A Pratica Da Igreja de Deus - A - Marcos Granconato-LOGOS
A Pratica Da Igreja de Deus - A - Marcos Granconato-LOGOS
A Pratica Da Igreja de Deus - A - Marcos Granconato-LOGOS
Marcos Granconato
São Paulo
2015
Copyright © 2015 por Marcos Granconato
Publicado pela Hermeneia Editora
________________________________________
Granconato, Marcos
________________________________________
Hino alemão
Atos 20.28
Dedicado a Renato Macieira, Carlos Alberto Ferolla e
Leandro Boer, homens que amam a igreja de Deus e
mostram isso na prática.
SUMÁRIO
APRESENTAÇAO
PROLOGO - O ‘CRISTAO VELHO’ E O ‘CRISTAO NOVO’
Capı́tulo 1 - Igreja local: definição, propó sito, importância e modo válido de
implantação
Capı́tulo 2 – O CULTO CRISTAO
Capı́tulo 3 – AS ORDENANÇAS
Capı́tulo 4 – O EVANGELISMO
Capı́tulo 5 – OS MEMBROS QUE VEM E VAO
Capı́tulo 6 – OS DEVERES DOS MEMBROS DA IGREJA LOCAL
Capı́tulo 7 – OS OFICIAIS DA IGREJA
Capı́tulo 8 – O PATRIMONIO MATERIAL DA IGREJA
Capı́tulo 9 – DESVIOS EVANGELICOS
Capı́tulo 10 – IGREJAS POS-MODERNAS
Capı́tulo 11 – O AUXILIO MATERIAL NA IGREJA
Capı́tulo 12 – O CASAMENTO
Capı́tulo 13 – A LIBERDADE E A CONDUTA CRISTA
Capı́tulo 14 – A PRATICA DE ENFRENTAR A MORTE
CONCLUSAO – AS PEDRAS DE CARBURETO
PRINCIPIOS GERAIS LIGADOS A PRATICA DA IGREJA DE DEUS
REFERENCIAS SOBRE
O AUTOR
A PRÁTICA DA IGREJA DE
DEUS
APRESENTAÇÃO
Este livro surgiu a partir de aulas ministradas na
classe de novos membros da Igreja Batista Redenção na
qual exerço o ministério pastoral desde 1997. Como o
objetivo da classe era tornar a igreja conhecida para
aqueles que demonstravam interesse em fazer parte dela,
era natural que as aulas versassem sobre os princípios que
cremos ser fundamentais na composição das bases de uma
igreja bíblica, bem como sobre os desdobramentos práticos
desses mesmos princípios.
Assim, antes de iniciar a leitura, o leitor deve estar
preparado para entrar em contato com a defesa de
inúmeras convicções, bem como atentar para a solidez dos
fundamentos bíblicos sobre os quais estão edificadas. A
angustiosa situação presente requer definições claras e
objetivas de fé e um total abandono de meias-palavras que
evitam o compromisso sério com qualquer linha de
pensamento. Tal postura, tão comum em nossos dias, não
defende a verdade, antes a obscurece ainda mais. Por isso,
este livro raramente apresentará “leques de opções”.
Antes, sairá na defesa do que cremos ser verdadeiramente
bíblico, recusando clara e veementemente os desvios
eclesiásticos que proliferam nos nossos dias.
Finalmente, devo tecer algumas frases de
agradecimento àqueles que tornaram possível a vinda
deste livro à luz. Agradeço, em primeiro lugar, aos
membros da minha querida Igreja Batista Redenção que
me concederam o tempo e o apoio necessários para a
realização do presente trabalho. Também sou grato aos
alunos do Seminário Bíblico Palavra da Vida, onde tenho
lecionado por quase trinta anos. Esses alunos sempre me
incentivaram a escrever sobre minha filosofia e prática
ministeriais. Sem esse incentivo, o conteúdo deste trabalho
talvez permanecesse para sempre restrito à pequena
classe de novos membros da igreja que pastoreio.
Agradeço ainda aos pastores Thomas Tronco dos
Santos, Marcos Samuel Pereira dos Santos e Adarlei
Martins. Suas preciosas sugestões serviram para sanar
diversas falhas neste projeto e contribuíram para tornar a
presente obra melhor sistematizada e também mais
relevante e atual.
Pureza: A igreja que não zela pelo pilar da pureza muito cedo
se verá invadida pelos costumes e práticas do mundo que, aos
poucos, tomarão conta dela (1Co 5.6). Então, nenhuma diferença
haverá entre a igreja e qualquer associação de incrédulos. Na
verdade, uma igreja assim será ainda pior do que uma sociedade
de pagãos, pois, por causa dela, o evangelho será desacreditado e
o nome de Cristo será blasfemado entre os perdidos (1Tm 6.1;
2Pe 2.1-2). Se não primar pela pureza em seu meio, a igreja logo
se tornará um covil de hipócritas, perderá sua força espiritual,
desencorajará a vida de temor, afastará do seu convıv́ io os que
buscam a Deus com sinceridade e atrairá sobre si a ira do Senhor
(1Co 10.21-22; Ap 2.12-25). A pureza da igreja, portanto, é
questão de sobrevivência! Se essa coluna for derrubada, toda
igreja cairá, tornando-se apenas um aglomerado de pessoas que
nutrem os padrões do mundo, às vezes de maneira até mais
escandalosa (1Co 5.1). A ferramenta mais importante para a
manutenção da pureza da igreja é a disciplina eclesiástica
prevista em Mateus 18.15-17 e 1Corıń tios 5.1-5.
Duas questões
A pregação
A oração
O louvor cantado
A bênção apostólica
Demônios no culto?
Uma das obras de Satanás e seus anjos que mais escravizam e
destroem vidas é o fenômeno da possessão demonıá ca. Em face dessa
a lição, duas correntes de opinião se formam, ambas marcadas por
extremismo injusti icado. Na primeira corrente, encontram-se os que
em tudo veem os “chifres do diabo”. Basta alguém icar irado, ter um
mal-estar fıś ico, discordar do que disse o pastor, ou simplesmente
tossir, e logo dizem que a pessoa está endemoninhada.
No outro extremo encontram-se os que, mesmo diante das mais
claras evidências de possessão demonıá ca, se mantêm céticos, a
irmando que o que estão testemunhando é mero resultado da bebida
ou de algum problema mental.
O cristão que pretende pensar e agir de conformidade com a
Palavra de Deus deve se situar de modo equilibrado entre esses dois
extremos. Deve aceitar que a possessão demonıá ca é um fenômeno que
realmente existe, pois são inúmeros os textos bıb́ licos que o atestam
(Mt 8.28; 9.32; 12.22; 15.22; Mc 1.23; 5.2; Lc 8.2; At 5.16). Contudo,
deve também ter bom senso para discernir se está diante de alguém
realmente endemoninhado ou de uma vıt́ ima de outro problema
qualquer.
Nem sempre é fácil fazer distinção. Tanto mais quando se sabe
que é possıv́el diferentes problemas serem patentes, ao mesmo tempo,
numa pessoa só. De fato, é comum a mesma pessoa estar
endemoninhada e embriagada, ou endemoninhada e com problemas
mentais, ou até endemoninhada, embriagada e com problemas mentais,
o que torna difıć il, se não impossıv́el, saber onde terminam as
evidências de um problema e começam as do outro.
De qualquer modo, parece ser ponto pacı́ ico que a mudança de
voz, a força fıś ica descomunal (Mc 5.2-4), a alteração notável do
semblante, a imitação de movimentos e sons de animais, o olhar
carregado de ódio assassino e selvagem (Mt 8.28), a fúria incontrolável
diante das verdades da Bíbliae o dizer ou fazer coisas que o indivıd́ uo
em seu estado normal não saberia dizer ou fazer (Mc 1.23,24) são
evidências claras de possessão demonıá ca. Diante de fatores desse
tipo, portanto, o crente deve considerar seriamente a hipótese de estar
lidando com um endemoninhado.
O modo de agir do cristão em face de um problema de tão elevado
grau de gravidade deve levar em conta alguns critérios, especialmente
se a manifestação demonıá ca ocorrer durante um culto. Aqui também é
a Palavra do Senhor que fornecerá orientação para o povo de Deus não
ser enganado nem cair nos mesmos erros de certas seitas modernas
que fazem do endemoninhado o centro de um espetáculo, agradando
com isso somente aos próprios demônios. Estes se deleitam em ser o
alvo das atenções e zombam de todos quando ingem obedecer aos
ministros que, com seus shows de exorcismo, só lhes satisfazem as
vontades e propósitos.
Para evitar tudo isso, deve o cristão e, principalmente o pastor,
ter os seguintes cuidados:
Questões comuns
O batismo infantil
Regeneração batismal
Provas históricas
Divulgando a fé
Três perguntas
O requisito essencial
A disciplina eclesiástica
Há quem diga que tal procedimento, mesmo tendo sido ensinado
por Jesus e por Paulo, não revela amor (!), pois os membros caıd́ os,
dizem, precisam ser buscados, não abandonados.
Deve-se, porém, lembrar de que antes da exclusão, essas pessoas
são persistentemente buscadas e só se tornam objeto da disciplina
quando se revelam inamovıv́eis em sua decisão de não dar ouvidos às
palavras de exortação e sabedoria que lhes são dirigidas.
Essa atitude obstinada mostra que tais pessoas não querem de
modo nenhum abandonar os seus pecados. E só quando se veri ica esse
estado de coisas que a dura disciplina bıb́ lica é aplicada. Se não for, o
amor e a paciência se transformarão em tolerância para com o pecado e
o Senhor Jesus Cristo repreenderá a igreja, acusando-a de abrigar
passivamente o mal em seu seio (Ap 2.20).
Por isso, o povo de Deus deve evitar que a pureza da igreja seja
sacri icada com o argumento aparentemente piedoso de que é preciso
ter mais amor. Ademais, deve ser reconhecido que a disciplina
eclesiástica não é um im em si, mas é, na verdade, um meio empregado
para recuperar o pecador obstinado. Trata-se, assim, de um ato de
amor, pois quem ama, corrige; quem ama às vezes precisa ferir (Pv
27.6). O próprio Deus age assim com seu povo (Hb 12. 4-11).
Outro fator a se considerar com seriedade é que a disciplina
eclesiástica é, acima de tudo, uma forma de sobrevivência! Isso porque
é por meio dela que a igreja se livra do fermento do mal que fatalmente
leveda a massa toda, caso não seja removido (1Co 5.6-7). Além disso, é
preciso destacar que a disciplina também tem efeito preventivo, já que
incute um temor salutar nos demais crentes, fazendo-os ser mais
cuidadosos e vigilantes em seu proceder (At 5.11).
Por tudo isso, feliz será a igreja que zelar pela disciplina em seu
meio. Aliás, é precisamente o desmazelo nesse campo que tem gerado
tantas tristezas e dissabores dentro das comunidades eclesiásticas,
além de inúmeros escândalos.
Antes de encerrar este assunto, uma palavra precisa ser dita
quanto a um instrumento de desligamento muito usado por aqueles
que querem viver no pecado sem enfrentar os incômodos da disciplina
bíblica Trata-se da “carta de pedido de exclusão”. Como se pode
deduzir do próprio nome, essa carta é escrita e assinada pelo membro
da igreja interessado em seu próprio desligamento. Nela, o referido
membro pede para ser excluıd́ o alegando motivos particulares ou
razões pessoais.
Quando perceber que uma carta desse tipo tem como alvo driblar
a disciplina bıb́ lica, a igreja zelosa não poderá aceitá-la. Se o izer, será
conivente com os membros que buscam subterfúgios para se ver livres
da maneira que a Bíbliaensina tratar o pecado.
Dúvidas comuns
Após seu ingresso numa igreja bıb́ lica, o crente passa a ter certos
deveres e obrigações diante da irmandade. Isso é tão claro no Novo
Testamento que é de surpreender que, nos tempos atuais, esse aspecto
do ensino apostólico seja tão negligenciado.
Na verdade, a impressão que se tem nos dias de hoje é que o
envolvimento do crente com a igreja de que é membro é meramente
opcional, sendo o bastante que compareça aos cultos eventualmente.
E claro que todo trabalho e compromisso assumido por um crente
diante de sua igreja é voluntário. Porém, os cristãos que conhecem o
ensino bıb́ lico sabem que essa voluntariedade é a voluntariedade de
um servo, ou seja, é a voluntariedade de quem disse: “Sou um discıṕ ulo
e servo de Cristo e estou comprometido com sua causa nesta igreja de
que faço parte”. E, pois, essa “livre obrigação” que deve mover o crente
na direção de um envolvimento mais intenso no dia a dia da igreja,
fazendo disso um dos aspectos prioritários da sua vida.
E pelo fato de muitos crentes não entenderem essas verdades que
os dias modernos viram o surgimento de uma geração de discıṕ ulos
sem compromisso algum com a igreja, distantes da sua realidade,
ignorantes quanto às suas particularidades e apáticos diante de seus
problemas, lutas e ideais.
Sem dúvida, toda essa situação precisa mudar para que a presente
geração cause um impacto maior na história e deixe um legado mais
rico para os que estão por vir. Para que isso aconteça, é necessário que
os discıṕ ulos de Cristo ouçam a voz da Bíbliae aprendam dela como
deve ser sua participação na comunidade da fé.
Ora, o crente que se empenhar nesse sentido descobrirá que suas
responsabilidades junto à igreja podem ser resumidas em três
palavras: comunhão, cooperação e contribuição. Ele também se
surpreenderá ao perceber que sobre o cristão pesam sérios deveres em
relação aos seus pastores, conforme será visto neste capıt́ ulo.
A comunhão
A cooperação
Cooperação é o termo usado para referir o trabalho conjunto.
Cooperar, pois, com alguém é labutar ao seu lado, empenhando-se por
alcançar seus mesmos objetivos. Assim, quando se diz que o crente
deve cooperar com sua igreja, isso signi ica que ele deve empreender
esforços ao lado de seus irmãos para fazer com que a comunidade
eclesiástica de que faz parte realize seus ideais da maneira mais célere
e da melhor forma possıv́el.
Quais seriam os ideais da igreja pelos quais os seus membros
deveriam juntos lutar? O Novo Testamento aponta pelo menos três: a
promoção e defesa da fé evangélica; a edi icação do corpo de Cristo; e a
pureza da comunidade dos santos.
Que os crentes devem trabalhar unidos pela promoção e defesa
da fé cristã está claro na expectativa de Paulo em relação aos irmãos de
Filipos, sobre quem ele anelava ouvir que permaneciam “ irmes num só
espıŕ ito, lutando unânimes pela fé evangélica” (Fp 1.27).
Quanto ao empenho conjunto visando à edi icação do corpo de
Cristo, sua base mais nıt́ ida encontra-se em Efésios 4.16, o qual diz que
o corpo de Cristo, isto é, a igreja, edi ica-se em amor, “segundo a justa
cooperação de cada parte”. Aliás, conforme foi destacado no subtıt́ ulo
anterior, esse deve ser um dos objetivos da comunhão cristã
verdadeira.
Já no tocante à cooperação dos crentes entre si tendo em vista a
pureza da igreja, o fundamento desse ideal pode ser veri icado em
1Corıń tios 5.7, texto em que Paulo ordena que a igreja como um todo
tome sobre si a tarefa de lançar fora o velho fermento do pecado.
Notese que os corıń tios deveriam fazer isso quando estivessem
reunidos (1Co 5.4), de maneira que o trabalho de puri icação da igreja
fosse coletivo.
Na prática, a colaboração do crente na busca desses alvos tão
importantes do povo de Deus pode assumir os mais diferentes
contornos. Ministrar uma aula ou apagar uma lousa para que essa
mesma aula possa ser ministrada são igualmente formas de cooperar
com o ideal de defesa e expansão da fé. De forma semelhante, o irmão
que recebe com simpatia um visitante e o irmão que varre o salão de
cultos onde esse mesmo visitante é recebido estão cooperando com o
ideal sagrado de promover a verdade que liberta. Também o crente que
exorta um irmão em particular dentro de uma sala e o crente que troca
a lâmpada queimada dessa mesma sala em que a exortação é feita
laboram lado a lado em prol da pureza da igreja, sendo colegas de
serviço no Reino, desfrutando do mesmo status diante do Senhor para
quem trabalham.
Infelizmente, porém, o quadro evangélico atual mostra um grande
distanciamento dessa visão. De fato, poucos crentes cooperam com
intensa dedicação na realização dos alvos santos da igreja, sendo
imenso o número de membros de comunidades locais que não fazem
absolutamente nada, mantendo-se distantes e apáticos, muitas vezes
até murmurando contra quem obedece a ordem bıb́ lica de cooperar.
Crentes assim devem avaliar onde realmente está seu coração e
trazer à superfıć ie de sua memória o ensino de Paulo acerca do alvo
sublime que devem perseguir nesta vida, conforme registrado em
2Corıń tios 5.15: “E ele morreu por todos para que aqueles que vivem já
não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e
ressuscitou”.
A contribuição
Nas seções anteriores deste capıt́ ulo, foram feitas alusões ao fato
de que o homem que ocupa o cargo pastoral na igreja de Deus é
designado no Novo Testamento por três termos distintos: pastor,
presbıt́ero e bispo (At 20.17,28; Ef 4.11; Tt 1.5,7). Cada um desses
termos destaca diferentes aspectos das funções que o ministro cristão
deve exercer junto ao povo que Deus lhe con iou.
O termo “pastor” (poimén) é o mais abrangente entre os três
supracitados, pois realça as tarefas de proteger e apascentar (o que
inclui conduzir) um rebanho.
A igura do pastor da igreja como protetor do rebanho de Deus
aparece em Atos 20.28-31. Nessa passagem, Paulo, despedindo-se dos
pastores da igreja de Efeso, diz que lobos vorazes atacariam as ovelhas
do Senhor que estavam sob seus cuidados e não as poupariam,
arrastando-as à destruição por meio de ensinos perversos. Segundo
Paulo, diante dessa ameaça, os pastores deveriam vigiar, mantendo-se
sempre atentos e prontos, a im de afugentar aquelas feras malignas e
manter o rebanho de Deus ileso.
Obviamente, esse aspecto da função pastoral é imperativo aos
ministros de Cristo de todas as épocas e de todos os lugares, enquanto
dirigem as igrejas em que foram postos. Aliás, o Apocalipse revela que
os pastores de Pérgamo e de Tiatira foram negligentes precisamente na
realização dessa tarefa, sendo esse o motivo pelo qual o Senhor os
censurou tão severamente (Ap 2.14-16, 20-23).
Conforme já referido, o vocábulo grego poimén (e o verbo
poimaino, associado a essa palavra) também aponta para a tarefa de
apascentar, ou seja, prover as necessidades das ovelhas, conduzindo-as
na direção de bons pastos e de água fresca. Com base na igura que esses
termos evocam, conclui-se que o pastor, como o icial eclesiástico,
também deve apascentar o povo de Deus, garantindo-lhe o suprimento
de alimento e de refrigério espirituais.
Não resta dúvidas de que o crente precisa de alimento para a
alma (Mt 4.4; 1Pe 2.2). Ora, o ofıć io de pastor está entre aqueles que
Deus instituiu exatamente para fornecer esse alimento aos crentes
(2Tm 4.12), a im de que eles sejam equipados para o serviço dos
santos, cresçam na unidade da fé, amadureçam nas virtudes de Cristo e
deixem de ser como meninos facilmente levados por qualquer vento de
doutrina (Ef 4.11-14).
Apascentar o rebanho de Cristo, porém, não abrange somente
oferecer-lhe o alimento da Palavra com o im de transmitir
conhecimento e gerar maturidade. O pastor zeloso tem de ir além disso
e, sempre com a Palavra do Senhor em punho, deve trabalhar para
satisfazer também as necessidades de consolo e descanso das ovelhas
de Jesus. Nesse aspecto, é notório que, nas Escrituras Sagradas, a
condução ao alıv́ io e ao refrigério é uma prática distintamente pastoral
(Sl 23.1-3; Ap 7.17), sendo certo que a falta desse trabalho é um dos
motivos pelos quais as pessoas passam a viver cansadas e a litas (Mt
9.36).
Ora, há diversas situações em que o pastor poderá atuar como
alguém que conduz a ovelha cansada ao repouso, mas um exemplo
prático dessa forma de agir é mencionado em Tiago 5.14-15. Nesse
texto, o escritor bıb́ lico (ele mesmo um pastor) ensina que quando
alguém estiver doente, deve chamar os presbıt́eros da igreja. Estes,
então, orarão pelo enfermo e tentarão trazer-lhe algum alıv́ io tanto
[63]
fıś ico como espiritual. Esse tipo de visita, marcada por afeição,
cuidado e até serena admoestação, é uma das mais tocantes expressões
do trabalho do homem de Deus ocupado em apascentar o rebanho de
Cristo, levando-lhe refrigério.
O Novo Testamento ensina ainda que o pastoreio cuidadoso das
ovelhas de Cristo é uma das provas principais do amor do ministro por
seu Senhor (Jo 21.16). Conforme o ensino de Pedro, esse nobre
trabalho deve ser realizado de boa vontade, nunca por mera obrigação
e em hipótese alguma movido pelo anseio de receber alguma vantagem
inanceira desonesta (1Pe 5.2). Pedro diz ainda que o homem de Deus,
no exercıć io do pastorado, não pode agir como um déspota dominador
que subjuga e oprime as pessoas. Antes, tem de exercer sua autoridade
apresentando-se como modelo para os irmãos (1Pe 5.3).
O segundo termo designativo da atividade pastoral é “presbıt́ero”
(presbyteros). Essa palavra também está ligada à tarefa de ensinar
(1Tm 5.17), pastorear (1Pe 5.1-2) e cuidar (Tg 5.14). Porém, o termo
evoca ainda outros deveres, os quais apontam para uma posição de
destaque e de liderança (At 21.17-19).
Em seu signi icado básico, o presbıt́ero é um ancião. Assim, num
sentido não técnico, o termo se refere a um homem idoso (At 2.17). Já
num sentido técnico, como nos casos em que é usado para designar os o
iciais da igreja, a palavra sugere a ideia de honorabilidade e sabedoria.
Vista ainda a partir da realidade cultural dos tempos bıb́ licos, o
vocábulo “presbıt́ero” evoca a igura do homem revestido de autoridade
que realizava a tarefa de julgar demandas e dirimir con litos entre
indivıd́ uos em litıgio.́
Ora, tanto a experiência como a própria Escritura mostram que
essa função é necessária na igreja, sendo uma forma de evitar que as
disputas entre crentes sejam levadas ao magistrado civil, contrariando
o ensino apostólico (1Co 6.1-6). Sendo, pois, esse trabalho tão
importante e delicado, é o pastor que, atuando como presbıt́ero, deverá
realizá-lo ou, no mıń imo, presidi-lo, aplicando a cada caso concreto os
princıṕ ios e preceitos especı́ icos da Palavra de Deus que sejam então
cabıv́ eis.
Realizando a importante função de julgador dentro da
comunidade da fé, o presbıt́ero será, obviamente, alvo especial de
pessoas que se sentirem contrariadas por suas decisões. Por isso, a
Escritura proıb́ e que acusações contra ele sejam aceitas, exceto sob o
depoimento de duas ou três testemunhas (1Tm 5.19).
No Novo Testamento, o termo “presbıt́ero” também aparece
ligado à tarefa de receber recursos destinados ao auxıĺ io dos carentes,
indicando que os pastores são os responsáveis por avaliar a real
necessidade de cada um no momento da distribuição da ajuda material
ofertada aos pobres da igreja (At 11.29-30). Como juıź es, eles também
aparecem deliberando acerca de disputas ético-doutrinárias,
examinando as razões expostas pelas partes em con lito e, inalmente,
emitindo seu parecer que, estando em harmonia com a revelação de
Deus em sua Palavra, é acolhido por toda a igreja (At 15.2,4,6,22).
O terceiro vocábulo usado na Bíbliapara designar o ofıć io
pastoral é “bispo”. O substantivo grego (epískopos) aparece somente
cinco vezes no Novo Testamento, sendo que em uma dessas vezes
refere-se a Cristo (1Pe 2.25). As outras quatro ocorrências (At 20.28;
Fp 1.1; 1Tm 3.2; Tt 1.7) dizem respeito a lıd́ eres da comunidade cristã.
Epískopos é um termo relacionado à atividade de supervisionar
ou administrar. Esse sentido se encaixa perfeitamente em um dos
deveres pastorais, ou seja, o trabalho de inspecionar a igreja de Deus,
primando pela sua pureza vivencial e doutrinária, a im de que em tudo
ela re lita o caráter do Senhor e seu reto ensino.
Evidentemente, para realizar as funções implıć itas nos termos
“pastor”, “presbıt́ero” e “bispo”, o ministro eclesiástico precisará ter um
amplo conhecimento bıb́ lico e teológico (2Tm 2.15). Sem isso, seu
trabalho destruirá a igreja, arruinará vidas e, do ponto de vista bıb́ lico
e espiritual, será um fracasso completo.
O diaconato
A teologia do espaço
Seja qual for a opção adotada pelo crente que pertence a uma
comunidade pentecostal, o fato é que ele não deve, de modo algum,
perpetuar sua participação ali de maneira que comprometa seu
crescimento espiritual e o de sua famıĺ ia. A santi icação é valor
inegociável e nenhum tipo de paz pode ser nutrido à parte dela (Hb
12.14).
Estratégias perigosas
1. O fato de esse dom não existir mais não signi ica que Deus
nãopode realizar milagres na área da comunicação. Deus tem
poder para fazer com que, em alguma situação especial, duas
pessoas de idiomas diferentes se comuniquem de forma
surpreendente. Se isso, porém, acontecer, não será correto dizer
que houve uma manifestação do dom de lıń guas, pois, conforme
visto, não era assim o funcionamento desse dom (quem o tinha o
usava com frequência na igreja), nem era seu objetivo quebrar as
barreiras linguıś ticas entre as pessoas (tanto que exigia a
atuação de intérpretes). Por isso, diante da hipótese levantada, o
certo será dizer que ocorreu um milagre no campo da
conversação.
O dom de profecia
Curas e milagres
12. Diante dos pobres que há na igreja, não é dever dos
pastoresensiná-los a anelar por riquezas (Mt 6.19-21; 1Tm 6.9-
10), mas sim encorajá-los a trabalhar (1Ts 4.11-12; 2Ts 3.10-12),
ajudar os que são mais pobres do que eles (2Co 8.1-5) e se
contentar com o que têm (1Tm 6.8; Hb 13.5). No caso de haver
pobres que realmente não podem obter sustento, o dever do
pastor é exortar os parentes dessa pessoa a ampará-la (1Tm
5.4,8,16). Também é tarefa do pastor admoestar suas ovelhas
para que ajudem seus irmãos na fé que, por forças alheias à sua
vontade, não podem
[95]
obter pão (Rm 15.26; Gl 2.10; 6.10; Ef 4.28; 1Jo 3.17).
Um dos lados mais tristes da realidade criada pelo evangelho da
prosperidade é que, geralmente, seus seguidores, depois de doar aos
lıd́ eres tudo que têm, percebem angustiados que foram vıt́ imas de
grave engano doutrinário. Então, vão se queixar aos pastores e estes
lhes dizem que o que os impediu de ter sucesso foi a falta de fé. Assim,
esses infelizes vão para casa (se ainda tiverem casa!) sem os poucos
bens que antes possuıá m e com uma enorme carga de culpa no
coração.
A verdadeira igreja de Deus pode evitar que esse e muitos outros
danos recaiam sobre as pessoas ensinando-lhes as verdades alistadas
supra e combatendo veementemente qualquer indıć io dessa
destruidora heresia.
Quebra de maldições
Avivamentos estranhos
O princípio do santuário
Duas Perguntas
Marcas gerais
Igrejas emergentes
A proposta liberal
Possíveis questões
A cláusula de exceção
Perguntas frequentes
Princípio da alteridade
Ao dirimir con litos interpessoais, o lıd́ er não deve tomar qualquer
medida ou decisão sem antes ouvir ambas as partes.
Princípio do equilíbrio
O rigor da exigência deve ser temperado com bom senso e a dureza do
castigo deve ser mesclada de misericórdia.
Princípio do limite de competência
O pastor não tem autoridade para, sem ser consultado, decidir
questões relacionadas à vida particular dos crentes, exceto no caso em
que essas questões afetem a pureza, o nome e os interesses da igreja.
Princípio da congregacionalidade
Em matérias que não envolvem a preservação da sã doutrina, a
vontade expressa da assembleia de crentes formalmente reunida se
situa acima da vontade da liderança formalmente constituıd́ a.
Princípio da obediência
As ofertas aceitáveis a Deus são aquelas que procedem de vidas santas,
marcadas por arrependimento, retidão e busca sincera da vontade do
Senhor.
Princípio da responsabilidade
O crente que quer contribuir inanceiramente para a causa do Mestre
deve fazer isso na igreja de que participa, seja como membro, seja
como assıd́ uo frequentador, ainda que a ajuda dirigida a outras
comunidades de linha ortodoxa seja aceitável, desde que eventual.
Princípio da temporalidade
A ajuda material a irmãos carentes deverá cessar tão logo termine a
condição de necessidade real.
REFERÊNCIAS
Livros
Artigos
Notas do prólogo
[1]
Nos tempos da Inquisição, “cristão velho” referia-se ao católico da
Penıń sula Ibérica que estava acima de qualquer suspeita de heresia.
Já “cristão novo” denominava o judeu convertido que passara a ser
perseguido com severidade, acusado de praticar o judaıś mo
secretamente em casa. Veja-se K , M. História dos judeus em
Portugal. São Paulo: Pioneira, 1971. M , Frédéric. Prisioneiros da
Inquisição. Porto Alegre: L&PM, 1991. Veja-se tb. N , Howard W.; N
, Anita; N ́ , Luiz; J , Aleksandar. A Inquisição.
Folha de S. Paulo, São Paulo, 15 mai. 1987. Folhetim.
[2]
Jesus chamou de cães os incrédulos (Mt 7.6) e os pagãos (Mt
15.26), mas o mesmo termo foi utilizado por Paulo para referir-se aos
falsos mestres (Fp 3.2). No Apocalipse, o Senhor emprega a mesma
palavra ao falar daqueles que vão sofrer a perdição eterna, fora da
cidade santa (Ap 22.15).
[3]
Veja-se R , Paulo. Evangélicos em crise. São Paulo: Mundo
Cristão, 1997. p. 77-82.
Notas do capítulo 1
[4]
Nesse sentido, veja-se especialmente S , Francis A. A verdadeira
espiritualidade. São Paulo: Fiel, 1980. p. 192-209.
[5]
O Dr. Lawrence J. Crabb Jr., psicólogo cristão, aponta o significado
e a segurança como as necessidades psicológicas fundamentais de
todo ser humano. Segundo ele, o homem só se sente importante
quando é respeitado e só se sente seguro quando tem o amor
incondicional dos outros. Veja-se C J ., Lawrence J.
Aconselhamento bíblico efetivo. Brasıĺ ia: Refúgio, 1985.
[6]
O modo como a igreja deve agir no suprimento das necessidades
dos que sofrem está exposto no Capítulo11.
[7]
Nos capıt́ ulos subsequentes, todos os itens aqui denominados
como “pilares” serão considerados com maior atenção.
[8]
Um bom exemplo disso é visto na Inglaterra durante o século 17.
Veja-se L -J , Martyn. Os puritanos: suas origens e seus sucessores.
São Paulo: PES, 1993. p. 76-79.
[9]
Essa prática também foi corroborada por concepções pagãs. Veja-
se o Capítulo9.
[10]
Na igreja antiga havia, inclusive, a tendência de batizar crianças
no oitavo dia de vida (Lv 12.3), dado o entendimento de que o
batismo havia substituıd́ o a circuncisão. Nesse sentido, veja-se C .
Epistle LVIII - To Fido, On the baptism of infants. Ante-Nicene
Fathers, vol. 5, p. 353-354). E inegável, assim, que o batismo infantil
surgiu como resultado da concepção nutrida por vários teólogos
antigos que viam a igreja como o verdadeiro Israel.
[11]
Wayne Grudem, defendendo essas noções, escreve: “… a igreja
agora se tornou o verdadeiro Israel de Deus e… receberá todas as
bênçãos prometidas a Israel no Antigo Testamento...”. G , Wayne.
Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 723.
[12]
Para uma exposição mais detalhada desses e outros efeitos, vejase
D , Ronald E. Israel and the church: The origin and effects of
replacement theology. Waynesboro, GA: Authentic Media, 2004.
[13]
O Artigo 17 da Confissão de Augsburgo, escrita em 1530, a irma
que a ideia de um reino messiânico fıś ico a ser instalado no futuro
neste mundo (milenarismo) é apenas uma das diversas “opiniões
judaicas” que as igrejas condenam (A Confissão de Augsburgo.
Edição bilıń gue. São Leopoldo: Sinodal, 1980. p. 25.). Também a
primeira edição dos Artigos Anglicanos elaborados por Thomas
Cranmer em 1553 descreve o milenarismo como “uma fábula
própria da senilidade judaica” (S , History of the Christian Church,
vol.
II, p. 619).
[14]
Nesse sentido, veja-se O , Grant R. A espiral hermenêutica:
uma nova abordagem à interpretação bíblica São Paulo: Vida Nova,
2009. p. 414.
[15]
A lei canônica é o conjunto de normas criadas pelos concıĺ ios
eclesiásticos que se reuniram ao longo dos séculos e que são
reconhecidos pela “igreja o icial”.
Notas do capítulo 2
[16]
C , João. As institutas ou tratado da religião cristã. Vol. III. São
Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1985. p. 119.
[17]
Ibid., p. 133.
[18]
Ibid., p. 136.
[19]
A Confissão de Fé de Westminster. São Paulo: Cultura Cristã,
1994. p. 110.
[20]
H , Archibald Alexander. Comentário de la Confesion de Fe de
Westminster. Barcelona: CLIE, 1987. p. 251. Tradução livre.
[21]
O , Op. Cit., p. 567.
[22]
C , João. Comentário sobre 2Timóteo 2.15: CNTC 10, p. 313.
Citado por G , Teologia dos reformadores. São Paulo: Vida Nova,
1993, p. 241.
[23]
G , Ibid., p. 92.
[24]
Na Bíbliahá orações dirigidas ao Pai (Mt 6.9; Ef 3.14) e ao Filho (At
7.59; 1Co 1.2), mas não há nenhuma súplica feita ao Espıŕ ito Santo.
Negar, contudo, que os crentes possam orar ao Espıŕ ito equivale a
negar a divindade da Terceira Pessoa da Trindade.
[25]
Para livros que apresentam essas concepções, veja-se B ,
Paul E. Seu destino é o trono. São José dos Campos: CLC, 1984
(especialmente pp. 103-116); e C , Merlin. Louvor que liberta.
Belo Horizonte: Betânia, 1988.
[26]
Para excelentes orientações sobre esse assunto, veja-se L ,
Augustus Nicodemus, O que estão fazendo com a igreja. São Paulo:
Mundo Cristão, 2008. p. 157ss.
[27]
Veja-se o Capítulo1.
[28]
Segundo o ensino do , o corpo do cristão é casa habitada de
initivamente por Deus (Jo 14.20,23; 1Co 3.16; 6.19; Cl 1.27), e é
impossıv́el que Satanás e seus anjos façam morada ali, uma vez que
nunca a acharão desocupada (Mt 12.43-45). Veja também 1João
5.18.
Notas do capítulo 3
[29]
S , José Gonçalves (Edit.). O Didaquê ou O ensino do Senhor
através dos doze apóstolos. São Paulo: Imprensa Metodista, 1980.
p. 75.
[30]
C , Op. Cit., IV:XV:19, p. 301.
[31]
A fonte desse ensino é a obra O pastor de Hermas (31.6-7),
produzida por volta de 150 AD.
[32]
Veja-se S , Op. Cit., vol. II, p. 258-262.
[33]
G , Op. Cit., p. 258-259.
[34]
B , L. Manual de Doutrina Cristã. Campinas: Luz para o
Caminho, 1985. p. 288.
[35]
Segundo Berkhof, Colossenses 2.11-12 parte claramente da
suposição de que o batismo tomou o lugar da circuncisão! (Ibid., p.
287).
[36]
Assim argumenta Calvino em suas Institutas. Veja-se C , Op. Cit.,
IV:XVI:20, p. 322-323.
[37]
Para mais detalhes, veja-se C , Earle E. O cristianismo através
dos séculos: uma história da igreja cristã. São Paulo: Vida Nova,
1984. p. 239.
[38]
Essa doutrina é também adotada com pequenas variações pelos
ortodoxos e anglicanos.
[39]
O IV Concıĺ io de Latrão (1215) o icializou a doutrina da
transubstanciação como dogma católico. Essa doutrina foi rea irmada
e plenamente de inida no Concıĺ io de Trento (1545-1563).
[40]
A prática da igreja ocidental de usar pão não levedado na
Eucaristia deu causa ao Cisma de 1054 que culminou no rompimento
das relações entre a Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa Grega.
[41]
Aliás, a palavra “hóstia” vem do latim e signi ica vítima.
[42]
Na Idade Média corria a fábula de que o morcego passou a existir
porque um rato, após comer uma hóstia consagrada, foi abençoado
com asas.
[43]
W , John C. (org.). The complete works of Menno Simons.
Scottdate: Herald Press, 1956. p. 76. Citado por G , Op. Cit., p. 258.
[44]
Edições posteriores da Confissão de Augsburgo abrandaram essa
posição.
[45]
A Fórmula foi publicada o icialmente em 1580. Como foi
apresentada num volume que trazia outros documentos, icou
conhecida mais tarde como o Livro da Concórdia.
[46]
O sacramento do altar ou ceia do Senhor. Disponıv́ el em
www.luteranos.com.br/articles/8166/1. Acessado em 02/dez/2010.
[47]
Para uma compreensão mais precisa da concepção de João Calvino
acerca da ceia, veja-se C , Op. Cit., IV:XVII, p. 339-399. Veja-se ainda G
́ , Justo L. Uma história do pensamento cristão. Vol. 3. São Paulo:
Cultura Cristã, 2004.
[48]
Calvino diz expressamente: “... a fração do pão é um sıḿbolo...
Mas... pela exibição do sıḿbolo, no entanto, a própria coisa é exibida.”
(Op. Cit., IV:XVII:10, p. 348).
[49]
C , Idem.
[50]
Deve ser lembrado que os católicos e os luteranos também são
sacramentalistas, crendo a seu modo que, na eucaristia, graças
especiais são comunicadas aos participantes. Zuıń glio, por sua vez,
repudia essa visão. Um dos possıv́eis fundamentos do
sacramentalismo está na expressão “o cálice da bênção” usada por
Paulo em 1Corıń tios 10.16. Se for entendida como um genitivo de
causa, o que é gramaticalmente possıv́el, essa expressão pode ser
interpretada como “o cálice que traz a bênção”, dando suporte para a
concepção sacramentalista. E mais provável, porém, que a expressão
se re ira ao cálice da gratidão, o terceiro cálice usado pelos judeus
durante a celebração da Páscoa. Ao participar desse cálice os
celebrantes davam graças a Deus e o “abençoavam,” isto é, o
bendiziam. Se esse entendimento for aceito, a suposta base para o
sacramentalismo presente em 1Corıń tios 10.16 desaparece.
[51]
C , Op. Cit., IV:XVII:24, p. 365.
Notas do capítulo 4
[52]
A H . De correptione et gratia, XIV-XVI. In C
, Op. Cit., III:XXIII:14, p. 426.
[53]
Para mais detalhes, veja-se M G , Alister. A vida de João
Calvino. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 203-222.
[54]
F , Franklin. Gigantes da fé. São Paulo: Vida, 2006. p. 168.
[55]
Mais informações sobre os calvinistas enviados de Genebra ao
Brasil, bem como acerca do conteúdo da Confissão de Fé da
Guanabara, veja-se N , Adão Carlos e M , Alderi Souza de. O que
todo presbiteriano inteligente deve saber. Santa Bárbara d’Oeste:
SOCEP, 2007. p. 39-48.
[56]
A obra mais completa sobre o tema, escrita em português, é, sem
dúvida S , Franz Leonard. Igreja e Estado no Brasil
Holandês: 1630-1654. São Paulo: Vida Nova, 1989. O autor é pastor
reformado holandês e ministrou muitos anos no Brasil, tendo
realizado profundas pesquisas tanto aqui como em sua terra natal.
[57]
Informações mais completas sobre George White ield podem ser
obtidas em L -J , D.M. Op. Cit. p. 112-138.
[58]
Sobre a vida de Spurgeon, veja-se F , Op. Cit., p. 270-278.
[59]
No Brasil, os sermões de Spurgeon têm sido publicados
especialmente pela Editora Fiel e pela PES: Publicações Evangélicas
Selecionadas.
Notas do capítulo 5
[60]
G , Edward. Declínio e Queda do Império Romano. São Paulo:
Companhia das Letras, 1989. p. 224.
[61]
G , Cirilo Folch (org.). Antologia dos Santos Padres: Páginas
Seletas dos Antigos Escritores Eclesiásticos. São Paulo: Paulinas,
1985. p. 284.
Notas do capítulo 6
[62]
Note-se que nesse texto a palavra traduzida em várias versões
como “mais velhos” é presbyteroi, termo que designa pastores. Aliás,
o contexto da passagem (v. 1-4) favorece esse entendimento.
Notas do capítulo 7
[63]
O emprego do óleo mencionado nesse texto tinha objetivos
simbólicos (a representação do favor de Deus vindo sobre o enfermo)
e humanitários (o óleo era usado para dar refrigério). Em nada essa
prática se assemelhava ao curandeirismo evangélico que se vê hoje
em dia.
[64]
C , Op. Cit., IV:III:9, p. 51.
[65]
T , Alain; M , Bernard. Histoire Générale du Travail.
Apud N , Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho.
São Paulo: Saraiva, 1995. p. 13-14.
[66]
Idem, p. 560-561.
[67]
Idem, p. 12-13.
[68]
Para uma visão mais clara acerca do espaço concedido às
mulheres no contexto judaico, por exemplo, veja-se J , Joachim.
Jerusalém no tempo de Jesus. São Paulo: Paulinas, 1983. p. 473494.
Veja-se também D -R , Henri. A vida diária nos tempos de Jesus, São
Paulo: Vida Nova, 1988. p. 88-91.
[69]
H , H. Wayne. Distinctive roles for women in the second and
third centuries. Bibliotheca Sacra, Dallas, v. 146, n. 581, jan./mar.
1989, p. 52-53. Tradução livre.
Notas do capítulo 9
[70]
W , John C. (org.). The complete works of Menno Simons.
Scottdate: Herald Press, 1956. p. 310. Citado por G , Op. Cit., p. 278.
[71]
Diga-se de antemão que o autor reconhece que há muitas igrejas
pentecostais que não se encaixam nas crıt́ icas elencadas nesta seção.
Ele também sabe que, mesmo adotando algumas concepções
doutrinárias que este livro reprova, muitos pentecostais são discıṕ
ulos sinceros de Jesus — irmãos amados que repudiam enfaticamente
todos os desvios mencionados aqui, fazendo tudo o que podem para
evitá-los ou corrigi-los.
[72]
Um exemplo chocante do ponto a que isso pode chegar é
fornecido pelo número 47 da revista portuguesa Visão, publicada na
semana de 10 a 16 de fevereiro de 1994. Segundo essa revista, em
junho de 1992, o “apóstolo” Jorge Tadeu, lıd́ er da Igreja Maná em
Portugal, disse numa reunião de pastores na cidade de Loures,
próxima de Lisboa: “Recebi isto por revelação divina: Deus me disse
que hoje o Senhor permite que um homem tenha várias mulheres,
desde que com isso sirva mais a Deus”. Jorge Tadeu já esteve várias
vezes em São Paulo, promovendo conferências ao lado de lıd́ eres
pentecostais brasileiros. Veja-se R , Op. Cit., p. 48.
[73]
A exploração inanceira levada a cabo por essas pessoas passa
ainda pela prática chocante de compra e venda de “campos”, pela qual
pastores e lıd́ eres eclesiásticos, tratando suas comunidades como se
fossem lotes de animais, vendem suas igrejas por uma determinada
quantia em dinheiro, cujo valor oscila dependendo do número de
membros, potencial de crescimento, média de entradas inanceiras,
localização, etc. O apóstolo Pedro disse que os falsos mestres fariam
comércio dos crentes (2Pe 2.3). Esse é certamente o exemplo mais
chocante do cumprimento dessa previsão.
[74]
A expressão “terceira onda” aplicada ao neopentecostalismo tem a
sua criação atribuıd́ a ao teólogo e escritor americano, autointitulado
apóstolo, Charles Peter Wagner (The third wave of the Holy Spirit.
Ann Harbor: Vine, 1988). No Brasil, a história do pentecostalismo é
dividida em três “ondas” pelo sociólogo Paul Freston, no artigo “Breve
história do pentecostalismo brasileiro”, em A , Alberto (edit.). Nem
anjos nem demônios: interpretações sociológicas do
pentecostalismo. Petrópolis: Vozes, 1996.
[75]
Veja-se S , Op. Cit., I:VII:39.
[76]
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Verbete:
‘glossolalia’. RJ: Objetiva, 2001.
[77]
Le Nouveau Petit Robert. Verbete: ‘glossolalie’. Paris:
Dictionnaires Le Robert, 2000.
[78]
F , Silvana Matias. Glossolalias: icção, semblante, utopia
Tese de doutorado apresentada ao Curso de Linguı́stica do Instituto
de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas
UNICAMP, Instituto de Estudos da Linguagem, 2007. p. 73.
[79]
F , p. 31-32.
[80]
F , p. 67-68, 77, 79.
[81]
M , Michael T. A linguistic Analysis of glossolalia:
evidence of unique psycholinguistic processing. Communication
Quarterly, vol. 30, nº 1, 1981. p. 18-27.
[82]
Para mais detalhes veja-se F . p. 15-16. Veja-se tb. B , Selma.
Glossolalia, o sentido da desordem: a simbologia do som
na constituição do discurso pentecostal. Dissertação de mestrado
apresentada ao Instituto de Filoso ia e Ciências Humanas — Area de
Antropologia Social — UNICAMP, Campinas, 1989. p. 80-81.
[83]
Muitas vezes, a ideia de que o dom de lıń guas produz
esvaziamento mental busca fundamento em 1Corıń tios 14.14, onde
se diz que a mente de quem ora em outra lıń gua “ ica infrutıfera”.
Essa expressão,́ porém, signi ica apenas que a mente de quem orava
em lıń guas não produzia nada em proveito dos irmãos. Nesse sentido,
veja-se T , Anthony C. The First Epistle to the Corinthians: A
commentary on the Greek text. Michigan/Cambridge, UK: Eerdemans,
2000.
[84]
B , p. 267,285.
[85]
Para mais detalhes, veja-se B, Leandro. O dom de línguas
hoje: adendo cientí ico para leigos. Publicado em três
partes no Boletim Semanalda Igreja Batista Redenção nº
806-808 (19 e 26 de abril / 03 de maio de 2015). Disponıv́el também
em www.igrejaredencao.org.br. O artigo traz uma breve lista de
referências de que constam as seguintes monogra ias: D , F.
Religious Dissociation and Economic
Appraisal in Brazil. J Relig Health. 2015 Feb 17. [Epub ahead of
print] PubMed PMID: 25687180; J , K. D. A neuropastoral care
and
counseling assessmentof glossolalia:a theosocial cognitive
study. J Health Care Chaplain. 2010;16(3-4):161-71.
doi:10.1080/08854726.2010.492698. PubMed PMID: 20658429;
K P. K. Brain mechanisms in early language acquisition.
Neuron.
2010 Sep 9; 67(5):713-27. doi: 10.1016/j.neuron.2010.08.038.
Review. PubMed PMID: 20826304; PubMed Central PMCID:
PMC2947444. N , A.B.; W N. A.; M , D.;
W , M. R. The measurement of regional cerebral bloodlow
during glossolalia:a preliminary SPECT study.
Psychiatry Res. 2006 Nov 22;148(1):67-71. Epub 2006 Oct 12.
PubMed PMID: 17046214.
[86]
B , p. 250.
[87]
B , p. 265-266,282. Conclusões semelhantes foram expostas
por William S . antropólogo e linguista americano, que realizou um
dos trabalhos mais completos sobre a glossolalia em Tongues of
menand angels. The religious language of pentecostalism.
Macmillan, NY, 1972.O trabalho de Samarin (e de outros
linguistas que chegaram à mesmas conclusões que ele) foi criticado
num artigo escrito em 1981, por Michael T. M , intitulado A
linguistic Analysis of glossolalia: evidence of unique
psycholinguistic processing (publicado em Communication Quarterly,
vol. 30, nº 1, 1981. p. 18-27).
Contrariando teses já consagradas, Motley a irma que a glossolalia
tem traços de lı́nguas reais e é linguisticamente independente da
lı́ngua nativa dos falantes. Ele admite, porém, que traços desse tipo
podem advir da prática (nota 1 de seu artigo), mas rejeita a
possibilidade de ser essa a hipótese que explica a glossolalia (ainda
que tenha baseado sua pesquisa na experiência de um pentecostal que
falava em "lı́nguas" há vinte anos). Apesar de sua análise abranger
apenas dez páginas e de ter tirado suas conclusões a partir da
observação de somente um praticante da glossolalia, Motley a irma
que o trabalho de Samarin e de outros que chegaram às suas mesmas
conclusões é "super icial".
[88]
Para mais detalhes, veja-se M A . O caos carismático. São
José dos Campos: Fiel, 1992. pp. 293-326.
[89]
Maiores detalhes em F , p. 11-12, 18-22 e B , p. 78.
[90]
Alguns crentes acreditam que 1Corıń tios 14.24-25 serve como
base bıb́ lica para a prática supostamente profética de adivinhar
segredos da vida alheia, especialmente dos visitantes que vão à igreja.
No entanto, esse texto ensina apenas que, tocado pelas verdades
espirituais pronunciadas durante o culto pelos profetas que havia na
igreja primitiva, o descrente se sentiria encorajado a abrir seu coração
em con issão diante dos irmãos. Também pode signi icar que a
corrupção do coração do descrente seria exposta a ele mesmo
através da pregação dos profetas, o que o levaria ao arrependimento.
Nesse sentido, veja-se L , Augustus Nicodemus. O culto espiritual.
São Paulo: Cultura Cristã, 2004. p. 221.
[91]
C , Robert B. From exegesis to exposition. Grand Rapids: Baker,
1999. p. 142.
[92]
Sobre o uso do óleo mencionado em Tiago 5.14, veja-se a nota 1 do
Capítulo7.
[93]
Alguns livros de Hagin que expõem esses ensinos e que estão
disponıv́ eis em português são: Compreendendo a unção; Novos
limiares da fé; Redimidos da miséria, da enfermidade e da morte;
Dons do Espírito; A autoridade do crente; O nome de Jesus, além
de outros, todos publicados no Brasil pela Graça Editorial.
[94]
No Brasil, esses ensinos foram bastante popularizados a partir de
1979 por meio de um pequeno livro chamado Há poder em suas
palavras, de Don Gosset. Nesse livro é possıv́el encontrar a raiz de
diversos desvios doutrinários amplamente aceitos no meio evangélico
de hoje, tais como: 1) O ensino de que a pessoa concretiza tudo o que
declara; 2) O consequente incentivo à repetição de versıć ulos e frases
de vitória a im de se obter sucesso (essa é a razão porque muitos
pastores, durante seus sermões, mandam as pessoas dizer frases
positivas a quem está sentado ao seu lado); 3) A a irmação de que o
crente tem direito a curas, dinheiro e realização e que essas coisas, na
verdade, já lhe pertencem, devendo apenas “tomar posse” delas por
meio da pronúncia de frases; 4) A identi icação de sentimentos e
disposições negativas com espıŕ itos malignos (espıŕ ito do medo,
espıŕ ito do rancor, espıŕ ito da malıć ia, etc.); e 5) O entendimento de
que todas as doenças e males têm como origem o diabo.
[95]
Veja-se no Capítulo11, o modo bıblico como se deve lidar coḿ
membros da igreja que passam por necessidades materiais.
[96]
Para uma exposição sucinta, mas bastante proveitosa dessa
concepção, veja-se R , Op. Cit., p. 97-112.
[97]
Há também o ensino de que as maldições podem estar associadas
ao nome da pessoa, caso esse nome evoque noções de pecado ou de
sofrimento (e.g., Adão, Judas, Maria das Dores, etc.).
[98]
O jejum também é muito enfatizado nesses casos. Porém, o que os
seguidores dessas fábulas chamam de jejum é mera abstinência
supersticiosa de alimentos. A Bíbliamostra que o jejum verdadeiro é
um meio de estimular a concentração na oração quando o crente está
arrependido (Jl 2.12) ou passando por grande tristeza (Mt 9.15) ou
ainda diante de uma imensa tarefa (At 13.2-3). Portanto, quando
alguém jejua não deve apenas abster-se de alimentos, mas também
evitar qualquer outra atividade própria do dia a dia, dedicando-se
exclusivamente à meditação da Palavra e à oração (Is 58.3). Foi esse o
jejum que Jesus praticou no deserto (Mt 4.1-2).
[99]
No Brasil, a proposta de restauração apostólica tem sido defendida
talvez de forma mais elaborada por René Terra Nova, lıd́ er do
Ministério Internacional da Restauração, com sede em Manaus. No
entanto, um número in indável de igrejas evangélicas tem aceitado a
liderança de homens que se autodenominam apóstolos.
[100]
B , Horst e S , Gerhard (Orgs.). Exegetical Dictionary of the
New Testament. Edimburgo: T&T Clark Ltd., 1990. p. 3149.
[101]
Agir como bêbado é visto como sinal de plenitude espiritual
porque, segundo o entendimento dos lıd́ eres dessas igrejas, Atos 2.13
prova que os crentes que estavam em Jerusalém por ocasião do
Pentecoste realmente pareciam embriagados quando o Espıŕ ito veio
sobre eles.
[102]
Herodes, o Grande, reconstruiu o templo de Jerusalém ao longo
de um perıó do de 44 anos (20 a.C. – 64 d.C.), tendo-o feito para cair
no agrado dos judeus sobre quem reinava.
[103]
Para uma noção mais clara sobre as dependências e dimensões do
templo de Jerusalém nos dias do Novo Testamento, veja C , Randall K.
O templo — sua história e seu futuro. Vox Scripturae, São Paulo, v. 2,
n. 1, mar. 1992, p. 67-81. Para o lugar do templo na vida social do
povo de Jerusalém,0 veja D -R , Op. cit., p. 233-43.
[104]
C , Op. Cit., p. 97.
[105]
G , Op. Cit., p. 278.
[106]
Isso também teve como causa o processo de israelização da
igreja. Nesse sentido, veja-se o Capítulo1.
[107]
Tudo isso gera situações inusitadas: Certa vez, um jovem foi
conhecer as novas dependências de uma igreja no Estado do
Espıŕito Santo e, ao subir no púlpito para ter uma visão mais
ampla do todo, foi abordado pelo zelador que, diante de tão
grande sacrilégio, ordenou que ele saıśse dali imediatamente. A
ordem foi de pronto obedecida, mas era tarde: o púlpito já havia
sido profanado!
Numa outra grande igreja, o pastor disse que estava pensando em
“reconsagrar o templo”, pois um conjunto de americanos havia
apresentado ali músicas impróprias para a adoração. A medida
correta teria sido interromper a apresentação e admoestar os
americanos. Se algo devesse ser “reconsagrado”, talvez fosse a vida
deles.
Ainda em outra igreja houve um “culto especial de consagração da
nova bancada”. Durante o evento, a congregação foi obrigada a
permanecer pacientemente em pé por um perıó do interminável.
Jovens, velhos, mulheres e crianças só puderam se sentar nos novos
bancos depois que a “consagração” foi consumada!
[108]
O rasgar do véu também pode indicar a indignação de Deus
(como alguém que rasga as vestes) diante da morte do seu Filho, ou o
prenúncio do juıź o sobre o templo (Mt 23.38), consumado em 70 AD.
Nesse sentido, veja-se N , John. The Gospel of Matthew: a
commentary on the Greek text. Grand Rapids/Michigan: Eerdmans,
2005. p. 1211-1214.
[109]
D -R , Op. cit., p. 233-4.
[110]
A associação da igreja com o romanismo é proposta pelo
ecumenismo. Já a associação com o hinduıś mo é mais sutil e
surge quando os crentes passam a crer, por exemplo, que “há
poder em suas palavras”. Essa crença é não só o corolário da
doutrina hinduıś ta acerca da divindade do homem, mas também
o principal fundamento das práticas tanto antigas como
modernas de feitiçaria. Para mais detalhes sobre o assunto, veja
H , David; MM, T. A. La seducción de la cristianidad. Grand
Rapids: Editorial Portavoz, 1988.
[111]
Quanto à associação da igreja com seitas que se parecem cristãs,
o exemplo mais comum é o espaço dado por alguns pastores aos
adventistas do sétimo dia. Prevalece no meio evangélico a crença
errada de que os adventistas são irmãos na fé, os quais diferem
dos crentes pelo simples fato de se reunirem aos sábados. Nada,
porém, está mais longe da verdade. Os adventistas não são
crentes. Antes constituem uma seita que ensina terrıv́eis
heresias. Dentre elas, sua doutrina sobre o “juıź o investigativo”
contraria Hebreus 9.11-12 e tenta destruir a verdade acerca da
consumação da obra de Cristo realizada na cruz do Calvário. Para
mais detalhes, veja V B, J. K. O caos das seitas. São Paulo:
Imprensa Batista Regular, 1982.
[112]
Veja a exposição sobre o Princípio Regulador do Culto, no
Capítulo2.
Notas do capítulo 10
[113]
No Brasil, um dos livros que melhor re letem essa disposição
teológica conciliadora é M L , Brian. Uma ortodoxia generosa.
Brasıĺ ia: Editora Palavra, 2007. O prefácio à edição americana desse
livro, escrito por John R. Franke, proclama que uma de suas marcas
positivas é a aceitação da possibilidade de salvação para os que estão
fora da fé cristã, recusando que a graça salvadora de Deus esteja
limitada aos crentes (p. 19). De fato, McLaren, no Capítulo4 da sua
obra, se insurge abertamente contra a pregação de Jesus como
salvador pessoal, insistindo que ele é o salvador do mundo. O
propósito do evangelismo, segundo essa concepção, seria convidar as
pessoas a terem uma vida diferente, enquanto participam da
fascinante obra de Cristo de salvar o mundo inteiro.
[114]
Essa é a proposta de Dan Kimball no livro A igreja emergente:
cristianismo clássico para as novas gerações. São Paulo: Vida, 2008.
[115]
Essa é, pelo menos em parte, a proposta de Rick Warren, em seu
livro Uma igreja com propósitos. São Paulo: Vida, 2008.
[116]
Para mais detalhes sobre o Princípio Regulador do Culto veja-se
o Capítulo2.
[117]
O NT também mostra que em meados do século 1 surgiram
credos cristãos e declarações hıń icas que eram adotados pelas igrejas
e que serviam como fator de distinção entre elas e os diversos grupos
heréticos que as rodeavam (Gl 1.9; Fl 2.5-9 [talvez um hino cristão
primitivo]; 2Ts 3.6; 1Tm 3.16 [também um hino cristão antigo]; 6.20;
2Tm 1.14; 2.2). A adoção desses credos e hinos também sinaliza para
as igrejas locais como instituições bem organizadas, com identidade
teológica formalmente de inida, todas comprometidas com uma
tradição doutrinária especı́ ica, cujos contornos eram claros e
inegociáveis.
Notas do capítulo 11
[118]
Até onde a avaliação é possıv́el, não se pode dizer que esse livro
seja proponente da teologia liberal. Sua menção aqui serve apenas
para destacar a contribuição que fez para a visão da igreja como
agente mais presente no campo social – uma visão que coincidiu com
as propostas liberais.
[119]
O texto integral do Pacto de Lausanne em português pode ser
acessado no site www.lausanne.org ou em www.monergismo.com.
[120]
Nesse sentido, veja-se O , Op. Cit., p. 335.
Notas do capítulo 12
[121]
Veja-se Tobias 7.14. O livro apócrifo de Tobias foi escrito em
cerca de 200 a.C. e é reconhecido como canônico pela Igreja Católica.
O judaıś mo e as igrejas protestantes, porém, não o aceitam em seu rol
de livros inspirados.
[122]
Nos tempos do AT, o ritual central de matrimônio era a
condução simbólica da noiva à casa do noivo, o que era seguido de
festejos (Jr 16.9). No dia do casamento, os noivos usavam trajes
especiais (Ct
3.11; Is 61.10) e participavam de um banquete com os convidados (Gn
29.21-23). Esses costumes sofreram modi icações ao longo do tempo,
mas o rito cerimonial que perfaz o casamento nunca deixou de existir
(Veja-se o verbete Marriage in A , Paul (Org.). Harper’s Bible
Dictionary. New York: Harpercollins, 1985.).
[123]
Citado por J , Op. Cit., p. 484.
[124]
Há no meio cristão uma posição ainda mais restritiva que admite
o divórcio somente no caso em que o incrédulo quer se apartar.
Segundo os proponentes dessa visão, o divórcio admitido na hipótese
mencionada em Mateus 5.32 e 19.9 era o rompimento das relações de
noivado. Para uma discussão sobre esse tema, veja-se
K ̈ , Andreas J.; J , David W. Deus, casamento e
famıĺ ia: reconstruindo o fundamento bıb́ lico. São Paulo: Vida Nova,
2011. p. 243-248.
[125]
W , Stuart K. Holman New Testament Commentary (A ,
Max [Edit.]): Matthew. Broadman & Holman Publishers:
Nashville, Tennessee. 2000. p. 328.
[126]
Veja-se, aliás, os textos paralelos de Marcos 10.11-12 e Lucas
16.18, onde não igura nenhuma cláusula de exceção.
[127]
P , Carlos Osvaldo. O Divórcio. Enfoque, Atibaia, nov. 2000, p.
7. Veja-se também H , William A. e W , Gordon J. Jesus and divorce.
London, The Chaucer Press, 1984.
[128]
Outra possıv́el tradução para Mateus 19.9 é: “Quem se divorciar
de sua mulher, o que só poderá fazer se ela for in iel, e se casar com
outra comete adultério”. Note-se que essa opção conecta
corretamente a famosa cláusula de exceção somente à primeira parte
da hipótese – a parte referente ao divórcio.
[129]
Aqui, uma analogia pode ajudar: relações sexuais adulterinas
podem gerar ilhos. Alguém poderá dizer que esses ilhos são
“irregulares”, mas ninguém poderá a irmar que são inexistentes. Da
mesma forma, uma relação sexual adulterina poderá gerar um
casamento irregular. Contudo, não será correto alegar que esse
casamento é irreal ou que não existe. Esse casamento existirá sim,
gerando direitos e obrigações, da mesma forma que um ilho
“irregular” existe de fato e gera direitos e obrigações.
Notas do capítulo 13
[130]
Para análise mais detalhada do assunto, veja-se C ,
Fustel de. A cidade antiga. São Paulo: Editora das Américas, 1961.
[131]
Os jogos olıḿpicos surgiram por volta de 884 a.C. e tinham por
propósito homenagear os deuses da Grécia antiga. Aliás, o imperador
cristão Teodósio I extinguiu a Olimpıá da em 393 d.C. por considerá-la
um rito pagão. A restauração dos jogos só veio em 16 de junho de
1884, num congresso realizado em Paris.
Notas do capítulo 14
[132]
A orientação dada no leito de morte por Jacó (Gn 49.29-33) e
José (Gn 50.24-26) quanto a serem sepultados na terra de Canaã não
foi expressão de capricho tolo. Antes, constituiu ato de fé (Hb 11.22),
uma vez que esses homens criam que um dia ressuscitariam dentre os
mortos e possuiriam para sempre a terra prometida por Deus a
Abraão e seus descendentes (Gn 12.7; 13.14-17; 15.7-21).
Notas da conclusão
[133]
Veja o Capítulo9 (subtıtulo “Avivamentos estranhos”) para ó
ensino bıb́ lico acerca do impacto da verdade sobre as multidões.