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Terra – Habitats Urbanos e Rurais

INSETOS PREDADORES ASSOCIADOS A PRAGAS DO CAJUEIRO

Naara Iorrana Gomes SOUSA


Graduanda do curso de Agronomia - UFC
naara_iorrana@hotmail.com
Antônio Lindemberg Martins MESQUITA
Doutor em Entomologia, Pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical
lindemberg.mesquita@embrapa.br
Maria do Socorro Cavalcante de Souza MOTA
Eng. Agrônoma, Analista da Embrapa Agroindústria Tropical
socorro.mota@embrapa.br
Niedja Goyanna Gomes GONÇALVES
Doutora, professora – UFC
niedja@ufc.br

RESUMO
Este trabalho teve por objetivo realizar um estudo sobre as espécies de Insecta predadoras de pragas
do cajueiro (Anacardium occidentale L). O levantamento foi feito por meio de uma revisão
bibliográfica utilizando importantes obras de referência, além de publicações técnico-científicas
relacionadas sobre pragas do cajueiro no Brasil. Diante dos resultados obtidos, constatou-se que: na
classe Insecta existem seis ordens, nove famílias e 26 registros de insetos predadores associados a
pragas do cajueiro; a maior diversidade de espécies predadoras pertence à família Coccinelidae.
Contudo, famílias das ordens Neuroptera, Hemiptera, Diptera e Thysanoptera apresentam espécies
predadoras que exercem importante papel na manutenção do equilíbrio biológico do
agroecossistema caju. As pragas do cajueiro que apresentam maior número de espécies predadoras
em condições naturais são o pulgão Aphis gossypii e a mosca-branca Aleurodicus cocois,
consideradas pragas de importância econômica para o cajueiro. Várias espécies predadoras de
pragas do cajueiro em condições de campo, a exemplo de crisopídeos, coccinelídeos e asopíneos, os
quais, devido a características como agressividade e voracidade, têm sido amplamente estudadas no
Brasil como ferramenta do Manejo Integrado de Pragas.
Palavras-chave: Anacardium occidentale L.; Pragas; Insetos; Predação.
ABSTRACT
The objective of this work was to study Insecta predator species of cashew pests (Anacardium
occidentale L.). The survey was done through a literature review using important reference works,
as well as related technical-scientific publications on cashew pests in Brazil. In the Insecta class,
there were six orders, nine families and 26 records of predatory insects associated with cashew
pests; the greatest diversity of predatory species belongs to the Coccinelidae family. However,
families of the orders Neuroptera, Hemiptera, Diptera and Thysanoptera present predatory species
that play an important role in maintaining the biological balance of the cashew agro-ecosystem; the
cashew pests that present the highest number of predatory species under natural conditions are
Aphis gossypii and the whitefly Aleurodicus cocois, considered to be pests of economic importance
for the cashew trees. Several naturally occurring cashew tree predator species, such as chrysopedes,
coccinellidae and asopines, which due their characteristics such as aggressiveness and voracity,
have also been widely studied in Brazil as a tool for Integrated Pest Management.
Keywords: Anacardium occidentale L.; Pests; Insects; Predation.

ISBN: 978-85-68066-82-9 Página 523


Terra – Habitats Urbanos e Rurais
INTRODUÇÃO

A cajucultura se destacou na região Nordeste a partir de 1975 e ganhou grande importância


socioeconômica para os pequenos agricultores. Atualmente essa atividade gera 250 mil empregos
diretos e indiretos aproximadamente, principalmente na época da colheita (mão de obra), que
coincide com o período de entressafra das culturas de subsistência. O beneficiamento do fruto e
pseudofruto ocorre em fábricas ou minifábricas presentes nas regiões produtoras, onde se obtém
suco, cajuína, doces, amêndoa de castanha de caju e outros. A venda da amêndoa para o mercado
externo gera uma renda de 150 milhões de dólares anuais. Nos últimos anos, o Ceará vem
produzindo quase 50% do total de castanhas de caju produzidas no Brasil, seguido pelos estados do
Rio Grande do Norte com 22% e Piauí com 18%, sendo que o complemento restante é produzido
pela Bahia, pelo Maranhão e por Pernambuco. Os principais consumidores externos desse produto
são os Estados Unidos e o Canadá, com 85% das exportações (SERRANO & PESSOA, 2016;
OLIVEIRA, et al., 2003).
A cultura é atacada por cerca de uma centena de insetos e ácaros durante as diferentes fases
do seu ciclo de vida e são encontrados em todos os órgãos da planta, existindo poucas informações
sobre a ocorrência de inimigos naturais e controle biológico das pragas. O desenvolvimento de um
programa de manejo integrado necessita de conhecimentos sobre a fauna benéfica e dos
microrganismos associados às pragas do cajueiro, bem como dos impactos na redução dos seus
níveis populacionais. A biodiversidade e a importância econômica dos agentes naturais de
biocontrole das pragas do cajueiro são aspectos do manejo da cultura que ainda não foram
estudados em profundidade. Para conceber e gerir sistemas agrícolas duráveis torna-se necessário
compreender a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas naturais. Portanto, isso requer um
conhecimento aprofundado concernente à ocorrência, identificação, bioecologia, impacto e
importância dos inimigos naturais presentes.
O controle biológico de pragas na agricultura pode ser realizado por inimigos naturais
denominados de parasitoides, predadores e entomopatógenos. Os parasitoides são inimigos naturais
muitas vezes do tamanho do hospedeiro, mas que exige apenas um individuo para completar o seu
desenvolvimento. Os predadores são organismos livres durante o ciclo de vida, são usualmente
maiores que as presas e necessitam mais do que um individuo para completar o seu
desenvolvimento (PARRA et al., 2002). Os entomopatógenos são microrganismos que causam
doenças nos insetos, a exemplo de fungos, vírus, bactérias e nematoides (ALVES, 1998).
A presente pesquisa foi conduzida com o objetivo de realizar um levantamento bibliográfico
sobre as espécies de insetos predadores associados às pragas do cajueiro, relacionando seus
hospedeiros, sua importância e seu hábito alimentar.

ISBN: 978-85-68066-82-9 Página 524


Terra – Habitats Urbanos e Rurais
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Por meio de uma revisão bibliográfica, foi feito um levantamento dos insetos predadores das
pragas que têm o cajueiro como planta hospedeira. As obras de referência consultadas foram: o
Quarto Catálogo dos insetos que vivem nas plantas do Brasil – seus parasitos e predadores, de Silva
et al. (1967) e Artrópodes associados ao cajueiro no Brasil (BLEICHER & MELO, 1996). A lista
dos predadores foi completada e atualizada, consultando-se também a literatura especializada
publicada por outros autores, a exemplo das publicações técnico-científicas da série Embrapa. O
reconhecimento de algumas espécies foi feito por meio da coleta de insetos no campo e da análise
do acervo de artrópodes do museu do Laboratório de Entomologia da Embrapa Agroindústria
Tropical.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Espécies de Coleoptera (Coccinellidae) predadoras de pragas do cajueiro

Na ordem Coleóptera, apenas a família Coccinellidae apresenta espécies predadoras de


pragas do cajueiro. Os coccinelídeos são insetos pequenos, ovais convexos e possuem cores
brilhantes. As larvas são alongadas e mais ou menos achatadas, cobertas por pequenos tubérculos
ou espinhos e possuem pontos ou faixas de cores brilhantes. A maioria das espécies é predadora
tanto na fase larval quanto na fase adulta e frequentemente se alimentam de afídeos (TRIPLEHORN
& JONHSON, 2013; GUERREIRO, 2004).
As espécies de Coccinelidae predadoras de pragas de cajueiro estão listadas na tabela 1,
onde se observa que esta família contribui com dez espécies de inimigos naturais de cochonilhas,
pulgões, tripes e mosca-branca. Com exceção da joaninha Nephaspis oculata, predadora da mosca-
branca, Aleurodicus cocois, mencionada por (MESQUITA et al. 2017), as demais espécies foram
citadas por (SILVA et al.,1968) e por (BLEICHER & MELO, 1996). O pulgão Aphis gossypii é a
praga que tem o maior número de coccinelídeos predadores, no total de quatro espécies.

Tabela 1. Espécies da família Coccinellidae predadoras de pragas do cajueiro. Fonte: O próprio autor.
Família Espécie Presa/Hospedeiro

Azya orbigera Mulsant, 1850; Saissetia oleae (Bernard, 1782)


Coccinelidae
Rhyzobius ventralis Er. (Hem.:Coccidae)
Aphis gossypii Glover, 1876
Coccinelidae Ceratomegilla maculata De Geer
(Hem.:Aphididae)
Toxoptera aurantii (Boyer de Fonscolombe,
1841) (Hem.:Aphididae)
Coccinelidae Cycloneda sanguinea (L., 1763)
Aphis gossypii Glover, 1876
(Hem.:Aphididae)

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Terra – Habitats Urbanos e Rurais
Selenothrips rubrocinctus (Giard, 1901)
Coccinelidae Não identificado
(Thy.: Thripidae)
Aspidiotus destructor Sign., 1869
Coccinelidae Exochomus bimaculous Muls1850
(Hem.:Diaspididae)
Aphis gossypii Glover, 1876
Coccinelidae Hyperaspis festiva Muls.
(Hem.:Aphididae)
Aleurodicus cocois (Curtis, 1846)
Coccinelidae Scymnus sp.
(Hem.:Aleyrodidae)
Aphis gossypii Glover, 1876) 1876 (Hem.:
Coccinelidae Scymnus limbaticollis Muls
Aphididae)
Aleurodicus cocois (Curtis, 1846)
Coccinelidae Nephaspis oculata
(Hem.:Aleyrodidae)

Espécies de Thysanoptera (Aeolothripidae e Thripidae) predadoras de pragas do cajueiro

Os tripes são diminutos insetos de corpo estreito, cujo comprimento varia geralmente entre
0,5 e 5,0 mm (a maior espécie conhecida atinge 13 mm). Podem, ou não, ter asas; quando bem
desenvolvidas, são em número de 4, muito longas e estreitas, providas de poucas nervuras ou sem
elas e franjadas de longos pelos. Esta franja de pelos das asas dá nome à ordem (thysano=franja;
ptero=asas). A maioria dos tripes são fitófagos, que atacam flores, folhas, ramos e frutos; alguns
alimentam-se de esporos de fungos e outros são predadores de pequenos artrópodos
(TRIPLEHORN & JOHNSON, 2013).
Segundo (MONTEIRO & MOUND, 2012), no Brasil, há registro de 11 dos 24 gêneros
predadores, incluindo alguns dos mais eficientes, como Franklinotrips Back, Scolothips Hinds e
Leptothrips Hood. De acordo com (SILVA et al., 1968), a espécie Franklinothrips vespiformis, da
família Aeolotripidae, e as espécies Selenothrips sp. e Scolothrips sexmaculatus, da família
Thripidae, são predadoras do tripes-da-cinta-vermelha (Tabela 2). No Brasil, uma das espécies mais
conhecidas é F. vespiformis (Crawford), considerado como eficiente predador de ácaros, tingídeos,
aleirodídeos, afídeos, coccídeos, jassídeos e de ovos, formas jovens de psilídeos e de outros
tisanópteros.

Tabela 2. Espécies da família Aeolothripidae e Thripidae predadoras de pragas do cajueiro. Fonte: O próprio
autor.

Família Espécie Presa/Hospedeiro


Selenothrips rubrocinctus (Giard, 1901)
Aeolothripidae Franklinothrips vespiformis
(Thys.: Thripidae)

Selenothrips sp.
Selenothrips rubrocinctus (Giard,
Thripidae
Scolothrips sexmaculatus 1901)(Thys.: Thripidae)
(Pergante, 1894)

Espécies de Díptera (Cecidomyiidae e Syrphidae) predadoras de pragas do cajueiro

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Terra – Habitats Urbanos e Rurais
Os Cecidomyiidae, conhecidos como mosquitos galhadores, são insetos pequenos,
delicados, que têm antenas e pernas relativamente longas e nervação da asa reduzida. A maioria das
larvas das espécies são fitófagas, mas nem todas formam galhas ou cecídias nas plantas. Um
pequeno número de larvas é predador ou parasita de afídeos, coccídeos e outros insetos pequenos
(TRIPLEHORN & JONHSON, 2013).
Os adultos de Syrphidae variam de 4 a 25 mm de comprimento, sendo moscas comuns de
coloração variável, com muitas espécies miméticas de vespas e abelhas. As larvas são predadoras,
saprófagas, coprófagas, micetófagas ou fitófagas e são encontradas em grande variedade de
habitats. Algumas espécies são predadoras de afídeos, tripes e larvas de lepidópteras,
desempenhando papel semelhante ao dos besouros coccinelídeos (CARVALHO et al., 2012).
As espécies de Cecidomyiidae e Syrphidae predadoras de pragas do cajueiro estão listadas
na Tabela 3, sendo um cecidomyídeo (Diplosis sp.) predador do coccídeo Saissetia oleae e dois
sirfídeos (gênero Bacca e Ocyptamus) predadores do pulgão Aphis gossypii e da mosca-branca
Aleurodicus cocois.

Tabela 3. Espécies de Cecidomyiidae e Syrphidae predadoras de pragas do cajueiro. Fonte: O próprio autor.

Família Espécie Presa/Hospedeiro

Cecidomyiidae Diplosis sp. Saissetia oleae (Bernard, 1782) (Hem: Coccidae)


Bacca clavata (Fabr., 1794) Aphis gossypii Glover, 1876 (Hem.: Aphididae)
Syrphidae Bacca sp Aleurodicus cocois (Curtis, 1846) (Hem.:Aleyrodidae)
Ocyptamus notatus Coq Aphis gossypii Glover, 1876 (Hem.: Aphididae)

Espécies de Hemiptera (Reduviidae e Pentatomidae) predadoras de pragas do cajueiro

Dentre as famílias predadoras de insetos, da ordem Hemiptera (CARVALHO & SOUZA,


2002), apenas a Reduviidae e Pentatomidae apresentam espécies associadas a pragas de cajueiro
(Tabela 4).
Os Reduviidae são conhecidos como percevejos assassinos, barbeiros e percevejos de
emboscada e tem tamanho variando de médio a grande, cores castanho-escura ou preta com
desenhos ou manchas amarelas, alaranjadas ou vermelhas. São predadores de outros insetos e
alguns são hematófagos (GRAZIA et al., 2012). Dentre as diversas subfamílias de Reduviidae, na
Apiomerinae encontra-se o percevejo Apiomerus sp., relacionado por (SILVA et al., 1968) como
predador do percevejo Crinocerus sanctus.
Os Pentatomidae são cosmopolitas e conhecidos como percevejo-fedorento ou marias–
fedidas. Algumas espécies são fitófagas, predadoras de insetos e outras se alimentam de plantas e
insetos. Neste caso, alguns predadores só recorrem à alimentação vegetal se faltarem presas

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necessárias à sua dieta (TRIPLEHORN & JONHSON, 2013). Dentre as subfamílias de
Pentatomidae, as espécies de Asopinae se destacam entre os hemípteros predadores pela
importância nos setores agrícola e florestal, sobressaindo-se em programas de controle biológico em
diversos países onde se utiliza essa prática (PIRES et al., 2016). Em cajueiro, (MESQUTA &
BRAGA SOBRINHO, 2014) relacionam os asopíneos Alcaeorrinchus grandis, Podisus connexivus
e P. nigrolimbatus,como predadores de várias lagartas desfolhadoras, dessa anacardiácea, no
Nordeste brasileiro (Tabela 4).

Tabela 4. Espécies da família Reduviidae e Pentatomidae predadoras de pragas do cajueiro.Fonte: O próprio


autor.
Família Espécie Presa/Hospedeiro
Crinocerus sanctus (Fabricius, 1775)
Reduviidae Apiomerus sp.
(Hem.:Coreidae)
Alcaeorrinchus grandis
Pentatomide Podisus connexivus Lagartas desfolhadoras
P. nigrolimbatus

Espécies de Neuroptera (Chrysopidae) predadoras de pragas do cajueiro

Os neurópteros são insetos holometábolos, predominantemente terrestres variando de dois a


150 mm de comprimento. Dentre as 10 famílias que ocorrem no Brasil, a Chrysopidae é a maior
delas (FREITAS & PENNY, 2012).
As larvas de crisopídeos alimentam-se de insetos pequenos em meio à vegetação e têm
hábito de carregar no dorso as carcaças dos insetos sugados, bem com resíduos encontrados no
am iente. Esse comportamento confere às larvas a denominação de “ icho- lixeiro”. A alimentação
dos adultos varia desde a utilização de substâncias açucaradas excretadas por insetos sugadores e
pólen, como em Chrysoperla, à predação, como em Chrysopa (TRIPLEHORN & JONHSON,
2013).
As espécies de Chrysopidae predadoras de pragas do cajueiro estão listadas na Tabela 5.
Segundo (BLEICHER & MELO, 1996), larvas de crisopídeos são predadoras de Selenothrips
rubrocinctus, e de Chrysopa sp. são predadoras de Aleurodicus cocois. Além dos autores citados, A.
cocois é também predada por Chrysoperla externa e Ceraeochysa sp. (TRINDADE, 2012;
GOIANA et al., 2017).
Vale salientar que, segundo Freitas (2002) muitas espécies coletadas em agrossistemas
brasileiros foram classificadas como pertencentes ao gênero Chrysopa; porém, após estudos mais
detalhados, elas foram sinonimizadas ou arranjadas em outros gêneros, como Ceraeochysa,
Chrysoperla, Chrysopodes, Leucochysa e outros.

Tabela 5. Espécies da família Chrysopidae predadoras de pragas do cajueiro. Fonte: O próprio autor.

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Terra – Habitats Urbanos e Rurais
Família Espécie Presa/Hospedeiro
Selenothrips rubrocinctus (Giard, 1901) (Thys.:
Chrysopidae Larvas de crisopídeos
Thripidae)
Chrysopidae Chrysopa sp. Aleurodicus cocois (Curtis, 1846)
Chrysopidae Chrysoperla externa Aleurodicus cocois (Curtis, 1846)
Chrysopidae Ceraeochysa sp. Aleurodicus cocois (Curtis, 1846)

Espécie de Hymenoptera (Pteromalidae) predadora de praga do cajueiro

A família Pteromalidae é composta por vespas, cuja maioria é parasita e ataca uma ampla
variedade de hospedeiros. Algumas espécies atacam ovos, larvas, ninfas, pupas e ainda podem viver
dentro ou fora do hospedeiro (ecto ou endoparasitas). Os adultos de muitas espécies alimentam-se
de líquidos corpóreos do hospedeiro que exsudam da perfuração feita pelo ovipositor do parasita.
Outras espécies são predadoras de larvas de Cecidomyiidae da ordem díptera (MELO et al., 2012).
Segundo Bleicher & Melo (1996), o pteromalídeo Scutellista cyanea é predador da cochonilha
parda Saissetia oleae em cajueiro (Tabela 6).

Tabela 6. Espécie da família Pteromalidae predadora de praga do cajueiro. Fonte: O próprio autor.

Família Espécie Presa/Hospedeiro

Pteromalidae Scutellista cyanea Motsch, 1859 Saissetia oleae (Bernard, 1782)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

1. Na classe Insecta, existem seis ordens, nove famílias e 26 registros de predadores associados
a pragas do cajueiro.
2. A maior diversidade de espécies predadoras associadas a pragas do cajueiro pertence à
família Coccinelidae. Contudo, famílias das ordens Neuroptera, Hemiptera, Diptera e
Thysanoptera apresentam espécies predadoras que exercem importante papel na manutenção
do equilíbrio biológico do agroecossistema caju.
3. As pragas do cajueiro que apresentam maior número de espécies predadoras em condições
naturais são o pulgão Aphis gossypii e a mosca-branca Aleurodicus cocois, consideradas
pragas de importância econômica para o cajueiro.
4. Várias espécies predadoras de praga de cajueiro que ocorrem naturalmente em condições de
campo, a exemplo de crisopídeos, coccinelídeos e asopíneos, os quais devido a
características como agressividade e voracidade, têm sido amplamente estudados no Brasil
como ferramenta do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Esses inimigos naturais contribuem
para o equilíbrio populacional de insetos fitófagos, diminuindo o uso de produtos

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fitossanitários em agroecossistemas e florestas plantadas, o que favorece a conservação do
meio ambiente.
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ISBN: 978-85-68066-82-9 Página 532

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