Alegações Finais MP - Juri Simulado
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Processo nº XXX
I - DOS FATOS
Conforme consta nos autos, em um plano arquitetado por Antônia, a mesma contratou
Claudite para encontrar alguém que pudesse matar Judite, idosa de 72 anos, que havia lhe
emprestado uma quantia em dinheiro que não poderia pagar. Claudite então contatou Mévio,
que se prontificou a matar Judite mediante o pagamento de R$ 350,00 e as joias que pudesse
roubar de Antônia no momento do assassinato. Para executar o plano, Mévio solicitou a ajuda
de Tício e de um menor de idade, cujo nome está sob segredo de justiça.
No dia dos fatos, Antônia e Claudite levaram os três rapazes contratados para um local
ermo, com o intuito de forjar um assalto e assassinar Judite. Quando chegaram no local
combinado, Antônia e Claudite levaram Judite até o carro e a convenceram a ir com elas até
uma agência bancária, a fim de que Antônia pudesse pegar o dinheiro para pagar a dívida com
a vítima.
Apesar dos réus Mévio e Tício terem alegado durante depoimento que foram
contratados para realizarem um assalto, o depoimento de Claudite e as provas documentais
constantes no Autos do processo demonstram claramente que o objetivo era cometer o
homicídio. Já Antônia, em depoimento, afirmou que o plano de emboscada partiu dela,
demonstrando claramente premeditação e emboscada.
Dos depoimentos dos policiais, infere-se que eles se dirigiram até a residência de
ANTÔNIA após tomarem conhecimento de que a vítima havia mencionado que ela estava
presente no momento do crime. Nessa ocasião, a acusada acabou por confessar que planejou
o delito e corrompeu a sua sobrinha CLAUDITE para que contratasse os autores materiais para
executarem o plano criminoso. ANTÔNIA descreveu para os policiais como ocorreu o
planejamento, a contratação dos autores imediatos e a própria execução do delito, indicando
coautores MÉVIO, TÍCIO e o menor XXXXXXX. Os policiais também disseram que, após a
confissão de ANTÔNIA, empreenderam diligências e conseguiram encontrar os anéis subtraídos
da vítima na casa de MÉVIO, que confirmou ter sido contratado por ANTÔNIA e CLAUDITE para
assassinar a vítima, e que ela possuía anéis e dinheiro a serem subtraídos. Além disso, as joias
e semijoias encontradas em posse dos réus foram reconhecidas pelo marido de Antônia.
III - DO DIREITO
Conforme o Art. 121, §2º, incisos II, III e IV do Código Penal Brasileiro, a pena para o
crime de homicídio pode ser aumentada em até um terço quando o crime for cometido por
motivo fútil, mediante paga ou promessa de recompensa, ou ainda mediante traição,
dissimulação, ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima.
No presente caso, os réus Mévio e Tício confessaram ter sido contratados para cometer
o crime de homicídio contra a vítima Judite, mediante paga realizada por Antônia, que foi a
responsável por planejar a emboscada. Tal fato demonstra claramente que a motivação para o
crime foi de natureza fútil, uma vez que se tratou de um assassinato encomendado com o
objetivo de extinguir uma dívida.
Com relação à ré Antônia, sua conduta se enquadra nos termos do Art. 29 do Código
Penal Brasileiro, que prevê a responsabilidade penal dos coautores e dos partícipes de um
crime. Ao ter contratado os réus Mévio e Tício para a prática do crime de homicídio, bem como
por ter planejado a emboscada, Antônia se tornou coautora do delito. Dessa forma, deve ser
condenada pelos mesmos crimes de homicídio triplamente qualificado, associação criminosa e
corrupção de menores, nos termos dos incisos II, III e IV do Art. 121, §2º do Código Penal
Brasileiro.
Por fim, considerando que o crime de homicídio triplamente qualificado possui pena
prevista de 12 a 30 anos de reclusão, entende-se que a pena aplicável aos réus Mévio e Tício e
à ré Antônia deve ser fixada em patamar superior ao mínimo legal, devido à gravidade do
delito e às circunstâncias em que foi praticado.
IV - DOS PEDIDOS
Diante do exposto, com base no conjunto probatório dos autos, requer a Vossa Excelência:
1. A condenação dos réus ANTÔNIA MARIA LEONAD RIBEIRO GOMES, MÉVIO RICARDO DE
ASSIS SENSANTO e TÍCIO ANUNCIAÇÃO BRAGANÇA, pela prática dos crimes de homicídio
qualificado (art. 121, § 2º, incisos III, IV e V, do Código Penal), roubo qualificado (art. 157, §
2º, incisos II, III e IV, do Código Penal) e associação criminosa (art. 288, do Código Penal),
em concurso material (art. 69, do Código Penal);
2. A fixação das penas privativas de liberdade dos réus ANTÔNIA MARIA LEONAD RIBEIRO
GOMES, MÉVIO RICARDO DE ASSIS SENSANTO e TÍCIO ANUNCIAÇÃO BRAGANÇA, com base
no art. 59 do Código Penal, considerando as circunstâncias judiciais desfavoráveis, em
especial a gravidade dos crimes praticados, a premeditação, a brutalidade, a periculosidade
dos réus, bem como a necessidade de coibir e prevenir a prática de delitos;
3. A decretação da perda em favor da União de todos os bens, direitos e valores relacionados
aos crimes, nos termos do art. 91 do Código Penal, tendo em vista que os réus foram
condenados por crimes contra o patrimônio e contra a vida;
4. A fixação do valor mínimo de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) para a reparação dos
danos materiais e morais causados aos familiares da vítima, nos termos do art. 387, inciso
IV, do Código de Processo Penal;
5. O reconhecimento da continuidade delitiva entre os crimes de roubo qualificado e
homicídio qualificado, com o aumento de pena previsto no art. 71 do Código Penal;
6. A manutenção da prisão preventiva dos réus ANTÔNIA MARIA LEONAD RIBEIRO GOMES,
MÉVIO RICARDO DE ASSIS SENSANTO e TÍCIO ANUNCIAÇÃO BRAGANÇA, tendo em vista a
necessidade de garantia da ordem pública, a conveniência da instrução criminal e a
aplicação da lei penal.
Termos em que,
Pede deferimento.