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DIREITO CIVIL – DAS OBRIGAÇÕES

Profa. Me.: Alana Caroline Mossoi


IMPUTAÇÃO AO PAGAMENTO

1. INTRODUÇÃO

* imputer = atribuir, indicar, apontar

- Atribuir a alguém a responsabilidade por algo

- Indicar, apontar qual pagamento será efetuado


2. CONCEITO

Imputação do Pagamento é a operação através da qual,


dentre vários débitos líquidos, vencidos e de mesma
natureza, do mesmo devedor para o mesmo credor, o
devedor determina, com aquiescência do credor, qual
deles terá seu pagamento efetuado

Art. 352, CC. A pessoa obrigada por dois ou mais


débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o
direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se
todos forem líquidos e vencidos.
Ex.: João realizou três compras na padaria do Sr. Manoel,
com promessa de pagamento no dia 25/08/2024:
A, no valor de R$ 50,00
B, no valor de R$ 80,00
C, no valor de R$ 90,00

Na data do vencimento, João não possui o valor suficiente


para o pagamento das três dívidas

De forma a cumprir a obrigação no vencimento, João indica


que pagará a dívida C, informando ao Sr. Manoel que assim
fará
3. ELEMENTOS
a) Dualidade ou multiplicidade de obrigações

Para que seja indicado qual débito será objeto do pagamento, é


necessário que existam dois ou mais débitos

* Exceção:

Mesmo em se tratando de apenas uma dívida, primeiro


liquidam-se os juros e depois o capital (principal)

Art. 354, CC. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á


primeiro nos juros vencidos, e depois no capital, salvo
estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por
conta do capital.
b) Identidade entre credor e devedor

É necessário que haja mais de uma dívida de um


devedor com um mesmo credor

c) Dívidas líquidas e vencidas

Dívida perfeitamente definida, com valor já calculado e


determinado, e cujo prazo já venceu

* Significa que a imputação se fará nas dívidas mais


antigas
d) Obrigações de mesma natureza

De forma a permitir que não se crie a dúvida sobre a


escolha de qual será paga primeiro

Ex.: três obrigações pecuniárias


4. ESPÉCIES DE IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO

a) Imputação do devedor

Art. 352, CC. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma
natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece
pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.

- Primeiramente, é o devedor quem escolhe qual das obrigações ele vai


pagar

* Dívida ilíquida e/ou vincenda: somente com o consentimento do


credor

* O devedor deve cumprir a obrigação escolhida por inteiro

* Sendo o prazo do credor, a obrigação tem que estar vencida


b) Imputação do credor

Art. 353, CC. Não tendo o devedor declarado em qual


das dívidas líquidas e vencidas quer imputar o
pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não
terá direito a reclamar contra a imputação feita pelo
credor, salvo provando haver ele cometido violência ou
dolo.

A escolha passa a ser do credor, caso haja a omissão do


devedor em fazer a escolha

* Violência, ameaça ou dolo: a imputação (escolha)


feita pelo credor será anulada e passa para o devedor
c) Imputação Legal

Se credor e devedor não se definirem com relação à imputação, a lei diz


como será feita a quitação

Art. 355, CC. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a


quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas
líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas
e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa.

- Primeiro serão pagas as dívidas líquidas e vencidas

- Havendo duas ou mais obrigações líquidas e vencidas, deverá ser


quitada a obrigação mais onerosa

- Em primeiro lugar, será a mais onerosa a dívida de maior valor

- Também pode ser considerada mais onerosa aquela que apresentar a


maior taxa de juros
TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL

Regra: todo inadimplemento gera o direito de pleitear a


resolução do contrato.

- Faculdade do credor pleitear a resolução

- Em algumas situações, a resolução é entendida como uma


sanção excessiva em relação ao adimplemento próximo

Segundo Clóvis Veríssimo do Couto e Silva, o processo


obrigacional, visto a partir de sua perspectiva dinâmica e
finalística, encerra-se com o adimplemento. É isso que se espera
de toda relação jurídica obrigacional: “satisfação
dos interesses do credor.

Essa satisfação, seria em sentido estrito = pagamento.


Teoria do adimplemento substancial

- caracteriza-se pela aplicação dos princípios da boa-fé objetiva


e da função social do contrato, além da vedação ao
enriquecimento ilícito, todos eles regrados pelo CC/2002.

- É pensar que os interesses do credor não podem,


simplesmente, gerar uma submissão do devedor aos caprichos do
credor.

- REQUISITOS PARA APLICAÇÃO DA TEORIA:

- Cumprimento expressivo do contrato

- Realização da prestação correspondente ao fim visado

- Preservação da boa-fé objetiva do devedor na execução


- Preservação do equilíbrio contratual

- Ausência de enriquecimento sem causa e


abuso de direito
(FCC / DPE-MA – 2015) Bruno adquiriu um veículo mediante
contrato de alienação fiduciária, em 300 parcelas no valor de R$
200,00 (duzentos reais) cada. Bruno pagou pontualmente as
parcelas até que, faltando apenas seis prestações para o
adimplemento, não teve condições de realizar o pagamento.
Diante da impontualidade de Bruno, a instituição financeira
ajuizou ação de busca e apreensão do veículo. Na condição de
defensor público atuando em favor de Bruno, para defendê-lo
neste pedido de busca e apreensão, é correta a alegação de
abuso do direito por parte da instituição financeira por aplicação
da
A) autonomia da vontade.
B) vedação de cláusula comissória.
C) exceção do contrato não cumprido.
D) vedação legal de busca e apreensão em alienação fiduciária.
E) teoria do adimplemento substancial.
(FCC / DPE-MA – 2015) Bruno adquiriu um veículo mediante contrato de
alienação fiduciária, em 300 parcelas no valor de R$ 200,00 (duzentos
reais) cada. Bruno pagou pontualmente as parcelas até que, faltando
apenas seis prestações para o adimplemento, não teve condições de
realizar o pagamento. Diante da impontualidade de Bruno, a instituição
financeira ajuizou ação de busca e apreensão do veículo. Na condição
de
defensor público atuando em favor de Bruno, para defendê-lo neste
pedido de busca e apreensão, é correta a alegação de abuso do direito
por parte da instituição financeira por aplicação da
A) autonomia da vontade.
B) vedação de cláusula comissória.
C) exceção do contrato não cumprido.
D) vedação legal de busca e apreensão em alienação fiduciária.
E) teoria do adimplemento substancial.

Ex. de aplicação da teoria: Julgado no REsp 1622555/MG, Rel. Ministro


MARCO BUZZI, Rel. p/ Acórdão Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 22/02/2017, Dje 16/03/2017
OBS:
Informativo nº 599 11 de abril de 2017.

Ação de busca e apreensão. Contrato de financiamento de


veículo com alienação fiduciária em garantia regido pelo
Decreto-Lei 911/69. Incontroverso inadimplemento das
quatro últimas parcelas (de um total de 48). Aplicação da
teoria do adimplemento substancial. Descabimento.

-Não se aplica a teoria do adimplemento substancial aos


contratos de alienação fiduciária em garantia regidos pelo
Decreto-Lei 911/69.
- A aplicação da teoria não apaga o débito, como no perdão.

- A teoria apenas obsta a resolução unilateral do contrato; impede


que o credor maneje a exceção de contrato não cumprido e veda
que ele use de meios mais gravosos na execução do débito;

- não obsta que o credor busque seu crédito e se, posteriormente, o


devedor não pagou, pode usar dos meios mais gravosos

- A teoria não tem previsão legal – criação doutrinária e


jurisprudencial

Enunciado 361 da IV Jornada de Direito Civil


O adimplemento substancial decorre dos princípios gerais
contratuais, de modo a fazer preponderar a função social do
contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do
art. 475.
A primeira decisão do STJ a respeito da
aplicação da Teoria do Adimplemento
substancial é de 1997, relativamente à ausência
de pagamento, por um segurado, da última
prestação do prêmio do contrato. Isso
ensejaria, portanto, a extinção do contrato. A
extinção do contrato, por sua vez, permitiria à
Seguradora não pagar a indenização pelo
sinistro havido. O STJ entendeu que essa
situação caracterizaria abuso de direito e
violação da boa-fé objetiva, ante a aplicação da
referida Teoria:
SEGURO. INADIMPLEMENTO DA SEGURADA. FALTA DE PAGAMENTO
DA ÚLTIMA PRESTAÇÃO. ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL.
RESOLUÇÃO. A COMPANHIA SEGURADORA NÃO PODE DAR POR
EXTINTO O CONTRATO DE SEGURO, POR FALTA DE PAGAMENTO
DA
ULTIMA PRESTAÇÃO DO PREMIO, POR TRES RAZÕES: A) SEMPRE
RECEBEU AS PRESTAÇÕES COM ATRASO, O QUE ESTAVA, ALIAS,
PREVISTO NO CONTRATO, SENDO INADMISSIVEL QUE APENAS
REJEITE A PRESTAÇÃO QUANDO OCORRA O SINISTRO; B) A
SEGURADORA CUMPRIU SUBSTANCIALMENTE COM A SUA
OBRIGAÇÃO, NÃO SENDO A SUA FALTA SUFICIENTE PARA
EXTINGUIR O CONTRATO; C) A RESOLUÇÃO DO CONTRATO DEVE
SER REQUERIDA EM JUIZO, QUANDO SERA POSSIVEL AVALIAR A
IMPORTANCIA DO INADIMPLEMENTO, SUFICIENTE PARA A
EXTINÇÃO DO NEGOCIO (REsp 76.362/MT, Rel. Ministro RUY
ROSADO DE AGUIAR, QUARTA TURMA, julgado em 11/12/1995,
DJ
01/04/1996, p. 9917).

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