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Nas Águas Do Rio Negro - Drauzio Varella

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Dedicado a meus netos

Manoela, Tomás, Gabriela,


Helena e Maria, os primeiros
a ouvir estas histórias.
SUMÁRIO

Rio Negro
Perdido na mata
O relincho
A planta protetora
Os macacos
O rodamoinho
O encantamento
O mundo dos botos
A festa
A sumaúma

O rio de águas negras


Histórias do rio Negro
Sobre o autor
Sobre o ilustrador
Créditos
RIO NEGRO

O rio Negro é um espelho monumental.


Suas águas calmas refletem as árvores das margens e as nuvens do céu
com tamanha nitidez que, se você fizer uma foto, é difícil saber quando ela
está de cabeça para baixo. Muito largo, contém ilhas e os dois maiores
arquipélagos fluviais do mundo.
Ele nasce na Venezuela, entra no Brasil e corta a Floresta Amazônica
por mais mil quilômetros até formar, junto com o Solimões, o rio
Amazonas, abaixo da cidade de Manaus. O volume de suas águas escuras é
tão impressionante que elas caminham por muitos quilômetros sem se
misturar às águas barrentas do Solimões. Um espetáculo conhecido como
Encontro das Águas.
Já viajei pelo rio Negro mais de cem vezes, no barco Escola da
Natureza, da Universidade Paulista, colhendo plantas que nós estudamos
para descobrir se contêm substâncias que podem ser transformadas em
medicamentos.
Em uma dessas viagens, deitei numa rede no convés do barco, sozinho,
entretido com as estrelas e a lua cheia, que surgiu avermelhada por trás da
floresta. Estava cansado e adormeci.
Acordei com a luz do sol e estranhei o silêncio. Chamei Wilson, o chefe
da expedição, o botânico Mateus, os bioquímicos Sérgio e Ivana e o mateiro
Osmar, um homem capaz de subir em árvores com troncos lisos de trinta
metros de altura. Ninguém respondeu.
Desci. Na cozinha, Evilásio — também conhecido como Serrote —
preparava um tambaqui. Achei esquisito quando ele disse que a equipe já
tinha saído para a coleta sem ter me chamado. Fui para a margem do rio e
caminhei na direção em que eles deveriam ter seguido, mas não os
encontrei.
Na mata cerrada, as árvores ficam tão próximas umas das outras que é
impossível enxergar mais de dez metros à frente. Desorientado, perdi a
noção de quanto tempo havia andado tentando voltar para o barco. Quando
imaginava ter encontrado o caminho, reconhecia árvores pelas quais já tinha
passado duas ou três vezes.
Estava perdido. Tive medo de que fosse para sempre.
PERDIDO NA MATA

Eis, porém, que de repente o sol desapareceu e a escuridão inundou a


mata em pleno dia. Impossível dar um passo naquelas trevas.
Em poucos segundos, tive a impressão de ver minúsculos faróis
piscando ao redor. Parecia alucinação, mas eles se multiplicavam aos
milhares, em todas as direções. Eram vaga-lumes cintilantes, acendendo e
apagando suas luzes esverdeadas fosforescentes.
Aquela luminosidade me permitiu avistar ali perto um rapazinho de
calção branco e peito nu. Tinha pele clara, olhos um pouco puxados e
cabelos vermelhos na altura dos ombros.
Perguntei se sabia de onde vinham a escuridão e os vaga-lumes. Ele
apenas sorriu. Expliquei que precisava voltar para o barco. Ele apontou a
direção com as duas mãos e foi embora sem dizer palavra. Assim que
desapareceu atrás das árvores, o dia clareou e os vaga-lumes se apagaram.
Achei aquilo muito esquisito: um rapazinho surgir no meio dos vaga-
lumes naquele breu, não falar nem responder nada, e quando foi embora o
sol voltar a brilhar!
Segui na direção apontada por ele. Duas horas mais tarde, nem sinal do
rio. Sentei no chão para descansar. A chance de retornar ao barco ficava
cada vez mais remota. Quem me encontraria naquele infinito verde?
Abaixei a cabeça e fechei os olhos, com vontade de chorar.
Quando abri, tinha escurecido novamente. Pisquei duas vezes para ver se
clareava. As luzes cintilantes dos vaga-lumes voltaram a aparecer, mas
agora eram tantos que dava para enxergar o tapete de folhas secas cobrindo
o chão, as bromélias e as samambaias penduradas nas árvores.
No meio deles, surgiu o mesmo rapazinho de olhos puxados e cabelos de
fogo. Contei que continuava perdido, sem saber para que lado estava o rio.
Ele repetiu o gesto de apontar a nova direção com as duas mãos e se
retirou apressado. Foi quando percebi que suas pegadas apontavam para o
lado oposto ao que ele andava: o rapazinho tinha os pés virados para trás.
Meu coração disparou. Só podia ser o curupira, o gênio protetor das
matas que faz as pessoas se perderem sempre que comem alimentos
gordurosos ou amanhecidos, perturbam o silêncio ou andam pela floresta
em dia de domingo, como eu fazia naquela manhã.
O RELINCHO

Caminhei na direção oposta à indicada pelo curupira. Deu certo. Logo


percebi que estava bem perto do Escola da Natureza e senti vontade de
pular de alegria.
Eis, porém, que de repente escutei o tropel de um cavalo em disparada.
Achei aquilo muito esquisito: um cavalo galopando no meio de tantas
árvores e cipós!
Antes que pudesse sair da frente, o animal já estava a um passo de mim.
Quase caí de costas. Era uma mula de crina comprida, marrom, igual a
tantas outras, exceto por um detalhe: ela não tinha cabeça.
Dobrou as patas, entrou no meio das minhas pernas e disparou me
levando meio desequilibrado em seu lombo. Meu coração acelerou de novo.
Galopava a toda velocidade, sem tropeçar nas raízes nem esbarrar nos
galhos. Agarrado à crina, eu apertava as pernas em volta dela e me sentia
firme, sem medo de cair. Eu tentava aproveitar o passeio na intimidade da
floresta sem pensar em mais nada.
Assim seguimos por meia hora, até que a mula parou e começou a andar
em círculos, como se procurasse algo.
Então, escutei um relincho abafado: “Ihhhhhhhh”. Imaginei que fosse
algum filhote ou cavalo amigo dela. Fui batendo em seu dorso, tentando
orientá-la a seguir na direção do som. Finalmente, quando achamos o que
ela procurava, meu coração pulsou feito batuque no tambor. No chão, junto
a um tronco cheio de cogumelos, estava uma cabeça relinchante.
A mula fez um movimento de lado para que eu descesse e encostou o
pescoço na cabeça, como se tentasse encaixá-los. Entendi o que ela queria e
o porquê de ter me levado até ali.
Peguei a cabeça do chão e dei dois passos em direção ao pescoço da
mula. Quando estava prestes a fixá-la no lugar, entretanto, pisei num toco
que me fez rodopiar.
Aconteceu um desastre: desequilibrado, encaixei a cabeça ao contrário,
virada para trás.
Fiz de tudo para movê-la para a frente, mas não consegui. Precisava de
ferramentas para corrigir o erro.
A PLANTA PROTETORA

Tentei explicar para a mula, com palavras e gestos, que era necessário
achar uma casa e pedir emprestadas as ferramentas para rodar a cabeça, mas
ela não entendia. Mulas acham a linguagem dos homens muito difícil.
Quando estava quase desistindo, ela abaixou o corpo para que eu
montasse e disparou com a cabeça virada para mim. É muito estranho
galopar com os olhos de uma mula encarando os nossos.
Agora que me apoiava com mais firmeza, o galope ficou ainda mais
agradável. Uma infinidade de cipós e árvores altas e imponentes passava por
mim em câmera rápida.
Fomos parar numa praia do rio de areia tão fina que cantava nos cascos
do animal. Numa elevação do terreno ao longe, avistei uma casinha de
madeira coberta de palha de coqueiro.
A mula estancou, e a cabeça começou a relinchar, como se quisesse me
avisar de algum perigo. Fiz de tudo para seguirmos nosso caminho, mas as
mulas são teimosas: quando empacam, não há quem as tire do lugar.
Desci e caminhei na direção da casa. Os relinchos ficaram mais
repetitivos. Como não entendo a língua das mulas, segui em frente.
A casa parecia vazia. Bati palmas e gritei de longe. Ninguém apareceu.
Fui me aproximando da porta. Bem na entrada, havia uma planta com folhas
enormes, amareladas, cheias de manchas escuras.
Achei aquilo muito esquisito: uma planta com manchas escuras
obstruindo a passagem!
Um passo a mais, escutei um urro. Olhei ao redor, não vi nada. Olhei de
novo. Nada. Outro urro.
Eis, porém, que de repente a planta se transformou numa onça-pintada
que me encarou ameaçadora. Era a planta que protege as casas e vira uma
fera quando um estranho se aproxima.
Dei meia-volta e corri o mais rápido que pude. Ela avançou,
resfolegando, e disparou atrás de mim. Não havia como escapar, onças
correm muito mais do que gente.
O animal chegou tão perto que pude sentir o calor de sua respiração em
minhas costas. Achei que seria o fim. Quando ia me virar para enfrentá-la, vi
a mula vindo em meu socorro. De nada adiantaria, pensei, mulas não
vencem onças.
Para minha surpresa, entretanto, ao ver a cabeça da mula virada para trás,
a onça parou assustada, deu um urro comprido e fugiu a toda velocidade de
volta para casa.
OS MACACOS

Mesmo sem saber para onde ela me levava, voltei a montar na mula que
salvara a minha vida. Era melhor do que ficar sozinho outra vez, exposto
aos perigos da floresta.
Eis, porém, que de repente ouvimos uma gritaria ensurdecedora vinda da
copa de uma seringueira, a árvore de onde se extrai a seiva que dá origem à
borracha. A mula parou e olhou para cima, preocupada.
Um bando de macacos-prego saltou sobre nós. Um deles roubou meu
boné e fugiu pelos cipós, outro desamarrou minha bota enquanto um
terceiro tentava arrancar minha camiseta do São Paulo.
O que mais chamou a atenção da macacada, entretanto, foi a cabeça da
mula fora do lugar. Não adiantaram os relinchos dela nem os meus berros
para espantá-los. Em vez de sentir medo como a onça, eles acharam
engraçado: agarravam e puxavam o pescoço e a cabeça para todos os lados.
Ela corcoveava para derrubá-los, mas o único a cair fui eu. Os macacos
continuaram pulando em seu dorso na maior farra.
Nem bem consegui me levantar, assisti a uma cena que ficará para
sempre em minha memória: a algazarra dos macacos pendurados no
pescoço da mula foi tanta que eles acabaram por torcê-lo de um jeito que a
cabeça virou para a frente. A mula se encheu de alegria, e eu pude montar
nela de novo.
Seguimos pela floresta e, finalmente, chegamos ao rio. Ela curvou o
corpo para eu descer e fez sinal com a cabeça para que eu o atravessasse
numa canoa que estava amarrada na margem. Roçou o corpo em meu braço
— carinho que retribuí esfregando os dedos em sua crina —, relinchou,
levantou os olhos na direção das nuvens e foi embora passo a passo.
O RODAMOINHO

Sentei na proa da embarcação e remei. O rio estava calmo, espelhado,


como costuma ficar quando não há vento.
Para atingir a margem oposta, precisei desviar de um rochedo fincado no
meio do rio. Assim que dei a volta, aconteceu o inesperado: as águas
ficaram revoltas, com ondas de mais de dois metros que formavam um
rodamoinho central. A canoa foi sugada para dentro dele.
Achei aquilo muito esquisito: um rodamoinho no meio daquela
calmaria!
Fiquei girando sem ter como escapar das águas que rodavam.
Eis, porém, que de repente, bem no meio do rodamoinho, surgiu uma
cabeça preta, enorme, que levantou a canoa no ar e a atirou a dez metros de
distância.
Só então pude ver que o monstro nadando em minha direção tinha mais
de vinte metros de comprimento. Era a temida cobra-grande, que enche de
pavor os ribeirinhos.
Enfurecida, ela abriu uma boca que daria para me engolir com canoa e
tudo. Os dentes chegaram tão perto que pude enxergar o fundo de sua goela
terrível. Não havia para onde fugir. Encolhido na proa, protegi o rosto com
os braços e aguardei a mordida fatal.
Eis, porém, que de repente, da garganta monstruosa, saiu um gás
esverdeado, venenoso, que me deixou completamente tonto. A floresta, o
sol, o rochedo e o rio ficaram embaçados e giraram numa velocidade
vertiginosa. Perdi o contato com o mundo.
O ENCANTAMENTO

Não sei quantas horas permaneci desacordado, com a canoa à deriva,


arrastada rio abaixo pela correnteza.
Recuperei os sentidos e, ainda zonzo, remei rio acima.
Eis, porém, que de repente, bem ao longe, percebi um vulto caminhando
na margem.
À medida que nos aproximamos, notei que era uma mulher cujo vestido
branco, comprido, a brisa esvoaçava junto com os cabelos pretos.
Achei aquilo muito esquisito: uma mulher sozinha naquele lugar ermo,
sem nenhuma casa nas redondezas!
Assim que chegou mais perto, seus lábios se abriram num sorriso que
iluminou o rosto inteiro. Consegui perceber seus olhos negros como duas
jabuticabas, tão brilhantes quanto os faróis que apontam o caminho para os
navios. Nunca tinha visto mulher tão encantadora.
Remei até a margem, amarrei a canoa e esperei que ela passasse a meu
lado. Quando estava a poucos metros de distância, a morena parou, olhou
fixo em meus olhos, deu um sorriso acolhedor e entrou floresta adentro.
Segui o vestido branco esvoaçante entre as árvores, sem coragem de
chegar perto.
O caminho levava novamente ao rio, que naquele local fazia uma curva
fechada. Ela acelerou o passo até chegar à praia. Eu estava a poucos metros
de distância.
Quando saí do meio das árvores, nova surpresa: a moça tinha
desaparecido. Corri a praia inteira atrás dela. Fui e voltei duas vezes. Nada.
Fiquei muito triste.
Sentei numa pedra à beira do rio, desamparado, com vontade de chorar.
Como era possível sentir tanta saudade de alguém que nem cheguei a
conhecer?
Estava nessa tristeza quando as águas à minha frente começaram a se
agitar cada vez mais, até formar uma camada espessa de espuma que refletia
em mil estilhaços os raios de sol.
Eis, porém, que de repente emergiu no meio daquela turbulência dourada
um boto-cor-de-rosa.
Mantendo a cabeça para fora da água, ele sorriu e me encarou com os
mesmos olhos de jabuticaba da morena. Impossível resistir. Hipnotizado,
entrei na água. Ele esperou, com o sorriso acolhedor e os olhos dominadores.
O MUNDO DOS BOTOS

O boto fez igualzinho à mula sem cabeça: entrou no meio das minhas
pernas. Nadou pela superfície até o meio do rio; depois, afundamos.
Estávamos submersos, mas eu não sentia aflição nem falta de ar.
Deslizamos sob as águas escuras, em companhia de tambaquis,
curimatãs, surubins de mais de um metro, matrinxãs, tucunarés ferozes e
enormes pirarucus, um dos maiores peixes amazônicos. Passamos no meio
de tracajás — tartarugas que vivem nos rios — e vimos uma infinidade de
peixinhos coloridos que se afastavam ariscos.
Era tanta beleza que eu não sabia para que lado olhar. Nem me preocupei
em saber para onde meu companheiro me conduzia.
Eis, porém, que de repente, lá nas profundezas, surgiu uma luminosidade
que se intensificava cada vez mais. Achei aquilo muito esquisito: luz no
fundo do rio Negro!
Mais à frente, uma nuvem esbranquiçada, espessa como a neblina das
serras, encobria o que estava por trás dela. Demoramos para atravessá-la,
mas, quando pude enxergar com nitidez, tive a visão mais incrível que um
ser humano pode imaginar: a Cidade Encantada dos Botos.
Já tinha ouvido os indígenas falarem dela, mas não acreditei que
existisse. Agora, eu a via com meus próprios olhos.
As ruas eram revestidas de prata; as casas, construídas com ametistas,
topázios azuis e águas-marinhas verde-claro; os postes, feitos de ônix com
rubis luminescentes no topo. As árvores tinham folhas de esmeraldas de
todos os tamanhos e flores de diamantes cor-de-rosa. Os cipós eram colares
de pérolas que pendiam dos galhos. No fim da rua principal apareceu um
castelo de ouro com duas torres altas, cravejadas de brilhantes, que emitiam
raios com as cores do arco-íris.
Centenas de botos nadavam apressados pelas ruas, passeavam pelas
calçadas com os filhotes, conversavam nas esquinas, entravam e saíam das
casas. Mal nos viam, desviavam para abrir caminho.
Na porta de entrada do castelo havia um boto-guarda. O boto que me
levava emitiu um sinal sonoro. O outro digitou um número no celular e o
portão se abriu numa fração de segundo.
Atravessamos um pátio amplo, cruzamos uma roda de botos mais velhos
confabulando na parte central e entramos numa ala que levava a um corredor
com várias salas. Para um médico como eu, foi fácil reconhecer que se
tratava de um hospital.
Numa das salas havia uma maternidade com berçário, onde as fêmeas
amamentavam os filhotes recém-nascidos. Botos não são peixes, mas
mamíferos como nós. Noutra sala, enfermeiras davam comida na boca dos
doentes e dos velhinhos que mal conseguiam nadar.
No fim do corredor vi uma sala de operações. Sobre a mesa de cirurgia,
uma fêmea cor-de-rosa respirava com bastante dificuldade, rodeada por três
botos-médicos. Em seu peito, uma flecha espetada até a metade. Ferimento
grave.
Só então compreendi o encantamento da moça de vestido esvoaçante, na
beira do rio, e o olhar irresistível do boto que me trouxera para aquele lugar:
esperavam que eu tratasse da fêmea ferida. Sem um médico humano o
ferimento seria mortal, já que botos não têm mãos para puxar flechas
encravadas no corpo.
A paciente tinha perdido muito sangue. Pedi que a segurassem com
firmeza, agarrei a flecha com as duas mãos e puxei com todo o cuidado.
Assim que consegui retirá-la, despi minha camiseta do São Paulo e com ela
comprimi o local para estancar o sangramento. A fêmea estava tão fraca que
pouco reagiu, deu apenas um suspiro prolongado. Fiquei com medo de que
não sobrevivesse.
Nessa hora, um dos botos-médicos trouxe uma garrafa de cristal com um
remédio azul. Com delicadeza, introduziu-a na boca da paciente que,
devagar, conseguiu tomar o líquido. Quando terminou, seus olhos se
movimentaram e o calor voltou ao corpo cor-de-rosa. Estava salva.
A FESTA

Depois de esperar um tempo na sala de cirurgia para me certificar de que


a paciente estava fora de perigo, saí montado outra vez no boto que me
encantara.
Quando atravessamos aquele pátio da entrada, não pude acreditar: tinham
organizado uma grande festa, no meio da qual um pelotão de jovens fazia os
saltos mais arrojados. Botos são grandes acrobatas.
Em mesas de ouro cobertas com toalhas de renda eram servidas as frutas
mais deliciosas da Amazônia: jambos vermelhos e roxos, cupuaçus com
casca marrom, cajás e bacuris amarelos, graviolas, ingás verdes e compridos,
abios arredondados, açaís, tucumãs, pupunhas e pequenos cocos que os
habitantes da região comem no café da manhã.
Sob o comando de um maestro imponente, uma orquestra iniciou uma
música alegre. Todos os presentes dançaram, menos o boto-rei, acomodado
no meio da praça, num trono de veludo vermelho decorado com pedras
preciosas. Fui levado à presença dele.
Eis, porém, que de repente o rei começou a falar. Perguntou como eu
estava e se tinha sido bem tratado.
Achei aquilo muito esquisito: um boto falante!
Ele explicou que naquele mundo encantado apenas o rei tinha o dom da
palavra. Agradeceu a ajuda, disse que a festa era para comemorar a
recuperação da fêmea ferida pela maldade dos homens e me convidou para
morar com eles no fundo do rio. Reforçou que nada me faltaria.
Agradeci, mas era impossível: eu pertencia ao mundo dos humanos.
Meus amigos já deviam estar preocupados com a minha ausência.
Ele concordou com a cabeça e fez um sinal para um boto levar-me de
volta.
Atravessamos a cortina de névoa e deixamos para trás a Cidade
Encantada. Quando retornamos à superfície, estávamos a duzentos metros do
Escola da Natureza.
Fiz um carinho de agradecimento na cabeça do boto. Ele deu três
cambalhotas no ar, passou duas vezes o corpo em volta das minhas pernas e
sorriu. O sorriso continuava acolhedor, mas o rosto já não tinha aquele olhar
dominador da moça que me enfeitiçara.
A SUMAÚMA

O dia estava ensolarado, quente, um bando de andorinhas voava a um


palmo da superfície do rio. Eis, porém, que de repente escutei um som
estridente de motosserra. Achei aquilo muito esquisito: é proibido cortar
árvores na floresta.
Segui na direção do barulho. Dei de cara com três homens serrando uma
sumaúma de cinquenta metros de altura, com raízes em forma de tábuas que
ficam mais de dez metros para fora da terra, entre as quais eu poderia me
esconder em pé. Os indígenas costumam bater com um pau nessas raízes,
que emitem um som de tambor, para se comunicar com os companheiros em
outros pontos da floresta.
Quando vi que iam jogar no chão uma árvore que levara mais de cem
anos para atingir aquela altura, gritei para que parassem, mas eles pareciam
ensurdecidos pelo ronco da máquina. Corri até lá.
Aflito, parei na frente do tronco na tentativa de obrigá-los a desistir. Eles
fingiram não me ver. A sumaúma centenária balançou para lá e para cá, seu
tronco — que três homens de mãos dadas não conseguiriam abraçar —
estalou e despencou para cima das outras árvores e de mim. Os homens
gritaram para eu sair de baixo. Senti uma pena tão grande daquela árvore
destruída e das vizinhas derrubadas na queda que permaneci imóvel.
O instinto de sobrevivência me salvou: no último instante, saltei de lado.
Os galhos passaram tão perto que senti o ar deslocado por eles. Andei na
direção do Escola da Natureza ancorado na margem. No caminho, as
aventuras daquele dia passaram diante de meus olhos como num filme. Que
mundo encantado! Que transformação havia provocado em meu espírito!
Olhei para o barco, para as águas do rio Negro, virei de costas e me perdi na
floresta.
O RIO DE ÁGUAS NEGRAS

Sou apaixonado pelo rio Negro, por suas águas escuras que refletem
como espelho o céu, as nuvens e o recorte das florestas mais preservadas da
Amazônia.
É o terceiro maior rio do mundo. O volume de suas águas é maior do que
o de todos os rios da Europa reunidos. No Brasil, perde apenas para o
Amazonas, formado por ele mesmo ao encontrar o rio Solimões, logo abaixo
da cidade de Manaus.
Em alguns pontos, você mal enxerga a margem oposta. São quilômetros
de largura e mais de mil ilhas agrupadas principalmente nos dois maiores
arquipélagos fluviais do mundo: Mariuá e Anavilhanas.
O Negro nasce na Colômbia e corta o estado do Amazonas. Em seu curso
percorre 1700 quilômetros, quase a distância de São Paulo a Salvador. Se
você viajasse numa canoa sem remo ao sabor da correnteza, da nascente à
foz, a viagem duraria um mês e meio.
Na longa jornada, as águas carregam folhas e outras matérias orgânicas
que as tingem de âmbar. O rio é um chá escuro que esconde mistérios em
suas profundezas.

O rio Negro. Ao fundo, uma das ilhas do arquipélago de Anavilhanas.

O nível das águas varia conforme a estação do ano. Na seca, surgem as


praias de areia fina e as esculturas formadas por troncos, raízes e galhos
retorcidos que despencaram das margens. Não fossem as marcas de umidade
aparentes nas árvores, você não acreditaria que entre o ponto mais baixo da
seca e o mais alto da cheia os níveis variam de nove a doze metros.
Na época das chuvas, as águas invadem a mata, formando os igapós.
Com um barquinho, você pode remar no meio das árvores e penetrar a
floresta submersa, entre os raios de sol que atravessam as copas. No zigue-
zague do barco entre troncos esguios e outros enormes, é preciso se desviar
dos cipós que pendem das árvores seculares habitadas por bromélias,
samambaias e orquídeas.
A floresta é tão densa que você perde de vista uma pessoa que esteja a
vinte metros de distância.

ESCOLA DA NATUREZA

O barco de pesquisas da UNIP .


Fui mais de cem vezes ao rio Negro a bordo do Escola da Natureza, um
barco-gaiola lindo, típico da região, usado para pesquisas da Universidade
Paulista (UNIP).
O objetivo dessas viagens é colher plantas para descobrir medicamentos.
Você poderá perguntar: plantas podem produzir remédios?
Mais da metade daqueles que estão nas farmácias foi obtida a partir das
plantas. Elas habitam a Terra centenas de milhões de anos antes de surgirem
os mamíferos. Só para você ter uma ideia, enquanto os primeiros hominídeos
surgiram na África seis milhões de anos atrás, as árvores que dão flores estão
aqui há 300 milhões de anos.

Margem de um braço do rio (um igarapé) durante a seca.


A equipe saindo com o material para a coleta.

Para sobreviver tanto tempo, foram obrigadas a se defender das bactérias,


dos vírus e fungos, de células que se transformam em malignas e de outros
perigos que ameaçam a integridade da existência. Como conseguiram?
Produzindo substâncias capazes de defendê-las dessas agressões.
São essas as substâncias protetoras que nós procuramos quando viajamos
no barco. Colhemos amostras das diversas partes da planta: folhas, galhos,
frutos e flores. Nas plantas baixas, a colheita é feita com um podão de metal
que tem um cabo de vários metros e uma tesoura de podar na ponta, que
corta os galhos escolhidos.
As folhas deste cipó enrolado no tronco estão na copa da árvore que o sustenta.
Nas muito altas, Osmar, o mateiro do nosso projeto, amarra uma cordinha
entre os pés — chamada de peconha —, coloca o cinto de segurança e sobe
agarrado ao tronco, impulsionado pelos braços e pelas pernas apoiadas na
peconha. É impressionante, chega a subir mais de trinta metros para fazer a
coleta.
Quando os galhos caem, o botânico Mateus, os bioquímicos Ivana e
Sérgio e o chefe da expedição Wilson cortam o material em pedaços
pequenos e os distribuem em sacos de pano; as folhas ficam separadas dos
galhos, das flores e dos frutos. Então o nome e a descrição da árvore da qual
o material foi colhido são anotados num computador.
No laboratório, tudo é colocado no forno até secar, para depois ser
moído. Os fragmentos retirados do moedor são mergulhados em dois
frascos, um com água e outro com álcool, para que todas as substâncias
contidas neles se dissolvam.
Os chás resultantes dessas diluições são gotejados em placas de vidro que
contêm células malignas e bactérias resistentes aos antibióticos, para testar a
capacidade de destruí-las.
Quando o chá demonstra atividade, ou seja, tem o efeito esperado, é
levado para aparelhos que fazem a separação das várias frações
componentes, para que possamos identificar qual substância foi responsável
pela ação. Essa será a candidata a se tornar um medicamento.
HISTÓRIAS DO RIO NEGRO

Crianças da comunidade Kambeba, que fica às margens do rio Cuieiras, afluente do rio Negro.

Nas viagens ao rio Negro, gosto de ouvir as histórias das mulheres e


homens que moram nas casinhas de madeira construídas na beira do rio.
Os ribeirinhos constituem uma população formada por indígenas e
caboclos, quase sempre descendentes dos nordestinos que imigraram para a
Amazônia no século passado atrás das riquezas da borracha e dos garimpos
de ouro ou para fugir das secas prolongadas nas terras em que viviam.
Com eles, chegou na Amazônia a lenda da mula sem cabeça, personagem
do folclore de origem hispânico-lusitana. Segundo ela, toda mulher que
namora um padre se transforma nessa mula, como punição, e passa a
assombrar os viajantes, especialmente durante a noite. Não é uma lenda
indígena, mas está incorporada ao imaginário dos ribeirinhos de hoje.
Histórias do curupira ouvi muitas, no baixo, médio e alto rio Negro.
Quanto mais a gente sobe o rio, na direção da Colômbia e Venezuela, mais
indígenas se tornam os habitantes e mais frequentes os relatos de aparições
do curupira.
Ele é descrito como um rapazinho de traços indígenas, com cabelos
compridos, cor de fogo, e com os pés voltados para trás, característica que
permite reconhecê-lo.
É o guardião da floresta, protetor dos moradores que a respeitam e
vingador dos que caçam por esporte, derrubam árvores e desrespeitam regras
como não comer alimentos requentados ou gordurosos, não fazer barulho ou
trabalhar nas matas aos domingos.
A vingança consiste em fazer o intruso se perder, dando voltas e voltas
pela floresta, mas sempre retornando ao mesmo lugar. Alguns dizem que ele
pode adotar a forma de um animal que atrai os caçadores para longe.

Uma senhora indígena bastante idosa, da etnia Tucano, que encontrei em


Santa Isabel, cidadezinha do médio rio Negro, contou que para ela a aparição
do curupira foi precedida pelo escurecer repentino e a chegada dos vaga-
lumes.
Em São Gabriel da Cachoeira, à beira das corredeiras que as águas
formam ao percorrer o leito cheio de pedras do rio, conheci Raimundo, o ex-
garimpeiro que relatou seu encontro com a cobra-grande e os efeitos do gás
esverdeado emanado de sua goela, quando sua canoa se aproximou do
monstro.
A lenda diz que essa cobra teria nascido na terra, mas crescido tanto que
passou a morar no fundo do rio. De acordo com Raimundo, há quem acredite
que ela pode se transformar em embarcações falsas e em seres estranhos para
assustar os navegantes.

O boto-cor-de-rosa é o personagem mais popular das histórias


amazônicas. Muitos juram que nas festas juninas de Santo Antônio, São João
e São Pedro, em que os ribeirinhos soltam fogos de artifício, acendem
fogueiras e fazem bailes, ele aparece na forma de um rapaz muito bonito, de
terno e sapatos brancos e um chapéu usado para esconder o orifício que tem
na cabeça e que é o verdadeiro sinal de que a transformação do boto em
homem nunca é completa.
Sua beleza encanta a moça desacompanhada, com quem dança a noite
inteira, até conseguir levá-la para o fundo do rio, de onde ela volta grávida.
Dizem que nessas festas, quando aparece alguém de chapéu, os
convidados pedem para tirá-lo do recinto. Querem ter certeza de que não é o
boto disfarçado…
Muitos acreditam na existência de um mundo encantado dos botos
submerso nas águas escuras, semelhante aos dos contos de fadas, com
palácios de ouro, ruas de prata e casas cravejadas de pedras preciosas. Dizem
que existem pessoas que foram levadas para lá, como castigo por haverem
flechado ou atirado em botos que subiram à superfície para respirar.

Betinho, prático de navegação que conhecia os caminhos do rio Negro


como ninguém, tinha um tio com muita idade que morava sozinho numa
choupana coberta de palha, a muitos quilômetros da casa mais próxima. Ele
contava que as esquisitices desse tio solitário tinham surgido na mocidade,
quando caiu na armadilha do boto transformado em uma mulher linda, de
olhos encantadores, que o fizeram perder o juízo.
Povoadas de mitos e lendas da tradição dos povos indígenas que
chegaram na bacia do rio Negro dois mil anos antes dos portugueses, as
histórias amazônicas são fantásticas, como a vida de seus habitantes.
Distinguir fantasia da realidade vivida pelos ribeirinhos e das surpresas
encontradas em suas incursões pela mata nem sempre é fácil. Ficção e
realismo se confundem nesse universo mágico.
Um senhor contou certa vez que se perdeu na floresta ao seguir um vulto
que parecia ser o do irmão que caminhava à frente, mas que na verdade era o
curupira disfarçado. Dias mais tarde, em casa, ao acordar com os latidos do
cachorro de estimação, abriu a porta e deu de cara com uma onça que se
preparava para atacá-lo. Não hesitou, pegou o facão e investiu contra ela.
Saiu muito ferido, acabou cheio de cicatrizes, mas esfaqueou a fera.
O que é mais fantástico, seguir um vulto na floresta ou atracar-se com
uma onça na porta de casa?
SOBRE O AUTOR

Drauzio Varella nasceu em São Paulo, em 1943. É médico


cancerologista, formado pela Universidade de São Paulo. Foi um dos
fundadores do Curso Objetivo, onde ensinou química por um bom tempo;
dirigiu o serviço de imunologia do Hospital do Câncer (SP) durante vinte
anos; deu aulas em várias faculdades do Brasil e em instituições do exterior;
foi um dos pioneiros no tratamento da aids no Brasil, encampando
campanhas de prevenção da doença no rádio; trabalhou como médico
voluntário na Casa de Detenção do Carandiru, o maior presídio do nosso
país, de 1989 até a sua desativação, em 2002, e sobre essa experiência
escreveu Estação Carandiru (Companhia das Letras, 1999). Também
participa de séries sobre medicina e saúde no programa Fantástico. Drauzio
dirige um projeto da UNIP (Universidade Paulista) no rio Negro que
pesquisa plantas brasileiras com atividade contra o câncer e bactérias
resistentes a antibióticos — que deu origem a esta obra. Além deste, o autor
escreveu outros doze livros, dois deles para crianças: Nas ruas do Brás
(Companhia das Letrinhas, 2000) e De braços para o alto (Companhia das
Letrinhas, 2002).
SOBRE O ILUSTRADOR

Odilon Moraes nasceu em São Paulo, em 1966. É arquiteto, formado


pela Universidade de São Paulo, embora nunca tenha exercido essa
atividade. Ainda na faculdade, iniciou seu trabalho como ilustrador de
livros, pelo qual recebeu três prêmios Jabuti, pelas obras A saga de Sigfried,
de Tatiana Belinky, O matador, de Wander Piroli, e Lá e aqui, de Carolina
Moreyra. Nos anos 2000, iniciou sua carreira também como autor de livros
ilustrados e recebeu duas vezes o prêmio Melhor Livro do Ano para
Crianças, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), pelas
obras A princesinha medrosa e Pedro e Lua. Além das atividades de
escritor e ilustrador, tornou-se estudioso do livro ilustrado, ministrando
palestras, oficinas e cursos sobre a história desse gênero literário. Em 2013,
recebeu o prêmio Melhor Livro Teórico do Ano, concedido pela FNLIJ, com
a obra Traço e prosa. Em 2016, foi professor convidado do Instituto de
Estudos da Linguagem da UNICAMP (IEL), onde ministrou o curso “Livro
Ilustrado: quando arte é literatura”.
Copyright do texto © 2017 by Drauzio Varella
Copyright das ilustrações © 2017 by Odilon Moraes

Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de


1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009.

Crédito das fotos


DRAUZIO VARELLA

Preparação
VANESSA GONÇALVES

Revisão
VIVIANE T . MENDES
ANA LUIZA COUTO

Tratamento de imagem
M GALLEGO • STUDIO ARTES GRÁFICAS

ISBN 978-85-438-0887-1

Todos os direitos desta edição reservados à


EDITORA SCHWARCZ LTDA.
Rua Bandeira Paulista 702 cj. 32
04532-002 — São Paulo — SP
Telefone (11) 3707-3500
Fax (11) 3707-3501
www.companhiadasletrinhas.com.br
www.blogdaletrinhas.com.br
A elefantinha que queria dormir
Ehrlin, Carl-Johan Forssén
9788543807447
40 páginas

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A elefantinha Ellen quer muito dormir, mas sua casa fica do outro lado da
floresta mágica. Nesta história, as crianças vão acompanhá-la ao longo de
sua jornada e, junto com ela, encontrar finalmente o sono e o relaxamento.
Através de uma história simples, mas contada com as palavras e a
entonação certa, o sueco Carl-Johan Forssén Ehrlin's ajuda os adultos a
conduzirem as crianças a um estado de relaxamento que vai ajudá-las a
adormecer com tranquilidade - tanto de noite quanto na soneca diurna -,
transformando a hora de dormir em um momento prazeroso para toda a
família.

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Malala, a menina que queria ir para a
escola
Carranca, Adriana
9788543806402
96 páginas

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Malala Yousafzai quase perdeu a vida por querer ir para a escola. Ela
nasceu no vale do Swat, no Paquistão, uma região de extraordinária beleza,
cobiçada no passado por conquistadores como Gengis Khan e Alexandre, o
Grande, e protegida pelos bravos guerreiros pashtuns – os povos das
montanhas. Foi habitada por reis e rainhas, príncipes e princesas, como nos
contos de fadas.
Malala cresceu entre os corredores da escola de seu pai, Ziauddin
Yousafzai, e era uma das primeiras alunas da classe. Quando tinha dez anos
viu sua cidade ser controlada por um grupo extremista chamado Talibã.
Armados, eles vigiavam o vale noite e dia, e impuseram muitas regras.
Proibiram a música e a dança, baniram as mulheres das ruas e determinaram
que somente os meninos poderiam estudar.
Mas Malala foi ensinada desde pequena a defender aquilo em que
acreditava e lutou pelo direito de continuar estudando. Ela fez das palavras
sua arma. Em 9 de outubro de 2012, quando voltava de ônibus da escola,
sofreu um atentado a tiro. Poucos acreditaram que ela sobreviveria.
A jornalista Adriana Carranca visitou o vale do Swat dias depois do
atentado, hospedou-se com uma família local e conta neste livro tudo o que
viu e aprendeu por lá. Ela apresenta às crianças a história real dessa menina
que, além de ser a mais jovem ganhadora do prêmio Nobel da paz, é um
grande exemplo de como uma pessoa e um sonho podem mudar o mundo.

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O coelhinho que queria dormir
Ehrlin, Carl-Johan Forssén
9788543804729
32 páginas

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Esta história, sobre uma mãe coelho com dificuldade de fazer seu filho
dormir, tem o objetivo de ajudar os pais com a tão sofrida hora do sono.
Trazendo um método especial, é um comprovado sonífero em forma de
livro. Assim como acontece com muitas crianças, o coelho Roger está
cansado mas não consegue dormir. A mamãe coelho então resolve levar o
pequeno até o Senhor dos Bocejos, que sabe exatamente o que fazer para
resolver o problema. Por meio de uma história simples, mas contada com as
palavras e a entonação certa, o terapeuta sueco Carl-Johan Forssén Ehrlin
ajuda os adultos a conduzirem as crianças a um estado de relaxamento que
vai ajudá-las a adormecer com tranquilidade - tanto de noite quanto na
soneca diurna, transformando a hora de dormir em um momento prazeroso
para toda a família. Publicado inicialmente de forma independente, este
livro virou febre nos Estados Unidos e Inglaterra, alcançando o primeiro
lugar na lista da Amazon. Testado por milhares de pais e aprovado por seus
filhos, o método revolucionário de Ehrlin vai trazer um final feliz agora
também para o dia de muitos brasileiros.

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