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transgeracionalidade

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NÚCLEO DE HUMANAS

CURSO: PSICOLOGIA

TRANSGERACIONALIDADE

Alunos:
Ana Júlia Vieira Galvão: 01603228
Daniel Felipe Gomes Neves: 01619223
Deborah Elisa Cabral de Souza Bueno: 01574640
Kamily Vitória Moraes da Silva: 01617101
Laura Beatriz Pinho Vieira da Silva: 01609359
Maria Vitória Trajano Gonçalves da Silva: 01275062

RECIFE, PERNAMBUCO
OUTUBRO, 2024

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NÚCLEO DE HUMANAS
CURSO: PSICOLOGIA

TRANSGERACIONALIDADE

Texto
apresentado pelas(o) alunas (o), Ana
Júlia Galvão, Daniel Felipe, Deborah
Elisa, Kamily Vitória, Laura Beatriz, e
Vitória Trajano a Professora Claudia
Bem como trabalho da matéria:
Desenvolvimento humano,
Adolescência, Adultez e Velhice, do
curso de Psicologia da Faculdade
Maurício de Nassau.

RECIFE, PERNAMBUCO
OUTUBRO, 2024

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Sumário
1 INTRODUÇÃO: ........................................................................................................... 4
2 DESENVOLVIMENTO: ............................................................................................... 5
2.1 CONTEXTO HISTÓRICO DA TRANSGERACIONALIDADE: ........................................... 5
2.2 TRANSMISSÃO PSICOLÓGICA INTERGERACIONAL (TRAUMAS, PADRÕES
DE COMPORTAMENTO, IMPACTOS NA SAÚDE MENTAL):................................... 7
2.3 QUESTÕES FAMILIARES E SOCIAIS: ................................................................. 8
2.4 ALGUNS EXEMPLOS DE TRANSGERACIONALIDADE EM FILMES E
SÉRIES:........................................................................................................................ 10
2.5 TIPOS DE INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS NA QUESTÃO DA
TRANSGERACIONALIDADE: ................................................................................................ 13
2.6 ANÁLISE DE PERSONAGENS FICTÍCIOS E TRANSGERACIONALIDADE: .. 14
3 CONCLUSÃO: .......................................................................................................... 16
4 REFERÊNCIAS:........................................................................................................ 17

Lista de Fotos
Figura 1: Filme o Lado Bom da Vida ........................................................................ 10
Figura 2: Filme Precisamos Farla Sobre o Kevin ................................................... 11
Figura 3: Filme Encanto............................................................................................. 12
Figura 4: Série Gilmore girls ..................................................................................... 12

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1 INTRODUÇÃO:

É de fundamental importância as experiências sociais e familiares no


desenvolvimento de um indivíduo. A forma que esses contatos podem afetar o
comportamento e vida de uma determinada pessoa é significativa, e por isso o estudo
da transgeracionalidade, é importante. A transgeracionalidade é um conceito que
explora padrões de comportamento, aspectos emocionais, culturais e até patológicos
passados de geração a geração e como isso pode afetar psicologicamente o sujeito.
Esse trabalho tem como o objetivo, investigar e compreender os padrões
transgeracionais e como eles impactam na vida, no psicológico, na construção da
identidade, traumas e relações familiares das pessoas. A questão central que norteia
este estudo é: Como as vivências dolorosas dos antepassados impactam o emocional
e os comportamentos dos descendentes?
A metodologia utilizada foi a de base explicativa, buscando como objetivo
principal identificar e compreender as causas e efeitos de características ou eventos.

2 DESENVOLVIMENTO:

2.1 CONTEXTO HISTÓRICO DA TRANSGERACIONALIDADE:

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O termo “transgeracionalidade” tem sua origem na psicologia com os estudos
da psicanalise, tendo esse termo associado principalmente a padrões de
comportamento, transmissão de traumas e crenças entre gerações. Freud aborda o
tema da transgeracionalidade de forma indireta, especialmente em Totem e Tabu
(1913); Luto e Melancolia (1917); Psicologia das Massas e Análise do eu (1921);

"Mas o fato principal sobre a identificação, tanto quanto sabemos a seu respeito,
é que ela se apoia em uma comunhão emocional importante. Ela expressa uma
semelhança que foi importante na vida emocional dessas pessoas." (Freud, 1921).

O conceito de "transgeracionalidade" não aparece explicitamente nas obras de


Freud, já que essa noção foi desenvolvida posteriormente por outros teóricos, a partir
das ideias freudianas sobre herança psíquica e transferência entre gerações.
Entretanto, podemos encontrar discussões sobre herança psíquica, identificação e
transmissão de conteúdos inconscientes entre gerações na teoria freudiana. O ponto
discutido é que acontecimentos traumáticos ou dinâmicas emocionais
experimentados por uma geração podem ser transmitidos, de forma consciente ou
inconsciente, para as gerações subsequentes, influenciando suas vivências
psicológicas e atitudes.

Já no contexto de segunda guerra mundial e holocausto, algumas pesquisas foram


feitas com filhos de judeus que sobreviveram a campos de concentração durante a
época do nazismo. O resultado foi que os filhos das famílias que foram vítimas diretas
são mais propensos a sofrer de problemas ligados a ansiedade, estresse, depressão
e outros distúrbios psicológicos.
Estudos recentes em neurociência e epigenética têm fornecido apoio biológico
à noção de transgeracionalidade. Estudos indicam que o estresse e o trauma podem
causar alterações epigenéticas, que modificam a expressão dos genes e podem ser
passados para as próximas gerações. Isso abriu novos caminhos para compreender
como o ambiente e as vivências podem influenciar o crescimento humano de forma
transgeracional, fortalecendo a ligação entre psicanálise, psicologia e biologia.
O conceito de transgeracionalidade também tem sido discutido em contextos
sociais e familiares, principalmente em ambientes conflitivos, com histórico de
violência, guerras, colonização e genocídio a fim de estudar a transmissão de traumas

5
coletivos como populações afrodescendentes e indígenas. Além de traumas de
guerra: vivências de cenários violentos em guerra podem gerar impactos psicológicos
para as próximas gerações de um sobrevivente, causando ansiedade,
comportamentos reativos e medo. A educação e as crenças religiosas são ensinadas
sob a perspectiva da família com a qual o indivíduo convive. A forma como uma
pessoa se relaciona com outras, bem como sua maneira de lidar com desafios, é
transmitida de geração em geração. Famílias que possuem determinado padrão de
relacionamento tendem a transmitir isso para os filhos. o descontrole financeiro pode
ter raízes transgeracionais. A má administração ou o consumo excessivo podem ser
comportamentos reproduzidos nas próximas gerações. comportamentos de
autocuidado ou negligentes também podem ser passados adiante. Esses exemplos
ilustram como os pilares familiares influenciam comportamentos e escolhas, de forma
consciente ou inconsciente.

2.2 TRANSMISSÃO PSICOLÓGICA INTERGERACIONAL (TRAUMAS,


PADRÕES DE COMPORTAMENTO, IMPACTOS NA SAÚDE MENTAL):

Intergeracionalidade na Transgeracionalidade:

A intergeracionalidade é o processo de transmissão de traços,


comportamentos, crenças, valores e padrões emocionais de uma geração para a
outra, geralmente entre pais e filhos. Apresenta-se de forma similar à
transgeracionalidade, porém, elas têm diferenças sutis, sendo uma delas a extensão
do seu impacto. A transgeracionalidade aborda uma influência que afeta múltiplas
gerações, enquanto a intergeracionalidade trata de como uma geração específica
afeta a próxima, sem necessariamente afetar as gerações subsequentes.

O termo intergeracional é um conceito importante dentro do estudo da


transgeracionalidade, pois refere-se às interações entre gerações, como pais e filhos,
onde muitos dos traumas e padrões são inicialmente transmitidos e, potencialmente,
levados adiante. Assim, o presente trabalho explora como esses traumas e padrões
são internalizados e perpetuados, analisando a influência da família, do ambiente
cultural e da ciência epigenética nesse processo.
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Traumas:

Experimentar eventos, como violência, abuso, morte ou pobreza extrema,


pode gerar um trauma que pode afetar as gerações seguintes. A consequência desse
trauma pode se manifestar como ansiedade, hiper vigilância, medo, depressão ou
mesmo um distanciamento emocional; respostas que foram adaptativas na situação
traumática, mas que, ao serem transmitidas, tornam-se barreiras emocionais para os
descendentes.

Padrões de comportamento no contexto do trauma:

No contexto da intergeracionalidade, é natural o processo de transmissão de


padrões de comportamento entre pais e filhos. Entretanto, caso a geração anterior
tenha sido exposta a um trauma, nota-se uma diferença perceptível nos
comportamentos transmitidos, que podem ser nocivos. Por exemplo, famílias com
histórico de rigidez e autoexigência excessiva podem transmitir, mesmo sem traumas
evidentes, um padrão de perfeccionismo ou medo de fracasso. Esse novo padrão
influencia as novas gerações a responderem da mesma maneira a situações
desafiadoras, dificultando o desenvolvimento de uma autonomia emocional saudável.

Impactos na saúde mental:

O processo de transmissão de traços, comportamentos, crenças, valores e


padrões emocionais de uma geração para a outra é delicado, pois os padrões
transmitidos podem ter um impacto profundo na saúde mental das gerações futuras,
contribuindo para o desenvolvimento de condições como ansiedade, depressão e
outras doenças psicológicas. Os impactos na saúde mental das gerações futuras são
complexos e multifacetados, refletindo não apenas a herança de traumas individuais,
mas também o legado emocional e cultural.

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2.3 QUESTÕES FAMILIARES E SOCIAIS:

No contexto familiar, a transgeracionalidade se mostra na passagem de


crenças, tradições, cultura e até de traumas não resolvidos, que ocasionalmente
acabam por se repetir ao longo das gerações sem uma visível assimilação dos seus
efeitos. Verifica-se a ocorrência por meio de dois mecanismos principais: a
transmissão intergeracional e a transgeracional. A intergeracional é mais visível,
transmitida por gerações antecessoras, como os pais, e proporciona uma mudança
ou adaptação das ideias. Já a transgeracional diz respeito a conteúdos inconscientes,
constantemente não simbolizados, que transpassam várias gerações e se mostram
como lacunas ou traumas encriptados, influenciando indiretamente a psique das
próximas gerações.

A família é o principal espaço para a transmissão transgeracional. Nesse


cenário, os métodos de identificação e vínculos de pertencimento formam um papel
central na criação da identidade coletiva e individual. Em eventos onde o grupo familiar
funciona como um local de acolhimento e elaboração de conflitos, a
transgeracionalidade age de forma edificante, propiciando a passagem de valores
positivos, que fortalecem a autoestima e a resiliência dos integrantes. Porém, quando
as atividades familiares são marcadas por casos de violência, traumas ou negligência,
as funções de controle e proteção se comprometem. Esse comprometimento é
perceptível tanto na esfera intrafamiliar, onde ocorrem agressões e abusos, quanto na
esfera social e política, em contextos de ditaduras, guerras e pobreza. Tais vivências
não elaboradas no seio familiar geram cicatrizes emocionais e paradigmas de
comportamento que podem ser inconscientemente transmitidos, abalando a qualidade
das relações e o progresso emocional dos descendentes.

No plano social, a transgeracionalidade também desempenha um papel


importante no aperfeiçoamento de valores, normas e preconceitos. As sociedades se
organizam sobre a repetição de ações e ideologias que são transmitidas e
introduzidas ao longo do tempo. Esse fenômeno colabora para a perpetuação de
culturas e tradições, e além disso para a continuação de desigualdades e estigmas
que permanecem inquestionados. Preconceitos raciais, sexuais ou de gênero, por

8
exemplo, podem ser atribuídos pela transgeracionalidade e conservado nas bases
sociais, atrapalhando a elaboração de uma sociedade mais justa. Por outro lado, o
reconhecimento da transgeracionalidade e de seus efeitos no âmbito social pode
estimular alterações significativas, uma vez em que novos comportamentos e valores
são transpassados e transformam a visão coletiva.

Entender os efeitos da transgeracionalidade é necessário para o


desenvolvimento psicológico e social sadio. Na área da psicologia, essa compreensão
permite constatar padrões herdados e esclarecer os indivíduos sobre as ações que
esses legados exercem em suas vidas. Quando existe essa consciência, é possível
reinventar e transformar conteúdos negativos, quebrando ciclos disfuncionais e
proporcionando a desenvoltura de novas narrativas que auxiliem o crescimento
pessoal e a autonomia emocional. Desse modo, a transgeracionalidade, ao ser
entendida e elaborada, pode se transformar em um importante instrumento para a
construção de relações mais sadias e para o erguimento de uma sociedade mais
empática e balanceada.

2.4 ALGUNS EXEMPLOS DE TRANSGERACIONALIDADE EM FILMES E


SÉRIES:

O lado bom da vida (2012) - Esse drama explora como transtornos e traumas
psicológicos influenciam diferentes gerações de uma mesma família, passando de pai
para filho.

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Figura 1: Filme o Lado Bom da Vida

Precisamos falar sobre o kevin (2011) - Foca na relação tensa entre mãe e filho e
examina como conflitos internos e eventos traumáticos afetam as gerações seguintes.

Figura 2: Filme Precisamos falar Sobre o Kevin

Encanto (2021) o filme é musical e aborda a família Madrigal. nela todos possuem
um dom de exceto Mirabel, fazendo com que ela se sinta rejeitada por sua vó (a chefe

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da família). Nesta animação é possível ver que o trauma da matriarca foi estendido
até seus netos influenciando em toda estabilidade da família.

Figura 3: Filme Encanto

Girlmore Girls (2000) é um clássico dos anos 2000 que tem como protagonistas
Lorelai e Rory, que desenvolvem o debate sobre traumas geracionais,
relacionamentos entre mãe e filha, amadurecimento e feminismo.

Figura 4: Série Gilmore girls

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2.5 TIPOS DE INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS NA QUESTÃO DA
TRANSGERACIONALIDADE:

A intervenção terapêutica voltada para as questões transgeracionais propõem-


se em abordar certos padrões como traumas e as crenças que viajam por gerações
de uma mesma árvore genealógica assim afetando tanto a dinâmica de uma família
como todo como a parte individual. Por isso ainda um pouco difundida no país, por ser
uma abordagem que busca compreender e cuidar dos padrões de comportamento
voltados diretamente a área familiar algumas intervenções que podem ser citadas são
as seguintes:

Terapia sistêmica familiar: Como o nome aborda é focado no sistema familiar


como um todo, trazendo a visão de que cada um dos indivíduos é afetado e afeta
outro membro desse sistema, ajudando a identificar padrões disfuncionais e buscando
incentivar mudança em papéis familiares, comunicação e interação para melhora do
emocional.

Psicodrama: Se utiliza da dramatização onde o psicólogo aborda e observa as


interações de grupo de pessoas mediante a determinado tema. Por conta dessa certa
liberdade permite que a pessoa revisite momentos da vida com seus antecessores,
fazendo com que o indivíduo veja em si e no outro uma visão de padrões que podem
levar enxergar e alcançar o alívio emocional.

Terapia cognitiva-comportamental (TCC) focada em traumas: Ajuda a


identificar crenças passadas de geração para geração que podem ser localizadas
como meio de traumas, assim visando alterar pensamentos e comportamentos já
consolidados, trazendo maior autonomia emocional.

Hipnoterapia: A hipnose busca com acesso ao inconsciente explorar padrões e


crenças já estabelecidos ou herdados, liberando o indivíduo dos seus traumas,
fazendo assim com que ele alcance a liberdade emocional. Assim como essas
abordagens citadas, existem diversas outras como: mindfulness e terapia baseada na
compaixão, psicoterapia psicodinâmica, EMDR (Dessensibilização e
reprocessamento por movimentos oculares) entre diversas outras.

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2.6 ANÁLISE DE PERSONAGENS FICTÍCIOS E TRANSGERACIONALIDADE:
No campo da psicologia, a transmissão transgeracional envolve várias
abordagens, que vão desde o impacto das crenças culturais herdadas até a forma
como traumas e dinâmicas familiares não resolvidos moldam as gerações futuras. E
podemos ver isso claramente quando analisamos personagens fictícios que, apesar
de serem criações do entretenimento, refletem desafios psicológicos muito reais.
Vamos entender um pouco mais como isso se manifesta em cada um desses
personagens e como a psicologia explica essas dinâmicas.

Wednesday Addams (A Família Addams)

Wednesday é uma personagem que vive em uma família repleta de tradições


e valores que se passam de geração em geração. Aqui, aplicamos a Psicologia
Sistêmica e a Terapia Familiar, que estudam a dinâmica das famílias como um sistema
em que todos os membros influenciam uns aos outros.

No caso da Wednesday, ela é moldada por seu ambiente familiar excêntrico e


mantém uma forte identidade própria, mas ao mesmo tempo enfrenta o desafio de
balancear seu desejo de independência com as expectativas familiares. Isso é muito
comum em contextos transgeracionais, onde a identidade de cada membro é
influenciada por um legado familiar único. Em psicologia, a terapia sistêmica trabalha
para que esses indivíduos encontrem sua própria voz sem romper necessariamente
com os laços e valores familiares.

Draculaura (Monster High)

Draculaura é filha do lendário Drácula e vive em uma sociedade onde todos


têm uma herança cultural própria e carregam o peso de ser "diferente" no mundo dos
humanos. Aqui entra a Psicologia do Desenvolvimento e a Identidade Cultural,
abordando o impacto da herança familiar na formação da própria identidade.

Na história de Draculaura, vemos o desafio de equilibrar sua identidade como


vampira com sua vontade de ser aceita. Esse tipo de conflito é muito comum em
processos transgeracionais, especialmente em grupos de minorias culturais. A
psicologia do desenvolvimento nos ajuda a entender como jovens, ao crescerem,

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podem internalizar valores ou traumas dos pais e avós, o que leva a uma constante
luta para equilibrar o passado com suas próprias escolhas.

Elphaba (Wicked)

Elphaba é uma personagem que representa a Psicologia da Exclusão Social e


Preconceito, enfrentando o peso do estigma e da marginalização devido à sua
aparência e aos poderes que possui.

Como uma bruxa verde, ela sofre com a exclusão e o preconceito, temas que
a acompanham e moldam a sua identidade. Psicologicamente, o conceito de exclusão
e marginalização é muitas vezes transmitido de uma geração para outra, onde
traumas e preconceitos internalizados podem influenciar o comportamento futuro. No
caso de Elphaba, a transgeracionalidade está presente na forma como ela luta para
redefinir e desafiar as expectativas da sociedade, um processo que a psicologia vê
como uma tentativa de romper com ciclos de discriminação passados.

Bella Swan (Crepúsculo)

Bella é uma jovem que, em seu relacionamento com Edward, lida com intensas
relações de apego. Aqui, podemos aplicar a Teoria do Apego, que explora como
nossos primeiros vínculos afetivos, muitas vezes dentro do núcleo familiar, influenciam
nossos relacionamentos futuros.

A relação de Bella com Edward e com os vampiros representa um desejo de


conexão e segurança que, em muitos aspectos, pode estar ligado a padrões
familiares. Em um contexto transgeracional, os padrões de apego e a maneira como
entendemos o amor e a intimidade são muitas vezes passados de uma geração para
outra, moldando as expectativas e comportamentos de cada um. A Teoria do Apego,
nesse sentido, é um excelente ponto de partida para entender como os vínculos
formados na infância podem ter repercussões na vida adulta.

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Mavis (Hotel Transilvânia)

Por fim, temos Mavis, filha de Drácula, que tenta equilibrar as expectativas de
seu pai e as tradições de sua família com o desejo de explorar o mundo humano. A
Psicologia da Autonomia e Individuação é a abordagem que melhor explica a trajetória
de Mavis.

A autonomia e a busca pela individuação são processos naturais,


especialmente na juventude, mas podem se tornar mais complicados em famílias com
fortes tradições, como a de Mavis. Drácula representa a tradição e o desejo de
proteger a filha, enquanto Mavis deseja romper essas barreiras para criar uma
identidade própria. Esse processo de individuação é um tema transgeracional típico,
onde a luta por uma identidade única frequentemente envolve superar as expectativas
familiares e criar um caminho próprio.

Em resumo, vemos que esses personagens ilustram de forma clara os desafios


da transgeracionalidade. Eles mostram o impacto das expectativas e traumas
familiares e culturais, e como o legado de uma família pode moldar — ou mesmo
limitar — a formação da identidade. Seja na luta pela independência, como
Wednesday e Mavis, ou na busca por aceitação, como Draculaura e Elphaba, todos
refletem o impacto de padrões transmitidos de geração em geração.

Para nós, psicólogos e estudiosos do comportamento, esses personagens


representam as complexidades que encontramos na vida real ao trabalhar com
pessoas que carregam esses legados. A psicologia tem o papel de ajudar as pessoas
a entenderem e a se libertarem de padrões que não mais lhes servem, permitindo que
encontrem uma nova forma de existir que respeite tanto seu passado quanto sua
individualidade.

3 CONCLUSÃO:

Em virtude dos fatos mencionados é de fundamental importância entender que


a transgeracionalidade é um conceito fundamental para entender a transmissão de
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padrões comportamentais, crenças e traumas ao longo das gerações. Este trabalho
evidenciou a forma como esses padrões são transmitidos e como estes, por sua vez,
acabam afetando o modo de vida e relações sociais dos indivíduos. Essa transmissão
na transgeracionalidade pode perpetuar problemas ou atuar como ponto de partida
para transformações significativas, particularmente quando tratada em contextos
terapêuticos. Portanto, ao tratar a transgeracionalidade de maneira consciente,
proporciona-se a cada geração a oportunidade de aprofundar seu autoconhecimento
e superar padrões restritivos.

4 REFERÊNCIAS:

CAMICIA, Edgmara Giordani; SILVA, Stefany Bischoff da; SCHMIDT, Beatriz.


Abordagem da Transgeracionalidade na Terapia Sistêmica Individual: Um Estudo de
Caso Clínico. Pensando fam., Porto Alegre , v. 20, n. 1, p. 68-82, jul. 2016 .
Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
494X2016000100006&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 08 nov. 2024.

CÍRCULO PSICANALÍTICO DO RIO GRANDE DO SUL. A transgeracionalidade e


suas implicações na psicanálise. Porto Alegre: Círculo Psicanalítico do Rio Grande do
Sul, [data de publicação]. Disponível em: https://www.circulopsicanaliticors.com.br.
Acesso em: 01, novembro, 2024.

BBC BRASIL. Trauma pode ser passado aos filhos geneticamente, diz estudo. BBC,
26 ago. 2015. Disponível em:

16
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/08/150826_trauma_genetico_fn.
Acesso em: 01, novembro, 2024.

REHBEIN, Mauro Pioli ; CHATELARD, Daniela Scheinkman. Transgeracionalidade


psíquica: uma revisão de literatura. Fractal: Revista de Psicologia, 2013. Disponível
em: https://doi.org/10.1590/S1984-02922013000300010 .Acesso em: 24, outubro,
2024.

COMODO, Camila Negreiros, PRETTE, Almir Del ; PRETTE, Zilda Aparecida Pereira
Del. Intergeracionalidade das Habilidades Sociais entre Pais e Filhos Adolescentes.
Psicologia: Teoria e Pesquisa, 2017. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/0102.3772e33311 .Acesso em: 26, outubro, 2024.

ALMEIDA, Maria Emília Sousa. A força do legado transgeracional numa família.


Psicol. teor. prat., São Paulo , v. 10, n. 2, p. 215-230, dez. 2008 . Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
36872008000200017&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 08 nov. 2024.

ALMEIDA, M. E. S.. Uma proposta sobre a transgeracionalidade: o absoluto. Ágora:


Estudos em Teoria Psicanalítica, v. 13, n. 1, p. 93–108, jan. 2010.

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