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MÉTODO KUMON (1)

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UNIVERSIDADE TIRADENTES

RAUL SANTOS BATISTA

MÉTODO KUMON:
SEQÜÊNCIA DE ATIVIDADES PARA O ESTUDO DA
ÁLGEBRA NA ESCOLA PÚBLICA

Propriá
2008
RAUL SANTOS BATISTA

MÉTODO KUMON:
SEQÜÊNCIA DE ATIVIDADES PARA O ESTUDO DA
ÁLGEBRA NA ESCOLA PÚBLICA

Monografia apresentada à
Universidade Tiradentes como
um dos pré-requisitos para a
aprovação na disciplina TCC.

PROF. M. SC. JOSÉ MARIA FERNÁNDEZ CORRALES FILHO

Propriá
2008
RAUL SANTOS BATISTA

MÉTODO KUMON:
SEQÜÊNCIA DE ATIVIDADES PARA O ESTUDO DA
ÁLGEBRA NA ESCOLA PÚBLICA

Monografia apresentada ao Curso de


Matemática da Universidade
Tiradentes – UNIT, como requisito
para a aprovação na disciplina TCC.

Aprovada em ______/______/______

_____________________________________________
Prof. M. Sc. José Maria Fernández Corrales Filho
Universidade Tiradentes
Aos meus pais e meus irmão

que me apoiaram durante todo

o curso.
AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho só foi possível graças:

A Jeová Deus por ter me dado a vida e a inteligência necessária.

A toda minha família que me deu todo o apoio necessário.

A Universidade Tiradentes que me proporcionou toda a estrutura necessária para

a realização do curso.

A todos os meus colegas de curso que contribuíram para a minha formação.

Aos professores que tiveram a paciência e boa vontade de ensinar.


Aprender a aprender e saber pensar,

para investir de modo inovador, são as

habilidades indispensáveis do cidadão.

Pedro Demo
RESUMO

Hoje, está mais do que claro, que ser professor no Brasil é sinônimo de muita coragem,

pois os desafios que precisam ser superados pelo professor são muitos. O desinteresse e

a deficiência dos alunos no estudo, está a cada dia, aumentando. Mas quando se fala em

desinteresse e deficiência de aprendizagem, nenhuma disciplina se destaca mais do que

a matemática. Ela é encarada pela grande maioria dos alunos como sendo um verdadeiro

bicho de sete cabeças. Durante algumas décadas, surgiram alguns métodos que tem

como finalidade superar os desafios que envolvem o ensino da matemática. Dentre

estes, podemos citar o Método Kumon, que foi desenvolvido pelo professor japonês,

Toru Kumon. Este trabalho tem como finalidade analisar e entender os princípios que

envolvem este método, e propor sua aplicação na escola pública.

PALAVRAS-CHAVES: desafios; métodos; Kumon.


SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 08

2 - PROFESSOR TORU KUMON ............................................................................. 12

3 - METODO KUMON ............................................................................................... 16

3.1 Filosofia do Método Kumon ........................................................................ 17

3.2 Respeitando as diferenças individuas .......................................................... 18

3.3 Ponto ideal de partida .................................................................................. 19

3.4 Material de estudo........................................................................................ 20

3.5 A importância da repetição .......................................................................... 21

3.6 Estabelecimento de metas ........................................................................... 22

3.7 Estimular a criança desde cedo .................................................................... 23

3.8 Despertar o interesse e a força de vontade do aluno .................................... 25

3.9 Aquisição de autodidatismo na matemática ................................................ 26

3.10 Valorizar a capacidade de cálculo ............................................................. 27

4 - PRINCÍPIOS DO MÉTODO KUMON APLICADO NA ESCOLA PÚBLICA

........................................................................................................................................ 28

5 - MODELO DE APLICAÇÃO DO MÉTODO KUMON PARA A ESCOLA

PÚBLICA ..................................................................................................................... 32

6 - CONCLUSÃO ........................................................................................................ 40
7 - REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 41
8

1 - INTRODUÇÃO

"A criança e o adolescente têm direito à educação, visando o pleno


desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho”. (Art. 53. Estatuto da Criança e do
Adolescente)

Dezessete anos se passaram, desde que o Estatuto da Criança e Adolescente foi

aprovado como lei nacional, e a sensação que fica em todos nós brasileiros é de que

ainda falta muita coisa para que esta lei de fato seja aplicada na prática na vida de todas

as crianças e adolescente. Infelizmente, a realidade do país em que vivemos é a não

priorização à educação. Segundo o último estudo da Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OCDE) direcionado para o setor, o Education at a Glance

2007, o Brasil é um dos países que menos investe na área. Apesar do volume de

recursos do PIB aplicados em educação pelo Brasil em 2004 ter subido 0,1 ponto

percentual em relação a 2000, ainda assim o país foi o antepenúltimo entre os 36 países

pesquisados naquele ano, com apenas 3,9% PIB. O Brasil ficou em último lugar no

valor anual investido por aluno dos três níveis de ensino (fundamental, médio e

superior), US$ 1.303. E fica fácil percebermos isso. Basta fazermos um breve balanço

de como anda a educação no Brasil.

No Brasil, o problema na educação começa a partir da estrutura. As condições de

estudo oferecidas pelo Estado para os alunos e professores são mínimas. As escolas têm

instalações em sua grande maioria precárias. Faltam materiais didáticos e muitas escolas

públicas ainda não tem acesso a Internet. Muito se questiona do desempenho do

professor dentro da sala de aula. Mas a questão é que é muito difícil um professor ter

estímulo para desempenhar um bom trabalho em sala de aula, onde as condições de


9

trabalho oferecidas são mínimas, quando ele é pouco valorizado pelo Estado, tendo um

salário defasado e recebendo pouco ou nenhum investimento em treinamento. Mas

também não podemos fechar os olhos ao que tem acontecido nos últimos anos, quando

se fala na formação de novos professores. Há um grande crescimento na quantidade de

estabelecimentos de ensino de nível superior para a formação de professores, que são

tidos como verdadeiras fábricas de professores. Isto tem resultado na formação de

muitos professores despreparados para o papel de educadores. A conseqüência disso

podemos observar na qualidade do ensino, principalmente nas escolas publicas.

A verdade é que culturalmente a população do Brasil no geral nunca se

preocupou com a educação. E fica fácil entendermos isso, basta analisarmos um pouco a

história da população brasileira. A população no Brasil, desde o começo, sempre foi

formada em sua grande maioria por pessoas pobres e por descendentes de escravos, que

nunca tiveram direito a escola. A única realidade que eles conheciam era o trabalho

pesado. Isso tornou impossível a formação de uma consciência que tem como uma das

bases o estudo. E esta consciência debilitada vem sendo transmitida por diversas

gerações até chegar aos nossos dias. Ainda hoje, no geral, não existe uma preocupação

por parte da grande maioria da população com relação ao estudo. É difícil encontrar pais

que realmente se preocupem e acompanhem de perto o desempenho escolar dos seus

filhos, não existe uma cobrança. E a pergunta que fica é: é possível uma criança encarar

o estudo com seriedade a partir do momento em que ele não percebe uma preocupação

por parte de seus pais e não existe uma cobrança tanto em casa como na escola? Está

mais do que claro que é imprescindível mudar esta realidade cultural com relação à

educação da população brasileira.


10

Há também a baixa condição social na grande maioria da população brasileira,

que acaba forçando a entrada precoce de muitos jovens no mercado de trabalho,

especialmente na zona rural. Isto dificulta bastante o acesso de boa parte das crianças e

adolescentes à sala de aula. Muito se fala sobre programas do governo que visam

erradicar este problema, como é o caso da Bolsa Escola e da Bolsa Família, mas a

verdade é que estes programas não vêm mostrando muita eficácia na luta contra a

evasão escolar. O alcance destes programas não atinge todas as famílias que necessitam

de ajuda, e há ocorrência de muitas fraudes nestes programas, o que deixa evidente a

necessidade de uma reavaliação de como se aplicar os mesmos.

Outro ponto negativo da educação do Brasil é a maneira como a educação é

encarada pelo governo. Não se tem um ponto de vista correto sobre a educação. Os

planos e projetos do governo na educação, tem sempre como único objetivo, melhorar a

posição do Brasil no rank da educação mundial. Uma prova disso é a política de

liberação de verbas para as escolas públicas. A quantidade de recursos que vão ser

destinados a uma determinada escola, depende do índice de aprovação desta escola. A

conseqüência desta política de liberação de verbas, é aprovação meio que forçada de

alunos sem nenhuma condição de cursar a série seguinte. Os resultados do Programa

Internacional de Avaliação de Alunos, elaborado pela Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OCDE) que é divulgado a cada três anos, o Brasil não

vai nada bem. Entre os 57 países que participaram da avaliação, o país ocupa as últimas

posições da listagem: na avaliação de leitura é o 8º pior, só à frente de Montenegro,

Colômbia, Tunísia, Argentina, Azerbaijão, Qatar e Quirguistão. Em matemática, é o 4º

pior, superando somente a Tunísia o Qatar e o Quirguistão. Está mais do que claro que é

impossível esconder a dura realidade da educação do Brasil. Se limitarmos o nosso


11

campo, para um âmbito regional, conseguiremos enxergar com mais clareza a dura

realidade da nossa educação. Cidades como Própria, no estado de Sergipe, apresentam

grande número de alunos com deficiência, principalmente em Matemática.

A questão que se levanta é: é possível uma mudança positiva no cenário da

educação em algumas escolas publicas do Brasil, sobretudo no que diz respeito ao

ensino da Matemática? Durante algumas décadas surgiram alguns educadores com a

disposição de desenvolver métodos que visassem melhorar o ensino da Matemática.

Dentre estes educadores, está o professor Toru Kumon, que desenvolveu o método de

ensino da Matemática visando extrair todo o potencial do aluno, bem como despertar o

gosto pela disciplina. Por meio de pesquisas bibliográficas iremos analisar como

funciona o Método Kumon de Matemática e se é possível a sua aplicação na escola

publica.
12

2 - PROFESSOR TORU KUMON

Toru Kumon, nasceu no 3º ano da era Taisho (1914), ele era o segundo filho de

sua família. Quando criança Toru Kumon, sempre era chamado pela mãe de Gokudo-

Mono, que no dialeto Tosa, da província de Kochi, significa “aquele que passa o dia na

ociosidade sem animo para nada”. E ele próprio se encarava como sendo um justamente

pelo fato de não gostar de estudar. Achava que aquele que conseguia viver a vida como

Goku-Mono era o mais inteligente, porque não a nada melhor do que viver a vida com

pouco sacrifício.

Quando criança estudou na Escola Ginasial Tosa. Lá era aplicado um método

educacional de fazer com que o aluno estudasse adiantadas as matérias fundamentais

uma série escolar, ou mais, da série correspondente. Adquirindo esta capacidade, os

estudantes poderiam avançar cada vez mais. Além disso, o método incentivava o aluno

avançar mais e mais por meio do autodidatismo. Este era o lema do diretor Mine. Os

professores seguiam a linha de não ensinar os pormenores para que os alunos

estudassem por si mesmos.

E foi justamente o sistema do autodidatismo que fez com que Toru Kumon

aumentasse seu interesse por matemática. Porque ele não precisava ouvir explicações

supérfluas ou ter que agüentar péssimos professores. O mesmo não se dava com as

matérias da área de humanas. E ele acreditava que isso aconteceu, porque ele achava

que para um estudante se tornar habilidoso ou não em uma determinada matéria

depende, em muitos casos, de uma pequena oportunidade. Se o professor disser ao


13

aluno que ele não tem talento para cálculo, este aluno se atrasará nessa matéria.

Certamente que à casos opostos.

“Creio que o motivo de eu não ser muito forte na redação de texto


remonta a educação recebida na escola primária. O professor nunca elogiou
os textos que eu redigia. Pelo contrário, me fazia pensar que a minha
redação era uma das piores da classe”. (Vamos Tenta!: buscando o potencial
intelectual da criança, p.36)

Desta forma, Toru Kumon, de acordo com a sua própria experiência, acreditava

que a educação deve se adaptar a cada criança, caso contrário não teria sucesso.

Toru Kumon ingressou na escola de ensino médio de Kochi, depois de concluir

a 4ª série, apesar de o ensino ginasial do antigo sistema japonês ser composto de cinco

séries. Isto se deu, porque na 4ª série, ele já havia estudado todos os assuntos didáticos

referentes a 5ª série. O que possibilitou ele fazer o exame de admissão para o ensino

médio. No ensino médio, Toru Kumon optou pela área de ciência.

Ele não tinha o sonho de se tornar um estudioso para pesquisar a matemática no

futuro, nem de se tornar professor de matemática ou seguir uma profissão na qual

pudesse aplicar os conhecimentos de matemática. Ele tinha apenas uma vaga impressão

de que, no futuro, seria vantajoso ingressar na universidade.

Então com essa idéia em mente, Toru Kumon escolheu a Universidade de Osaka

para fazer o curso de matemática. E o motivo da escolha de Osaka, foi o fato de ele

pode fazer parte da primeira turma do curso de matemática, o que pra ele representava

um certo privilégio e soava bem.


14

Chegando ao 3º ano da universidade, os alunos do curso de matemática

começaram a se preocupar quanto ao futuro: se permaneceriam na universidade

realizando pesquisas ou se iram trabalhar. Na universidade de Osaka os professores

eram novos e, muito dedicados às pesquisas, quase não se interessavam por assuntos

que não fossem pesquisas. Isso porque no curso de matemática da universidade de

Osaka o clima era de estudar uma ciência mais avançada. Portanto, se alguém falasse

que pretendia gradua-se para trabalhar, corria o risco de ser menosprezado. E essa

atmosfera fez com que Toru ficasse indeciso, visto que não conheciam pessoas

influentes que pudessem lhe indicar um bom emprego. Geralmente, os graduandos do

curso de matemática iam trabalhar em companhia de seguro de vida, ou se tornavam

professores.

Aproximando-se a época da formatura de Toru Kumon, através da universidade,

houve uma oferta de trabalho como professor na Escola Ginasial Provincial de Kochi

Kainan (atual escola primaria Ozu). O professor responsável pela turma perguntou se

alguém gostaria de assumir o cargo. Para Toru Kumon, isso seria animador porque,

além de ser a sua terra natal, seus pais também ficariam felizes com o seu retorno. Em

março do ano 11 da era Showa (1936), ele graduou no curso de matemática da

universidade de Osaka e tomou posse do cargo de professor na escola provincial

ginasial Kainan (atual escola de ensino médio Ozu) em Kochi, sua terra natal.

Em 1954, iniciou a orientação de seu filho mais velho, Takeshi, utilizando folhas

com exercícios de cálculos, direcionando a estudar de forma autodidática. Os resultados

obtidos chamaram a atenção de outros pais e professores, que se interessaram pelo


15

método de estudo. Em 1956, foi aberta a primeira unidade do Kumon, na cidade de

Moriguchi (Osaka), tendo como orientadora a Senhora Teiko, sua esposa.

Em 1958, fundou o Kumon Instituto de Educação e, através de seu método de

estudo individualizado e de acordo com o potencial do aluno, desenvolveu um grande

número de alunos brilhantes. Desde 1974, quando foi aberta a primeira unidade do

Kumon fora do Japão, o método vem expandindo por todo o mundo, com mais de

2.500.000 alunos, atualmente.

Toru Kumon faleceu em julho de 1995, deixando, bem claro, as palavras que

resumem a filosofia do Kumon:

“Vamos descobrir o potencial com o qual cada individuo é dotado e


com a expansão deste dom ao Maximo limite, desenvolver pessoas
responsáveis e mentalmente sãs, contribuindo, assim, para a sociedade.” (
Estudo Gostoso de Matemática: O Segredo do Método Kumon, p.7)
16

3 - MÉTODO KUMON

Tudo começou em 1954, com um teste de matemática feito pelo filho mais velho

do professor Toru Kumon, que estava na 2º série do I Grau. Ele havia tira uma nota oito,

considerada muito baixa no Japão, na época. Toru Kumon era da opinião que não havia

necessidade de os pais ensinarem os filhos em nenhuma disciplina, enquanto eles ainda

estivessem no primário. Contudo com insistência da esposa, ele resolveu intervir no

problema.

Nesta época, o professor Toru Kumon lecionava matemática em certo colégio

publico da província de Osaka. Folheando o livro da 2º serie de seu filho, ele encontrou

diversas questões de calculo, problemas e exercícios, mas em sua opinião parecia não

haver uma distribuição sistemática do conteúdo. Sem opções, ele próprio resolveu

montar os exercícios para o seu filho. Para este objetivo, ele colocou três metas a serem

atingidas por meio dos exercícios:

1. Limitar o tempo de estudo diário do seu filho em 30 minutos;

2. Fazer com ele conseguisse resolver questões dadas em vestibulares, ao invés

de objetivar somente a melhora do desempenho no I Grau;

3. Fazê-lo chegar, o mais cedo possível, à resolução de equações.

Como sua esposa não permitia que seu filho Takeshi, estudasse à noite, após o

jantar, em virtude de sua saúde, que embora não fosse frágil, necessitava de certos

cuidados. A solução encontrada foi, preparar exercícios a mão, no dia anterior, para que

sua esposa os entregasse a Takeshi depois. Como não poderia ficar ao lado de Takeshi

para ensiná-lo, ele teve que montar os exercícios de modo que ele pudesse resolvê-los
17

sozinho. Nos exercícios que ele cometia erros, fazia anotações e fazia com que ele

próprio o corrigisse. Estes exercícios poderiam ser resolvidos em 30 minutos, por isso

seu filho devia anotar o tempo que ele levava na resolução. O professor Toru Kumon,

evitava colocar questões que Takeshi já dominava, ou aquelas difíceis demais para ele.

Pensando no futuro de seu filho, sabia que não havia necessidade de limitar seu

ensino no conteúdo dado na escola. Era preciso que ele fosse preparado para enfrentar

as questões de vestibulares. Com isso em mente, ele como meta o domínio da matéria a

ser dada no II Grau. Ele acreditava que se um aluno conseguisse resolver equações,

poderia resolver também os problemas, usando a mesma linha de raciocínio.

Com o bom desempenho de seu filho na escola, seus amigos começaram a

procurá-lo pra que ele aplicasse os mesmos exercícios para os seus filhos. Desta

maneira o professor Toru Kumon e, sua esposa passou acreditar que por meio de seu

método desenvolvido com a finalidade nos estudos de seu filho de Matemática eles

poderiam dar uma grande contribuição para a sociedade.

Vamos a partir de agora analisar os principais princípios que constituem o

Método Kumon e como eles fusionam para o desenvolvimento acadêmico do aluno.

3.1 Filosofia do Método kumon

“Descobrir o potencial com o qual cada indivíduo é dotado e, com a expansão

deste dom ao máximo limite, desenvolver pessoas responsáveis e mentalmente sãs,

contribuindo, assim, para a sociedade.”


18

3.2 Respeitando ás diferenças individuais

A diferença de capacidade entre os alunos é natural, mais é maior do que os pais

imaginam. Crianças dotadas de grande capacidade de aprendizagem acabam sendo

prejudicadas pela falta de percepção de seus pais, que se satisfazem em vê-las niveladas

aos outros alunos da mesma série da escola tradicional. Em contra partida as crianças

que apresentam dificuldades de aprendizado são pressionadas a estudar conteúdos acima

de sua capacidade, passando a não gostar dos estudos e, como conseqüências alguns

acabam desenvolvendo um sentimento de inferioridade.

Em países como Estados Unidos, França e Alemanha, o ensino centrado no

potencial individual dos alunos está sendo energicamente implantado nas escolas

publicas. No curso primário da França (equivalente às cinco primeiras séries do ensino

fundamental no Brasil), por exemplo, os alunos com maior capacidade de aprendizado

pode ser adiantado em uma ou duas séries, de acordo com a avaliação do diretor da

escola. Na Alemanha e nos Estados Unidos, os alunos que demonstram capacidade

superior recebem o material didático de series mais avançadas para estudar. Esses são

exemplos de sistemas educacionais que valorizam o indivíduo.

É totalmente injusto limitar uma criança dotada de grande capacidade de

aprendizado ao ritmo de estudo dos demais alunos, apenas por questão de idade. Além

de injusto, significa ignorar a sua individualidade. A mesma coisa podemos falar com

respeito àquelas crianças que possui uma menor capacidade de aprendizado do que os

demais alunos.
19

Assim sendo, o respeito às características acadêmicas individuais de cada aluno

é uma dos principais princípios do Método Kumon.

3.3 Ponto ideal para um começo

Uma questão importante a ser respondida pelo professor é: por que o aluno acha

difícil estudar matemática? Será que a disciplina é realmente difícil, ou será que o

assunto especifico que naquele momento estar sendo considerado é muito difícil para

ele? A verdade é, que nenhum aluno vai se sentir estimulado ou satisfeito por estudar

uma coisa que pra ele vai ser muito difícil e maçante. Então, a solução encontrada é,

descobrir qual seria o ponto ideal, para que um aluno possa começar os estudos tendo

plena satisfação. Este ponto ideal para a partida deve sempre considerar o que o aluno já

domina na matemática, ou seja, à parte em que ele considera mais fácil.

Tendo este principio em mente o aluno ao ingressar no Método Kumon, faz um

teste de diagnostico que tem o objetivo de apontar qual deverá ser, para ele, o ponto de

partida no estudo da Matemática. A determinação do ponto de partida é feito de acordo

com a capacidade atual do aluno, com isso a sua série atual é desconsiderada. Desta

maneira o aluno começa seus estudos num ponto em que ele consegue fazer os

exercícios com facilidade, independente da serie escolar que ele esteja cursando. O nível

de complexidade da matéria cresce gradativamente, permitindo que o aluno de baixo

rendimento na escola tradicional consiga tirar nota máxima nos exercícios do Kumon. O

resultado dessa estratégia é uma grande elevação da alta estima do aluno, de sua alta

confiança, bem como desperta a sua força de vontade nos estudos. Pois para ele torna-se
20

prazeroso estudar uma matéria que antes suas notas eram baixas, mas que agora seu

aproveitamento é máximo.

3.4 Material de estudo

Podemos considerar o desenvolvimento acadêmico de um determinado aluno,

como o de um atleta. Pra que um atleta que participa na modalidade de salto a distancia

possa atingir uma boa marca, é necessário que ele se submeta a uma série de exercícios

que não exijam muito de sua capacidade física, talvez saltos curtos. Com

prosseguimento do treinamento esta distancia é aumentada gradativamente, até que

finalmente ele atinge a distancia máxima esperada. Pra que o aluno possa se

desenvolver no estudo da Matemática, é preciso que os exercícios avancem em

pequenos passos em nível de complexidade, para evitar que o aluno sinta cansaço e

dificuldade com relação ao estudo.

Tais passos são determinados tendo em vista a necessidade de domínio pleno de

um assunto antes que se avance para um próximo. Assim, o aluno não terá dificuldade

em prosseguir no estudo da matemática por não ter assimilado assuntos que são pré-

requisitos para o que está estudando. Por meio do grau de correção dos exercícios e do

tempo de execução dos mesmos é feita uma avaliação do domínio daquele assunto pelo

aluno e se ele avançará ou não para o passo seguinte.

O material do Kumon é elaborado seguindo este critério. As dificuldades são

colocadas em ordem crescente, de folha em folha, da mais simples para a mais

complexa. Isto garante que o aluno consiga estudar a matéria praticamente sozinho, sem
21

o auxilio do orientador, seguindo os exemplos apresentados no material, assimilando o

conteúdo e desenvolvendo habilidade de cálculo, raciocínio lógico e confiança em si

mesmo, ao passo atinge as metas pré-estabelecidas.

Uma aplicação deste critério na escola tradicional seria possível preparando-se

material didático de apoio ao já utilizado, onde seriam apresentados apenas os conceitos

elementares e indispensáveis de cada assunto junto com exercícios exemplos,

objetivando que o aluno tenha condições de resolver os exercícios e problemas

propostos nas atividades.

3.5 A importância da repetição

Vamos considerar agora o caso de um atleta que pratica Ginástica Olímpica. Pra

que ele possa ter um pleno domínio dos movimentos a ser realizado, ele é submetido a

uma série de repetições. A repetição da série de movimentos só é abandonada a partir do

momento que o atleta alcança o pleno domínio dos movimentos.

Na Matemática não é diferente, pra que o aluno possa avançar com segurança

para os próximos assuntos, é necessário que ele tenha um pleno domínio dos assuntos

anteriores. Neste caso a revisão realizada por meio da repetição dos exercícios que ainda

não foram dominados pelo aluno, se torna fundamental. E a revisão por meio da

repetição é um outro principio do Método Kumon. E pra que funcione com sucesso, é

necessário o conhecimento de três situações especifica: quando repetir, por que repetir e

onde repetir.
22

O aluno deve repetir o exercício quando, além de cometer muitos erros, seu

tempo de resolução for longo demais. Deve repetir porque a repetição lhe permite fixa

os conhecimentos adquiridos e avançar facilmente a níveis mais complexos da matéria.

E repetir onde, geralmente, encontrou maiores dificuldades, ou os pontos básicos do

assunto. E esta repetição sempre leva em consideração a capacidade individual de cada

aluno. Com isso a repetição deve ser vista como um instrumento pedagógico que

possibilita o aluno ter uma base sólida para os próximos passos do estudo da

Matemática.

3.6 Estabelecimento de metas

Diz-se que para quem não sabe a que porto quer chegar, pouco importa pra que

lado sopra o vento. Este dito nos salienta a importância de trabalhar com o aluno tendo

metas bem estabelecidas. A meta principal é fazer com que o aluno domine os

conteúdos de matemática dos ensinos fundamental e médio com a capacidade de usá-los

ao resolver problemas diversos. O estabelecimento de metas menores possibilita a

avaliação do progresso do aluno com relação a sua capacidade de compreensão e

habilidade. Tais metas ajudam o aluno a se orientar e perceber seu avanço, dando-lhe

motivação para continuar nos estudos, ao mesmo tempo em que permitem o professor

determinar a necessidade ou não de repetições dos exercícios resolvidos.

Quanto mais ele se aproximar das metas para ele estabelecidas, maior será a sua

compreensão e sua habilidade. E isto é algo que fica claro para o aluno. Alem do mais,

as metas estimulam o aluno ao estudo, por representar um desafio a ser vencido, e lhe

proporciona um aumento da sua alta estima, em virtude de perceber o aumento da sua


23

capacidade de estudo e habilidade de cálculo. Afinal, levando em conta o fato de estar

estudando praticamente sozinho, o aluno se torna, como realmente deve ser, o

verdadeiro gestor da sua aprendizagem.

3.7 Estimular a criança desde cedo

As crianças possuem um infinito potencial, que poderá ser desperdiçado se os

pais e os professores não souberem oferecer a eles as condições de desenvolvê-lo com

eficiência. Para que pais e educadores possam ter plenas condições de ajudá-los, é

preciso que o mais breve possível se detecte o potencial da criança e passe a

desenvolvê-lo ao máximo limite. Do contrário, o potencial da criança será como um

tesouro desperdiçado.

O desenvolvimento intelectual do ser o humano, segundo as mais recentes

pesquisas, é acentuadamente maior na infância. Ou seja, quanto mais estímulos a mente

de uma criança receber, maior será sua capacidade de aprendizagem. Isto é um fato que

vem se mostrando claro no Método Kumon. Pois os alunos que foram introduzidos no

Método ainda na pré-escola ou no inicio do ensino fundamental demonstraram uma

maior expansão da capacidade de estudo do que aqueles que se matricularam somente

no final do ensino fundamental.

Para exemplificar bem o valor deste principio, vamos analisar o caso de Carlos.

Ele se matriculou com quatro anos em uma unidade do Kumon e conhecia a seqüência

numérica, contando até mil. Entretanto não conseguia associar os números às

quantidades. Começou num estagio do curso, fazendo exercícios de coordenação


24

motora. Como os exercícios eram compatíveis a sua capacidade intelectual (de fácil

resolução), ele acabou tomando gosto pelo estudo.

Seis meses depois da matricula, Carlos fazia exercícios de adição, resolvendo 5

folhas diárias. Sua evolução foi notória. Assimilando cada assunto dado por meio de

algumas repetições, chegou ao ponto de resolver equações com apenas seis anos de

idade. Sua capacidade de concentração e execução de tarefas é muito grande.

Após ingressar no ensino fundamental, sua agilidade e facilidade nos exercícios

matemáticos fizeram com se destacasse na escola. Perseverante e disciplinado, Carlos

chegou à conclusão do curso do Método Kumon quando estava na 3ª série do ensino

fundamental. Ou seja, nesta época, ele dominava conteúdo matemático dados além do II

grau na escola tradicional, e já se sentia preparado para os vestibulares.

Do ponto de vista de qualquer pessoa adulta esta criança nada mais do

excepcional. Mais o fato é que Carlos é uma criança como qualquer outra. O seu

desempenho se deve à sua dedicação diária aos estudos e ao incentivo incansável

recebido dos pais e da orientadora do curso Kumon. E o caso de Carlos deixa claro uma

seguinte verdade. Que toda criança tem um potencial que supera a expectativa dos

adultos. É preciso acreditar neste potencial e estimular o seu desenvolvimento. Não

importa a idade ou a série escolar, o fundamental é trabalhar cada criança

individualmente, respeitando o seu ritmo e seu nível de desenvolvimento.


25

3.8 Despertar o interesse e a força de vontade do aluno

Para que o aluno possa alcançar o seu objetivo nos estudos, é preciso que aja de

sua parte um esforço continuo e que ele avance passo a passo sem interrupções. E no

que diz respeito à Matemática, é necessário que aja um acumulo gradativo dos

conhecimentos básicos para que o aluno possa dominá-la.

Entretanto, o ser humano não pode agir de forma controlada, como se fosse uma

maquina, progredindo sempre no mesmo ritmo. Constantemente, ele perde a

persistência e sua produtividade diminui. Mas quando isso ocorre, a criança nunca deve

ser culpada. Pois na maioria das vezes, a responsabilidade é do educador ou dos pais da

criança.

A criança sempre vai gostar de estudar, desde que lhe sejam dados assuntos

adequados á sua capacidade. Geralmente isso pode ser medido pelos exercícios

resolvidos pela pessoa. Ele os considera fácil ou difícil. Quando isso não ocorre, vai

ser natural que ela deteste o estudo, pois ele passa a ser um fardo para sua vida. Com

isso em mete o Método Kumon tem a prerrogativa de nunca exigir demais da criança.

Oferecendo para a criança apenas o que estar de acordo com a sua capacidade, ou seja, o

que ela considera mais fácil. E esta estratégia educacional desperta o interesse nos

estudos e alimenta a força de vontade do estudante. Para o aluno é prazeroso perceber

que ele consegue fazer com facilidade exercícios relacionados com uma matéria que

antes ele considerava impossível de se aprender.


26

Um ponto primordial para que isso ocorra é a orientação individualizada, porque

os pontos críticos, nos quais a criança encontra maiores dificuldades e o período em que

a criança perde o ritmo dos estudos, variam de estudante para estudante. Isto se reflete,

por exemplo, na hora de se determinar em que parte do assunto ele vai precisar revisar,

ou quantas repetições dos exercícios serão necessário se fazer.

O envolvimento dos pais na educação escolar é outro ponto importante na hora

de despertar o interesse da criança para o estudo. Quando os pais se envolvem de

maneira direta nos estudos da criança, procurando saber o que ela estar estudando, ou o

que ela acha do está aprendendo, sempre procurando elogiar o seu avanço não

importando o seu tamanho, ela se sente valorizada e, passa a encarar os estudo como

sendo algo realmente importante para sua vida.

3.9 Aquisição do autodidatismo na Matemática

As crianças que vem estudando pelo método Kumon assimilam a teoria

matemática sem perceberem. Ao resolver e fazer repetições dos exercícios, o aluno pode

desenvolver a capacidade de desenvolver uma série de associações mentais: levantar

hipóteses, confirmar suas suposições e chegar às próprias conclusões. Tais conclusões

dificilmente serão esquecidas, pois não foram informações recebidas e memorizadas,

mais gerada pelo aluno. E esta nova habilidade adquirida pelo aluno, é que dá plenas

condições pra que ele possa compreender novos assuntos sem precisar da orientação de

um professor.
27

Isto deixa claro que se o aluno concentrar os esforços no estudo de uma

disciplina, no caso a Matemática. O progresso nas demais matérias vem por acréscimo,

naturalmente. Isto, porque a capacidade autodidática adquirida pode ser facilmente

aplicada em outras disciplinas.

3.10 Valorizar a capacidade de cálculo

Algumas pessoas acreditam que não adianta resolver somente problemas de

cálculos. Os aluno precisam resolver problemas que exijam raciocínio. Na verdade, é

um grande equívoco afirmar que “cálculo” e “raciocínio” podem ser tomados

separadamente. A matemática, como todos sabem, exige que a pessoa tenha capacidade

de raciocínio. Mas o aluno não pode simplesmente raciocinar matematicamente sem

estar preparado para esta operação intelectual. O calculo está na base do raciocínio e, se

o aluno não souber calcular com facilidade, não saberá resolver problemas matemáticos

complexos, que exigem raciocínio e operação lógicas. Por isso o Método Kumon dá

tanta ênfase ao cálculo matemático.

Até aqui, observamos os principais princípios que constituem o método de

ensino da matemática desenvolvido pelo professor Toru Kumon. De fato, são muitos os

pontos positivos. Mas seria possível aplicar este método dentro de uma sala de aula

convencional? E se a escola em questão fosse publica? Como isso poderia ser feito?
28

4 - PRINCÍPIOS DO MÉTODO KUMON PARA A ESCOLA

PÚBLICA

Se formos analisar como o método foi desenvolvido pelo professor Toru

Kumon, veremos que sua origem se dá dentro da sala de aula, em uma escola publica do

Japão, onde se obteve grandes resultados, levando o professor Toru Kumon a buscar

difundir o seu método no mundo todo.

Sempre quando o assunto se trata de educação na escola publica, as coisas

tomam ares de missão impossível. De fato, os problemas da escola publica são muitos,

mas nada impede que o professor se empenhe em mudar esta realidade. Afinal de

contas, ao escolher a profissão de educador, ele já sabia das dificuldades que

encontraria, já que ele, como aluno, na maioria das vezes, já fizera parte do universo da

escola publica. Portanto, embora isto constitua um desafio, cabe ao professor estimular

o interesse do aluno pelo estudo de uma maneira geral, sendo que este desafio é ainda

maior no caso da matemática, visto que ela sempre foi encarada pelos alunos como

sendo a grande vilã da história.

O primeiro passo para que possamos superar este problema, é saber qual é sua

origem. De acordo com as observações feitas pelo professor Toru Kumon, o grande

motivo que leva as pessoas terem uma grande repulsa pela Matemática é o fato de elas

acharem difícil a resolução de exercícios matemáticos, mesmo os mais simples. E por

serem difíceis acaba se tornando um grande fardo á ser carregado. Para que isso não

ocorra teríamos que achar o ponto de partida que seja ideal para aquele aluno. Tal ponto
29

ideal é aquele em que o aluno consegue resolver os exercícios com facilidade e

agilidade, o ponto que ele considera fácil.

Mas dentro de uma sala de aula, o professor tem um compromisso com o

currículo escolar. O que ele poderia fazer para aplicar o princípio do ponto ideal de

partida? Uma ótima saída seria levar em consideração a idéia defendida pelo Método

Kumon de ter o calculo como sendo a base para aprendizagem matemática. Assim,

poderíamos estabelecer como ponto de partida cálculos simples como:

2+3 =

1+2 =

3 -1=

A partir do momento que o aluno for ganhando pleno domínio, com o tempo, de

maneira progressiva, poderíamos ir aumentando o grau de dificuldade dos cálculos de

maneira que seja confortável para o aluno.

45 29

37 63

Nesta fase, entra o conceito de educação individualizada. O tempo que o aluno

levará, ou a quantidade de repetições que ele deverá realizar para que ele possa dominar

um certo tipo calculo, vai variar de aluno para aluno. E isso vai exigir uma atenção

individualizada por parte do professor para que possa analisar o desempenho do aluno

nos exercícios de cálculo. Este ponto esbarra num obstáculo, a quantidade máxima de
30

alunos na sala de aula para que o professor possa dar este tipo de orientação sem deixar

de considerar os assuntos correspondentes ao ano letivo.

Estes exercícios envolvendo cálculos simples poderiam ser aplicados na sala de

aula, paralelamente ao que se é ensinado do currículo escolar da série. Com o tempo, o

aprimoramento do calculo do aluno será refletido na sua capacidade de aprender os

assuntos dados na Matemática.

Um problema muito comum entre os alunos é a falta de concentração durante os

estudos. Uma forma de superar este problema, seria estabelecer um tempo para que o

aluno possa resolvê-los. Caso o aluno não atinja a meta de tempo de resolução, ele terá

que refazer os cálculos. Isso fará com que o aluno desenvolva concentração no estudo,

pois ele não desejará ultrapassar o tempo estabelecido e assim repetir o exercício.

Outro principio do Método Kumon de Matemática a ser adotado é o

autodidatismo. Desenvolver no aluno a capacidade de estudar e poder aprender sozinho.

Quando o aluno adquire esta capacidade ele passa a ter a liberdade de poder ir muito

mais longe dependendo da sua capacidade de aprendizagem. Pois são poucos os

momentos que ele vai poder contar com o professor por perto para poder orientá-lo.

O material didático de matemática na sua grande maioria é desenvolvido a fim

de dar plenas condições para que o aluno possa andar sozinho. Eles são ricos em

exemplos de resoluções de questões. Então, ao em vez de o professor explicar o assunto

no quadro, ele poderia dar oportunidade para que o aluno leia o livro e tente resolver o

exercício sozinho. E quando surgirem duvidas, o professor induziria o aluno a raciocinar


31

para encontrar sozinho a solução. Com o tempo o aluno perceberá que ele tem plenas

condições de aprender sozinho, então, a solicitação da ajuda do professor se tornará

rara.

O próximo ponto do Método Kumon a ser aplicado seria o estabelecimento de

metas para o aluno. Essas metas dão ao professor a oportunidade de avaliar o aluno e

cria no aluno um senso de responsabilidade. Geralmente em uma escola convencional

seja ela publica ou não, os assuntos das disciplinas são divididos em quatro unidades.

Com isso o professor poderia colocar como meta para o aluno, concluir o assunto de

duas unidades no tempo normal para uma. Ou, até mais, dependendo do potencial do

aluno. Quando a meta estabelecida pelo professor representa um desafio, o aluno se

sentirá induzido a atender as expectativas.

Em qualquer disciplina o fator emocional e psicológico é sempre determinante

no progresso do aluno. E o professor tem poder de influenciar estes fatores de maneira

positiva. Basta-o incentivar e elogiar o aluno não importando se o progresso do aluno

for pequeno ou grande, ou até mesmo se ele não conseguiu progredir. A partir do

momento que você deposita a sua confiança no aluno, ele passa a se sentir valorizado.

O ultimo ponto do Método Kumon, é o envolvimento dos pais na educação dos

seus filhos. Se os pais não tiverem o compromisso de acompanhar o progresso escolar

de seus filhos, isso passará uma idéia que a escola é algo sem muita importância. Os

pais poderão mostrar este comprometimento de duas formas: verificando todos os dias

os exercícios feitos por seu filho e, comparecendo periodicamente na escola para

conversar com o seu professor sobre o seu progresso.


32

5 - MODELO DE APLICAÇÃO DO MÉTODO KUMON

PARA A ESCOLA PÚBLICA

Vamos fazer agora, uma breve ilustração de como podemos aplicar o Método

Kumon na prática, levando em consideração a álgebra.

Então, tendo o aluno dominado as expressões numéricas, iniciaremos a álgebra

aplicando exercícios com exemplos que induzam o aluno por se só a raciocinar e

entender o assunto.

Atividade 01(Exercícios do estágio G do Método Kumon)

Expressões algébricas

Hora de inicio: Hora de termino:

Determine o valor numérico das expressões abaixo para a  3 .


Observe os exemplos.

a  2  3  2  1
Ex. 2a  3  2  (3)  3  6  3  9 ( 2a é o mesmo que 2  a .)

1) a 1  ( __ )  1 

2) a  5  ( __ )  5 

3) a  7 

4) 2a  2  ( __ ) =

5) 4a 

6) 3a  1  3  ( __ )  1 

a (__)
7)   (__)
3 3
33

É importante salientar que nos exercícios o aluno deve registrar o tempo de

resolução. Isso junto com a quantidade de acertos servirá de base para que o professor

avalie o desempenho do aluno, e assim determinar se haverá necessidade de repetição

dos exercícios.

Na próxima seqüência de cálculos algébricos aumentaremos um pouco o nível

de complexidade.

(continuação da atividade 01)

1
Determine o valor numérico das expressões abaixo para: a 
2

1
1) a  2  2
2

2)  5  a  5  (___)

3) 2a  2  ( ___ ) 

4) 4a 

Determine o valor numérico das expressões abaixo para: a  6

1) 5  a  5  (6)  5  (___) 

1
2) 2  a 
2
34

A seqüência de exercícios, como no inicio da atividade 01, deve abranger cerca

de 8 a 10 cálculos. Cabe ao professor seguir o modelo e ampliá-lo.

Aumentando o grau de complexidade, segui-se:

Ex. Determine o valor numérico das expressões abaixo para x  3.


x 2  (3) 2  (3)( 3)  9
x 3  x  (3) 3  (3)  27  3  30

Determine o valor numérico das expressões abaixo para x  2.


Observe os exemplos acima.

1) x 2  (2) 

2) x 3 

3) x 4 

4) x 3  x 

5) x 4  x 2 

Determine o valor numérico das expressões abaixo para x  2.

1
1) 
x

2
2) 
x2

5 1
3) 1 
x 5

2 1
4) 2
 
x 2x
35

Ex. Determine o valor numérico das expressões abaixo para y  6.


y 3 63 3 3
  
5 5 5 5
3y 1 3  (6)  1  18  1  19 3
    4
4 4 4 4 4

Determine o valor numérico das expressões abaixo para y  6.


Observe os exemplos acima.

y3 63
1)  
5 5

2 y  3 2  (__)  3
2)  
18 18

1
Determine o valor numérico das expressões abaixo para y   .
2

 1
1) 5y  5  5      5 
 2

2 1
2) y 
3 4

11  1  1   (__)  1  1  (__) 1 
 2 y    2       
3) 3  2  3   (__)  2  3  (__) 2 

Continuando a aumentar de forma gradativa o grau de complexidade,

seguiremos os exercícios com cálculos algébricos que envolvem duas variáveis.


36

Determine o valor numérico das expressões abaixo para a  3 e b  2.


Observe os exemplos.

6a  4b  6  3  4  2  18  8  10
Ex. 3 3 9 1 1
a  b  3 2   2  4  2  6
2 2 2 2 2

(Quando trocamos a por 3 e b por 2, estamos fazendo duas substituições.)

1) a  b  (__)  2 

2) a  b  3  (__) 

3) a  2b  (__)  2  2 

3
4) a  b 
2

Determine o valor numérico das expressões abaixo para x  3 e y  2.

1) 2 x  4 y  2  (3)  4  (__) 

1
2) x  y
2

x 1
3)   y
3 2

Determine o valor numérico das expressões abaixo para a  3 e b  2.

1) 3a  2b 2  3  (3)  2  (__) 2 

2) 2a 2  b 3 

3)  a 2  2b 3 
37

Aumentando de forma gradativa o grau de complexidade, seguiremos os

exercícios com cálculos algébricos que envolvem três variáveis.

Determine o valor numérico das expressões abaixo para a  2 e b  3 e c  5.

1) a  b  c  2  3  5 

2) a  b  c  (__)  3  (__) 

3) 2a  (b  c) 

Determine o valor numérico das expressões abaixo para a  4 e b  3 e

c  1.

1) a 2  b 2  c 2 

2) (a  b) 2  c 2 

3)  1,5a  0,6b  2,5c 

Determine o valor numérico das expressões abaixo para a  2 e b  2.

a (__)
1)  
b 2
(2) 2

a4
2) 
b2

3) a 3  b 2 
38

Determine o valor numérico das expressões abaixo para a  2 e b  4.

1) (a  b)(a  b)   2  (__)(__)  (__) 

2) a 2  2ab  b 2 

3) (a  b) 2 

Determine o valor numérico da expressão a  (b  c) , observando o exemplo.

1 1 3
Ex. Para a  ,b  e c  
2 3 4

a  (b  c)

1  1  3  1  4 9  6 13 7
                .
2  3  4  2 12 12  12 12 12

1) Para a  5, b  2 e c  3

a  (b  c)  5  (__  3) 

2) Para a  0,1, b  0,5 e c  0,2

a  (b  c)  0,1  (___  ___) 

Este procedimento de elevar o grau de dificuldades dos exercícios de maneira

gradativa deve ser aplicado conforme exemplificado, não só na álgebra, mas em todo o

decorrer do curso de matemática dos ensinos fundamental e médio.

É importante salientar que o objetivo destes exercícios, não é fornecer ao aluno

um conhecimento teórico da matemática e sim dá as condições de calculo necessários


39

para que ele possa entendê-los. Sendo assim, este tipo de exercício deve ser adotado

somente como uma ferramenta de apoio para o professor.


40

6 - CONCLUSÃO

Não há duvidas de que é um grande desafio ensinar Matemática em um ambiente

em que a grande maioria dos alunos a encara como sendo algo impossível de se

aprender. Sem contar com os diversos problemas que existem na educação publica

brasileira que dificultam ainda mais o trabalho do educador.

O Método Kumon poderá ser um grande aliado para o professor de Matemática,

não só da escola publica, mas também, os de escolas particulares. Os princípios que

envolvem o método são na sua maioria simples de serem aplicados e deverão

influenciar de maneira positiva no desempenho do aluno não só na Matemática como

também nas demais disciplinas. Propomos assim a execução das atividades aqui

apresentas para que o professor possa verificar a viabilidade do Método Kumon na

escola pública.

A educação não só de Matemática, mas a que envolve todos os aspectos, é um

grande desafio. É algo que deve ser de extrema preocupação não só do professor, mas

principalmente dos pais. A criança precisa perceber o interesse dos pais para que ela

possa ter um senso de responsabilidade pelos os estudos. Assim desta maneira com a

união dos pais e professores podemos conseguir mudar o cenário da educação brasileira.
41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KUMON, Toru. Estudo gostoso da matemática: o segredo do método Kumon.

5ª ed. Rio de Janeiro: Ediouro; São Paulo: Kumon Instituto de Educação, 1998.

____________. Vamos Tentar!: Buscando o potencial intelectual da criança:

autobiografia do professor Toru Kumon. São Paulo: Kumon Instituto de Educação

Ltda., 2004.

KUMON, Instituto de Educação. Material didático de Matemática - Estágio

G, blocos 1 a 191.

Estatuto da Criança e Adolescente.

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