Atividade Integrada do Curso de Fisioterapia
Atividade Integrada do Curso de Fisioterapia
Atividade Integrada do Curso de Fisioterapia
APRESENTAÇÃO E REGULAMENTO
1-Contextualização:
Queridos alunos do Curso de Fisioterapia, queremos cumprimentá-los e dar boas-vindas para o ano de 2016. Que sejamos persistes e fortes
em nossos propósitos, que tenhamos êxitos nas nossas metas e principalmente que sejamos honestos nas nossas relações, com coerência, entre o
fazemos/sentimos/somos, nas nossas redes de construção, enquanto pessoas e cidadãos num pais que borbulha pela necessidade de mudança e de
tomada de atitudes proativas e altruístas.
ALTRUISMO esse, vital, que deve permear nossas relações saudáveis, plenas e felizes, sendo fundamental para um profissional que
almeja ser bem sucedido pela forma que aplica suas competências. Por isso, sugerimos que esta deve ser a nossa palavra norte, para as nossas
ações/reações com relação ao meio em que vivemos e a nossa inserção como um ser econômico, social, político, ético e ambiental. Quando falamos
num sentido mais amplo desses conceitos, na sua forma de pratica-los, parece-nos difícil, mas acho importante nos movimentarmos na tentativa
dessa pratica. E esse movimento se configura na forma de um desafio:
Vamos nos cuidar e cuidar do outro? Vamos nos cuidar e cuidar do ambiente em que nos acolhe? Vamos plasmar boas energias e boas
vibrações as pessoas que nos rodeiam? Vamos nos comprometer com nós mesmos e com o outro, dando um sentido verdadeiro a sermos
profissionais da saúde num contexto amplificado.
Desafiados estando, sugiro que entremos na vibe, incorporando nossa pratica altruísta a referencias teóricos e práticos que poderão nos
nortear.
Estamos aqui para construir um novo formato para a Atividade Integrada para o Curso de Fisioterapia 2016-1/AI. Formato esse que será
baseado na resolução de um grande caso clinico em etapas diferentes e cada etapa vai constar de competências (atitudes/habilidades/conhecimentos)
próprios dos períodos os quais cada um de vocês, contratou o maior número de créditos. O caso clinico a ser resolvido/desvendado/explorado por
todos nós, consta em seguida a esse texto, para sua resolução, cada período terá professores apoiadores, alunos mediadores e disciplinas transversais
que estarão em constante conexão, necessária para o refinamento da qualidade da resolução e da produção conjunta de todos nós.
O caso clinico foi elaborado a partir de um problema com viés social, econômico, ético, político, ambiental e cultural de uma família. Diante
da complexidade da realidade em questão necessitamos de bases teóricas para a resolução das questões apresentadas, após algumas leituras parece-
nos mais apropriada a Teoria da é Metodologia da problematização com o Arco de Maguerez, para nos fornecer esse apoio. Vamos então, iniciar
a resolução de nosso caso, caracterizando a Metodologia da Problematização, para nos apropriarmos de nossos desafios e nossos apoios teóricos
em nossa jornada: AI.
A primeira referência para essa Metodologia é o Método do Arco, de Charles Maguerez, foi de 1966. Nesse esquema constam cinco etapas
que se desenvolvem a partir de uma realidade: Observação da Realidade; Pontos-Chave; Teorização; Hipóteses de Solução e Aplicação à Realidade
(prática).
Tem se proposto a Metodologia da Problematização como metodologia de ensino, de estudo e de trabalho, para ser utilizada em
situações/temas relacionados com a vida em sociedade. Berbel (2011) nos apresenta a Metodologia da Problematização da forma que segue:
A primeira etapa é a Observação da Realidade social, concretizada, pelos alunos, a partir de um tema ou unidade de estudo. Os alunos
são orientados pelo professor a olhar atentamente e registrar sistematicamente o que perceberem sobre a parcela da realidade em que aquele tema
está sendo vivido ou acontecendo, podendo para isso serem dirigidos por questões gerais que ajudem a focalizar e não fugir do tema. Tal observação
permitirá aos alunos identificar dificuldades, carências, discrepâncias, de várias ordens, que serão transformadas em problemas, ou seja, serão
problematizadas. Poderá ser eleito um desses problemas para todo o grupo estudar ou então vários deles, distribuídos um para cada pequeno grupo.
As discussões entre os componentes do grupo e com o professor ajudarão na redação do problema, como uma síntese desta etapa e que passará a
ser a referência para todas as outras etapas do estudo.
Para realizar as atividades da segunda etapa que é a dos Pontos-Chaves, os alunos são levados a refletir primeiramente sobre as possíveis
causas da existência do problema em estudo. Por que será que esse problema existe? Neste momento os alunos, com as informações que dispõem,
passam a perceber que os problemas de ordem social (os da educação, da atenção à saúde, da cultura, das relações sociais etc.) são complexos e
geralmente multideterminados. Continuando as reflexões, deverão se perguntar sobre os possíveis determinantes maiores do problema, que
abrangem as próprias causas já identificadas. Agora, os alunos percebem que existem variáveis menos diretas, menos evidentes, mais distantes,
mas que interferem na existência daquele problema em estudo. Tal complexidade sugere um estudo mais atento, mais criterioso, mais crítico e
mais abrangente do problema, em busca de sua solução. A partir dessa análise reflexiva, os alunos são estimulados a uma nova síntese: a da
elaboração dos pontos essenciais que deverão ser estudados sobre o problema, para compreendê-lo mais profundamente e encontrar formas de
interferir na realidade para solucioná-lo ou desencadear passos nessa direção. Podem ser listados alguns tópicos a estudar, perguntas a responder
ou outras formas. São esses pontos chaves que serão desenvolvidos na próxima etapa.
A terceira etapa é a da teorização. Esta é a etapa do estudo, da investigação propriamente dita. Os alunos se organizam tecnicamente para
buscar as informações que necessitam sobre o problema, onde quer que elas se encontrem, dentro de cada ponto chave já definido. Vão à biblioteca
buscar livros, revistas especializadas, pesquisas já realizadas, jornais, atas de congressos etc.; vão consultar especialistas sobre o assunto; vão
observar o fenômeno ocorrendo; aplicam questionários para obter informações de várias ordens (quantitativas ou qualitativas); assistem palestras
e aulas quando oportunas, consultam a literatura de referência na área. As informações obtidas são tratadas, analisadas e avaliadas quanto a suas
contribuições para resolver o problema. Tudo isto é registrado, possibilitando algumas conclusões, que permitirão o desenvolvimento da etapa
seguinte.
A quarta etapa é a das hipóteses de solução. Todo o estudo realizado deverá fornecer elementos para os alunos, crítica e criativamente,
elaborarem as possíveis soluções. O que precisa acontecer para que o problema seja solucionado? O que precisa ser providenciado? O que pode
realmente ser feito? Nesta metodologia, as hipóteses são construídas após o estudo, como fruto da compreensão profunda que se obteve sobre o
problema, investigando-o de todos os ângulos possíveis.
A quinta e última etapa é a da Aplicação à Realidade. Esta etapa da Metodologia da Problematização ultrapassa o exercício intelectual,
“pois as decisões tomadas deverão ser executadas ou encaminhadas. Nesse momento, o componente social e político está mais presente. A prática
que corresponde a esta etapa implica num compromisso dos alunos com o seu meio. Do meio observaram os problemas e para o meio levarão uma
resposta de seus estudos, visando transformá-lo em algum grau” (Berbel, 1996, p.8-9).
Completa-se assim a Metodologia da Problematização com o Arco de Maguerez, com o sentido especial de leva-los a exercitarem a cadeia
dialética de ação - reflexão - ação, ou dito de outra maneira, a relação prática - teoria - prática, tendo como ponto de partida e de chegada do
processo de ensino e aprendizagem, a realidade social. Em síntese, a Metodologia da Problematização tem uma orientação geral como todo método,
caminhando por etapas distintas e encadeadas a partir de um problema detectado na realidade. Constitui-se de uma metodologia, entendida como
um conjunto de métodos, técnicas, procedimentos ou atividades intencionalmente selecionados e organizados em cada etapa, de acordo com a
natureza do problema em estudo e as condições gerais dos participantes. Ela é voltada para a realização do propósito maior que é preparar o
estudante/ser humano para tomar consciência de seu mundo e atuar intencionalmente para transformá-lo, sempre para melhor, para um mundo e
uma sociedade que permitam uma vida mais digna para o próprio homem. Com todo o processo, desde o observar atento da realidade e a discussão
coletiva sobre os dados registrados, mas principalmente com a reflexão sobre as possíveis causas e determinantes do problema e depois com a
elaboração de hipóteses de solução e a intervenção direta na realidade social, tem-se como objetivo a mobilização do potencial social, político e
ético dos alunos, que estudam cientificamente para agir politicamente, como cidadãos e profissionais em formação, como agentes sociais que
participam da construção da história de seu tempo, mesmo que em pequena dimensão.
Conforme cita a autora, segue a ferramenta por nós utilizada para resolução de nosso caso, com base social, ética, política e econômica. O
Arco de Maguerez:
Chegou ao serviço ambulatorial de fisioterapia uma paciente encaminhada pelo médico da Estratégia da Saúde da Família do seu bairro.
M. J., 55 anos de idade, raça negra, analfabeta, costureira em auxilio doença há 2 anos e seis meses. A paciente veio encaminhada com diagnóstico
clínico de Osteoartrite de Joelhos e o médico solicitou fisioterapia para analgesia e reforço muscular. A paciente tem 127 Kg e mede 1,57m (esses
dados foram obtidos na balança do serviço de fisioterapia no dia da avaliação). A paciente refere que começou a engordar quando seus joelhos
começaram a doer, há aproximados 10 anos. Quando questionada a respeito de doenças associadas, Dona M. J. refere que tem reumatismo, pressão
alta, diabética e cita com preocupação: “tenho as veias das duas pernas entupidas, num exame que fiz agora estou muito preocupada com isso ...
minhas pernas não param de inchar ... e a dor é insuportável ”. A paciente apresenta a receita médica, com as medicações de uso continuo:
meloxicam, metformina, alginac, AAS, captopril, diosmin, velafaxina, triptanol, rivotril e omeprazol, referindo que busca esses remédios na UBS
do bairro em que reside.
Dona M. J. reside num bairro sem saneamento básico, onde o acesso a sua moradia se dá através de escadaria e ladeira/morro, sem
calçamento, que quando chove fica com lama e muito liso. A paciente diz que algumas vezes já caiu chegando ou saindo de casa. Sua moradia
tem 4 cômodos com banheiro improvisado, onde o chuveiro não funciona. A paciente sobrevive com um salário mínimo. Moram com ela: a filha
de 22 anos, que é dependente química com sucessivas recaídas e soropositiva desde os 18 anos, essa não trabalha e fica dias sem aparecer em casa;
a neta de 6 anos que é quem faz companhia e ajuda nas AVDS. Dona M. J. é viúva há 3 anos. O marido morreu em decorrência das complicações
do alcoolismo. A paciente cita que sofreu de maus tratos durante os 28 anos que foi casada - “ tenho dores pelo corpo todo, por conta das surras
que levei, hoje não consigo mais descer a pé, o morro, por causa dessa dor”. Dona M. J. coloca ainda que paga aluguel e compra a comida da
casa com o dinheiro que recebe do INSS. Ela prepara a própria comida e relata: “ não sei cozinhar sem banha de porco, sem sal, sem tempero
arisco, a comida fica sem gosto se eu não usar essas coisas... Já tentei fazer regime, mas não consigo emagrecer. E depois sou ruim para comer
frutas e verduras, como só de vez enquanto... porque não gosto e tenho dificuldade para descer o morro e ir à feira ... minha compra do mês quem
faz é a minha filha casada, que compra e leva na minha casa, chega compra uma vez por mês, essa minha dificuldade de andar não me deixa sair
de casa. Hoje, para vir até aqui levei quase duas horas caminhando bem devagar e parando para descansar, porque a dor no joelho e a falta de
ar com a palpitação quase me matam e também por causa da minha gordura, mas isso eu nem ligo... quase não tenho prazer na vida ... ficar sem
as comidinhas que gosto, isso eu não fico. Prefiro morrer”.
Quando fomos realizar o exame físico, observamos precariedade nas condições de higiene pessoal da paciente, pés com lesões em
calcanhares, ferida abertas, unhas compridas dos pés que se lascaram e fizeram feridas, a perna tem coloração marrom com edema evidente e o
chinelo de dedo tipo havaiana marca a região do dorso de pé. Tem elevação de temperatura de extremidades de MMII, dor a palpação dos dorsos
dos pés, panturrilhas entumecidas, rígidas e com queixa de dor. Os tornozelos não têm mobilidade em decorrência do edema, da falta de força
muscular e/ou de restrição articular (?). Não foi possível estabelecer essa diferença, com e exame físico que fizemos. A mesma restrição, acontece
com os joelhos, porem há mobilidade passiva a 30 graus de flexão de joelhos, depois bloqueio. A patela está aderida em sentido lateral e cranial,
músculo quadríceps hiperativo, com banda ílio tibial também hiperativa, posteriores de coxa parecem em encurtamento, com joelhos em varo
verdadeiro, o que não se pode afirmar em decorrência do volume de coxas que compromete a avaliação postural estática. Dinamicamente, a paciente
anda com muita dificuldade, descarregando peso na borda lateral dos pés com mínima flexão de joelhos e quadril e quando faz o choque dos
calcanhares o faz sem dorsiflexão dos tornozelos compensando com exagero no movimento de supinação do retro pé, o que parece ser uma
compensação pela falta de flexão do quadril e joelhos que é posicionado em semi-flexo de 20 a 30 graus. A fisioterapeuta responsável pela avaliação
optou em não realizar testes de mobilidade ativa e testes para graduação da força muscular, o que aconteceu também com testes específicos para
lesões de meniscos, ligamentos e palpação de tendões, porque em todos os casos em todos os movimentos. Esta escolha, se justifica em decorrência
dos falsos positivos que poderiam acontecer no fechamento do diagnóstico fisioterápico.
Dona M. J. esboça muita dor. Essa foi graduada na escala de analógica e a nota foi 10 para a dor no joelho.
No teste de mobilidade passiva dos MMIII sentimos um odor forte de urina, quando questionada a respeito de perdas urinárias, ela diz que
usa paninhos o tempo todo para que a urina não vaze na roupa. Além disso, esta refere a “sensação de ter uma bola” pesando na região vaginal
sendo que as vezes ela consegue palpá-la, porém não apresentando dor. Ainda, apresenta assaduras de microlesões abertas na região medial da
coxa próximo a região genital: “tenho dificuldade de me lavar nessa região, meu banheiro é muito pequeno e não tem espaço para uma cadeira,
em pé perco o equilíbrio para me higienizar nas partes íntimas”. D. M. foca e relata pelo discurso que todos os seus problemas de saúde tem
relação com o “problema no seu joelho e que ela é uma pessoa doente que quer voltar a ter pelo menos um pouco de saúde”.
A partir do caso descrito os períodos do Curso de Fisioterapia deverão responder conforme o nível de aprendizado de cada um, seguindo
as regras e a teoria revisitada anteriormente:
1- Deverão ser utilizados em cada etapa, no mínimo 3 artigos internacionais do ano de 2010, em diante.
2- Esses artigos devem aparecer citados e referenciados na resolução da respectiva etapa do caso.
3- Cada etapa do caso será resolvida por períodos que irão se agrupar primeiro, segundo e terceiro período compondo o grupo 1, caso queiram
cada grupo pode se renomear. O quarto, quinto e sexto período irão compor o grupo 2. E o sétimo e oitavo períodos o grupo 3.
4- O Grupo 1 tem sua apresentação agendada para o dia 25/04/2016: onde todo o Curso de Fisioterapia ira participar. Essa apresentação deve
ser realizada pelos alunos dos períodos de cada grupo, sendo a capacidade de argumentação, raciocínio logico, capacidade de trabalho em
equipe serão avaliados. O Grupo 2 irá se apresentar no dia 31/05 / 2016 e o Grupo 3 no dia 30/06/2016.
5- Ao final de cada etapa os participantes do Curso de Fisioterapia farão uma prova que será de responsabilidade dos professores dos períodos
em atividade naquele momento composta por 3 questões: 2 objetivas e 1 discursiva de resposta curta.
6- O Grupo 1 e o grupo 2 terão sua nota de AI atribuída para a M3 (peso 2,0), e o Grupo 3 para a M3 (peso 1,0).
7- Lista de Exercícios/Acordos/Metas/Plano de Ação/Tomada de Decisão realizados para resolução do caso.
8- -Capacidade de Organização do Grupo: esse item constará de tarefas que cada grupo deverá cumprir antes de iniciar sua apresentação e
consta de:
- Realização de no mínimo três reuniões por período;
- Realização de no mínimo duas reuniões entre os acadêmicos mediadores de cada grupo;
- Apresentação das atas das reuniões realizadas;
- Apresentação da lista de presença, local, horário de início e termino de cada Reunião;
- Apresentação da atividade/exercícios realizados para a resolução de cada etapa.
9- Fica atribuída ao Centro Acadêmico do Curso de Fisioterapia a criação de uma página no Facebook, para a interação e troca de saberes
entre os participantes da AI de 2016.
10- A nota será composta pela nota da apresentação com critérios de avaliação dispostos a seguir, com peso 5,0 e a nota da prova escrita com
peso 5,0. O resultado final da média aritmética dessas duas avaliações será a AI dos acadêmicos.
4- Quadro de Atividades AI 2016/1:
Referências:
BERBEL, N. A. N. Metodologia da problematização e sua contribuição para o plano da práxis. Semina: Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v.
7, p. 7-17, nov. 1996.
BERBEL, N. A. N. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de estudantes Semina: Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 32, n. 1, p.
25-40, jan./jun. 2011.