Concílio de Trento
Concílio de Trento
Concílio de Trento
GEUSNEY A. DA SILVA
TIAGO DE JESUS SANTOS MEIRA
VITOR GUIMARÃES
CONTRARREFORMA:
CONCÍLIO DE TRENTO
BELO HORIZONTE
2024
GEUSNEY A. DA SILVA
TIAGO DE JESUS SANTOS MEIRA
VITOR GUIMARÃES
CONTRARREFORMA:
CONCÍLIO DE TRENTO
BELO HORIZONTE
2024
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A Reforma Protestante, iniciada por Martinho Lutero em 1517, gerou uma profunda crise
na Igreja Católica. As críticas às práticas abusivas, como a venda de indulgências, e à autoridade
eclesiástica, rapidamente ganharam força em várias partes da Europa. Lutero, juntamente com
outros reformadores como João Calvino e Ulrico Zuínglio, questionou não apenas a moralidade
da Igreja, mas também suas doutrinas, defendendo princípios como a justificação pela fé (sola
fide) e a primazia das Escrituras (sola scriptura). O protestantismo cresceu de maneira
alarmante, fragmentando a unidade da cristandade ocidental e desafiando a autoridade do Papa
e do clero católico.
Diante desse avanço, a Igreja Católica percebeu a necessidade urgente de uma resposta à
altura, tanto para combater o crescimento do protestantismo quanto para reformar suas próprias
falhas internas. Essa reação ficou conhecida como Contrarreforma. Um dos principais
instrumentos desse movimento foi a convocação do Concílio de Trento, que ocorreu entre 1545
e 1563, com o objetivo de reafirmar a doutrina católica e implementar reformas no seio da
Igreja. Nesse contexto, podemos entender o papel dos Reformadores e como suas ações
confrontaram diretamente a posição da Igreja de Roma. Como afirmou William Cunningham:
O Concílio de Trento foi uma das mais importantes assembleias ecumênicas da história
da Igreja Católica. Convocado pelo Papa Paulo III, o concílio ocorreu em três fases ao longo de
quase duas décadas, 1545-1547, 1551-1552 e 1562-1563. Seu principal objetivo era enfrentar
as questões levantadas pelos reformadores protestantes e, ao mesmo tempo, corrigir os abusos
internos que haviam contribuído para a crise religiosa. Como descrito por Joe Carter:
"O propósito principal do Concílio era condenar e refutar as crenças dos protestantes,
como Martinho Lutero e João Calvino, e esclarecer a crença católica romana.
Aproximadamente quarenta clérigos, principalmente bispos católicos romanos,
1
CUNNINGHAM, William. Os Reformadores e a teologia da Reforma. Disponível em:
<https://www.monergism.com/council-trent>. Acesso em: 1 out. 2024.
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estavam presentes durante as vinte e cinco sessões ao longo dos dezoito anos seguintes
em que o Concílio se reuniu." 2
2
CARTER, Joe. Nove coisas que você deve saber sobre o Concílio de Trento. Disponível em:
<https://www.monergism.com/search?keywords=Council+of+Trent&format=All>. Acesso em: 1 out. 2024.
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Esse evento marcou um dos períodos mais críticos da história eclesiástica e resultou em
profundas reformas e reafirmações doutrinárias que moldaram o catolicismo até os dias de hoje.
O concílio foi realizado em três fases distintas e enfrentou vários desafios, como as divisões
internas dentro da Igreja, as tensões entre o Papa e os monarcas seculares, e a urgência de
responder às críticas protestantes.
O Concilio resultou em uma declaração completa das doutrinas em que a Igreja Romana
cria.3
Uma das maiores divergências entre católicos e protestantes era sobre a doutrina da
justificação. Os reformadores, como Lutero, defendiam a justificação apenas pela fé (sola fide).
O Concílio de Trento, por outro lado, reafirmou a importância das obras, além da fé, para a
salvação, rejeitando a noção de (sola fide) como incompleta e incorreta. O concílio declarou
que, embora a graça de Deus seja essencial para a salvação, as obras do cristão também
desempenham um papel significativo. Conforme as palavras do concílio:
“Se alguém disser que o ímpio é justificado somente pela fé, entendendo que nada
mais se exige como cooperação para conseguir a graça da justificação, e que não é
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NICHOLAS, Robert Hastings. História da Igreja Cristã. 14°ed.São Paulo: Cultura Cristã, 2013. p. 199
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necessário por parte alguma que ele se prepare e disponha pela ação da sua vontade
— seja excomungado” (Sessão VI, Cânones sobre a Justificação, Cânon 9).4
II. Os Sacramentos
Outro ponto-chave foi a reafirmação dos sete sacramentos da Igreja Católica: Batismo,
Eucaristia, Confirmação, Penitência, Unção dos Enfermos, Ordem e Matrimônio. Contra a
doutrina protestante que havia reduzido o número de sacramentos (como a tradição luterana,
que manteve apenas dois), o Concílio reafirmou que todos os sete são instrumentos de graça
divina. A Transubstanciação, ou seja, a mudança substancial do pão e do vinho no corpo e
sangue de Cristo durante a Eucaristia, também foi firmemente defendida como um dogma
central da fé católica (Sessão XIII, Cânones sobre a Santíssima Eucaristia, Cânon 1).5
I. Formação do Clero
Um dos problemas mais graves era a falta de formação adequada dos sacerdotes, o que
muitas vezes levava a abusos e corrupção. Para remediar essa situação, o Concílio decretou a
criação de seminários em cada diocese, onde os futuros sacerdotes seriam educados não apenas
em teologia, mas também em moralidade e disciplina. Isso foi um passo decisivo para melhorar
4
https://www.montfort.org.br/bra/documentos/concilios/trento/#sessao6
5
Ibid.
6
Ibid.
7
a qualidade do clero e garantir que eles fossem devidamente preparados para seus deveres
espirituais (Sessão XXIII, Decreto sobre a Reforma do Clero).7
Os abusos morais entre o clero, como o nepotismo (atribuição de cargos aos familiares),
a simonia (a venda de cargos eclesiásticos) e o concubinato, foram abordados de forma rigorosa
pelo Concílio de Trento. A obrigatoriedade do celibato clerical foi reforçada, retomando uma
tradição histórica que havia sido ignorada em várias regiões. Regras mais rígidas foram
estabelecidas para que os bispos residissem em suas dioceses e supervisionassem o clero,
garantindo a aplicação das novas normas morais. O celibato clerical, visto como uma forma de
dedicar-se inteiramente ao serviço de Deus, também foi defendido como uma maneira de
combater os escândalos que surgiam na Igreja durante o período da Reforma. 8
O Concílio de Trento foi uma resposta decisiva da Igreja Católica à crise trazida pela
Reforma Protestante, reafirmando doutrinas tradicionais e implementando reformas internas
que visavam restaurar a tradição e a disciplina eclesiástica. Embora tenha mantido a estrutura
teológica da Igreja, a instituição católica saiu transformada, com um clero mais disciplinado e
uma liturgia mais padronizada. O impacto dessas reformas e reafirmações ressoaria por séculos,
consolidando a Contrarreforma e moldando o catolicismo pós-medieval.
7
CAIRNS, Earle E. O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS SÉCULOS UMA HISTÓRIA DA IGREJA CRISTÃ. 3°ed. São Paulo:
Vida Nova, 2008. p. 320
8
GONZÁLEZ, Justo L. Uma História Ilustrada do Cristianismo: A Era dos Reformadores.2°ed. São
Paulo: Vida Nova, 2011.p. 114-115.
9
Ibid.
8
9
Referências bibliográficas
NICHOLAS, Robert Hastings. História da Igreja Cristã. 14°ed. São Paulo: Cultura Cristã,
2013. 336p.
Acessado em 24/09/2024 18:50hrs
https://www.montfort.org.br/bra/documentos/concilios/trento/#sessao6
CAIRNS, Earle E. O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS SÉCULOS UMA HISTÓRIA DA
IGREJA CRISTÃ. 3°ed. São Paulo: Vida Nova, 2008. 671p.
Gonzales, Justo L. Uma História Ilustrada do Cristianismo: A Era dos Reformadores.2°ed.
São Paulo: Vida Nova, 2011. 603p.
CENTRO PRESBITERIANO DE PÓS-GRADUAÇÃO ANDREW JUNPER. A reforma
Protestante Do sec XVI. Disponivel em:>https://cpaj.mackenzie.br/recursos/historia-de-
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out. 2024
MONERGISM. Council of Trent. Disponível
em:>https://www.monergism.com/search?keywords=Council+of+Trent&format=All>.
Acesso em: 1 out. 2024