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Título: Os Maias
História da família Maia:
- Ação principal: Amor de Carlos e Maria Eduarda - Ação secundária: Amor de Pedro e Maria Monforte (analepse)
1820-1875 - Analepse (narrativa do passado)
➢ A infância e juventude de Afonso da Maia ➢ Casamento de Afonso com Maria Eduarda Runa ➢ Exílio de Afonso em Inglaterra ➢ A educação de Pedro da Maia baseada na tradição e costumes românticos do sec. XIX ➢ Pedro conhece e apaixona-se por Maria Monforte (intriga secundária) ➢ Afonso é contra o casamento do filho, que se casa e vai viajar pela Europa ➢ Pedro e Maria regressam a Portugal com os 2 filhos: Maria Eduarda e Carlos ➢ Pedro reconcilia-se com o pai ➢ Maria trai Pedro e foge para Itália, levando a filha ➢ Pedro suicida-se ➢ Afonso educa o neto de acordo com “a nova educação” (exercício físico) ➢ Carlos estuda medicina em Coimbra onde conhece o seu melhor amigo, João da Ega 1875 - Início da ação principal
Subtítulo: Episódios da vida romântica
Crónica de costumes: episódios representativos da sociedade portuguesa da segunda metade do século XIX, marcados pelo Romantismo HISTÓRIA DA FAMÍLIA MAIA 3 gerações: ➢ Afonso da Maia: a geração das lutas entre absolutistas e liberais ➢ Pedro da Maia: a geração ultrarromântica, sobrevivente na figura de Tomás de Alencar ➢ Carlos da Maia: a geração do Portugal da Regeneração
AÇÃO PRINCIPAL E SECUNDÁRIA: SEMELHANÇAS DOS
ENCONTROS Pedro e Carlos: - vida dissoluta - encontro fortuito com Maria - paixão - tentativa e concretização de um encontro - oposição de Afonso - encontros e consumação do amor
Pedro está perante uma infidelidade no seu casamento e a fuga de
Maria Monforte Após isso: - encontra-se com Afonso - suicida-se (motivação para a morte de Afonso)
Carlos descobre o incesto (relacionamento sexual entre irmãos) na
sua relação amorosa com Maria Eduarda Após isso: - regressa ao Ramalhete - motivação para o suicídio de Carlos - morte de Afonso
EPISÓDIOS DA VIDA ROMÂNTICA
➢ A educação portuguesa do século XIX - A educação
tradicional romântica mostrava-se como sendo retrograda e impunha rigidamente a devoção religiosa e o estudo teórico. Acabava por desvalorizar a criatividade, o juízo crítico e o contacto com a natureza, levando Pedro da Maia e Eusebiozinho a decadência física e moral. Em Pedro da Maia, levou-o a uma devoção exagerada à sua mãe e tornou-o incapaz de encontrar uma solução para a sua vida, depois de Maria Monforte o abandonar. No caso de Eusebiozinho, levou-o para uma vida de corrupção, um casamento infeliz e para a debilidade. A educação à inglesa pretende fortalecer o corpo e o espírito “mens sana in corpore sano”, privilegiando-se o contacto com a natureza, o exercício físico, a aprendizagem de línguas vivas, desprezando o conhecimento meramente teórico. No caso de Carlos da Maia, permite que ele adquira valores de trabalho e conhecimentos experimentais que possibilitaram os seus estudos na área da medicina, desenvolvendo as suas competências culturais e cívicas. No entanto, é de referir que Carlos da Maia também acabou por fracassar com os seus projetos de vida, não devido à sua educação, mas sim devido à sociedade na qual estava inserido, condição à qual não conseguiu escapar ➢ As corridas no hipódromo – Representam um esforço desesperado de cosmopolitismo, concretizado à custa de uma imitação do estrangeiro, logo crítica a mediocridade do evento e a desadequação dos comportamentos das pessoas presentes ➢ O sarau no Teatro da Trindade - sugere um público frequentador culto, NO ENTANTO os espectadores frequentam estes lugares, não pela qualidade do espetáculo, mas pela importância do convívio social // as críticas incidem sobre a superficialidade e a ignorância da classe dirigente, à falta de sensibilidade estética e à oratória “balofa” ➢ O jornalismo português do século XIX crítica a corrupção, publicando artigos a troco de dinheiro, o sensacionalismo por tratar assuntos alheios (foliculário), a parcialidade dos jornalistas, e ainda a influência por interesses políticos e económicos, contrariando a ideia de que o jornal deveria informar corretamente o público e ser imparcial ➢ O jantar no Hotel Central – 1ª vez que Carlos vê Maria Eduarda e discussão de assuntos do país (finanças/história e política/literatura e a crítica literária), confronto entre o Realismo e o Ultrarromantismo – Ega defendia o Realismo // Alencar defendia Ultrarromantismo// Carlos e Craft recusam os dois ➢ O jantar em casa dos Gouvarinho - evidencia especialmente a mediocridade mental de dois figurantes: o conde de Gouvarinho e Sousa Neto, mostrando uma incapacidade de diálogo por falta de cultura ➢ O passeio final - este episódio ocorre dez anos depois // Este passeio foi feito a partir de elementos simbólicos que marcam o percurso. Crítica ao provincianismo e à degradação da sociedade e do país. Carlos e Ega falharam, em parte, devido ao meio em que se instalaram – uma sociedade parasita, fútil e sem estímulos: - Estátua de Camões: Nostalgia de um passado glorioso ao qual se opõe um presente apagado e sem brilho - Dâmaso e os Lisboetas: Ânsia de acesso à civilização e desrespeito pelos costumes genuinamente portugueses. Falta de originalidade, autenticidade e dinamismo - Antigo consultório de Carlos: Memórias de um tempo ativo, em que se acreditava nos projetos de vida para o futuro - Ramalhete: Degeneração da família Maia e do país, à beira da crise
A REPRESENTAÇÃO DE ESPAÇOS E A CRÍTICA DE COSTUMES
ESPAÇOS: ➢ Físicos: - Geográfico: Lisboa / Sintra / Douro - Exterior: Ruas / Quintas - Interior: As casas de Benfica, Arroios, Ramalhete, o Hotel, a Toca, etc ➢ Social (os ambientes de convívio): o jantar no Hotel Central, as corridas no hipódromo de Belém
- Toca: O nome "Toca" simboliza um refúgio íntimo e seguro para
Carlos e Maria Eduarda, onde podem encontrar-se e sentir-se protegidos no seu amor. Representa um espaço isolado para sentirem aconchego. O quarto é descrito com detalhes da sua decoração extravagante e sensual que Maria Eduarda considera perturbadores. A intensa presença do amarelo está simbolicamente associado à luxúria, à sensualidade e à morte. A presença da enorme coruja empalhada está também ligada à noite e à morte. E por fim, o painel antigo com uma cabeça degolada (l. 45). Esses elementos sugerem uma atmosfera sombria e sinistra, contrastando com o ambiente luxuoso e sensual do quarto, e por sua vez indicam uma tragédia
- Lisboa: capital e espaço social, político e cultural representativo da
nação - Sintra: espaço natural conotado como paraíso romântico - Santa Olávia: espaço de pureza, local adequado ao ideal de “mens sana in corpore sano” da educação de Carlos - Casa de Arroios: espaço de vida familiar e social de Pedro e Maria Monforte - Casa de Benfica: associada à dissolução da família Maia e à morte de Pedro - Ramalhete: casa associada à ascensão e à queda da família Maia, após 1875 PERSONAGENS: - Afonso da Maia: homem de caráter e liberal - Maria Eduarda Runa: religiosa, instável e melancólica - Pedro da Maia (filho dos laranja): herdou a instabilidade emocional da mãe / educado por um padre de acordo com a educação tradicional romântica / homem melancólico e instável - Maria Monforte (casada com Pedro, posteriormente ela foge com Tancredo e leva a filha): vítima do romantismo, caráter pobre, excêntrico e excessivo - Carlos da Maia (filho dos verdes): protagonista da obra / culto, educado, elegante, de personalidade forte - Maria Eduarda (filha dos verdes mas Carlos não sabe, mantêm uma relação amorosa): protagonista da obra / mulher bela, sensual, loira, delicada / Maria Eduarda nunca é criticada, Eça manteve sempre esta personagem à distância, a fim de possibilitar o desenrolar de um desfecho dramático (esta personagem cumpre um papel de vítima passiva, quer no seu passado com a mãe, quer na sua relação com Carlos)
CARACTERÍSTICAS TRÁGICAS DOS PROTAGONISTAS
➢ Carlos: semelhança física com a mãe, reconhecida por Maria Eduarda e a semelhança fisionómica com o pai ➢ Maria Eduarda: semelhança temperamental com Afonso, reconhecida por Carlos ➢ A similitude dos nomes / a semelhança física / a implicação num caso de incesto ➢ A superioridade física e intelectual: destacam-se no meio pequeno e medíocre em que vivem, pelas suas qualidades físicas, morais e intelectuais ➢ A lenda do Ramalhete, segundo a qual “eram sempre fatais aos Maias as paredes” da casa ➢ O contato com espaços físicos (interiores ou exteriores) simbolicamente associados à morte e à destruição (o Ramalhete e o seu jardim, a Toca) EDUCAÇÃO: ➢ Romântica tradicional: Pedro da Maia / o poeta Alencar / Eusebiozinho ➢ À inglesa (moderna): Carlos da Maia