Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

O Papel da Educação Ambiental no Contexto Escolar e suas Potencialidades para o Desenvolvimento do Estudante..docx

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 17

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO, MEIO
AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE


O PAPEL DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR E
AS SUAS POTENCIALIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DO
ESTUDANTE 1

Pabline De Sousa Canguçu Sandi.


E-mail_do_autor@site_da_conta.com
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás.

Ursula Lopes Vaz.


ursula.vaz@ifg.edu.br
Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás.

Resumo

O papel da Educação Ambiental nas escolas é sensibilizar e transformar pensamentos sobre a


importância da proteção ambiental, promovendo ações sustentáveis. Este estudo, de caráter
bibliográfico, analisou como a rede pública de educação no Brasil integra a Educação Ambiental em
seu currículo. Baseado em autores renomados e documentos oficiais, verificou-se que a Educação
Ambiental é um processo pedagógico contínuo que visa formar estudantes conscientes e críticos. A
escola, através de projetos e debates, desempenha um papel crucial na construção de cidadãos
comprometidos com a preservação da natureza.

Palavras-chave: Educação Ambiental. Âmbito escolar. Rede pública. Preservação.

Abstract

The role of Environmental Education in schools is to raise awareness and transform thinking about the
importance of environmental protection, promoting sustainable actions. This bibliographic study
analyzed how the public education system in Brazil incorporates Environmental Education into its
curriculum. Based on renowned authors and official documents, it was found that Environmental
Education is an ongoing pedagogical process aimed at developing conscious and critical students.
The school, through projects and debates, plays a crucial role in shaping citizens committed to nature
preservation.

Keywords: Environmental education. School scope. Public network. Preservation.

1
Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Especialização em Educação, Meio Ambiente e Sustentabilidade.
2

1 INTRODUÇÃO

Sabe-se que o momento contemporâneo, alicerçado por diferentes fatores


relacionados ao consumismo e capitalismo cooperam com o desenvolvimento de
desafios complexos que causam graves danos ao meio ambiente, promovendo uma
crise planetária tripla, que contém: mudanças no clima, perda da biodiversidade,
bem como da elevação dos poluentes, nos causando uma ameaça existencial.
Desse modo, em uma conjuntura marcada por intensas catástrofes
ambientais e destruição da natureza, torna-se de grande valia discutir, debater e
refletir sobre a Educação Ambiental no cenário escolar tendo como base o seguinte
questionamento:Por que é importante a adoção da Educação Ambiental nas escolas
públicas brasileiras?
Levantada essa problemática, cabe ainda frisar que esse tipo de educação,
seus percursos no território nacional, bem como as políticas basilares precisam ser
observadas com uma visão crítica, analisando cada detalhe da dimensão ambiental
na área escolar. E, a instituição de ensino, realizando um trabalho adequado nesse
aspecto, conseguirá refletir significativamente no processo de desenvolvimento e
mudança do estudante.
Logo, esta pesquisa busca como objetivo geral analisar como a rede pública
de educação no Brasil tem adotado a Educação Ambiental em seu currículo. Já, os
específicos visam: conhecer o conceito de meio ambiente e suas representações;
entender como se desenvolve a Educação Ambiental e seus percursos; mostrar a
imprescindível participação da Educação Ambiental na instituição de ensino.
Discorrer sobre a temática na realidade pedagógica pode possibilitar ao
discente a formação da criticidade, formadores de conceitos que sejam capazes de
propagar práticas positivas que levem a um processo de mudança relevante no atual
cenário vivido. Na área educacional, nota-se que existem consensos sobre a
urgência de problematização das questões ambientais em todas as etapas que
compõem o ensino básico. Sendo assim, entende-se que a Educação Ambiental já é
uma realidade valorizada pelo currículo de maneira transversal, interdisciplinar,
articulando-se a uma gama de conhecimentos, constituição de atitudes e de
sensibilidade ambiental.
Frente a esse debate, por meio do pressuposto de que a Educação
Ambiental, campo integrado à escola, carece ser olhado de maneira interdisciplinar,
3

criando nos estudantes a sensibilização com os assuntos ligados a prestação de


preservação do meio ambiente, incluindo, determinantes culturais, políticos e
sócio-históricos. Nessa totalidade, é notório que o ser humano vive diante de uma
crise planetária, simultânea, com propagação dos desafios, englobando inúmeras
esferas. Isso significa que nunca foram tão perceptíveis os prejuízos causados ao
planeta, possivelmente, podendo ser uma situação irreversível.
Ademais, escolher essa temática partiu da necessidade em conhecer de
maneira aprofundada sobre a importância que a Educação Ambiental apresenta em
sala de aula, sendo ministrada pelos educadores de maneira interdisciplinar e
transversal, assim como preconiza o currículo da rede pública. Portanto, através
dessa cultura acredita-se que novos caminhos de transformação de hábitos e
atitudes poderão contribuir com o desenvolvimento de novos contextos.
A escola apresenta um relevante papel na vida de um ser humano, pois ela
atua no processo de formação de um cidadão, conectando-o com diferentes
conhecimentos, que também se relacionam com as suas vivências pessoais. É no
contexto da sala de aula que muitos alunos conseguem socializar, o que abre
espaço para conhecer a importância do respeito à diversidade e de como se viver
adequadamente com as diferenças.
Sendo assim, a Educação Ambiental também pode ser integrada à realidade
dos estudantes, principalmente aos que fazem parte da rede pública, âmbito que
requer atenção e investimento por parte do Estado. O currículo da educação básica
já adota a Educação Ambiental como uma de suas temáticas, o que permite aos
docentes desenvolverem alunos críticos, reflexivos e formadores de conceitos que
permitem a mudança de hábito e o reconhecimento das necessidades ambientais.
Quando desenvolvida com excelência, a Educação Ambiental tem a chance
de formar não somente discentes sábios em sala de aula, mas cidadãos coerentes,
responsáveis para viver em sociedade, influenciando novas pessoas, propagando
práticas, atitudes, sensibilizações, enfim, transformando valores, sendo capazes de
identificar e a questionar os problemas envolvendo o meio ambiente e a sociedade.
4

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A Educação Ambiental é um tema essencial e cada vez mais presente no


currículo da educação básica nacional. Sendo assim, este referencial teórico tem a
função de mostrar de maneira aprofundada como essa área tem sido promovida no
espaço escolar, especialmente na rede pública. A grande parte das pessoas possui
uma concepção limitada quando se trata do “meio ambiente”, contendo um olhar
singular, atrelado apenas ao campo ecológico, biológico ou geográfico. Por
conseguinte, o ser humano acaba esquecido, excluído desse contexto e de sua
convivência com a natureza. Por isso, existem múltiplos conceitos e definições de
meio ambiente, que variam conforme a diversidade sociocultural.

2.1 Conceitos e concepções acerca do meio ambiente

É indispensável destacar que o conceito de meio ambiente continuamente


aborda uma forte relação intrínseca ao próprio ambiente em que os indivíduos estão
englobados, relacionando todos os elementos químicos e físicos suscetíveis às
mudanças, possibilitando ao homem a sua sobrevivência. Por isso, nota-se que é no
meio ambiente que as pessoas promovem interações harmônicas com todos os
hábitos de vida. Todavia, a sociedade compreende o meio como uma espécie de
espaço exploratório, sem expressar algum tipo de notoriedade à sustentabilidade.
(SATO, 2003).
Para Sato (2003), o entendimento de ambiente é indispensável quando se
trata do processo de constituição e de desenvolvimento de comportamentos e
valores no âmbito escolar, porque na compreensão da visão ambiental dos sujeitos
sociais é possível identificar elementos conexos às relações entre o homem, a
natureza e a sociedade. Destarte, a percepção ambiental orienta trajetos que levam
a construção de metodologias adequadas para serem utilizadas em espaços
diversos, como é o caso do campo pedagógico e é de suma importância para
entender as interações e hábitos, que orientam no processo de formação de
políticas públicas e projetos focados na mobilização ambiental.
5

Há uma diversidade de conceitos e designações acerca do meio ambiente,


dependendo do contexto cultural, etnia e do local em que habita. Desse modo, a
característica apresentada a seguir incide da concepção do teórico Marcos Reigota
(2016), que destaca essa terminologia, como:

[...] meio ambiente como: um lugar determinado e/ ou percebido onde estão


em relação dinâmica e em constante interação os aspectos naturais e
sociais. Essas relações acarretam processos de criação cultural e
tecnológica e processos históricos e políticos de transformações da
natureza e da sociedade (REIGOTA, 2016, p.36).

Logo, entende-se que o meio ambiente se constitui por determinantes vivos


ou não, presentes no mundo terrestre, que se relacionam entre si, movimentando-se
em um constante equilíbrio benéfico. Entretanto, nota-se que entre alguns
pensadores e especialistas da área ambiental que não há um significado único que
se relacione ao meio ambiente, porque existe um entendimento ambiental
manifestado através das variedades culturais e individuais (REIGOTA, 2016).
Além disso, é crucial reconhecer que certos valores devem estar ligados ao
meio ambiente, considerando a influência das ações humanas sobre ele. Nesse
contexto, a Lei nº 6.938/81, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente
(PNMA), define, no artigo 3º, o meio ambiente como "o conjunto de condições, leis,
influências e infraestrutura de ordem física, química e biológica, que permite, abriga
e rege a vida em todas as suas formas" (BRASIL, 1981, p. 01).
Mais adiante, observa-se que a Constituição Federal de 1988 no Brasil,
abordou a temática de maneira ampla, criando um capítulo peculiar em se tratando
dela, tratando o meio ambiente em inúmeros dispositivos, como é o caso do artigo
225, que frisa ser fundamental promover um:

[...] meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo


e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações. (BRASIL, s/p. 1998).

Em função disso, os regulamentos e leis foram adaptados segundo


especificidades próprias de cada território com uma concepção distinta sobre o meio
ambiente, sua conservação e até mesmo formas de proteção. Em relação a essa
proteção da diversidade biológica, nas últimas décadas existiram significativas
evoluções no plano legislativo, no entanto, na prática não conquistaram êxito. Como
6

exemplo dessa situação, podem ser mencionados os elevados índices de


desmatamento no país, principalmente nas regiões centro-oeste e norte, tudo isso
visando lucro em prol do agronegócio. (BRASIL, 1988).
Nota-se que existe uma intensa incapacidade de cumprir todos os
documentos normativos estipulados no Brasil, deixando a nação como centro na
disputa como um dos maiores destruidores de florestas tropicais do mundo. O que a
Constituição Federal criou foram plenos direitos essenciais para a promoção da
proteção ambiental, destacando o Estado, bem como a sociedade como
responsáveis pela preservação do meio ambiente e de um desenvolvimento
sustentável. No entanto, com uma estrutura ainda em desenvolvimento. (CONDE,
2016).
Conforme Migliari (2001, p.40), a concepção de meio ambiente pode ser vista
como a:

Integração e a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais,


culturais e do trabalho que propiciem o desenvolvimento equilibrado de
todas as formas, sem exceções. Logo, não haverá um ambiente sadio
quando não se elevar, ao mais alto grau de excelência, a qualidade da
integração e da interação desse conjunto.

Embora a legislação brasileira não aborde diretamente certos aspectos


sociais relacionados ao meio ambiente, ela ampliou significativamente o conceito
dessa área, integrando-a à natureza de forma interativa. Essa abordagem
proporcionou uma visão abrangente, onde cada elemento ambiental passou a ser
reconhecido de maneira interconectada.

Como observa Capra (1988), essa perspectiva está alinhada com o entendimento
sistêmico da ciência moderna, como na física quântica, que vê o universo como uma
rede de relações interligadas. Assim, Sato (2002, p.12) afirma que não existem
visões absolutamente corretas ou erradas, mas diferentes concepções sobre o
mundo, que podem dialogar e se complementar, dependendo da ação e reflexão
envolvidas.

2.2 A promoção da educação ambiental em sala de aula


7

Entende-se que o espaço escolar é um âmbito em que os alunos continuam o


seu processo socializador, onde se encontra presente na comunidade, sendo uma
parte da entrega de valores para essa sociedade. Desse modo, é pertinente
destacar a importância da Educação Ambiental na instituição de ensino, uma vez
que, atitudes sustentáveis precisam ser promovidas e consequentemente
transcendidas na prática do dia a dia, resultando na transformação consciente pelo
êxito das futuras gerações. (SATO, 2002).
Ainda referindo-se a Educação Ambiental na sala de aula, é imprescindível
apresentar um entendimento de meio ambiente em que o indivíduo e a natureza
possuem um vínculo de interdependência e que a área seja vista como um espaço
de convivência equilibrado, levando-se em consideração a realidade local. Diante
desse cenário, compreende-se que a designação de representação social incidiu na
sociologia e na antropologia, por meio das pesquisas efetivadas do pensador
Durkhein e de Lévi-Bruhl, o que influenciou o estudo teórico de Piaget frente às
representações infantis e na base do desenvolvimento cultural defendida por
Vigotsky. (REIGOTA, 2010).
Para Reigota (2010, p. 67), foi essencial a cooperação de Durkhein para o
entendimento de como a representação social influencia na tomada de decisão
individual do ser humano de maneira coletiva, porque incide da base que enfatiza
que “as sociedades agem sobre seus indivíduos independentemente da vontade
destes”. Desse modo, o teórico destacava essa ação como uma espécie de
representação coletiva, sendo apenas mais tarde adotado por outros pesquisadores
da área como representações sociais. (REIGOTA, 2010). Portanto, essas
representações podem ser percebidas ao longo dos diálogos espontâneos, em que
o conhecimento popular e o senso comum são concretizados, expressados no dia a
dia. Além disso, podem ficar evidenciados através das atitudes ideológicas e
religiosas.
Em decorrência desses contextos, a representação social tem base
fundamentada nas pesquisas envolvendo a Educação Ambiental, na função de
promover a captação do entendimento de meio ambiente, possibilitando práticas que
consigam se aproximar do contexto real de forma concreta, portanto pode-se
concluir que:

A representação social do meio ambiente reflete uma ideologia dominante


influenciada por uma análise conjuntural, envolvendo a classe social, a
8

religião, o trabalho, a escola dentre tantos outros espaços em que as


pessoas reproduzem o que aprendem ou o que consideram importante para
si e são construídas e disseminadas por meio da convivência com outros
sujeitos e é nesse processo que se estabelece o senso comum, uma
variável importante na definição das representações sociais (PAULA, 2023,
p. 20).

Entende-se que a Educação Ambiental pode ser concebida como um


processo em que o aluno tem a oportunidade de conquistar diferentes
conhecimentos sobre as questões ambientais, onde ele começa a criar novos
hábitos e consciência equilibrada, podendo tornar-se um agente transformador.
Essas questões encontram-se constantemente presentes no dia a dia social,
todavia, a Educação Ambiental é crucial em todas as etapas do processo educativo,
iniciando-se nas séries iniciais. (PAULA, 2023).
Sendo assim, a temática também se encontra nos Parâmetros Curriculares
Nacionais do MEC, o que representa um grande êxito para o âmbito escolar, pois ele
ganhou diante disso uma política pública, que deve ser respeitada no Brasil. Logo, a
lei n° 9.795/99, determina que a Educação Ambiental seja reconhecida como um
componente importante, permeando a educação brasileira, perpassando por todas
as turmas e níveis, como um assunto transversal, envolvendo todos os profissionais
da escola, atuando de maneira ativa, responsável e interativa. Podendo estar
presente com mais profundidade, no Projeto Político Pedagógico (PPP).

Art. 10 A educação ambiental será desenvolvida como uma prática


educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e
modalidades do ensino formal. § 1º A educação ambiental não deve ser
implantada como disciplina específica no currículo de ensino. § 2º Nos
cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto
metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é
facultada a criação de disciplina específica. § 3º Nos cursos de formação e
especialização técnico-profissional, em todos os níveis, deve ser
incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades
profissionais a serem desenvolvidas. (BRASIL, 1999).

É válido ainda ressaltar que em 2012 foram criadas algumas Diretrizes


Nacionais para a Educação Ambiental (DCNEA), visando um entendimento
amplificado sobre a promoção do assunto trabalhado em sala de aula, em que:
9

[...] o atributo ‘ambiental’ na tradição da Educação Ambiental brasileira e


latino-americana não é empregado para especificar um tipo de educação,
mas se constitui em elemento estruturante que demarca um campo político
de valores e práticas, mobilizando atores sociais comprometidos com a
prática político-pedagógica transformadora e emancipatória capaz de
promover a ética e a cidadania ambiental; O reconhecimento do papel
transformador e emancipatório da Educação Ambiental torna-se cada vez
mais visível diante do atual contexto nacional e mundial em que a
preocupação com as mudanças climáticas, a degradação da natureza, a
redução da biodiversidade, os riscos socioambientais locais e globais, as
necessidades planetárias, evidencia-se na prática social. (BRASIL, 2012c).

Por isso, é formidável complementar que a Educação Ambiental,


particularmente em seus artigos 3° e 5° destinam-se:

Art. 3º [...] à construção de conhecimentos, ao desenvolvimento de


habilidades, atitudes e valores sociais, ao cuidado com a comunidade de
vida, a justiça e a equidade socioambiental, e a proteção do meio ambiente
natural e construído; Art. 4º [...] é construída com responsabilidade cidadã,
na reciprocidade das relações dos seres humanos entre si e com a
natureza; Art. 5º [...] não é atividade neutra, pois envolve valores,
interesses, visões de mundo e, desse modo, deve assumir na prática
educativa, de forma articulada e interdependente, as suas dimensões
política e pedagógica. (BRASIL, 2012).

Mas, vale ressalvar que a Educação Ambiental não pode ser tratada como
uma disciplina, mesmo incluída no currículo das escolas e no processo de formação
dos educadores, que precisam ser capacitados para trabalhar de maneira
significativa com seus alunos. As escolas possuem autonomia para trabalhar com
diferentes assuntos relacionados ao meio ambiente, mas sem perder o contexto
transversal que preconiza a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB
93.94/96) e outros normativos importantes, que destacam sobre as aulas e projetos.
(BRASIL, 2003).
Observa-se que há uma gama de projetos e atividades na área escolar que
conseguem promover êxito no processo de formação de um educando, Essa
realidade também faz parte da rede pública e pode ser encontrada em diferentes
materiais teóricos disponibilizados digitalmente. A primeira iniciativa averiguada
desenvolve a Educação Ambiental por meio de metodologias ativas, ou seja, ensina
ao estudante a aprender de maneira autônoma e participativa dentro e fora da sala
de aula. Sendo assim, o projeto “Escola e comunidade: preservando o ambiente em
10

que vivemos”, criado pela Escola Municipal Olavo Bilac, localizada no Paraná, em
Foz do Iguaçu.
Conforme Backes e Melo (2023), o trabalho desenvolvido por essa importante
instituição de ensino teve como base a conscientização e o trabalho coletivo, o que
nasceu de inúmeros debates tendo como pauta a importância da preservação do
meio ambiente, composto por educandos, educadores e da comunidade residente
nas proximidades da escola.

Tudo começou com a reciclagem de papéis na sala dos professores. Ali, os


alunos aprenderam a produzir papel reciclado utilizando o liquidificador
industrial da escola, com apoio de telas para moldar, também feitas de
material totalmente reciclável. Esse projeto contou com diferentes ações
como palestras educativas, Mostra Cultural, arrecadação e doação de livros,
além da criação de uma horta – que serviu de subsídio para um almoço com
as famílias. (BACKES, MELO, 2023, p. 1).

A segunda iniciativa partiu da participação efetivada entre a Secretaria de


Educação e a do Meio Ambiente, no estado do Rio de Janeiro, especificamente na
cidade de Valença, pois a mesma é constituída por 38 escolas. Um dos principais
objetivos desse projeto visou estimular, bem como realizar a promoção de
conhecimentos, destacando a relevância da participação individual e coletiva para
desencadear a proteção, o respeito e a melhoria da qualidade do meio ambiente em
se tratando da situação local da região.

Para este projeto foi proposto uma metodologia participativa, através da


realização de reuniões entre a equipe proponente do projeto visando à
apropriação do conhecimento e do envolvimento de todos. De maneira geral
dividiu-se o projeto em planejamento e implementação. Para atender os
objetivos propostos, foram aplicadas exposições utilizando-se palestras e
vídeos. Com o intuito de levar à unidade escolar e à comunidade,
conhecimentos básicos sobre cidadania e meio ambiente, foram procurados
diferentes órgãos que estimulem os direitos de cada indivíduo na sociedade.
Dentre eles, pode-se citar o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, Instituto Estadual do Ambiente -
Inea, Secretaria de Meio Ambiente, Polícia Florestal, Corpo de Bombeiros e
Vigilância Sanitária. (CUNHA, 2016, p. 2).

Diante disso, todos foram beneficiados: gestores, professores, alunos, pais e


as comunidades presentes em Valença, no Rio de Janeiro, porque tiveram acesso
às iniciativas que consequentemente permanecerão por muitos anos, replicados em
várias gerações.
11

Já, a terceira atividade envolvendo o assunto aqui apresentado desenvolve-se


no estado do Reio Grande do Sul. A Escola Estadual de Ensino Fundamental Miguel
Wawruch, no município de Barão de Cotegipe. As ações constituintes desse
fundamental projeto prezaram pela conscientização dos estudantes, das famílias e
também da comunidade em geral, focando-se na significância da produção de
hortas orgânicas. Os alimentos produzidos eram utilizados durante a alimentação
escolar e quando sobrava cada aluno poderia levar aquela hortaliça para sua casa.
(WENCZENOVICZ, ZAGONEL, 2021).

A educação pode cumprir a tarefa de garantir a todas as pessoas o direito


de desfrutar de um ambiente saudável. Assim, uma das formas de melhorar
a situação em que se encontra o ambiente, é a aplicação de atividades de
Educação Ambiental dentro das escolas, onde possibilita o desenvolvimento
da criticidade, do conhecimento e da proatividade na construção de uma
sociedade melhor para todos. (Wenczenovicz, Zagonel, 2021, p. 427).

Ademais, observa-se que promover a Educação Ambiental nas escolas,


principalmente da rede público, em que há ausência de cursos didáticos e
estruturais, como tema transversal não é uma ação fácil, porque há inúmeros
desafios que incidem desde o processo de organização e planejamento, o
funcionamento escolar, a construção do currículo pedagógico, as ações e a
formação docente dos educadores que atuam nessa área.

Primeiramente se destaca a urgência da qualificação inicial do pessoal


escolar (pedagogos, diretores, docentes) em relação à EA, assim como da
intensificação de programas de qualificação continuada, em vista de uma
fundamentação teórico-metodológica aprofundada e atualizada de EA, para
que as práticas de ensinar e de aprender se tornem mais proveitosas, em
termos de reflexões e ações referentes ao meio ambiente; para isso, há
necessidade de que os profissionais da educação tenham informações e
acesso aos eventos e cursos de EA e que esse tema seja abordado como
disciplina específica nos cursos de Pedagogia. (WOJCIECHOESKI, 2006,
p.122-123).

Contudo, mesmo diante dessas e outras barreiras é fundamental que as


escolas induzam os discentes a terem uma visão consciente e crítica. É crucial a
função da Educação Ambiental dentro desses locais, pois a instituição de ensino tem
o poder de atuar no processo de formação do ser humano, transformando vidas e
mudando hábitos. Sempre mostrando que os ensinamentos teóricos precisam ser
executados na prática, principalmente fora dos portões da escola. Freire (1987),
ainda complementa que o professor deve atuar na promoção do despertar de cada
12

aluno, evidenciando a ele que os problemas que impactam o meio ambiente estão
ao redor, ausentes de transformação.

3 METODOLOGIA

O estudo foi conduzido através de uma revisão de literatura sistemática,


seguindo os critérios estabelecidos por Fonseca (2002). Utilizaram-se ferramentas
de busca como Google Acadêmico para identificar artigos sobre o papel da
educação ambiental no contexto escolar e as suas potencialidades para o
desenvolvimento do estudante. A pesquisa ocorreu entre junho e agosto de 2024,
com os documentos selecionados sendo organizados para análise e elaboração do
trabalho.
O processo de seleção de estudos envolveu uma triagem inicial e secundária
dos textos, seguida por uma análise detalhada. A análise qualitativa foi realizada por
meio de síntese narrativa, agrupando dados em categorias temáticas e interpretando
os resultados. A revisão e validação dos achados foram feitas por pares, e o
relatório final foi estruturado conforme as normas de um artigo científico,
assegurando uma análise rigorosa e abrangente dos impactos do endividamento.

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

Ao longo do estudo, identificou-se uma vasta gama de barreiras que dificultam


a implementação eficaz da Educação Ambiental nas escolas, particularmente no
contexto das escolas públicas brasileiras (SOUZA; COSTA; MATTOS, 2023).
Essas barreiras incluem, mas não se limitam a, desafios na integração da
Educação Ambiental ao currículo escolar, a escassez de tempo dedicado ao tema, e
a falta de recursos adequados para a sua prática efetiva. Esses fatores revelam um
panorama complexo que exige uma intervenção estratégica e multifacetada para
superar os obstáculos identificados (SOUZA; COSTA; MATTOS, 2023).
13

A análise dos dados coletados, tanto na literatura quanto em observações


práticas, evidencia que a falta de tempo e de apoio institucional são fatores cruciais
que comprometem a concretização de projetos de Educação Ambiental. A limitação
temporal dentro do cronograma escolar frequentemente leva à superficialidade no
tratamento de temas ambientais, o que impede o desenvolvimento de uma
compreensão profunda e crítica por parte dos alunos (AUTOR, ANO).
Além disso, a falta de recursos didáticos específicos e a escassez de
formação continuada para os educadores também emergem como barreiras
significativas, restringindo a capacidade dos professores de incorporar práticas de
Educação Ambiental em suas aulas de maneira significativa.
Perante esse cenário, o estudo revela a necessidade urgente de uma
reestruturação curricular que permita a inclusão da Educação Ambiental de forma
integrada e contínua. Além disso, há uma evidente demanda por políticas
educacionais que incentivem a formação contínua de professores, capacitando-os
para atuar como agentes de mudança no que se refere à conscientização ambiental
(FEITOZA, 2023).
Nunes e Silva (2023) afirmam que a presença de aulas dinâmicas e o uso de
jogos são essenciais para envolver crianças com TDAH no processo de
ensino-aprendizagem, tornando as aulas mais criativas e estimulantes. Porém,
muitas escolas carecem de acesso a recursos didáticos dinâmicos.
A conjuntura global atual, marcada por crises ambientais de proporções sem
precedentes, exige uma resposta ativa e informada por parte dos cidadãos,
começando pelo ambiente escolar. A literatura analisada reforça que a Educação
Ambiental é um elemento fundamental na construção de uma sociedade mais
consciente e responsável, capaz de reverter os danos ambientais e promover a
sustentabilidade. A preservação do meio ambiente e a promoção de uma cultura de
sustentabilidade dependem diretamente da formação de cidadãos críticos e
engajados, papel esse que recai, em grande parte, sobre as instituições
educacionais (SOARES, 2023).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
14

Observa-se que em decorrência dos mais diferentes contextos


contemporâneos sobre o meio ambiente em um mundo que expressa com urgência
à necessidade de uma Educação Ambiental que atue em prol da construção de
educandos conscientes e críticos é notória perceber a relevância de sua adoção nos
currículos institucionais, bem como na sociedade geral. É perceptível as
consequências que uma Educação Ambiental organizada adequadamente
dissemina na sociedade, e, por conseguinte, é provável que se na fase infantil o
indivíduo desempenhe práticas conscientes, também irão executa-las quando
estiverem vivenciando outras etapas de sua vida.
Logo, entende-se que em virtude da caótica circunstância em que se vive, da
complexidade das problemáticas do momento atual e de uma expectativa de
momentos futuros incertos, assinalando constantemente o agravo dos desafios
mundiais, a Educação Ambiental apresenta uma função relevante nessa conjuntura
histórica que consegue gerar inúmeras barreiras socioambientais simultâneas.
Ademais, a grande crise presente no meio ambiente desencadeada do modelo
econômico insustentável que domina o homem, provocando injustiça social, se não
transformada rapidamente poderá levar a destruição humana, sujeito que muitas
vezes não consegue entender a dependência que possui de um habitat de
qualidade.
Torna-se perceptível que uma sociedade sustentável se concretiza somente
numa realidade caracterizada como utópica e que analisando toda a trajetória da
Educação Ambiental pode-se observar que jamais se debateu com frequência sobre
essa temática, como também causou diferentes catástrofes, contradizendo teorias e
normativos. Sendo assim, nota-se o quanto a Educação Ambiental pode cooperar
fortemente para uma mudança expressiva nas relações sociais, bem como no meio
ambiente frente a essa conjuntura de um dano expansivo. Nesta ocasião, o ser
humano não só precisa participar como também interferir em todo o contexto
ambiental de maneira questionável e crítica.
Dessa maneira, observando o rol de áreas presentes em uma escola é
possível compreender que a Educação Ambiental deve integrar-se em variados
aspectos pedagógicos, englobando o meio ambiente como um assunto contínuo e
principalmente transversal, enfatizando esse vínculo humano e a natureza que é
concomitante, existindo uma comunicação entre todos os campos com a pretensão
de conquistar estratégias e melhorias para situações desafiadoras. Destarte, é
15

fundamental que o estudante participe ativamente como cidadão, priorizando o seu


dia a dia, envolvendo-se com consciência e responsabilidade nas questões globais.
Portanto, a Educação Ambiental tem se mostrado uma grande exigência na
esfera escolar de maneira global, promovendo atenção e holofotes para um assunto
que não é novo, porém, necessário. Por isso, ao reconfigurar processos
pedagógicos, percebe-se que há chances concretas para solucionar determinados
problemas ambientais, colaborando com a existência de contextos saudáveis para
se viver.
Assim, as ações e princípios voltados para a Educação Ambiental promovem
debates que ajudam a construir trajetórias em prol do meio ambiente. Nesse
contexto, a escola se torna um espaço ideal para a promoção de práticas
educativas, capazes de desenvolver ferramentas didáticas que incentivem os alunos
a intervir e contribuir para uma realidade mais saudável, respeitando o ambiente ao
seu redor.

REFERÊNCIAS

BACKES, Deise Carina. MELO, Jaqueline Priscila L. Projeto de educação


ambiental usa metodologias ativas para sensibilizar os estudantes. Prêmio
Professor PORVIR, Inovação em Educação: 2023. Disponível em:
<https://porvir.org/educacao-ambiental-ensino-fundamental-1/> Acesso em
10/07/2024.
BRASIL. Constituição de 1988. Constituição da República Federativa do Brasil.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988.
_______. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre Educação Ambiental e
institui a Política Nacional de Educação Ambiental, e dá outras providências. Diário
Oficial da União, Brasília, 28 abr. 1999.
________. Ministério da Educação e do Desporto. A implantação da Educação
Ambiental no Brasil. Brasília, DF: CGEA: Secad: MEC, 1998a.
_________. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer
CNE/CP nº 14, de 6 de junho de 2012. Institui as Diretrizes Curriculares para a
Educação Ambiental. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15 jun. 2012b.
_________. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução
CNE/CP nº 2, de 15 de junho de 2012. Estabelece as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Ambiental. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 jun.
2012c.
16

CAPRA, F. O Ponto de Mutação. 3 ed. São Paulo: Círculo do Livro, 1988.


CONDE, Ivo Batista. Ciências Biológicas: Educação Ambiental na Escola. Editora
UECE. Fortaleza, Ceará, 2016.
CUNHA, Vagner Luiz C. Projeto de Educação Ambiental 2014. CBH Médio
Paraíba: 2014. Disponível em:
<https://www.cbhmedioparaiba.org.br/conteudo/projeto-educacao-ambiental-2014.pd
f> Acesso em 10/07/2024.
FEITOZA, D. M. A. Pesquisas e saberes em Educação. Editora Licuri, p. 1-233,
2023.
FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002.
Apostila.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1987.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2008.
MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento. Pesquisa qualitativa em saúde.
São Paulo: HUCITEC, 2007.
MIGLIARI JUNIOR, A. Crimes Ambientais. São Paulo: Lex Editora, 2001.
NUNES, L. A.; SILVA, J. D. JOGOS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA ALUNOS
SURDOS. DIÁLOGOS INTERDISCIPLINARES 7, p. 266, 2023.
PAULA, Elissandra de. Educação ambiental na escola e as suas potencialidades
para a formação cidadã. TCC (Gradução). Instituto Federal Do Espírito Santo.
Colatina-Es. Disponível em:
<https://repositorio.ifes.edu.br/bitstream/handle/123456789/3372/MONOGRAFIA_ed
uca%c3%a7%c3%a3o_ambiental_escolar_forma%c3%a7%c3%a3o_cidad%c3%a3.
pdf?sequence=1&isAllowed=y> Acesso em 01/04/2024.
REIGOTA, Marcos. O que é Educação Ambiental. Editora brasiliense. São Paulo,
dezembro de 2016.
_________. Meio Ambiente e Representação Social. 8ed. São Paulo: Cortez,
2010.
SATO, Michèle. Apaixonadamente Pesquisadora em Educação Ambiental. In:
Educação Teoria e Prática, Rio Claro, v. 9, n. 16/17, 2001. (bibliografia revista em
fevereiro/2003).
__________. Educação Ambiental. São Carlos: Rima, 2002.
SOARES, Italo José Dias. Proposta de um sistema de coleta seletiva dos
resíduos sólidos gerados na UFCG, Campus de Pombal-PB. 2023. 79 f. Trabalho
de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia Ambiental) - Centro de
Ciências e Tecnologia Agroalimentar, Universidade Federal de Campina Grande,
Pombal, Paraíba, Brasil, 2023.
17

SOUZA, F. I., COSTA, D. R., & MATTOS, S. H. A inserção da Educação Ambiental


(EA) no ambiente escolar: Estratégia de promoção para a sustentabilidade. Revista
Expressão Católica, v. 12, n. 1, 18-25, 2023.
WENCZENOVICZ, T.J.,ZAGONEL, J.M. | Educação ambiental no contexto
escolar: projetos ambientais de escolas públicas estaduais da 15ª CRE de
Erechim/RS. Revista Ambiente & Educação | v. 26 | n. 1 | 2021.
WOJCIECHOWSKI, T. Projetos de educação ambiental no primeiro e no
segundo ciclo do ensino fundamental: Problemas socioambientais no entorno de
escolas municipais de Curitiba, Curitiba, 2006.

Você também pode gostar