Apesar
(Lc 24.13-35).
de esta prática não ser recomendável, era
1.3 - A realidade da ressurreição.
uma alternativa à descrença a respeito
Não foi com um corpo “espiritual” ou
de isso ter acontecido e não ser fruto de
holográfico que Jesus se apresentara aos
alucinação coletiva.
seus discípulos. Na verdade, ao aparecer
2.2 - A mensagem de Jesus no período
a eles pela primeira vez. conforme relata
Lucas, os discípulos ficaram “espantados da aparição. O mesmo texto de Atos 1.3.
informa que o teor da mensagem de Jesus
e atemorizados, [pois] pensavam que
nesse período de quarenta dias, consistiu
viam algum espírito” (Lc 24.37). O Mestre
então lhes respondera: “Vede as minhas justamente do mesmo conteúdo que Ele

mãos e os meus pés, que sou eu mesmo: pregara durante os três anos e meio. Lucas
tocai-me e vede, pois um espírito não informa que o Mestre desenvolvera um
tem carne nem ossos, como vedes que ministério junto aos seus discípulos, “aos
eu tenho" (Lc 24 39). Em seguida Ele mos­ quais também, depois de ter padecido, se
trou-lhes as mãos e os pés que, como apresentou vivo, com muitas e infalíveis
sabemos, foram furados e traspassados provas, sendo visto por eles por espaço
quando de sua crucificação. Para que de quarenta dias e falando do que res­
não restasse dúvida alguma por parte peita ao Reino de Deus". Mesmo após ter
de seus seguidores acerca da “materia­ sido brutalmente morto, ressurreto, Jesus
lidade” do corpo do Mestre, Jesus então continuou falando acerca do projeto divino
solicitara: “Tendes aqui alguma coisa do Reino de Deus. Continuou servindo ao
que comer?” (Lc 24.41). Imediatamente, Pai que o designara a realizar tal missão.
diz Lucas, “eles apresentaram-lhe parte Aos discípulos que, mesmo depois de tê-lo
de um peixe assado e um favo de mel, ouvido durante todo aquele período, não
o que ele tomou e comeu diante deles" entenderam o porquê de Ele ter morrido
(Lc 24.41-43). Em outra ocasião, o Senhor (e tal falta de entendimento, parece ter
aguardara os seus seguidores na beira da atingido-os em sua totalidade), o Mestre
praia, e lá eles o encontraram assando se dispôs a ensiná-los mais uma vez (Lc
peixe (Jo 21.9-15). 24.27,44,45).

50 Discipulando Aluno ,1
terra ressuscitarão, uns para a vida eterna

Adão trouxe o e outros para vergonha e desprezo eterno"


(12.2). Na realidade, Daniel está profetizan­

pecado, Jesus a sal­ do acerca de um tempo futuro em que


o Criador ressuscitará a todos para um
vação. Adão trou­ julgamento final (Ap 20.11-15).
3.2 - A ressurreição se cumpre em Je­
xe a morte, Jesus, sus. O apóstolo Paulo diz em Colossenses
1.18, que Jesus “é o princípio e o primogê­
a ressurreição e a nito dentre os mortos, para que em tudo
tenha a preeminência”. Tal pensamento já
vida eterna. havia sido expresso pelo apóstolo em sua
primeira epístola aos Coríntios, quando
tratou acerca da ressurreição: “Mas, agora,
Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito
2.3 - A prioridade de Jesus no período as primícias dos que dormem. Porque,
da aparição. Por que Jesus se dispôs a assim como a morte veio por um homem,
ensinar, por exemplo, CLeopas e outro de também a ressurreição dos mortos veio
seus seguidores que, no caminho para a por um homem. Porque, assim como todos
aldeia de Emaús, falavam dEle de forma morrem em Adão, assim também todos se­
decepcionante (Lc 24.13-35)? Por que o rão vivificados em Cristo. Mas cada um por
Mestre aparecera novamente aos seus sua ordem: Cristo, as primícias; depois, os
apóstolos e chamara Tomé para verificar que são de Cristo, na sua vinda” (15.20-23).
os ferimentos (Jo 20.19-29)? A resposta é Novamente Paulo fala acerca do tema da
simples se não perdermos de vista o fato representatividade, ou seja, de Adão e Je­
de que Ele valorizava pessoas e não repu­ sus, mostrando um paralelo entre ambos.
tações, regras religiosas ou quaisquer ou­ Adão trouxe o pecado, Jesus a salvação.
tras coisas. Sua prioridade, durante o perío­ Adão trouxe a morte, Jesus, a ressurreição
do de “vida normal" e, após a ressurreição, e a vida eterna. Por que Jesus é colocado
manteve-se intacta. Seu compromisso era como “primogênito dentre os mortos” e
a libertação e a salvação das pessoas, pois também considerado “as primícias dos
foi para isso que o Pai o enviara (Lc 4.43). que dormem”? A resposta é que todas as
pessoas que voltaram à vida na história
3. O SIGNIFICADO DA bíblica, acabaram morrendo futuramente
RESSURREIÇÃO DE CRISTO em outro tempo (1 Rs 17.17-24; 2 Rs 4.32-37;
3.1 - A ressurreição, uma promessa 13 20,21; Mt 27.52,53; Lc 7.U-15; 8.41,42,49-
milenar. Apesar de reconhecer que no 55; Jo 11.1-45; At 9.36-42; 20.9,10,12). Essas
mundo antigo não havia quase nenhum pessoas, na verdade, não ressuscitaram no
conhecimento acerca do destino huma­ sentido pleno da expressão, mas apenas
no após a morte (Jó 14.1-14; Sl 88.1-12), voltaram a viver. Ao passo que Jesus Cristo
diferentemente do que se pensa, o tema ressuscitou verdadeiramente e não voltará
da ressurreição não surge pela primeira mais a morrer!
vez em o Novo Testamento e sim ainda 3.3 - A ressurreição como esperança
no Antigo Testamento. O profeta Daniel central do Evangelho. O capítulo 15 da
fala acerca desse assunto pela primeira primeira epístola de Paulo aos Coríntios
vez: “E muitos dos que dormem no pó da é um verdadeiro tratado acerca do tema

Primeiro Ciclo 51
da ressurreição. Como gregos que eram, VERIFIQUE SEU
os coríntios tinham dificuldade de crer
naquilo que eles não encontravam lógica, APRENDIZADO
pois analisavam todas as coisas pelo viés 1. Por que a ressurreição é uma questão
da filosofia. O apóstolo então os instrui cla­ de fé?
ramente e diz algo muito grave que serve,
inclusive para nós atualmente: “Ora, se se
prega que Cristo ressuscitou dos mortos,
como dizem alguns dentre vós que não há
ressurreição de mortos? E, se não há res­
surreição de mortos, também Cristo não 2.0 corpo ressurreto de Jesus era material
ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, ou “espiritual"?
logo é vã a nossa pregação, e também é
vã a vossa fé” (1 Co 15.12-14). A ressurrei­
ção é a esperança central do Evangelho,
pois nela se cumpre a vontade do Criador
que, momentaneamente, foi desfeita pela
desobediência e a introdução da morte no 3. Por que Jesus apareceu por quarenta
mundo (1 Co 15.24-28,50-57: Ap 21.4). dias após ter ressuscitado?

CONCLUSÃO
A palavra de Jesus a Tomé desenco­
raja qualquer tentativa de “provar” que
Ele ressuscitara: “Porque me viste, Tomé,
creste; bem-aventurados os que não viram 4. Explique o motivo de Jesus ser o “pri­
e creram!” (Jo 20.29). Em outras palavras, mogênito” dos ressuscitados.
não se deve querer ver para crer, mas jus­
tamente o contrário, só se pode crer se não
exigirmos ver! A nossa felicidade consiste
exatamente no fato de que cremos sem 5. Por que a ressurreição é a esperança
que tenhamos contemplado. central do Evangelho?

APROFUNDANDO-SE
A ordem de Jesus a que os seus discí­
pulos pregassem o Evangelho por todo o
mundo, e não apenas aos judeus como dá
a impressão de ter sido ordenado por Ele
em vida, com exceção do texto de Marcos
Você Sabia?
13.10, parece ter acontecido apenas após
a ressurreição (Mt 28.16-20; Mc 16.9-20; Lc Que apesar de ter um corpo ressurreto
24.44-49; At 1.1-8). Por quê? Se a ideia era Jesus manterá os ferimentos que lhe
produzir esperança, e o Mestre não res­ foram causados para mostrá-los aos
suscitasse, como seria possível acreditar judeus na Segunda Vinda (Zc 13 6)?
que o projeto de Deus para a humanidade
não se acabara?

52 Discipulando Aluno 1
Lição 11

A Salvação
em Cristo

MEDITAÇÃO TEXTO BÍBLICO BASE


“E, como Moisés levantou a serpente 2 Coríntios 5.14-21
no deserto, assim importa que o Fi­
14 - Porque o amor de Cristo nos constran­
lho do Homem seja levantado, para
ge, julgando nós assim: que. se um morreu
que todo aquele que nele crê não
por todos, logo, todos morreram.
pereça, mas tenha a vida eterna. Por­
15 - E ele morreu por todos, para que os
que Deus amou o mundo de tal ma­
que vivem não vivam mais para si, mas para
neira que deu o seu Filho unigênito,
aquele que por eles morreu e ressuscitou.
para que todo aquele que nele crê
16 - Assim que, daqui por diante, a nin­
não pereça, mas tenha a vida eterna.
guém conhecemos segundo a carne: e,
Porque Deus enviou o seu Filho ao
ainda que também tenhamos conhecido
mundo não para que condenasse o
Cristo segundo a carne, contudo, agora, já
mundo, mas para que o mundo fosse
o não conhecemos desse modo.
salvo por ele. Quem crê nele não é
condenado; mas quem não crê já 17 - Assim que, se alguém está em Cristo,
nova criatura é: as coisas velhas já passa­
está condenado, porquanto não crê
ram: eis que tudo se fez novo.
no nome do unigênito Filho de Deus.
E a condenação é esta: Que a luz veio 18 - E tudo isso provém de Deus, que nos
ao mundo, e os homens amaram reconciliou consigo mesmo por Jesus Cris­
mais as trevas do que a luz, porque to e nos deu o ministério da reconciliação,
as suas obras eram más” (Jo 3.14-19). 19 - isto é, Deus estava em Cristo recon­
ciliando consigo o mundo, não lhes impu­
tando os seus pecados, e pôs em nós a
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA
palavra da reconciliação.
• SEGUNDA - Gênesis 3.15
20 - De sorte que somos embaixadores
• TERÇA - Isaías 52.7 da parte de Cristo, como se Deus por nós
• QUARTA - Lucas 1.69 rogasse. Rogamos-vos, pois, da parte de
Cristo que vos reconcilieis com Deus.
• QUINTA - Lucas 2.29,30
21 - Àquele que não conheceu pecado, o
• SEXTA - João 4 22 fez pecado por nós; para que, nele, fôsse­
• SÁBADO - Atos 4,10-12 mos feitos justiça de Deus.

Disciputando Aluno | Primeiro Ciclo 53


INTRODUÇÃO forma que os seres humanos tornaram-se
“cheios de toda iniquidade, prostituição,
Cientes de que fomos desumanizados
malícia, avareza, maldade; cheios de in­
e embrutecidos por rejeitarmos a orienta­
veja, homicídio, contenda, engano, malig-
ção divina e o reinado de Deus em nossa
nidade; sendo murmuradores, detratores,
vida e história, o Criador graciosamente
aborrecedores de Deus, injuriadores, so­
oferece-nos a oportunidade de reposicio-
berbos, presunçosos, inventores de males,
narmo-nos diante dEle, do nosso seme­
desobedientes ao pai e à mãe; néscios,
lhante e de toda a realidade. E como Ele
infiéis nos contratos, sem afeição natu­
faz isso? De sucessivas formas e maneiras,
ral, irreconciliáveis e sem misericórdia”
porém, diz-nos o escritor aos Hebreus que,
(Gn 6.11.12: Rm 1.21-32). Tal forma de viver
nos últimos tempos, falou-nos através
não foi a planejada pelo Criador, mas
do seu Filho (Hb 1.1-3) e, através dEle,
inventada pela autonomia humana que
oferece-nos a derradeira chance de se
se arroga capaz de viver à parte de Deus
apropriar do ato sacrifical que Jesus fez
(Sl 10.3-11).
por nós. Sendo o Filho o legitimo herdeiro
de Deus, a expressa imagem do Criador e 1.2 - A vida à parte de Deus significa
o sustentador de todas as coisas, possui escravidão. Apesar de os textos bíblicos
legitimidade e representatividade para acima dizerem a respeito das pessoas
que não são da comunidade de Israel,
delinear o caminho pelo qual os seres
no tempo de Jesus seu ministério foi de­
humanos que querem se tornar o que Deus
senvolvido, em sua maior parte, junto aos
os criou para ser, transitarão. Isso porque,
ante a dúvida de Tomé acerca de onde judeus. Não obstante, em seu discurso
estava tal caminho, Jesus respondeu-lhe aos judeus, registrado em João 8.31-59, o
que Ele próprio é o caminho, a verdade Mestre disse aos judeus que passaram a
e a vida (Jo 14.4-6). “Andar" nEle significa crer nEle, que se estes permanecessem
em sua palavra, ou seja, na prática de
permanecer no que Ele ensinou, e esse
ato traduz o real e verdadeiro sentido da seus ensinamentos, eles poderiam se
tornar seus discípulos de verdade e, em
salvação, tema do presente estudo.

1. A SALVAÇÃO NA
PERSPECTIVA BÍBLICA
1.1 - A arrogância da autonomia
humana. Apesar de o Criador ter dotado
a humanidade de vontade própria não
querendo fazer-nos robôs ou meros fan­
toches, e sim seres responsáveis pelas
próprias decisões, é fato que se esperava
sensatez em vez de arrogância, lucidez
em lugar de delirio e gratidão em vez de
rebeldia. Lamentavelmente, a humanidade
degenerou-se passando a viver segundo
seu embrutecimento. Assim, em Gênesis
vemos que a humanidade corrompeu-se a
tal ponto que Terra encheu-se de violência
e, em Romanos, que o coração insensato
da humanidade obscureceu-se de tal

-U Discipulando Aluno 1
decorrência disso, conheceríam a verdade Evangelho fora dirigido primeiramente a
e esta os libertariam. Indignados, osjudeus judeus, a boa notícia parece ser exclu­
objetaram alegando serem descendência sivamente para este povo (At 4.12; 5.31;
de Abraão e de nunca terem servido nin­ 13 23,26-37), todavia, quando os apóstolos
guém e, por isso, questionaram o porquê passaram a proclamar a mensagem do
de Jesus ter oferecido a eles liberdade. Reino de Deus, vemos claramente que a
O Mestre então respondeu-lhes: “Em salvação é extensiva a toda a humanida­
verdade, em verdade vos digo que todo de: “Seja-vos, pois, notório, varões irmãos,
aquele que comete pecado é servo do que por este se vos anuncia a remissão
pecado” (Jo 8.34). Em termos diretos, Je­ dos pecados. E de tudo o que, pela lei
sus estava dizendo que é um equivoco a de Moisés, não pudestes ser justificados,
pessoa viver imersa no pecado achando por ele é justificado todo aquele que crê"
que está livre, pois tal pessoa, na verdade, (At 13 38,39). “Salvação”, na perspectiva
é escrava do pecado! Quando se acolhe bíblica e, portanto, divina, não é outra coi­
a palavra do Evangelho, é comum que as sa senão a libertação da humanidade da
pessoas digam que agora não podemos escravidão do pecado.
mais fazer de tudo, pois deixamos de ser
livres. Lamentavelmente, tais pessoas não 2. O PARADOXO
entendem que a falta de domínio de seus DA SALVAÇÃO
vícios, paixões e outros excessos que as 2.1 - A oferta divina diante do livre-
maltratam, na realidade, não indicam que -arbitrio da humanidade. É evidente que
elas são livres, mas exatamente o oposto. a humanidade continuará buscando, por
1.3 - O anseio humano e a salvação na suas próprias forças, a melhor maneira
perspectiva divina. A humanidade subju­ de viver, sem, contudo, reconhecer que
gada pelo mal que parece existir desde precisa de orientação segura sobre sua
sempre, tenta por si mesma produzir a origem e destino (Lc 12.13-21). Todavia, o
“salvação" (traduzida na desesperada retorno ao paraíso, o restabelecimento da
busca de evitar a dor e aumentar o prazer), harmonia com o Criador, consigo mesmo,
mas como se pode constatar durante todo com os semelhantes e até com a natureza,
o drama humano, o máximo de solução não se dará pela religião, filosofia, ciência
que consegue não passa de um alívio ou qualquer outra produção humana,
momentâneo que não excede a resolução mas pelo acolhimento da mensagem do
circunstancial de um único problema. O Evangelho (Mc 1.15). Ocorre que, pres­
vazio existencial assola indiscriminada­ cindindo do Criador, a humanidade não
mente ricos e pobres, grandes e pequenos, pode, por suas próprias forças, reconhecer
famosos e anônimos. Ninguém escapa o seu grande problema e, por isso mes­
do problema do pecado. Mesmo porque, mo. jamais buscará salvar-se do pecado
esse é o real problema da humanidade que distorce sua natureza. Poucos dirão
e dele ela não pode se autolibertar. Foi como Paulo que reconhecia o fato de que
justamente isso que José ouvira de um “Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar
anjo do Senhor que lhe dissera, em sonho, os pecadores, dos quais [ele achava-sei o
que recebesse a Maria como sua mulher, principal" (1 Tm 1.15). Justamente por isso
pois o filho que nela fora gerado era obra o Mestre disse que enviaria o Consolador,
do Espírito Santo e que o nome dele seria o Espírito Santo, e este convencería a hu­
Jesus, pois Ele salvaria o “seu povo dos manidade do pecado, da justiça e do juízo
seus pecados" (Mt 1.21). Uma vez que o (Jo 16.7-11). Ele é responsável por dar-nos

Primeiro Ciclo 55
essa consciência, pois de nós mesmos, verdadeiro e mais profundo "eu", o qual
não temos condição de assim nos vermos. fora deformado pelo pecado.
2.2 - A possibilidade de rejeição 3. A MANIFESTAÇÃO DO
humana diante do processo de con­
vencimento divino. Ainda que o Criador
AMOR DE DEUS PELA
tenha destinado o Espirito Santo para HUMANIDADE
desempenhar tal papel entre nós, o 3.1 - A salvação em seu sentido pleno.
preço de Ele ter nos criado como seres Após cumprir a vontade de Deus, o Filho
dotados de vontade própria, por incrivel glorificou ao Pai por Este ter permitido
que pareça, “submete-o” à possibilidade que Ele concedesse a vida eterna a to­
de sofrer rejeição de nossa parte, meros dos os que o Mestre pôde evangelizar.
seres mortais (Hb 37-15). Há abundantes Tal vida eterna significa ter lhes dado a
exemplos dessa verdade na Bíblia, desde possibilidade de conhecer a Deus, que é
o Antigo até o Novo Testamento (Gn 4.6,7; único e verdadeiro, e Jesus como o real
2 Cr 36.15,16; Jr 7.13,21-28; 11.1-10; 25.1-14; enviado do Pai (Jo 17 3). Tal ato de fé já
26.1-6; 29.15-19; 32.26-34; 35.12-17; 44.1-30; significava a vida eterna e não apenas algo
Mt 21.32; Mc 10.17-27; Fp 1.28; 2 Tm 3.1-9). que se concretizaria no futuro. Mas não
As desculpas para tal rejeição são as mais haverá uma vida eterna no sentido literal
variadas possíveis e vão desde o apego às da palavra? Sim haverá, mas esta só será
coisas materiais até a ganância do poder desfrutada pelos que agora já creem em
e da posição É por isso que a Bíblia diz Jesus e acolhem o seu Evangelho. Estes
que apesar de muitos dos principais da já podem contar com a alegria de terem
sinagoga terem crido em Jesus, “não o os seus nomes escritos no céu (Lc 10.20).
confessavam por causa dos fariseus, para
3.2 - Deus estava em Cristo reconci­
não serem expulsos da sinagoga. Porque
liando o mundo. Sendo Deus puro amor
amavam mais a glória dos homens do que
(1 Jo 4.16), e tendo Ele amado “o mundo de
a glória de Deus" (Jo 12.42,43).
tal maneira que deu o seu Filho unigênito,
2.3 - O caráter paradoxal da salva­
para que todo aquele que nele crê não pe­
ção na perspectiva divina. Aos ouvidos
reça, mas tenha a vida eterna" (Jo 316), sig­
modernos soa contraditório e paradoxal a
nifica que, através de Cristo, reconciliou-se
afirmação de Jesus de que os interessados
o Criador com a sua criação em todos os
em salvar a própria vida devem, por amor
sentidos (2 Co 5.18,19; Ef 1,7-10). Por causa
a Ele, “perdê-la”, e que quem assim o fizer,
disso, o apóstolo Paulo informa-nos que
na verdade, a encontra (Mt 16.25; Mc 8.35;
nós, os que cremos, passamos a ser uma
Lc 9.24; 17.33). No entanto, basta estudar
nova criação diante de Deus (1 Co 15.17,21).
um pouco o contexto para certificar-se
de que se trata da mais pura verdade. O 3.3 - Deus concedeu-nos a palavra
Senhor Jesus está falando da conversão, da reconciliação. Uma vez que fomos tão
de uma mudança radical e completa que agraciados pelo Pai, o apóstolo Paulo infor-
desconstrói o “eu" produzido pela socie­ ma-nos ainda que o Senhor incumbiu-nos
dade pervertida, para reconstrui-lo sob a de anunciar a palavra de reconciliação ao
égide do governo divino e do reinado de mundo (2 Co 5.18-20). Em termos diretos,
Deus em nossa vida (Jo 3.1-8). A pretensa o Reino de Deus já chegou e uma nova
autonomia humana passa a ser instruída e oportunidade já foi estendida, mas as pes­
direcionada pelo Espírito Santo de Deus, soas não sabem, por isso, é preciso anun-
onde cada um pode encontrar-se com seu ciar-lhes a palavra do Evangelho (Mc 1.15).

56 DiscipuTando Aluno 1
CONCLUSÃO 4. Em que consiste o caráter paradoxal da
Mais do que uma “fuga” dessa Terra, salvação?
a salvação, no sentido bíblico, vai além
dessa visão, sendo muito mais ampla e
abrangente. O próprio Senhor Jesus, em
uma de suas orações, pediu ao Pai que
não nos tirasse do mundo, e sim que nos
5.0 que é salvação em seu sentido pleno?
livrasse do mal (Jo 17.15).

APROFUNDANDO-SE
É possível apostatar-se do Evangelho e
assim perder a salvação mesmo depois de
haver encontrado a Cristo? Pelo texto de He-
breus 6.4-6. é possível. Entretanto, o assunto
não se refere a quem, momentamente, deixa
de servir a Deus, mas tem consciência de
estar errado e volta arrependido. É preciso
que haja uma distinção entre apostasia, que
é a rejeição ostensiva e deliberada de Deus,
e afastamento, por fraqueza ou qualquer
outra situação (Gl 6.1; 1 Co 10.12).

VERIFIQUE SEU
APRENDIZADO
1. Viver à parte de Deus significa o quê?

Você Sabia?
Que os judeus ficaram 430 anos no
Egito e foram levados cativos diversas
2. O que é a salvação na perspectiva bí­
vezes? Será que eles se esqueceram
blica e divina?
desse fato quando responderam a
Jesus que nunca serviram a ninguém
e que. por isso, não precisavam de
liberdade? Além disso, naquele exato
momento os judeus viviam sob a tute­
la do império Romano não tendo so­
3. Por que é possível rejeitar o convenci­
berania alguma. É no mínimo estranho
mento do Espírito Santo?
tal falta de consciência. Na realidade
este é um grande perigo para os seres
humanos: Estarem presos, porém,
achando-se livres.

Primeiro Ciclo 57
Lição 12
Estudada em / /

Sendo um
Discípulo
de Jesus

TEXTO BÍBLICO BASE


João 15,1-9

1 - Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai


é o lavrador,
MEDITAÇÃO
2 - Toda vara em mim que não dá fruto, a
“Jesus dizia, pois, aos judeus que
tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para
criam nele: Se vós permanecerdes
que dê mais fruto.
na minha palavra, verdadeiramente,
3 - Vós já estais limpos pela palavra que
sereis meus discípulos e conhe­
vos tenho falado.
cereis a verdade, e a verdade vos
4 - Estai em mim. e eu, em vós: como a
libertará” (Jo 8.31.32).
vara de si mesma não pode dar fruto, se
não estiver na videira, assim também vós.
se não estiverdes em mim.
5 - Eu sou a videira, vós, as varas; quem
está em mim, e eu nele, este dá muito fruto,
porque sem mim nada podereis fazer.
6 - Se alguém não estiver em mim. será
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA
lançado fora, como a vara, e secará; e os • SEGUNDA - Lucas 6.12-16
colhem e lançam no fogo, e ardem. • TERÇA - Mateus 10.24,25
7 - Se vós estiverdes em mim. e as minhas
• QUARTA - Marcos 8.34
palavras estiverem em vós. pedireis tudo o
que quiserdes, e vos será feito. • QUINTA - Lucas 14 33
8 - Nisto é glorificado meu Pai: que deis • SEXTA - João 6.66
muito fruto; e assim sereis meus discípulos. • SÁBADO - João 13.35
9 - Como o Pai me amou, também eu vos
amei a vós; permanecei no meu amor.

58 Discipulando Aluno | Primeiro Ciclo


INTRODUÇÃO ser analisada, revela um profundo valor
Em Lições anteriores, abordamos o atribuído pelo Mestre a nosso respeito
assunto de que, no tempo de Jesus, a so­ (Jo 15.1-8). Em se tratando de judeus, é
ciedade era dividida por facções e grupos preciso lembrar ainda que a videira, e seu
compostos por pessoas que se achavam produto, a uva, são elementos essenciais
da culinária e gastronomiajudaica. É tanto
melhores que as outras. As disputas eram
que, para exemplificar o quanto a presença
constantes e invariavelmente as pessoas
trocavam de mestre. Nesse contexto, de Deus era mais importante que qualquer
surge Jesus trazendo uma proposta com­ coisa e que, por isso, o profeta adoraria o
pletamente distinta e radical, pois Ele não Senhor em qualquer circunstância, Ha-
oferece uma ideia, mas anuncia um novo bacuque refere-se à videira da seguinte
tempo (Mc 1.15). Jesus não promete que forma: “Porquanto, ainda que a figueira
os seus discípulos terão benesses, ao não floresça, nem haja fruto na vide; o
contrário, Ele os previne de que no mundo produto da oliveira minta, e os campos
serão afligidos, e promete-lhes apenas não produzam mantimento; as ovelhas da
malhada sejam arrebatadas, e nos currais
companheirismo de pessoas, embora com
perseguições, culminando na vida eterna não haja vacas, todavia, eu me alegrarei
futura (Jo 16.33; Mt 19.27-29; Mc 10.28-30; no Senhor, exultarei no Deus da minha
salvação" (Hc 3.17,18).
Lc 18.28-30). Na realidade, para seguir Je­
sus é necessário, de pronto, que se tenha 1.2 - O Pai é o lavrador. Além de dizer
fé, pois Ele não modula seu discurso para que era a videira, Jesus também afirmou
que as pessoas passem a tê-lo em alta que o Pai era o Lavrador (Jo 15.1,2). Com
conta, nem ilude os seus seguidores com alguma experiência na área da agricul­
a ideia de que eles obterão alguma vanta­ tura, podemos seguramente dizer que a
gem imediata, ou material, por segui-Lo (Jo única coisa que cresce sem cuidados em
6.60-69; Mt 8.18-20; Lc 9.57-59). Uma das uma lavoura ou plantação, é erva daninha.
poucas promessas que Jesus fez em rela­ Contrariamente, toda boa planta precisa
ção ao discipulado, é que quem estivesse de cuidados e, portanto, de cultivo. Uma
disposto a segui-Lo, permanecendo em vez que o Pai é o Lavrador ou cultivador,
sua palavra, teria, de fato, a possibilidade não há a mínima chance de se colocar em
de conhecer a verdade e esta, por sua vez, suspeita o seu cuidado e dedicação. Ele,
o Libertaria (Jo 8.31,32). Tal é assim porque sem dúvida alguma, esmera-se na reali­
o conhecimento da verdade proposto por zação de um bom trabalho com os ramos.
Jesus, diz respeito a disposição do discí­ 1.3 - Nós, discípulos, somos os ramos.
pulo em conhecer ainda mais o próprio O Mestre informa que nós, seus discípulos,
Mestre que, como se sabe, não é somente somos os ramos dessa videira (Jo 15.5).
um ser humano, mas também nosso Deus Portanto, estamos em Cristo, recebendo
(Jo 14.6; 17.17; 20.28). todos os nutrientes de sua seiva e, além
disso, ainda recebemos os préstimos e
1. PERMANECENDO EM
cuidados do lavrador que é o Pai. Apesar
CRISTO E PRODUZINDO de a mensagem ser alentadora, ela tam­
0 FRUTO DO AMOR bém contém uma séria advertência inicial:
1.1 - A metáfora da videira. Dentre “Toda vara em mim que não dá fruto, a
as várias metáforas utilizadas por Jesus tira" (Jo 15.2). Quando uma vara (ou ramo)
para exemplificar a sua relação com seus é tirada ou cortada, dentro de poucos
discípulos, temos a da videira que, ao minutos murcha e perde toda vitalidade,

Primeiro Ciclo 59
não servindo para mais nada, não restando 2.3 - A glorificação do Pai através da
alternativa alguma a não ser jogá-la fora, vida do discípulo. Além de agradecer a
pois como já foi dito, ela secará e acabará Deus pela chuva, a boa qualidade do solo
recolhida e lançada no fogo para ser quei­ e também das condições climáticas, uma
mada (Jo 15.6), das primeiras coisas que alguém faz ao
deparar-se com uma bonita plantação,
2. VIVENDO PARA é parabenizar o agricultor, pois qualquer
A GLÓRIA DE DEUS um sabe que de sua dedicação também
2.1 - O significado da metáfora. Quan­ depende o sucesso da lavoura. Da mes­
do o Senhor utiliza a metáfora da videira ma forma, Jesus ensinou que se dermos
para exemplificar a relação entre o Pai, “muito fruto", nisto o Pai será glorificado
Ele e nós; deixa claro que há uma inter­ (Jo 15.8).
dependência entre todos os elementos 3. O AMOR COMO
envolvidos na narrativa, pois é evidente CARACTERÍSTICA
que se os ramos não estiverem ligados,
ou fazendo parte da videira, significa que
IDENTITÁRIA
estarão mortos (Jo 15.4-6). Por outro lado, DO DISCÍPULO DE JESUS
ao dizer que Ele é a videira, ou seja, o “tron­ 3.1 - A frutificação abundante como
co" e nós, os ramos, Jesus deixa claro que prova do discipulado. Atrelada à realidade
nós somos quem damos frutos, pois quem da glorificação do Pai através da abundân­
conhece uma videira, ou “pé de uva”, sabe cia da nossa frutificação, Jesus também
que a fruta não brota, ou nasce, no tronco condicionou a veracidade do nosso disci­
e sim nos ramos, nas extremidades das va­ pulado, ou seja, o Mestre afirmou que, além
ras! Dessa maneira, o nosso amado Jesus de desse ato glorificar ao Pai, tal será uma
digna-se a conceder-nos a participação prova de que somos, de fato, seus discípu­
em seu Reino, dando uma importância sem los (Jo 15.8). O “fruto subjetivo”, que é a vi­
igual, pois o troncojamais é cortado, e sim vência do amor, produzirá o “fruto objetivo",
os ramos. Logo, o Pai trata-nos diretamen­ que é justamente o testemunho externo de
te quando estamos em Jesus. nossa fé e do reinado de Deus em nossa
vida que, automaticamente, resultará na
2.2 - A petição do discípulo. Nesse
ponto há muitos equívocos, pois as pesso­ glorificação do Pai e na atração de outras
as não atinam para o fato de que o “pedir" pessoas que quererão juntar-se a nós,
está diretamente relacionado ao estar em 3.2 - A marca identitária é também
Jesus (Jo 15.7). Assim, as petições de quem a prova definitiva. Jesus insiste no ponto
amalgamou-se, isto é, misturou-se a Jesus de que devemos permanecer nos seus
a ponto de ser confundido com Ele (Jo 6.57; mandamentos, mas, se lembrarmos bem,
10.30; Gl 2.20; Fl 1.21), jamais serão egoísti- basta recordarmos que há apenas um
cas e mesquinhas, pois estarão em conso­ mandamento o qual é justamente o do
nância com a natureza dEle que, como já amor: “O meu mandamento é este: Que
foi falado em lições anteriores, glorificava vos ameis uns aos outros, assim como eu
ao Pai pelas bênçãos que o Criador conce­ vos amei" (Jo 15.12). É por isso que o Mestre
dia aos discípulos (Mt 11.25). Só poderemos insiste em colocar-se, Ele e o Pai, como
pedir tudo o que quisermos se estivermos autorreferências para os seus discípulos,
em Cristo e, estando nEle, certamente as pois se nós realmente estivermos nEle e
nossas petições serão condizentes com a Ele em nós. tal deverá ser assim, pois não
vontade dEle (Jo 434; 530: 638). tem como ser diferente (Jo 15.9,10).

60 Discipulando Àluno 1
3.3 - A prova definitiva é a identifica­
ção completa com a natureza divina. Mui­
to diferente do que alguém pensa, Jesus
não reivindica a anulação dos discípulos,
ao contrário, ao oferecer o seu amor, bem
como o do Pai, Ele quer que a sua alegria
permaneça em nós, pois assim a nossa 2, Qual é o significado da metáfora?
alegria será completa, sem nada faltar (Jo
15.11). Ainda que tenhamos problemas, e
certamente os teremos, nada poderá nos
“separar do amor de Deus, que está em
3. Por que o discípulo pode pedir o que
Cristo Jesus, nosso Senhor!” (Rm 8.39).
quiser estando em Cristo e as palavras de
CONCLUSÃO Cristo estando nele?

Apesar de esta primeira revista ser parte


integrante de um pequeno curso, acreditar
que o discipulado é apenas isso seria algo
completamente oposto ao que Jesus en­
sinou, pois tal condição dura toda a nossa
vida. Enquanto vivermos somos discípulos
de Cristo e, por isso, devemos permitir que 4. Qual o valor da frutificação para Deus?
o Espírito Santo nos molde e talhe segundo
o perfil vivido pelo nosso Salvador (Mt 23.8;
2 Co 3.18; Gl 5.17-26; Ef 4.13).
5.0 que é a marca identitária do discípulo?

APROFUNDANDO-SE
A oferta de Jesus para os seus discí­
pulos não se trata de um chamado para
o ativismo e muito menos uma teorização
sem nexo algum com a realidade. O Mestre
viveu na íntegra tal proposta, pois deixou
de fazer a sua vontade para realizar a do Você Sabia?
Pai, amou a todos os seus discípulos, mes­
mo quando eles o abandonaram e assim Que um discípulo não era simples­
cumpriu em si mesmo o que recomendara mente um aluno ou aprendiz, mas,
que devemos fazer. Em vez de um capricho de certa forma um partidário, dai o
ou coisa parecida, na realidade, o Filho de porquê de o Senhor ter dito que o
Deus visa à completude de nossa alegria. “discipulo não é superior a seu mestre,
mas todo o que for perfeito será como
o seu mestre" (Lc 6.40). Em outras
VERIFIQUE SEU palavras, o aluno aprende para ser o
que quiser, enquanto o discípulo, o
APRENDIZADO seguidor, deve tornar-se tal como o
1. A quem Jesus comparou a videira, o seu mestre.
lavrador e os ramos?

Primeiro Ciclo 61
Lição 13
Estudada em / /

Igreja: A
Expressão do *
Reino de Deus Ik

TEXTO BÍBLICO BASE MEDITAÇÃO


Mateus 16.13-18
"Mas vós sois a geração eleita, o
13 - E. chegando Jesus às partes de Cesa- sacerdócio real, a nação santa, o
reia de Filipe, interrogou os seus discípu­ povo adquirido, para que anuncieis
los. dizendo Quem dizem os homens ser as virtudes daquele que vos chamou
o Filho do Homem? das trevas para a sua maravilhosa

14 - E eles disseram; Uns. João Batista; luz; vós que, em outro tempo, não
outros. Elias, e outros. Jeremias ou um éreis povo, mas, agora, sois povo de
dos profetas. Deus; que não tinheis alcançado mi­
sericórdia, mas, agora, alcançastes
15 - Disse-lhes ele: E vós. quem dizeis que
misericórdia” (1 Pe 2.9,10),
eu sou?
16 - E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu
és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
17 - E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-
-aventurado és tu. Simào Barjonas. porque
não foi carne e sangue quem to revelou, REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA
mas meu Pai. que está nos céus. • SEGUNDA - Mateus 16.13-18
18 - Pois também eu te digo que tu és • TERÇA - Mateus 18.17
Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha
• QUARTA - Atos 2.47
igreja, e as portas do inferno não prevale­
cerão contra ela. • QUINTA - 1 Corintios 10.32
• SEXTA - 1 Corintios 14 33
• SÁBADO - Efésios 1.22

62 Discipulando Aluno | Primeiro Ciclo


INTRODUÇÃO divina Israel arrependeu-se, antes, por causa
da revelação do projeto do Reino, e de este
Desde o Antigo Testamento, o Criador
não ser necessariamente como a expectati­
se valeu do matrimônio para exemplificar
va judaica o concebia, Jesus foi alvo de uma
o seu relacionamento com o povo de Israel
conspiração orquestrada pelos religiosos de
(Jr 2.32; 31.32; Os 2.19,20). Em o Novo Testa­
seu tempo (Mt 21.33-46; Mc 12.1-12; Lc 20.9-
mento, a realidade é a mesma, a intimidade
18). Não obstante, com o Mestre inicia-se o
do relacionamento conjugal é o exemplo
reinado de Deus, pois Ele cumpriu a vontade
mais apropriado, na perspectiva do após­
do Pai, servindo a humanidade (Mt 20.26-28;
tolo Paulo, para traduzir a forma como se
Mc 10.42-45 cf. Mc 1.1,15).
dá o tratamento de Jesus Cristo em relação
à igreja (Ef 5.25-32). Após mostrar o quanto 1.2 - A ampliação do alcance do rei­
o esposo deve amar a esposa, o apóstolo nado de Deus. Com a rejeição do Filho de
traça um paralelo entre a unidade do casal Deus por parte de Israel, o plano de um
e as pessoas que acolheram a mensagem povo que serviria de exemplo servindo
do Evangelho e que, por isso, são membros ao mundo todo, acabou oportunizando ao
do corpo de Cristo. Assim, para o chamado próprio Criador que, através de Jesus Cristo,
apóstolo dos gentios, o paralelo entre o alcançasse diretamente a qualquer pessoa
casal e Cristo e a Igreja é perfeito, pois que humildemente acolha a palavra do
demonstra o quanto há de similaridade Evangelho (Mt 10.5-8 cf. Jo 1.12,13; Mc 16.15).
entre ambas as relações. Em se tratando 1.3 - A mensagem dos seguidores de
de “corpo de Cristo", é imprescindível que Jesus. Jesus mandou aos seus seguidores
vejamos o que isso significa, ou seja, quais que pregassem o Evangelho em todo o
as implicações do fato de sermos “mem­ mundo (Mt 28.19,20; Mc 16.15-20; Lc 24.46,47).
bros" do Corpo do Senhor. O que é o Evangelho? Não se trata de um
discurso ou de uma nova religião, mas de
1. IGREJA: UMA EXPRESSÃO
um novo tempo que, através da pregação
DO REINO DE DEUS do Evangelho (Boas Novas, o anúncio des­
1.1 - O projeto do Reino de Deus. Desde se novo tempo), torna-se conhecido, pois
as primeiras lições, ficou claro que apesar já chegou e é projetado e executado pelo
de o Criador amar a humanidade, esta lhe próprio Deus (Mc 1.1,15; Lc 17.20,21).
virara as costas, tendo Ele então eleito um
povo que, a partir do chamado de Abraão,
2. NATUREZA E
formara para levar a sua mensagem a todas IDENTIDADE DA IGREJA
as nações (Gn 6.5,11,12; 12.1-3; Êx 19.6; Dt 4.1- 2.1 - Igualitária. Ao outro grupo que,
8). Como este povo, apesar de dever tudo o não mais baseado na nacionalidade ou et­
que é a Deus, resolveu igualmente virar as nia, acolhera a palavra do Evangelho, Jesus
costas para o Criador e exigiu um exclusi- Cristo denominou-o de “Igreja" (Mt 16.18).
vismo que nunca fez parte do plano original Este é composto de pessoas de todos os
para eles (Dt 32.1-47; 2 Rs 17.20; Os 8.3; Jo tempos e de todas as tribos e nações, pois
1.11), fez-se então necessário que o próprio não nasceram da carne, nem do sangue,
Deus tomasse uma iniciativa inusitada: en­ nem da vontade humana, mas da parte
viasse o seu Filho, o qual se tornou humano do próprio Deus (Jo 1,12,13; Ap 7-9). Quem
e viveu integralmente tudo o que Criador acolheu a palavra do Evangelho e faz parte
planejou para que Israel fizesse e com isso da Igreja, não deve reivindicar distinção,
influenciasse a humanidade toda (Lc 2.32). pois como o Senhor ensinou, somos todos
Lamentavelmente, nem com essa atitude iguais (Lc 22.24-27). Lembrando também

Primeiro Ciclo 63
do ensinamento do apóstolo Paulo, só há 3.3 - O poder da Igreja. Jesus é quem
um “cabeça" na Igreja que é Cristo, nós fundou e sustenta a Igreja, por isso, Ela é
somos seus membros em particular (1 Co mantida pelo poder de Deus (Mc 16.20).
12.12-27; Ef 1.22; 4-15.16). Não é obra humana, nem propriedade
de ninguém. A Igreja pertence ao próprio
2.2 - ServiçaL Jesus instituiu a Igreja para
Jesus (Ef 5.22-33).
que ela seja uma extensão de seu ministério.
E qual foi o ministério de Jesus? Servir as CONCLUSÃO
pessoas. Assim é que Ele ensina-nos a que
Com a lição de hoje você teve a opor­
igualmente sirvamos (Lc 24,27; Jo 13.1-20).
tunidade de conhecer um pouco sobre a
2.3 - Comunitária. Não é sem propósito identidade da “Noiva do Cordeiro” (Ap 19.7).
que a Igreja é comparada a um corpo ou Tal conhecimento está apenas começando,
a uma família, pois essa deve ser a sua pois como parte desse povo, você se de­
natureza. A Igreja do primeiro século assim senvolverá e, certamente, conhecerá ainda
viveu e deixou-nos o exemplo (At 2.42-47). mais sobre o seu papel no Reino de Deus.

3. A MISSÃO
E O SUSTENTO DA IGREJA VERIFIQUE SEU
3.1 - Chamados para dar os frutos do APRENDIZADO
Reino. Há entre nós um grande perigo de 1. Comente sobre o projeto do Reino de Deus.
acharmos que ocupamos o lugar do povo
de Israel para dominarmos o mundo. Essa
equivocada ideia, chamada de “teologia
da substituição", é defendida como se a
2. Após a rejeição de Israel, como as pessoas
Igreja, tida como “Israel de Deus", pudesse
são alcançadas e se tornam filhas de Deus?
desfrutar de todas as bênçãos materiais
prometidas pelo Criador ao seu povo no
Antigo Testamento. Entretanto, ao se 3. O que significa a natureza igualitária da
estudar o contexto da parábola dos maus Igreja de Cristo?
vinhateiros, ou lavradores, por exemplo,
veremos que foi justamente o abuso de
terem se achado em posição superior, 4. Para quê a Igreja foi chamada?
que os vitimara (Mt 21.33-46). E é neste
contexto que Jesus fala acerca de “tirar"
5. Qual é a missão da Igreja?
a representatividade do Reino deles e
de entregá-la a outros para que deem os
frutos do Reino (Mt 21.43: Mc 12.9; Lc 20.16).
3.2 - A missão da Igreja. Conforme
instrui-nos o apóstolo Pedro, a missão da Você Sabia?
Igreja, como “geração eleita, sacerdócio
real, nação santa e povo adquirido", assim Que a Igreja possui um aspecto es­
como Israel o fora, é anunciar “as virtudes piritual e universal e outro visível e
daquele que [nosl chamou das trevas para local? E que é possível ser membro de
a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2.9), e repre­ uma igreja local sem o ser do Corpo
sentar o que significa ser governado por de Cristo?
Deus, nada tendo com domínio do mundo.

64 Discipulando Aluno 1
CENTENÁRIO

HARPA
CRISTÃ
O HINÁRIO PENTECOSTAL DO BRASIL

Com a primeira edição lançada em


1922 na Assembléia de Deus em Recife
(PE), a Harpa Cristã, o hinário oficial das
Assembléias de Deus no Brasil, completa
em 2022 cem anos de existência.
Ao longo de todos esses anos, a Harpa
Cristã tem sido um instrumento de conso­
lidação nacional da hinologia pentecostal.

http://www.harpacrista.com.br

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