Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Colégio Porto Seguro - Ciências 9 - 2022

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 1

SEÇÃO ANTERIOR

Capítulo 7 Substâncias, misturas e reações químicas

Capítulo 8

Genética

Pág. 169

POR QUE ESTUDAR


ESTA UNIDADE?
Nesta Unidade, serão apresentadas as bases da
genética e como ocorre a transmissão das ca-
racterísticas hereditárias. Conhecer sobre a he-
reditariedade nos permite participar de forma
consciente e responsável das discussões éticas
atuais acerca do uso e da manipulação do ma-
terial genético dos seres vivos.

Atitudes para a vida

Pensar de maneira interdepen-


dente
Aplicar conhecimentos prévios a
novas situações

Variedades crioulas de milho e variedade comercializada em


larga escala. Estima-se que o cultivo dessa planta iniciou-se
há cerca de 7 mil anos. Há muitas variedades de milho. Por
meio de cruzamentos entre diferentes tipos, ao longo do
tempo, chegou-se à variedade mais consumida atualmente.

Em 2010, na Inglaterra, Benjamin e Angela Ihegboro, ambos


afrodescendentes com a pele negra, tiveram uma filha com a
pele clara. Vamos começar a entender como isso é possível?

Começando a unidade

1. Muitas vezes, pessoas da mesma fa-


mília compartilham algumas caracte-
rísticas físicas semelhantes. Por que
isso ocorre?

! " # $ % ( & '

2. Em muitos outros casos, familiares


apresentam características físicas bem
diferentes. No caso do bebê que apa-
rece na foto acima, como você explica-
ria o fato de ela ter nascido com a pele
clara sendo filha de pais negros?

! " # $ % ( & '

3. Em sua opinião, além das caracte-


rísticas físicas, que outros aspectos
podem ser transmitidos entre as gera-
ções de uma família?

! " # $ % ( & '

Pág. 170

TEMA 1 - BASES DA
GENÉTICA
A Genética estuda os padrões de here-
ditariedade.

O SURGIMENTO DA
GENÉTICA
A Genética é o ramo da Biologia que estuda a
hereditariedade, ou seja, os padrões pelos
quais as características de uma espécie são
transmitidas de uma geração a outra. O termo
“genética” só começou a ser utilizado no século
XX. Muito antes de ela existir como um ramo da
Ciência, há cerca de 10 mil anos, e mesmo sem
conhecer os fundamentos da hereditariedade,
as pessoas já selecionavam as plantas para o
cultivo e os animais para aumentar os reba-
nhos, escolhendo para o cruzamento os indiví-
duos com as características desejáveis.

A transmissão de características dos progenito-


res para seus descendentes intriga o ser hu-
mano há séculos. Na Grécia Antiga, o filósofo
Hipócrates (460-377 a.C.) propôs que cada ór-
gão do corpo do pai produzia partículas que se
reuniam no sêmen e eram transmitidas à des-
cendência durante a reprodução. Essa hipótese
foi chamada de pangênese. Hipócrates sugeriu
também que as características adquiridas ao
longo da vida de uma pessoa modificavam
aquelas partículas e podiam ser transmitidas
aos seus descendentes.

O filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) não


concordava com as ideias de Hipócrates, pois
suas observações indicavam, entre outras coi-
sas, que muitas características adquiridas pe-
los pais durante a vida não eram transmitidas
aos filhos. Para Aristóteles, as bases da heredi-
tariedade estavam contidas no esperma e no
sangue menstrual e a interação entre esses ma-
teriais era responsável pelo desenvolvimento
de um novo indivíduo.

REPRODUÇÃO E
HEREDITARIEDADE
A compreensão do fenômeno da hereditarie-
dade relaciona-se ao entendimento do pro-
cesso de reprodução e de como são formados
novos indivíduos. No século XVII, havia pesqui-
sadores que defendiam a tese de que o novo
indivíduo, contendo todas as estruturas, já es-
taria pré-formado dentro de um dos pais e que
só precisaria se desenvolver. Os defensores
dessa teoria, chamada de preformismo, divi-
diam-se entre os que consideravam que a
forma inicial estava contida na mãe (no óvulo)
e aqueles que supunham que ela estava con-
tida no pai (no espermatozoide).

Na mesma época, surgiu outra teoria, a epigê-


nese, de acordo com a qual um novo indivíduo
originava-se de matéria não diferenciada e
seus órgãos e estruturas característicos se for-
mavam ao longo do desenvolvimento.

Representação artística de um espermatozoide contendo um


pequeno ser humano pré-formado, denominado “homúncu-
lo”. Esse esquema foi elaborado por Nicolas Hartsoeker
(1656-1725), um pesquisador holandês preformista que acre-
ditava que o corpo do novo ser humano era formado com-
pletamente do espermatozoide e que durante a gestação ele
apenas crescia dentro do útero materno. Ele publicou essa
imagem em seu livro Ensaio de dioptria, escrito e lançado em
Paris, em 1694.

Pág. 171

O gameta feminino, o óvulo, foi descoberto em


1672 pelo médico holandês Regnier de Graaf
(1641-1673), e o gameta masculino, o esper-
matozoide, foi observado pela primeira vez em
1675 pelo microscopista holandês Antonie van
Leeuwenhoek (1632-1723).

No entanto, o papel dos gametas na formação


de um indivíduo só foi esclarecido no século
XIX, em que experimentos mostraram que seu
desenvolvimento ocorre após a união do óvulo
com o espermatozoide, no processo de fecun-
dação. Isso levou ao conhecimento de que
óvulos e espermatozoides são as células que
carregam as informações transmitidas de uma
geração a outra.

CROMOSSOMOS E
HEREDITARIEDADE
Atualmente, sabe-se que os gametas feminino
e masculino contêm os cromossomos mater-
nos e paternos, respectivamente. Os cromosso-
mos são filamentos compactados e enovelados
compostos de moléculas de DNA (sigla do in-
glês deoxyribonucleic acid; ou ADN, em portu-
guês, ácido desoxirribonucleico) associadas a
proteínas, onde estão as instruções para o fun-
cionamento de cada célula e as informações
hereditárias.

Durante o ciclo celular, ocorre a duplicação do


DNA, e os cromossomos passam a ser forma-
dos por dois filamentos, chamados de cromá-
tides-irmãs, que permanecem ligados pelo
centrômero. No processo de divisão celular, as
cromátides se separam e cada uma delas irá
compor o material genético de uma das cé-
lulas-filhas. Nas extremidades dos cromosso-
mos localizam-se os telômeros, regiões que
dão estabilidade aos cromossomos.

TIPOS DE CROMOSSOMOS
A maioria das espécies que se reproduzem se-
xuadamente, ou seja, por meio da união de ga-
metas, tem células diploides, com cromosso-
mos homólogos em pares. Nessas espécies, um
cromossomo homólogo é de origem materna, e
o outro, de origem paterna.

Em algumas espécies, a diferença entre ma-


chos e fêmeas é determinada por um par de
cromossomos específicos que carregam as in-
formações sobre o sexo do indivíduo, os cha-
mados cromossomos sexuais ou heterosso-
mos; esses cromossomos variam entre os se-
xos. Os cromossomos que estão igualmente
presentes em machos e fêmeas são denomida-
dos autossomos. Na espécie humana, por
exemplo, uma célula somática (que forma o
corpo) é 2n = 46, sendo 44 autossomos e 2 cro-
mossomos sexuais.

Nas diversas espécies de seres vivos, há três


sistemas principais de determinação sexual
cromossômica: XY, ZW e XO.

Sistema XY. Ocorre em todos os mamífe-


ros, em alguns insetos e em algumas
plantas com sementes. As fêmeas têm
um par de cromossomos homólogos, os
cromossomos X. Nos machos, há dois
cromossomos diferentes: um X e um Y.
Dessa forma, nesse sistema, o gameta
masculino é que determina o sexo dos zi-
gotos.
Sistema XO. Ocorre em alguns insetos,
como os gafanhotos. Nesse sistema, as
fêmeas têm dois cromossomos X, e os
machos, apenas um; por isso, são cha-
mados de “xis-zero” (XO).
Sistema ZW. Ocorre nas aves, em diver-
sas espécies de répteis, em algumas es-
pécies de peixes e em algumas espécies
de insetos. As fêmeas têm cromossomos
sexuais diferentes: um cromossomo Z e
um W. Os machos têm dois cromossomos
Z. Desse modo, a determinação sexual
cromossômica do embrião é determi-
nado pelo gameta feminino.

Micrografia de óvulo rodeado por espermatozoides. Na fe-


cundação, geralmente apenas um espermatozoide penetra o
óvulo. (Imagem obtida com microscópio eletrônico, colori-
zada artificialmente e com aumento de cerca de 550 vezes.)

• Determinação do sexo

Esquema simplificado dos tipos de gameta produzidos por


homens e por mulheres e as possíveis combinações deles na
fecundação.

Fonte: CAMPBELL, N. A. et al. Biology. 8. ed. São Francisco:


Benjamin Cummings, 2008.

Pág. 172

GENES E HEREDITARIEDADE
O material genético e hereditário dos seres vi-
vos é o DNA. As moléculas de DNA possuem as
informações sobre a formação e o funciona-
mento de um organismo. Um segmento de DNA
que determina a produção de uma molécula
específica de RNA (sigla do inglês ribonucleic
acid; ou ARN, em português, ácido ribonuclei-
co) é chamado gene. A maioria das moléculas
de RNA, por sua vez, orienta a produção de pro-
teínas.

Os genes localizam-se em regiões determina-


das dos cromossomos. Um gene pode ter dife-
rentes versões, conhecidas como alelos, que
são equivalentes quanto à posição nos cromos-
somos homólogos e atuam sobre a mesma ca-
racterística. No entanto, os alelos não são idên-
ticos e cada um deles pode condicionar uma
variação da característica, como, por exemplo,
cabelo liso e cabelo crespo ou semente de cor
amarela e semente de cor verde.

Representação esquemática da posição dos alelos hipotéti-


cos de um gene para a cor da flor em um par de cromosso-
mos homólogos. (Imagem sem escala; cores-fantasia.)

Fonte: CAMPBELL, N. A. et al. Biology. 8. ed. São Francisco: Benjamin Cum-


mings, 2008.

GENES, CÓDIGOS GENÉTICOS E


PROTEÍNAS
Todo RNA é formado a partir de um molde de
DNA. A sequência de bases nitrogenadas de
uma das fitas do DNA determina a sequência
de bases do RNA pelo processo de transcrição
gênica. A sequência de bases nitrogenadas do
RNAm, por sua vez, determina a sequência de
aminoácidos das proteínas no processo de tra-
dução gênica.

No processo de formação das proteínas, parti-


cipam três tipos de RNA: RNA ribossômico (R-
NAr), que, com algumas proteínas, constitui a
estrutura dos ribossomos; o RNA mensageiro
(RNAm), que tem a informação sobre a ordem
em que os aminoácidos devem ser unidos; e o
RNA transportador (RNAt), que leva as molé-
culas de aminoácidos que vão formar a pro-
teína até os ribossomos.

Cada grupo de três bases nitrogenadas do


RNAm é denominado códon e codifica um tipo
de aminoácido. Por exemplo, três adeninas em
sequência (AAA) no RNAm codificam o aminoá-
cido lisina. No entanto, o mesmo tipo de ami-
noácido pode ser determinado por mais de um
códon. A relação entre os códons e os aminoá-
cidos é denominada código genético.

Pág. 173

A síntese de uma proteína tem início quando


um RNAm se associa a um ribossomo. Cada ri-
bossomo envolve alguns códons do RNAm.
Cada molécula de RNAt tem uma sequência
com três bases nitrogenadas, chamada anticó-
don, que determina um aminoácido específico
a ser transportado.

Os anticódons do RNAt formam pares com os


códons do RNAm, seguindo as regras de parea-
mento entre as bases nitrogenadas (A = T; C =
G). Os aminoácidos justapostos se ligam por
meio da ligação peptídica, liberando os RNAt.

O ribossomo se desloca abrangendo outro có-


don, o RNAt traz um novo aminoácido, que se
liga aos demais, e assim sucessivamente, até
que o ribossomo chegue a um códon de para-
da, ou seja, um dos códons para os quais não
há aminoácido correspondente. Nesse momen-
to, todos os participantes do processo se sepa-
ram, soltando a proteína recém-formada.

Nos organismos pluricelulares, todas as células


se originam de uma célula inicial, o zigoto.
Dessa maneira, todas elas carregam os mes-
mos genes, ou seja, as mesmas informações
genéticas. Ao longo do desenvolvimento, as cé-
lulas se especializam e apenas alguns genes
continuam ativos e coordenam a produção de
RNA e proteínas. Nas células da pele, por exem-
plo, o gene para produção da proteína mela-
nina está ativo, ao passo que nas do estômago
é o gene para produção de enzimas digestivas
que está ativo. Há ainda trechos da molécula
de DNA que não codificam nem proteínas nem
RNA; acredita-se que esses fragmentos exer-
çam um papel de regulação da expressão dos
genes.

• Tradução gênica

Representação esquemática do processo de tradução gênica.

Fonte: CAMPBELL, N. A. et al. Biology. 8. ed. São Francisco:


Benjamin Cummings, 2008.

De olho no tema

1. Explique como os genes regulam a


estrutura e as atividades das células.

! " # $ % ( & '

2. Os seres humanos têm células com


2n = 46 cromossomos. Quantos cro-
mossomos têm os gametas huma-
nos?

! " # $ % ( & '

Pág. 174

TEMA 2 - AS
CONTRIBUIÇÕES DE
MENDEL PARA A GENÉTICA

As pesquisas de Mendel foram essenci-


ais para o desenvolvimento da Genéti-
ca.

MENDEL, SUAS
OBSERVAÇÕES E SEUS
EXPERIMENTOS
Gregor Mendel (1822-1884) foi um monge que
viveu no século XIX em uma região que hoje
corresponde à República Tcheca. Suas observa-
ções e seus experimentos não foram realizados
em laboratórios como os que existem hoje,
mas seguiram um método rígido e a lógica
comparativa da Ciência moderna.

Mendel estudou o cruzamento de um tipo de


arbusto de jardim, as ervilhas-de-cheiro, bus-
cando entender, por exemplo, por que a
mesma planta produzia algumas sementes de
cor verde e outras de cor amarela. Ele também
fez cruzamentos para observar outras caracte-
rísticas, como a altura da planta e o formato
das vagens.

As observações, explicações e conclusões de


Mendel sobre a herança das características nes-
sas plantas serviram de base para os estudos
de Genética realizados por outros cientistas.

• Técnica de cruzamentos controlados reali-


zados por Mendel

Representação esquemática do procedimento adotado por


Mendel para fazer os cruzamentos controlados entre plantas
de ervilha-de-cheiro cultivadas por ele. (Imagens sem escala;
cores-fantasia.)

Fonte: POSTLEHWAIT, J. H.; HOPSON, J. L. The nature of life.


3. ed. Nova York: McGraw-Hill, 1995.

Arbusto de ervilha-de-cheiro (Pisum sativum), em que se po-


dem ver flores e vagens.

Pág. 175

OS CRUZAMENTOS REALIZADOS
POR MENDEL
Em seus experimentos, Mendel observou que
algumas plantas de sementes verdes, quando
cruzadas entre si, sempre produziam descen-
dentes de sementes verdes. Da mesma forma,
havia plantas de sementes amarelas que, cru-
zadas entre si, produziam apenas descenden-
tes de sementes amarelas. Mendel chamou es-
sas plantas de “puras”.

Cruzando plantas de sementes verdes “puras”


com as de sementes amarelas “puras”, os des-
cendentes gerados produziam apenas semen-
tes amarelas, como representado no cruza-
mento I da imagem abaixo.

Ao realizar o cruzamento entre as plantas com


sementes amarelas dessa geração, eram pro-

Você também pode gostar