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TCC Claudenice Oficial-3

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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL


CLAUDENICE FERNANDES BATISTA

A IMPORTÂNCIA DA HUMANIZAÇÃO NO AMBIENTE


HOSPITALAR

Campina Grande
2020
CLAUDENICE FERNANDES BATISTA

O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL E A IMPORTÂNCIA DA


HUMANIZAÇÃO NO AMBIENTE HOSPITALAR

Trabalho apresentado ao Curso de Serviço


Social da UNOPAR – Universidade Norte
do Paraná, para a disciplina de Trabalho
de Conclusão de Curso II

Orientadora Acadêmica: Nelma dos


Santos Assunção Galli

CAMPINA GRANDE
2020
CLAUDENICE FERNANDES BATISTA

O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL E A IMPORTÂNCIA DA


HUMANIZAÇÃO NO AMBIENTE HOSPITALAR

Aprovada em ___ de ____________ de 2020.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________________
Prof.ª Simone Ferreira Nascimento Ramos
Presidente - Orientador

_______________________________________________________________
Prof.(a)
Membro Externo

_______________________________________________________________
Prof. (a)
Membro Externo
AGRADECIMENTOS

“Agradeço a Deus pai todo


poderoso, por ter me permitido
trilhar este caminho até aqui, por
ter me dado a força necessária
para seguir em frente quando eu
pensava em desistir”!
DEDICÁTORIA

Dedico esse trabalho em especial a um ser iluminado que


passou pela terra e que me ensinou o amor mais sublime, assim como a dor
mais profunda ao partir prematuramente, meu querido irmão (in memoriam)
José Edielson Fernandes Batista, pelo orgulho que ele tinha de mim e minhas
conquistas, sei que onde estiver tem olhado por mim e contribuiu para este
momento.
A minha amada mãe Cleonice Fernandes Batista, por ser meu
exemplo de vida, de mulher forte, destemida e guerreira que me tem em suas
orações sempre.
A minha família, que tem me apoiado incondicionalmente,
compreendendo minhas ausências e dedicação ao meu sonho.
A orientadora e professores que contribuíram transmitindo e
compartilhando conhecimento minha gratidão.
Aos colegas e companheiros de jornada por todos os momentos
de aprendizado nesses anos.
Enfim a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a
realização dessa grande conquista.
BATISTA, Claudenice Fernandes. O Trabalho do Assistente Social e a
Importância da Humanização no Ambiente Hospitalar. Trabalho de
Conclusão de Curso em Serviço Social. UNOPAR – Universidade Norte do
Paraná. Campina Grande, 2020.

RESUMO

Vislumbrou-se através desta pesquisa conhecer as ações e do Serviço Social


em relação à Política Nacional de Humanização nas instituições hospitalares
através da bibliografia vigente. Compreender a humanização na saúde como
política pública exige uma revisão de literatura a respeito dos determinantes e
impasses do processo de implementação do SUS em toda sua trajetória. O tema
humanização não é algo recente, tendo percorrido uma longa caminhada até se
constituir como uma política pública de saúde, conquistando seu espaço nos
debates acadêmicos e entre usuários, trabalhadores e gestores, os quais
vislumbram na humanização subsídios para redimensionar os atendimentos nos
serviços de saúde em geral. Trouxemos um breve histórico sobre o sus, a PNH
a bibliografia do Serviço Social na saúde, procuramos identificar a aproximação
do Serviço Social com Política Nacional de Humanização no ambiente hospitalar.

Palavras-chave: Sistema Único de Saúde, Política Nacional de Humanização,


Serviço Social, Hospital
BATISTA, Claudenice Fernandes. The Work of the Social Worker and the
Importance of Humanization in the Hospital Environment. Graduation Work in
Social Work. UNOPAR - North University of Paraná. Campina Grande, 2020.

ABSTRACT

Through this research it was possible to know the actions and the Social Work in
relation to the National Humanization Policy in hospital institutions through the
current bibliography. Understanding humanization in health as a public policy
requires a literature review regarding the determinants and impasses of the SUS
implementation process throughout its trajectory. The humanization theme is not
something recent, having gone a long way until it became a public health policy,
conquering its space in academic debates and among users, workers and
managers, who envision in the humanization subsidies to resize the assistance
in health services. general health. We brought a brief history about sus, the PNH
and the bibliography of Social Work in health, we tried to identify the
approximation of Social Work with the National Humanization Policy in the
hospital environment.

Keyword: National Health System, National Humanization Policy, Social


Service, Hospital
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 9
2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA ...................................................................... 14
2.1 Uma abordagem sobre a política de saúde no Brasil ....................................... 14
3. POLITICA NACIONAL DE HUMNIZAÇÃO-PNH ....................................... 19
3.1 O Serviço Social no Brasil .............................................................................................. 22
3.2 Atuação Do Profissional De Serviço Social Na Política Nacional De Humanização No
Ambiente Hospitalar .......................................................................................................... 25
4. METODOLOGIA ........................................................................................ 28
5. CONSIDERAÇOES FINAIS ......................................................................... 29
5. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS........................................................... 31
9

1. INTRODUÇÃO

O nosso tão famoso Sistema Único de Saúde-SUS é resultado


da Reforma Sanitária, que teve seus primórdios nos anos de 1970 e foi efetivado
pela 8ª Conferência Nacional de Saúde no ano de 1986. Entender a
humanização na saúde exige uma análise em relação as determinações que
fizeram com que o SUS se constituísse nos moldes atuais. Foi assim que o
Sistema Único de Saúde, como direito de todos e dever do Estado, fosse inserido
na Constituição Federal Brasileira de 1988. A CF traz elementos primordiais a
cerca do processo democrático que culminou com o fim da ditadura militar no
país e principiou um novo conceito de direitos para a população brasileira.
A saúde foi instituída neste documento através do artigo 194º,
que dispõe que a Seguridade Social é um “conjunto integrado de ações de
iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.” (Brasil, 1988). A
seção, saúde, deste documento, mais especificamente os artigos 196º à 200º,
apresentam os fundamentos do Sistema Único de Saúde (SUS).
A saúde é direito fundamental de todo ser humano e dever do
Estado. Logo após a CF, em setembro de 1990, foi promulgado a lei 8.080/1990
Lei Orgânica de Saúde (LOS) que dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes e dá outras providências. (NOGUEIRA, 2006)
Em seguida e no mesmo ano, surge, como resposta aos vetos
no texto da Lei 8080/1990, a lei 8.142/1990 que dispõe sobre a participação da
comunidade e sobre as transferências intergovernamentais de recursos
financeiros. O conjunto destas duas leis orgânicas regulamentam os cinco
artigos (196º à 200º) da Constituição Federal, dando assim início ao SUS como
um todo.
Para a efetiva implementação do SUS, a lei 8.080/1990, no
artigo 3º aponta que saúde não se reduz à simples ausência de doença, mas a
uma vida com: alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente,
trabalho, renda, educação, transporte, lazer e acesso aos bens e serviços
essenciais.
10

A partir disso são formulados os princípios da universalidade,


integralidade de assistência, autonomia das pessoas na defesa de sua
integridade física e moral, igualdade da assistência à saúde, direito à informação,
divulgação de informações, utilização da epidemiologia para o estabelecimento
de prioridades, participação da comunidade, descentralização político-
administrativa, integração em nível executivo das ações de saúde, conjugação
dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos, capacidade de
resolução dos serviços e organização dos serviços públicos.
O assunto humanização já circula nos serviços de saúde há
alguns anos, no entanto quando é abordada a reação dos profissionais de saúde
ainda causa espanto e confusão. Aqueles que desenvolvem ações humanizadas
sentem-se finalmente reconhecidos e encontram ainda mais motivação para o
desenvolvimento de suas ações, mas a maioria acha a humanização distante de
sua realidade e são muitos os fatores que os levam a isso.
Entretanto, tão logo se começa a discutir a humanização como
o processo de construção de uma ética relacional que recupera valores
humanísticos esquecidos pelo cotidiano institucional ora acelerado, ora
desvitalizado, fica claro a importância de trazer tal discussão para o campo da
saúde. Humanizar entra em cena como uma garantia do sensibilizar com uso da
linguagem, toque, olhar, palavra e encontro com o outro e a sua dignidade ética
(BRASIL, 2005).
Com o surgimento de muitos conflitos uma das estratégias que
o Ministério da Saúde criou, foi tentar incluir a humanização na saúde. Em 2000
surge o Programa Nacional de Humanização da Atenção Hospitalar (PNHAH)
que propõe mudar o padrão de assistência aos usuários nos hospitais públicos
do Brasil, melhorando a qualidade e a eficácia dos serviços. (BRASIL, 2001).
Em 2003 no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, foi elaborado
a Política Nacional de Humanização (PNH), com o propósito de “valorizar os
diferentes sujeitos implicados no processo de produção da saúde: usuários,
trabalhadores e gestores” (BRASIL, 2013, P.8), visando efetivar os princípios do
Sistema Único de Saúde.
É sabido que a prática da humanização como atendimento de
qualidade, vem se articulando ao avanço tecnológico. O bom relacionamento
parte do pressuposto que os processos de subjetivação é produzido no mesmo
ato que os de trabalho.
11

Humanizar a assistência à saúde é dar lugar não só à


palavra do usuário como também à palavra do profissional de saúde, de forma
que tanto um quanto outro possam fazer parte de uma rede de diálogo. A
humanização em saúde é resgatar o respeito à vida humana, levando-se em
conta as circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas em todo
relacionamento humano.
É através do corpo que a pessoa se sente fragilizada,
pois a doença instala o estresse, os próprios valores são questionados, a
finitude da vida, e novas situações se apresentam à frente, por vezes
agravando problemas anteriores ao evento “hospitalização”, enquanto situação
nova e às vezes inusitada para o indivíduo, mostrando o momento de crise em
que a doença revela e alimenta a fragilização do ser humano.
Muitos profissionais de saúde sequer olham para os usuários,
ou escutam de fato seus problemas, e se posteriormente tivessem que
identificá-los por qualquer motivo, não poderiam, porque de fato jamais
enxergaram ou escutaram aquele ser humano, principalmente no âmbito
hospitalar devido a rotatividade tanto de profissionais quanto de pacientes,
onde não é possível estabelecer vínculos, ou dar continuidade ao atendimento,
salvo aqueles que passam muitos dias internos, e ainda assim estes quando
se estabelecem são de forma precária.
Da falta de leitos hospitalares e de médicos à falta de
humanismo no atendimento, o Sistema de Saúde anda mal e isso é uma
realidade tanto no serviço público como também no serviço privado. O mais
comum nos serviços de saúde do Brasil é deparar-se com a ausência de
serviço, falta de profissionalismo, humanismo, ética e resolutividade; e com isso
o atendimento humanizado passou a ser artigo de luxo, que dificilmente se
encontra nesses serviços.

O atendimento direto aos usuários se dá nos diversos espaços


de atuação profissional na saúde, desde a atenção básica até os
serviços que se organizam a partir de ações de média e alta
complexidade, e ganham materialidade na estrutura da rede de
serviços brasileira a partir das unidades da Estratégia de Saúde
da Família, dos postos e centros de saúde, policlínicas,
institutos, maternidades, Centros de Apoio Psicossocial (CAPs),
hospitais gerais, de emergência e especializados, incluindo os
universitários, independente da instância a qual é vinculada seja
federal, estadual ou municipal.(CEFESS, 2009, p 41)
12

O que se constitui um desafio para a gestão da Saúde Pública,


bem como, para o assistente social, que é um profissional garantidor do direito
social e historicamente ligado ao “humanismo e a solidariedade”, é uma nova
conduta baseada nos princípios e diretrizes da Política Nacional de
Humanização, a fim de garantir a população um atendimento de saúde que
ofereça oposição à violência, compreendida como a negação do outro, em sua
humanidade; atendimento de qualidade, articulando os avanços tecnológicos ao
acolhimento; através da melhoria das condições de trabalho do profissional,
ampliação do processo de comunicação entre os atores do processo saúde-
doença e a promoção da união e integração entre os servidores destes serviços.
Qual a influência da aplicação dessa política no contexto hospitalar?

O compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população,


aí incluída a publicidade dos recursos institucionais, instrumento
indispensável para a sua democratização e universalização e,
sobretudo, para abrir as decisões institucionais à participação dos
usuários, (NETTO, 2006, p. 15-16).

Avançamos em conhecimento científico e em tecnologia, e a


cada dia que se passa as técnicas médicas evoluem, contudo o ser humano
continua o mesmo, e reage apático e mecanizado diante da doença e do
problema que acomete o outro ser humano. Porém o usuário precisa confiar em
quem o trata, e através disto ser gerado um vínculo que propicie a adesão efetiva
ao tratamento. Desta forma, faz-se necessário competência, dedicação e
tratamento humanizado por parte dos profissionais de saúde para termos
serviços de saúde cada vez mais qualificados e eficazes em sua atuação,
resolvendo os anseios da população e gerando um ambiente de trabalho
harmonioso e eficaz para aquele que necessita dele.
A pesquisa teve como objetivo geral analisar a luz da literatura
vigente a importância da humanização no ambiente hospitalar. Os objetivos
específicos foram: Conhecer a Política Nacional de Humanização no contexto
histórico da implementação do Sistema Único de Saúde; Identificar no exercício
profissional do Assistente Social nos hospitais as ações que se relacionam com
a Política Nacional de Humanização para que assim este relatório de pesquisa
pudesse ser apresentado como trabalho de conclusão de curso.
O caminho metodológico percorrido foi o da pesquisa qualitativa
sendo que a primeira fase foi a elaboração do projeto de pesquisa, a segunda
13

fase demandou uma revisão bibliográfica sobre a política de saúde no Brasil e a


história da humanização no SUS.
14

2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA
2.1 Uma abordagem sobre a política de saúde no Brasil

A saúde Brasileira se tornou importante para o Estado mediante


grandes lutas sociais e a correlação de forças estabelecidas entre os diversos
movimentos de classe. Deste modo, os contextos histórico e social tiveram um
papel decisivo neste interesse do Estado pela saúde. Assim, a saúde só se torna
foco de atenção quando apresenta ameaça ao modelo agro-exportador com o
surgimento das grandes epidemias, pois os navios estrangeiros se recusavam a
atracar nos portos brasileiros, o que também reduzia a imigração de mão-de-
obra. Desta maneira, o foco da atenção do governo brasileiro se situava,
estrategicamente, nos chamados espaços de circulação de mercadorias, ou
seja, as estradas e os portos.

Nesse sentido, foram tomadas as primeiras providências pelo então


presidente da época Rodrigues Alves que, lança o programa de
saneamento e o combate à febre amarela, tendo como principal
objetivo a erradicação ou o controle de doenças que poderiam
prejudicar a exportação. Ainda neste período endêmico o atual
presidente do Brasil, nomeia o médico Oswaldo Cruz, como Diretor
do Departamento Federal de Saúde Pública, que se propôs a
erradicar a epidemia de febre-amarela. Ele ainda criou o controle
epidemiológico, instituindo a vacina contra a varíola como medida
obrigatória no ano de 1904. Esta medida não foi aceita pela
população da cidade do Rio de Janeiro, devido à falta de
esclarecimentos e as arbitrariedades. (POLIGNANO, 2001, p.4-5).

Nesse período era comum se utilizar da força e da autoridade


para obter êxito nas ações, causando assim, revolta na população que se
manifestou, organizando a Revolta da Vacina. Foi uma manifestação popular
contra a imposição da vacinação obrigatória, mesmo por que, grande parte das
pessoas não conhecia o que era uma vacina e tinham medo de seus efeitos.
Embora seu objetivo fosse positivo, ela foi aplicada de forma autoritária e
violenta. (BERTOLLI, 2011). Este modelo de intervenção ficou conhecido como
campanhista. No entanto, apesar da violência usada nessas campanhas
conseguiram grandes feitos como por exemplo, a erradicação da febre amarela
no Rio de janeiro.
15

Com a promulgação da Lei Eloy Chaves no ano de 1923, é criado o


que hoje conhecemos como Previdência Social, as Caixas de
Aposentadorias e Pensões (CAPs). Vinculadas a grandes empresas,
destinavam-se a fornecer serviços de assistência médica aos
trabalhadores e seus dependentes, em troca de contribuições mensais
efetuadas pelos empregados e empregadores. Dentre os benefícios
garantidos pelas CAPs estavam previstos: assistência médica-curativa
e fornecimento de medicamentos, aposentadoria por tempo de serviço,
velhice e invalidez, pensão para os dependentes e auxílio funeral;
estes eram proporcionais às contribuições. (LIMA, 2010, p. 02).

A Lei Eloy Chaves tinha como propósito ser aplicada somente


ao operariado urbano. Para que fosse aprovada no Congresso Nacional,
dominado na sua maioria pela forma de governo que concentra o poder em suas
mãos, foi imposta à condição de que este benefício não seria estendido aos
trabalhadores rurais. Fato que na história da previdência do Brasil perdurou até
a década de 1960, quando foi criado o Fundo de Assistência ao Trabalhador
Rural. (Decreto de Lei 4.682/23).
Na era Getúlio Vargas foi criado o Ministério da Educação e
Saúde, onde as caixas são substituídas pelos Institutos de Aposentadoria e
Pensões (IAPs), que, por causa do modelo sindicalista de Vargas, passam a ser
dirigidos por entidades sindicais e não mais por empresas como as antigas
caixas.
Com a unificação das CAPs em (1933-1938) em um regime
único para todos os trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT), acarretou uma série de exclusões como dos trabalhadores
rurais, empregadas domésticas e funcionários públicos. Essa unificação teve
como consequência a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS)
no ano de 1966. Surgiu então uma demanda muito maior que a oferta, sendo
assim, a solução encontrada pelo governo foi pagar a rede privada pelos serviços
prestados à população.
No ano de 1978, essa estrutura foi se modificando e foi criado o
Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), que
ajudou nesse trabalho nos repasses para iniciativa privada. Na medida em que
o sistema previdenciário crescia, tornava-se cada vez mais centralizado no
Estado, ficando mais clara a dicotomia entre as ações de saúde pública e a
assistência médica previdenciária. Nesse período a política de saúde era:
16

Era de caráter nacional, organizada em dois subsetores: o de saúde


pública e o de medicina previdenciária. O subsetor de saúde pública
será predominante até meados de 60 e centralizou-se na criação de
condições sanitárias mínimas para as populações urbanas e,
restritamente, para as do campo. O subsetor de medicina
previdenciária só virá sobrepujar o de saúde pública a partir de 1966.
(BRAVO, 2006, p. 04).

E foi assim que os movimentos progressistas se tornaram cada


vez mais acirrados demonstrando a insatisfação da população ficando contra a
ditadura exigindo mudança do modelo médico-assistencial privatista. Tais
movimentos passaram a denunciar o caos da política de saúde pública vigente
e dos serviços previdenciários de atenção médica, reivindicando das autoridades
soluções urgentes para os seus problemas. Diante disso surge o movimento de
reforma sanitária que segundo Mendes se conceitua como sendo:

Um processo modernizador e democratizante de transformação nos


âmbitos político-jurídico, político-institucional e político-operativo, para
dar conta da saúde dos cidadãos, entendida como um direito universal
e suportado por um Sistema Único de Saúde, constituído sob
regulação do Estado, que objetive a eficiência, eficácia e equidade [...]
criação de mecanismos de gestão e controle populares sobre o
sistema. (MENDES, 1993, p.42).

A Reforma Sanitária situa-se como um projeto peculiar,


juntamente com outros projetos econômicos e sociais reformadores que se
consubstancia por sua vez em uma série de projetos parciais que giram em torno
dos seguintes eixos:
a) Unificação do Sistema de Saúde e sua hierarquização e
descentralização para estados e municípios, com unidade na Política
de Saúde; b) Universalização do atendimento e equalização do acesso
com extensão de cobertura de serviços; c) Participação da população
através – de entidades representativas – na formulação, gestão,
execução e avaliação das políticas e ações de Saúde; d)
Racionalização e otimização dos recursos setoriais com financiamento
do Estado através de um Fundo Único de Saúde a nível federal
(GALLO. 1988 p. 01-02).

Assim, o Movimento de Reforma Sanitária consolidou-se na 8ª


Conferência Nacional de Saúde, em 1986, com o apoio de milhares de
representantes de todos os seguimentos da sociedade civil, dentre eles,
intelectuais, profissionais de saúde, organizações e associações discutiram um
novo modelo de saúde para o Brasil. O resultado foi garantir na Constituição, por
meio de emenda popular, que a saúde é um direito do cidadão e um dever do
Estado. Dentre as propostas da 8ª Conferência Nacional de Saúde destaca-se o
17

conceito ampliado de saúde, trazendo uma nova visão, que vai além da
assistência médica curativa e aspectos biológicos que estão apenas focados na
doença. Assim temos:

Em seu sentido mais abrangente, a saúde é a resultante das condições


de alimentação, habitação, educação, renda, meio-ambiente, trabalho,
transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e
acesso a serviços de saúde. É, assim, antes de tudo, o resultado das
formas de organização social da produção, as quais podem gerar
grandes desigualdades nos níveis de vida. (BRASIL, 1988, p. 04).

Com esse pensamento, a Reforma Sanitária enquanto marco


histórico e social tem como objetivo modificar os âmbitos jurídico, institucional e
operativo, a fim de proporcionar a população uma saúde eficiente, eficaz e igual
para todos, sem distinção, entendida como um direito universal.
Assim, o direito à saúde constitui que o Estado garanta
condições dignas de vida e de acesso universal e igualitário às ações e serviços
de promoção, proteção e recuperação de saúde, em todos os níveis de atenção
(Brasil, Art. 196, 1988).
Então, a saúde passa a ser compreendida como resultante dos
modos de organização social da produção, como efeitos da composição de
diversos fatores, exigindo que o Estado assuma a responsabilidade por uma
política de saúde integrada às demais políticas sociais e econômicas.
A política de saúde no Brasil sofreu diversas transformações ao
longo de sua trajetória, utilizava-se inicialmente de uma prática médica curativa,
individual e lucrativa, as ações e serviços de saúde eram destinados apenas a
determinados grupos, aqueles que podiam contribuir. E aqueles que não
possuíam condições financeiras para custear eram excluídos ficavam a mercê
da caridade dos profissionais privados e das Santas Casas de Misericórdias.
A partir da Constituição Federal de 1988 a saúde passa a ser
considerada como um dos direitos sociais e integra, juntamente com a
Assistência Social e a Previdência Social, o Tripé da Seguridade Social,
regulamentado pelo art. 194, no intuito de compor um Sistema de Proteção
Social. A ideia era integrar as três políticas numa só, no entanto, não se
materializou como previsto, pois as políticas específicas foram regulamentadas
por leis distintas, [...] conjugando direitos derivados e dependentes do trabalho
18

(previdência) com direitos de caráter universal (saúde) e direitos seletivos


(assistência social)”. (BOSCHETTI, 2004, p.114).
Desse modo, a Constituição Federal de 1988 legitimou grande parte
as propostas da Reforma Sanitária, sendo assim, um marco na história da saúde pública
do Brasil ao definir, como "direito de todos e dever do Estado". Assegurou também,
diversas garantias constitucionais, com o objetivo de dar maior efetividade aos direitos
fundamentais.
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi proveniente de lutas e
mobilizações de grupos profissionais de saúde, articulados ao movimento popular,
pautando-se em críticas ao modelo de saúde vigente e na denúncia da situação
sanitária da população, e, teve como principais ideais a democratização do acesso,
a universalidade das ações e a descentralização do controle social. (CUNHA,2014)
19

3. POLITICA NACIONAL DE HUMNIZAÇÃO-PNH

Nos anos de 1950 o Movimento em prol da humanização


aparece, por meio do Movimento Feminista, que apresenta como linha de frente,
a humanização do atendimento, ao questionar os valores instrumentais e
masculinos da sociedade industrial, criticar a medicalização do parto e a
transformação do nascimento em modelo biomédico que “trata o parto como um
evento patológico e arriscado, que utiliza tecnologia agressiva, invasiva e
potencialmente perigosa” (DINIZ e CHACHAN, 2002).
Nesse período, modelo considerado até então “humanizado”
começa a ser questionado, tanto por obstetras, Movimento Hippie, como
também, e principalmente, pelo Movimento Feminista, que tem um papel muito
importante nesse processo.

Um dos princípios constitucionais do SUS garante ao cidadão o direito


de acesso a todas as esferas de atenção em saúde, contemplando,
desde ações assistenciais, até atividades inseridas nos âmbitos da
prevenção de doenças e de promoção da saúde. Prevê-se, portanto, a
cobertura de serviços em diferentes eixos, o que requer a constituição
de uma rede de serviços (integração de ações), capaz de viabilizar uma
atenção integral. Por outro lado, cabe ressaltar que por integralidade
também se deve compreender a proposta de abordagem integral do
ser humano, superando a fragmentação do olhar e intervenções sobre
os sujeitos, que devem ser vistos em suas inseparáveis dimensões
biopsicossociais. (PNH, 2008, p. 62 e 63)

Posteriormente outro contribuinte de grande importância na


implementação da Política Nacional de Humanização, foi o Movimento de Luta
Antimanicomial que inicia um debate a respeito da Saúde Mental no Brasil. Esse
movimento ganha expressão em 1970, a partir da grande mobilização de setores
da sociedade civil organizada, particularmente de trabalhadores e estudiosos da
área, em um momento de luta pela redemocratização do país, a partir da
discussão acerca das características da assistência psiquiátrica oferecida nos
manicômios às pessoas com transtorno mental no Brasil. Esse movimento
pressupunha, entre outras coisas, a extinção de castigos corporais, mentais,
psicológicos, considerados tratamentos, bem como do uso abusivo de
medicamentos (CONCEIÇÃO, 2009).
No âmbito da saúde, o tema da humanização se espalhou,
sendo, no entanto, a área hospitalar o lócus principal. Casate e Corrêa (2005)
dizem que essa discussão tem início de forma simplória nas décadas de 1950 a
20

1970, quando as referências giravam em torno do confronto tecnologia x


humanização, enxergando-se na humanização uma possibilidade de resgatar
“valores caritativos/religiosos”.
Compreende-se que o resgate do cuidado não é rejeição aos
aspectos técnicos, nem aos aspectos científicos. Ambos devem articular-se de
modo a proporcionar um projeto terapêutico ampliado aos usuários, sem que a
técnica predomine, deixando o atendimento mecanizado, tampouco apenas
articulado com base nos sentimentos, perdendo a objetividade do cuidado. Neste
mesmo texto, Casate e Corrêa (2005) ainda trazem que:

[...] a humanização é enfocada, predominantemente, de modo


circunscrito às relações interpessoais estabelecidas com o doente,
bem como às questões administrativas de dada instituição
(predominantemente hospitalar), mostrando-se desarticulada das
dimensões político-sociais do sistema de saúde (CASATE; CORREA,
2005, p. 109).

É sabido que a prática da humanização como atendimento de


qualidade, vem se articulando ao avanço tecnológico. O bom relacionamento
parte do pressuposto que os processos de subjetivação é produzido no mesmo
ato que os de trabalho. Em relação à comunicação, alerta para o fato de que, às
vezes, a estratégia de comunicação é não comunicar, pois as palavras são tão
humanas que se assemelham aos seres humanos. Conforme o caso, podem não
ser apenas boas, pois enganam, ocultam, velam e destroem (CAMPOS, 2004).
Neste contexto a afetividade, mostra-se no ser gentil, amável,
sorridente, compreensível, respeitoso e que demonstra consideração pelo outro.
O tocar o ombro ou as mãos de quem está precisando de ajuda é um ato intuitivo
e multicultural. E embora não se resuma a um mero contato físico, é parte ativa
do cuidado emocional. Sabemos o quanto isso é importante em nosso dia a dia.
A humanização em saúde é uma possibilidade política de se
alterar uma lógica utilitária e autoritária que produz sujeitos cerceados,
fragmentados e incapazes. Ela poderá instaurar, no interior das organizações,
espaços de liberdade de acolher, amparar, sustentar e dar significado à presença
e às ações de profissionais de saúde, gestores e pacientes, ao considerar
dimensões subjetivas e singulares. (LOPES, 2016)
21

Ou seja, existe a necessidade continua da reflexão, do olhar


crítico diante da realidade local e da prática criativa no enfretamento dos
desafios. Nenhum método, nenhum conceito, nenhum modelo devem excluir
nosso maior atributo, o dever de pensar.
O movimento de humanização nos hospitais é voltado para o
processo de educação e treinamento dos profissionais de saúde, mas também
para intervenções estruturais que façam a experiência da hospitalização ser mais
confortável para o paciente.
A necessidade de humanização e o estreitamento da relação
entre o “cuidador” e aquele que é “cuidado”, não se resume apenas ao serviço
hospitalar, mas a todos os serviços prestados pelo SUS, através da Política
Nacional de Humanização-PNH. A intenção de humanizar, como o próprio nome
diz, remete às características de humanidade, de respeito com o próximo.
.O PNHAH se deu inicialmente como um projeto piloto
implantado em 10 hospitais, situados em três regiões diferentes que foram os
seguinte: Região Nordeste − Hospital Geral César Cals/CE; Hospital Getúlio
Vargas/PE. Região Sudeste − Hospital João XXIII/MG; Hospital Geral do
Bonsucesso/RJ; Hospital Dr. Mário Gatti/SP; Hospital Santa Marcelina/SP;
Hospital Ipiranga/SP; Hospital Leonor Mendes de Barros/SP; Hospital do
Mandaqui/SP. Região Sul - Hospital Nossa Senhora da Conceição/RS. (VIANA,
2004), por um período de cinco meses, de julho a dezembro de 20009. Teve a
Coordenação do Comitê Técnico de Humanização da Assistência Hospitalar,
designado pela Portaria SAS/MS nº 210 de 20/6/2001, o trabalho foi
desenvolvido por dois profissionais em cada hospital (multiplicadores), com o
acompanhamento e supervisão de mais sete profissionais (supervisores), além
dos integrantes do Comitê (LOPES, 2016). Os principais objetivos do projeto-
piloto:

deflagrar um processo de humanização dos serviços de forma vigorosa


e profunda, processo esse destinado a provocar mudanças
progressivas, sólidas e permanentes na cultura de atendimento à
saúde, em benefício tanto dos usuários-clientes quanto dos
profissionais; b) produzir um conhecimento específico acerca destas
instituições, sob a ótica da humanização do atendimento, de forma a
colher subsídios que favoreçam a disseminação da experiência para
os demais hospitais que integram o serviço de saúde pública no Brasil.
(BRASIL, 2001).
22

Os objetivos desse projeto piloto, era disseminar um processo


de humanização dos serviços de forma eficiente, ensejando mudanças sólidas e
permanentes. Aqui não podemos deixar de adiantar uma crítica e nos
perguntarmos como fazer isto sem tratar a reorganização da rede, pensando
apenas em ações pontuais dentro dos hospitais, sem relacionar esta pretensão
como planejamento, gestão e financiamento do Sistema.
A metodologia adotada previa cinco fases que incluía
sensibilização, criação do Grupo de Trabalho de Humanização Hospitalar (GTH),
elaboração do Plano de Ação, implantação ampla do Programa e avaliação da
implantação. E em 2001, o MS publicou as portarias a) Portaria GM/MS nº 881,
de 19.06.2001, b) Portaria SAS/MS nº 202, de 19.06.2001, c) Portaria SAS/MS
nº 210, de 20.06.2001, que criam o Programa Nacional de Humanização do
atendimento Hospitalar – PNHAH.(LOPES,2016)
O PNHAH foi constituído como uma política ministerial,
destinada a “promover uma nova cultura de atendimento à saúde”. Seu objetivo
principal seria “aprimorar as relações entre profissionais de saúde e usuários,
dos profissionais entre si, e do hospital com a comunidade” (BRASIL, 2001).
O Programa Nacional de Humanização da Assistência
Hospitalar, agrupou em ações de humanização que já haviam sido realizadas,
com destaque nas áreas da saúde da mulher e da criança, trabalhando em
frentes como humanização do atendimento; humanização do acolhimento;
humanização do parto, entre outras, e quase que exclusivamente em hospitais.
Ao longo da trajetória o termo humanização se incorpora e se
amplia, abrangendo desde a busca pelo direito das mulheres a um parto mais
seguro e acolhedor até a atenção hospitalar, como exemplo, a instituição do
PNHAH que uniu essas ações isoladas, de modo a reuni-las, mas que na maioria
das ações, continuou a imprimir o mesmo direcionamento.

3.1 O Serviço Social no Brasil

Os primórdios do Serviço Social surgiram na década de 1930,


movido pelas mudanças advindas do processo de industrialização e urbanização
no Brasil. Nesse período a profissão estava relacionada diretamente a classe
alta formada pelos poderes dominantes como: burguesia industrial, oligarquias
cafeeiras, igreja católica e Estado de Vargas. Sua principal meta era controlar as
23

insatisfações populares dos trabalhadores e frear qualquer possibilidade de


reivindicação.
O Serviço Social no Brasil remonta aos primeiros anos da década de
30, como fruto da iniciativa particular de vários setores da burguesia,
fortemente respaldados pela Igreja Católica e tendo como referencial o
serviço social europeu. Evidentemente não pode ser entendido como
uma simples transposição de modelos ou mera importação de ideias,
pois suas origens estão profundamente relacionadas com o complexo
do quadro histórico conjuntural que caracterizava o país naquele
momento (MARTINELLE, 2011, p.122).

Buscou-se aproximar a classe trabalhadora da igreja como forma de


acomodá-la diante do contexto atual. Os movimentos leigos que nesse momento
já tinham grande expressão no Brasil, inclusive contanto com certa estrutura
organizacional, foram os parceiros acionados pela igreja para atuar com os
operários. Em São Paulo, numa configuração de esforços da nascente burguesia
e de setores da própria Igreja Católica havia sido criado na esteira do movimento
constitucionalista de 1932, o Centro de Estudos e Ação Social-CEAS, que
desempenhou um importante papel no sentido de qualificar os agentes para a
realização da prática social (MARTINELLE, 2011, p. 122 a 123).

A profissão é aqui compreendida como um produto histórico e, como


tal, adquire sentido e inteligibilidade na história da sociedade da qual é
parte e expressão, a autora diz que o serviço social afirmar-se como
uma especialização do trabalho coletivo, inscrito na divisão sócio
técnica de trabalho, ao se constituir em expressão de necessidades
históricas derivadas da prática das classes sociais no ato de produzir
seus meios de vida e de trabalho de forma socialmente determinada.
Assim seu significado social depende da dinâmica das relações entre
as classes e dessas com o Estado nas sociedades nacionais em
quadros conjunturais específicos, no enfrentamento da questão social
(IAMAMOTO, 2012, p.203)

Os profissionais atuam como objeto na intervenção das


expressões da questão social que se expressam nas desigualdades sociais,
frutos das contradições sociais presentes na sociedade capitalista que geram o
agravamento das condições de vida da população. A questão social está
equacionada e entendida como objeto sob o qual incide ação do profissional que
está relacionado com o conjunto das expressões das desigualdades da
sociedade capitalista madura que tem uma raiz comum: a produção é cada vez
24

mais coletiva, o trabalho tornar-se mais amplamente social, enquanto a


apropriação dos seus frutos mantém-se privado e monopolizado por uma parte
da sociedade (IAMAMOTO, 2009, p.27)
É visível o surgimento do serviço social ao processo de
industrialização, do qual as empresas tiveram influência na institucionalização
da profissão, ou seja, como afirma (MOTA, 1998, p.41).

A implantação do serviço social se dá no decorrer do processo


histórico, não se baseará no entanto, em medidas coercitivas
emanadas do Estado. Surge da iniciativa particular de grupos e frações
de classe, que se manifestam, principalmente, por intermédio da Igreja
Católica, como autora afirmar foi a partir daí que se iniciou uma base
social bem delimitada e fontes de recrutamento e formação de agentes
sócias formados por uma ideologia igualmente determinada, são estas
especificidades que reveste o serviço social desde a sua implantação
no âmbito das características que marcaram esta profissão
(IAMAMOTO, 2009, p.135)

Este movimento tem profunda relação com as realidades sócio-


político dos países da América Latina esse pautado fundamentalmente pela
longa insatisfação dos profissionais, por suas limitações teóricas instrumentais e
também político-ideológicas e institui-se uma perspectiva de mudança social
(NETTO, 2010, p.321). Com esta dinâmica posta pelo desenvolvimento da
sociedade faz-se necessário uma alteração no código de ética do Assistente
Social em 1965, tais mudanças visaram adequar-se as dimensões políticas do
momento, em meio às mudanças ocorridas, as mudanças análogas e às vezes,
concomitantes à América Latina agravada pelo regime ditatorial e militar
implantado em abril de 1964 (SILVA, 2008, p.101).
Para propiciar ao profissional do Serviço Social atributos que
atendam suas necessidades quanto a essa nova perspectiva, em 1975, foi
reformulado pela terceira vez o código de ética, norteado pela permanência da
moral a criticar a neutralidade, tendo como base o processo de transição do
projeto ético-político. Aparentemente, o código de 1975 é uma continuidade dos
anteriores; porém uma análise cuidadosa para uma alteração significativa frente
ao anterior. O código de 1975 reproduz os mesmos postulados tradicionais
abstratos: o bem comum, a autodeterminação, subsidiariedade e participação da
pessoa humana e justiça social (BARROCO, 2010, p.128)
25

Com o movimento de reconceituação do Serviço Social houve


uma ruptura com o tradicionalismo onde a realidade controladora da profissão
fica explicitada através de elementos manifestos e práticas (SILVA e SILVA,
2009 p.37).

O Serviço Social procurou quebrar com sua acepção tradicional e se


formar como especialização do trabalho coletivo inscrito na divisão
sócio técnica do trabalho, [...] à inserção da categoria trabalho debita-
se a capacidade clarificar a utilidade social da profissão, ressaltando
suas formas de participar na produção e reprodução da vida social.
(ARAUJO, 2008, p.17).

Não podemos esquecer que na década de 1990 foi aprovada a


lei de regulamentação da profissão- Lei nº 8.662 e atual código de ética do
Assistente Social, ambos em 1993. No caso específico do Código de Ética
Profissional, entendemos que foi síntese de lutas e conquistas, revelando o
amadurecimento das reflexões enunciadas na virada das décadas de 1970
a1980 expressa no código de 1986. Esse código foi fruto de construção coletiva
da categoria que se revelou insuficiente entre outras questões na subordinação
entre ética e política e na ausência de mediações entre Projeto Societário e
Projeto Profissional.

O código de ética vigente preserva as conquistas pretéritas registradas


no Código de Ética Profissional de 1986 e avança com o que de melhor
o Serviço Social brasileiro aprendeu e produziu sobre os fundamentos
ontológicos do ser social e sobre a relação estratégica entre Projeto
Profissional, defesa dos direitos e Projeto Societário (BARROCO,
2012, p.11/12).

3.2 Atuação Do Profissional De Serviço Social Na Política Nacional De


Humanização No Ambiente Hospitalar

No dia 06 de março de 1997, o Assistente Social é reconhecido


como um profissional da saúde, através da Resolução nº 218 do Conselho Nacional
de Saúde, no entanto ademais da Resolução, o Código de Ética de 1993, a Lei de
Regulamentação da Profissão também de 1993, e o Conselho Federal de Serviço
Social de 1999 são expressões concretas desta afirmativa.
26

o projeto da reforma sanitária vem apresentando como demandas que


o assistente social trabalhe as seguintes questões: democratização do
acesso as unidades e aos serviços de saúde; estratégias de
aproximação das unidades de saúde com a realidade; trabalho
interdisciplinar; ênfase nas abordagens grupais; acesso democrático
às informações e estímulo à participação popular. (CFESS, 2009, p. 26).

Também como marco legal e normativo, torna-se indispensável


ressaltar um importante documento que traz as referências para o exercício
profissional, os Parâmetros para Atuação de Assistentes Sociais na Política de
Saúde. Elaborados a partir de ampla participação da categoria profissional e
lançados pelo Conselho Federal de Serviço Social, tem como finalidade "referenciar
a intervenção dos profissionais na área da saúde" (CFESS, 2009, p. 11).
A atuação do Assistente Social, no âmbito hospitalar, permeia
em reforçar a garantia de direitos fundamentais voltadas a população usuária o
acesso as demais políticas sociais, na perspectiva do alcance da
intersetorialidade como condição primordial para melhoria do processo saúde e
doença.
Não há dúvidas quanto à relevância e importância do trabalho realizado
pelo assistente social para a consolidação do SUS, e que para realizar
um atendimento, por mais simples que possa parecer à atividade e os
meios utilizados, o assistente social necessita conhecer não apenas o
funcionamento da instituição e/ou a unidade em que trabalha, mas a
lógica de funcionamento do sistema de saúde (rede), a dinâmica e a
capacidade de atendimento de outras instituições públicas e privadas
que envolvam e/ou se apresentem como um meio de viabilizar o
atendimento das necessidades da população e que extrapolam a
capacidade de atendimento exclusivo das instituições de saúde
(COSTA, 2006, p.39).

Esse profissional é mediador entre as demandas institucionais


e as demandas apresentadas pelos usuários dos serviços de saúde,
especificamente aquelas cujos determinantes advêm da precariedade de vida e
que interferem significativamente no binômio saúde/doença, tendo como
compromisso ético-político a defesa do SUS, de forma a representar, de maneira
significativa, sua contribuição em torno da conquista da saúde como bem
público.
Trata-se, então, de apreender, compreender e interpretar que a ação
dos assistentes sociais se materializa em meio às relações sociais
contraditórias de interesses e necessidades distintas, nas quais,
atualmente, o universal é substituído pelo focalizado, a gratuidade é
vista como ônus da máquina estatal provocando atraso no
desenvolvimento e no crescimento econômico. Deve-se considerar
que as desigualdades sociais expressadas nas iniquidades
econômicas, sociais, políticas e culturais da classe trabalhadora e
subalterna, são as bases para se pensar e propor as intervenções
(SILVA, 2008, p. 116).
27

O trabalho do assistente social é de tem sido de grande


importância no âmbito hospitalar, ao longo da história a profissão de Serviço
Social vem se consolidando e avançando por meio da conquista de novas
responsabilidades profissionais e de novos espaços ocupacionais tem surgido a
cada dia, onde se impõem exigências de expansão qualitativa e quantitativa de
conhecimentos no campo teórico e prático.
Como destaca Cunha (2010), o assistente social que atua na
saúde lida cotidianamente com a realidade do hospital, que precisa desocupar o
leito, possibilitando novas internações, tão logo usuário tenha condições de alta;
o direito do usuário que está na fila de espera do hospital para ser atendido e
que, muitas vezes, precisa se sujeitar a ficar vários dias na emergência até
conseguir um leito e, por outro lado, o direito deste usuário internado, que
necessita conhecer a rede e seus direitos para poder se reorganizar em função
do adoecimento e de suas implicações.
Sendo assim, se faz necessário que o profissional compreenda
as necessidades da população, para que possa de forma qualitativa e eficaz
intervir na realidade do usuário expressadas nas diversas faces da questão
social.

As atribuições e competências dos profissionais de Serviço Social,


sejam aquelas realizadas na saúde ou em outro espaço sócio
ocupacional, são orientadas e norteadas por direitos e deveres
constantes no Código de Ética Profissional e na Lei de
Regulamentação da Profissão, que devem ser observados e
respeitados, tanto pelos profissionais quanto pelas instituições
empregadoras. (CFESS, 2009, p. 33).

A atuação do profissional de Serviço Social no ambiente


hospitalar possibilita em seu cotidiano profissional a desenvolver ações e
estratégias necessárias que facilitem o acesso aos direitos e proporcionem aos
usuários transformações em suas condições de vida, levando em consideração
seus determinantes e condicionantes de saúde, compreendendo deste modo, os
usuários de maneira integral.
28

4. METODOLOGIA

Entendemos por metodologia o caminho e o instrumento


próprios de abordagem da realidade. Nesse sentido, a metodologia ocupa o lugar
central no interior das teorias sociais, pois faz parte intrínseca da visão social de
mundo veiculada na teoria. A metodologia inclui as concepções teóricas de
abordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a apreensão da realidade e
também o potencial criativo do pesquisador (MINAYO, 2004 p.22).
Esse trabalho teve como abordagem metodológica a pesquisa
bibliográfica, que segundo Lakatos e Marconi (2012 p.43,44), “trata-se de
levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas,
publicações avulsas e imprensa escrita, sua finalidade é colocar o pesquisador
em contato direto com tudo o que foi escrito sobre determinado assunto”.
Na operacionalização desta revisão, utilizou-se as seguintes
etapas: seleção das questões temáticas; estabelecimento dos critérios para a
seleção da amostra; representação das características da pesquisa original;
análise dos dados; interpretação dos resultados; apresentação da revisão.
29

5. CONSIDERAÇOES FINAIS

o trabalho do assistente social tem sido requisitado cada vez


mais nos espaços públicos de saúde, onde as desigualdades sociais se
sobrepõem principalmente na área hospitalar, onde os serviços de saúde são
precários e o acesso limitado, pois em sua maioria, na prática só quem tem tido
direito são aqueles que podem pagar, resultando assim em um atendimento
excludente. Além de que, a saúde é considerada como um campo desafiador
para os assistentes sociais, neste sentido, estes profissionais enfrentam
dificuldades para efetivar suas ações, devido à existência de empecilhos como:
a desarticulação dos profissionais de saúde dificultando o trabalho em equipe,
visto que, neste espaço ocupacional a integralidade das ações é de fundamental
importância para viabilizar os serviços de saúde que o usuário necessita.
Os fundamentos do SUS apontam para um projeto de saúde
público e coletivo para a sociedade brasileira, implicando mudanças
significativas nas formas de gestão, enfrentamento dos interesses clínicos,
curativos, da indústria médico-hospitalar de medicamentos entre outros, para de
fato os serviços serem direito de cidadania.
Analisamos que muitos são os desafios a serem enfrentados
pelos profissionais devido à saúde ser uma área que requisita a resolução de
demandas complexas, onde o Assistente Social vivencia situações que precisam
de tempo e infraestrutura para ser resolvidas, levando em consideração as
condições objetivas de trabalho e das políticas públicas. Sendo assim, existem
limitações, mas não isentam os profissionais dos compromissos éticos e direção
social, onde se faz necessário compreender os limites do fazer profissional em
função das políticas implementadas e ter a capacidade de questionar, refletir e
socializar o que está posto, apontando sempre na perspectiva de garantir e
ampliar direitos.
As baixas remunerações e a inexistência de um piso salarial
também são fatores negativos para a profissão, principalmente em cidades do
interior, desencadeando outros problemas como o subemprego, onde
profissionais tem que se desdobrarem para outros vínculos no intuito de melhorar
o salário interferindo diretamente na qualidade do serviço prestado. Neste
sentido temos profissionais cansados e desiludidos no âmbito dos campos de
30

trabalho desenvolvendo serviços mecânicos onde a população que necessita


desses serviços ficam prejudicadas e consequentemente temos também
profissionais despreparados por não ter condições soco econômicas de investir
em educação permanente.
Diante desse cenário se faz necessário urgentemente
lutarmos incessantemente por um piso salarial descente que nos ofereça
condições de trabalhar dignamente tendo tempo para a família e o lazer, assim
como as instituições e empregadores devem investir em educação permanente
em serviço para preparar nossos profissionais para as novas demandas que
estão surgindo a cada dia, atualmente enfrentamos uma novidade com a qual
nunca sonhamos em contar que é a pandemia do covid-19, onde tivemos que
correr atrás de novos conceitos adaptativos para uma nova realidade sombria e
invisível que assombra o mundo.
Ser assistente social e enfrentar as diversas questões sociais
que surgem a cada dia não é fácil e nem nunca vai ser, o profissional do futuro
precisa estar preparado para essas novas adaptações, precisa ser dinâmico e
principalmente ter visão de futuro.
31

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