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Manual Obstetrico

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Introdução

1
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

2
Introdução

Enfermagem Obstétrica
Diretrizes Assistenciais

1
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Prefeito Reitor
Eduardo Paes Ricardo Vieiralves de Castro
Vice-Reitora
Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil
Maria Christina Paixão Maioli
Hans Fernando Rocha Dohmann
Sub-reitoria de Graduação
Subsecretaria de Atenção Hospitalar Lená Medeiros de Menezes
Urgência e Emergência
João Luiz Ferreira da Costa Sub-reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Monica Heilbron
Superintendência de Hospitais Pediátricos e
Sub-reitoria de Extensão e Cultura
Maternidades
Regina Lúcia Monteiro Henriques
Maria Auxiliadora de Souza Mendes Gomes
Diretor do Centro Biomédico
Paulo Roberto Volpato Dias
Direção da Faculdade de Enfermagem
Sonia Acioli de Oliveira
Luiza Mara Correia
Departamento de Enfermagem de Materno-Infantil
Patrícia Lima Pereira Peres
Lúcia Helena Garcia Penna

Catalogação na Fonte
UERJ/REDE SIRIUS/NPROTEC

G633 Gomes, Maysa Luduvice.

Enfermagem obstétrica: diretrizes assistenciais / Maysa Luduvice


Gomes. – Rio de Janeiro : Centro de Estudos da Faculdade de
Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2010.

168 p.

ISBN 978-85-63901-03-3

1. Enfermagem obstétrica. 2. Humanização do parto. 3. Cuidado


pré-natal. 4. Gravidez de alto risco. I. Título.

CDU 614.253.5:618.2

2
Introdução

Universidade do Estado do Rio de Janeiro


Centro Biomédico
Faculdade de Enfermagem
Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil
Subsecretaria de Atenção Hospitalar Urgência e Emergência
Superintendência de Hospitais Pediátricos e Maternidades

Enfermagem Obstétrica
Diretrizes Assistenciais

RIO DE JANEIRO

2010

3
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

COORDENAÇÃO
Maysa Luduvice Gomes – Mestre em Enfermagem UNIRIO. Enfermeira Obsté-
trica. Professora Assistente do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil da
Faculdade de Enfermagem da UERJ.
Ruth Floresta de Mesquita – Especialista em Didática do Ensino Superior. Assesso-
ra da Direção do Hospital Maternidade Carmela Dutra.
Luiza Mara Correia – Mestre em Enfermagem EEAN/UFRJ. Enfermeira Obsté-
trica. Professora Assistente do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil da
Faculdade de Enfermagem da UERJ. Vice-diretora da Faculdade de Enfermagem –
Gestão 2008-2012. Diretoria de Educação da Associação Brasileira de Enfermagem
– Seção Rio de Janeiro. Gestão 2010-2013.

EQUIPE DE ELABORAÇÃO
Angela Mitrano Perazzini de Sá – Diretora de Enfermagem do Hospital Maternida-
de Oswaldo Nazareth. Especialista em Enfermagem Obstétrica.
Avany Maura Gonçalves de Oliveira – Especialista em Enfermagem Obstétrica. Líder
de equipe do Centro Cirúrgico e Obstétrico do Hospital Maternidade Carmela Dutra.
Edymara Tatagiba Medina – Mestre em Enfermagem UERJ. Coordenadora Assis-
tencial da Casa de Parto David Capistrano Filho.
Eliane Barreto dos Santos Coutinho – Especialista em Enfermagem Obstétrica. Chefe
do Centro Cirúrgico e Obstétrico do Hospital Maternidade Alexander Fleming.
Francisca Auricélia S. Furtado Rocha – Mestre em Saúde Pública ENSP/FIOCRUZ.
Enfermeira Obstétrica do Hospital Maternidade Fernando Magalhães.
Kátia da Costa Silva – Especialista em Gestão da Saúde e Administração Hospitalar.
Assessora da Superintendência de Hospitais Pediátricos e Maternidades.
Karina Chamma Di Piero – Mestre em Saúde Coletiva IFF/FIOCRUZ. Enfermeira
da Educação Continuada do Hospital Maternidade Fernando Magalhães.
Leila Gomes Ferreira de Azevedo – Mestre em Enfermagem. Especialista em En-
fermagem Obstétrica. Diretora da Casa de Parto David Capistrano Filho.
Luiza Ludhiel – Chefe do Centro Cirúrgico e Obstétrico da Maternidade Leila Diniz
/ Hospital Municipal Lourenço Jorge.
Margarida Maria Loureiro Mota – Especialista em Enfermagem Obstétrica. Equipe
técnica do Departamento de ações programáticas em saúde – CAP 3.
Maysa Luduvice Gomes – Mestre em Enfermagem UNIRIO. Enfermeira Obsté-
trica. Professora Assistente do Departamento Materno-Infantil da Faculdade de
Enfermagem da UERJ.
Mircia Fátima Silva Vilela – Especialista em Enfermagem Obstétrica. Chefe da Ma-
ternidade do Hospital Municipal Miguel Couto.
Miriam de Oliveira Gomes Gonçalves – Especialista em Enfermagem Obstétri-
ca. Chefe do Centro Cirúrgico e Obstétrico do Hospital Maternidade Herculano
Pinheiro.

4
Introdução

Ruth Floresta de Mesquita – Enfermeira. Assessora da Direção do Hospital Mater-


nidade Carmela Dutra.
Silma de Fátima Araújo Nagipe – Especialista em Enfermagem Obstétrica. Diretora
de Enfermagem do Hospital Maternidade Alexander Fleming.
Suzane Oliveira de Menezes – Mestre em Saúde Coletiva. Enfermeira Obstétrica.
Especialista em Neonatologia. Assessora da Superintendencia de Hospitais Pediátri-
cos e Maternidades.
Vera Lúcia César Santos – Especialista em Enfermagem Obstétrica. Diretora de
Enfermagem do Hospital Maternidade Herculano Pinheiro.

COLABORAÇÃO
Alyne Correa de Freitas – Especialista em Enfermagem em Saúde Pública. Residen-
te da SMSDC-RJ.
Iraci do Carmo França – Especialista em Enfermagem Obstétrica. Diretora de
Enfermagem do Hospital Maternidade Carmela Dutra. Presidente da Associação
Brasileira de Enfermagem-RJ, gestão 2004-2010.
Iraíldes da Silva Gomes – Especialista em Enfermagem em Saúde Pública. Residen-
te da SMSDC-RJ.
Liane Ferreira Savary - Especialista em Enfermagem Obstétrica.Especialista em
Enfermagem Obstétrica. Equipe técnica do Departamento de ações programáticas
em saúde – CAP 3.3.
Sallete de Moraes Silva – Enfermeira do Hospital Maternidade Herculano Pinheiro.
Sheila Cruz de Souza – Especialista em Enfermagem Obstétrica. Enfermeira da
Casa de Parto David Capistrano Filho e da Maternidade Leila Diniz.

AGRADECIMENTOS
Maria Auxilliadora de Souza Mendes Gomes – Superintendente de Hospitais pediá-
tricos e Maternidades.
Diana do Prado Valladares – Sanitarista, Mestre em Antropologia. Assessora da
Superintendência de Hospitais pediátricos e Maternidades.
Rosa Maria Soares Madeira Domingues – Epidemiologista, Assessora do Programa
de DST/AIDS da SMSDC-RJ.
Rosane Valéria Viana Fonseca Rito – Nutricionista, Assessora do Programa de
Saúde da Criança da SMSDC-RJ.

CAPA E PROJETO GRÁFICO


Carlota Rios – Cena Tropical Comunicações.

5
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

6
Introdução

APRESENTAÇÃO

Carla Lopes Porto Brasil *

É com grata satisfação que fui convidada pelo grupo técnico de Enfer-
magem responsável pela elaboração deste Manual a escrever a apresen-
tação das Diretrizes Técnicas da Assistência de Enfermagem Obstétrica.
Acredito que recebo esta missão porque, junto com o grupo de enfer-
meiras obstetras das maternidades e da Casa de Parto integrantes da Se-
cretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil da Prefeitura da Cidade do Rio
de Janeiro (SMSDC), valorizamos o cuidado de Enfermagem oferecido
àquelas(es) que dele necessitam, considerando-o um ação preciosa - que
imprime qualidade à assistência que ofertamos à população.

A prática sistematizada da Enfermagem Obstétrica em nossa Secretaria,


como a reconhecemos hoje - e traduzida no presente Manual -, inscreve-
se em um conjunto de ações empreendidas por gestoras(es) e técnicas(os).
Tais ações tiveram seu início na década de 1980, com jovens profissionais
de enfermagem, que atuavam no Instituto Municipal da Mulher Fernando
Magalhães (hoje Hospital Maternidade Fernando Magalhães). Na década
de 1990, foi proposta uma política pública específica na atenção ao nasci-
mento, implementada pioneiramente pela Secretaria Municipal de Saúde
(SMS). Sendo assim, nos últimos vinte anos, a SMSDC vem pensando e
tendo a oportunidade de exercitar, junto com as protagonistas principais,
mulheres que usam nossos serviços, novas formas de parir e nascer em
nossa cidade.

A assistência de Enfermagem, prestada na sua esmagadora maioria por


mulheres, e construída de forma coletiva por diversas de nós, conforme o
cargo e/ou a função que ocupávamos/ocupamos, faz parte de uma his-
tória do cotidiano (re)escrita a cada dia, dentro das nossas maternidades.
Uma história que sabemos ser apenas um pedaço de uma outra maior,
que vem sendo escrita desde sempre. Desde que mulheres vêm trazendo
seus filhos e filhas ao mundo.

7
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Fazendo o exercício de olhar o vivido, percebe-se que começamos a ins-


crever junto com a sociedade civil, movimento feminista e as mulheres,
uma possibilidade de um parir que acontece e deixa suas marcas nos
corpos das mulheres e também na sociedade onde essas mulheres, seus
bebês e suas famílias vivem. Estamos, portanto, falando de um ato não
só biológico, mas social, político, absolutamente transformador e com
um potencial de revolucionar não apenas a forma de nascer/parir, mas a
forma de se sonhar a sociedade em que queremos viver.

Dito assim, parece algo grandioso e distante. No entanto, falamos de algo


com a simplicidade e a complexidade da dimensão humana! Trata-se do
desafio de implementar e garantir a continuidade de uma Política Pública
de humanização da assistência ao parto e ao nascimento.

Humanização compreendida como Boas Práticas em Obstetrícia, que


significa devolver à mulher seu lugar de protagonista no momento do
parto, apoiado na capacidade técnica das profissionais de saúde que a
assistirem, sem intervenções desnecessárias, com presença de acom-
panhante ao longo de todo o processo (pré-parto, parto e puerério) e
o reconhecimento dos Direitos Reprodutivos que estas mulheres têm,
exercidos no âmbito das unidades do Sistema Único de Saúde.

O grupo de enfermeiras obstetras atuantes em nossas unidades, muitas


delas também exercendo suas atividades profissionais nas universidades
localizadas em nossa cidade, foram e vêm sendo aliadas e participantes
estratégicas nesse processo de construção teórica e prática, da política
pública da SMSDC de atenção ao parto e nascimento.

É dessa forma que apresentamos estas Diretrizes, não como algo pronto
e acabado mas como mais uma importante etapa na construção e conso-
lidação dessa Política voltada para as mulheres.
* Assessora da Subsecretaria de Atenção Hospitalar e Urgência e Emergência da SMSDC

8
Introdução

SUMÁRIO

Introdução 11

PARTE I: PRÉ-NATAL - O cuidado à gestação 15


Capítulo I 19
ROTEIRO DA PRIMEIRA CONSULTA 19
ROTEIRO DAS CONSULTAS SUBSEQUENTES 23
CALENDÁRIO DAS CONSULTAS 24
AÇÕES REALIZADAS NAS CONSULTAS DE PRÉ-NATAL 25
EXAMES 32

Capílulo II 39
Práticas educativas 39
Dinâmica de apresentação 42
Dinâmica de introdução 44

Capítulo III
A CHEGADA À MATERNIDADE / ADMISSÃO NAS
UNIDADES DE INTERNAÇÃO OBSTÉTRICA 55

PARTE II: CENTRO OBSTÉTRICO - O cuidado à


parturiente 59

Capítulo IV 61
ADMISSÃO DA GESTANTE NO CENTRO OBSTÉTRICO 61

Capítulo V 65
ACOMPANHAMENTO DO TRABALHO DE PARTO E PARTO
PELA ENFERMAGEM OBSTÉTRICA 65
Procedimentos e Cuidados Durante O PrimeirO
ESTÁGIO do Parto: trabalho de parto 70

9
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Procedimentos e Cuidados Durante o Segundo


Estágio do Parto (Parto/Nascimento) 82
Procedimentos e Cuidados Maternos nO
TerceirO ESTÁGIO do Parto 90
Procedimentos e Cuidados com o Recém-Nascido 91
Procedimentos e Cuidados Durante O QuartO
ESTÁGIO do Parto ou Período de Greenberg 99

PARTE III: ALOJAMENTO CONJUNTO - O cuidado à


mãe e ao bebê 103
Capítulo VI 105
ADMISSÃO NO ALOJAMENTO CONJUNTO 105
PROCEDIMENTOS E CUIDADOS COM A MÃE E O BEBÊ
EM ALOJAMENTO CONJUNTO 106
PROCEDIMENTOS E CUIDADOS com o
Recém–Nascido EM ALOJAMENTO CONJUNTO 116
ORIENTAÇÕES PARA ALTA 123

PARTE IV: O CUIDADO Á GESTANTE DE ALTO RISCO 125

Capítulo VII 127


ACOMPANHAMENTO PELA ENFERMAGEM OBSTÉTRICA
DA GESTAÇÃO DE RISCO 127
Assistência básica de Enfermagem À gestante
de alto risco 128
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ESPECÍFICA NAS
complicações mais prevalentes Na rede de
maternidades municipais 131

PARTE V: O CUIDADO À MÃE E AO BEBÊ NO Pós-Natal


AMBULATORIAL 147

Bibliografia 151
Anexos 155

10
Introdução

INTRODUÇÃO

Maysa Luduvice Gomes1


Sonia Acioli de Oliveira 2

Este trabalho é um produto da parceria estabelecida entre a Secretaria


Municipal de Saúde e Defesa Civil (SMSDC–RJ) e a Faculdade de En-
fermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (ENF-UERJ).
Iniciativas similares, promovidas entre a universidade e o serviço de saúde,
são desejadas e, algumas vezes, atingidas, mas esta, especificamente, ratifi-
ca a possibilidade concreta de articulação interinstitucional na construção
conjunta de saberes e práticas no campo da Enfermagem Obstétrica.

Trata-se de uma parceria de longa data que, neste caso, está estabelecida
pelo Projeto de Extensão Universitária – intitulado Educação Permanen-
te na área de Enfermagem Obstétrica para o SUS –, coordenado pela
Professora Maysa Luduvice Gomes, do Departamento de Enfermagem
Materno-Infantil (DEMI) da ENF-UERJ. O projeto, inaugurado em
2005, tinha uma proposta de trabalho inicial vinculada à Casa de Parto
David Capistrano Filho (CPDCF). Com seu desenvolvimento, surgiram
várias atividades de educação permanente em outros cenários, voltadas
a enfermeiras e técnicos de enfermagem, alunos de graduação e pós-
graduação lato sensu.

Em 2006, a Dra Maria Auxiliadora de S. M. Gomes, que na época estava


à frente da Coordenação Integral da Saúde da Mulher, Criança e Ado-
lescente, convidou-nos a ampliar o projeto de extensão com atividades
que envolvessem todas as maternidades – além da CPDCF. O presente
material constitui-se, portanto, em um dos produtos do grupo de traba-
lho criado com o objetivo de fortalecer a construção do saber na área
da Enfermagem Obstétrica. O grupo foi constituído por: diretoras de
enfermagem, chefes de centro obstétrico e enfermeiras de assistência
clínica das maternidades, (Anexo A) gerência do Programa de Saúde da
Mulher, coordenação do projeto e uma aluna de graduação em enferma-
gem – bolsista de extensão universitária da ENF-UERJ.

11
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Ao reunir o grupo técnico de trabalho, nosso maior interesse foi promo-


ver espaços de análise e discussão de propostas voltadas para a definição
de diretrizes norteadoras da prática de enfermagem obstétrica em sua
atuação profissional. Outro objetivo foi o de configurar um espaço de
discussão técnico-científica das práticas assistenciais e de decisão pela
execução da melhor delas, considerando as evidências científicas atuais,
a realidade de cada unidade e as suas condições de execução. A revisão
crítica das práticas realizou-se a partir da troca de experiências interins-
titucionais e esperamos que, nesse contexto, encontrem motivação para
que sejam estabelecidas ações que auxiliem no desenvolvimento e conso-
lidação de novas práticas e estratégias para aquisição de novas habilidades
profissionais.

Acreditamos que este trabalho reflete a trajetória da enfermagem obsté-


trica da SMSDC – RJ que, desde 1988, busca demarcar, no município
do Rio de Janeiro, suas experiências na prática assistencial. Um marco
desta trajetória foi a primeira experiência de enfermeiras obstétricas na
assistência ao parto de forma institucional e sistematizada, que ocorreu
na Maternidade Fernando Magalhães.

A prática dessas enfermeiras ainda reproduzia o modelo biomédico de


assistência e, interessadas em discutir os conflitos do cotidiano do exer-
cício profissional, um grupo de enfermeiras da SMS-RJ e da ENF-UERJ
constituiu um espaço denominado Fórum Permanente de Enfermeiras
Obstetras. Foi produzido, em 1999, um relatório das discussões aborda-
das nesses encontros, iniciados em 1997. Em tal documento, identifica-
mos o propósito do grupo pela descrição de seus objetivos:

propiciar um espaço para encontros periódicos onde aconteçam trocas sociais, que se
estruturam no âmbito profissional. Tem ainda, como objetivos específicos, facilitar que
as enfermeiras das diversas maternidades se conheçam, que reflitam sobre sua prática
diária, sobre seus poderes, suas estratégias de sobrevivência, seu fazer, sobre o ensino da
Enfermagem Obstétrica, sobre seu estilo gerencial além de produzir conhecimentos, e
propor ações estratégicas de padrões Mínimos da Assistência de Enfermagem à Mulher.
(PROGIANTI, 1999).

Nascia ali o embrião do presente trabalho, que reflete o acúmulo de expe-


riências da Enfermagem Obstétrica do Rio de Janeiro, ao longo de todos
esses anos.

12
Introdução

No início dos anos 1990, houve um grande interesse dos gestores com-
prometidos em implementar ações que contemplassem o Programa de
Humanização do Pré-Natal, Parto e Nascimento no Município do Rio de
Janeiro. Dias e Domingues (2005) comentam que na busca de um modelo
menos intervencionista, uma das estratégias foi a hierarquização da assis-
tência quanto ao risco obstétrico. Elegeram a enfermeira obstétrica como
responsável pela atenção ao parto de baixo risco, seguindo o exemplo
bem-sucedido de alguns países europeus. Os autores justificam a escolha
por identificarem, na formação desta categoria, uma valorização dos as-
pectos fisiológicos, emocionais e socioculturais do processo reprodutivo.

A partir de 1994, ocorre a criação de maternidades municipais que se-


guiriam os princípios do modelo humanizado de atenção ao parto e
nascimento, envolvendo a participação direta de enfermeiros obstetras
na assistência à parturiente e puérpera no parto de baixo risco. São elas:
Maternidade Municipal Leila Diniz, Maternidade Alexander Fleming e
Maternidade Herculano Pinheiro. As duas últimas foram apoiadas por
um projeto elaborado em parceria com a ENF-UERJ que, em 1998, con-
tribuiu para a qualificação da atenção pré-natal , além da atenção ao parto
na área programática 3.3.

No presente trabalho, intitulado Diretrizes Técnicas da Assistência de


Enfermagem Obstétrica, foram descritos os procedimentos, suas justi-
ficativas e o material necessário a sua execução, com base em evidências
científicas, além das bases legais (Lei do Exercício Profissional de Enfer-
magem e resoluções do COFEN – Anexo B) e políticas norteadas pelo
Ministério da Saúde, tais como: os Manuais Técnicos, o Programa de
Humanização do Pré-Natal e Nascimento e Pacto para Redução de Mor-
talidade Materna e Neonatal. Além disso, o material está em consonância
com a Agência de Vigilância Nacional de Saúde (ANVISA) que publicou,
em junho de 2008 (Diário Oficial da União- Brasília,04/06/2008), a Re-
solução RDC-36. Este documento dispõe sobre o Regulamento Técnico
para Funcionamento dos Serviços de Atenção Obstétrica e Neonatal,
com a finalidade de harmonizar e sistematizar os padrões de atenção
obstétrica e neonatal, redefinindo normas para avaliação da qualidade
desses serviços.

As Diretrizes Técnicas da Assistência de Enfermagem Obstétrica cons-


titui-se em um mapeamento técnico, que percorre o pré-natal, atenção

13
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

ao trabalho de parto, parto e nascimento, puerpério e consulta pós-natal.


Para descrição dos procedimentos no cuidado à gestante de alto e médio
risco foram selecionadas as complicações mais frequentes, que são as
principais causas de internação das mulheres: síndromes hipertensivas,
síndromes hemorrágicas, amniorexe prematura, diabetes gestacional e
infecção puerperal.

Assim, buscamos contribuir para a apresentação das formas de cuidar


da enfermagem obstétrica nas Unidades Materno-Infantil da Secretaria
Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro (SMSDC-RJ).

Compreendemos que os procedimentos aqui descritos possuem uma base


conceitual na humanização ─ traduzidos por práticas desmedicalizantes
─, na perspectiva de construção de um cuidado com a mulher e não por
ou para ela. Por isso, é uma construção inacabada e que deve ser refletida
em seus produtos, buscando sempre aproximar-se do melhor resultado
perinatal, associado à imensa satisfação, prazer e alegria da mulher, seu
filho e sua família ─ que devem acompanhar cada nascimento.

Anima-nos a certeza de que, o que para muitos serviços de saúde no


Brasil é um desafio a ser conquistado, na SMSDC-RJ é uma realidade que
precisa ser ampliada e garantida.
1. Professora Assistente do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil da Faculdade de Enfermagem UERJ
2. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem em Saúde Pública e Diretora da Faculdade de
Enfermagem UERJ, gestão 2008-2010

14
Parto-Normal

Parte 1

Pré-Natal
O cuidado á gestante

15
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

16
Parto-Normal

O processo de gravidez é um período de mudanças físicas e emocionais


que cada mulher vivencia de forma distinta. Na atenção pré-natal deve-se
considerar, prioritariamente, as demandas e a subjetividade das mulheres
assistidas. O vínculo com o profissional e consequentemente com a
unidade de saúde, será o fio condutor de um processo de acompanha-
mento que inicia na gestação, que permite identificar os fatores de risco
e as potencialiades para construção do nascimento com saúde plena da
mulher e de seu filho.

Há evidências suficientes que comprovam o efeito protetor do acompa-


nhamento pré-natal de qualidade, sobre a saúde da gestante e do recém-
nato, contribuindo para uma menor incidência de mortalidade materna,
do baixo peso ao nascer e da mortalidade perinatal. Estas são recomen-
dações do Ministério da Saúde, através do Programa Nacional de Huma-
nização do Pré-Natal e Nascimento, em todo o território nacional.

Uma atenção pré-natal de qualidade é método pouco dispendioso e, em


geral, envolve procedimentos bastante simples, podendo o profissional
dedicar-se melhor às demandas das gestantes por meio de práticas aco-
lhedoras. No cuidado pré-natal, além dos esforços para uma gestação
tranquila e a chegada de uma criança saudável, amplia também um ho-
rizonte de oportunidades para a promoção da saúde da mulher a longo
prazo, além de ajudá-la a cuidar de toda a família.

No encontro entre a usuária e o profissional do Sistema Único de Saúde


(SUS), recomenda-se que a atenção em saúde seja norteada pelo processo
de acolhimento. Acolher significa atender, dar ouvidos. Não restringe-se
apenas a uma intervenção ─ é uma prática e ação sanitária que supera o
modelo hegemônico de produção de serviços de saúde. Com tal prática,
o usuário passa a ser o sujeito central e justificador do processo assisten-
cial. Nessa lógica, o acolhimento surge como diretriz operacional básica
do sistema e a reorganização do serviço de saúde é proposta, para um
atendimento resolutivo e humanizado.

17
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Na atenção pré-natal, a prática do acolhimento é condição indispensável


para o êxito do processo, pois na atenção de qualidade a mulher e seus
familiares/acompanhante devem ser acolhidos desde o início da gravi-
dez. O acolhimento no pré-natal, como diretriz operacional, significa a
inclusão da mulher grávida no sistema de saúde, como etapa integrante
da sua posterior admissão e continuidade desse processo nas materni-
dade, e ele deve permear todo o contato com a mulher nas diferentes
unidades de saúde que a atendem.

Em termos práticos, pode-se dizer que são etapas do acolhimento ini-


cial da gestante no pré-natal:

• acolher a mulher, desde a sua chegada à unidade de saúde,


confirmando a gravidez se necessário;
• promover uma escuta ativa das suas demandas;
• prestar atendimento resolutivo (avaliar resoluções e encami-
nhamentos);
• articular-se a outros serviços para a continuidade da assistência
(referências e encaminhamentos);
• discutir os múltiplos significados da gravidez para aquela mulher e
sua família, notadamente se ela for adolescente;
• estimular a presença do acompanhante, escolhido pela mulher, e sua
participação no pré-natal, trabalho de parto, parto e pós-parto;
• agendar a primeira consulta de pré-natal, orientando-a quanto ao
dia, mês e hora; informando-lhe o nome do profissional que irá
acompanhá-la e as sequências das demais consultas e reuniões
educativas;
• solicitar que, se possível, traga o cartão pré-natal de gestação(ões)
anterior(es), quando for o caso.

18
Parto-Normal

Capítulo I

1 - ROTEIRO DA PRIMEIRA CONSULTA*

História Clínica

• Identificação:
− nome;
− idade;
− cor / raça autodeclarada (lei n. 4.930 de 22 de outubro de 2008 - Anexo C);
− naturalidade;
− procedência;
− endereço atual.

• Dados socioeconômicos:
− grau de instrução;
− profissão/ocupação;
− situação conjugal;
− número e idade de dependentes (avaliar sobrecarga de trabalho
doméstico);
− renda familiar per capita;
− pessoas da família que participam da força de trabalho;
− condições de moradia (tipo, nº de cômodos);
− condições de saneamento (água, esgoto, coleta de lixo).
• Motivos da consulta:
− assinalar se já é usuária do serviço, se foi encaminhada por profissional
de saúde ou se procurou diretamente a unidade;
− verificar se existe alguma queixa que a fez procurar a unidade; sendo
a resposta positiva, descrever os motivos;
• Antecedentes familiares - especial atenção para:
− hipertensão;
− diabetes;
− doenças congênitas;
− gemelaridade;
− câncer de mama;
* Baseado no protocolo do Ministério da Saúde, 2006 e determinações da SMS DC - RJ

19
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

− hanseníase;
− tuberculose e outros contatos domiciliares (anotar a doença e o grau
de parentesco).
• Antecedentes pessoais - especial atenção para:
− hipertensão arterial;
− cardiopatias;
− diabetes;
− doenças renais crônicas;
− anemia;
− transfusões de sangue;
− doenças neuropsíquicas;
− viroses (rubéola e herpes);
− cirurgia (tipo e data);
− alergias;
− hanseníase;
− tuberculose.
• Antecedentes ginecológicos:
− menarca;
− ciclos menstruais (duração, intervalo e regularidade);
− uso de métodos anticoncepcionais (quais, por quanto tempo e motivo
do abandono);
− infertilidade e esterilidade (tratamento);
− doenças sexualmente transmissíveis (tratamentos realizados, inclusive
do parceiro);
− cirurgias ginecológicas (idade e motivo);
− mamas (alteração e tratamento);
− última colpocitologia oncótica (Papanicolau, data e resultado).
• Sexualidade:
− início da atividade sexual (idade da primeira relação);
− desejo sexual (libido);
− orgasmo (prazer);
− dispareunia (dor ou desconforto durante o ato sexual);
− prática sexual nesta gestação ou em gestações anteriores;
− número de parceiros;
− ocorrênca de violência doméstica (VD) ou sexual (VS);

20
Parto-Normal

• Antecedentes obstétricos:
− número de gestações (incluindo abortamentos, gravidez ectópica,
mola hidatiforme);
− número de partos e suas indicações (domiciliares, hospitalares,
vaginais espontâneos, fórceps, cesáreas);
− número de abortamentos (espontâneos, provocados, complicados
por infecções, curetagem pós-abortamento);
− número de filhos vivos;
− idade na primeira gestação;
− intervalo entre as gestações (em meses);
− número de recém-nascidos: pré-termo (antes da 37ª semana de
gestação), pós-termo (igual ou mais de 42 semanas de gestação);
− número de recém-nascidos de baixo peso (menos de 2.500 g) e com
mais de 4.000g;
− mortes neonatais precoces - até sete dias de vida (número e motivos
dos óbitos);
− mortes neonatais tardias - entre sete e 28 dias de vida (número e
motivo dos óbitos);
− natimortos (morte fetal intraútero e idade gestacional em que
ocorreu);
− recém-nascidos com icterícia neonatal, transfusão, hipoglicemia
neonatal, exsanguinotransfusões;
− intercorrência ou complicações em gestações anteriores (especificar);
− complicações nos puerpérios (descrever);
− histórias de aleitamentos anteriores (duração e motivo do desmame);
− intervalo entre o final da última gestação e o início da atual.
• Gestação atual:
− data do primeiro dia/mês/ano da última menstruação (DUM) -
anotar certeza ou dúvida;
− data provável do parto (DPP);
− data da percepção dos primeiros movimentos fetais;
− sinais e sintomas na gestação em curso;
− medicamentos usados na gestação;
− a gestação foi ou não desejada (pela mulher, pelo pai da criança, pela
família);
− hábitos: fumo (número de cigarros/dia), álcool e uso de drogas ilícitas;
− ocupação habitual (esforço físico intenso, exposição a agentes
químicos e físicos potencialmente nocivos, estresse).

21
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Exame Físico

• Geral:
− determinação do peso e avaliação do estado nutricional da gestante
(baixo peso, adequado, sobrepeso ou obesidade)1;
− medida e estatura;
− determinação da frequência cardíaca;
− medida da temperatura axilar;
− medida da pressão arterial (considerar hipertensão arterial na gestação
quando a PAS ≥ 140 mmHg e a PAD ≥ 90 mmhg em duas aferições e
com intervalo de 4 horas entre as medidas);
− inspeção da pele e das mucosas;
− palpação da tireoide;
− ausculta cardiopulmonar;
− exame do abdômen;
− palpação dos gânglios inguinais;
− exame dos membros inferiores;
− pesquisa de edema (face, tronco, membros).
• Específico: gineco-obstétrico
− exame de mamas (orientado, também, para o aleitamento materno);
− medida da altura uterina;
− ausculta dos batimentos cardiofetais (entre a 7ª e a 10ª semana com
auxílio do Sonar Doppler, e após a 24ª semana, com Pinard);
− identificação da situação e apresentação fetal (3º trimestre);
− inspeção dos genitais externos;
− exame especular:
a) inspeção das paredes vaginais;
b) inspeção do conteúdo vaginal;
c) inspeção do colo uterino;
d) coleta de material para exame colpocitológico (preventivo de
câncer), conforme Manual de Prevenção de Câncer Cervicouterino e
de Mama, ou orientar para coleta na próxima consulta;
− toque vaginal;
− outros exames, se necessários;
− educação individual (respondendo às dúvidas e inquietações da gestante);
− solicitação dos exames laboratoriais de rotina e outros, se necessário.
1
As gestantes adolescentes que engravidaram em um período inferior a 2 anos após a menarca, provavel-
mente serão classificadas como de baixo peso. Tal fato se dá devido ao crescimento e à imaturidade
biológica nessa fase da vida.

22
Parto-Normal

• Ações Complementares
− referência para atendimento odontológico;
− referência para vacinação antitetânica, quando a gestante não estiver
imunizada;
− referência para serviços especializados na mesma unidade ou unidade
de maior complexidade, quando indicado;
− agendamento de consultas subsequentes e visita à maternidade.

2 - ROTEIRO DAS CONSULTAS


SUBSEQUENTES

• Revisão da ficha perinatal e anamnese atual.

• Cálculo e anotação da idade gestacional.

• Controle do calendário de vacinação. Em gestantes que já receberam


vacinação básica (três doses) nos últimos cinco anos da gestação, recomenda-
se uma dose de reforço da toxoide (ATT) no último trimestre da gestação.

Exame físico

• Geral
− determinação do peso inicial;
− calcular o ganho de peso; anotar no gráfico e observar o sentido da
curva para avaliação do estado nutricional;
− medida da pressão arterial;
− inspeção da pele e das mucosas.
• Gineco-obstétrico:
− inspeção das mamas;
− palpação obstétrica e medida da altura uterina – anotar no gráfico e
observar o sentido da curva para avaliação do crescimento fetal;
− ausculta dos batimentos cardiofetais;
− pesquisa de edema;
− toque vaginal, exame especular e outros, se necessários.
– interpretação de exames laboratoriais e solicitação de outros, se
necessário.

23
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

• Acompanhamento das condutas adotadas em serviços clínicos


especializados.

• Realização de ações e práticas educativas individuais e em grupos, dando


ênfase ao aleitamento materno e ao parto normal.

• Agendamento de consultas subsequentes.

3 - CALENDÁRIO DAS CONSULTAS

• O calendário de acompanhamento deve ser programado em função


da idade gestacional na primeira consulta; dos períodos nos quais se
necessita intensificar a vigilância, pela possibilidade maior de incidência de
complicações.

• O intervalo entre as consultas deve ser de quatro semanas. Após a 36°


semana, deverá se dar a cada 15 dias, visando à avaliação da pressão arterial,
da presença de edemas, da altura uterina, dos movimentos do feto e dos
batimentos cardiofetais.

• Sob qualquer alteração, ou se o parto não ocorrer até sete dias após a
data provável, a gestante deverá ter consulta médica assegurada, ou ser
encaminhada para serviço de maior complexidade.

• Não existe alta do pré-natal antes do parto.

24
Parto-Normal

4 - AÇÕES REALIZADAS NAS CONSULTAS


DE PRÉ-NATAL

Avaliação do Estado Nutricional e Ganho de Peso


Durante a Gestação

É o procedimento realizado que busca avaliar o estado nutricional e o ganho


ponderal da gestante. Tem como objetivo avaliar e controlar o ganho de
peso ao longo da gestação. O peso deve ser aferido em todas as consultas
do pré-natal. Já a estatura da gestante adulta (idade>19 anos), apenas na
primeira consulta - e a da gestante adolescente, pelo menos trimestralmente.

É necessário ter em mãos o cartão pré-natal, o prontuário da gestante e ba-


lança antropométrica de adulto, tipo plataforma, cuja escala tenha intervalos
de até 100 kg. São etapas destas ações:

• Pesagem
- Oferecer avental, caso a gestante esteja usando roupas pesadas;
- Destravar, zerar e calibrar a balança antes de cada pesagem;
- Orientar a gestante para a remoção do calçado;
- Conduzir a gestante posicionando-a em pé e de frente para o medidor,
com os braços estendidos ao longo do corpo e sem qualquer outro
apoio;
- Mover o marcador maior (kg) do zero da escala até o ponto em que
o braço da balança incline-se para baixo; voltar, então, para o nível
imediatamente anterior (o braço da balança inclina-se para cima);
- Mover o marcador menor (g) do zero da escala até o ponto em que
haja equilíbrio entre o peso da escala e o peso da gestante (o braço da
balança fica em linha reta, e o cursor aponta para o ponto médio da
escala);
- Ler o peso em kilogramas na escala maior e em gramas na escala
menor. No caso de valores intermediários (entre os traços da escala),
considerar o menor deles. Por exemplo: se o cursor estiver entre 200 e
300 gramas, considerar o primeiro valor.
- Anotar o valor no prontuário e no cartão da gestante para efetuar o
cálculo do ganho de peso2.

2
Se o ganho ponderal for maior que 500g por semana, antecipar o retorno e indicar consulta médica e
de nutrição.

25
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

• Altura
- Posicionar a gestante na plataforma da balança conforme descrito na
pesagem ou, quando disponível, usar o antropômetro vertical;
- Posicionar a gestante com calcanhares, nádegas e espáduas próximos
da haste vertical da balança. Ao usar o antropômetro vertical, posturar
a gestante encostada no equipamento;
- Posicionar a cabeça da gestante erguida de maneira que a borda
inferior da órbita fique no mesmo plano horizontal do meato do ouvido
externo;
- Baixar lentamente a haste vertical pressionando suavemente os cabelos
da gestante até que a haste encoste no couro cabeludo;
- Realizar a leitura na escala da haste; em caso de valores intermediários
(entre os traços da escala), considerar o menor;
- Anotar o valor no prontuário e no cartão da gestante.

Cálculo da Idade Gestacional

Consiste em calcular o tempo da gravidez, estabelecendo assim condutas


baseadas na idade gestacional (IG) obtida, e tem como objetivo estimar
o tempo gestacional em semanas. É necessário calendário e gestograma.

São etapas desta ação:

• Quando a data da última menstruação é conhecida

- Usando o calendário: Contar o número de semanas a partir do 1º dia


da última menstruação. A data provável do parto corresponde ao final
da 40º semana;
- Usando o disco obstétrico ou gestograma - instruções no verso.

• Quando a data da última menstruação é desconhecida, mas se conhece o


período do mês em que ela ocorreu

Se o período foi no início, meio ou final do mês, considerar como a data


da última menstruação os dias 5, 15 e 25, respectivamente, e proceder,
então, à utilização de um dos métodos anteriormente descritos.

26
Parto-Normal

• Quando a data e o período da última menstruação são desconhecidos


Proceder ao exame físico:
Medir a altura uterina e posicionar o valor encontrado na curva de cresci-
mento uterino. Verificar a IG correspondente a esse ponto.
Considerar IG muito duvidosa e assinalar com interrogação na ficha pe-
rinatal e no cartão da gestante. A medida da altura uterina não é a melhor
forma de calcular a idade gestacional.
Quando a data e o período do mês não forem conhecidos, a IG e a DPP
serão inicialmente determinadas por aproximação pela:
- medida da altura do fundo do útero e do toque vaginal;
- informação sobre a data de início dos movimentos fetais.

OBSERVAÇÕES:
Pode-se utilizar a altura uterina,mais o toque vaginal, considerando os
seguintes parâmetros:
- Até a 6ª semana não ocorre alteração do tamanho uterino;
- Na 8ª semana, o útero corresponde ao dobro do tamanho normal;
- Na 10ª semana, o útero corresponde a três vezes o tamanho habitual;
- Na 12ª semana, enche a pelve de modo que é palpável na sínfise púbica;
- Na 16ª semana, o fundo uterino encontra-se entre a sínfise púbica e a
cicatriz umbilical;
- Na 20ª semana, o fundo do útero encontra-se na altura da cicatriz
umbilical.
A partir da 20ª semana, existe uma relação aproximada entre as semanas
da gestação e a medida da altura uterina. Porém, esse parâmetro torna-se
menos fiel à medida que se aproxima o termo.
Quando não for possível determinar a idade gestacional clinicamente, so-
licitar o exame de ultrassonografia obstétrica o mais breve possível, pois
aquele feito ainda no 1º trimestre é o mais fidedigno para a estimativa da
IG em semanas.

27
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Medida da Altura Uterina

É a mensuração do espaço que vai da borda superior da sínfise púbica


até ao fundo uterino, com o objetivo de identificar o crescimento nor-
mal do feto, detectar seus desvios e diagnosticar as causas do desvio de
crescimento fetal encontrado e orientar oportunamente para as condutas
adequadas a cada caso. O material necessário compõe-se de fita métrica,
cartão da gestante, prontuário e um lençol para proteger a gestante ao
examiná-la, além de maca ou mesa e uma escadinha.

São etapas da ação:

- posicionar a gestante em decúbito dorsal, com o abdômen descoberto;


- lavar as mãos;
- aquecer as mãos;
- fixar a extremidade da fita métrica na borda superior do púbis com
uma das mãos e, a partir daí, deslizar a fita entre os dedos indicador
e médio da outra mão, até alcançar o fundo do útero com a margem
cubital dessa mão (técnica-padrão, constituída através dos dados do
Centro Latino-Americano de Perinatologia (CLAP));
- anotar a medida, em centímetros, na ficha e no cartão, e marcar o
ponto no gráfico da curva da altura uterina/semanas de gestação.
- interpretar o traçado obtido3.

Palpação Obstétrica

Procedimento realizado com a finalidade de avaliar a situação e a apre-


sentação fetal, procurando identificar os polos cefálico ou pélvico, o
dorso fetal, o grau de encaixamento e o local de ausculta do foco máxi-
mo do batimento cardíaco fetal (BCF). O feto poderá estar em situação
longitudinal - a mais comum - ou transversa. As apresentações mais fre-
quentes são as cefálicas e pélvicas. A situação transversa e a apresentação
pélvica, ao final da gravidez, podem significar maiores cuidados no parto.
Oferecer exercícios para favorecer a mudança da apresentação. Antes de
se iniciar o procedimento deve-se lavar as mãos e após secá-las bem,
aquecê-las.

3
Deve-se pensar em erro de medidas quando ocorrer queda ou elevação abrupta em curva que vinha
evoluindo normalmente.

28
Parto-Normal

São etapas da ação:


1º tempo: palpação do fundo uterino, buscando seus limites;
2º tempo: palpação da região lateral do abdômen, buscando identificar as
partes fetais e do dorso do feto;
3° tempo: determinação do polo que se apresenta ao canal de parto;
4º tempo: determinação do grau de penetração deste polo no estreito
superior da bacia.

Ausculta dos Batimentos Cardíacos Fetais (BCF)

Ausculta com estetoscópio de Pinard ou Sonar Doppler dos batimentos


cardíacos do feto. O objetivo é constatar, a cada consulta, a qualidade do
BCF, por meio da avaliação de seus ritmo e frequência.

São etapas da ação:


a) Ausculta com o estetoscópio de Pinard
- posicionar a gestante em decúbito dorsal, com o abdômen descoberto;
- lavar as mãos;
- aquecer as mãos;
- identificar o dorso fetal, exercendo a manobra de palpação fetal;
deve-se, também, perguntar à gestante em qual lado ela mais sente os
movimentos fetais; o dorso estará no lado oposto4;
- segurar o estetoscópio de Pinard pelo tubo, encostando a extremidade
de abertura mais ampla no local previamente identificado como
correspondente ao dorso fetal;
- encostar o pavilhão da orelha na outra extremidade do estetoscópio;
- fazer, com a cabeça, uma leve pressão sobre o estetoscópio e só então
retirar a mão que segura o tubo;
- procurar o ponto de melhor ausculta dos BCF, na região do dorso fetal;
- controlar o pulso da gestante, para certificar-se de que os batimentos
ouvidos são os fetais, já que as frequências são diferentes;

- contar os batimentos cardiofetais por 1 minuto, observando sua


frequência e ritmo. Considerar normal a frequência cardíaca fetal entre
120 e 160 batimentos/minuto.
- registrar os BCF no prontuário e no cartão da gestante.

4
A percepção materna e a constatação objetiva dos movimentos fetais, além do crescimento uterino, são
sinais de boa vitalidade do feto.

29
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

b) Ausculta com o Sonar Doppler:


- realizar os passos anteriormente descritos; o que difere é que o Sonar,
ao ser posicionado no local correspondente ao dorso fetal emitirá o
som cardíaco do feto no ambiente através das ondas ultrassônicas.

Verificação da Presença de Edema

É a constatação da presença anormal de líquidos nos tecidos, com o objeti-


vo de detectar precocemente a ocorrência do edema patológico. Ressalta-se
que, antes de tal procedimento, deve-se lavar as mãos e aquecê-las.

São etapas da ação:


a) Nos membros inferiores:
- posicionar a gestante de decúbito dorsal ou sentada, sem meias;
- pressionar a pele na altura do tornozelo (região perimaleolar) e na
perna, no nível do seu terço médio, face anterior (região pré-tibial);
b) Na região sacra:
- posicionar a gestante de decúbito lateral ou sentada;
- pressionar a pele, por alguns segundos, na região sacra, com o dedo
polegar. O edema fica evidenciado mediante presença de uma depressão
duradoura no local pressionado.
c) Na face e em membros superiores:
- identificar a presença de edema pela inspeção.

Cardiotocografia

É a avaliação do bem-estar fetal, mediante monitoração e registro de sua


frequência cardíaca e dos seus movimentos, seja basal ou intraparto, em
gestantes acima da 30ª semana. Utiliza-se o equipamento cardiotocógrafo,
que registra o resultado por meio de um traçado em papel milimetrado.
Este aparelho possui dois transdutores que são acoplados à gestante - um
no foco máximo do BCF e outro no fundo uterino, para captar as ondas
contráteis da fibra uterina5.

5
A interpretação do resultado é baseada na decisão do COREN-RJ 1161/1998 (ANEXO D) e deve-se
orientar a gestante sobre os encaminhamentos e retorno ao profissional solicitante.

30
Parto-Normal

São etapas desta ação:


- orientar a gestante sobre o exame a ser realizado;
- certificar-se de que ela tenha se alimentado;
- informar que, em caso de algum desconforto durante o exame, ela
poderá mudar de posição;
- lavar as mãos;
- procurar posicionar a gestante em decúbito dorsal com a cabeceira
elevada, ou em decúbito lateral;
- realizar manobra para a identificação do fundo de útero e do dorso
fetal;
- passar as faixas sobre a região dorsal da gestante;
- posicionar os sensores na altura do fundo de útero (sensor para
atividade uterina) e na região do polo máximo de ausculta dos
batimentos cardíacos do feto;
- dar à gestante o dispositivo eletrônico que será acionado por ela a cada
movimento do feto, orientá-la sobre como fazer (sensor marcador de
movimento fetal);
- certificar-se de que há papel suficiente no aparelho para o registro
completo do exame;
- ligar o aparelho, estabelecer o ponto de início para os registros do
aparelho (frequência cardíaca do feto, seus movimentos e atividade
uterina);
- aguardar de 40 a 90 minutos para finalizar o exame, de acordo com os
dados apresentados;
- ao término, retirar os sensores, e limpar com papel toalha os resquícios
de gel do abdômen da gestante;
- registrar o exame no livro de CTG e no cartão de pré-natal.

31
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

5- EXAMES

A atenção pré-natal deve incluir ações de promoção de saúde e prevenção


de agravos, além de diagnóstico e tratamento adequados dos problemas
que possam vir a ocorrer neste período. A solicitação dos principais
exames laboratoriais é fator fundamental na implementação destas ações.
O objetivo é contribuir para a obtenção de resultados obstétricos e pe-
rinatais satisfatórios, favorecendo a qualificação da assistência pré-natal,
mediante identificação de fatores de risco gestacional, estratificação do
risco, prevenção e detecção precoce de doenças e a instituição de medi-
das necessárias e oportunas.

Exames Básicos
- ABO-Rh, hemoglobina/hematócrito (na primeira consulta);
- Glicemia de jejum (na primeira consulta e na 28ª semana de gestação);
- VDRL (na primeira consulta e na 28ª semana de gestação);
- Urina tipo1 (na primeira consulta e próximo a 30a semana de gestação);
- Testagem anti-HIV (na primeira consulta e 28ª semana de gestação)
- Sorologia para HepatiteB - HbsAg (na 28ª semana de gestação);
- Sorologia para toxoplasmose (na primeira consulta). Caso seja negativa,
repetir na 28ª semana de gestação.

Exames Complementares
Casos específicos segundo indicações clínicas:
Citopatologia cervicouterina (exame Papanicolau) ou preventivo. Muitas
mulheres frequentam o serviço de saúde apenas para o pré-natal e nem
sempre realizam o exame ginecológico periódico e o exame preventivo
do câncer cervicouterino. Assim, é importante a oferta do exame nessa
oportunidade. O exame pode ser realizado em qualquer trimestre da gra-
videz, embora sem coleta endocervical, de acordo com os protocolos do
Ministério da Saúde.
- Hemograma completo;
- Coombs indireto;
- Cultura de urina c/antibiograma;

32
Parto-Normal

- Parasitológico;
- Bacterioscópico a fresco do conteúdo vaginal e outros;
- Ultrassonografia;
- Cardiotocografia;
- Sorologia para rubéola, quando houver sintomas sugestivos.

Resultados e condutas:

Exames de Rotina Resultados Conduta

Tipagem sanguínea Rh negativo Solicitar o teste de combs indireto:


e parceiro Rh - se negativo, repeti-lo em torno da 30ª semana.
positivo ou fator - se positivo, referi-lo ao pré-natal de alto risco.
Rh desconhecido.
Sorologia para LUES VDRL positivo Sífilis primária: tratar com Penicilina Benzatina 2.4 milhões de UI,
via IM (1.2milhões em cada glúteo). Dose única.
Sífilis secundária e Latente recente (menos de um ano de
evolução): Penicilina Benzatina 2.4 milhões de UI, via IM repetida
após uma semana. Dose total:4,8 milhões de UI.
Sífilis tardia, terciária ou com evolução por tempo
indeterminado: Penicilina Benzatina 2.4 milhões UI via IM,
semanal, por três semanas. Dose total de 7.2 milhões de UI.
Tratar o parceiro sempre.
Repetir o exame no 3º trimestre gestacional e no momento do parto.
VDRL negativo Repetir o exame no 3º trimestre e no momento do parto.
Urina tipo I 1. Proteinúria a) traços: repetir em 15 dias.
b) traços + hipertensão e/ou edema: referir ao pré-natal de alto risco.
c) maciça: referir ao pré-natal de alto risco.

2. Piúria ou Solicitar urocultura com antibiograma para todas as gestantes entre


bacteriúria 23–27 semanas e para controle após o tratamento. Referir à consulta
médica, se necessário. (protocolo Casa de Parto: sempre referir à
HMAF quando resultado for positivo).
3. Hematúria a) Se piúria associada solicitar urocultura.
b) Se isolada, excluir do sangramento genital e referir à consulta
especializada.
4. Cilindrúlia Referir ao pré-natal de alto risco.
5. Outros Não necessitam de condutas especiais.
elementos
Dosagem de Hemoglobina Ausência de anemia: manter a suplementação de 40mg/dia de ferro
Hemoglobina > 11g/dl e 5 mg de ácido fólico (a partir da 20ª semana).
Hemoglobina < Anemia leve e moderada: solicitar exame parasitológico de fezes.
11 g/dl e > 8g/dl Prescrever sulfato ferroso (120 a 240mg de ferro elementar/dia) de
três a seis drágeas, via oral, uma hora antes das refeições.
Hemoglobina Anemia Grave: referir a gestante ao pré-natal de alto risco
<8g/dl imediatamente.

33
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Em 2007, foi implantado, nos laboratórios municipais que realizam o exame


de VDRL, um teste rápido confirmatório (teste treponêmico, marca BIOE-
ASY), que é realizado de forma rotineira em todas as gestantes que apresen-
tam VDRL com títulos menores ou iguais a 1:8. Tal medida visa qualificar o
diagnóstico da infecção pela sífilis em gestantes, pois sabe-se que a gestação
acarreta exames falso-positivos. Gestantes com VDRL positivo e teste rá-
pido positivo devem ser tratadas conforme estágio da doença (ver quadro
anterior), exceto nos casos em que houver comprovação de tratamento ade-
quado anterior. É importante ressaltar que o teste treponêmico não pode
ser utilizado como controle de cura, pois não apresenta negativação após o
tratamento. Somente por meio da anamnese será possível diferenciar gestan-
tes que apresentam doença em atividade daquelas com cicatriz sorológica (ou
seja, gestantes com VDRL positivo, com título baixo, e teste treponêmico
positivo, com tratamento adequado anterior).

Teste Anti-HIV/AIDS

O diagnóstico da infecção pelo HIV, no período pré-concepcional ou


no início da gestação, possibilita melhor controle da infecção materna e
melhores resultados na profilaxia da transmissão vertical deste vírus. Por
este motivo, obrigatoriamente este teste deve ser oferecido, com acon-
selhamento pré-teste, para todas as gestantes na primeira consulta do
pré-natal, independente de sua aparente situação de risco para o HIV.
Cabe à mulher a decisão de realizá-lo ou não.

• Aconselhamento pré-teste
• O profissional deve avaliar os conhecimentos da gestante sobre
a infecção pelo HIV/AIDS e outras DST e informá-la sobre o que
ela não sabe, especialmente acerca de seu agente etiológico, meios
de transmissão, sobre a diferença entre ser portador da infecção e
desenvolver a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), sobre
os conceitos de ”vulnerabilidade” e “situações de risco acrescido”, e sua
importância na exposição ao risco para infecção pelo HIV, em ocasião
recente e pregressa;

• Explicar o que é o teste anti-HIV, os dois tipos de teste que podem


ser realizados (convencional e de rápido diagnóstico), como é feito, o
que mede, suas limitações, e o significado dos resultados negativos,
indeterminado e positivo;

34
Parto-Normal

• Esclarecer os benefícios do diagnóstico precoce na gravidez para


mulher e para o bebê, reforçando as chances de reduzir a transmissão
vertical pelo acompanhamento especializado e as medidas profiláticas
durante a gestação, no parto e pós-parto e controle da infecção materna;
• Garantir o caráter confidencial e voluntário do teste anti-HIV. Durante
todo este processo, a gestante deverá ser estimulada a expressar seus
sentimentos e dúvidas em relação a essas informações.

• Aconselhamento pós-teste

Resultado negativo

Deverá ser interpretado em função das situações de vulnerabilidade apre-


sentadas pela gestante. Todo resultado de sorologia anti-HIV reflete situ-
ações vividas até 60 dias antes da data da coleta do material para o exame.
Esse período, de aproximadamente dois meses, é o que se chama de janela
imunológica, ou seja, o tempo entre a infecção pelo HIV e a produção
de anticorpos em quantidade suficiente para ser detectada pelos testes.
Resultado negativo em gestantes sem situações de maior vulnerabilidade
significam que a mulher não está infectada. Entretanto, se ela apresentou
alguma situação de risco e foi infectada recentemente, esse exame pode
resultar negativo, por estar a gestante em período de janela imunológica.
Nesses casos, a necessidade de novo teste anti-HIV poderá ser considera-
da pelo profissional, devendo ser repetido entre 30 e 60 dias, orientando-
se a mulher e seu parceiro para o uso de preservativo (masculino ou
feminino) em todas as relações sexuais. O profissional de saúde deverá
colocar-se à disposição da mulher para prestar esclarecimentos e suporte
durante o intervalo de tempo que transcorrer o novo exame.

Em todos os casos, o profissional deverá:

-discutir o significado do resultado;


-reforçar as informações sobre os modos de transmissão do HIV, de
outras DST e
as medidas preventivas;
-reforçar as informações de que teste negativo não significa prevenção
nem imunidade;
-informar que o teste deve ser repetido no início do terceiro trimestre
e a cada nova gestação.

35
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Resultado indeterminado

Esse resultado poderá refletir duas situações:

a) um resultado inconclusivo, decorrente de fatores que interferem com


a reação do teste (hormônios, doença autoimune etc.) ou

b) uma infecção recente, com produção de anticorpos HIV ainda em


quantidade insuficientes para serem detectadas pelo teste utilizado.

Nesta situação, o teste deverá ser repetido em 30 dias, orientando-se a


mulher e seu parceiro para o uso de preservativo em todas as relações
sexuais. Diante desse resultado o profissional deverá:

-discutir o significado do resultado;


-encorajar para nova testagem, oferecendo apoio emocional sempre
que se fizer necessário;
-orientar para procurar o serviço de saúde, caso surjam sinais e sintomas
não atribuíveis à gestação;
-reforçar sobre as medidas para prevenção do HIV e de outras DST.

Resultado positivo

Diante desse resultado, o profissional deverá :

- discutir o significado do resultado, reforçando a informação de


que estar infectada pelo HIV não significa portar a síndrome da
Imunodeficiência Adquirida. Informar que existem medicações para
controlar a infecção materna e reduzir o risco da transmissão vertical
do HIV para o bebê. Encaminhar a gestante aos serviços de referência
existentes no município para acompanhamento especializado de
gestantes com HIV-Aids.

• OBSERVAÇÃO:
O diagnóstico sorológico da infecção pelo HIV com uso exclusivo de
testes rápidos foi instituído pelo Ministério da Saúde em  julho de 2005,
por meio da Portaria Ministerial nº 34.

Inicialmente  previsto para uso em Centros de Testagem e Aconselha-


mento e em locais de difícil acesso, o uso de testes rápidos tem sido indi-

36
Parto-Normal

cado para outras situações em que o diagnóstico precoce da infecção pelo


HIV propicia o acesso oportuno aos protocolos assistenciais disponíveis.

No município do Rio de Janeiro, no período de outubro de 2006 a março


de 2007, foram implantados dez polos regionais de testagem anti-HIV,
com uso exclusivo de testes rápidos. A proposta é garantir o diagnóstico
da infecção pelo HIV durante a gestação, antes da admissão para o parto,
permitindo o acesso aos protocolos recomendados para a redução da
transmissão vertical.

Nos polos, são realizadas ações de aconselhamento coletivo e individual,


pré e pós-teste, bem como a testagem com teste rápido, com emissão do
resultado em no máximo 1 hora. No polo atuam profissionais capacita-
dos e certificados pelo Ministério da Saúde para a realização da testagem
diagnóstica, bem como para as ações de aconselhamento.  

Os polos regionais atendem apenas a gestantes encaminhadas das unida-


des de sua área de abrangência, seguindo critérios de encaminhamento
definidos pela Gerência do Programa de DST/AIDS, em parceria com a
Gerência do Programa da Mulher, a saber:
- Gestantes com ingresso tardio no pré-natal (após a 28a semana
gestacional);
- Gestantes com ingresso precoce no pré-natal, mas que ainda não
apresentam resultado da sorologia anti-HIV após a 28a semana
gestacional;
- Gestantes com situação de vulnerabilidade aumentada ao HIV
identificada pelo serviço de pré-natal (ex: vítima de violência sexual,
usuária de droga injetável, parceira de paciente sabidamente soropositivo,
entre outras).

Todas as gestantes devem ser encaminhadas com a ficha de referência e


contrarreferência devidamente preenchida e após agendamento do aten-
dimento no polo regional.

37
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

• Sorologia para toxoplasmose


Recomenda-se, sempre que possível, a triagem para toxoplasmose por
meio de detecção de anticorpos da classe IgM (Elisa ou imunofluores-
cência) em caso de IgM positiva significa doença ativa e tratamento deve
ser instituído, referir esta mulher para o pré-natal de alto risco.
A sorologia para toxoplasmose deve ser repetida entre 28 – 31 semanas
em caso de IgM e IgG negativas na sorologia inicial.

38
Parto-Normal

Capítulo II

Práticas educativas

As formas de assistência no pré-natal, sendo este de qualidade, vão bem


além da tradicional consulta agendada. Existem outros métodos que com-
plementam e otimizam essa atenção. Entre eles, estão as visitas domicilia-
res e o trabalho educativo de grupo. A abordagem educativa deve permear
toda e qualquer ação desenvolvida na atenção pré-natal.

Há diferentes formas e métodos para a realização do trabalho educativo


no pré-natal. São destaques as discussões em grupo, as dramatizações,
as oficinas e outras dinâmicas que possibilitem a fala e a troca de expe-
riências entre os componentes. O profissional de saúde que coordena
a atividade educativa de grupo deverá atuar como facilitador para o le-
vantamento das questões relevantes e promover o seu esclarecimento
de forma reflexiva. Essa possibilidade de intercâmbio de experiências e
conhecimentos constitui a melhor forma de promover a compreensão do
processo de gestação, parto e puerpério para gestantes e companheiros
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000; ENKIN et al 2005).

A maioria das questões que emergem no trabalho educativo de grupo de


pré-natal estão, em geral, relacionadas aos seguintes temas (MINISTÉ-
RIO DA SAÚDE, 2000):

• importância do pré-natal;
• sexualidade;
• orientação higienodietética;
• desenvolvimento da gestação;
• modificações corporais e emocionais na gravidez;
• sinais e sintomas do parto;
• importância do planejamento familiar;
• informações acerca dos benefícios legais a que a mãe tem direito;
• impacto e agravos das condições de trabalho sobre a gestação, parto
e puerpério;

39
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

• importância da participação do pai durante a gestação;


• importância do vínculo pai-filho durante a gestação;
• aleitamento materno;
• importância das consultas puerperais;
• cuidados com o recém-nascido;
• importância do acompanhamento do crescimento e do
desenvolvimento da criança, e das medidas de prevenção (vacinação,
higiene e saneamento do meio ambiente).

Atualmente, o trabalho educativo no pré-natal, em suas diversas metodo-


logias e práticas, tem ampliado os seus horizontes relativos às temáticas
a serem abordadas; porém, o principal ponto de convergência nos seus
objetivos é o de se promover o sentimento de segurança da mulher à
medida que o parto se aproxima.

Dependendo da abordagem, o trabalho educativo no pré-natal poderá


constituir-se em poderosa ferramenta ou veículo para a transformação
da cultura e/ou da atitude das pessoas envolvidas: poderá promover mais
autoconfiança e questionamentos dos padrões, das rotinas, de normas e
recomendações profissionais e institucionais (ação de não reprodução/
transformadora), como também, no extremo oposto, como uma ação de
reprodução per si, poderá levar à maior aceitação das normas e conven-
ções institucionais, bem como à maior adesão aos tratamentos médicos
prescritos (ENKIN et al, 2005).

As atividades educativas no pré-natal, em suas diferentes modalidades,


podem ocorrer dentro ou fora da unidade de saúde, com dinâmicas dife-
renciadas. Essa estratégia de trabalhar a promoção da saúde no pré-natal,
de algum modo contribui para a desejada ruptura da forma dominante de
se assistir, promovendo uma nova lógica assistencial no serviço, tal que:

[...] a conformação de uma cultura de reconhecimento da par-


te dos profissionais da área da saúde, cuja base devam ser as
evidências científicas, além de nova relação assistencial, cen-
trada nas necessidades das usuárias e não na conveniência dos
profissionais, viria permear um novo modelo comunicacional
entre os sujeitos, no qual se pressupõe o respeito às mulheres,
enquanto pessoas, e aos seus direitos tanto humanos quanto
reprodutivos. (ROCHA, 2004, p.IV)

40
Parto-Normal

Nas unidades que prestam serviço de atenção pré-natal da Secretaria


Municipal de Saúde e Defesa Civil (SMSDC-RJ), as práticas educativas
são realizadas de formas variadas, de acordo com a dinâmica de cada
serviço. Em geral, busca-se trabalhar com uma metodologia participativa
e reflexiva, através da realidade dos envolvidos (gestantes, companheiros
e familiares), que estimule a construção de um novo conhecimento e
cultura acerca da gestação, parto/nascimento e puerpério e que contribua
para o resgate da cidadania feminina, por meio da partilha e construção
de saberes.

São materiais úteis comumente utilizados: colchonetes; almofadões; pa-


pel pardo; canetas coloridas; revistas; cola; tesoura; aparelho de som e
CDs diversos; incenso/aroma; álbuns seriados; vários filmes sobre os
diversos assuntos; óleo de massagem; espaço privativo; roupas confor-
táveis. São uttilizados também os seguintes equipamentos: TV e DVD;
bola; massageadores; cavalinho de parto ativo; pequenos bancos.

Recomendações:
- Trabalhar com o corpo: deve-se utilizar diversas dinâmicas e/ou oficinas que
incluam técnicas corporais de variadas formas, com o objetivo de ampliar
e fortalecer o potencial interno das participantes por meio do processo
de integração corpo-mente. Ao trabalhar o corpo, há interferência
na percepção do indivíduo sobre si e os outros, em níveis de energia,
emoções, pensamentos e comportamentos.
- Ênfase nas funções cognitivas (memória, compreensão, concentração,
pensamento etc.): o modelo instrutor/aluno é substituído pela busca da
expressão dos sentimentos, como forma de explorar o saber.
- Adotar visão holística: o corpo, a mente e a energia fazem parte de um
todo que age e reage, expressa e assimila, de forma única e diferenciada
dos demais. O corpo, como parte desta totalidade, é um agente ativo,
perceptor, tensor, reagente e não apenas um mero veículo de expressão.
- Adotar a perspectiva de gênero: considerar as desigualdades existentes nas
relações entre homens e mulheres na sociedade. Questões relacionadas à
sexualidade, cidadania, identidade e autoestima precisam ser enfocadas.
- Atividade física: salientar a importância da atividade física para a saúde do
corpo e da mente, ensinando às gestantes alguns exercícios diários para
que tenham uma gravidez mais saudável e fiquem mais preparadas para
o parto normal.

41
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

- Nos encontros: começar sempre com a apresentação do grupo, ressaltar as


boas-vindas e estabelecer as regras gerais de participação e convivência.
A apresentação é muito importante para integração do grupo. Deve ser
feita sem pressa. É fundamental a facilitadora estar atenta a todas as
apresentações.

1 - Dinâmicas de Apresentação

Brincadeira do nome na roda

Objetivos: A apresentação e memorização do nome de todas as par-


ticipantes, facilitando a desinibição do grupo nos seus primeiros momen-
tos de contato.

Descrição das Etapas:


- Forma-se um círculo com as participantes sentadas, de preferência
no chão. O facilitador inicia falando da necessidade e importância das
pessoas se conhecerem, visto que passarão bastante tempo juntas.
Depois disso, sugere a “brincadeira” e se oferece para começar: “Meu
nome é Carmen, agora você aqui do meu lado repete o meu nome e diz
o seu”. “O nome dela é Carmen, e o meu é Maria”. Então, cada uma
começa falando o nome da facilitadora e vai repetindo o nome de todas
as colegas que já se apresentaram, até chegar ao seu. Exemplo: “O nome
dela é Carmen, Maria, Josefa, e o meu é Paula”.

OBSERVAÇÃO:
- Deve ser utilizada em grupos de menor tamanho (10 a 15 pessoas),
pois em grandes grupos sua aplicação pode se tornar enfadonha.

Apresentação individual

OBJETIVOS: A apresentação e memorização do nome de todas as par-


ticipantes, facilitando a desinibição do grupo nos seus primeiros momen-
tos de contato.

42
Parto-Normal

DESCRIÇÃO DAS ETAPAS:


- Consiste na confecção de crachás que deverão registrar a forma como
a pessoa gosta de ser chamada: nome, sobrenome ou apelido. O crachá
poderá ser preparado pelas participantes ou pela equipe, caso algumas
não saibam escrever.
- Forma-se um círculo, e à medida que as pessoas colocam o crachá vão
falando os seus nomes e onde moram.

OBSERVAÇÃO:
- A técnica pode ser utilizada em grupos maiores.

Conversa de comadre

OBJETIVOS: A apresentação e memorização do nome de todas as par-


ticipantes, facilitando a desinibição do grupo nos seus primeiros momen-
tos de contato e aprofundar os conhecimentos recíprocos.

DESCRIÇÃO DAS ETAPAS:


- Inicialmente, o facilitador pede para que as pessoas formem duplas.
Em seguida, explica que cada dupla irá conversar entre si sobre o que
quiserem, por cinco minutos. Caso o grupo seja ímpar, forma-se um
subgrupo de três pessoas.
- Passados os cinco minutos, as participantes formam um círculo e
cada uma apresenta o seu par: nome, trabalho, signo, desejos, estado de
saúde, enfim, tudo o que passou a conhecer sobre a outra pessoa.

OBSERVAÇÃO:
- Esta técnica pode ser aplicada tanto em grupos que estão se formando
como nos já existentes, cujas pessoas já se conhecem. Neste último
caso, a facilitadora deve ressaltar que o conhecimento interpessoal é um
processo em construção permanente e não um ato único.

43
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

2 - Dinâmica de Integração

Dinâmica do barbante

OBJETIVOS: Trabalhos de apresentação no grupo; trabalhos em equipe;


mútuo conhecimento; descontração; a importância da participação indi-
vidual e suas relações no trabalho coletivo.

DESCRIÇÃO DAS ETAPAS:


Dispor os participantes em círculo; organizar um grupo de, no máximo,
20 pessoas. A facilitadora toma nas mãos um novelo (rolo/bola) de
cordão ou lã. Em seguida, prende a ponta em um dos dedos de sua mão.
Pedir para as pessoas prestarem atenção na apresentação que ela fará
de si mesma. Assim, logo após sua breve apresentação, dizendo quem
é, de onde vem, o que faz etc., joga o novelo para uma das pessoas à
sua frente. Essa pessoa apanha o novelo e, após enrolar a linha em um
dos dedos, irá repetir o que lembra sobre a pessoa que terminou de se
apresentar e que lhe atirou o novelo. Após fazê-lo, essa segunda pessoa
irá se apresentar, dizendo quem é, de onde vem, o que faz etc. Assim se
dará sucessivamente, até que todos do grupo digam seus dados pessoais
e se conheçam. Como cada um atirou o novelo adiante, no final haverá
no interior do círculo uma verdadeira teia de fios que os une uns aos
outros. Pedir para as pessoas dizerem: o que observam; o que sentem; o
que significa aquela teia; o que aconteceria se um deles soltasse seu fio etc.

MATERIAL A SER USADO:


Um rolo (novelo) de fio, lã ou barbante.

44
Parto-Normal

Dinâmica do presente

OBJETIVO:
Promover integração entre os presentes, também pode ser usada para
finalizar o trabalho.
DESCRIÇÂO DAS ETAPAS:
O facilitador explica que o presente será dados a um elemento do grupo
que receberá representado todos os participantes e ele deve abri-lo com
todo o grupo.e ler a mensagem contida no embrulho em voz alta. Ao
abrir o primeiro invólucro ele encontra a frase: “ Este presente não é seu
entregue-o para a pessoa mais elegante do grupo hoje”.A segunda pessoa
ao abrir lerá :” Este presente não é seu entregue a pessoa do grupo que
você tenha se identificado”. A terceira pessoa encontrará ao abrir mais
um invólucro a frase ” Este presente não é seu cante uma música que
lembre sua adolescência e entregue a que você achou mais desinibido”.
Por último ao abrir o participante lerá a seguinte frase este presente é seu
compartilhe-o com os colegas”.
MATERIAL NECESSÁRIO:
É necessária uma caixa de bombons, que o número de unidades seja o
número de participantes ou mais. A caixa deve ser o embrulhada várias
vezes e a cada vez deve conter a frase que será lida pelo participante.
Observação:
As frases podem ser adaptadas ao objetivo da dinâmica podendo usá-
la para abrir um grupo ou fechá-lo fazendo uma avaliação sucinta do
trabalho realizado.

Dinâmicas de Relaxamento

Luz, viagem

OBJETIVOS:
Localizar e suavizar as tensões; facilitar o contato consigo mesma,
com o seu corpo e com a presença do corpo do seu bebê; aumentar a
conscientização sobre sentimentos, emoções e o vínculo com seu bebê;
preparar o grupo para a próxima oficina (oficina de introspecção com
forte teor emocional como, por exemplo, a linha do nascimento).
DESCRIÇÃO DAS ETAPAS:
- Essa técnica divide-se em três partes: respiração profunda, relaxamento e
fantasia.

45
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

- Em uma sala suficientemente ampla para acomodar todas as


participantes, o facilitador pede que tirem os sapatos e deitem de barriga
para cima com os braços estendidos ao longo do corpo. É importante
observar se todas estão bem acomodadas.
- A facilitadora explica a importância da respiração para o bem-estar
geral das pessoas e como o respirar profundamente ajuda a suavizar as
dores e tensões físicas, além de, na maioria das vezes, provocar sensações
de leveza e segurança. Em seguida, a facilitadora dá as instruções do
exercício, fazendo a demonstração em si própria.
- As instruções a seguir devem ser dadas de forma pausada e com
timbre de voz mais suave.
- Deve-se preparar o ambiente, com música suave ao fundo e aroma.
1. Respiração profunda
“Vocês vão inspirar pelo nariz suavemente, enchendo o peito de ar
de baixo para cima, e fazer uma pequena pausa segurando o ar nos
pulmões. Depois, expirar suavemente pela boca, de cima para baixo e
fazer outra pausa antes de inspirar outra vez”. Enquanto as participantes
fazem o exercício, a facilitadora sugere que durante todo o trabalho
elas procurem se manter em silêncio e seguir as instruções que serão
transmitidas.
2. Relaxamento
- “Feche os olhos e entre em contato com o seu corpo. Agora, preste
atenção à sua respiração. Procure observar todos os detalhes. Você
está com dificuldade? Se estiver, não force. Faça apenas o que lhe for
possível, sem desconforto.”
- “Agora, pense nos seus pés. Perceba o que eles lhe transmitem. Dor?
Cansaço? Os pés, geralmente, são partes muito esquecidas do corpo. No
entanto, eles são fundamentais para caminhar e manter o equilíbrio.”
- ”Agora, pense nas suas pernas. Procure sentir como estão as suas
pernas... Depois, suas coxas... Seu quadril... Seu sexo... Suas costas... Sua
barriga (seu bebê dentro da sua barriga)... Seu peito... Seus ombros, seus
braços... Seu pescoço, sua cabeça... Todo o couro cabeludo... Sua testa...
Seus olhos... Seu nariz... Sua face, sua boca, seu queixo, suas orelhas.
Agora, imagine que, quando o ar entra pelo seu nariz, ele vai até os seus
pés e volta para sair pela sua boca. Nessa viagem pelo seu corpo, procure
perceber se tem alguma parte tensa ou dolorida. Se, porventura, você
encontrar alguma tensão, pare e contraia essa(s}. parte(s} o máximo
que você suportar e depois solte. Repita esta operação por três vezes.
“Respire lenta, suave e profundamente, sentindo o contato com todo
o seu corpo.”

46
Parto-Normal

3. Fantasia
- “Agora, imagine que você está em um grande vale, muito bonito,
com árvores, um rio e flores. Procure sentir a relva sob suas costas, a
brisa, o calor do sol, o canto dos passarinhos, o perfume das flores.
Desfrute o máximo que puder desse lugar. Agora, perceba que há
uma montanha bem próxima de você. Procure caminhar em direção
a ela e comece a subi-la. Vá olhando a paisagem, tocando as plantas,
sem pressa. Você está quase no meio do caminho. Agora, perceba que
o sol está um pouco mais quente e a trilha por onde você pisa está
cheia de pedras. As plantas começam a ficar rasteiras e você começa
a sentir-se cansada, mas ainda assim, prossiga. Falta pouco para você
atingir o topo da montanha. Agora, você percebe que o caminho está
bloqueado por uma pedra. Você acha que não vai conseguir passar,
mas falta tão pouco, é só escalar este obstáculo e você chega lá em
cima. O sol está muito quente. Você está muito cansada. Tente. Você
pode conseguir. Faça este último esforço e você chegará onde você
quer.
- “Agora que você chegou, deite-se e descanse. Respire aliviada. Procure
desfrutar deste lugar calmo. Olhe o céu, sinta a brisa e relaxe...”
- “Agora, procure voltar aqui para esta sala, sentir o seu corpo em contato
com este chão. Vá mexendo os seus pés, os seus braços e abrindo os
seus olhos bem devagar. Procure esticar o seu corpo (espreguiçar).”
- Sentadas em círculo, iniciam-se os comentários e depoimentos acerca
do exercício.
OBSERVAÇÃO:
Pode ser aplicada no grande grupo e deve ser conduzida por apenas
uma facilitadora, enquanto as demais darão suporte ao trabalho,
providenciando uma música suave e protegendo o grupo de
interferências. A sala deve estar em total silêncio.

47
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

4 - Dinâmicas de Introspecção
Linha da vida (Identidade Feminina) * autora Martha Zaneth
A linha da vida é uma técnica desenvolvida pelo movimento de mulheres
para trabalhar as questões da sexualidade e da identidade feminina. É
um recurso que estimula a reflexão sobre a história de cada mulher, sua
sexualidade e sua vida reprodutiva. O objetivo não é trabalhar valores
e conceitos, mas sim resgatar, a partir da história individual, aquilo que
foi construído, a concepção social do “Ser Mulher”, e o que as histórias
têm em comum.
Para aplicar esta técnica não é necessário formação psicológica;
entretanto, a postura da facilitadora é fundamental: deve ter sensibilidade
para se interessar pela história do grupo, exercitando a escuta ativa.
Essa dinâmica é um processo rico de emoções e revelações, em que
perdas e ganhos se equilibram no conjunto da trajetória de vida de cada
uma ou na relação das histórias entre si.
OBJETIVOS:
- Baixar os véus da timidez, da vergonha, do medo, da angústia, da
dor, da alegria e do prazer que encobrem a vivência sexual de cada
uma; compartilhar experiências com um grupo de pessoas que não se
conhece; identificar-se com o discurso da outra.Tudo isso é novo e
difícil e o desafio da educadora é exercer a escuta e ser cúmplice desses
momentos;
- Trabalhar as questões da sexualidade e da identidade feminina;
- Refletir sobre a condição feminina a partir do viés de gênero/cultura/
condição social feminina.
DESCRIÇÃO DAS ETAPAS:
O trabalho deve ser conduzido em pequenos grupos, pincéis atômicos,
lápis de cor, de cera ou canetas são distribuídos e as folhas grandes de
papel devem ser espalhadas pelo chão, para que as participantes desenhem;
Em cada um desses grupos, cada gestante traça sobre um grande papel
uma linha, à medida que vai verbalizando suas vivências, que fala o que
sabe, lembra ou sente sobre os fatos marcantes da sua vida relacionados
à sexualidade, reprodução, nascimento, relações parentais, vida social etc.
Dessa forma, possibilita-se às mulheres refletirem sobre suas próprias
histórias, tanto em termos individuais quanto coletivos.
Ao final, no grande grupo, é identificado o perfil geral a partir das
discussões dos pequenos grupos, permitindo correlacionar os aspectos
socioculturais comuns e ainda possibilitando a compreensão dos
significados dessas fases na vida das pessoas.

48
Parto-Normal

OBSERVAÇões:
- A técnica deve ser aplicada em pequenos grupos, com uma coordenação
para cada grupo.
- Estabelecer um clima de solidariedade e confiança, para quebrar a
tensão emocional.
- Confiar no grupo e na sua capacidade de recuperar a dor, no sentido
de transformá-la.
- Explicar que o contrato de sigilo do grupo é fundamental.

Linha do nascimento
É uma adaptação da técnica da linha da vida para se trabalhar questões
relativas ao nascimento.
OBJETIVOS:
Semelhantes aos da linha da vida, descritos anteriormente.
DESCRIÇÃO DAS ETAPAS:
O grupo deve escrever em folhas grandes de papel os quatro períodos
relacionados ao nascimento: concepção, gestação, parto e pós-parto.
O trabalho deve ser conduzido em pequenos grupos de, no máximo, dez
pessoas. Pincéis atômicos, lápis de cor, cera ou canetas são distribuídos
e as folhas grandes de papel devem ser espalhadas pelo chão para que
as participantes desenhem a sua linha do nascimento.
A facilitadora inicia o exercício pedindo para que seja desenhada uma
linha, que pode ser ilustrada de desenhos e colorida. Cada participante
desenha a sua, procurando lembrar-se do que sabe sobre o seu
nascimento, qual a mensagem que tem sobre tal fato.
Em cada período, a facilitadora deve estimular para que os seguintes
aspectos sejam expressos:
• Concepção: Fui desejada? Como estavam meus pais? Minha família?
• Gestação: Foi tranquila? Algum problema? Pai estava junto?
• Parto: Foi fácil? Minha mãe gostou de parir? Quem estava junto?
Onde foi? Posição do parto?
• Pós-Parto: A mãe amamentou imediatamente após o parto? A mãe
gostou de amamentar? Até que idade fui amamentada? O pai estava
junto, cuidando, apoiando?
OBSERVAÇões:
- Ao final dos relatos, será estabelecido um paralelo entre as situações
vivenciadas e a realidade coletiva.
- O importante não é somente o desenho da linha, mas sim, o que
a participante expressou ao desenhá-la: as lembranças, as dores, as
alegrias...
- Todas as emoções que emergirem devem ser acolhidas e ouvidas pela
facilitadora.

49
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

5 - Dinâmicas de Reconhecimento do Corpo e suas


Possibilidades em Trabalho de Parto
Como eu me vejo por dentro
- É uma técnica projetiva e tem por objetivo investigar o nível de
conhecimento adquirido ou a imagem que as participantes possuem
sobre a anatomia do sistema reprodutor.
OBJETIVOS:
- Facilitar a compreensão dos aspectos anatômicos através da percepção
tridimensional.
- Possibilitar a correção de possíveis distorções no conhecimento dos
aspectos anatômicos, de uma forma lúdica e interativa.
- Valorizar a criatividade.
DESCRIÇÃO DAS ETAPAS:
- Após a distribuição do material (papel, lápis de cor ou de cera), a
facilitadora pede para que cada participante desenhe como se vê por
dentro grávida e não grávida. Explica que os desenhos não precisam
ser bonitos ou corretos e que ninguém irá vê-los ou corrigi-los. Após
a confecção dos desenhos, eles serão recolhidos e guardados sem
nenhum comentário;
- Inicia-se o grupo de estudos, com discussão e novas informações;
- Após a discussão, cada um faz a correção dos desenhos.
OBSERVAÇões:
- Pode ser aplicada no grande grupo;
- Além do sistema reprodutor feminino (grávida e não grávida), deve-se
trabalhar também o sistema reprodutor masculino;
- Na discussão no grupo, deve-se trabalhar com informações básicas
sobre o útero (corpo e colo), trompas, ovários, vagina, vulva, mamas etc.;
- Com o auxílio de slides, DVD, transparências, álbuns seriados, bonecos,
ou mesmo desenhos grandes, faz-se o reforço do aprendizado;
- A facilitadora deve procurar usar termos que sejam compreendidos
pelas participantes;
- Pode-se também trabalhar com massa de modelar ou argila na
confecção dos sistemas reprodutivos.

Reconhecer as fases do trabalho de parto


- A promoção dinâmica e participativa no grupo de gestantes de
informações e de troca de experiências positivas sobre o trabalho

50
Parto-Normal

de parto é fundamental na atividade educativa durante o pré-natal.


O parto em nossa sociedade é altamente medicalizado, apesar dos
esforços políticos de se resgatar o parto normal na atualidade. Há forte
cultura entre as mulheres de aceitação total da atenção obstétrica como
ela é hegemonicamente, e isso se dá por diversos fatores facilmente
explicáveis. Entre estes, está o desconhecimento do próprio corpo e da
sua dinâmica natural nesse processo, da sua capacidade de parir com
menos intervenção dolorosa e/ou traumatizante, entre outros. Portanto,
trabalhar o conhecimento sobre o processo de parto é fundamental
como atividade educativa no pré-natal.
OBJETIVOS:
- Instrumentalizar as gestantes para a identificação das fases do trabalho
de parto.
- Discutir a assistência durante essas fases.
MATERIAIS:
- Pranchas ilustrativas, papel cartão.
DESCRIÇÃO DAS ETAPAS:
- Reunir as participantes do grupo, mostrar as pranchas de forma
desordenada. Estas contêm palavras relacionadas: ao pródromo do
trabalho de parto (TP), fase latente do TP, fase ativa do TP, ao parto e
nascimento e ao cuidado assistencial (Ex: tampão mucoso, contrações,
massagem, tricotomia etc.).
- Explicar que as pranchas devem ser arrumadas no chão por elas,
seguindo a lógica das modificações ocorridas no organismo da
parturiente, desde o momento da admissão na maternidade até a
sequência do trabalho de parto e parto.
- Após o término da ordenação, discutir com as gestantes a sequência
adequada, aproveitando para tirar todas as dúvidas e informar sobre as
intervenções que não devem ser feitas sem indicação.

Discutir sobre tecnologias de cuidados na assistência ao parto


Tecnologias de Cuidados corresponde à aplicação do conhecimento
da enfermeira, traduzido pelas práticas usadas no acompanhamento e
condutas durante o trabalho de parto e parto.
OBJETIVOS:
- Informar, apresentar e discutir com as gestantes o trabalho de parto
ativo, instrumentalizando-as na utilização das ferramentas que podem
facilitar a evolução do trabalho de parto e parto, produzindo conforto
e alívio da sensação dolorosa.

51
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

MATERIAIS:
massageadores; banco meia-lua; bola Suiça (Bobath, fisioboll); cavalinho
de parto ativo; óleo de massagem; aparelho de som e CDs; aromas; TV.
DESCRIÇÃO DAS ETAPAS:
- Durante a oficina, a facilitadora deverá estimular as gestantes e seus
acompanhantes a descreverem o que entendem sobre as palavras:
TECNOLOGIA e CUIDADO.
- A partir daí, encaminhar para a busca das conceituações para
o entendimento da categoria, promovendo a demonstração dos
equipamentos que podem ser utilizados.
- Estimular gestantes e acompanhantes a experimentarem os
equipamentos, explicando a sua função e como podem ser usados.
- Finalizar a oficina mostrando um filme com a apresentação dos
instrumentos e sua utilização durante um trabalho de parto e parto. É
importante discutir com as gestantes que seu desejo de utilizar ou não
cada instrumento deve ser respeitado.

Apresentação das posições de parto

OBJETIVOS:
- Discutir a assistência durante o primeiro estágio do trabalho de parto
(período de dilatação cervical) e durante o segundo estágio do parto
(período expulsivo);
- Realizar discussões acerca das posições assumidas pelas parturientes
no momento do parto;
- Proporcionar às gestantes informações sobre as diversas possibilidades
de parir.
EQUIPAMENTOS:
- Televisão e vídeo
- Instrumentos da oficina de tecnologias de TP e parto
DESCRIÇÃO DAS ETAPAS:
- Acomodar as participantes para a projeção de vídeos de partos normais
nas posições: lateral, de cócoras, vertical, semi-vertical, na água etc.
- Após a visualização dos vídeos, promover a reflexão e discussão sobre
as diversas posições assumidas duratnte o trabalho de parto: seus efeitos
e benefícios para a mulher e feto;
- Após a discussão, estimular o grupo a realizar uma representação
sobre o tipo de parto escolhido pelas parturientes deste encontro,
através de dramatização, corte e colagem etc.

52
Parto-Normal

OBSERVAÇÕES:
- A partir das discussões no grupo, é possível estimular as mulheres para
a elaboração de seus planos de parto. Estes devem ser livres, e ajudarem a
mulher a ter uma expectativa positiva do parto. O plano de parto deve
ser flexível e permitir mudanças, tanto por parte da mulher, como pela
necessidade fisiológica do processo de parto.

Dramatização do parto
DEFINIÇÃO
- Consiste na representação teatral de formas conhecidas de parto e dos
atores envolvidos e as formas de assistência.
DESCRIÇÃO DE TÉCNICA
- Para aplicação desta técnica é necessário, pelo menos, duas facilitadoras.
Cada uma vai trabalhar com um grupo apoiando-o na construção do
drama.
- O grupo é subdividido em dois, em igual tamanho. Em seguida, cada
facilitadora conduz seu grupo a um local diferente para a execução da
tarefa. Cada grupo cria e ensaia uma dramatização para duas cenas de
parto, e apresenta ao grande grupo no final.
- A facilitadora deve estimular e orientar o grupo na execução do
trabalho, sem, no entanto, ser diretiva em suas intervenções. Deve
deixar que o grupo, por si só, vá criando os elementos do trabalho,
como: roteiro, figurino, diálogos, personagens, cenário etc.
-Quando os grupos estiverem prontos, a facilitadora informa que
durante a apresentação de cada grupo deve-se estar atento a todos os
detalhes. Ao final das duas apresentações, serão analisados os momentos
importantes a respeito de humanização e técnicas utilizadas no parto. A
facilitadora conduz um debate que deve abranger os seguintes pontos:
• análise das diferenças entre os partos;
• quantidade de pessoas envolvidas;
• postura das pessoas que atuam no parto;
• relações de confiança estabelecidas pela parturiente;
• ambiente aconchegante, hospital limpo, quarto limpo etc.;
• o tempo de duração do parto;
• o papel protagonista da mulher no parto humanizado;
• o empoderamento feminino no parto e nascimento;
• fortalecimento do vínculo mãe/bebê por meio do contato pele a pele.

53
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

54
Parto-Normal

CAPÍTULO III

A CHEGADA À MATERNIDADE / ADMISSÃO NAS


UNIDADES DE INTERNAÇÃO OBSTÉTRICA

O processo de acolhimento à mulher, ao recém-nascido, seus fami-


liares e acompanhante nas maternidades que compõem a rede do Muni-
cípio do Rio de Janeiro é o início do relacionamento da população com o
hospital e a primeira percepção das usuárias sobre os serviços oferecidos
na unidade e sua equipe multiprofissional. Tais serviços destinam-se a
prestar assistência especializada às mulheres em suas necessidades de
avaliação sistemática e contínua durante o ciclo gravídico puerperal, nas
afecções ginecológicas e aos recém-nascidos até 28 dias de vida.

As mulheres podem ser admitidas nas unidades de internação da


SMSDC-RJ, procedentes de duas portas de entrada:

• Dos Serviços de Ambulatórios:


- As agendadas previamente: internação cirúrgica eletiva ginecológica
e obstétrica clínica;
- A urgência ambulatorial: identificada durante o acolhimento com
classificação de risco (triagem) ou durante a consulta de pré-natal,
pós-natal, ginecológica ou de clínica médica.
• Dos serviços de Emergências/Admissões:
- Demanda obstétrica: atendimento às emergências no ciclo
gravídico-puerperal;
- Demanda ginecológica: atendimento às emergências ginecológicas;
- Transferências intra-hospitalares;
- Atendimento às vítimas de violência sexual;
- Atendimento aos profissionais que sofreram acidente com material
biológico e recém- nascidos (até 28 dias). Cabe ressaltar que este
documento descreve a assistência de enfermagem no âmbito da
obstetrícia.

55
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Fluxo de Atendimento de Enfermagem


Do Serviço de Ambulatório para a Internação Eletiva
• Acolher a usuária;
• Confirmar o encaminhamento do ambulatório para a internação;
• Solicitar o prontuário na documentação médica;
• Comunicar a internação ao setor de internação e alta e ao núcleo
interno de regulação (NIR);
• Registrar a internação no livro próprio e no CENSO diário de
pacientes;
• Fornecer o vestuário hospitalar;
• Prestar esclarecimentos à usuária e seu acompanhante sobre a
rotina da unidade;
• Fazer contato com enfermeira da unidade de internação de destino
sobre a admissão da cliente, fornecendo dados gerais e suas
condições gerais;
• Providenciar o encaminhamento da usuária com seu respectivo
prontuário à unidade de internação, acompanhada por profissional
da enfermagem.

Do Ambulatório para o Setor de Emergência/Admissão


• Acolher a cliente determinando a prioridade de atendimento
conforme a gravidade do caso (exclusivo do enfermeiro);
• Registrar em livro próprio do setor de emergência e em boletim
de atendimento / prontuário: nome e hora do atendimento;
queixa principal, considerando o início, a evolução e a duração da
queixa; medicação atual; alergias; história obstétrica; sinais vitais;
identificação da necessidade de atendimento (cuidado médico, de
enfermagem, psicológico, serviço social, nutrição e/ou outros) e
definição da prioridade de atendimento, medidas iniciais adotadas;
assinar e carimbar (enfermeira).
• Realizar anamnese e exame físico gineco-obstétrico (enfermeira);
• Realizar procedimentos específicos que avaliem o risco materno-
fetal: toque vaginal, avaliar perdas transvaginais, ausculta de BCF,
avaliação dos movimentos fetais e realização de CTG, sempre que
necessário (enfermeira);
• Solicitar exames laboratoriais de urgência, conforme protocolo
institucional (enfermeira).
• Colher material para exame das pacientes com internação no
Centro Obstétrico e encaminhar ao laboratório; administrar

56
Parto-Normal

medicamentos de urgência, conforme a prescrição médica e


os protocolos institucionais6 , monitorar a evolução do quadro
cabendo a avaliação, juntamente com o médico, sobre a liberação
da cliente do repouso da emergência (enfermeira) quando for
constatada a melhora do quadro apresentado;
• Quando ocorrer a solicitação médica para proceder à liberação
da mulher, realizar as devidas orientações de referência,
encaminhamentos ou agendamentos para o retorno, antes de
liberá-la do repouso da emergência;
• Quando ocorrer a solicitação médica para proceder à internação,
seguir as etapas a seguir descritas:
− Em caso de prescrição de medicamentos, realizar procedimento
técnico ainda na emergência, a fim de estabilizar hemodina-
micamente a cliente e somente após encaminhá-la ao setor de
internacão;
− Entrar em contato com a enfermeira da unidade de internação
para solicitar vaga, relatando história sumária, diagnóstico médico
e principais orientações;
− Encaminhar a cliente, de acordo com suas condições físicas e
emocionais, em cadeira de rodas, maca ou deambulando, com seu
respectivo prontuário à unidade de internação, acompanhada por
profissional da enfermagem;
− Oferecer e, caso aceito, realizar o teste rápido de HIV, fornecendo
laudo assinado e carimbado pela enfermeira, registrado em folha
de controle no setor (nos casos de gestantes a partir de 34 semanas
que não apresentem o resultado do exame no último trimestre e
que estejam em trabalho de parto).

6
Os protocolos institucionais seguem as recomendações contidas nos manuais técnicos do
Ministério da Saúde .

57
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

58
Centro Obstétrico

Parte II

Centro Obstétrico
O cuidado à parturiente

59
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

60
Centro Obstétrico

CAPÍLULO IV

ADMISSÃO DA GESTANTE NO CENTRO


OBSTÉTRICO

O início do trabalho de parto acontece com a presença de contrações


uterinas regulares, que não aliviam com o repouso, e que aumentam pro-
gressivamente com o tempo, tanto em intensidade quanto em frequência.
Estão associadas ao apagamento e dilatação progressivos do colo. É nes-
se momento que a maioria das mulheres procuram a unidade hospitalar
ou Casa de Parto e são internadas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).

Os profissionais devem acolher e apoiar a mulher e seu acompanhante


desde sua chegada, sendo, portanto, um momento importante para ini-
ciar um relacionamento de confiança. É necessário apresentar-se e dar
informações sobre a assistência e os profissionais de categorias diversas
que poderão acompanhá-los durante sua estada no Centro Obstétrico
(CO). A admissão da gestante precisa ser em ambiente com privacidade,
tranquilo e onde ela se sinta segura.

A equipe de enfermagem deve implementar assistência efetiva e segura


nas diferentes indicações clínicas e obstétricas, norteada nos princípios
do modelo humanizado de atenção ao parto. As etapas do acolhimento
da gestante no centro obstétrico são:


recepcionar a parturiente, apresentando-se, informando seu nome e
função e desejando-lhe boas-vindas;

acolher e encaminhar a mulher até a sala de pré-parto, parto e pós-
parto (PPP), apresentando o ambiente onde permanecerá durante o
trabalho de parto e parto, junto com o acompanhante de sua escolha;

garantir a presença de acompanhante à escolha da mulher, conforme
legislação vigente1 (ANEXO C) ;


1
Resolução SMS nº 667 de 20/10/1998, garante a presença de um acompanhante de escolha da mulher
durante o trabalho de parto e parto. Portaria nº 2418/GM/MS, de 02/12/2005, regulamenta – em
conformidade com o art. 1º da Lei Federal nº 11.108 de 07/04/2005 – a presença de um acompanhante
para mulheres em trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, no âmbito do SUS.

61
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA


verificar os sinais vitais: pressão arterial, pulso, respiração e temperatura
axilar (atentar para a alteração de pressão arterial e temperatura);

aferir o peso e a altura;

colher uma pequena história obstétrica, observando: número de
gestações, número de abortos, paridade, antecedentes mórbidos
(diabetes, hipertensão, cardiopatias e doenças neurológicas),
portadoras de alergias, uso de medicação rotineira, uso de drogas
(química, tabagismo e etilismo);

proceder os registros em impresso próprio;

incluir o nome da parturiente no livro de admissão do setor, quando
houver;

comunicar ao laboratório, caso tenham solicitações de exames;

deixar o ambiente preparado para o momento do parto e incentivar
a mulher a não permanecer deitada no leito, exceto nos casos
contraindicados.

Na equipe de enfermagem, cabe à enfermeira:


solicitar o cartão de pré-natal e avaliá-lo;

realizar anamnese, observando antecedentes mórbidos, obstétricos
(incluindo complicações em gestações anteriores, DUM, dados e
evolução da gestação atual) e as questões psicossociais que envolvem
aquela gestação;

realizar exame clínico da gestante: verificar sinais vitais; se constatar
necessidade de reavaliação, avaliar as mucosas, realizar ausculta
cardiopulmonar, verificar a presença de edema ou varizes nos
membros inferiores;

realizar exame obstétrico: medir a altura uterina, palpar o abdome
para determinar a situação, posição, apresentação e insinuação fetal,
auscultar frequência cardíaca fetal durante e após a contração, avaliar a
dinâmica uterina, realizar o toque vaginal2 para perceber a integridade
das membranas, altura da apresentação, tipo de apresentação, dilatação
e apagamento do colo, características do colo uterino, variedade de
posição e, se necessário, proceder à amnioscopia para identificar as
características do líquido amniótico. No caso da puérpera: realizar o
exame das mamas e dos mamilos; verificar a altura do fundo de útero;
observar o aspecto da ferida cirúrgica ou episiorrafia, no caso de parto

2
No momento do toque vaginal, deve-se observar a genitália externa, buscando identificar a presença de
lesões e/ou secreções que devam ser registradas e caracterizadas.

62
Centro Obstétrico

cesáreo ou parto normal com episiotomia; realizar o toque vaginal


para perceber as características do canal vaginal e do colo uterino;
observar a quantidade, a coloração e o odor da loquiação;

registrar exame realizado no partograma e assinar de forma legível;

verificar e/ou providenciar a coleta dos exames de VDRL, hemograma
completo e teste rápido para HIV3, fator Rh e tipagem sanguínea;

caso seja observado saída de líquido amniótico, deve-se caracterizá-
lo quanto à presença de mecônio, avaliar a quantidade da perda e há
quanto tempo começou a perda;

durante o exame obstétrico, é o momento ideal para a enfermeira
iniciar uma relação de confiança entre ela e a parturiente e encaminhar
o acompanhamento do trabalho de parto, se for o caso;
 momento da admissão é essencial para a avaliação do risco obstétrico
o
e do planejamento da assistência de enfermagem a ser prestada à
parturiente;
 partos de baixo risco poderão ser assistidos diretamente pela
os
enfermeira obstetra.


3
É recomendável a realização do aconselhamento pré e pós-teste anti-HIV/AIDS.

63
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

64
Centro Obstétrico

CAPÍTULO V

ACOMPANHAMENTO DO TRABALHO
DE PARTO E PARTO PELA
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o parto nor-


mal tem início espontâneo, baixo risco no começo do trabalho de parto,
permanecendo assim durante todo o processo até o nascimento. Nor-
malmente, acontece entre 37 e 42 semanas completas de gestação e o
feto encontra-se, em geral, em apresentação cefálica. Ainda para a OMS,
o parto normal é um processo natural, fisiológico e, consequentemente,
não deve sofrer intercorrências no seu curso.

O Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento do Ministé-


rio da Saúde (PHPN) registra que os partos de baixo risco podem ser
acompanhados pelas enfermeiras obstetras. Evidências científicas que
discutem o modelo assistencial são favoráveis à inclusão da enfermeira
obstétrica no acompanhamento da gestação, trabalho de parto e parto de
baixo risco.

O suporte contínuo à mulher em trabalho de parto é uma ação que deve


ser oferecida e estimulada de forma sistemática, independente da organi-
zação do serviço e dos profissionais treinados para esta atenção.

Neste cenário, o objetivo da assistência é acompanhar e assistir as partu-


rientes durante o processo do trabalho de parto e parto, respeitando sua
fisiologia e estimulando o exercício da cidadania feminina, para dar maior
autonomia à mulher neste momento.

Após a admissão da parturiente, a enfermeira deve atentar para os fatores


de risco e manter atitude vigilante durante todo o acompanhamento do
processo. Nesta etapa, os cuidados a seguir devem ser oferecidos:


promover um ambiente com privacidade, tranquilo e seguro para a
parturiente e seu acompanhante, onde não seja necessário removê-la no

65
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

momento do parto; pode-se utilizar música, aroma, penumbra


e pouco mobiliário para deixar o ambiente hospitalar mais
agradável à mulher;
 estimular a liberdade de movimentos, encorajando a
parturiente a sentir o seu próprio corpo e assumir as posições
mais confortáveis durante o trabalho de parto;
 incentivar a deambulação e evitar a posição litotômica;
 é importante sensibilizar a parturiente e seu acompanhante
quanto ao poder do corpo feminino e que ela é capaz de parir
sozinha; a mulher deve ser encorajada e incentivada a cada
progresso que fizer, tanto pelo acompanhante como pelo profissional:
isto a deixa mais segura e empoderada;
 orientações quanto às técnicas de relaxamento e respiração
devem ser repassadas a mulher e seu acompanhante, pois
ambos podem realizá-las juntos, o que deixa a parturiente mais
confortável e segura;
 oferecer às parturientes as tecnologias de cuidados, de
acordo com a evolução do trabalho de parto e com a sua vontade;
 registrar no partograma todas as tecnologias que forem
utilizadas e em que momento do trabalho de parto;

realizar exame obstétrico, avaliando dilatação cervical, altura da
apresentação, variedade de posição, condição da bolsa das águas,
dinâmica uterina, com um intervalo mínimo de duas horas; a
necessidade do toque vaginal deve ser avaliada e postergada se os
sinais e comportamento da parturinte são suficientes para avaliação e
a necessidade de mudança de conduta não for cogitada; tal informação
deve sempre estar baseada na ausculta e avaliação do BCF, que deve
ser implementada de acordo com a necessidade a cada 15 minutos, 30
minutos ou 1 hora; registrar no partograma;

avaliar o liquido amniótico através de amnioscopia ─ o uso deste
instrumenal deve ser criterioso; caso verifique coloração do líquido
amniótico alterada, comunicar à equipe médica;
 quando houver alguma intercorrência durante o trabalho
de parto, onde haja suspeita de algum tipo de risco, a equipe
médica deve ser comunicada, para que o grupo multiprofissional
possa discutir junto e retomar a condução do trabalho de parto;
 toda a evolução do trabalho de parto deve ser informada
à parturiente e seu acompanhante, assim como as condutas que
forem tomadas durante o período;

66
Centro Obstétrico

a sensação dolorosa durante o processo do trabalho de parto pode


ser amenizada pela utilização das tecnologias de cuidados, do apoio
emocional, das técnicas de relaxamento e da respiração adequada;
a dieta líquida pode ser oferecida à parturiente neste momento, por
meio de água, sucos, chás, entre outros;
a mulher deve ter liberdade de escolher a posição mais confortável
para ela no momento do parto, entretanto o profissional que a estiver
assistindo pode orientá-la ─ de acordo com o desenvolvimento do
trabalho de parto ─ a assumir algumas posições que facilitem este
momento;
 período expulsivo pode ocorrer em diversas posições, mas cabe
o
ressaltar a necessidade de se avaliar a região do períneo e proceder à
proteção perineal;

respeitar o desejo da mulher em realizar o esforço expulsivo,
obedecendo a sua fisiologia;

com a intensificação das contrações no momento do parto, a
parturiente pode mudar seu comportamento e expressar-se de forma
mais agitada, emitindo gritos e gemidos; deve-se estar atento à sua
segurança física e a de seu filho, buscando não cerceá-la de suas
expressões, garantindo-lhe sua autoconfiaça;

independente da posição escolhida pela mulher, é importante a utilização
de campos estéreis, a realização da antissepsia da região perineal e ter
próximo instrumental estéril para o pinçamento e secção do cordão; não
esquecer uma touca e campo (manta) para receber o recém-nato (RN);
a enfermeira deve lavar as mãos e calçar luvas estéreis para o momento
do parto;
 acordo com a OMS, a episiotomia deve ser considerada apenas
de
nos casos de sofrimento fetal, fibrose cicatricial por mutilação vaginal
da mulher ou por lacerações de terceiro ou quarto grau mal
cicatrizadas e parto vaginal complicado4;

após o despreendimento do polo cefálico, sustentá-lo com uma das
mãos, secar o rosto e a cabeça, colocando a touca para mantê-lo
aquecido; aguardar a próxima contração, a rotação externa e o despre-
endimento das espáduas e do tronco, apoiado com ambas as mãos;


4
Segundo a OMS, a episiotomia não é mais recomendada como procedimento de rotina. Não há evidên-
cia de que a episiotomia de rotina diminua o dano ao períneo, evite prolapso vaginal ou a incontinência
urinária. Na realidade, a episiotomia está associada ao aumento de lacerações de terceiro e quarto graus
e subsequente disfunção do músculo esfíncter anal (OMS. Manejo das Complicações na Gestação e no
Parto. Tradução Ana Thorell. Porto Alegre: Artmed, 2005).

67
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

é importante, após a saída da cabeça, verificar a existência de circular


de cordão; na presença de circular, desfazê-la se estiver frouxa; caso
contrário, realizar o pinçamento duplo e secção imediata entre as duas
pinças;
 o recém-nato deve ser colocado no ventre materno, com
o apoio da mulher para promover o contato pele a pele e a
manutenção da temperatura corporal; manter o RN em contato
direto com a mãe na primeira hora de vida, separando-o nos
casos estritamente necessários; o recém-nato deve ser levado ao
seio materno na primeira meia hora pós-parto, incentivando o
vínculo mãe-bebê e o aleitamento materno;
 o pinçamento e secção do cordão pode ser postergado até
a cessação dos batimentos do funículo, caso o recém-nato esteja
rosado, com tônus muscular satisfatório e respirando bem;
a assistência à dequitação deve ser sem movimentos bruscos; a partir
da avaliação clínica, respeitar o tempo de cada mulher;

realizar a revisão do canal vaginal;

proceder aos cuidados de enfermagem ao recém-nascido; na Casa de
Parto, todos os cuidados serão realizados pela enfermeiras obstétricas;

após o parto, descrever em impresso próprio todo o procedimento,
identificando-se com nome legível, assinatura e carimbo; orientar
a puérpera para o autocuidado e aleitamento; o cuidado deve
ser contínuo e integrado, portanto evitar um grande número de
informações que ainda estão sendo processualmente absorvidas.

Durante o trabalho de parto e parto, o profissional de nível técnico de


enfermagem tem uma importante participação e os seguintes cuidados
devem ser observados:


sempre se apresentar à mulher e seu acompanhante quando entrar no
box (sala PPP) ou quando for realizar algum procedimento;

verificar os sinais vitais, dando especial atenção à pressão arterial e
temperatura;

registrar em impresso próprio (folha de prescrição, no local de
observações de enfermagem) a evolução com os dados de admissão,
todos os procedimentos realizados, as ocorrências e intercorrências
com a usuária;

orientar a mulher e seu acompanhante quanto às normas e rotinas da
instituição;

68
Centro Obstétrico


acompanhar as enfermeiras durante os procedimentos realizados
com a parturiente, quando necessitarem de auxílio;

comunicar à mulher, sempre, sobre os procedimentos que serão
realizados;

preparar e administrar medicamentos, conforme prescrição;

repor, quando necessário, o material esterilizado nas salas de parto;

dar apoio emocional à mulher e seu acompanhante durante este
momento;

auxiliar a locomoção da parturiente, quando necessário;

encaminhar e auxiliar na higiene corporal, quando for o caso;

proceder à higiene corporal no leito, sempre que necessário;

estimular a parturiente a deambular e movimentar-se fora do leito,
quando indicado pela enfermeira obstetra;

incentivar a parturiente e seu acompanhante na utilização das
tecnologias de cuidados;

preparar e organizar a sala de parto para o atendimento à parturiente,
seguindo os seguintes passos: montar e forrar a cama PPP; forrar e
montar a unidade de cuidados intermediários (UCI) com clamp para
o cordão umbilical, sonda de aspiração nº 8, 1 par de luvas estéreis
e borrachas de látex; verificar o funcionamento da UCI, do sistema
de aspiração, do sistema de oxigênio, do laringoscópio infantil e do
ambu; verificar a presença da caixa de parada do RN;

abrir o material estéril no momento do parto e auxiliar a enfermeira
no que for necessário;

verificar os sinais vitais após o parto;

realizar os cuidados imediatos com o recém-nato (pesar, medir,
administrar vitamina K, administrar a vacina contra hepatite B e a
credeização);

orientar a puérpera quanto ao aleitamento materno, estimulando a
amamentação; atentar para os casos em que tal procedimento é
contraindicado5;

registrar os cuidados em impresso próprio e encaminhar a puérpera e
seu bebê ao alojamento conjunto, após a comunicação prévia com o
setor de destino.


5
De acordo com o Ministério da Saúde, o aleitamento materno é contraindicado nos casos em que a
mulher é sabidamente portadora do HIV e/ou HTLV.

69
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Procedimentos e Cuidados Durante O Pri-


meirO ESTÁGIO do Parto: trabalho de parto

O local destinado à atenção ao trabalho de parto e parto é fundamen-


tal para o sucesso deste processo. Portanto, proporcionar um ambiente
acolhedor, organizando o local, tornando-o agradável e seguro para a
mulher, tem como objetivo diminuir a ansiedade, insegurança, além de
facilitar a presença do acompanhante.

Pouca luminosidade, aromas, música ambiente suave, cores em tons


claros, pouca movimentação de pessoal, aquecimento físico do ambiente
e a privacidade, transmitem à parturiente e seu acompanhante respeito
e segurança. Quando a mulher se sente segura e tranquila, o córtex
primitivo é ativado, ocorre a liberação de ocitocina e endorfinas, propicia
qualidade de relacionamento entre a parturiente e seu cuidador, diminu-
indo a quantidade de informações (ODENT, 2002a).

Outro aspecto a ser observado no acompanhamento do trabalho de par-


to e parto é garantir à mulher o direito de ter um acompanhante de sua
escolha. A presença do acompanhante reduz o estresse e a ansiedade,
libera ocitocina e endorfina, acelera o trabalho de parto, aumenta a se-
gurança da mulher, diminui a necessidade do uso de analgesias e reduz a
ocorrência de distócias (OMS, 1996; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).

O registro no prontuário do acompanhamento do trabalho de parto é


realizado através do partograma. A partir de 1994, a OMS tornou obriga-
tório o uso do partograma nas maternidades.

Trata-se de um precioso documento, em que os dados registrados cola-


boram muito para a eficácia do acompanhamento da evolução do traba-
lho de parto, bem como auxilia na precisão do diagnóstico das alterações
e na tomada de conduta apropriada nos diferentes casos, contribuindo
também para evitar intervenções desnecessárias. Para obter tal resultado,
as anotações devem ser concisas e evidentes.

O uso do partograma facilita no acompanhamento do trabalho de parto,


permite que profissionais envolvidos tenham uma visão fidedigna dos
momentos anteriores à sua atuação, facilita a passagem de informação
decorrente da mudança de plantão e garante a qualidade da assistência
prestada à parturiente.

70
Centro Obstétrico

Para atingir o efeito desejado, convém não utilizá-lo na fase latente do


trabalho de parto.

O partograma é a representação gráfica do trabalho de parto, no qual são


registradas a frequência cardíaca fetal (FCF), a dinâmica uterina (DU), as
condições da bolsa das águas e líquido amniótico (LA), a infusão de líqui-
dos. O objetivo é avaliar a evolução do trabalho de parto, identificando as
alterações e auxiliando na tomada de decisões.

Etapas para Utilização do Partograma:


1. Inicia-se o registro gráfico quando a parturiente estiver na fase ativa do
trabalho de parto (duas a três contrações eficientes em 10 minutos, di-
latação cervical mínima de 3cm). Em caso de dúvida, aguardar 1 hora
e realizar novo toque: velocidade de dilatação de 1cm/hora, verificada
em dois toques sucessivos, confirma o diagnóstico de fase ativa do
trabalho de parto.

2. Em cada exame, deve-se avaliar e registrar a dilatação cervical, a altura


da apresentação, a variedade de posição e as condições da bolsa das
águas e do líquido amniótico.

3. Ausculta sistemática da frequência cardíaca fetal, antes, durante e após


as contrações uterinas deve ser devidamente registrada, assim como a
dinâmica uterina, a infusão de líquidos e drogas, uso de analgesia e
pressão arterial materna.

As tecnologias não invasivas de cuidado da enfermagem obstétrica abran-


gem todos os procedimentos, as técnicas e conhecimentos utilizados pelas
enfermeiras no processo de cuidado (NEVES e VARGENS, 2001) e se
caracterizam pela utilização de técnicas não invasivas que resgatam o fe-
minino no parto (MEDINA, 2003). Segundo Torres (2005), envolvem três
ideias: cuidado, prática e procedimentos, acrescentando a elas a característi-
ca fundamental de não invasão do corpo, da mente e da privacidade do ser.

No acompanhamento do trabalho de parto, as tecnologias de cuidado


são utilizadas com vários objetivos, aqui reunidos em torno de três eixos
que, na prática, se complementam: ativar o trabalho de parto, aliviar a
dor, auxiliar na descida e rotação interna. Estão descritas também três
práticas de uso frequente que devem ter indicação precisa: amnioscopia,
amniotomia e o uso de ocitocina exógena.

71
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Seguem descritos os cuidados que a enfermagem obstétrica tem usado


como recurso durante a fase de dilatação da cérvice uterina, período de-
licado e fundamental para a chegada à próxima etapa do processo, que
é a fase de expulsão do feto. São procedimentos e cuidados realizados
nas maternidades da SMSDC e foram elaborados e discutidos com muito
empenho. Trata-se de um primeiro consenso do grupo elaborador e indica
uma importante conquista na busca de uma atenção ao parto normal hos-
pitalar com uma tecnologia adequada, com vistas à autonomia feminina.

1- Ativar o trabalho de parto


O trabalho de parto divide-se clinicamente em três períodos (OXORN,
1989): dilatação cervical, a expulsão do feto e a dequitação, acrescido do
período de Greemberg (DELASCIO, 1994).

O período de dilatação é dividido em duas fases: latente e ativa. Oxorn


(1989) descreve a de latência como um período em que as contrações estão
se tornando mais coordenadas, fortes e mais eficientes e o colo mais amo-
lecido, flexível e elástico. Segundo o CLAP (1996), dois terços do tempo
total que dura o período de dilatação são utilizados durante esta fase. A fase
ativa começa quando a dilatação cervical atinge 3 a 4cm. Oxorn (1989) a
define como a de dilatação cervical rápida. Para que ocorra a dilatação, o
apagamento e a descida do feto é necessário que haja contrações uterinas
eficientes. Rezende (2006) esclarece que estas contrações encurtam o corpo
uterino, tracionando longitudinalmente o segmento inferior, que se expan-
de. A frequência da contratilidade uterina aumenta à medida que evolui o
trabalho de parto, sendo maior em sua fase ativa. Fuente (2000), ao citar os
estudos de Caldeyro-Barcia (1979), Flyn et al. (1978), Arroyo e cols. (1976),
demonstrou que a frequência da contratilidade uterina aumenta quando a
parturiente assume a posição vertical. Tais autores evidenciaram em suas
pesquisas que, na posição vertical, as contrações apresentam menos irregu-
laridades em sua forma e ritmo.

O principal hormônio responsável pelas contrações uterinas é a ocitoci-


na, chamado por Odent (2000a) como o hormônio do amor. A ocitocina
é secretada pelo hipotálamo, é isolada pela hipófise posterior e liberada
na corrente sanguínea, em circunstâncias específicas e descontínuas. En-
tre estas circunstâncias, Odent (2000a) cita a relação sexual, a amamen-
tação e o trabalho de parto. O autor cita também a necessidade que a

72
Centro Obstétrico

parturiente tem de se sentir segura. Quando isso não ocorre, acontece a


liberação de adrenalina, que ativa o neocórtex, que funciona como trava,
interferindo na liberação de ocitocina.

Deambulação durante o trabalho de parto


Caminhar livremente durante o trabalho de parto, em área determinada,
sempre que possível com o acompanhante de sua escolha. Tem como
objetivo ativar o trabalho de parto e auxiliar a descida e rotação do feto.

Utilizar o espaço livre da sala PPP, do próprio pré-parto, ou espaço reser-


vado para a movimentação da parturiente (jardim, jardim de inverno, sala
de relaxamento) para incentivar a deambulação da parturiente.

Quando a mulher deambula durante o trabalho de parto, a ação uterina é


mais eficiente. Na contração, as paredes uterinas encurtam-se e impulsio-
nam o feto para baixo. Os ligamentos redondos, que também contraem
junto com a contração uterina, tracionam o fundo uterino para diante,
colocando o eixo longitudinal uterino no eixo da escavação pélvica e para
baixo, aproximando o fundo da pelve (OXORN, 1989).

No momento da contração, a melhor posição para a mulher é a vertical,


com o corpo inclinado para diante. Durante a deambulação, a parturiente
poderá ser estimulada a realizar movimentos pélvicos para auxiliar na
liberação de ocitocina (BALASKAS,1991).

Massagens no abdômen com óleo de canela


As massagens no fundo uterino, com óleo de canela, nos intervalos das
contrações têm por objetivo ativar o trabalho de parto, estimulando as
contrações uterinas através do toque e da propriedade da canela. Pode-
se usar, como recurso, o óleo vegetal com essência de canela. Óleos de
origem mineral não estão indicados. Deve-se, então, massagear todo o
abdome e principalmente o fundo uterino, aplicar óleo nas mãos e reali-
zar movimentos circulares e de cima para baixo.

Quando se realiza massagem no fundo uterino, o toque e o movimento


ajudam a mulher a sentir segurança e conforto com o profissional que a
assiste, favorecendo o vínculo, estimula-se a liberação de ocitocina, que
promove as contrações.Testar na face interna do antebraço para observar
possíveis reações alérgicas à canela.

73
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

2- Alívio da dor

O alívio não farmacológico da dor ajuda a manter o processo na sua


dimensão fisiológica ao retorno da fisiologia do parto. Segundo Guyton
(1976), a estimulação de fibras não dolorosas - aferências sensitivas me-
canorreceptores - pode suprimir os sinais dolorosos, assim como fortes
sinais condicionados do cérebro (nociceptores), o que poderia explicar a
eficiência do calor da água do banho, das massagens e da respiração no
alívio da dor. Outra ação é estimular a produção de endorfinas, que são
analgésicos naturais (BALASKAS,1993; ODENT, 2002).

Massagear as parturientes
Realizar massagens com as mãos ou aparelho próprio, em áreas dolorosas
do corpo, como a região cervical e lombar, ombros, ou mesmo em regi-
ões de preferência da mulher. O objetivo é diminuir a tensão, o medo e
a sensação dolorosa; oferecer conforto, demonstrar interesse e atenção,
estimulando uma parceria com a parturiente e ajudá-la a vincular-se a si
e à sua experiência atual.

Os recursos são as mãos do profissional de saúde ou do acompanhante;


óleos vegetais aromáticos e relaxantes e aparelhos massageadores.

As etapas sugeridas para realização das massagens são:


 massagear a região sacral e lombar durante os intervalos
da contração, de acordo com a aceitação e preferência da
parturiente;
 usar a palma das mãos, começando do centro, fazendo
movimentos lentos em direção às laterais, ou para baixo em
direção às coxas, orientando-a a respirar profundamente;
 massagear, com a ponta dos dedos, outras regiões não
dolorosas, que sejam relaxantes para a parturiente, como pés,
região cervical e pelve;
 Nesses movimentos, pode-se usar um massageador.

O processo de tocar e massagear a mulher no momento do


trabalho de parto, ativa o córtex primitivo, libera ocitocina
e endorfina, ativa os mecanoreceptores atuando no portal
da dor, relaxa a musculatura tensionada e permite a troca

74
Centro Obstétrico

de calor, fortalecendo a relação de confiança entre o profissional e a


parturiente.

Estimular a respiração consciente


Deve-se orientar a parturiente a inspirar pelo nariz e expirar pela boca
durante as contrações uterinas, de maneira atenta e pausada. O profissio-
nal pode acompanhá-la, respirando da mesma forma simultaneamente.
Evitar falar durante a respiração. Olhar nos olhos da mulher, lembrá-la
de respirar sempre que ela estiver saindo do seu centro e perdendo a
confiança na sua capacidade de vivenciar o trabalho de parto.

Os objetivos são: diminuir a tensão, o medo e a sensação dolorosa; favo-


recer o vínculo com a mulher e ajudá-la a vincular-se a si e à sua experi-
ência atual. Ajudar a mulher a centralizar, voltando-se para seu interior.

O profissional pode estimular a participação do acompanhante.

Aspersão ou imersão em água morna


Utilizar os efeitos da água morna sobre o corpo durante o trabalho de
parto. Tem como objetivo proporcionar conforto à mulher em trabalho
de parto e relaxamento muscular; facilitar a dilatação, a introspecção e
estabelecer um padrão de contração efetivo, com diminuição da sensação
dolorosa (ODENT, 2002; BALASKAS, 1993).

De acordo com os recursos disponívéis, usar a água morna no chuveiro,


banheira, piscina ou hidromassagem.

As estapas do uso da água são:


Encaminhar a mulher para a água na fase ativa do trabalho de parto,
ou seja, quando as contrações forem frequentes e eficazes, já que o
efeito produzido pela água pode inibir as contrações uterinas, se a
mulher estiver na fase latente.

No chuveiro, onde não há imersão, este momento pode ser
antecipado, pois o efeito é menor e este contato com a água
acalma e possibilita uma evolução mais rápida do trabalho de
parto. Vale ressaltar que esta avaliação do momento ideal deve ser
individualizada, de acordo com as necessidades de cada parturiente
e estando atenta aos resultados.

75
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

 Dentro da água, a mulher deve sentir-se livre para assumir


várias posições, principalmente no momento das contrações e
também utilizar a bola Suiça, que associada à água aumenta sua
eficácia.

A utilização da água minimiza a sensação de medo e ansiedade,


favorecendo a produção de endorfinas e ocitocina endógena.

Aplicação de gelo para alívio da dor e redução do edema


O uso do gelo funciona diminuindo o fluxo sanguíneo local, tornando a
transmissão de impulsos dos neurônios aferentes mais lenta, levando à
diminuição das sensações (dormência). Diminui a temperatura da pele e
músculo (Enkin et al, 2005).

Usar gelo ou bolsa de gelo em áreas edemaciadas e/ou com dor local. O
objetivo é reduzir o edema de colo, períneo e vulva; minimizar a sensação
dolorosa em áreas como a região lombar. É possível usar o gelo em luva
com gelo e bolsa ou saco de gelo.

As formas do uso do gelo são:


 colocar pequenos pedaços ou cubos de gelo direto no colo
uterino, nos casos de edema;
 colocar a bolsa ou saco de gelo de forma intermitente, em
áreas nas quais a parturiente indique maior sensação dolorosa ou
com presença de edema. Sempre que possível, solicitar a ajuda do
acompanhante.

3- Auxilio na descida e rotação do feto

No trabalho de parto, o feto realiza vários movimentos durante sua pro-


gressão pelo canal pélvico. Estes movimentos permitem suas acomoda-
ção, rotação e extensão do polo cefálico, sempre que necessário para
vencer as dificuldades deste caminho. A mulher no trabalho de parto, em
sintonia com seu bebê, movimentará seu corpo de forma instintiva, para
facilitar estes mecanismos. Quando necessário, a enfermeira obstétrica

76
Centro Obstétrico

poderá estimular a movimentação pélvica, com o objetivo de facilitar os


mecanismos do feto, relaxar a musculatura pélvica e liberar as tensões
que possam estar dificultando esta progressão.

Exercício com a bola Suiça


São exercícios realizados com a mulher sentada sobre a bola, durante
o trabalho de parto. Tem como objetivo proporcionar relaxamento da
musculatura lombar e perineal através da massageam do assoalho pélvi-
co. Movimentar as articulações do quadril e região lombar. Utilizar bola
em tamanho variado; usá-la com a parturiente sentada e seus pés devem
tocar o chão e, desta forma, ajustar o tamanho da bola à usuária.

Etapas e recomendações para exercícios:


A utilização da bola deve:

 inflada firmemente para que o contato com as tuberosidades


ser
isquiáticas seja completo;
 limpa com água e sabão, e realizar desinfecção com álcool a
ser
70%, após cada uso;
 proporcional ao tamanho da mulher;
ser
 mulher deve se sentar com os membros inferiores abertos e os pés
A
totalmente apoiados no chão para lhe dar mais conforto e segurança;
 dois exercícios indicados no momento do trabalho de parto são:
Os
movimento circular da bacia, como se rebolasse em cima da bola e
movimentos para frente e para trás, mobilizando somente a bacia;
 bola também pode ser utilizada embaixo do chuveiro, realizando os
A
mesmos movimentos;

Pode ser usada embaixo do chuveiro, associada à massagem lombar
ou cervical, aliviando a sensação dolorosa. Auxilia na rotação interna
e na progressão do feto no canal do parto;
 importante associar os exercícios à respiração e massagens,

especialmente no momento das contrações.

Os exercícios diminuem a sensação dolorosa, aumentam a dinâmica ute-


rina, auxiliam na rotação e descida fetal, aumentam a cérvico-dilatação e
o aporte de oxigênio para o feto.

77
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Uso do banquinho
Utilizar o banquinho na fase final do trabalho de parto. Tem
como objetivo auxiliar a finalização da descida e rotação fetal.
Pode ser usado um banquinho comum ou um mais adequado
ao trabalho de parto, pois tem a forma de U. Este último, ao
ser utilizado, deixa livre a reagião vulvo-perineal.

A indicação para o uso se dá quando a mulher atingir os 8cm


de dilatação e o feto ainda necessitar fazer o processo de des-
cida. Este, quando em formato apropriado, pode também ser
utilizado para o momento do nascimento.

A parturiente deve sentar-se com os membros inferiores abertos, de


forma confortável -sozinha ou com apoio -, sempre acompanhada do
profissional. A banqueta deve ser forrada para uso individual e providen-
ciada sua higienização após o uso.

A mulher fica numa posição bem próxima do cócoras e na vertical,


o que aumenta a prensa abdominal e o aporte de oxigênio para o feto, As
contrações tornam-se mais eficazes, a descida e a rotação são favoreci-
das. Pode ser associada a movimentos respiratórios e a massagens, o que
minimiza a sensação dolorosa (SABATINO, 2000; BALASKAS, 1991).

Movimento de bamboleio da pelve


Estimular a parturiente a realizar movimentação ativa da pelve de forma
circular. O objetivo é favorecer a descida e rotação do feto, auxiliando o
deslocamento do bebê dentro da pelve, ativação do trabalho de parto e
liberação de endorfinas.

Incentivar a mulher a movimentar a pelve de um lado para o outro e


em movimentos circulares, como se estivesse usando um bambolê. Este
movimento circular também pode ser realizado com a usuária sentada na
bola suíça.

Balaskas (1991) afirma que, quando a mulher deixa-se guiar pelo seu
instinto, procura movimentar-se, seguindo o ritmo das contrações, mo-
vendo a pelve para frente e para trás, de um lado para o outro ou em mo-
vimentos circulares. Esses movimentos servem para facilitar o encaixe, a
descida e a rotação do feto no canal de parto. Para Odent (2000), quando

78
Centro Obstétrico

a mulher usa o córtex primitivo, esses movimentos afloram com mais


intensidade e liberam naturalmente um coquetel de hormônios, dentre os
quais ocitocina e endorfinas.

Utilização do rebozo6
Usar o xale ou lençol e envolver a pelve, mantendo-o ajustado na
região das cristas ilíacas. Realizar movimentos, sincrônicos para um
lado e para outro, movendo a pelve para direita e esquerda para posi-
cionar adequadamente o feto. Tem como objetivo corrigir a posição
da cabeça fetal quando este encontra-se em posições posteriores,
direita persistente, flexão incompleta e assinclitismo persistente.

Segue as etapas do processo: assinclitismo e flexão incompleta –


com a parturiente de pé ou em quatro apoios realizar o movimento;
rotação da cabeça fetal em occipto posterior ou direita persistente
– realizar o mesmo movimento com a parturiente em posição genu-
peitoral ou quatro apoios.

Obs:Aguardar o intervalo das contrações para realizar o movi-


mento.

Uso da posição de quatro apoios


Incentivar a mulher, em determinados momentos do trabalho de parto, a
assumir a posição de quatro apoios (manter-se apoiada em uma superfície
firme e segura com joelhos e cotovelos ou mãos, posição para engatinhar).

O objetivo desta posição é auxiliar a rotação do feto quando este encontra-


se em variedades posteriores e direitas persistentes, e também diminuir
o edema de colo. Em quatro apoios, é possível diminuir a pressão que a
cabeça fetal faz no colo e na face interna das estruturas da bacia, pois am-
plia os diâmetros da pelve, facilitando a rotação e diminue a pressão nas
víceras maternas; deixa o corpo do feto mais liberado para o movimento,
possibilitando encontrar um melhor ajuste na bacia da mãe.

A sequência do processo se inicia quando a parturiente é aconselhada a


assumir a posição de quatro apoios, ao ser identificado pelo profissional

6
Xale que faz parte do vestuário tradicional de mulheres em países da América Latina. Rebozo é um xale
usado por parteiras tradicionais e profissionais mexicanas, sendo suas indicações e método de aplicação
divulgado desde 2002, no Congresso Ecologia do Parto e Nascimento, ocorrido no Rio de Janeiro, pela
Parteira Profissional Naoli Vinaver Lopez. Disponível em: www.nacimientonatural.com.

79
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

sua indicação durante o trabalho de parto. Por muitas vezes, quando a


usuária sente-se confortável e livre, espontaneamente assume esta posição.
A equipe que acompanha deve procurar não interrompê-la, mas apoiá-la
em sua escolhas. Ela pode ficar nesta posição sobre a cama PPP e podem
ser utilizadas almofadas, travesseiros e suave encosto para apoiar a parte
superior do corpo e deixar a pelve livre sem apoio.

Decúbito lateral com pernas flexionadas


Posicionar a parturiente em decúbito lateral esquerdo, com flexão e ele-
vação da perna direita, no final do trabalho de parto. A parturiente po-
derá ficar nesta posição até o período expulsivo. O objetivo é favorecer a
descida e rotação fetal e aliviar a sensação dolorosa (BALASKAS, 1991).

Esse exerício, além de favorecer a rotação e descida fetal, aumenta o


espaço da pelve pela compressão da crista ilíaca, diminuindo o risco de
lacerações perineais provocadas por seu alongamento no momento do
período expulsivo.

As etapas para realização do exercício são: a parturiente é estimulada


a se posicionar em decúbito lateral esquerdo e, durante a contração, a
perna direita deve ser flexionada e elevada, mantendo a perna esquerda
apoiada no leito. Este movimento tem que ter o auxílio do profissional
que está acompanhando a mulher ou do próprio acompanhante, quando
devidamente orientado.

4- Amnioscopia
A amnioscopia é um método endoscópico, proposto por Saling, a partir
de 1961, que permite o exame visual do líquido amniótico através do am-
nioscópio. É um exame proposto para contribuir com a avaliação do risco
fetal e perinatal. Inicialmente, por vários anos, usava-se um amnioscópio
de metal vazado, tendo em seu interior uma fonte de luz indireta. Este
procedimento foi alvo de críticas e sofreu várias modificações. O modelo
atual é de acrílico, provido de fonte de iluminação e lente especialmente
projetada para visualização de grumos e escala de cores para comparação
e diagnóstico das condições do líquido amniótico ( LARA & cols, 2003).

Com o intuito de diminuir o desconforto para a parturiente e a ser utili-


zado nas fases iniciais da dilatação cervical, foi idealizado o amnioscópio

80
Centro Obstétrico

óptico em 2004, que é caracterizado por possuir o menor diâmetro de


ponta (10mm) dentre todos os existentes no mercado. O amnioscópio
óptico possui um tubo de acrílico, uma fonte de luz própria e um sistema
de captura de imagem, e devido ao seu menor diâmetro e menor custo é
uma inovação para a obstetrícia.

É necessário a mesa ginecológica ou a cama PPP, pois a gestante será co-


locada em posição ginecológica, além de escada com três degraus, banco
giratório, luvas descartáveis e o amnioscópio óptico. O procedimento
que se segue é: introduzir por via vaginal o aminioscópio óptico dentro
da cérvice uterina, que deve estar com dilatação de pelo menos 1,5cm,
para observar as características do líquido amniótico, mantendo a integri-
dade das membranas.

A coloração do líquido aminiótico oferece uma valiosa informação sobre


a saúde do feto. O líquido de cor clara com presença de grumos sugere
maturidade e bem-estar fetal. A coloração esverdeada e/ou sanguinolen-
ta sinaliza sofrimento fetal. Nestes casos, a comunicação e/ou encami-
nhamento à assistência médica torna-se indispensável.

5- Amniotomia
Amniotomia é a ruptura artificial das membranas ovulares, composta por
duas camadas: âmnio (interna) e cório (externa). Poderá ser realizada no
final do trabalho de parto quando a curva de dilatação e/ou descida do
polo cefálico permanece estacionada e alcança a curva de ação do par-
tograma. O material necessário é o amniótomo, uma comadre e luva de
procedimento. São as etapas do procedimento:


Deitada em posição ginecológica, introduzir o amniótomo entre os
dedos, no canal vaginal, até o contato com as membranas, onde será
feito um orifício. Aguardar o escoamento do líquido amniótico antes
de encerrar o toque e avaliar sua característica. Deve-se evitar romper
as membranas no ápice da contração e, ao concluir o exame, certificar-
se da posição do polo cefálico; a ausência de cordão umbilical entre a
cabeça fetal e a parede vaginal e avaliar os batimentos cardíacos fetais.

Em condições normais, as membranas conservam-se íntegras até
a dilatação completa em 75% dos casos, e sua ruptura artificial
(amniotomia) deve ter indicação precisa, pois está associada a uma
série de riscos, tanto maternos como fetais (CLAP, 1996; OMS,1996).

81
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

6- Uso de ocitocina

Hormônio sintético que aumenta a frequência e a intensidade


das contrações uterinas. É utilizado para indução do trabalho de
parto com índice de Bishop favorável na amniorrexe precoce em
gestação a termo; corrigir a dinâmica uterina no trabalho de parto
evidenciado pelo partograma; ajudar na dequitação; promover a
contração uterina em caso de hipotonia no pós-parto. Neste caso,
a ocitocina apresenta-se em ampolas com 5UI, e são necessários os
seguintes materiais: equipo de soro, cateter intravenoso de nº 18 ou
20, esparadrapo, algodão, luvas de procedimentos, garrote, gel inerte. Além
dos equipamentos: suporte de soro, bandeja de inox, sonar Doppler.

Quando a ocitocina é usada para induzir ou acelerar o trabalho de parto,


a via preferencial é a venosa, pelo melhor controle que esta via permite.
São adicionados 5UI de ocitocina em 500 ml de solução intravenosa.
A dose a ser administrada pode ser controlada através do gotejamento
desta solução, devendo ser iniciado bem lentamente, com 4 gotas/min
para testar a sensibilidade da paciente, dobrando o gotejamento a cada 30
minutos até que as contrações uterinas se tornem regulares.

Quando a ocitocina é indicada para o pós-parto, a via poderá ser intra-


muscular (IM) ou endovenosa (EV). A ocitocina IM deve ser utilizada
após o nascimento, com o objetivo de auxiliar a dequitação e manutenção
do globo de segurança, na dose de 10UI. No caso de acretismo placen-
tário ou hemorragia pós-parto, há indicação do uso EV, 10UI diluído em
500ml de SG a 5%.

Estes procedimentos estão fundamentados nos manuais e informes téc-


nicos do Ministério da Saúde, e visam à redução dos agravos.

PROCEDIMENTOS E CUIDADOS DURANTE


O SEGUNDO ESTÁGIO DO PARTO (PARTO/
NASCIMENTO)

O momento do nascimento é ímpar para cada mulher e família. O pro-


fissional que a assiste deve estar atento às suas necessidades individuais,
valorizando sua cultura, suas escolhas e a fisiologia do nascimento. O
objetivo da assistência ao parto normal é “ter uma mãe e uma criança

82
Centro Obstétrico

saudáveis, com o menor nível de intervenção compatível com a seguran-


ça” (OMS, 1996).

Optamos por descrever os cuidados em dois eixos: as posições e local


do nascimento e manejo das intervenções no períneo. Em muitos mo-
mentos, trata-se de uma atitude de observação do comportamento da
parturiente e respeito às suas escollhas e, em outros, auxiliá-la a buscar
posições facilitadoras quando se está diante de uma cena de esforço da
mulher durante um determinado tempo para alcançar o objetivo: o nasci-
mento do seu bebê, que, para os profissionais, é descrito como expulsão
do feto. A delicadeza e intensidade emocional e da fisiologia endócrina
deste estágio do parto leva a reforçar a importância do ambiente com
baixos estímulos traduzidos por pouca intervenção verbal, luminosidade,
cheiros ativos, e a tempertura do ambiente agradável para a mãe, levan-
do em conta que, para o nascimento do bebê, a temperatura deve ser
próxima à temperatura do corpo materno.

A posição assumida no nascimento é essencial para determinar a duração


e a eficácia deste momento. A OMS (1996) recomenda que a mulher
tenha a livre escolha de posição e cabe à enfermeira mostrar as várias
possibilidades e estimular que a mãe perceba suas necessidades.

1- Posições verticalizadas
Posição vertical

A mulher se posiciona com as costas elevadas em ângulo de 45 a 90°,


com a pelve apoiada ou suspensa, sustentando o corpo com os pés apoia-
dos em peseiras ou direto na superfície (em pé, de joelhos, sentada, de
cócoras).

Aqui, serão descritas três posições possíveis: vertical, semivertical e de


cócoras. Na posição vertical, a mulher se coloca com as costas elevadas
em ângulo de 90°, apoiada sobre os ísquios, com a região sacrococcígea
suspensa e os pés apoiados nas peseiras ou sobre a cama de parto. Na
posição semivertical, a mulher se posiciona com as costas elevadas em
ângulo de 45°, com a região sacrococcígea apoiada sobre a cama, com os
pés apoiados nas peseiras ou na cama de parto. De cócoras, a mulher se
posiciona agachada, apoiada sobre os pés, podendo ser sustentada pelo

83
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

acompanhante ou alguém da equipe, estar sentada em banquinho meia


lua, escada de dois degraus ou banco de até 45cm de altura.

Estas posições possibilitam: a realização de massagens nas costas; me-


lhoram a oxigenação do feto; favorecem a ação da gravidade na descida
do feto; encurtam o ângulo de descida; ampliam os diâmetros da pelve
em 25%, e, com a pelve suspensa, permite liberar o sacro e cóccix; ne-
cessitam de menos esforços expulsivos; facilitam a rotação e a descida;
auxiliam o tronco a empurrar o fundo uterino (vantagem mecânica) (SA-
BATINO et al, 2000; BALASKAS, 1991; LOWDERMILK et al, 2002).
A posição de cócoras irá auxiliar quando houver metrossístoles esparsas,
descida lenta do polo cefálico, acavalgamento das suturas e presença de
bossa (SABATINO et al, 2000; BALASKAS, 1991).

O desejo pela posição verticalizada deve ser respeitado pelo profissional


que a acompanha, e estimulado quando identificada que a posição auxi-
liará o nascimento do bebê.

Deve-se oferecer à mulher o posicionamento verticalizado, informando


seus benefícios no momento adequado, caso ela não tenha feito a escolha
por ele. As etapas do posicionamento são descritas como:


Auxiliá-la no posicionamento na fase de iminência da expulsão;

Possibilitar que a mulher levante e solte os quadris após as contrações
uterinas;
 Realizar a proteção perineal;
 Controlar a saída lenta do polo cefálico.

Utilizar os recursos disponíveis na unidade como: a mesa PPP,


cama de parto, banquinho de parto (formato meia lua), colcho-
nete, escada com três degraus, cadeira, travesseiros, almofadões
e suave encosto.

Posição ginecológica modificada

A mulher se posiciona deitada, com os membros inferiores totalmen-


te fletidos para cima do abdômen, ampliando os diâmetros do estreito
inferior. Deve-se oferecer à mulher a posição ginecológica modificada,
informando seus benefícios no momento adequado, caso ela não tenha

84
Centro Obstétrico

feito a escolha por ele. Este posicionamento está indicado quando: o feto
estiver nas posições posteriores; na descida lenta da apresentação; no
acavalgamento das suturas; na presença de bossa; na distócia de ombro.
Seguem as etapas da posição:


Auxiliá-la no momento da contração, ajudando a fletir os membro
inferiores no final do período expulsivo;

Oferecer travesseiros, almofadões, suave encosto ou a bola suíça para
apoio;

Realizar a proteção perineal;

Controlar a saída lenta do polo cefálico;

Fazer pressão suprapúbica em caso de distócia de ombro e auxiliar na
rotação externa do polo cefálico.

Posição de pé
A mulher se posiciona de pé, com os joelhos levemente fletidos,
apoiada pelas costas por um acompanhante ou membro da equipe.

Esta posição permite usufruir da ação da gravidade durante e entre


as contrações; favorece as contrações menos dolorosas e mais eixo;
propicia o alinhamento do feto com o eixo da pelve; pode aumentar
a sensação de puxo no 2º estágio. Na posição de pé, o peso da
mulher repousa sobre as duas cabeças do fêmur, permitindo que a
pressão no acetábulo provoque aumento de 1cm do diâmetro trans-
verso da saída da pelve (LOWDERMILK et al, 2002).

Este posicionamento está indicado quando houver metrossístoles espar-


sas, descida lenta do polo cefálico, acavalgamento das suturas e presença
de bossa. O desejo pela posição de pé deve ser respeitado pelo profissio-
nal que a acompanha e estimulado quando forem identificadas alterações
no padrão fisiológico do parto.

2- Posições horizontalizadas
A mulher se posiciona horizontalmente, podendo manter-se lateraliza-
da, em quatro apoios ou ginecológica modificada. A posição supina é
contraindicada, pois comprime a veia cava inferior, reduzindo o fluxo
sanaguíneo úteroplacentário, podendo levar à hipóxia fetal.

85
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Estas posições ajudam a reduzir a pressão nos grandes vasos, possibili-


tam maior aporte sanguíneo e de oxigênio para o feto, favorecem a pro-
gressão do feto sem trauma, são úteis para reduzir um 2º estágio muito
acelerado, oferecem descanso para a parturiente, permitem o movimento
do sacro no 2º estágio, aliviam as dores nas costas, auxiliam a rotação in-
terna do polo cefálico, permitem balançar a pelve e realizar movimentos
corporais, aliviam a pressão nas hemorróidas, facilitam o nascimento dos
ombros, diminuem a pressão do polo cefálico sobre o colo (LOWDER-
MILK et al, 2002; BALASKAS, 1991).

O material a ser utilizado como apoio poderá ser: a cama PPP, pufe, cama
de parto, travesseiros, almofadões, suave encosto.

Posição lateralizada

A mulher se posiciona em decúbito lateral, com os membros inferiores


fletidos até liberar todo o períneo, durante a contração uterina. Este po-
sicionamento está indicado quando houver metrossístoles frequentes e
favorece uma descida do polo cefálico de forma fisiológica. São etapas
do processo:


Oferecer à mulher posicionamento lateralizado, informando seus
benefícios no momento adequado, caso ela não tenha feito a escolha
por ele;

Auxiliá-la no posicionamento lateralizado durante o trabalho de parto
e no final do período expulsivo;

Ajudar na flexão do membro inferior que está por cima, apoiando
com as mãos ou estimulando que a própria mulher segure na região
poplítea, puxando o membro em direção ao tronco, abduzindo-o
durante as contrações e, após, deixando-o em repouso;

Realizar a proteção perineal no período expulsivo;

Controlar a saída lenta do polo cefálico.

Posição de quatro apoios

A mulher se posiciona com os quatro membros apoiados sobre a cama,


no cavalinho ou no colchonete. Deve-se oferecer à mulher posicionamen-
to de quatro apoios, informando seus benefícios no momento adequado,
caso ela não tenha feito a escolha por ele. Este posicionamento está in-

86
Centro Obstétrico

dicado quando o feto estiver numa posição posterior, e na presença de


edema de colo (BALASKAS, 1991). Seguem as etapas dessa modalidade:


Auxiliá-la no posicionamento no final do período expulsivo;

Oferecer travesseiros, almofadões, suave encosto ou a bola suiça para
apoio;

Realizar a proteção perineal;

Controlar a saída lenta do polo cefálico.

3- Parto na água

É o nascimento com a mulher posicionada em imersão na água, dentro


da banheira ou piscina, de forma confortável. Tem como objetivos redu-
zir a sensação dolorosa e de peso; auxiliar a movimentação corporal; pro-
mover ritmo eficaz à contração; estimular melhor produção de ocitocina
e endorfina endógena. (ODENT, 2002a ; BALASKAS, 1991; ERNING,
2000). O material usado é: banheira ou piscina de parto, boia para apoio
da cabeça da mulher, redinha para retirada de fezes, água quente, roupão
ou toalha de banho. São as etapas do processo com a mulher imersa em
água na banheira ou piscina de parto:


Realizar a proteção perineal;

Controlar a saída lenta do polo cefálico;

Colocar o recém-nascido em contato materno;

Promover aquecimento e avaliação;
 Após o clapeamento e secção do cordão umbilical, esvazia-se a
banheira ou transfere-se a mãe para cama, onde ocorrerá a dequitação.

O desejo pelo parto na água deve ser respeitado pelo profissional que
a acompanha e estimulado quando a imersão na água favorecer a
correção no padrão fisiológico do parto.

4- Proteção perineal
Proteção da região perineal no momento do despreendimento fetal.
O objetivo é evitar lacerações perineais. Utilizar o óleo vegetal na
fúrcula e canal vaginal massageando a região durante o período em

87
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

que o polo cefálico alonga este local. No momento do despreendimento


do polo, sustentar com uma das mãos a região perineal com compressa
ou gaze. O uso do óleo vegetal e da proteção perineal evitam lacerações,
principalmente quando associado a outras condições como por exemplo:
o não estimulo externo de puxos voluntários. O material utilizado são
compressas ou gaze estéril e óleo vegetal.

5- Episiotomia
O termo episiotomia, etimologicamente significa “corte do púbis” (epi-
seion = púbis e temno = corte). Dados históricos remontam a 1742, quan-
do a episiotomia foi utilizada, pela primeira vez, pela parteira irlandesa Sir
Fielding Ould, com o propósito de ajudar no desprendimento fetal em
partos difíceis e também como método para prevenção de lesões severas
de períneo. A prática da episiotomia disseminou-se e teve seu auge com
as publicações de Pomeroy, em 1918, e Delee, em 1920. Com o tempo,
essa intervenção cirúrgica, que tinha uso seletivo e terapêutico, passa a
ser uma intervenção profilática, indicada especialmente para primíparas
(WEI, 2007).

Os efeitos benéficos sugeridos da episiotomia são: - Para a mãe: Redução


da probabilidade de lacerações graves; preservação do assoalho pélvico
e do músculo perineal, levando à melhora da função sexual e redução do
risco de incontinência fecal e/ou urinária; redução do risco de distócia
de ombro; reparo mais fácil e melhor da cicatrização de uma incisão
limpa e reta do que de uma laceração; - Para o feto: redução da asfixia; do
traumatismo craniano e do retardo mental (ENKIN et al, 2000).

Os efeitos adversos Sugeridos da episiotomia: - Secção ou extensão da sec-


ção para o esfíncter anal ou reto; resultados anatômicos insatisfatórios,
como fibromas moles, assimetria ou estreitamento excessivo do intróito;
prolapso vaginal; fístulas retovaginais ou anais; aumento da perda sanguí-
nea e hematoma; dor e edema; infecção e deiscência e disfunção sexual
(ENKIN et al, 2000).

Os estudos controlados demonstram que não há dados científicos que


apoiem o uso liberal ou rotineiro da episiotomia, muito ao contrário: há
evidências claras de que o seu uso de forma liberal causará danos.
Concebe-se a possibilidade ocasional de uma indicação válida e criteriosa

88
Centro Obstétrico

para a realização da episiotomia num parto normal, porém as evidências


apontam para a sua prática de forma seletiva - com uma taxa de incidên-
cia em torno de 10% - e que taxas de incidência de episiotomia acima de
30% são injustificáveis perante a ciência (OMS, 1996; MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2001; ENKIN et al, 2000).

A episiotomia é uma incisão na região perineal, que atinge pele, muco-


sa vaginal e as camadas superficiais e profundas do períneo. Os sinais
de sofrimento fetal, progressão insuficiente do parto, e distensibilidade
insuficiente do assoalho pélvico com alteração de BCF podem ser bons
motivos para realizar episiotomia (OMS,1996). O material utilizado é a
lâmina de bisturi, tesoura, seringa e agulha descartáveis, anestésico (lido-
caína) e gaze estéril.

O procedimento é descrito a seguir:


Após avaliação criteriosa da região perineal e de acordo com indicação
precisa, deve-se aguardar o momento ideal, normalmente quando a apre-
sentação força e entreabre a fenda vulvar, sem distendê-la demasiada-
mente. Com os dedos da mão esquerda, afastar as estruturas musculares
da região perineal e realizar a anestesia local. Posteriormente, proceder
à episiotomia com bisturi ou tesoura. Esta pode ser médio lateral ou
mediana, as medianas são suturadas com mais facilidade e têm melhor
cicatrização, entretanto as médio laterais são melhores na proteção do
esfincter anal e reto. Assim, a médio lateral direita é a mais utilizada.

6- Episiorrafia
Trata-se da sutura das estruturas perineais, rompidas na episiotomia. Tem
como objetivo reparar a região perineal para que ela retorne à sua forma
anatômica inicial.

São materiais utilizados: fio de sutura absorvível, com agulhas de tama-


nhos diferentes, normalmente 3 e 4cm, pinça anatômica e porta-agulha.

O procedimento é descrito a seguir.

Realizar novamente anestesia do local, ser for necessário, e proceder à sutura


contínua da mucosa vaginal, pontos separados para aproximação do plano
muscular e, finalmente a sutura da pele do períneo com pontos simples.

89
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Pequenas lacerações de mucosa da fúrcula vaginal ou parauretral podem ser


suturadas com catgut simples 2.0 com agulha de 3cm em pontos separados
e realizada anestesia com agulha de insulina para minimizar a dor local.

PROCEDIMENTOS E CUIDADOS MATERNOS


NO TERCEIRO ESTÁGIO DO PARTO
Na 3ª fase do processo de parturição ocorre a separação e a expulsão da
placenta. Este estágio constitui-se em período de grande risco materno e
exige do profissional manter a vigilância dos sinais clínicos, em função da
possível ocorrência de hemorragias no pós-parto, uma das grandes causas
de mortalidade materna, especialmente em países em desenvolvimento.

A incidência de casos de hemorragia pós-parto e de retenção placentária


ou de restos placentários aumenta na presença de fatores predisponentes.
Mesmo em gestações de baixo risco e partos normais durante o 1º e
2º estágios coexiste a possibilidade de ocorrer hemorragia severa e/ou
retenção placentária. Assim, a forma como se assiste durante o 3º estágio
poderá influenciar diretamente sobre a incidência dos casos de hemorra-
gia e na perda sanguínea decorrida desse evento.

Ao alcançar o 3º estágio do trabalho de parto, a atenção prestada deve


basear-se em minimizar ou eliminar os efeitos adversos graves e interferir
minimamente nos processos fisiológicos e no relacionamento mãe-bebê.

O manejo do 3º estágio envolve duas escolhas (ENKIN et al, 2000):



Conduta expectante: envolve a espera vigilante que prima pela
dequitação fisiológica, praticando o clampeamento tardio do cordão
umbilical7 e intervindo somente no tratamento das complicações,
caso ocorram;

Conduta ativa ou manejo ativo do 3º estágio: baseia-se na prática
rotineira de ações que visam prevenir as complicações hemorrágicas
do 3º estágio, empregando-se: uso profilático e rotineiro de ocitócitos;
clampeamento, secção precoce e tração controlada do cordão
umbilical7 para desprendimento da placenta associada a pressão no
fundo de útero.
7
Estudos e pesquisas recentes sustentam e apoiam o clampeamento tardio do cordão umbilical, ou seja, a
secção do cordão somente após a cessação da sua pulsação (ocorre geralmente entre 3 ou 4 minutos após o
nascimento), evidenciando que este ato previne a ocorrência de anemia ferropriva na infância (OMS, 1996).
Tais estudos caracterizam o clampeamento tardio como “uma alternativa adicional de intervenção sustentá-
vel de baixo custo e estratégia segura para integrar programa que visem à redução da deficiência de ferro e
anemia em crianças, especialmente nos países em desenvolvimento.” (Venâncio SI et al, 2008, p. s330).

90
Centro Obstétrico

No manejo da atenção durante o 3º estágio do parto, seja qual for a


escolha assumida para a atenção prestada, é indispensável a revisão da
integridade da placenta, dos anexos e do canal do parto.

Este trabalho trata da assistência de enfermagem obstétrica que é pres-


trada a partos de baixo risco, em concordância com as orientações da
OMS (1996) e Ministério da Saúde (2001), de que é preciso ter uma
razão válida para se interferir num processo natural, como o parto. As-
sim, o grupo técnico de elaboração destas diretrizes concorda que há
uma clara tendência da enfermagem obstétrica em optar pela conduta
expectante no terceiro estágio do parto. Observamos também que ainda
não há um consenso clínico nas Unidades da SMSDC. Algumas optam
pelo manejo ativo; em outras, esta opção fica a cargo do profissional que
atende a cada parto.

PROCEDIMENTOS E CUIDADOS COM O


RECÉM-NASCIDO

Facultar aos recém-nascidos condições que os auxiliem em sua


adaptação extrauterina e intervir8 imediatamente nos casos em
que apresenten condições patológicas que coloquem em risco suas
vidas.

Imediatamente após o nascimento, deve-se verificar o estado do


recém-nascido que, em sua maioria, não precisam de intervenções.
Na assistência ao recém-nascido normal, nada mais há que ser
feito além de secá-lo imediatamente com compressas, toalhas ou
campos aquecidos e promover o contato íntimo e precoce com
sua mãe, imediatamente, colocando-o sobre o seu abdômen ou
em seus braços e promovendo o aleitamento materno precoce
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).

Nos partos e nascimentos normais, enquanto se coloca o recém-nasci-


do sobre o abdômen ou nos braços da sua mãe, mantendo-o aquecido,
avalia-se seu estado geral e verifica-se a permeabilidade das vias aéreas,


8
Nas unidades obstétricas da SMSDC/RJ, a atenção imediata ao recém-nascido em geral é realizada
por profissionais capacitados como pediatras e enfermeiros. Na Casa de Parto da SMDC/RJ, todo o
atendimento, em qualquer etapa, é realizado por enfermeira obstétrica, de acordo com a portaria regu-
lamentadora do MS 985/99.

91
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

se necessário (aplicando-se a avaliação Apgar no 1º e 5º minutos de


vida)9. Esses cuidados são classificados como imediatos ao nascimen-
to, a saber:


colocar o recém-nascido sobre o abdômen ou os braços da sua mãe;
 verificar a permeabilidade das vias aéreas;
 mantê-lo aquecido;

clampear e seccionar o cordão umbilical o mais tardiamente (a partir
do 1º minuto de vida).

A seguir, serão descritos os principais cuidados e ou procedimentos com


o recém-nascido sem complicações, que se aplicam aos recebidos de par-
to normal ou cesariana.

1- Cuidados imediatos com o recém-nascido normal


Os cuidados imediatos ao nascimento tem como objetivos promover
condições indispensáveis para a manutenção do ambiente e recepção
adequada do recém-nascido, como regular a temperatura corporal, pro-
mover o vínculo mãe-bebê e estimular precocemente o aleitamento ma-
terno. De acodo com o ambiente do parto, usar como recurso campos
flanelados, compressas aquecidas ou em berço aquecido ou unidade de
calor radiante. Sempre é bom lembrar que o melhor lugar para aquecê-lo
é o colo de sua mãe.

São etapas do processo de recebimento do recém-nascido:


Mantenha o ambiente do nascimento aquecido, pois a maior parte
da perda de calor do recém-nascido ocorre nos primeiros minutos
de vida. Ao deixar o calor do útero, o recém-nascido molhado perde
calor imediatamente, conforme se ajusta a um ambiente bem mais
frio. A perda de calor pode levar à hipotermia e risco de morte. Eles
perdem calor rapidamente se estiverem molhados, não cobertos,
expostos à corrente de ar ou se forem colocados em superfície fria
ou próxima a ela.

9
Escala de Apgar: Elaborada pela doutora Virginia Apgar em 1953, é utilizada mundialmente e avalia a
vitalidade e o grau de asfixia do recém-nascido. Deverá ser feita no 1º e no 5º minutos de vida, devendo
ser repetida no 10º minuto, caso a nota permaneça baixa (< que 7). O sinal mais importante é o bati-
mento cardíaco. O sinal de menor relevância é a cor da pele, porque o recém-nascido sofre influência da
temperatura do ambiente; mesmo bebês vigorosos podem apresentar acrocianose devido à hipotermia.

92
Centro Obstétrico


Imediatamente após o nascimento, seque o bebê com um campo
aquecido, coloque-o sobre o ventre materno em contato pele-a-pele.
Proteja seu polo cefálico com uma touca e mantenha-o sob outro
campo aquecido. Tal atitude estimula o afeto entre mãe e bebê,
possibilitando o contato olho a olho entre ambos. Logo que nascem,
os bebês serão colonizados por microorganismos e será muito melhor
que o sejam através da flora cutânea da mãe do que por bactérias
provenientes dos profissionais de saúde ou do hospital.
 avaliação da vitalidade do bebê (aplicação do índice de Apgar) pode
A
ser feita sem separar o bebê da mãe.

Identificar o recém-nascido com pulseira e/ou tornozeleira, constando
nome da mãe, data, hora do nascimento e sexo, caso não sejam
diferenciadas por cor (rosa para as meninas e azul para os meninos).
A pulseira é dupla, com número de série igual (a menor para o bebê e
a maior para a sua mãe, com os mesmos dados).
 demais procedimentos técnicos de rotina, como a aferição dos
Os
dados antropométricos, a credeização, a profilaxia da oftalmia
gonocóccica, a aplicação da vitamina K e a vacinação contra hepatite
B não devem ser realizados antes do contato físico entre o recém-
nascido e sua mãe, preferencialmente após a primeira hora de vida.

2- Estimular a amamentação precoce

Tem como objetivo estabelecer o vínculo mãe-bebê, aquecer o recém-nas-


cido, não interromper o ciclo que leva ao bem-estar e ao aleitamento pleno.

Etapas a serem seguidas quando o recém-nascido se mantém em boas


condições de vitaldade:


Ajudar à mãe a começar a amamentar, preferencialmente dentro da
primeira meia hora após o nascimento10.

Estimular o recém-nascido a explorar o peito da sua mãe, lambendo,
cheirando e sugando na 1ª hora após o nascimento forma vínculo,
facilita o processo do aleitamento materno e provoca liberação do
hormônio ocitocina, que irá atuar tanto na ejeção do leite quanto na
contração uterina, diminuindo a perda sanguínea no 3º e 4º períodos
pós-parto.

Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), premiação do Ministério da Saúde a serviços que esti-
10

mulam o aleitamento materno precoce e cumprem os 10 passos necessários para tal, conquistada pela
maioria das unidades da SMSDC-RJ.

93
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA


Certificar-se de que o bebê está bem posicionado e preparado para
mamar. Oferecer um ambiente favorável respeitando o tempo de cada
mãe e bebê para um primeiro encontro, pleno que proporciona energia,
nutrientes e anticorpos para a proteção no contato com o novo ambiente.

3- Credeização do recém-nascido
Instilação de colírio com o objetivo de prevenir a oftalmia gonocócica
em recém-nascidos. São utilizados colírio de nitrato de prata a 1% ou
pomada de tetraciclina a 1% para olhos. Deve-se aguardar uma ou duas
horas após o nascimento para permitir o contato visual entre mãe e bebê.
Atenção: o medicamento arde e o recém-nascido não consegue abrir os olhos, o que
impedirá que seja aproveitado o período de alerta após o parto para interagir com sua
mãe, caso a credeização seja feita antes deste contato.

As etapas do procedimento são:


lavar as mãos;

conferir medicação de acordo com a técnica de preparo e administração
de medicamento;

colocar o recém-nascido em berço aquecido ou unidade de calor
radiante;

instilar duas gotas de nitrato de prata a 1% no saco conjuntival do
recém-nascido (na pálpebra inferior). Atenção: se instilado diretamente
sobre a córnea poderá causar traumatismo ou lesão;

não permitir que a embalagem do colírio ou pomada toque no olho
do recém-nascido;

manipular cuidadosamente as pálpebras para espalhar a gota;

retirar o excesso de nitrato de prata a 1% das pálpebras e da pele ao
redor dos olhos com gaze embebida em água esterilizada ou boricada.
Atenção: sempre retirar o excesso da solução para não formar uma mancha
marrom ou preta na pele ao redor dos olhos; nunca utilizar soro fisiológico, pois
precipita os sais de prata, provocando queimadura na pele;
 enxáguar o medicamento dos olhos do recém-nascido. Motivo: deve-
não
se deixar o nitrato de prata a 1% agir logo após a instilação para que seja eficaz.

confortar o recém-nascido;

registrar no seu prontuário.

94
Centro Obstétrico

OBSERVAÇÃO:
- Para armazenar os frascos do nitrato de prata a 1%, use um vidro de cor
escura (âmbar), com tampas bem ajustadas, conservando ao abrigo da
Iuz e do calor. Motivo: a medicação é fotossensível; atente para o prazo de validade
indicado; habitualmente, o farmacêutico da instituição fornece doses fracionadas, pois
evita que a solução sobrenadante perca a sua ação terapêutica. No final do frasco, o
produto terá maior concentração de ni­trato de prata devido aos sais precipitados, podendo
causar conjuntivite química no recém-nascido.

4 - Administração da vitamina K
A aplicação intramuscular de vitamina K tem como objetivo prevenir a
doença hemorrágica do recém-nascido.

A função da vitamina K é a de catalisar a síntese de protrombina no


fígado, necessária para a coagulação sanguínea. A administração de vi-
tamina K ajuda na prevenção da doença hemorrágica do recém-nascido,
causada por uma deficiência dos fatores de coagulação (dependentes da
vitamina K) que se instala geralmente entre o primeiro e o quinto dia de
vida. Normalmente, a vitamina K é sintetizada pela flora intestinal do
recém-nascido, porém seu intestino é estéril ao nascimento, e somente
será colonizado após a amamentação. O leite materno contém níveis
baixos de vitamina K e o suprimento é inadequado nos primeiros três
ou quatro dias após o nascimento. Nessa fase, há também imaturidade
hepática, com pouca produção de fatores sanguíneos.

Os materiais e medicamento utilizados são: frasco-ampola de vitamina


K, seringas descartáveis de 1ml, agulhas descartáveis de nº 13 x 4,5, al-
godão hidrófilo, álcool a 70%, caixa protetora para o frasco-ampola de
vitamina K.

As etapas do procedimento são descritas a seguir:


lavar as mãos;

conferir medicação de acordo com a técnica preparo e administração
de medicamento;

aspirar 0,1ml (1mg para os recém-nascidos a termo) em seringa de
1ml com agulha descartável nº 13 x 4,5;

utilizar técnicas para diminuição de estresse e dor;

95
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA


realizar antissepsia do músculo vastolateral esquerdo com algodão
embebido em álcool a 70% e administrar via intramuscular. Motivo:
ausência de outra massa muscular bem desenvolvida. A aplicação em outros
locais poderá ocasionar ne­crose, por não haver tecido suficiente para
absorver o medicamento;

padronizar a coxa esquerda para a administração da vitamina K.
Motivo: para posterior controle em caso de intercorrências, uma vez que há outra
injeção intramuscular;

realizar pequena pressão com o algodão após retirar a agulha;

confortar o recém-nato;

registrar em seu prontuário.

OBSERVAÇÃO:
- Cuidados de conservação: a vitamina K deve ficar ao abrigo da luz e
calor. Conservar as ampolas na caixa até o momento do uso. Depois de
aberta, poderá ser utilizada em até 12 horas, se em condições de conser-
vação adequadas. Por ser uma medicação fotossensível, ocorre oxidação
após 12 horas.

5- Administração da vacina contra a Hepatite B


Essa aplicação faz parte do calendário vacinal mínimo obrigatório e ini-
cia o esquema de imunização do indivíduo contra a Hepatite B. Tem
como objetivo proteger o recém-nascido contra o vírus da Hepatite B.
O medicamento e material utilizado são: vacina de Hepatite B, seringas
descartáveis de 1 ou 3ml, agulhas descartáveis de nº 20 x 5,5, algodão
hidrófilo, isopor com gelo, geladeira para acondicionar as vacinas. As
etapas do procedimento estão descritas a seguir:


lavar as mãos;

conferir medicação de acordo com a técnica preparo e administração
de medicamento;

aplicar no mús­culo vastolateral da coxa direita (padronizar esse lado:
para posterior controle em caso de intercorrências, uma vez que há outra injeção
intramuscular);

aspirar 0.5ml em seringa de 1ml ou 3ml com agulha descartável de nº
20 x 5,5;

utilizar técnicas para diminuição de estresse e dor para o recém-nascido;

96
Centro Obstétrico


realizar limpeza na região vastolateral da coxa direita com algodão;

administrar pela via intramuscular;

realizar pequena pressão no local com o algodão, ao retirar a agulha;

confortar o recém-nascido;

registrar no cartão da criança, agendando a lápis a segunda dose a ser
administrada no posto de saúde.

OBSERVAÇÃO:
Manter a vacina em isopor com gelo com temperatura mantida entre 2º
e 8°C.

6- Aferição das medidas antropométricas do


recém - nascido 11

Aferir as medidas do recém-nascido com o objetivo de identificar o


peso, estatura e os perímetros cefálico e toráxico ao nascer. Fornecer
um parâmetro inicial para posterior acompanhamento do crescimento
e desenvolvimento. Identificar quaisquer alterações no que diz respeito
aos perímetros. Deve ser realizado ao nascimento e por ocasião da alta.

OBSERVAÇÃO: No caso do perímetro cefálico, orienta-se sua verifi-


cação a cada 5 dias em caso de permanência hospitalar. Nos RNs com
suspeita ou diagnóstico de hidrocefalia, a realização desse procedimento
deve ser diária.

Os materiais necessários são: balança digital infantil, toalhas de papel, fita


métrica e régua antopométrica. Seguem as etapas de cada mensuração:

Pesagem do recém-nascido: lavar as mãos; fazer desinfecção da balança


com álcool a 70%; cobrir a balança com papel descartável para proteger o
bebê de infecções e do frio; tarar a balança; proceder a pesagem do bebê
e anotar.

Medida da estatura do recém-nascido: estender a fita métrica no sen-


tido longitudinal sobre o RN em decúbito lateral, desde o alto da cabeça
até o calcanhar, tendo o cuidado de segurar os joelhos para obter uma

Texto extraído do MANUAL DE NORMAS E PROCEDIMENTOS DE ENFERMAGEM EM


11

NEONATOLOGIA da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, 2008. Adaptado ao estilo de


descrição escolhido para o conjunto de diretrizes clínicas sem alterar seu conteúdo.

97
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

medida mais exata ou colocar o RN em decúbito dorsal com a cabeça


rente à base fixa da régua e os pés perpendiculares ao plano da mesa;
proceder à leitura e anotar; vestir o RN.

OBSERVAÇÃO: Após o procedimento da mensuração, seja geral ou iso-


ladamente, fazer a desinfecção da fita métrica com álcool a 70% e lavar
as mãos; em hipótese alguma coloque o RN seguro pelos pés de cabeça
para baixo para medir a estatura.

Medida do perímetro cefálico: Lavar as mãos, colocar o RN em decúbito


dorsal em superfície lisa, colocar a fita métrica ao redor da cabeça do RN
passando pela região frontal e occipital tangenciando as sobrancelhas,
proceder à leitura e anotar.

Medida do perímetro toráxico: colocar a fita métrica ao redor do tórax na


altura dos mamilos, proceder à leitura e anotar.

Medida do perímetro abdominal: colocar a fita métrica ao redor do abdô-


men, passando sobre cicatriz umbilical, proceder à leitura e anotar.

Os dados deverão ser anotados no prontuário do recém-nascido, no car-


tão da criança e na Declaração de Nascido Vivo (DNV).

7- Cuidados com o cordão umbilical

Proceder à higienização adequada do coto umbilical, para facilitar o


processo de mumificação, evitando infecções. As etapas necessárias
são descritas a seguir:


lavar as mãos;

realizar antissepsia do coto com álcool a 70%. Motivo: por ser incolor, não
irá mascarar no futuro possíveis sinais de infecção como hiperemia e secreção; além
disso, o álcool a 70% desidrata o coto auxiliando a mumificação e queda precoce;

manter o cordão umbilical limpo e seco;

não deixar escorrer álcool para a pele circunvizinha. Motivo: o álcool
desidrata a pele sensível do bebê, predispondo-a a rachaduras e possibilitando
infecção.

98
Centro Obstétrico

PROCEDIMENTOS E CUIDADOS DURANTE O


QUARTO ESTÁGIO DO PARTO OU PERÍODO
DE GREENBERG
Classicamente, denomina-se 4º estágio do parto (ou período de Green-
berg) ao período de pós-parto imediato, após a dequitação. Não há na
literatura consenso sobre sua duração exata; entretanto, inicia-se após
a dequitação da placenta e estende-se pelas primeiras horas pós-parto,
para alguns, na primeira hora, para outros, até segunda hora pós-parto
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).

A hemorragia pós-parto (HPP) é a causa mais comum de mortalidade


materna quando computadas as mortes em todo o mundo, sendo res-
ponsável por 25% dessa taxa e contribuindo para a mortalidade e para a
elevação dos custos no atendimento perinatal (OMS, 1999).

É importante a observação redobrada da puérpera nesta fase, por tra-


tar-se do período em que, com mais frequência, ocorrem hemorragias
pós-parto, principalmente por atonia ou hipotonia uterina. É também
momento adequado para promoção de ações que possibilitem o vínculo
mãe/bebê, evitando-se a separação desnecessária.

Hemorragia pós-parto é caracterizada por perda sanguínea igual ou supe-


rior a 500ml, tem como principais fatores predisponentes sobre distensão
uterina (polidramnia, gemelaridade, macrossomia); multiparidade; parto
prolongado, manobras como kristeller, uso indiscriminado de ocitócicos,
e quadros anêmicos. As três principais causas de hemorragias pós-parto
são atonia uterina ou hipotonia uterina, lacerações de trajeto e retenção
de fragmentos placentários, nesta ordem (OMS, 2005).

Como prevenção da hemorragia pós-parto atenta-se para o uso profilático


de ocitócicos em situações onde haja fatores predisponentes, revisão siste-
mática da placenta e anexos, revisão do trajeto, verificação da contratilidade
uterina, certificar-se da presença do globo de segurança de Pinard.

Os cuidados básicos para atenção do período pós-parto são descritos a


seguir.

1- Revisão manual do canal do parto

Trata-se da exploração do canal do parto por meio do toque bidigital. A


revisão rotineira da placenta e anexos ovulares após o delivramento são

99
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

procedimentos recomendáveis e contribuem para o diagnóstico precoce


de retenção de fragmentos placentários. O objetivo é corrigir sangra-
mento aumentado no pós-parto, causado por retenção de fragmentos
placentários.

As etapas do procedimento são: apoiar o fundo uterino com uma das


mãos e simultaneamente realizar o toque bidigital, explorando o canal
do parto, removendo coágulos e identificando a possível presença de
fragmentos placentários.

2- Correção de atonia ou hipotonia uterina


Atonia uterina é a ausência de contratilidade uterina e a hipotonia ute-
rina é a contratilidade uterina ineficiente. Em ambos os eventos o útero
apresenta-se amolecido, flácido e aumentado. A fim de corrigir hemor-
ragia pós-parto causada por atonia ou hipotonia uterina, são propostas
as etapas a seguir:

Solicitar ajuda da equipe multiprofissional;

Avaliar a mulher utilizando o abc da vida; simultaneamente, massagear o


fundo uterino até que o útero se contraia; ocorrendo contratilidade ute-
rina, proceder avaliação de sua permanência a cada 15 minutos e repetir
massagem se necessário;

Explicar à mulher e família a conduta a ser tomada visando diminuir a


ansiedade e garantir-lhes a tranquilidade;

Certificar-se de que o útero não se tornou relaxado após a parada da


massagem uterina;

Certificar-se da presença do globo de segurança de Pinard;

Verificar sinais vitais, não ocorrendo contratilidade uterina satisfatória, iniciar


administração endovenosa de 20 UI de ocitocina diluída em 500ml de ringer
lactato ou 500ml de solução fisiológica a 0,9%, correr em 10 minutos;

Não havendo resposta, administrar metilergonovina na dose de 0,2 mg


IM (droga contraindicada para mulheres hipertensas); não havendo res-
posta satisfatória, prevenir choque hipovolêmico, trabalhando com a
equipe médica de acordo com protocolo de cada unidade.

100
Centro Obstétrico

3- Sutura das lacerações vaginais e perineais

Lembramos que o acompanhamento proposto na atenção ao pré-natal,


durante o trabalho de parto e parto resulta no empoderamento da mulher
para o nascimento de seu filho, isto associado a cuidados como proteção
perineal, ambientação favorável e a não existência de intervenções des-
necessárias são medidas que favorecem a não ocorrência de lacerações de
trajeto. A revisão do canal de parto é um procedimento seguro, que deve
ser realizado sistematicamente.

Laceração perineal é a ocorrência de soluções de continuidade nos te-


cidos vaginais e/ou perineais e, de acordo com a OMS (2005), podem
ser de quatro tipos: lacerações de primeiro grau, que envolvem a mucosa
vaginal e/ou o tecido conjuntivo; lacerações de segundo grau, que envol-
vem a mucosa vaginal, o tecido conjuntivo e os músculos subjacentes;
lacerações de terceiro grau, em que ocorre transecção completa do es-
fíncter anal e laceração de quarto grau, que atinge a mucosa retal.

A maioria das lacerações de primeiro grau não necessitam de suturas,


fechando-se espontaneamente.

A enfermagem obstétrica procederá sutura em lacerações até o segundo


grau, e será solicitada avaliação médica a partir do terceiro grau. A ocor-
rência de lacerações de terceiro e quarto graus tem se mostrado rara na
assistência de enfermagem obstétrica.

Para reparar lacerações perineais e vaginais, recomendamos as seguintes etapas:



Oferecer encorajamento à mulher;

Examinar cuidadosamente vagina e períneo;

Infiltrar o local com lidocaína a 1% ou 2% sem vasoconstrictor, aspirando
para garantir que nenhum vaso tenha sido penetrado; não injetar se
houver aspiração de sangue: nesse caso, reposicionar e tentar outra vez;

Iniciar a sutura acima da laceração;

Suturar mucosa usando sutura contínua;

Suturar os músculos perineais usando sutura intermitente;se houver
profundidade da laceração, colocar uma segunda camada da mesma
sutura para não deixar espaço morto;

Suturar pele usando sutura interrompida;

Revisar o trajeto certificando-se da hemostasia.

101
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

102
Alojamento Conjunto

Parte III

Alojamento Conjunto
O cuidado à mãe e ao bebê

103
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

104
Alojamento Conjunto

CAPÍTULO VI

ADMISSÃO NO ALOJAMENTO CONJUNTO


O puerpério é definido como o período do ciclo gravídico puerperal
em que as modificações locais e sistêmicas, provocadas pela gravidez e
parto no organismo da mulher, voltam à situação do estado pré-gravídico
(Ministério da Saúde, 2001).

Esse período inicia-se uma a duas horas após a dequitação, com término
influenciado pelo tempo de amamentação ─ sendo, portanto, imprevisto.
Didaticamente, o puerpério é dividido em imediato (1° ao 10° dia), tardio
(11° ao 42°) e remoto (a partir 43° dia).

Utiliza-se o sistema de Alojamento Conjunto (AC), em que o recém-


nascido sadio, logo após o nascimento, permanece ao lado da mãe 24
horas por dia, em um mesmo ambiente, até a alta hospitalar.

Este sistema permite que a assistência de enfermagem prestada à mulher


e ao bebê seja, ao mesmo tempo, um momento de troca de informações
com a mãe e seus familiares, sobre os cuidados com o recém-nascido e
com ela própria. Desta forma, a adaptação de todos a este novo mo-
mento familiar é favorecida.

O Ministério da Saúde (1993) recomenda, ainda, em Normas Básicas para o


Alojamento Conjunto, o incentivo à lactação e ao aleitamento materno. Con-
sidera também alguns fatores que visam à diminuição do risco de infecção
hospitalar, evitando as complicações maternas e do recém-nascido, além de
estimular a integração da equipe multiprofissional nos diferentes níveis.

Os objetivos dos cuidados à mulher, seu bebê e família neste cenário é


acolher e apoiar a mulher e seu bebê oferecendo-lhes um espaço de cui-
dado integral, no sentido de atender e manter os processos fisiológicos
pertinentes a esta fase. Também são objeto de cuidado as puérperas que
apresentaram intercorrências durante sua gestação ou parto.

105
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Ao receber mãe e bebê neste espaço, considera-se o seguinte fluxo de


atendimento:

preparar o leito da puérpera e do berço do recém-nascido (RN);

receber, acolher e acomodar a puérpera e o RN, conferindo pulseiras de
identificação (nome, sexo e n° da pulseira) com o prontuário, a caderneta
de Saúde da Criança e com a Declaração de Nascidos Vivos (DNV);

orientar a puérpera e acompanhante quanto ao funcionamento do
sistema de alojamento conjunto e as rotinas do setor;

instituir o processo de enfermagem, realizando exame físico clínico e
gineco-obstétrico, prescrição de enfermagem e avaliação diária através
de evolução de enfermagem;

manter vigilância quanto ao tônus uterino e sangramento vaginal;

orientar e incentivar quanto ao aleitamento materno, avaliando risco
para o desmame precoce.

Após o parto, é natural que a mulher apresente um estado de exaustão ou


euforia, por vezes sonolenta e por outras inquieta. É importante que, nas
primeiras horas, o repouso relativo seja respeitado, além da hidratação
e alimentação adequadas ao seu estado e conforme sua solicitação. A
seguir, são descritos cuidados de enfermagem considerados importantes,
relacionados às principais mudanças que ocorrem nesta fase.

PROCEDIMENTOS E CUIDADOS COM A MÃE


E O BEBÊ EM ALOJAMENTO CONJUNTO

1- Atenção ao estado emocional

O puerpério é um momento importante, principalmente em relação às al-


terações de humor, com labilidade emocional que são comuns nesta fase.
É fundamental observar quadros de tristeza ou de profunda apatia, que
podem ser expressos pela dificuldade de cuidados e de estabelecimento
de vínculo com o bebê.

São etapas da conduta de enfermagem nessas ocorrências:



identificar e registrar alterações de humor e labilidade emocional;

solicitar avaliação do serviço de saúde mental;

106
Alojamento Conjunto


acolher as puérperas de óbito fetal e pós-abortamento
preferencialmente em enfermarias sem recém-nascidos, avaliando
a delicadeza deste momento e, sempre que possível, buscar com a
mulher o melhor espaço para acomodá-la.

2- Avaliação do sistema cardiovascular e


respiratório

Ocorre um aumento do volume circulante nas primeiras horas de pós-par-


to, o que pode se traduzir pela presença de sopro sistólico de hiperfluxo.
Seu padrão respiratório é reestabelecido, passando o diafragma a exercer
funções anteriormente limitadas pelo aumento de volume abdominal.

São etapas da conduta de enfermagem:


instituir prescrição de enfermagem individualizada para a verificação
dos sinais vitais;

comunicar à equipe médica alterações dos sinais vitais.

3- Controle temperatura axilar ( tax )

A puérpera pode ter um ligeiro aumento da temperatura axilar (36,8º


- 37,9ºC) nas primeiras 24 horas, sem necessariamente ter um quadro
infeccioso instalado. Além disso, podem ocorrer calafrios nas primeiras
horas de pós-parto. Tais alterações normalmente não constituem risco à
saúde da mulher, mas exigem atenção para a infecção puerperal (Minis-
tério da Saúde, 2001).

São etapas da conduta de enfermagem:


medir e registrar temperatura axilar de acordo com prescrição de
enfermagem;
 a temperatura axilar for maior que 38°C, solicitar avaliação médica.
se

4- Avaliação da região abdominal

depois do desprendimento da placenta e membranas, as contrações ute-


rinas reduzem o tamanho do útero, de forma que ele pode ser palpado
como uma massa globular, dura e localizada logo abaixo do umbigo. A

107
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

contração e a retração miometrial comprimem os vasos sanguíneos do


útero e, assim, controlam o sangramento (GONZALEZ, 1994). O útero
atinge a cicatriz umbilical após o parto e regride em torno de um 1cm ao
dia, embora de forma irregular.

O retorno das vísceras abdominais à sua posição inicial promove me-


lhor esvaziamento gástrico. Nas mulheres em pós-operatório de cesárea,
acrescenta-se ainda o risco de íleo paralítico, em função da manipulação
da cavidade abdominal.

São etapas da conduta de enfermagem:


examinar abdômen, verificando a presença de globo de segurança de
Pinard, altura do fundo uterino e presença de dor à palpação;

observar e registrar a involução uterina diariamente;

auscultar ruídos hidroaéreos para avaliação de peristalse;

observar e registrar presença de distensão abdominal;

fazer expressão manual de coágulos em caso de necessidade;

massagear o útero em caso de hipotonia ou quando estiver acima da
cicatriz umbilical. Não havendo resposta, comunicar ao médico.

5- Observação da ferida operatória

A ferida operatória deve ser observada rotineiramente. No pós-operató-


rio imediato, é colocado um curativo simples; antes de encaminhá-la ao
primeiro banho pós-parto, deve-se retirá-lo.

São etapas da conduta de enfermagem:


Observar e registrar sinais de flogose, presença de edemas, presença
de secreções, deiscências etc.

Orientar à puérpera a lavar a ferida operatória com água e sabão e
mantê-la seca.

6- Avaliação do endométrio/vagina/períneo
O endométrio inicia sua recuperação a partir do 25º dia de pós-parto. O
colo uterino, logo após o parto, encontra-se edemaciado e pode apresen-
tar lacerações. Em torno do 10º dia, estará fechado.

108
Alojamento Conjunto

A vagina apresentar-se-á edemaciada e algo congesta, iniciando sua re-


cuperação após o 25º dia de puerpério, e mais tardiamente nas mulheres
que não amamentam.

Podem ser observadas, ainda, alterações decorrentes do parto - edema,


hematoma e lesões.

São etapas da conduta de enfermagem:


examinar períneo e genitais externos (sinais de infecção, presença de
edema, lacerações etc.);

observar e registrar as condições de higiene da vulva/períneo;

orientar a puérpera quanto aos cuidados de higiene íntima;

observar as condições de integridade vulvoperineal (sutura de
lacerações ou de episiotomia, edema, hematoma e deiscências);

aplicar bolsa de gelo (até 20 minutos) em caso de edema e hematoma;

encaminhar para avaliação especializada nos casos de complicações
persistentes.

7- Observação da loquiação

Loquiação é a eliminação de secreções uterinas e vaginais, sangue e re-


vestimento uterino durante o puerpério. Este período pode perdurar de
três a seis semanas.

Os lóquios são divididos em:

• Sanguinolentos: vermelho-vivo por 2 a 4 dias (lóquios rubros);


• Serosanguinolentos: tornam-se mais pálidos (rosados) à medida que o
sangramento se reduz (lóquios serosos);
• Branco: após 7 dias, tornam-se esbranquiçados ou amarelados (lóquios
brancos).

São etapas da conduta de enfermagem:


observar características do sangramento: odor, coloração e quantidade;
 atentar para sinais de hipovolemia/choque e infecção (associar com
temperatura axilar > 38ºC).

109
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

8- Avaliação das vias urinárias


Após o parto, são encontrados edema, hiperemia vesical e relativa insen-
sibilidade da bexiga. Neste último caso, há, inicialmente, diurese escassa,
em razão da desidratação no trabalho de parto. É normal a abundante
excreção urinária do 2º ao 6º dia, que elimina a água acumulada durante
a gestação. Nos primeiros 2 a 3 dias, a retenção vesical não é incomum,
devido ao edema decorrente do parto.

São etapas da conduta de enfermagem:



observar e registrar as características da eliminação vesical;

orientar a puérpera quanto à ingestão de líquidos (2l por dia);

orientar a puérpera quanto à dor e ardência ao urinar.

9- Avaliação do funcionamento intestinal


Ocorre ausência do peristaltismo nas primeiras 24 horas, havendo resta-
belecimento progressivo da topografia e dos movimentos intestinais. O
funcionamento, habitualmente, é restaurado no 3º ou 4º dia.

São etapas da conduta de enfermagem:



observar e registrar as características da eliminação intestinal;

orientar quanto à deambulação precoce para aumentar peristaltismo
e liberação de flatos;

orientar quanto ao aumento da ingesta hídrica.

10- Avaliação dos membros inferiores

Com as modificações circulatórias no pós-parto, os estímulos ao movi-


mento devem ser favorecidos e os membros inferiores devem ser avalia-
dos diariamente. A atenção deve ser redobrada às puérperas portadoras
de varizes mais evidentes e calibrosas, as atitudes de prevenção são indis-
pensáveis como a descrição a seguir.

São etapas da conduta de enfermagem:



estimular a deambulação precoce;

observar a presença de edemas, dor, hiperemia local;

110
Alojamento Conjunto


elevar os membros inferiores em caso de edemas;

pesquisar sinais de trombose venosa profunda e sinais flogísticos.

11- Cuidados com as mamas / aleitamento


materno

O alojamento conjunto favorece e incentiva o aleitamento materno, pois


permite que a mãe ofereça seu leite, satisfazendo a criança sempre que ela
demonstrar fome. A amamentação é fundamental para a saúde materna
e perinatal e faz parte das estratégias de todos os programas relacionados
a estes objetivos, representando um elemento importante em todo o pro-
cesso de humanização da assistência à mulher e ao bebê.

A produção de leite se dá por um estímulo neuroendócrino; estão envol-


vidos neste processo: a placenta, a hipófise e as mamas. A placenta é
responsável pela produção de esteroides placentários (estrógenos e pro-
gesterona) que, durante a gravidez, preparam a mama para a lactação, es-
timulando a deposição de gorduras, o crescimento dos ductos e alvéolos.
À medida que os níveis plasmáticos de estrógeno e progesterona caem
— cerca de 3 a 5 vezes nos primeiros dias após o parto —, a produção
de leite tem início. Este período é chamado de apojadura ou “descida”.
Ocorre em torno de 48 a 72 horas após o parto. As mamas aumentam
de tamanho e temperatura, tornam-se dolorosas e este fenômeno dura
em média três a quatro dias. A apojadura marca a mudança do controle
endócrino para o autócrino da lactação. A quantidade de leite tende a
aumentar gradativamente. No 2º dia, está por volta de 50ml/dia. No 4º
dia, em torno de 550ml/dia. Já aos três meses, é de cerca de 850ml/dia.
Os níveis plasmáticos de prolactina elevam-se em resposta à sucção do
RN e estão diretamente relacionados à frequência, duração e intensidade
da sucção. A prolactina é o hormônio fundamental para a galactopoiese.
Permitir a sucção do mamilo pela criança à livre demanda é elemento
básico para a manutenção da amamentação.

A ocitocina é liberada pela hipófise posterior; é o hormônio que atua


sobre as células mioepiteliais, determinando sua contração e consequente
expulsão de leite para os ductos. Também favorece a contração do útero
durante a amamentação.

111
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Vantagens do aleitamento materno:


• Para a mulher:


facilita o estabelecimento do vínculo afetivo mãe-filho;

previne as complicações hemorrágicas no pós-parto e favorece a
regressão uterina ao seu tamanho normal;

contribui para o retorno mais rápido ao peso pré-gestacional;
é um método natural de planejamento familiar. Para que seja um
método eficaz, é recomendado que seja utilizado até os primeiros
seis meses, quando a criança está em aleitamento materno exclusivo,
em livre demanda, inclusive durante a noite, e que a mãe não tenha
menstruado;

pode reduzir o risco de câncer de ovário e mama;

pode prevenir a osteoporose.

• Para a criança:

é o alimento completo para o lactente menor de seis meses, tanto no


aspecto nutricional, como no digestivo;

facilita a eliminação de mecônio e diminui o risco de icterícia;

protege contra infecções (especialmente diarréias e pneumonias) pela
ausência do risco de contaminação e pela presença de anticorpos e de
fatores anti-infecciosos;

aumenta o laço afetivo mãe-filho, promovendo mais segurança ao
bebê;

colabora efetivamente para diminuir a taxa de desnutrição proteico-
calórica e, consequentemente, para a diminuição dos indices de
mortalidade infantil;

diminui a probalidade de desencadeamento de processos alérgicos,
pelo retardo da introdução de proteínas heterólogas existentes no leite
de vaca;

melhor resposta às vacinações e capacidade de combater doenças
mais rapidamente.

• Para a família e sociedade:

 leite materno não custa nada;


o

112
Alojamento Conjunto

é limpo e não contém micróbios;


 vem pronto e está na temperatura certa;
já

diminui os custos de internações por problemas gastrointestinais,
respiratórios e outras doenças;

representa uma economia quanto ao uso de gás de cozinha, porque
dispensa o aquecimento e preparo;

diminui o absenteísmo dos pais ao trabalho, uma vez que a criança se
mantém mais saudável.

• Etapa da conduta para auxíliar a mãe a amamentar:



orientar a mãe quanto à higienização das mãos com água e sabão antes
de amamentar;

estimular a mãe a oferecer o peito desde o nascimento, pela importância
do colostro e também estímulo à produção láctea;

iniciar a amamentação pela mama que se encontra mais cheia de leite,
geralmente a que foi oferecida por último;

amamentar em um local confortável, escolhido pela mãe;

ajudar a mãe a favorecer a pega do bebê, atentando para o
posicionamento de ambos; incentivá-la a sentir-se relaxada e
confortável, podendo estar sentada ou deitada; o bebê deve estar com
o corpo próximo ao da mãe, encostando sua barriga à barriga da mãe,
com a cabeça e tronco alinhados e as nádegas apoiadas.

Quanto à pega, propriamente dita, observar se há necessidade da mãe


realizar um breve esvaziamento manual da mama, com o objetivo de
aliviar a tensão da aréola. A mãe pode estimular o reflexo de busca do
bebê, tocando com seu mamilo a boca de seu filho, fazendo com que
ele a abra, abocanhando, pelo menos, toda a parte inferior da aréola. O
lábio inferior do bebê deve projetar-se para fora e seu queixo deve estar
encostado na mama. Suas bochechas devem ter aparência arredondada.
A sucção deve ser lenta e profunda, em períodos de atividade e pausa.
Pode-se ouvir a deglutição.

Boca quase fechada, fazendo um bico; bochechas encovadas e a produ-


ção de estalos com os lábios podem indicar uma má pega da aréola.

Informar que a duração de cada mamada é variável. A mãe deve oferecer


uma das mamas até que o bebê a solte espontaneamente ou sinta que a

113
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

mama está vazia, oferecendo a outra. Caso haja necessidade de interrom-


per a amamentação, orientá-la a romper o vácuo estabelecido na boca do
bebê, introduzindo a ponta do dedo mínimo em um dos cantos para que
o bebê largue o peito, sem machucá-lo.

Orientar a mãe a colocar o bebê para arrotar, em posição vertical, com


a cabeça apoiada no ombro materno. Deve ser feita uma leve massagem
nas costas da criança até que ela arrote, lembrando que alguns bebês
podem não arrotar após a mamada.

Orientar quanto ao uso de sutiã para manter a mama bem elevada, evi-
tando estases nas porções inferiores da mama;

Recomendar o banho de sol nos mamilos para aumentar a resistência da


região mamilo-areolar;

Orientar a lubrificação com leite materno na região mamilo-areolar;

Orientar a mãe que, após o aleitamento, para identificar peso e pontos de


dor nas mamas, deve-se palpá-las e retirar o excesso de leite até o ponto
de conforto, ou seja, desaparecimento da dor.

Técnica de Retirada Manual de Leite Humano


Todas as mães devem ser orientadas, no alojamento conjunto, quanto
à técnica da retirada manual de leite, pois podem utilizá-la em ocasiões
distintas: alívio da aréola, retirada e doação do excesso de produção lác-
tea, guarda do seu leite para ser oferecido ao bebê na impossibilidade de
amamentar por doença ou afastamento temporário (necessidade de se
ausentar ou volta ao trabalho).


Massagear delicadamente a mama como um todo com movimentos
circulares da base em direção à aréola;

Procurar estar relaxada, sentada ou em pé, em posição confortável.
Pensar que o bebê pode auxiliar na ejeção do leite;

Curvar o tórax sobre o abdômen, para facilitar a saída do leite e
aumentar o fluxo;

Com os dedos da mão em forma de “C”, colocar o polegar na aréola
ACIMA do mamilo e o dedo indicador ABAIXO do mamilo na
transição aréola/mama, em oposição ao polegar, sustentando o seio
com os outros dedos;

114
Alojamento Conjunto


Usar preferencialmente a mão esquerda para a mama esquerda e a mão
direita para a mama direita, ou usar as duas mãos simultaneamente
(uma em cada mama ou as duas juntas na mesma mama – técnica
bimanual);

Pressionar suavemente o polegar e o dedo indicador, um em direção
ao outro, e levemente para dentro em direção à parede torácica. Evitar
pressionar demais, pois pode bloquear os ductos lactíferos;

Pressionar e soltar, pressionar e soltar. A manobra não deve doer se a
técnica estiver correta. A princípio, o leite pode não fluir, mas depois
de pressionar algumas vezes, o leite começará a pingar. Poderá fluir
em jorros se o reflexo de ocitocina for ativo;

Desprezar os primeiros jatos; assim, melhora a qualidade do leite pela
redução dos contaminantes microbianos;

Mudar a posição dos dedos ao redor da aréola para esvaziar todas as
áreas;

Alternar a mama quando o fluxo de leite diminuir, repetindo a
massagem e o ciclo várias vezes. Lembrar que ordenhar leite de peito
adequadamente leva mais ou menos 20 a 30 minutos, em cada mama,
especialmente nos primeiros dias, quando apenas uma pequena
quantidade de leite pode ser produzida;

Podem ser ordenhados os dois seios simultaneamente em um único
vasilhame de boca larga ou em dois vasilhames separados, colocados
um embaixo de cada mama;

Encaminhar, em caso de necessidade, para o banco de leite (em
especial, no caso de mães de bebês que ainda não podem ser
amamentados, como os prematuros);

Orientar quanto à importância da doação a um Banco de Leite, caso
haja excesso de produção de leite;

Orientar quanto aos perigos da amamentação cruzada.

Atenção!
nos casos de inibição de lactação (natimortos, neomortos ou doenças
infecto-contagiosas), são etapas da conduta de enfermagem:

• realizar enfaixamento compressivo das mamas nas 24 horas;


• realizar aplicação de compressa gelada 3 vezes ao dia por até 20 minutos;
• encaminhar, se necessário, à saúde mental para acompanhamento.

115
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

PROCEDIMENTOS E CUIDADOS com


o Recém–Nascido EM ALOJAMENTO
CONJUNTO

Ao admitir o recém-nascido neste cenário1, é a finalidade alojá-lo de for-


ma segura junto à sua mãe. Toda equipe de enfermagem está capacitada e
deve fazê-lo prontamente, respeitando as etapas descritas a seguir:


conferir identificação das pulseiras, checando-as com o prontuário;

realizar exame físico cefalocaudal;

mensurações;

fazer os registros no livro do setor e na folha única do prontuário
indicando: data e hora da chegada do RN, procedência, sexo do RN,
tipo de parto e idade gestacional.

Exame Físico do RN
Tem como objetivo a avaliação do estado geral do RN, com
vistas à identificação precoce de sinais de anormalidade. Será
feito, preferencialmente, no leito da mãe para orientá-la. O
exame deverá ocorrer o mais próximo possível da hora da che-
gada do RN ao AC. A enfermeira é responsável por este pro-
cedimento. O material necessário é o estetoscópio pediátrico.
São etapas da realização do exame físico do RN:

 lavar as mãos;

despir o RN;

visualizar, de forma global, o RN, avaliando atividade e reatividade a
estímulos;

observar coloração e integridade de pele e mucosas;

testar sucção com a mão do RN ou com a mão enluvada do
examinador;

verificar o perímetro cefálico (quando ainda não houver ocorrido na
sala de parto);

1
Texto extraido do MANUAL DE NORMAS E PROCEDIMENTOS DE ENFERMAGEM EM
NEONATOLOGIA da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, 2008. Adaptado ao estilo de
descrição escolhido para o conjunto de diretrizes clínicas sem alterar seu conteúdo.

116
Alojamento Conjunto


verificar frequência cardíaca;

observar padrão respiratório;

inspecionar abdômen;

observação de coto umbilical;

observação da genitália externa com verificação de presença de
anormalidades;

observação de presença de eliminações vesicointestinais;

vestir o RN;

lavar as mãos.

Curativo do Coto Umbilical


A finalidade do curativo é favorecer o processo de mumificação do coto
umbilical, prevenindo infecções. É de responsabilidade de toda a equi-
pe de enfermagem, com vistas à orientação materna para realização do
procedimento. O material necessário é: álcool a 70%, gaze ou haste fle-
xível com as extremidades envoltas em algodão. Deve ser realizado pelo
menos três vezes ao dia e/ou a cada troca de fralda e após o banho. A
descrição do cuidado é limpar o coto com a gaze embebida em álcool da
base para a extremidade. Manter o coto livre, não o envolvendo em gaze
e/ou similar.

Verificação de Sinais Vitais


A verificação dos sinais vitais do recém-nascido tem como finalidade
auxiliar na condução do tratamento, detectando eventuais alterações clí-
nicas posto que, geralmente, a estabilidade clínica manifesta as condições
de vitalidade do indivíduo. É de responsabilidade de toda equipe de
enfermagem, e deve ser realizado de acordo com a avaliação clínica. O
material necessário é: termômetro clínico, estetoscópio pediátrico, algo-
dão embebido em álcool 70%. Seguem as etapas para verificação dos
sinais vitais:

TEMPERATURA AXILAR -Valores normais 36,5 a 37ºC


lavar as mãos corretamente;

retirar o termômetro da embalagem e passar algodão com álcool a
70% do bulbo para extremidade;

117
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA


segurar com firmeza o corpo do termômetro e sacudi-lo até que a
coluna de mercúrio atinja a marca de 35ºC;

colocar o termômetro na região axilar comprimindo o braço do RN
ao encontro do tórax;

após 4 minutos, retirar o termômetro sem tocar no bulbo e ler a
temperatura;

registrar o valor encontrado;

limpar o termômetro após cada verificação com álcool a 70%.

FREQUÊNCIA CARDÍACA: Valores normais: 100 a 160bpm


lavar as mãos corretamente;

fazer a limpeza do estetoscópio com álcool a 70%;

colocar o estetoscópio no hemitórax esquerdo próximo ao esterno;

contar os batimentos cardíacos por 16 segundos e multiplicar por 4;

registrar o valor encontrado.

FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA: Valores normais: 30 a 60irpm


lavar as mãos corretamente;

contar a frequência respiratória pelos movimentos abdominais em 1min;

registrar o valor encontrado.

OBSERVAÇÃO: O procedimento de verificação dos sinais deve ser rea-


lizado verificando-se temperatura auxiliar, frequência cardíaca e respira-
tória simultaneamente.

Pesagem
O controle do peso tem como objetivo acompanhar o crescimento e
desenvolvimento do RN, servindo como parâmetro para conduta me-
dicamentosa e o diagnóstico de alterações fisiológicas. Toda equipe de
enfermagem é responsável pelo procedimento que deve ser realizado
diariamente até a alta. Seguem as etapas do processo:


fazer limpeza prévia do prato da balança com álcool a 70%;

colocar lençol ou outro pano que possa enrolar o bebê sobre o prato
da balança;

118
Alojamento Conjunto


tarar a balança, por meio do botão específico na digital ou do peso de
regulagem na manual;

colocar o RN despido, enrolado em lençol fino (com peso previamente
conhecido), no prato da balança ou na área central;

aguardar estabilização do peso, na digital ou na manual;

retirar o RN da balança e desligá-la;

fazer registro do peso;

desprezar o papel-toalha e fazer nova desinfecção do prato da balança
com álcool a 70%;

lavar as mãos.

OBSERVAÇÃO: Preferencialmente, indica-se o uso de balanças digitais,


seja pela maior confiabilidade seja pela rapidez no procedimento. Pesar
antes da alimentação, aproveitando o momento para outros procedimen-
tos, como higiene ou banho. As medidas antropométricas estão descritas
no item Cuidados Imediatos com o Recém-nascido Normal, mas são procedi-
mentos que devem ser repetidos na alta do bebê.

Verificação de Glicemia Periférica Através de Fita Reagente


A finalidade desse procedimento é a detecção precoce de hipoglicemia
ou hiperglicemia. A responsabilidade da realização é de toda a equipe
de saúde, devendo seguir prescrição médica e/ou de enfermagem. São
etapas do procedimento:

lavar as mãos corretamente;

separar o material necessário: lanceta ou agulha 25 x 8, algodão seco e
fita reagente (Destrostix Haemoglucotest);

limpar a pele do RN com água e sabão na região do calcanhar;

secar bem a região;

puncionar a região lateral externa do calcanhar conforme figura;

comprimir o pezinho até que forme uma gota espessa;

deixar a gota cair sobre a fita;

comprimir a área e puncionar com algodão seco;

fazer a leitura de acordo com as recomendações do fabricante da fita;

registrar o valor encontrado.

119
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

OBSERVAÇÃO: Não utilizar o centro do calcanhar como local de punção,


pois aumenta o risco de osteomielite. Não utilizar álcool a 70% para de-
sinfecção, pois ocorrerá erro na leitura. Valores Normais: 40 a 145 mg/dl.

Higienização Corporal do RN

Banho
O banho caracteriza-se por um nível alto de manipulação do
bebê. Essas manipulações podem produzir diversas reações
no recém-nascido. Trata-se de uma situação que propicia uma
série de trocas e ajustes interacionais entre o adulto e a criança
e, portanto, potencialmente, reveladora das características da
reação do RN aos tipos de manipulações e da adequação do
procedimento. O banho nos bebês normais tem sido descrito
como algo prazeroso, pois lembra o ambiente líquido e quente caracte-
rístico do útero materno.

Este cuidado possui finalidades como promover conforto, retirando su-


jidade e diminuindo flora cutânea, além de ativar circulação. Orientar a
mãe quanto à melhor forma de realização desta prática é responsabili-
dade de toda a equipe de enfermagem que, ao realizá-lo, demonstra à
mãe inicialmente, e transfere o cuidado a ela apoiando e observando a
interação mãe-filho, estimulando a autoconfiança materna em realizar o
banho para usá-lo como instrumento de higiene, conforto e prazer. A re-
comendação segue normas técnicas do Ministério da Saúde (2006) para o
tempo mínimo de 6 horas entre o nascimento e o primeiro banho, exceto
para bebês que nasceram banhados em mecônio ou filhos de gestantes
portadoras de HIV.

Posteriormente, deve ser realizado diariamente, usando o ma-


terial descrito a seguir:
 - bacia (ou a cuba do berço);
 - sabão líquido neutro sem germicida;
 - água tépida;
 - fralda de pano para secagem;
 - fralda, camisinha e cueiro.

120
Alojamento Conjunto

São etapas do processo:



Respeitar o estado comportamental do bebê: caso esteja em sono
profundo (que dura cerca de 20 minutos) aguardar que desperte; se
estiver protestando ou chorando, consolá-lo completamente antes da
realização do procedimento.

Falar antes de tocar o bebê. Sempre que possível, solicitar o auxílio da
mãe para o procedimento.

Remover a fralda, retirar o excesso de fezes com algodão úmido, fazer
higiene perineal. Com ajuda de uma fralda de pano ou de toalha-
fralda, proceder ao enrolamento do bebê, proporcionando segurança.
Posicionar o RN na bacia com água morna de modo que seu corpo
fique submerso até o pescoço, em ambiente fechado, evitando as
perdas de calor por convecção.

Iniciar o banho pelo rosto, sem sabão: limpar os olhos utilizando
uma bola de algodão para cada olho, limpar narinas e orelhas, quando
necessário, com fusos de algodão.

Ensaboar o pescoço, membros superiores, tórax anterior, costas e
membros inferiores sucessivamente, lembrando-se de ir retirando o
enrolamento com pano aos poucos.

Retirar o sabonete.

Ensaboar a região genital, removendo o sabão com algodão.

Retirar o RN da bacia, enrolando-o em toalha ou pano macio, secando
a pele com movimentos compressivos e suaves, sem friccioná-la, e
colocá-lo em contato pele a pele, em posição canguru.

Quando em leito aquecido, retirar a roupa suja e limpar o colchonete
com água e sabão.

Forrar com o lençol, esticando-o bem para não formar dobras.

Realizar o curativo umbilical conforme a técnica.

Colocar o RN em posição confortável, com auxílio de coxins e rolos.

Recolher os materiais utilizados e despejar no lixo.

Fazer limpeza corretamente do leito.
 Lavar as mãos.

121
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Troca de fralda
Tem como finalidade promover conforto, evitando dermatite de fralda
e afecções do trato urinário. A responsabilidade é de toda a equipe de
enfermagem inicialmente, com vistas a que este procedimento possa ser
realizado pela mãe. Deve ser efetuado sempre que houver necessidade.
São etapas do processo:

lavar as mãos;

calçar as luvas, no caso de profissional de saúde;

retirar a fita adesiva da fralda com delicadeza, devido ao ruído
excessivo;

observar a integridade da pele;

limpar região perineal de dentro para fora, com algodão umedecido
em água morna;

limpar região perianal e nádegas, lateralizando o bebê – nunca elevar
seus quadris pelas pernas;

secar a pele com ajuda de panos macios ou algodão;

utilizar pomadas ou cremes, quando indicado e prescrito;

colocar fralda limpa, observando o tamanho apropriado;

posturar o bebê em seu leito;

organizar material utilizado;

retirar as luvas e lavar as mãos;

registrar em folhas próprias quantidade, características das eliminações
e integridade da pele.

OBSERVAÇÃO: O bebê deverá ser colocado em decúbito elevado (po-


sição antirrefluxo), devendo ser rolado lateralmente de um lado para o
outro, retirando-se a fralda e fazendo a higiene. Procurar não elevar as
pernas do recém-nascido, evitando assim aumentar a pressão abdominal,
favorecendo o refluxo gastroesofágico e broncoaspiração.

Quando não existir tamanho de fralda apropriado para o bebê, recortar,


para que não favoreça abdução exagerada do quadril.

122
Alojamento Conjunto

Atividades em Grupo para Troca de Experiência


Esta atividade tem como finalidade o esclarecimento de dúvidas perti-
nentes ao cuidado da mulher e em relação ao cuidado prestado pelos
pais e familiares ao bebê. É uma resonsabilidade de toda a equipe de
saúde da unidade. O atendimento ao grupo deve ser realizado de forma
sistemática, ainda durante a internação, com vistas à alta, bem como após
a alta em esquema ambulatorial. Vale ressaltar que a particiação do pai
nos grupos deve ser incentivada ainda na internação.

Sugere-se alguns temas a serem abordados: amamentação, puerpério,


atividade sexual no puerpério, anticoncepção e orientações sobre os
principais cuidados com o RN. Todos os grupos deverão ser formados a
partir da livre demanda das puérperas e suas dúvidas, bem como de seus
companheiros e familiares.

Orientações para Alta

São informações que têm por objetivo esclarecer, orientar e dar segurança
à mãe no que diz respeito ao seu estado e do seu filho, bem como as alte-
rações fisiológicas previstas. Devem permear todo o período de internação
até a alta propriamente dita. Toda a equipe de saúde deve estar comprome-
tida com estas ações. As etapas do processo são descritas a seguir.

Certificar-se da alta hospitalar da puérpera e/ou RN através de
comunicado médico na folha de evolução, prescrição médica ou
sumário de alta, preenchido e assinado pelo médico responsável;

Reenfatizar temas já abordados até o momento da alta, a saber:
• aleitamento materno;
• higiene do RN;
• cuidados com o coto;
• modificações fisiológicas do RN - descamação cutânea, eliminações
(tipo de evacuações), queda de cabelo;
• cuidados especiais, medicações etc.
• noções de higiene materna, nutrição e atividade sexual;
 Mensurar comprimento e PC do RN e Peso registrada em impresso
próprio;

Fornecer à mãe ou responsável o Cartão da Criança devidamente
preenchido;

123
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA


Promover registros no livro do setor e folha única constando hora e
encaminhamentos realizados;

Realizar agendamento para o Projeto Acolhimento Mãe-Bebê /
Mulher, encaminhar a cliente junto com seu bebê para Unidade Básica
de Saúde mais próxima de sua residência, com marcação para o 5º dia
útil pós-parto, para revisão puerperal, retirada de pontos, vacinação,
teste do pezinho, planejamento familiar;

Registrar o agendamento em impresso próprio a ser lançado na
planilha de Controle Diário de Referência para Unidade Básica, onde
estão listadas todas as unidades do município do Rio de Janeiro;

Orientar a cliente oriunda de outro município a procurar a unidade básica
mais próxima de sua residência e também lançar na referida planilha;

Preencher o impresso Alta Hospitalar com: nome da cliente, data e
hora da saída e se há outro(s) RN recebendo alta no mesmo período.
Neste impresso, também deverá constar o nome do profissional que
está liberando a paciente, e o número de sua matrícula;

Orientar a cliente que este impresso deverá ser entregue na portaria,
no momento de saída da unidade;

Solicitar à equipe de limpeza a desinfecção terminal do leito vago,
deixando-o em condições para uma nova internação;

OBSERVAÇÃO: - Sugere-se a “alta coletiva”, com a participação de pelo


menos um elemento de cada serviço que compõe a equipe de saúde;
• Os bebês, de 2ª a 6ª feira, são vacinados com BCG no Alojamento
Conjunto;
• Os bebês que estiverem internados por mais de 5 dias colherão o teste
do pezinho no 5º dia de vida;
• Por medida de segurança, não há alta durante o horário de visitas;
• Caso haja alta à revelia (sem alta médica), não preencher os registros
no prontuário e no livro de alta, conforme já citado, destacando que a
saída deu-se à revelia. Além disso, deve-se registrar em livro de Ordens e
Ocorrências do setor e notificar à Supervisão de Enfermagem, que também
registrará em livro próprio.

ATENÇÃO! Nos casos relacionados a seguir, o Serviço Social deverá ser


acionado para notificação ao Conselho Tutelar por maus tratos:
• RN sem alta médica (ainda que a mãe esteja de alta);
• Mãe menor de 19 anos, sem alta (ainda que com acompanhante maior
de 19 anos).

124
O Cuidado à Gestante de Alto Risco

Parte IV

O Cuidado à Gestante de Alto Risco

125
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

126
O Cuidado à Gestante de Alto Risco

CAPÍTULO vii

ACOMPANHAMENTO PELA ENFERMAGEM


OBSTÉTRICA DA GESTAÇÃO DE RISCO

Durante o processo gestacional, algumas mulheres têm maiores chances


de apresentar agravos ou complicações de patologias preexistentes.

Essas situações podem redundar em perdas fetais e/ou morte materna,


por causas diretas ou indiretas1. O óbito materno permanece sendo um
grave problema de saúde pública em nosso país, com as consequências
sociais que a morte dessas mulheres ocasiona.

Segundo o Ministério da Saúde (2003), a razão de mortalidade materna


corrigida no Brasil é de 72,4 por 100.000 nascidos vivos e a doença hiper-
tensiva segue como a principal causa desses óbitos.

Conforme o relatório de 2006 do Comitê Municipal de Prevenção e


Controle da Mortalidade Materna da cidade do Rio de Janeiro, a taxa de
morte materna em nossa cidade oscila entre 50 e 60 óbitos por 100.000
nascidos vivos.

Dentre os óbitos analisados, as causas obstétricas diretas (decorrentes de


doenças específicas do ciclo gravídico puerperal) representaram 85,36%
dos casos analisados, sendo também a hipertensão arterial a principal
causa de morte materna, seguida pela hemorragia puerperal, a infecção e
o abortamento; estas três últimas repetem-se há uma década.

Com o objetivo de diminuir este desfecho é necessário maior monitora-


mento e controle dos fatores de risco perinatais desde o pré-natal. Em
alguns casos, a internação da gestante é necessária para a vigilância diária
e instituição de tratamento.

1
“ Morte materna obstétrica direta é aquela que ocorre por complicações obstétricas durante gravidez,
parto ou puerpério devido a intervenções, omissões, tratamento incorreto ou a uma cadeia de eventos
resultantes de qualquer dessas causas.
Morte materna obstétrica indireta é aquela resultante de doenças que existiam antes da gestação ou que
se desenvolveram durante este período, não provocadas por causas obstétricas diretas, mas agravadas
pelos efeitos fisiológicos da gravidez (MINISTÉRIO DA SAÚDE – SAS, DAPE- Manual dos comitês
de Mortalidade Materna, 3ed. 2009).

127
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Optou-se por descrever, inicialmente, a assistência comum às gestantes


nesta condição e, a seguir, o conjunto de cuidados e procedimentos às
gestantes com as patologias mais prevalentes no cotidiano das materni-
dades da SMSDC.

Assistência básica de Enfermagem À


gestante de alto risco

O objetivo da assistência à gestante de alto risco é acolher e apoiar a


mulher implementando uma assistência efetiva e segura nas diferentes
indicações clínicas e obstétricas, que levam as mulheres à internação para
a vigilância, o controle e a redução dos agravos em saúde materno fetal.

Ao receber a gestante neste espaço, deve-se considerar o fluxo de atendi-


mento descrito a seguir.

Admissão
Providenciar o preparo do leito destinado à cliente;

Receber, acolher e acomodar a cliente na unidade de internação, apresen-


tá-la ao ambiente, favorecendo tranquilidade e segurança;

Incluir o nome da cliente na folha de informação do setor e no livro de


admissão e alta;

Proceder ao registro da admissão em impresso próprio;

Orientar a cliente sobre as rotinas do setor durante a internação (visitas


da equipe multiprofissional, presença e permanência do acompanhante,
horário das refeições, permanência de pertences e valores);

Averiguar os encaminhamentos necessários para a realização dos exames de


urgência e os processos de marcação dos exames para rotinas específicas.

Cabe à enfermeira:

Avaliar os níveis de complexidade de cuidado estabelecendo as
prioridades;

Instituir a sistematização da assistência de enfermagem - histórico,
exame físico e gineco-obstétrico, diagnóstico, prescrição e evolução
de enfermagem - através da avaliação materno-fetal que consiste em:

128
O Cuidado à Gestante de Alto Risco


identificar sinais e sintomas clínicos, queixas gerais referidas, idade
gestacional; peso; hábitos, alergias alimentares e estado nutricional;
uso de drogas lícitas ou ilícitas; alergia a medicamentos; presença de
edema; presença e características das eliminações vesicointestinais;
perdas transvaginais; condições de higiene; a altura, atividade e tônus
uterino; estática fetal; movimentação fetal e batimentos cardiofetais
(BCF) com sonar dopller ou cardiotocógrafo (CTG), se necessário.

Realizar aprazamento de prescrição médica, carimbar e assinar ao final.

Período de Internação
Avaliar diariamente as condições materno-fetais e a efetividade dos cui-
dados prestados, promovendo a adequação do planejamento de enferma-
gem instituído;

Registrar a avaliação realizada no prontuário (folha de evolução) e as


condutas adotadas;

Realizar a prescrição de enfermagem;

Atentar para solicitação/realização dos exames diagnósticos, avaliar os resul-


tados e tomar as providências pertinentes, especialmente para os resultados
como: tipagem sanguínea, VDRL, anti-HIV, hemograma, glicemia e EAS;

Realizar rotina de aferição e registro de sinais vitais, de acordo com a


especificidade de cada gestante;

Realizar aprazamento de prescrição médica, carimbar e assinar ao final,


solicitando junto à farmácia o envio das medicações para as próximas 24h;

Realizar cardiotocografia das clientes com indicação ou conforme pro-


tocolo institucional, priorizando os casos mais graves; emitir laudo de
reatividade fetal, assinando e carimbando. Atenção para os registros
inconclusivos, não reativos ou de urgência, que deverão ser registrados
em prontuário e imediatamente encaminhados ao médico-obstetra de
plantão para avaliação;

Manter cliente informada do seu estado de saúde diariamente (sobre me-


dicações utilizadas e exames realizados e demais demandas);

Prestar cuidado individualizado e especializado à gestante nas diferentes


patologias gineco-obstétricas e clínicas, de acordo com a descrição especí-
fica à seguir;

129
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Solicitar avaliação e/ou encaminhamento para outros serviços de saúde


(serviço social, saúde mental, terapia ocupacional, fisioterapia e odonto-
logia) sempre que houver necessidade;

Providenciar o encaminhamento de exames laboratoriais, CTG e de ima-


gens: imediatamente nos casos de urgência e, em casos de rotina, realizar
marcação do exame de acordo com rotina do serviço.

Transferência para o Centro Obstétrico


Orientar a cliente sobre o procedimento que será realizado no centro
obstétrico;

Contactar a enfermeira do setor de destino da cliente, fornecendo dados


e condições gerais da paciente;

Encaminhar a cliente ao banho de aspersão, orientando-a quanto à re-


tirada de roupa íntima, adornos, próteses, esmalte colorido das unhas,
maquiagem e ao uso somente de camisola da Unidade e chinelos, exceto
nos casos de urgência;

Identificar todos os pertences da cliente e providenciar sua arrecadação/


transferência;

Realizar e registrar a avaliação de enfermagem contendo sinais vitais e


horário de sua transferência para o centro obstétrico;

Providenciar o encaminhamento da cliente, de acordo com as suas con-


dições físicas e emocionais (cadeira de rodas, maca ou deambulando),
ao centro obstétrico, com seu respectivo prontuário e acompanhada por
profissional de enfermagem;

Registrar no livro de admissão e alta a saída da cliente, com data e hora;

Solicitar ao funcionário da companhia de limpeza para que proceda à


desinfecção terminal da Unidade desocupada.

Alta
Conferir no prontuário da cliente o registro de alta hospitalar;

Comunicar sobre a alta à cliente, orientando-a quanto ao retorno ao pré-natal


e/ou à unidade hospitalar de emergência obstétrica nos casos de alerta;

130
O Cuidado à Gestante de Alto Risco

Devolver exames realizados fora da Unidade e cartão pré-natal;

Conferir e organizar o prontuário da cliente, registrando a alta hospitalar


(dia, hora, condições e companhia);

Registrar a alta da paciente no livro de admissões e altas;

Solicitar ao funcionário da companhia de limpeza para que proceda à


desinfecção terminal da unidade.

Assistência de Enfermagem Específica


nas Complicações mais Prevalentes na
Rede de Maternidades Municipais

Síndromes Hipertensivas da Gravidez

Como as complicações hipertensivas na gravidez são as maiores causas


de mortalidade e morbidade materna e fetal, é fundamental se diferenciar
com exatidão a pré-eclâmpsia de uma hipertensão primária ou crônica
preexistente.

Classificação da hipertensão arterial em mulheres gestantes:

1. Hipertensão arterial crônica: corresponde à hipertensão de qualquer etio-


logia (nível da pressão arterial maior ou igual a 140/90 mmHg) presente
antes da gravidez ou diagnosticada antes da 20ª semana da gestação.

2. Pré-eclâmpsia/eclâmpsia: geralmente ocorre após a 20ª semana de


gestação, classicamente pelo desenvolvimento gradual de hipertensão
(PA ≥ 140/90 mmHg) e proteinúria (> 300 mg/24h), podendo evoluir
para eclâmpsia. A eclâmpsia caracteriza-se pela presença de convul-
sões tônico-clônicas generalizadas em mulher com qualquer quadro
hipertensivo não causadas por epilepsia ou qualquer outra doença
convulsiva. Pode ocorrer na gravidez, parto e no puerpério imediato.

3. Hipertensão crônica com pré-eclâmpsia associada: é o surgimento de


pré-eclâmpsia em mulheres com hipertensão crônica ou doença renal.
Nessas gestantes, essa condição agrava-se e a proteinúria surge ou pio-
ra após a 20ª semana de gravidez.

131
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

4. Hipertensão gestacional: é o desenvolvimento de hipertensão sem


proteinúria que ocorre após 20ª semana de gestação.

5. Hipertensão transitória: a pressão arterial volta ao normal cerca de


12 semanas após o parto. Pode ocorrer nas gestações subsequentes e
prediz hipertensão arterial primária futura.

• Cuidados de enfermagem
Conforme o estado geral da gestante, ela será encaminhada à enfermaria
ou ao setor de cuidados semi-intensivos ou intensivos. Os cuidados des-
critos a seguir, de maneira generalizada, deverão ser individualizados e
adequados à realidade que se apresente.

1. Encaminhar a paciente ao leito com grades protetoras, fontes de


oxigênio, vácuo e ar comprimido montados e com material de emer-
gência adequado à mão, apoiá-la emocionalmente, esclarecê-la das
possíveis dúvidas e orientá-la quanto à permanência em decúbito
lateral esquerdo (DLE);

2. Orientar a gestante e/ou seu acompanhante, se for o caso, quanto ao


funcionamento e rotinas do setor;

3. Registrar horário de admissão e condições gerais da paciente;

4. Observar e registrar nível de consciência e grau de orientação no


tempo e no espaço;

5. Puncionar acesso venoso periférico, caso indicado, de preferência


utilizando um cateter de grosso calibre;

6. Instituir o processo de enfermagem realizando exame físico clínico


e gineco-obstétrico, prescrição de enfermagem, que será reavaliada
diariamente ou sempre que necessário, e evolução de enfermagem;

7. Aguardar aproximadamente 30 minutos e aferir os sinais vitais;

8. Preparar e administrar medicações prescritas;

9. Verificar a pressão arterial em DLE, conforme a prescrição médica


ou de enfermagem, registrar e comunicar as alterações aferidas até a
estabilização dos níveis pressóricos;

10. Atentar para as solicitações de exames, os agendamentos e o preparo


para os exames, priorizando os de urgência;

132
O Cuidado à Gestante de Alto Risco

11. Observar, comunicar ao médico e registrar a presença de atividade


uterina (metrossístoles e/ou hipertonia);

12. Observar e registrar perdas vaginais (sangramentos, líquido amnió-


tico e outros). Em caso de perda de líquido amniótico registrar cor,
odor, presença de grumos ou não e comunicar ao médico-obstetra de
plantão;

13. Manter vigilância constante;

14. Observar, comunicar e registrar sinais/sintomas que indiquem crise


convulsiva iminente (visão turva, escotomas cintilantes, dor epigás-
trica, confusão mental etc.).

Vigência ou iminência de convulsão



Controle do ambiente (manter paciente em ambiente silencioso e com
penumbra);

Manter material de reanimação completo à mão;

Manter vias aéreas livres para a redução do risco de aspiração; elevação
da cabeceira a 30º e lateralização da cabeça;

Oferecer suporte não invasivo de oxigênio;

Proteger a língua com campos ou cânula de Guedel em caso de crise
convulsiva;

Retirar próteses dentárias;

Manter permeabilidade do acesso venoso e instituir imediatamente
terapêutica protocolar prescrita por médico para pré-eclâmpsia grave
e eclâmpsia (protocolo anticonvulsivante e anti-hipertensivo).

Cuidados durante a administração de sulfato de magnésio


 sulfato de magnésio, na dose de ataque, deverá ser administrado
O
conforme prescrito, em bomba infusora, no período de 15 a 20
minutos. Durante a sua administração, ter sempre prontas para uso
ampolas de gluconato de cálcio;
 dose de manutenção do sulfato de magnésio será administrada em
A
bomba de infusão com programação exata para 24h;

Avaliar a frequência respiratória da paciente antes e durante a
administração da droga;

133
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA


Realizar cateterização vesical de demora para controle de diurese e
balanço hídrico;

Monitoração dos sinais vitais.
ATENÇÃO especial para:
- Frequência respiratória < 16 irpm horária;
- Diurese < 30 ml/hora;
- Alteração do reflexo patelar.

Esses sinais indicam impregnação pelo sulfato de magnésio, que pode


levar à paralisia muscular, apneia e parada cardíaca. Caso ocorram, co-
municar imediatamente à equipe médica.

Alta das gestantes hipertensas


A saída da paciente do setor de gestantes patológicas poderá se dar por
transferência para o centro obstétrico ou CTI, ou ainda por alta para
outra unidade hospitalar ou residência.

No caso de alta para residência, orientar quanto à importância de retorno


ao pré-natal, à adesão à medicação e dieta prescritas e ao imediato retorno
à unidade em caso de indicação do pré-natalista ou conforme determi-
nados sinais e/ou sintomas apresentados. A cliente e/ou seus familiares
deverão ser orientados sobre quais são esses sinais e/ou sintomas.

Deve-se devolver/entregar à cliente documentos como o Cartão da


Gestante, com os dados referentes à internação e guias de referência/
contrarreferência para o pré-natal.

Síndromes Hemorrágicas

Um percentual entre 10 e 15% das gestantes apresentam hemorragias


que podem representar complicação gestacional ou agravos ginecoló-
gicos concomitantes com o período gravídico. Durante a gestação, as
mais importantes situações hemorrágicas, em função da frequência e
importância clínica são: abortamento, abortamento habitual, gravidez
ectópica, neoplasia trofoblástica gestacional benigna (mola hidatiforme),
descolamento cório-amniótico, placenta prévia, descolamento prematuro
da placenta (DPP) e rotura uterina (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000).

134
O Cuidado à Gestante de Alto Risco

Atenção de enfermagem a gestantes em processo


de abortamento

A mulher em processo de abortamento, seja espontâneo ou provocado,


demanda do profissional de enfermagem uma atitude de empatia, um aten-
dimento isento de julgamentos morais e a implementação imediata da assis-
tência de enfermagem, já que o abortamento e suas complicações continuam
sendo uma das mais importantes causas de morte materna em nosso país.

Aborto é a morte ovular ocorrida antes da 22ª semana de gestação. O


processo de eliminação deste produto conceptual é chamado aborto. O
abortamento é precoce, quando ocorre até a 13ª semana e tardio quando
ocorrido entre a 13ª e 22ª semanas de gestação.

• Cuidados de enfermagem

Acolher e encaminhar a paciente ao leito, apoiá-la emocionalmente,
esclarecê-la de possíveis dúvidas e orientá-la quanto à permanência
no leito;

Orientar a gestante e/ou seu acompanhante quanto ao funcionamento
e rotinas do setor;

Registrar horário de admissão e condições gerais da paciente;

Observar e registrar nível de consciência e grau de orientação no
tempo e no espaço;

Puncionar acesso venoso periférico, de preferência utilizar um cateter
de grosso calibre e colher amostra sanguínea para exames laboratoriais
de emergência;

Manter hidratação venosa com solução fisiológica a 0,9% para
prevenir o choque hipovolêmico, conforme prescrição médica;
 Instituir o processo de enfermagem, realizando exame físico clínico
e gineco-obstétrico, prescrição de enfermagem que será reavaliada
diariamente ou sempre que necessário;

Verificar e registrar os sinais vitais (SV), conforme prescrição
de enfermagem, instituindo as medidas cabíveis face aos valores
encontrados; atentar que os SV podem alertar para possíveis processos
infecciosos ou choque hipovolêmico (aumento da temperatura
corporal, taquicardia, dispneia etc.);

Instituir balanço hídrico (atentar para a perda sanguínea transvaginal:
volume, cor e odor);

135
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA


Avaliar atividade e tônus uterino;

Implementar terapêutica medicamentosa prescrita;

Preparar a paciente para procedimento cirúrgico, quando indicado;

Avaliar a evolução das condições físicas e emocionais da cliente, após
o procedimento;

Realizar o Acolhimento Mulher, garantindo a continuidade da atenção
em nível ambulatorial.

Alta após abortamento


A saída da paciente poderá se dar por transferência para o CTI, para
outra unidade hospitalar ou para a residência.
No caso de alta para residência, deve-se realizar o Acolhimento Mulher,
visando garantir a continuidade da atenção em nível ambulatorial, orien-
tar quanto aos cuidados com higiene corporal, alimentação, retorno à
atividade laboral e sexual e adesão à medicação prescrita.
Deve-se devolver à cliente todos os exames externos.

Atenção de enfermagem a gestantes com placenta


prévia

É a implantação da placenta, inteira ou parcialmente, no segmento infe-


rior do útero, a partir da 20ª semana. Sua incidência é mais frequente em
mulheres submetidas a várias cesarianas.

São três os tipos de placenta prévia, de acordo com a localização placen-


tária, em relação ao orifício interno do colo:
• total, quando recobre toda a área do orifício interno;
• parcial, quando o faz parcialmente;
• marginal, quando a margem placentária atinge a borda do orifício
interno, sem ultrapassá-lo.

• Cuidados de enfermagem

Acolher e encaminhar a paciente ao leito, apoiá-la emocionalmente,
esclarecê-la de possíveis dúvidas e orientá-la quanto à necessidade
de repouso no leito;

Orientar a gestante e/ou seu acompanhante, se for o caso, quanto ao
funcionamento e rotinas do setor;

136
O Cuidado à Gestante de Alto Risco


Registrar horário de admissão e condições gerais da paciente;

Observar e registrar nível de consciência e grau de orientação no
tempo e no espaço;

Puncionar acesso venoso periférico, de preferência utilizar um cateter
de grosso calibre e colher amostra sanguínea para exames laboratoriais
de emergência;

Instituir o processo de enfermagem, realizando exame físico, clínico
e gineco-obstétrico, prescrição de enfermagem que será reavaliada
diariamente ou sempre que necessário;

Monitorar os sinais vitais conforme prescrição de enfermagem ou,
ainda, sempre que necessário;

Avaliar perda sanguínea transvaginal: volume, cor, odor;

Avaliar atividade e tônus uterino.

Alta da gestante com placenta prévia


A saída da paciente poderá se dar por transferência para o CTI, para
outra unidade hospitalar ou para a residência.

No caso de alta para residência, orientar quanto à importância de retorno


ao pré-natal, à adesão à medicação e dieta prescritas e ao imediato retorno
à unidade em caso de indicação do pré-natalista ou conforme determi-
nados sinais e/ou sintomas apresentados. A cliente e/ou seus familiares
deverão ser orientados sobre quais são esses sinais e/ou sintomas.

Deve-se devolver/entregar à cliente documentos como o Cartão da


Gestante, com os dados referentes à internação e guias de referência/
contrarreferência para o pré-natal.

Atenção de enfermagem a gestantes com


descolamento prematuro de placenta (DPP)

O DPP é a separação abrupta da placenta antes do nascimento do feto,


em gestação com 22 ou mais semanas (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2000). Tal ocorrência está associada ao uso de drogas ilícitas, hipertensão
arterial, anemia, desnutrição, fatores mecânicos (traumatismos, brevidade
do cordão, torção do útero gravídico etc.), fatores placentários (placenta
circunvalada, infartos).

137
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

O diagnóstico clínico é feito com base nos seguintes sinais e sintomas:


dor abdominal súbita, pequeno sangramento de cor vermelho-escuro (em
alguns casos, o sangramento fica oculto), útero hipertônico, doloroso e
sensível à palpação, BCF inaudível, palidez de pele e mucosas. Alguns
casos evoluem para choque grave e distúrbios da coagulação sanguínea.
O diagnóstico é confirmado quando a imagem do ultrassom revela he-
matoma retroplacentário e BCF negativo.

• Cuidados de enfermagem

Encaminhar a paciente ao leito com grades protetoras, fontes de
oxigênio, vácuo e ar comprimido montados e com material de
emergência adequado à mão, apoiá-la emocionalmente, esclarecê-la
de possíveis dúvidas e orientá-la quanto à necessidade de repouso
no leito;
- Orientar a gestante e/ou seu acompanhante quanto ao funcionamento
e rotinas do setor;
- Registrar horário de admissão e condições gerais da paciente;
- Observar e registrar nível de consciência e grau de orientação no
tempo e no espaço;
- Verificar e registrar os sinais vitais (SV), conforme prescrição
de enfermagem, instituindo as medidas cabíveis face aos valores
encontrados. Atentar que os SV podem alertar para possíveis processos
infecciosos ou choque hipovolêmico (aumento da temperatura
corporal, taquicardia, dispneia etc.);

Puncionar acesso venoso periférico, de preferência utilizar um cateter
de grosso calibre e colher amostra sanguínea para exames laboratoriais
de emergência;

Manter permeabilidade venosa, para garantir a reposição volêmica/
correção de coagulopatias;

Realizar cateterismo vesical;

Instituir balanço hídrico (atentar para a perda sanguínea transvaginal:
volume, cor e odor);

Implementar terapêutica medicamentosa prescrita;

Instituir o processo de enfermagem, realizando exame físico, clínico
e gineco-obstétrico, prescrição de enfermagem que será reavaliada
diariamente ou sempre que necessário.

138
O Cuidado à Gestante de Alto Risco

Alta da gestante com descolamento prematuro de placenta (DPP)


A saída da paciente do setor de gestantes patológicas poderá se dar por
transferência para o centro obstétrico, para o CTI, para outra unidade
hospitalar ou residência.

No caso de alta para residência, orientar quanto à importância de retorno


ao pré-natal, à adesão à medicação e dieta prescritas e ao imediato retorno
à unidade em caso de indicação do pré-natalista ou conforme determi-
nados sinais e/ou sintomas apresentados. A cliente e/ou seus familiares
deverão ser orientados sobre quais são esses sinais e/ou sintomas.

Deve-se devolver/entregar à cliente documentos como o Cartão da


Gestante, com os dados referentes à internação e guias de referência/
contrarreferência para o pré-natal.

Atenção de enfermagem a gestantes com rotura


uterina

É o rompimento da parede uterina. Geralmente acontece no decorrer do


trabalho de parto, após a 28ª semana de gestação.

São descritas como causas mais frequentes: a hipercontratilidade uterina


em pacientes com cirurgias uterinas anteriores; as iatrogenias, em virtude
do uso inapropriado/inadequado do ocitócino e do misoprostol; cica-
trizes de cesárea corporal anterior; tentativas de parto por via baixa em
casos de desproporção cefalopélvicas; traumas externos; manobras de
versão realizadas inapropriadamente.

Os sinais de alerta são a presença de contrações uterinas intensas e exces-


sivamente dolorosas e a síndrome de distensão segmentar. Tal síndrome
é identificada quando estão presentes os sinais de Bandel (presença do
sinal quando o anel está próximo ou contíguo à cicatriz umbilical que
separa o corpo do segmento inferior do útero) e Frommel (ligamentos
redondos apresentam-se retesados e desviados para a frente).

O diagnóstico clínico é realizado com base no relato de dor abrupta e


lancinante na região hipogástrica, intercalada com diminuição transitória
da sensação dolorosa; presença de hemorragia interna e/ou externa; ins-
talação do choque, secundário à hemorragia; sinais de irritação peritonial;
paralisação do trabalho de parto; deformidade abdominal e BCF negativo.

139
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

O tratamento indicado é a correção cirúrgica, que varia desde a sutura


uterina até a histerectomia. Cabe ressaltar que, até o ano de 2006, a he-
morragia foi a segunda causa de óbito materno no município do Rio de
Janeiro21 e que a vigilância e a agilidade são fatores cruciais para o sucesso
do tratamento instituído.

• Cuidados de enfermagem ao admitir a paciente


Encaminhar a paciente ao leito com grades protetoras, fontes de
oxigênio, vácuo e ar comprimido montados e com material de
emergência adequado à mão, apoiá-la emocionalmente, esclarecê-la
de possíveis dúvidas e orientá-la quanto à necessidade de repouso
no leito;

Orientar a gestante e/ou seu acompanhante quanto ao funcionamento
e rotinas do setor;

Registrar horário de admissão e condições gerais da paciente;

Observar e registrar nível de consciência e grau de orientação no
tempo e no espaço;

Verificar e registrar os sinais vitais (SV), conforme prescrição de
enfermagem, instituindo as medidas cabíveis face aos valores
encontrados; atentar que os SV podem alertar para possíveis processos
de choque hemorrágico e/ou hipovolêmico (hipotensão arterial,
taquicardia, dispneia etc.);

Puncionar acesso venoso periférico, de preferência utilizar um cateter
de grosso calibre e colher amostra sanguínea para exames laboratoriais
de emergência;

Manter permeabilidade venosa, para garantir a reposição volêmica/
correção de coagulopatias;

Realizar cateterismo vesical;

Instituir balanço hídrico (atentar para a perda sanguínea transvaginal:
volume, cor e odor);

Implementar terapêutica medicamentosa prescrita;

Instituir o processo de enfermagem realizando exame físico clínico
e gineco-obstétrico, prescrição de enfermagem que será reavaliada
diariamente ou sempre que necessário.

2
Dado extraído do relatório anual (2006) do Comitê Municipal de Prevenção e Controle da Mortalidade
Materna, SMS-RJ.

140
O Cuidado à Gestante de Alto Risco

Transferência da gestante com rotura uterina


A saída da paciente do setor de emergência será por transferência para
o centro cirúrgico, tendo em vista a agilidade que o caso requer. Após o
tratamento cirúrgico e findada a recuperação pós-anestésica, poderá ser
encaminhada para o CTI ou para outra unidade hospitalar.

No caso de transferência para outra unidade hospitalar, deve-se devol-


ver/entregar à cliente, seu acompanhante ou equipe de saúde responsável
pelo transporte documentos como o Cartão da Gestante e os dados
referentes à internação. A cliente e/ou seus familiares deverão ser infor-
mados sobre seu quadro clínico, motivo e local de transferência.

Atenção de Enfermagem a Gestantes com


Rotura Prematura das Membranas Ovulares

É a rotura da bolsa amniótica em qualquer período acima da 20ª semana


de gestação e antes do início do trabalho de parto.

Em cerca de 90% dos casos, o trabalho de parto desencadeia-se em 24


horas. Em idades gestacionais inferiores a 37 semanas, é responsável por
33% dos partos prematuros, o que contribui para o aumento da mortali-
dade perinatal. O risco de morte materna fica agravado pela possibilidade
de infecções.

• Cuidados de enfermagem

Acolher e encaminhar a cliente ao leito, apoiá-la emocionalmente,
orientá-la sobre a importância do repouso no leito, de preferência em
decúbito lateral esquerdo;

Orientar a gestante e/ou seu acompanhante quanto ao funcionamento
e rotinas do setor;

Registrar horário de admissão e condições gerais da paciente;

Observar e registrar nível de consciência e grau de orientação no
tempo e no espaço;

Orientar a cliente sobre a higiene perineal rigorosa, bem como a troca
de absorventes perineais sempre que necessário;

Indagar sobre movimentos fetais ativos, se idade gestacional for maior
ou igual a 20ª semana;

141
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA


Monitorar atividade e tônus uterino;

Averiguar para as perdas transvaginais, atentando para características
como cor, odor e volume das perdas;

Manter acesso venoso e colher amostra sanguínea para exames
laboratoriais de emergência;

Instituir o processo de enfermagem, realizando exame físico, clínico e
obstétrico, prescrição de enfermagem que será reavaliada diariamente
ou sempre que necessário;

Verificar e registrar os sinais vitais (SV) conforme prescrição de
enfermagem, instituindo as medidas cabíveis face aos valores
encontrados; atentar que os SV podem alertar para possíveis processos
infecciosos ou choque hipovolêmico (aumento da temperatura
corporal, taquicardia, dispneia etc.);

Implementar terapêutica medicamentosa prescrita;

Auscultar BCF;

Evitar toques vaginais desnecessários;

Atentar quanto ao material estéril para os toques vaginais;

Atentar quanto ao risco de prolapso do cordão umbilical;

Colher amostras de sangue para leucograma seriado conforme rotina
da instituição;

Atentar quanto aos sinais de infecção materna: febre, dor à palpação
abdominal, alterações do líquido amniótico (principalmente purulência
e fetidez) e taquicardia fetal.

Alta da gestante com rotura prematura das membranas ovulares


A saída da paciente do setor de gestantes patológicas poderá se dar por
transferência para o centro obstétrico, para o CTI, para outra unidade
hospitalar ou residência.

No caso de alta para residência, orientar quanto à importância de retor-


no ao pré-natal, à adesão à medicação e dieta prescritas e ao imediato
retorno à unidade em caso de indicação do pré-natalista ou conforme
determinados sinais e/ou sintomas apresentados. A cliente e/ou seus
familiares deverão ser orientados sobre quais são esses s sinais e/ou
sintomas.

142
O Cuidado à Gestante de Alto Risco

Deve-se devolver/entregar a cliente documentos como o Cartão da


Gestante, com os dados referentes à internação e guias de referência/
contrarreferência para o pré-natal.

Diabetes Mellitus

É uma doença metabólica crônica, caracterizada por hiperglicemia. É


responsável por índices elevados de morbimortalidade perinatal, espe-
cialmente por macrossomia e malformações fetais.

Classificação:
• Diabetes pré-gestacional - inclui o diabetes prévio à gravidez: tipo 1,
tipo 2 ou outros;
• Diabetes gestacional - diagnosticado durante a gravidez.

• Cuidados de enfermagem

Acolher e encaminhar a paciente ao leito, apoiá-la emocionalmente,
esclarecê-la de possíveis dúvidas e orientá-la quanto ao repouso
relativo no leito, de preferência em decúbito lateral esquerdo (DLE).

Orientar a gestante e/ou seu acompanhante quanto ao funcionamento
e rotinas do setor;

Registrar horário de admissão e condições gerais da paciente;

Observar e registrar nível de consciência e grau de orientação no
tempo e no espaço;

Puncionar acesso venoso periférico, de preferência utilizar um cateter
de grosso calibre e colher amostra sanguínea para exames laboratoriais
de emergência;

Manter hidratação venosa com solução fisiológica a 0,9% para
prevenir o choque hipovolêmico, conforme prescrição médica;

Instituir o processo de enfermagem realizando exame físico, clínico
e gineco-obstétrico, prescrição de enfermagem que será reavaliada
diariamente ou sempre que necessário;

Verificar e registrar os sinais vitais (SV), conforme prescrição
de enfermagem, instituindo as medidas cabíveis face aos valores
encontrados;

Avaliar atividade e tônus uterino;

143
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA


Implementar terapêutica medicamentosa prescrita;

Indagar sobre movimentos fetais ativos, se idade gestacional for maior
ou igual que 20 semanas;

Avaliar altura uterina e circunferência abdominal;

Pesar diariamente em jejum a gestante;

Auscultar BCF;

Informar à gestante sobre a sua condição clínica;

Orientar quanto ao efeito materno-fetal do diabetes;

Atentar quanto aos sinais de infecção, principalmente urinária;

Realizar e registrar haemoglucoteste nos horários padronizados ou
quando necessário;

Observar rigorosamente a dosagem e tipo de insulina (NPH ou
regular) a ser administrada;

Realizar o rodízio do local de aplicação da insulina;

Orientar a cliente quanto ao autocuidado;

Manter hidratação com soro glicosado a 5% e a verificação dos níveis
glicêmicos de forma regular, através do haemoglucotest, nos casos de
jejum prolongado para interrupção da gravidez;

Atentar quanto aos sinais e sintomas de hiperglicemia: poliúria,
polidipsia, mal-estar, sensação de “vazio” na cabeça, diminuição do
turgor cutâneo, mucosas secas, alterações da consciência, taquicardia,
letargia, coma e convulsão;

Atentar quanto aos sinais e sintomas de hipoglicemia: tremores,
dormência perioral, sudorese intensa, palidez, palpitações, fome
intensa, visão turva, tonturas, cefaleia, irritabilidade, distúrbios de
comportamento,convulsão, perda da consciência e coma.

Alta da gestante com Diabetes Mellitus


A saída da paciente do setor de gestantes patológicas poderá se dar por
transferência para o centro obstétrico, para o CTI, para outra unidade
hospitalar ou residência.

No caso de alta para a residência, realizar as orientações sobre cuidados


com higiene corporal; alimentação; administração de insulina, se for o
caso; retorno à atividade laboral e sexual. Reforçar quanto à importância
de retorno ao pré-natal, à adesão à medicação e dieta prescritas e ao

144
O Cuidado à Gestante de Alto Risco

imediato retorno à unidade em caso de indicação do pré-natalista ou


conforme determinados sinais e/ou sintomas apresentados. A cliente e/
ou seus familiares deverão ser orientados sobre quais são esses s sinais
e/ou sintomas.

Deve-se devolver/entregar a cliente documentos como o Cartão da


Gestante, com os dados referentes à internação e guias de referência/
contrarreferência para o pré-natal.

Infecção Puerperal
O conceito de infecção puerperal está diretamente ligado ao de morbi-
dade febril puerperal, que é a temperatura de, no mínimo, 38ºC durante
dois dias quaisquer, dos primeiros 10 dias pós-parto, excluíndo as 24
horas iniciais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

Neste período, podem surgir vários focos de infecção se alguns cuida-


dos não forem instituídos. A mais comum, nesses casos, é aquela que se
origina do aparelho genital após o parto recente e o agente etiológico
frequentemente identificado é a Escherichia coli. Contudo, também pode
ocorrer a infecção das mamas (mastite), da ferida operatória (nos casos
de parto cesáreo), da episiotomia (nos casos de parto normal), a decor-
rente da existência de restos placentários.

Vale ressaltar que os principais fatores de risco são: ruptura prematura


das membranas ovulares e/ou trabalho de parto prolongados; manipu-
lação vaginal excessiva (toques); más condições de assepsia; debilidade
imunológica; desnutrição ou obesidade; traumas cirúrgicos; operação
cesariana e retenção de restos ovulares (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2002). Os casos leves podem ser tratados ambulatorialmente, porém as
infecções mais graves requerem a internação.

A atuação da enfermagem será no sentido de evitar a infecção puerperal.


No entanto, quando essa instala-se, as condutas de enfermagem estarão
condicionadas ao quadro clínico apresentado pela cliente.

• Cuidados de enfermagem

Realizar exame físico gineco-obstétrico/clínico diário (atentar para
as alterações das mamas e dos mamilos, da ferida operatória ou da
episiotomia, da loquiação - odor e coloração e eliminações vesicais);

145
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA


Verificar e registrar os sinais vitais (SV), conforme prescrição
de enfermagem, instituindo as medidas cabíveis face aos valores
encontrados;

Realizar avaliação do 5º sinal vital – DOR (localização, duração e
intensidade);

Observar e avaliar as mamadas e corrigir, caso necessário, a posição e
pega da aréola;

Orientar e realizar a massagem e ordenha das mamas e/ou solicitar
apoio do banco de leite;

Realizar punção de veia periférica, nos casos em que a equipe médica
instituir o tratamento com antibioticoterapia venosa;

Realizar curativo da ferida operatória ou episiotomia, de acordo com
as orientações dos manuais técnicos do Ministério da Saúde;

Realizar avaliação dos resultados dos exames laboratorias, como
hemograma completo e EAS, e comunicar/encaminhar ao médico
quando da existência de alguma alteração.

Alta da mulher com infecção puerperal


A saída da paciente do setor de puérperas poderá se dar por transferên-
cia para o centro obstétrico, para o CTI, para outra unidade hospitalar
ou residência.

No caso de alta para residência, orientar quanto à importância da adesão


à medicação prescrita, ao autocuidado, retorno à atividade laboral e sexu-
al e à unidade básica de saúde para acompanhamento pós-natal.

Deve-se devolver/entregar à cliente documentos com os dados referen-


tes à internação e guias de referência/contrarreferência para o pós-natal.

146
O Cuidado à Gestante de Alto Risco

Parte V

O Cuidado à Mãe e ao Bebê no


Pós-Natal Ambulatorial

147
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

148
O Cuidado à Mãe e ao Bebê no Pós-Natal Ambulatorial

Compreende o retorno da mulher e do recém-nascido à unidade básica


de saúde após a alta hospitalar. Esse retorno deve ocorrer entre 7 a 10
dias após o parto e agendado no momento da alta hospitalar para a UBS
mais próxima à residência da puérpera. O encaminhamento é realizado
mediante cartão de acolhimento mãe e bebê ou do cartão da gestante (en-
caminhamento apenas da puérpera). Em alguns casos, esse retorno pode
ser para a Casa de Parto ou maternidade onde a mulher foi atendida.

O objetivo da consulta pós-natal é avaliar as condições gerais de saúde


da mulher e do bebê; orientar e apoiar a família para a amamentação e
quanto aos cuidados com o recém-nascido; avaliar o vínculo mãe-bebê;
identificar e conduzir situações de risco ou intercorrências e orientar
quanto ao planejamento familiar.

Cuidados de enfermagem com a puérpera



Verificar o cartão da gestante e perguntar à mulher sobre o curso
da sua gestação, dados do parto e nascimento do RN e uso de
medicamentos;

Indagar e orientar sobre o aleitamento, cuidados com as mamas/
mamilos, alimentação, sono, atividades físicas, atividade sexual,
dor, fluxo vaginal, sangramento, queixas urinárias, febre, desejo de
ter mais filhos, uso de método contraceptivo e ativação de método
contraceptivo (se for o caso), estado de humor, pessoa de apoio para
as atividades no lar e com o RN, cuidados com o RN e vacinas;

Realizar o exame clínico-ginecológico;

Agendar consulta puerperal para até 42 dias após o parto.

Cuidados de enfermagem com o RN

Verificar os dados contidos na Caderneta de Saúde da Criança;

Verificar o peso do nascimento e o atual para avaliar ganho ou perda
ponderal;

Realizar exame físico cefalocaudal, atentando para a hidratação através
do turgor da pele e fontanelas, para a icterícia ─ através da coloração
da pele e esclerótica ─ e características do coto umbilical;

Avaliar e registrar sinais vitais;

Investigar eliminações vesicointestinais;

149
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA


Observar e avaliar posicionamento, pega e sucção do RN ao seio
materno;

Investigar aleitamento exclusivo e risco para desmame;
 caso de necessidade, encaminhar ao Banco de Leite (da unidade
Em
ou referenciado);

Investigar a realização do teste do pezinho, vacinas (Hepatite B e
BCG).

CONCLUSÃO
A enfermagem obstétrica da SMSDC do Rio de Janeiro, representada
nesta produção por este grupo técnico, reitera que sua prática tem, como
premissa maior, a concordância com os estudos realizados e apoiados
pela cientificidade, que constituem a chamada “atenção baseada em evi-
dências”. Nessa linha de entendimento, apoiamos a orientação emitida
pelo Ministério da Saúde relativa à atenção a partos de que: “os bene-
fícios e, em decorrência, os melhores resultados maternos e perinatais
relacionam-se diretamente à assistência humanizada, respeitando-se os
direitos da parturiente, resgatando o seu papel como protagonista e in-
centivando o parto natural.” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001. p.86).

Todas as ações de enfermagem descritas nesse manual visam a esse


momento: uma mulher, de preferência com o seu bebê, ambos de alta
e saudáveis, encaminhados ou retornando para a atenção básica, onde
continuarão a participar de ações e atividades que promovam a saúde da
mulher e da criança.

Compreendemos que no entanto, algumas vezes, esse desfecho não é


possível ou o percurso até ele é cheio de intercorrências. Almejamos que,
em qualquer situação, a mulher, o seu bebê e sua família possam contar
com a Enfermagem da SMSDC, acreditamos em uma Enfermagem com-
prometida com os Princípios do SUS e com a Assistência Humanizada ao
parto e Nascimento, e a cada dia mais capacitada tecnicamente.

Essa foi nossa maior motivação ao escrever essas Diretrizes.

150
Bibliografia

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154
Anexos

Anexos

Anexo A

Apresentação das Unidades


As maternidades da SMSDC-RJ, dependendo do grau de complexidade
dos seus recursos, oferecem assistência tanto em partos normais quanto
em situações de risco, decorrentes de anormalidades na saúde da mãe
ou do recém-nascido. Estes, quando prematuros ou gravemente enfer-
mos, geralmente necessitam de atendimento em unidades de tratamento
intensivo (UTIs) ou em unidades intermediárias (UIs), disponíveis nas
maternidades de risco. Atualmente, a rede conta com oito maternidades
e uma Casa de Parto, distribuídas entre as diferentes regiões (áreas pro-
gramáticas/AP) da cidade.

Hospital Maternidade Fernando Magalhães


Unidade de referência para gestação de alto risco e atendimento a vítimas
de violência sexual, inclusive para o aborto previsto em lei. Foi a primeira
unidade a implantar a atenção ao parto normal por enfermeiras obstetras na
rede municipal (1988).

Inauguração da maternidade: 06 de Julho de 1955.


Endereço: Rua General José Cristino, 87. São Cristóvão.
Telefone: 2580-8343 / 2580-1132

155
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Hospital Maternidade Oswaldo Nazareth


Unidade de referência para acompanhamento de gestantes diabéticas e ado-
lescentes e para o atendimento a vítimas de violência sexual. Tem o título de
Hospital Amigo da Criança.

Inauguração da maternidade: 21 de janeiro de 1974


Endereço: Praça XV de Novembro, nº 4, fundos. Centro. CAP 1.0.
Telefone: 2507-6001

Maternidade do Hospital Municipal Miguel Couto


Está inserida em um hospital de emergência localizado no bairro da Gávea.

Inauguração da maternidade: 25 de outubro de 1936


Endereço: Rua Mário Ribeiro, 117. Gávea – CAP 2.1.
Telefone: 3111-3600 / 3111-3711

156
Anexos

Maternidade do Hospital Municipal Paulino Werneck


Está inserida em um Hospital Geral na Ilha do Governador. Atende ao baixo
risco obstétrico.

Inauguração da maternidade: 06 de agosto de 1935.


Endereço: Estrada da Cacuia, 745. Ilha do Governador.
Telefone: 3111-7705 / 3111-7706.
Capacidade instalada: 14 leitos obstétricos

Hospital Maternidade Carmela Dutra


Maternidade que alia o maior número de mulheres atendidas à garantia das
práticas humanizadas na atenção perinatal. É uma das maiores unidades
materno-infantis da rede municipal de saúde, atende ao baixo risco e é refe-
rência para o alto risco materno, principalmente a hipertensão gestacional,
além de ser referência para o atendimento de vítimas da violência sexual.
Recebeu o título de Hospital Amigo da Criança.

Inauguração da maternidade: 19 de novembro de 1947


Endereço: Rua Aquidabã, 1037, Lins de Vasconcelos.
Telefone: 2597-3552 / 2269-5446

157
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Hospital Maternidade Alexander Fleming


Foi uma das primeiras maternidades da rede a instituir o projeto de assis-
tência ao parto de baixo risco pela enfermagem obstétrica e a primeira da
rede a receber o título de Hospital Amigo da Criança. Referência para o
atendimento a vítimas de violência sexual.

Inauguração da maternidade: 26 de Janeiro de 1956


Endereço: Rua Jorge Schimdt, 331. Marechal Hermes.
Telefone: 2450-2580 / 2450-2007.

Hospital Maternidade Herculano Pinheiro


A mais antiga das maternidades da rede municipal de saúde. Atende prio-
ritariamente a gestantes de baixo risco. É referência para o atendimento a
vítimas de violência sexual e possui o título de Hospital Amigo da Criança.

Inauguração da maternidade: 1933


Inauguração das novas instalações: 22 de maio de 1997
Endereço: Av. Edgard Romero, 276. Madureira.
Telefone: 3390-0180 / 3390-1217

158
Anexos

Unidade Materno-Infantil Leila Diniz / Hospital


Municipal Lourenço Jorge
Maternidade pioneira nas práticas de humanização da atenção obstétrica. Criou
e desenvolveu uma assistência diferenciada ao parto de baixo risco, com uma
equipe de enfermagem obstétrica capacitada e envolvida com esta proposta de
trabalho. É referência para o atendimento a vítimas de violência sexual.

Inauguração da maternidade: 09 de Junho 1994


Inauguração nas novas instalações: 02 de Janeiro de 2008
Endereço: Avenida Ayrton Senna, 2000. Barra de Tijuca.
Telefone: 3111-4950 / 3111-4601/ 3111-4909

Casa de Parto David Capistrano


É a única casa de parto da cidade e do estado do Rio de Janeiro. Funciona so-
mente com enfermeiros obstetras e proporciona à população um atendimen-
to diferenciado, voltado para a comunidade ao seu entorno. Traz a proposta
de um ambiente acolhedor, semelhante a uma residência, onde se incentiva e
facilita a participação da família em todas as etapas do processo gestacional.
As gestantes de baixo risco são acompanhadas durante o pré-natal, parto e
puerpério, e se respeita o papel da mulher como protagonista deste processo.

Inauguração: 08 de Março de 2004


Endereço: Rua Pontalina, sem número. Realengo.
Telefone: 3335-2535.

159
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Anexo B

Legislações e Resoluções que Dispõem sobre a


Regulamentação do Exercício da Enfermagem:
Legislações e Resoluções:
Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986.
Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e dá
outras providências.

i) consulta de Enfermagem;
j) prescrição da assistência de Enfermagem;
a) participação no planejamento, execução e avaliação da programação
de saúde;
c) prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde
pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde;

Decreto nº 94.406, de 08 de junho de 1987.


Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre
o exercício da Enfermagem, e dá outras providências.

Art. 3º - A prescrição da assistência de Enfermagem é parte integrante do


programa de Enfermagem.
Art. 8º - Ao Enfermeiro incumbe:
e) consulta de Enfermagem;
f) prescrição da assistência de Enfermagem;
h) cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam co-
nhecimentos científicos adequados e capacidade de tomar decisões imediatas;
a) participação no planejamento, execução e avaliação da programação
de saúde;

160
Anexos

Resolução COFEN-159/1993

Dispõe sobre a consulta de Enfermagem

Considerando que a partir da década de 60 vem sendo incorporada


gradativamente em instituições de saúde pública a consulta de
Enfermagem, como uma atividade fim;

Considerando que a Consulta de Enfermagem, sendo atividade privativa


do Enfermeiro, utiliza componentes do método científico para identificar
situações de saúde/doença, prescrever e implementar medidas de
Enfermagem que contribuam para a promoção, prevenção, proteção da
saúde, recuperação e reabilitação do indivíduo, família e comunidade;

Considerando que a Consulta de Enfermagem compõe-se de Histórico


de Enfermagem (compreendendo a entrevista), exame físico, diagnóstico
de Enfermagem, prescrição e implementação da assistência e evolução
de enfermagem;

Considerando a institucionalização da consulta de Enfermagem como


um processo da prática de Enfermagem na perspectiva da concretização
de um modelo assistencial adequado às condições das necessidades de
saúde da população;

Resolução do COFEN Nº 272/2002

Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE -


nas Instituições de Saúde Brasileiras

CONSIDERANDO que a Sistematização da Assistência de Enfermagem


- SAE, sendo atividade privativa do enfermeiro, utiliza método e
estratégia de trabalho científico para a identificação das situações de
saúde/doença, subsidiando ações de assistência de Enfermagem que
possam contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação
da saúde do indivíduo, família e comunidade; CONSIDERANDO a
institucionalização da SAE como prática de um processo de trabalho
adequado às necessidades da comunidade e como modelo assistencial
a ser aplicado em todas as áreas de assistência à saúde pelo enfermeiro;

161
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Resolução COFEN-195/1997

Dispõe sobre a solicitação de exames de rotina e complementares por


Enfermeiro

Considerando que para a prescrição de medicamentos em programa


de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde, o
Enfermeiro necessita solicitar exame de rotina e complementares para
uma efetiva assistência ao paciente sem risco para o mesmo;

Resolução COFEN Nº 271/2002

Regulamenta ações do Enfermeiro na consulta, prescrição de


medicamentos e requisição de exames.

Considerando os programas do Ministério da Saúde: “DST/AIDS/


COAS”; “Viva Mulher”; “Assistência Integral e Saúde da Mulher e da
Criança (PAISMC)”;”Controle de Doenças Transmissíveis” dentre outros,
Considerando Manuais de Normas Técnicas publicadas pelo Ministério
da Saúde: “Capacitação de Enfermeiros em Saúde Pública para SUS -
Controle das Doenças Transmissíveis”; “Pré-Natal de Baixo Risco” - 1986;
“Capacitação do Instrutor/Supervisor/Enfermeiro na área de controle
da Hanseníase” - 1988; “Procedimento para atividade e controle da
Tuberculose”- 1989; “Normas Técnicas e Procedimentos para utilização
dos esquemas Poliquimioterapia no tratamento da Hanseníase”- 1990;
“Guia de Controle de Hanseníase” - 1994; “Normas de atenção à
Saúde Integral do Adolescente” - 1995; Considerando o Manual de
Treinamento em Planejamento Familiar para Enfermeiro da Associação
Brasileira de Entidades de Planejamento Familiar (ABEPF); Resolve:
Art. 1º - O Enfermeiro pode solicitar exames de rotina e complementares
quando no exercício de suas atividades profissionais.

162
Anexos

Anexo C

ANO XXII • Nº 150 • D.O. Rio de 23/10/2008


OFÍCIO GP/CM N.º 1.119 EM 22 DE OUTUBRO DE 2008.
Senhor Presidente,
Dirijo-me a Vossa Excelência para comunicar que, nesta data, sancionei
o Projeto de Lei n. º 1.667-A, de 2008, de autoria do Ilustre Senhor
Vereador Charbel Zaib, que “Dispõe sobre a inclusão do quesito raça nos
formulários de informações em saúde do Município do Rio de Janeiro
e dá outras providências”, cuja segunda via restituo-lhe com o presente.
Aproveito o ensejo para reiterar a Vossa Excelência meus protestos de
estima e distinta consideração.
CESAR MAIA

Ao Exmo. Sr.Vereador ALOÍSIO FREITAS


Presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro
LEI N. º 4.930 DE 22 DE OUTUBRO DE 2008.
Dispõe sobre a inclusão do quesito raça nos formulários de informações
em saúde do Município do Rio de Janeiro e dá outras providências.
Autor: Vereador Charbel Zaib

O PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, faço saber que a


Câmara Municipal decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1.º Passa a ser obrigatória a inclusão da informação “raça” em todos
os formulários de saúde do Município do Rio de Janeiro.
Parágrafo único. Para fins de aplicação da presente Lei, entende-se por
formulário de saúde os seguintes documentos: fichas de admissão, fichas
ambulatoriais, requerimentos de exame, entre outros.
Art. 2.º A coleta da informação “raça” obedecerá ao critério de
autodeclaração por parte do paciente, conforme as diretrizes estabelecidas
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE.

163
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

Art. 3.º Nos casos em que o paciente se encontrar impossibilitado de


prestar a informação de que trata a presente Lei, caberá aos seus familiares
ou responsável fazê-lo.
Art. 4.º Caberá ao Poder Executivo dar as providências necessárias para a
regulamentação e aplicação da presente Lei.
Art. 5.º Esta Lei entra em vigor noventa dias após a data de sua publicação.
CESAR MAIA

164
Anexos

Anexo D

165
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

166
Anexos

167
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

168

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