O Evangelho 1
O Evangelho 1
O Evangelho 1
O texto sagrado nos diz que Deus amou o mundo. Bem, isso seria simples e corriqueiro se a divindade
em questão se tratasse de um deus qualquer. Entretanto, as Escrituras afirmam que Deus é Todo-poderoso e
autossufciente: isso quer dizer que não precisa de nós, tendo poder para fazer quantos mundos quisesse. Mas,
o fato é que Ele amou o mundo. De que forma? De forma tão intensa que não há palavras humanas que
expressem a grandeza desse amor – Deus nos amou “de tal maneira”.
Neste ponto, é importante dizer que o mundo amado por Deus “ama mais as trevas do que a luz” (Jo.
3:19). Ele é apegado ao mal, ao ponto de negar Deus deliberadamente. Ao invés de corresponder o amor do
Todo-poderoso, o mundo se opõe a Ele conscientemente (Jo. 15:18).
Porém, para o nosso completo espanto, o Senhor não esperou que a humanidade o amasse para que
pudesse tomar a iniciativa. Antes, Ele deu o Seu Único Filho para morrer na cruz em favor dos pecadores.
Jesus Cristo é o Unigênito do Pai. Mas, o que isso quer dizer? Quer dizer que o Senhor Jesus é o único que
possui a mesma natureza do Pai – a divina (Jo. 10:30). Cristo é, portanto, único e insubstituível. Não há
ninguém que possua naturalmente a mesma essência divina. Ainda que, por meio de Cristo, Deus tenha muitos
filhos, é necessário entender que os pecadores perdoados são aceitos por Deus como filhos adotivos, ao passo
que Jesus é Filho natural – Ele é inigualável (Mt. 3:17).
Deus deu esse Filho para morrer na cruz pelos pecadores. O texto diz: “para que todo aquele que nEle
crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Essa declaração é muito mais profunda do que a princípio parece
ser. Isso porque, “crer”, nesse verso, não significa “acreditar na existência de” (nesse sentido, até o diabo
acredita), mas sim, “em direção a”, “para dentro dele”. Para entendermos a profundidade do significado, faz-
se necessário dizer primeiro que após a queda o homem se tornou autônomo – rejeitou o governo divino para
se auto-governar de maneira rebelde. Porém, quando cremos, abandonamos nossa autonomia e nos lançamos
na direção dAquele que é a única esperança. Ou seja, deixamos para “vestes” pecaminosas para nos
revestirmos de Cristo (Ef. 4:22-24).
1.1. Da doutrina à cultura
Assim, a doutrina do amor de Deus ensina a igreja uma cultura de amor fraternal. Da mesma maneira
que Deus amou uma humanidade perdida, sacrificando Seu Filho, devemos nos sacrificar em favor de nossos
irmãos. Neste ponto, é preciso fazer uma observação: sacrificar-se em favor dos irmãos de fé nada tem a ver
com um complexo de inferioridade ou falta de amor próprio. Mas, que o cristão não coloca o seu “eu” como
centro de sua vida. Não é errado cuidarmos de nós mesmos. Errado é cuidarmos apenas de nós mesmos (2 Co.
5:14,15).
2. O evangelho para a igreja
Efésios 5:25 Maridos, que cada um de vocês ame a sua esposa, como também Cristo amou a igreja e se entregou por ela,
Nossas crenças são importantes para os nossos relacionamentos. A forma como convivemos decorre
daquilo em que cremos conjuntamente.
Uma igreja é um corpo de crentes em Jesus que juntos extraem dEle a fonte de uma vida regular,
prática e organizada, o que acelera o processo de todos em direção a Ele. Dizendo de outra forma, a doutrina
fornece as regras para nosso relacionamento e nos capacita para ajudarmos uns aos outros a crescer. Pensar
apenas no crescimento pessoal e esquecer-se do coletivo acaba enfraquecendo o nosso próprio avanço (Ef.
4:15,16). Só para dar uma idéia, se uma igreja insiste na falta de maturidade, não há como todos se
aprofundarem na fé. É como se você passasse de ano numa escola, mas fosse obrigado a rever os mesmos
assuntos com quem foi reprovado.
Sabe por que as coisas são assim? Porque uma igreja difere da torcida de um time. Durante um jogo,
os torcedores de um mesmo time permanecem juntos. Após a partida, cada torcedor vai para a sua casa.
Ninguém tem nada a ver com a vida de ninguém. Com uma igreja acontece diferente. Por meio da igreja, Deus
está formando uma nova comunidade. Isso exige que nos adaptemos, que abramos mão de pensar apenas em
nós mesmos. E por mais que seja tentador nos isolarmos, a proximidade que a comunidade cristã proporciona
é mais satisfatória. Deus está edificando uma nova comunidade (1 Co. 3:16). Vale à pena fazer parte dela.
2.1. Cristo amou a igreja e morreu por ela
Deus sempre teve um plano: a igreja. Desde a eternidade, o Senhor planejou salvar pecadores indignos,
manifestando a eles o Seu imenso amor, exclusivamente para o louvor de Sua glória. A igreja não representa
um plano que não deu certo, mas o único plano que está dando certo. Para que este plano fosse possível, Cristo
teve que dar a Sua vida na cruz.
2.2. Para santificá-la e purificá-la com a Palavra
Para demonstrar o quanto isso é verdadeiro, Paulo afrma que o amor e a morte de Cristo tiveram um
propósito: santificar a igreja. Por sua vez, a santificação é algo que se dá, de acordo com o apóstolo, num
contexto de natureza conjugal: Cristo se sacrifica por sua noiva, a igreja. Pois, ele tem em mente purificá-la.
O evangelho é uma história de amor por uma prostituta, que estava suja, mas foi e está sendo purificada. Como
se isso não bastasse, o evangelho ainda nos informa que essa prostituta que se torna noiva geralmente falha
em seu amor e cai diversas vezes em adultério com outros deuses.
2.3. Para apresentá-lo a si mesma como igreja esplendorosa
Diferentemente de outros relacionamentos, o amor de Cristo é constrangedor, ao ponto de causar
verdadeira e profunda transformação nos objetos de seu amor. Que tremendo erro cometemos ao pensar que
nossa conversão e permanência em Cristo é obra de nossa força de vontade! Não, queridos(as). Nossa salvação
é um reflexo direto do poder quebrantador e atrativo do amor do Senhor sobre nós. Isso não quer dizer que
sejamos forçados por Deus a nos converter, mas quer dizer que o amor de Deus consegue detruir todas as
nossas defesas e conquistar nosso coração. Nossa igreja não transforma, ela é pode ser, no máximo, um
instrumento de transformação. Nossa religião não transforma, ela provê uma fantasia de bondade para quem
é perverso. Somente o amor de Deus transforma definitivamente o homem de dentro para fora.
2.4. Da doutrina à cultura
O evangelho cria uma cultura de santidade. Uma verdadeira igreja possui uma cultura de santidade.
Sem esta, não temos uma igreja bíblica, apenas uma reunião de hipócritas. Aqui também cabe uma observação:
a santidade da igreja não é algo criado pelas regras de uma igreja, mas por uma transformação poderosa do
Espírito Santo no coração do pecador.
3. O evangelho para todas as coisas
Apocalipse 21:5 E aquele que estava sentado no trono disse: — Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: — Escreva,
porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.
A bíblia sagrada é um livro que não apenas trata da história de um povo, mas do cosmo: toda criação
é o objeto de seu interesse, pois o universo e tudo que está nele constitui as coisas criadas.
No presente momento nosso mundo encontra-se fraturado. A queda do homem no pecado colocou
todas as coisas debaixo da maldição, sujeitas à vaidade (Rm. 8:20). Dessa forma, não devemos pensar que a
existência do mal seja uma prova de que Deus não existe, exatamente porque apesar das diversas coisas ruins
que existem, o mundo continua funcionando e a bondade prova que Deus, longe de abandonar sua criação,
está presente e ativa em todas as coisas.
Desde o Antigo Testamento que as Escrituras nos informam a intenção divina de restaurar o mundo
para que ele seja novamente aquilo que fora antes da queda. É possível ver essa intenção clara de Deus por
meio das palavras do profetas. Foram eles que anunciaram, segundo a vontade de Deus, que um dia o mundo
seria concertado. E o Senhor Jesus Cristo veio para cumprir essas profecias (Lc. 4:16-21), na medida em que,
por seu ministério, observamos várias curas, as quais preanunciam um novo mundo, quando não haverá mais
doenças.
Os cristãos crêem nisso. O que, evidentemente, não os impedem de sofrer. Assim como os demais
homens os crentes também experimentam dor e sofrimento. Porém, diferentemente dos demais, o povo de
Deus tem esperança de novo céus e nova terra. Por causa do que Jesus fez, e da promessa de um novo mundo,
podemos olhar para além das presentes circunstâncias e desfrutar do nosso futuro pela fé, nesse exato
momento.
3.1. Então vi um novo céu e nova terra
A Palavra de Deus promete aos crentes que os céus e a terra que hoje existem serão renovados. É
impressionante, mas muitas pessoas pensam que os salvos passarão a eternidade como espíritos vestidos de
branco, cuja única ocupação será cantar num grande coral. Confesso que eu mesmo já me imaginei assim,
eternamente de pé, com um sorriso no rosto e cantando: “Santo”, “Santo”, “Santo”. Porém, por mais que isso
seja bonito de imaginar, essa imagem não reflete o ensino bíblico sobre o céu.
Para começo de conversa, a bíblia garante que os mortos ressuscitarão, e todos os que estiverem vivos
serão transformados (1 Ts. 4:15-17). Isso quer dizer que não passaremos a eternidade como almas penadas,
antes nossas almas estarão para sempre unidas a um corpo físico, o qual será glorificado. Após o julgamento
e condenção dos ímpios e a distribuição dos galardões aos cristãos, moraremos num novo céu e numa nova
terra (Ap. 21:1). Habitaremos num lugar igual e este, só que renovado. Não haverá mais pecado, nem mal. A
morte e o sofrimento jamais existirão (Ap. 21:4,5). Tal esperança, você não encontrará em lugar nenhum.
3.2. Vi a cidade santa que descia do céu
A promessa do evangelho é que todo povo de Deus habitará com ele numa cidade santa – a Nova
Jerusalém. Nesta cidade, Deus estará em comunhão com seu povo para sempre (Ap. 21:3).
3.3. O lugar da habitação de Deus é a igreja
O evangelho nos promete que um dia desfrutaremos da presença imediata de Deus. Longe dela nos
trazer medo e vergonha, trará consolo eterno aos nossos corações. Como Deus esteve no Éden, no Tabernáculo
e no Templo, Ele estará no meio do Seu povo. Ainda que o Senhor veio estar entre nós na pessoa de Jesus, e
esteja aqui na pessoa do Espírito Santo, haverá de habitar literalmente no meio da Cidade Santa. A gloriosa
presença do Senhor trará cura eterna para nossas dores e alegria eterna aos nossos corações, ao ponto de nunca
mais haver a possibilidade de pecarmos (Ap. 22:2-5).
3.4. Da doutrina à cultura
O evangelho constrói uma cultura de esperança.
Conclusão
É grande a necessidade de recristinizar a igreja, fazendo-a voltar aos princípios da Palavra de Deus que
a farão desenvolver-se para a glória de Deus e o prazer dela. Neste ponto, é importante perceber que há uma
relação profunda entre a doutrina e a culltura que flui dela.
Nesta lição, estudamos três doutrinas e as culturas que são criadas a partir delas: a doutrina do amor
de Deus cria a cultura do amor entre os irmãos; a cultura da santidade de Deus, cria a cultura de satificação na
igreja; e a doutrina do novo céu e nova terra, a esperança cristã. Eis a importância de zelarmos pela doutrina:
pois ela determinará a maneira como nos relacionamos uns com os outros.