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Alegações Finais MP - Juri Simulado

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE XXX

Processo nº XXX

O Ministério Público, por meio do Promotor de


Justiça que ao final subscreve, vem apresentar suas alegações finais nos autos do processo em
epígrafe, em que se encontram denunciados Antônia, Mévio, Tício, pela prática dos crimes de
homicídio triplamente qualificado, associação criminosa e corrupção de menores, todos
previstos no Código Penal Brasileiro.

I - DOS FATOS

Após o recebimento da denúncia os réus foram citados e ofereceram resposta à


acusação. O processo seguiu seu trâmite regular e teve início a instrução com a realização de
audiência. Durante a audiência, foram ouvidas as testemunhas arroladas pelo Ministério
Público. Ao final da instrução, os réus foram interrogados e a oitiva foi encerrada.

A materialidade delitiva restou comprovada através do Auto de Exibição e Apreensão e


do Laudo de Exames de Necrópsia. A autoria do crime que vitimou a Senhora JUDITE, também
conhecida como DONA JUJU, que na época tinha 71 anos, conforme documento anexado à fl.
XX dos autos, foi comprovada pelos elementos colhidos desde as investigações policiais. Esses
elementos foram confirmados na instrução processual, sendo suficientes para ensejar a
condenação de ANTÔNIA, MÉVIO e TÍCIO.

Conforme consta nos autos, em um plano arquitetado por Antônia, a mesma contratou
Claudite para encontrar alguém que pudesse matar Judite, idosa de 72 anos, que havia lhe
emprestado uma quantia em dinheiro que não poderia pagar. Claudite então contatou Mévio,
que se prontificou a matar Judite mediante o pagamento de R$ 350,00 e as joias que pudesse
roubar de Antônia no momento do assassinato. Para executar o plano, Mévio solicitou a ajuda
de Tício e de um menor de idade, cujo nome está sob segredo de justiça.

No dia dos fatos, Antônia e Claudite levaram os três rapazes contratados para um local
ermo, com o intuito de forjar um assalto e assassinar Judite. Quando chegaram no local
combinado, Antônia e Claudite levaram Judite até o carro e a convenceram a ir com elas até
uma agência bancária, a fim de que Antônia pudesse pegar o dinheiro para pagar a dívida com
a vítima.

No caminho, Antônia e Claudite pararam em um local ermo, onde Mévio, Tício e o


menor de idade aguardavam para executar o plano. Durante o falso assalto, Judite foi retirada
do carro e recebeu várias facadas, desferidas por Mévio e pelo menor de idade. Após
subtraírem as joias de Judite, os acusados fugiram do local, deixando a vítima agonizando de
dor. Ainda conforme restou provado nos autos, Antônia e Claudite foram cúmplices na
execução do plano, tendo participado ativamente na elaboração e execução do crime.

II - DA MATERIALIDADE E AUTORIA DOS FATOS

A materialidade dos crimes de homicídio triplamente qualificado, associação criminosa


e corrupção de menores, foram cabalmente comprovados nos autos do presente processo,
através dos depoimentos das testemunhas, da perícia realizada no local do crime e dos laudos
cadavéricos que atestaram as causas da morte da vítima.

A autoria dos crimes em questão restou devidamente comprovada pelos depoimentos


das testemunhas, principalmente de Claudite, que confirmou a participação de Antônia no
planejamento da emboscada, motivado pela dívida que a ré tinha com a vítima. Claudite
também confirmou ter contratado Mévio, Tício e Josaldo para simularem um assalto e
cometerem o homicídio, a fim de extinguir a dívida.

Apesar dos réus Mévio e Tício terem alegado durante depoimento que foram
contratados para realizarem um assalto, o depoimento de Claudite e as provas documentais
constantes no Autos do processo demonstram claramente que o objetivo era cometer o
homicídio. Já Antônia, em depoimento, afirmou que o plano de emboscada partiu dela,
demonstrando claramente premeditação e emboscada.

O enfermeiro que atendeu a vítima no hospital confirmou a participação dos réus e a


preocupação de Judite com a amiga Antônia, repetindo a frase “Onde está minha amiga
Antônia, levaram ela em um carro prata!”.

Dos depoimentos dos policiais, infere-se que eles se dirigiram até a residência de
ANTÔNIA após tomarem conhecimento de que a vítima havia mencionado que ela estava
presente no momento do crime. Nessa ocasião, a acusada acabou por confessar que planejou
o delito e corrompeu a sua sobrinha CLAUDITE para que contratasse os autores materiais para
executarem o plano criminoso. ANTÔNIA descreveu para os policiais como ocorreu o
planejamento, a contratação dos autores imediatos e a própria execução do delito, indicando
coautores MÉVIO, TÍCIO e o menor XXXXXXX. Os policiais também disseram que, após a
confissão de ANTÔNIA, empreenderam diligências e conseguiram encontrar os anéis subtraídos
da vítima na casa de MÉVIO, que confirmou ter sido contratado por ANTÔNIA e CLAUDITE para
assassinar a vítima, e que ela possuía anéis e dinheiro a serem subtraídos. Além disso, as joias
e semijoias encontradas em posse dos réus foram reconhecidas pelo marido de Antônia.

Não há testemunhas além de Claudite na hora do assassinato, mas as provas


documentais e os depoimentos confirmam a participação de Antônia, Mévio e Tício nos crimes
de homicídio triplamente qualificado, associação criminosa e corrupção de menores.

III - DO DIREITO

Conforme o Art. 121, §2º, incisos II, III e IV do Código Penal Brasileiro, a pena para o
crime de homicídio pode ser aumentada em até um terço quando o crime for cometido por
motivo fútil, mediante paga ou promessa de recompensa, ou ainda mediante traição,
dissimulação, ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima.

No presente caso, os réus Mévio e Tício confessaram ter sido contratados para cometer
o crime de homicídio contra a vítima Judite, mediante paga realizada por Antônia, que foi a
responsável por planejar a emboscada. Tal fato demonstra claramente que a motivação para o
crime foi de natureza fútil, uma vez que se tratou de um assassinato encomendado com o
objetivo de extinguir uma dívida.

Além disso, as circunstâncias do crime revelam dissimulação e recurso que dificultou a


defesa da vítima, tendo em vista que os réus simularam um assalto para concretizar a
emboscada. Portanto, considerando que se enquadram nos incisos II, III e IV do Art. 121, §2º
do Código Penal Brasileiro, entende-se que os réus Mévio e Tício devem ser condenados pelos
crimes de homicídio triplamente qualificado, associação criminosa e corrupção de menores.

Com relação à ré Antônia, sua conduta se enquadra nos termos do Art. 29 do Código
Penal Brasileiro, que prevê a responsabilidade penal dos coautores e dos partícipes de um
crime. Ao ter contratado os réus Mévio e Tício para a prática do crime de homicídio, bem como
por ter planejado a emboscada, Antônia se tornou coautora do delito. Dessa forma, deve ser
condenada pelos mesmos crimes de homicídio triplamente qualificado, associação criminosa e
corrupção de menores, nos termos dos incisos II, III e IV do Art. 121, §2º do Código Penal
Brasileiro.

Por fim, considerando que o crime de homicídio triplamente qualificado possui pena
prevista de 12 a 30 anos de reclusão, entende-se que a pena aplicável aos réus Mévio e Tício e
à ré Antônia deve ser fixada em patamar superior ao mínimo legal, devido à gravidade do
delito e às circunstâncias em que foi praticado.

No presente caso, é cabível a aplicação do instituto da continuidade delitiva, previsto


no artigo 71 do Código Penal Brasileiro. Os réus Antônia, Mévio e Tício agiram em uma mesma
linha de conduta, com o objetivo de executar a vítima e cometer o crime de roubo. Além disso,
as ações criminosas foram praticadas em momentos distintos, porém próximos no tempo,
demonstrando a continuidade da atividade delituosa. Dessa forma, deve-se considerar a
continuidade delitiva para fins de dosimetria da pena dos réus.

IV - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, com base no conjunto probatório dos autos, requer a Vossa Excelência:

1. A condenação dos réus ANTÔNIA MARIA LEONAD RIBEIRO GOMES, MÉVIO RICARDO DE
ASSIS SENSANTO e TÍCIO ANUNCIAÇÃO BRAGANÇA, pela prática dos crimes de homicídio
qualificado (art. 121, § 2º, incisos III, IV e V, do Código Penal), roubo qualificado (art. 157, §
2º, incisos II, III e IV, do Código Penal) e associação criminosa (art. 288, do Código Penal),
em concurso material (art. 69, do Código Penal);
2. A fixação das penas privativas de liberdade dos réus ANTÔNIA MARIA LEONAD RIBEIRO
GOMES, MÉVIO RICARDO DE ASSIS SENSANTO e TÍCIO ANUNCIAÇÃO BRAGANÇA, com base
no art. 59 do Código Penal, considerando as circunstâncias judiciais desfavoráveis, em
especial a gravidade dos crimes praticados, a premeditação, a brutalidade, a periculosidade
dos réus, bem como a necessidade de coibir e prevenir a prática de delitos;
3. A decretação da perda em favor da União de todos os bens, direitos e valores relacionados
aos crimes, nos termos do art. 91 do Código Penal, tendo em vista que os réus foram
condenados por crimes contra o patrimônio e contra a vida;
4. A fixação do valor mínimo de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) para a reparação dos
danos materiais e morais causados aos familiares da vítima, nos termos do art. 387, inciso
IV, do Código de Processo Penal;
5. O reconhecimento da continuidade delitiva entre os crimes de roubo qualificado e
homicídio qualificado, com o aumento de pena previsto no art. 71 do Código Penal;
6. A manutenção da prisão preventiva dos réus ANTÔNIA MARIA LEONAD RIBEIRO GOMES,
MÉVIO RICARDO DE ASSIS SENSANTO e TÍCIO ANUNCIAÇÃO BRAGANÇA, tendo em vista a
necessidade de garantia da ordem pública, a conveniência da instrução criminal e a
aplicação da lei penal.

Termos em que,

Pede deferimento.

(Local, data e assinatura do advogado)

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