Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Ligações - Parte I

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 9

QUÍMICA I - Prof.

ª Silvana

LIGAÇÕES QUÍMICAS INTERATÔMICAS - PARTE I

Em condições ambientes, só os gases nobres são formados por átomos isolados uns dos outros, ou
seja, átomos que têm pouca tendência de se unir com outros átomos; dizemos então que eles são
muito estáveis (pouco reativos). Os átomos dos demais elementos químicos, ao contrário, atraem-se
não só mutuamente (substâncias simples) como também átomos de outros elementos (substâncias
compostas), formando agregados suficientemente estáveis. Assim, por exemplo, não existem sódio
(Na) nem cloro (Cl) livres na natureza; no entanto, existem quantidades enormes de sal comum
(NaCl), em que o sódio e o cloro aparecem unidos entre si. As forças que mantêm os átomos unidos
são responsáveis por ligações químicas.

No entanto, foi somente em 1916 que os cientistas Gilbert Lewis e Walter Kossel chegaram a uma
explicação lógica para as uniões entre os átomos, criando a teoria eletrônica da valência. De fato,
consideremos as configurações eletrônicas dos gases nobres:

Com exceção do hélio, constatamos que os átomos dos gases nobres têm sempre 8 elétrons na última
camada eletrônica (é o chamado octeto eletrônico).

Foi associando a observação de que os átomos dos gases nobres têm pouca tendência a se unirem
entre si ou com outros átomos com a de que os átomos dos gases nobres têm o número máximo de
elétrons na última camada (em geral 8 elétrons, ou 2, no caso do hélio), que os cientistas Lewis e
Kossel lançaram a hipótese: os átomos, ao se unirem, procuram perder, ganhar ou compartilhar
elétrons na última camada até atingirem a configuração eletrônica de um gás nobre. Essa hipótese
costuma ser traduzida pela chamada Regra do Octeto: Um átomo adquire estabilidade quando possui
8 elétrons na camada eletrônica mais externa, ou 2 elétrons quando possui apenas a camada K.

Surgem daí os três tipos de ligação química — iônica, covalente e metálica —, que estudaremos a
seguir.
Fonte: FELTRE, R. Química. Vol. 1. 6 ed. São Paulo: Moderna, 2004.

LIGAÇÃO IÔNICA

Os químicos perceberam que os metais dos elementos das famílias 1A, 2A e 3A apresentam uma
tendência acentuada a perder os elétrons da camada de valência. Sem os elétrons de valência, a
última camada eletrônica passa a ser a anterior, que satisfaz a regra do octeto. Assim, por exemplo,
átomos de Na, sob determinadas condições, podem perder o elétron de valência, átomos de Mg
podem perder os dois elétrons de valência e átomos de Al, podem perder os três.

Os químicos também verificaram que os átomos dos elementos dos grupos 5A, 6A e 7A apresentam,
de modo geral, tendência a receber elétrons para ficar com oito elétrons na última camada. Um
átomo estará estável quando sua última camada possuir 8 elétrons (ou 2, caso se trate da camada K).
Assim, átomos de F e de Cl, sob determinadas condições, podem receber um elétron, átomos de O e S
podem receber dois e átomos de N e P podem receber três.

Generalizando: metais têm tendência a formar cátions; e ametais, a formar ânions.

Fonte: PERUZZO, F. M.; CANTO, E. L. Química na abordagem do cotidiano. Vol. 1. 4 ed. São Paulo: Moderna,
2006.

É importante observar, porém, que a tendência de um átomo metálico isolado é permanecer como
está, pois para retirarmos 1 elétron de seu nível mais externo, precisamos fornecer uma energia
denominada primeira energia de ionização. Logo, a tendência de os metais formarem cátions se
manifesta na presença de átomos que tenham tendência a formar ânions, isto é, de receber elétrons,
o que leva à formação de íons de cargas opostas que se atraem mutuamente, caso dos ametais.
Assim, as substâncias constituídas por átomos de metais e ametais, como o cloreto de sódio, NaC l(s),
por exemplo, são denominadas substâncias iônicas ou compostos iônicos porque, quando a
substância simples sódio metálico, Na(s), entra em contato com moléculas de gás cloro, Cl2(g), ocorre
uma violenta reação química que provoca a formação de cátions Na1+ e ânions Cl 1– que permanecem
fortemente ligados uns aos outros por força de atração elétrica entre cargas opostas, formando o
composto representado pela fórmula unitária NaCl(s).
Acompanhe o raciocínio seguindo o modelo da regra do octeto para a formação do cloreto de sódio,
NaCl. Dadas as configurações eletrônicas do 11Na e do 17Cl:
• O átomo de sódio, 11Na, possui 1 elétron no último nível de energia (3º nível). Formando o cátion
Na1+, seu último nível passa a ser o anterior (2º nível), que já está completo, ou seja, o cátion sódio,
1+
11Na , possui a mesma configuração eletrônica do gás nobre neônio, 10Ne.

• O átomo de cloro, 17Cl, possui 7 elétrons no último nível de energia (3º nível). Formando o ânion
Cl , seu último nível fica completo, ou seja, o ânion cloreto possui a mesma configuração eletrônica
1–

do gás nobre argônio, 18Ar.

Fonte: REIS, M. Quimica. Vol. 2. São Paulo: Editora ática, 2013

O átomo de sódio cede definitivamente 1 elétron ao átomo de cloro. Considerando que essa
explicação envolve apenas os elétrons da última camada (elétrons de valência), é comum simplificar a
representação anterior da seguinte maneira:

em que os sinais • e x estão representando exatamente os elétrons da camada mais externa. Essa
representação é chamada notação de Lewis.

Tendo cargas elétricas opostas, os cátions e os ânions se atraem e se mantêm unidos pela chamada
ligação iônica, originando-se assim a substância cloreto de sódio (NaCl), que é o sal comum usado em
cozinha. Na prática, porém, uma reação não envolve apenas dois átomos, mas um número enorme de
átomos, de modo que no final teremos um aglomerado envolvendo um número enorme de íons,
como mostramos na ilustração abaixo (com uso de cores-fantasia e sem escala).
O reticulado mostrado acima não pode ser visto, pois os íons são extremamente pequenos (sua forma
é determinada por estudos feitos com raios X). No entanto, olhando com um microscópio eletrônico
de varredura os cristaizinhos do sal, vemos que são cúbicos, em decorrência de sua estrutura interna

É importante observar também que entre os átomos Na0 e Cl 0 e os íons Na+ e Cl - há uma diferença
extraordinária. De fato, o sódio metálico (Na0) é altamente reativo e pega fogo espontaneamente no
ar (o sódio deve ser guardado em recipientes contendo querosene ou benzeno), explode com a água,
queima a pele se o segurarmos com a mão. O gás cloro (Cl2), por sua vez, é altamente tóxico. Pelo
contrário, o sal de cozinha (aglomerado Na+ Cl -) é uma substância que ingerimos todos os dias por
meio de alimentos. Em particular, o íon Na+ tem grande importância biológica, pois regula as trocas
de várias substâncias entre o sangue e as células de nosso organismo.

Fonte: FELTRE, R. Química. Vol. 1. 6 ed. São Paulo: Moderna, 2004.


Assista ao vídeo abaixo que mostra a reação explosiva do sódio com a água:

https://www.youtube.com/watch?v=pQ3viLoHe0E

Fonte: Manual do Mundo. O Metal que faz a água explodir (SuperQuímica). 2014. (5m10s). Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=pQ3viLoHe0E>. Acesso em 29 de jul. 2021.
Vamos agora retomar as exemplificações, considerando como segundo caso a reação entre o
magnésio e o cloro:

MgCl2
E, como terceiro exemplo, a reação entre o alumínio e o flúor:

Al F3
Como podemos observar, o número de íons que se unem é inversamente proporcional às suas
respectivas cargas (valências). Disso resulta a seguinte regra geral de formulação:

Fonte: FELTRE, R. Química. Vol. 1. 6 ed. São Paulo: Moderna, 2004.

A ligação iônica é de natureza elétrica. Os íons positivos e negativos se atraem fortemente, dando
origem a compostos com as propriedades características descritas na tabela a seguir:

Fonte: REIS, M. Química. Vol. 2. São Paulo: Editora ática, 2013


LIGAÇÃO COVALENTE

Quando os dois átomos apresentam a tendência de ganhar elétrons, ocorre a ligação covalente. Ela
envolve, em geral, átomos que possuem 4, 5, 6 ou 7 elétrons na última camada eletrônica (famílias
4A, 5A, 6A e 7A, respectivamente) e mais o hidrogênio, que, apesar de possuir apenas um elétron,
está próximo da configuração do hélio. Em outras palavras, a ligação covalente aparece, em geral,
entre dois átomos de não-metais.
Fonte: FELTRE, R. Química. Vol. 1. 6 ed. São Paulo: Moderna, 2004.

Considere, por exemplo, a formação da molécula de gás hidrogênio (que é a mais simples). Sua
fórmula molecular é H2, o que indica que a molécula é formada pela união de 2 átomos de hidrogênio
(Z = 1).

A configuração eletrônica dos átomos de hidrogênio é 1s1 e ele precisa de mais um elétron para ficar
com a configuração eletrônica do gás nobre hélio (1s2). Compartilhando seu (único) elétron de
valência, cada átomo de hidrogênio, que possuía apenas 1 elétron, passa a possuir um par,
completando sua camada de valência e adquirindo estabilidade.

Fonte: REIS, M. Química. Vol. 2. São Paulo: Editora ática, 2013

Fonte: FELTRE, R. Química. Vol. 1. 6 ed. São Paulo: Moderna, 2004.

Quando átomos se unem por compartilhamento de elétrons, dizemos que entre eles se estabelece
ligação covalente. Os grupos de átomos unidos por ligação covalente são denominados moléculas.

Três maneiras distintas de representar uma molécula são a fórmula molecular, a fórmula eletrônica
(ou fórmula de Lewis) e a fórmula estrutural, na qual cada par de elétrons compartilhado é
representado por meio de um tracinho.
Fonte: PERUZZO, F. M.; CANTO, E. L. Química na abordagem do cotidiano. Vol. 1. 4 ed. São Paulo: Moderna,
2006.

Entre dois átomos (como os de hidrogênio), que estão próximos um do outro, se estabelecem
continuamente forças de atração e repulsão que geram uma energia potencial. Quando os átomos de
hidrogênio estão relativamente afastados, as forças de repulsão são desprezíveis, predominando as
forças de atração. À medida que os dois átomos de hidrogênio se aproximam, as forças de atração
vão aumentando, e a energia potencial entre os átomos, diminuindo. Quando os núcleos dos átomos
ficam a uma distância de 0,074 nm, as forças de atração e de repulsão se compensam, e o sistema
adquire uma energia potencial mínima de –436 kJ/mol, ou seja, a ligação química se estabelece, e o
sistema libera 436 kJ de energia por mol de moléculas de H2 (g) formadas. Esse fenômeno pode ser
descrito por meio de um gráfico:

E como é possível medir a energia liberada na formação de um mol de moléculas de determinada


substância? Não é possível. O que se faz é medir a energia necessária para quebrar a ligação entre
dois átomos (energia de dissociação) de um mol de moléculas.

No caso do hidrogênio, temos:

Como são necessários 436 kJ de energia para dissociar um mol de moléculas de H2 (g) em átomos H(g) e
H(g), concluímos que o processo inverso em que se estabelece a ligação entre os átomos H (g) e H(g)
para formar um mol de moléculas de H2 (g) libera exatamente esse valor de energia: –436 kJ/mol.
A ligação covalente torna-se efetiva (e estável) quando a distância entre os dois átomos é tal que as
forças de atração existentes são totalmente compensadas pelas forças de repulsão.

Numa distância de 0,074 nm, os núcleos atraem com a mesma intensidade os elétrons. Essa atração,
que faz com que os átomos de hidrogênio permaneçam juntos, é denominada ligação covalente.

Fonte: REIS, M. Química. Vol. 2. São Paulo: Editora ática, 2013

Consideremos, como segundo exemplo, a união entre dois átomos do elemento cloro (C l), formando
uma molécula de gás cloro (Cl2). O átomo de cloro (Z= 17) precisa de mais 1 elétron para adquirir
eletrosfera semelhante à do gás nobre argônio (Z= 18).

Foi proposto que, na substância Cl2, os átomos se mantêm unidos porque suas eletrosferas
compartilham alguns elétrons da última camada. Compartilhar, nesse caso, significa que alguns
elétrons passam a fazer parte da camada de valência dos dois átomos ligados. Compartilhando
elétrons, eles passam a ter eletrosfera semelhante à de gás nobre. Na representação seguinte, as
bolinhas pretas representam os elétrons da camada de valência.

Fonte: PERUZZO, F. M.; CANTO, E. L. Química na abordagem do cotidiano. Vol. 1. 4 ed. São Paulo: Moderna,
2006.

Na molécula formada acima, os elétrons da última camada que não participam do par eletrônico
compartilhado são comumente chamados elétrons não-ligantes ou pares eletrônicos isolados.

Consideremos, como terceiro exemplo, a formação da molécula da substância simples oxigênio (O2).
O oxigênio pertence à família 6A e possui 6 elétrons de valência; assim, os dois átomos se unem
compartilhando dois pares eletrônicos, de modo que cada átomo “exerça domínio” sobre oito
elétrons. Forma-se assim uma ligação dupla entre os átomos, que é indicada por dois traços na
representação O = O (nos exemplos do H2 e do Cl2, o único par eletrônico comum constitui uma
ligação simples).

Como quarto exemplo, vejamos a formação da molécula da substância simples nitrogênio (N2). Cada
átomo de nitrogênio tem apenas cinco elétrons na camada periférica. Eles se unem compartilhando
três pares eletrônicos. Forma-se assim uma ligação tripla entre os átomos, que é indicada pelos três
traços na representação N ≡ N. Desse modo, cada átomo está com o octeto completo, pois além de
seus cinco elétrons, compartilha três elétrons com o átomo vizinho.

Todos os exemplos dados até agora foram de substâncias simples. No entanto, as ligações covalentes
aparecem ainda com maior frequência entre as substâncias compostas, como passamos a ilustrar.
• Formação da molécula do ácido clorídrico (HCl):

• Formação da molécula de água (H2O):

• Formação da molécula do amoníaco ou gás amônia (NH3):

• Formação da molécula do gás carbônico (CO2):

Fonte: FELTRE, R. Química. Vol. 1. 6 ed. São Paulo: Moderna, 2004.

BOM ESTUDO!

“A satisfação da própria curiosidade é uma das maiores fontes de felicidade na vida."


Linus Pauling (1901-1994)

Você também pode gostar