TiagoJCunha
TiagoJCunha
TiagoJCunha
Julho’2019
1
Clínica Universitária de Imagiologia
Orientado por:
Julho’2019
2
Agradecimentos
Ao meu orientador, Dr Afonso Gonçalves, pela disponibilidade e por ter sido quem me
ajudou a escolher um tema de tese de que viria a gostar tanto
À AMVNA, por ser o meu escape de fim de semana, que me permitiu voltar ao trabalho
depois de horas de convívio com amigos que se juntam para ensaiar
Ao João Rodrigues e ao Fábio Barbosa, meus colegas de casa, por me terem guiado
durante o curso e me terem dado imensos conselhos em relação a diversas áreas da
Medicina
À Mariana, Kika, Carlos, Grilo, Abreu, Renato, Inês, Ana Brochado, Luís, Raquel pelas
críticas construtivas ao trabalho e por, cada um deles, me ter dado ensinamentos
importantes para o futuro
Ao André, Daniela, Fabiana, Rita, Catarina, João, Bruno João, Beatriz, Inês por me
terem acompanhado durante o curso e porque sem amigos destes, o trabalho seria muito
mais difícil
Ao João Fernandes e à sua família, por estarem sempre presentes e terem sempre uma
palavra de incentivo
Às minhas irmãs, por saberem sempre quando preciso delas, mesmo que não diga nada
Aos meus avós Antónia e Tiago, por terem uma fé inabalável em mim e no meu
trabalho
Aos meus pais, por terem visto crescer nestes últimos 6 anos um futuro colega de
profissão e saberem melhor do que ninguém as dificuldades inerentes ao curso
À Catarina Cadilha, porque posso sempre contar com ela, seja a que hora do dia for e
pelo amor e alegria que me dá em todos os momentos
Aos meus avós Ana e Arlindo e ao meu tio Arlindo, pois embora já não estejam entre
nós, sei que estiveram presentes ao longo do meu percurso académico e da elaboração
deste trabalho
3
Abstract
Hepatocellular carcinoma is one of the leading causes of death by cancer in the entire
world.
Cirrhosis is the most important risk factor, with alcohol consumption and hepatitis B
and C being the main causes for cirrhosis development.
The diagnosis is made with help from imagiological techniques such as CT scan and
MRI; liver biopsy is seldom used.
Screening should be encouraged for those with risk factors for cirrhosis; the best
screening method is the abdominal ultrassound.
There are multiple treatment modalities but the only one that can cure the patient is still
liver transplantation; other treatments include tumor ressection, radiofrequency
ablation, microwave ablation, quimioembolization and immunotherapy.
Correct staging of the tumour using one of the many available staging systems can
guide the treatment and improve the survivability of the patient.
The improvement of surgical and non-surgical treatment methods has lead to an overall
increase in quality of life for patients with HCC.
Resumo
O rastreio deve ser encorajado nos indivíduos com factores de risco para o
desenvolvimento de cirrose, sendo habitualmente realizado por ecografia.
Existem várias abordagens terapêuticas, mas a única com intuito curativo é o transplante
hepático; outras terapêuticas incluem a ressecção tumoral, a ablação por
radiofrequência, quimioembolização e imunoterapia.
4
A melhoria dos tratamentos cirúrgicos e não cirúrgicos levou a um aumento da
qualidade de vida dos doentes com carcinoma hepatocelular.
5
Índice
Abstract ......................................................................................................................................... 3
Resumo .......................................................................................................................................... 4
Introdução ..................................................................................................................................... 6
Epidemiologia ............................................................................................................................... 7
Carcinogénese ............................................................................................................................... 8
Factores de risco ............................................................................................................................ 9
Vigilância/Rastreio ........................................................................................................................ 9
Diagnóstico ................................................................................................................................. 10
Estadiamento ............................................................................................................................... 13
Terapêutica .................................................................................................................................. 15
Transplante hepático ............................................................................................................... 15
Ressecção tumoral ................................................................................................................... 17
PEI/RFA/MWA....................................................................................................................... 18
TACE ...................................................................................................................................... 19
TARE ...................................................................................................................................... 20
Imunoterapia (terapêutica sistémica) ...................................................................................... 21
Cuidados paliativos ................................................................................................................. 22
Conclusão .................................................................................................................................... 22
Bibliografia ................................................................................................................................. 24
Introdução
O carcinoma hepatocelular (CHC) é o tumor primário hepático mais comum,
representando 75% de todos estes tumores 1. É o sexto tumor maligno com mais
novos casos documentados e o quarto a nível de mortalidade 2
6
Nos países mais desenvolvidos (Europa e EUA), embora a incidência seja menor do que
nas regiões supracitadas, tem havido um aumento de novos casos de CHC atribuído à
infecção pelo vírus da hepatite C (VHC) 4.
A maioria dos casos de CHC são detectados numa fase tardia, pois este tumor mantém-
se assintomático durante um longo período de tempo 6; assim, a imagiologia revela-se
como um aliado importante no diagnóstico precoce e no tratamento atempado de lesões
hepáticas 5.
Este trabalho tem como objectivo a revisão da literatura existente sobre diagnóstico,
estadiamento e terapêutica do CHC.
Epidemiologia
África subsariana e sudeste asiático são as áreas do globo onde são contabilizados mais
casos de CHC no mundo, regiões essas em que a infecção por HBV é endémica; são
registados mais de 20 casos por 100000 habitantes anualmente 7.
7
Carcinogénese
A infecção por VHB ou VHC e o consumo continuado de álcool, entre outros "triggers",
levam a inflamação e fibrose do tecido hepático previamente saudável, culminando em
cirrose hepática.
Se o dano celular for continuado, formam-se focos de displasia, podendo evoluir para
nódulos displásicos e, consequentemente, CHC 9. A incidência anual de CHC em
doentes com cirrose é de 1,5% 10.
Nos 10-15% dos CHC de origem não cirrótica, não existe a progressão clássica
Cirrose/Displasia/Nódulo displásico/CHC, mas sim uma progressão directa do fígado
normal para CHC.
8
Factores de risco
O principal factor causal para o desenvolvimento de CHC é a cirrose 11, embora possa
existir CHC sem a presença de cirrose, apresentação essa mais rara 12.
Existem várias etiologias para a cirrose, sendo mais comuns a infecção crónica por
VHC, responsável por muitos dos casos de CHC nos países do sul da Europa, e infecção
13
crónica por VHB, predominante nos países asiáticos e africanos . A co-infecção por
estes dois vírus, num mesmo indivíduo, pode ter um efeito sinergístico, potenciando o
aparecimento de CHC 14.
Vigilância/Rastreio
Um diagnóstico de CHC numa fase inicial acarreta um melhor prognóstico e, por essa
mesma razão, devem ser realizados rastreios para despiste de alterações hepáticas
congruentes com CHC.
Não existe consenso sobre que população é que deve ser rastreada, mas a maior parte
das guidelines indica que indivíduos em risco de desenvolver cirrose,
independentemente da causa, devem ser os principais alvos de rastreio 19,20.
9
Doentes sem cirrose, mas com infecção por VHC e pontuação igual ou superior
a F3 no score METAVIR, determinado por elastografia hepática transitória
O rastreio deve ser realizado através de ecografia hepática duas vezes por ano (de seis
23
em seis meses) ; o uso de ecografia pode ser complementado com o doseamento da
AFP, embora este doseamento não deva substituir a ecografia, mas sim ser utilizado
como um complemento que aumente a sensibilidade e especificidade do rastreio24; um
aumento progressivo da AFP, mesmo que não atinja 400ng/ml (valor considerado
diagnóstico), levanta suspeitas sobre a possibilidade de existir um CHC.
Figura 2: Nódulo hipoecogénico e nódulo hiperecogénico, congruentes com diagnóstico de CHC, em ecografia convencional 25
Diagnóstico
O diagnóstico definitivo de CHC já não é, na esmagadora maioria dos casos, obtido por
biópsia, como preconizavam as normas no início deste século, por não ser um
procedimento isento de riscos para o doente, nomeadamente ao nível da disseminação
tumoral 26.
10
Actualmente, o diagnóstico de CHC assenta na imagiologia, principalmente em CHCs
que tenham por base cirrose hepática 27; indivíduos com CHC que não esteja associado
a cirrose devem realizar, por norma, biópsia hepática 23.
Estes critérios somados levam à classificação das alterações nos exames de imagem
28
em LR-1 (100% benigno) a LR-5 (100% de probabilidade de ser CHC)
11
Figura 4: Hiperintensidade na RMN em fase arterial, seguida de perda de contraste ("washout") na fase venosa portal 33
Após ser diagnosticado um ou vários nódulos suspeitos (= ou > do que 1cm) através de
rastreio (por ecografia), deve ser realizada RMN multifásica ou TC, sendo que ambos
estes métodos de imagem devem ser usados com contraste (ácido gadoxético ou ácido
gadobénico), para que se possa observar o comportamento típico do CHC. Revisões
recentes indicam que o método de imagem mais sensível e específico é a RMN com
contraste, que permite ultrapassar um dos problemas que os métodos de imagem
convencionais possuem que é a distinção entre lesões benignas e CHC quando essas
lesões têm <2cm , sendo de particular importância a distinção entre nódulos de
regeneração associados à cirroses e nódulos displásicos 10,34.
Diversos estudos têm avaliado o uso de ecografia com contraste (CEUS) que permite a
visualização em tempo real da fase arterial e fase venosa.
Embora não seja mais sensível/específica que a TC ou RMN com contraste, pode ser
útil como método de 2ª linha, quando não podem ser utilizados contrastes nefrotóxicos
(os contrastes utilizados neste tipo de ecografia são inócuos para o rim), mas
actualmente, é mais útil na vertente IO-CEUS, que é o uso intra-operatório de ecografia
12
com contraste, permitindo definir melhor os limites do tumor primário e a existência de
metástases locais 37.
Estadiamento
No CHC, tal como em outros tumores sólidos, o estadiamento tem um papel de relevo,
pois permite direccionar melhor a terapêutica e inferir o prognóstico de cada indivíduo,
diferente consoante a fase da doença em que este se encontre.
Desde que se estuda o carcinoma hepatocelular que grupos de investigação criam scores
de estadiamento que possam prever o prognóstico e a melhor terapêutica a aplicar
consoante o estadio em que esteja inserido o tumor,
O sistema de estadiamento TNM, comum aos tumores sólidos, não é o mais utilizado
para estadiar o carcinoma hepatocelular porque não tem em conta a função hepática e o
39
"performance status" do doente, factores importantes de prognóstico no CHC .
13
Factores tumorais Factores hepáticos
Sistema PS
TNM X X X
Okuda X X X X
BCLC X X X X X X
CLIP X X X X
JIS X X X X
CUPI X X X X X X X
French X X X X X
Met, metástases; TV porta, trombose da veia porta; AFP, alfa-fetoproteína; Score CP, sscore Child-Pugh; Alb, albumina; Bili,
bilirrubina; FA, fosfatase alcalina; PS, performance status
14
CHCs estadio 0 são carcinomas detectados numa fase muito precoce da doença, não
existindo alterações da função hepática do doente nem do seu performance status; o
carcinoma apresenta-se como um nódulo único, com <2cm de diâmetro, sem
metastização ou invasão vascular. Estes são os doentes com melhor sobrevida a 5 anos,
43
sendo esta de cerca de 70% após tratamento adequado .
O estadio A é reservado para carcinomas únicos ou até 3 nódulos, desde que nenhum
destes seja superior a 3 cm; a escolha do tratamento nestes doentes depende das
comorbilidades associadas, nomeadamente ao nível da elevação da pressão portal e da
bilirrubina total.
Terapêutica
Transplante hepático
O transplante hepático é a única opção terapêutica nos doentes que apresentam cirrose
descompensada.
A selecção dos doentes é feita através dos critérios de Milão, ou seja, 1 lesão única de
diâmetro não superior a 5 cm ou até 3 lesões com diâmetro até 3 cm 45;contudo, menos
de 30% dos doentes cumprem estes critérios e , para estratificar melhor os doentes em
15
lista de espera, pois a falta de dadores é uma das maiores limitações do transplante,
utiliza-se o score MELD (Model for End-Stage Liver Disease) e variações deste, como
o HCC-MELD, com o intuito de saber que doentes é que necessitam do transplante com
mais urgência 46.
O score MELD tem em conta análises laboratoriais (valores de creatinina sérica, INR,
Na+ sérico e bilirrubina total) e a necessidade de diálise, pelo menos 2 vezes/semana 47.
Em conjunto com o score MELD, pode utilizar-se o score Child-Pugh,; estudos que
comparam os 2 scores revelam não existirem diferenças significativas no uso de um ou
22
de outro ; o score Child-Pugh é o preconizado quando se utiliza a classificação da
BCLC, embora possua parâmetros considerados de avaliação subjectiva.
Se o doente não for candidato a RFA ou TACE/TARE, pode ser realizada radioterapia
estereotáxica corporal, embora os estudos que apoiam esta opção terapêutica terem
coortes reduzidas 49.
São necessários mais estudos que comprovem a real eficácia do uso de terapêutica
neoadjuvante antes do transplante hepático 50.
16
HCC, hepatocellular carcinoma; LT, liver transplant; RFA, radiofrequency ablation; TACE, transarterial chemoembolization;
TARE, transarterial radioembolization; SBRT, stereotactic body radiotherapy
Ressecção tumoral
A ressecção cirúrgica está reservada a doentes com nódulos hepáticos únicos e que
mantenham uma boa função hepática.
Esta cirurgia, à semelhança da maior parte dos tratamentos para o CHC, está contra-
indicada na presença de metástases extra-hepáticas. quando há envolvimento tumoral do
colédoco ou na existência de trombos na veia porta ou na veia cava 52.
17
É realizada de maneira a que a ressecção tumoral não prejudique o parênquima
hepático saudável para que que não haja uma falência hepática pós-cirúrgica. 55.
A escolha da técnica cirúrgica fica reservada à equipa que vai operar o doente e depende
da experiência de cada centro; no entanto, alguns estudos mostram que a abordagem
laparoscópica tem vantagens em relação à ressecção aberta, nomeadamente por
proporcionar uma cirurgia com menor hemorragia, diminuir a estadia hospitalar e as
complicações pós-operatórias 56.
Embora a maior parte dos CHC ocorram na presença de cirrose, cerca de 15% são
57
detectados no fígado não cirrótico ; a ressecção nestes doentes é bem tolerada na
maior parte dos casos pois o fígado não cirrótico conserva a sua capacidade de
regeneração, levando a sobrevivências sem doença a 5 anos superiores a 50% 52.
Nos doentes que têm CHC associado a cirrose, os resultados podem não ser tão
satisfatórios pois após a ressecção, para assegurar melhores resultados, deve ser mantido
cerca de 40% de fígado devido à menor capacidade de regeneração hepática derivada da
doença de base 58.
PEI/RFA/MWA
A injecção percutânea de etanol (PEI) foi uma das primeiras técnicas locais utilizadas
para o tratamento do CHC, sendo um método terapêutico validado por muitos estudos,
de fácil execução e baixo custo.
A ablação por radiofrequência (RFA) é uma técnica mais recente, que utiliza uma
agulha bipolar ou unipolar inserida na lesão, normalmente com o auxílio de ecografia, e
18
que, após ser colocada no local do tumor, permite a passagem de corrente alternada, que
irá induzir necrose térmica das células tumorais 61.
Estas duas técnicas são aplicadas preferencialmente nos mesmos contextos clínicos, ou
seja, em CHCs com tamanho inferior a 3cm associados a função hepática mantida;
ambas são técnicas simples de realizar, sendo que a RFA tem mais custos, mas permite
uma necrose do tecido tumoral mais homogénea que a PEI pois não é afectada pelos
septos fibróticos que podem existir no CHC 62; por este motivo e por causar uma maior
necrose tumoral, a RFA é actualmente mais utilizada que a PEI 63.
Com o avançar do tempo, foram desenvolvidas novas técnicas ablativas como a ablação
por micro-ondas (MWA) que tem substituído a RFA em alguns centros devido à sua
maior eficácia na ablação de grandes áreas tumorais e por ser uma técnica que permite
64
sessões terapêuticas mais curtas ; no entanto, estas vantagens da MWA revelaram-se
65
meramente teóricas em estudos que compararam as duas abordagens
TACE
A TACE é o tratamento de eleição no CHC de estadio B (intermédio), consistindo, na
técnica convencional, na administração intra-arterial de uma solução que contém
lipiodol em combinação com um agente citostático (doxorrubicina, mitomicina ou
68
cisplatina) ; estes agentes podem ser também administrados em micro-esferas (DEB-
TACE), sendo que esta técnica tem a vantagem de ter uma libertação mais prolongada
do fármaco, aumentando assim o contacto da massa tumoral com o fármaco 69.
Esta técnica permite uma terapêutica mais localizada pois a injecção dos produtos é
efectuada na artéria hepática, responsável pela irrigação do tumor; como o fígado possui
uma irrigação dupla pela artéria hepática e pelo sistema porta (que irriga 75% do fígado
normal), a normal vascularização portal hepática não é afectada; é a única terapêutica
19
disponível em tumores grandes (>10cm) não ressecáveis e também pode ser utilizada
como adjuvante à ressecção tumoral ou como terapêutica pré-transplante 70
Imagem 5: DEB-TACE num doente com CHC: A-arteriografia pré-procedimento B-embolização com micro-esferas C-lesão
desvascularizada 73
TARE
A radioembolização com ítrio-90 (90Y) , embora não seja uma opção incluída no
sistema de estadiamento BCLC, tem vindo a ser cada vez mais utilizada em detrimento
da TACE, quando esta técnica falhou no cumprimento do seu objectivo terapêutico.
90
Micro-esferas de vidro, resina ou polímeros contendo Y são injectadas na artéria
hepática e permanecem nas artérias que irrigam a massa tumoral por um período
compreendido entre três a seis meses, havendo a embolização desses vasos pela
radioterapia e impedindo o fornecimento de sangue para o tumor 74
Esta técnica, ao contrário da TACE, pode utilizar-se em CHCs com invasão do sistema
porta, sendo assim passível de ser utilizada em contextos mais abrangentes do que a
quimioembolização; outra das vantagens associada à TARE é o menor tempo de
hospitalização devido à menor incidência de síndrome pós-embolização, que se
caracteriza por febre e dor no quadrante superior direito do abdómen associado ou não a
náuseas e vómitos 75
20
Imunoterapia (terapêutica sistémica)
Em estadios avançados (BCLC C), em que já existe metastização extra-hepática ou
invasão portal, a única medida que aumenta a sobrevida é a terapêutica sistémica, com a
utilização do Sorafenib (primeira linha), um inibidor das tirosinas cinases RAS/RAF
que também afecta a proliferação celular e angiogénese 76; este fármaco foi incluído no
sistema de estadiamento BCLC em 2008 como 1ª linha terapêutica no CHC avançado.
O uso do Sorafenib deve ser reservado para doentes com função hepática mantida (score
Child-Pugh A) pois é nestes que se alcança um maior aumento de sobre-vida (cerca de 3
77
meses) ; são necessários mais estudos que comprovem a sua eficácia e custo-
efectividade em doentes com score Child-Pugh B ou superior e que apresentem ascite
ou encefalopatia hepática, embora estes doentes sejam contemplados nas guidelines da
EASL, AASLD e no sistema de estadiamento BCLC como candidatos a receberem este
tipo de terapêutica 78.
21
Cuidados paliativos
Devem ser oferecidos a todos os doentes BCLC estadio D ou a qualquer doente em que
haja uma deterioração acentuada do seu estado clínico, sendo preferível que estes
cuidados sejam integrados na terapêutica de rotina, de modo a que seja conseguido um
melhor controlo sintomático (nomeadamente ao nível da dor, fadiga, sintomas
depressivos, entre outros) e se atinja uma melhoria da qualidade de vida 82.
Conclusão
O CHC continua a ser uma importante causa de morte por neoplasia em todo o mundo,
estando associado a doença hepática crónica e a cirrose de etiologias variadas,
nomeadamente alcoólica e infecciosa pelo VHB e VHC.
O transplante hepático é, por agora, o único tratamento com intuito curativo, sendo
necessários mais estudos para que se desenvolvam novas modalidades de tratamento
que alcancem os resultados garantidos pelo transplante.
22
Lista de abreviaturas
AFP: α-fetoproteína
23
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