Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Battista Mondin PEDAGOGIA

Fazer download em ppt, pdf ou txt
Fazer download em ppt, pdf ou txt
Você está na página 1de 39

Battista Mondin

Battista Mondin Battista Mondin nasceu em Vicenza, Itlia, em 1926. sacerdote do Instituto Xaveriano. Doutor em Filosofia e Religio junto Harvard University, h vrios anos professor de filosofia na Faculdade de Filosofia da Pontifcia Universidade Urbaniana, em Roma. autor de vasta obra bibliogrfica.

O objetivo constante da filosofia foi, sempre, praticamente um s: conhecer o homem, ou seja, conhecer a si mesmo.

O campo da filosofia pode ser delimitado nas seguintes questes: 1) O que eu posso saber? Metafsica 2) O que eu devo fazer? Moral 3) O que posso esperar? Religio 4) O que o homem? Antropologia

A histria da filosofia nos ensina, alm disso, que os principais pontos de vista no estudo do homem so quatro:
1- o ponto de vista da natureza, (que o ponto de vista clssico) no qual o homem vem concebido como microcosmo 2- ponto de vista de Deus, (que aquele dos Padres dos primeiros tempos da Igreja e dos Escolsticos), por ele o homem vem concebido como Imago Dei

A histria da filosofia nos ensina, alm disso, que os principais pontos de vista no estudo do homem so quatro:
3- ponto de vista do Eu (que aquele da filosofia moderna), no qual o homem concebido como subjetividade autoconsciente 4- o ponto de vista do Outro (que aquele da ps-modernidade), onde o homem concebido como um ser dialgico

PRIMEIRA DEFINIO: SER CULTURAL

PRIMEIRA DEFINIO: SER CULTURAL A filosofia moderna realizou uma mudana radical. No o v mais apenas como uma criao da natureza, mas como um produto de si mesmo. O homem o artfice de si mesmo. a tese de Hegel, de Nietzsche, de Sartre, de Heidegger e da maior parte dos filsofos modernos.

PRIMEIRA DEFINIO: SER CULTURAL Numa concepo historicista do homem, baseada no primado da liberdade sobre a inteligncia, da prtica sobre a teoria, da existncia sobre a essncia, da histria sobre a natureza. No plano moral no existe nenhum outro imperativo fora daquele de traduzir em ato a prpria possibilidade, (a prpria potncia!).

PRIMEIRA DEFINIO: SER CULTURAL

A cultura no uma roupa que se vista ou se dispa ao prprio prazer, no qualquer coisa acidental ou secundria, mas um elemento constitutivo da essncia do homem, ela faz parte da natureza humana. Sem a cultura no possvel existir nem a pessoa individualmente, nem o grupo social.

PRIMEIRA DEFINIO: SER CULTURAL O homem no somente o sujeito ativo da cultura, mas tambm o sujeito passivo; ele no s o artfice, mas tambm o produto principal. Devemos, de fato, reconhecer que a tarefa primeira e principal da cultura no construir casas, carros, trens, navios, avies, computadores, bombas etc., em outras palavras, construir o mundo. Sua tarefa principal construir o homem, um projeto de humanidade que seja adequado dignidade e exigncia da pessoa humana.

PRIMEIRA DEFINIO: SER CULTURAL O homem, como se viu, no um edifcio prfabricado que basta simplesmente montar, como hoje se faz com casas, pontes, escolas, igrejas etc.. Ele deve se construir com suas prprias mos, cultivando a si mesmo. O objetivo primrio da cultura promover a realizao da pessoa. Eis aqui a nossa primeira e preliminar definio do homem: o homem essencialmente um ser cultural.

SEGUNDA DEFINIO: HOMEM SER LIVRE A condio essencial que faz do homem um ser cultural a liberdade Na liberdade confluem as melhores energias do homem, que so o conhecimento e a vontade. O ato livre no um ato cego, instintivo, mas um ato da vontade iluminada pela razo.

SEGUNDA DEFINIO: HOMEM SER LIVRE Os escolsticos costumam distinguir trs gneros de liberdade: exercitii (querer e no querer), especificationis (fazer esta ou aquela coisa), contrarietatis (fazer o bem ou o mal). Estas distines so importantes, mas referem-se, antes de tudo e sobretudo, realizao do homem: fazer ou no fazer o homem, fazer este ou aquele tipo, este ou aquele modelo de homem, realizar bem ou realizar mal o homem.

SEGUNDA DEFINIO: HOMEM SER LIVRE A liberdade faz pelo homem muito mais: a sua funo, antes mesmo que tica ou jurdica, antropolgica e ontolgica A liberdade dada ao homem para que ele possa realizar a si mesmo, seu prprio ser; porque ele realiza aquilo que a natureza apenas comeou a esboar.

SEGUNDA DEFINIO: HOMEM SER LIVRE Assim chegamos a uma segunda definio do homem, a qual elucida e explicita a primeira. A segunda definio diz que o homem essencialmente livre. A realizao do ser do homem confiada sua liberdade. O homem pode e deve cultivar a si mesmo: objeto e tambm sujeito da cultura porque livre. A liberdade, da qual o homem essencialmente dotado, feita justamente para isto: para a realizao do ser do homem.

TERCEIRA DEFINIO: HOMEM ESPRITO

Que o homem seja esprito no coisa bvia. O que bvio exatamente o contrrio: que o homem matria, corpo, sujeito degenerao e corrupo. Por este motivo, Nietzsche que usava aquilo que a sua experincia imediata percebia, declarava que o homem corpo e somente corpo.

TERCEIRA DEFINIO: HOMEM ESPRITO A espiritualidade do homem , portanto, argumentada e demonstrada. No por isso a espiritualidade se toma um fenmeno secundrio, acidental: um epifenmeno da matria, como sustentava Marx. A sua no evidncia nada diz a propsito da sua importncia e do seu valor. Tambm Deus inevidente e, mesmo sendo de todas as realidades aquela menos evidente, valor mximo, valor absoluto.

TERCEIRA DEFINIO: HOMEM ESPRITO A definio do homem como esprito implcita nas duas definies precedentes, do homem como ser cultural e como ser livre. De fato, a espiritualidade no dispensa a matria, a necessidade e o instinto, e requisito da liberdade que iseno da necessidade e domnio sobre a matria.

TERCEIRA DEFINIO: HOMEM ESPRITO

Da espiritualidade do ser profundo do homem a que costumamos dar o nome de anima, existem muitos indcios: a auto conscincia, a reflexo, contemplao, o colquio, a adorao, a auto transcendncia etc.. Mas o indcio mais certo, porm a liberdade. Esta , de fato, a condio prpria do esprito: libertas est conditio essendi spiritualitatis

TERCEIRA DEFINIO: HOMEM ESPRITO


Radhacrishnan, mximo filsofo indiano do sculo XX, escreveu: O verdadeiro humanismo nos ensina que existe no homem alguma coisa de maior do que aquilo que aparece sua conscincia ordinria, algo que gera idias e pensamentos, uma presena espiritual mais sutil, que o torna insatisfeito de suas conquistas puramente terrenas. A nica doutrina que pode apresentar uma antiga linguagem intelectual aquela que se baseia na idia de que a condio ordinria do homem no a sua essncia mais ntima: que existe nele um ser mais profundo, que se chama, sopro vital, esprito, alma ou mente.

TERCEIRA DEFINIO: HOMEM ESPRITO


O cultivo do homem, que se atualiza, graas liberdade deve ser, portanto, voltado primeiramente ao esprito: deve ter em mira a dimenso espiritual do nosso ser, a alma. Fazer o homem, que a tarefa prpria da moral, significa fazer o homem em todas as suas dimenses, somtica e espiritual, psquica e intelectual, mas que significa, sobretudo, realizar o homem como esprito, porque o homem intimamente e primariamente esprito. Esta a grande lio da qual somos devedores, alm do cristianismo, tambm filosofia oriental e filosofia platnica.

QUARTA DEFINIO: HOMEM PESSOA No existe um termo melhor para qualificar o ser do homem do que o termo persona. Com esse termo, segundo So Toms, se designa aquilo que h de mais perfeito no universo: Persona significat id quod est perfectissimum in tota natura, scilicet subsistens in natura rationali. E no universo, ns sabemos no existe nenhum outro ser mais perfeito do que o homem.

QUARTA DEFINIO: HOMEM PESSOA


No mundo em que vivemos, tudo intensamente socializado. Vivemos sob o imprio dos meios de comunicao. A coexistncia, a convivncia com os outros, que normalmente so fatores positivos, freqentemente se transformam em fatores negativos e impeditivos para a realizao pessoal: o mundo transforma?Se numa gaiola, numa capa de chuva, numa droga que sufoca e mortifica as suas ntimas aspiraes, as suas ambies os seus ideais, e toma vs suas fontes espirituais e o seu projeto de humanidade. Na coexistncia a massa supera a pessoa: os direitos e os valores pessoais no contam mais. Sobre eles prevalecem as estruturas e exigncias sociais.

QUARTA DEFINIO: HOMEM PESSOA A pessoa, enquanto subsistente na ordem do esprito, justamente por causa de sua dimenso espiritual, essencialmente abertura e comunicao. Tal abertura e tal capacidade de comunicao conferem pessoa a possibilidade de viver a prpria coexistncia na forma de proexistncia: de transformar o viver com os outros, em um viver para os outros, em um ser para os outros, segundo a clebre expresso de D. Bonhoeffer.

QUARTA DEFINIO: HOMEM PESSOA A proexistncia a generosidade e a dedicao, o esprito de sacrifcio, de renncia de si mesmo. dar precedncia ao outro, preocupar-se pelo outro mais do que por si mesmo. Para certas pessoas (o pai, a me, a esposa, o amigo, o heri etc.) esta atitude algo de instintivo e de conatural, mas o seu mbito muito restrito. Para que a proexistncia possa se tomar um trao dominante da pessoa, necessrio um forte empenho da vontade e o exerccio cotidiano.

QUARTA DEFINIO: HOMEM PESSOA O voluntariado, nas suas mltiplas formas de expresso, um exerccio concreto de proexistncia. E no simplesmente um modo de vir ao encontro da necessidade do prximo e de ocupar o tempo livre, mas tambm um meio excelente de realizao de si mesmo como pessoa, ou seja, como esprito encarnado.

QUARTA DEFINIO: HOMEM PESSOA


A realizao de si mesmo passa necessariamente atravs do prximo. Por este motivo, para definir adequadamente a pessoa, no basta a subsistncia nem a coexistncia, necessrio tambm a proexistncia, e o mbito da proexistncia o prximo. Portanto, o prprio crescimento espiritual, que o crescimento na dimenso mais profunda da pessoa, se consegue, no amando a si mesmo, mas o prximo e, atravs do prximo, Deus mesmo, fonte de todo amor e supremamente amvel, e que , portanto, digno de ser amado com todas as foras, sobre qualquer outra coisa ou pessoa.

QUINTA DEFINIO: HOMEM TEOMORFO O homem imagem, cone de Deus. Este um ensinamento constante e concorde dos Padres da Igreja e de todos os grandes Escolsticos, de So Boaventura e So Toms, de modo particular, mas tambm doutrina de Plato e dos platnicos

QUINTA DEFINIO: HOMEM TEOMORFO


Para o homem, a pessoa humana, ser imagem de Deus verdade ontolgica e exigncia tica, ao mesmo tempo. , antes de tudo, verdade ontolgica. Enquanto esprito, enquanto ser inteligente e livre, o homem cpia fiel de Deus, a Ele marcadamente assemelhado. Tanto se assemelha, que ele espelha Deus, no simplesmente na sua unidade, mas tambm, como se esforou para mostrar Santo Agostinho, de mil modos, na sua Trindade. O homem espelho do Pai na memria, do Filho na inteligncia, e do Esprito no amor.

QUINTA DEFINIO: HOMEM TEOMORFO Mas tambm uma exigncia tica. A tarefa da tica fazer o homem, realizar plenamente essa verdade.

QUINTA DEFINIO: HOMEM TEOMORFO

para realizar-se como ser teomorfo, de acordo com o modelo divino, a pessoa deve tornar-se cristiforme. J a pessoa traz em si a forma de Deus, a teomorfa, em forma incipiente, desde o nascimento. Com a assistncia do Esprito Santo, durante a vida, pode tornar-se sempre mais pleno, na medida em que sabe fazer-se discpulo e imitador de Cristo

SEXTA DEFINIO: HOMEM VALOR ABSOLUTO At agora tivemos vrias definies sobre o homem. Na viso fenomenolgica vimos que um ser cultural (mais do que natural); na viso tica vimos que livre; na viso ontolgica que esprito subsistente (ou seja, pessoa) e teomorfo, imagem de Deus.

SEXTA DEFINIO: HOMEM VALOR ABSOLUTO O valor absoluto do homem est no esprito. Se no se o situa o valor no esprito , totalmente gratuito e arbitrrio considerar o homem um valor absoluto. Se o homem s corpo, s matria, ele se toma necessariamente uma realidade manipulada, instrumentalizada e, portanto, no pode ter um valor absoluto, mas sim um valor instrumental; no mais simplesmente um fim, mas somente um meio

SEXTA DEFINIO: HOMEM VALOR ABSOLUTO O homem um esprito finito. Isto significa que a sua condio de absoluto e infinitude no pertence ordem ontolgica mas, sim ordem axiolgica. O homem absoluto e infinito como valor, mas no como ser.

Leituras Complementares

Qual a diferena entre o homem e as coisas? que s o homem livre. O homem nada mais do que o seu projeto. A palavra projeto significa, etimologicamente, ser lanado adiante, assim como o sufixo ex da palavra existir significa fora. Ora, s o homem existe, porque o existir do homem para si, ou seja, sendo consciente, o homem uma ser-para-si, pois a conscincia autoreflexiva, pensa sobre si mesma, capaz de pr-se fora de si.

Leituras Complementares
O homem sartreano desamparado, sem presente, sem cho, voltado para o passado buscando um futuro a ser construdo. Sua moral da escolha, pois segundo Sartre: O homem livre para agir, para engajar-se na luta pela vida da qual o prprio homem contingente. Diante de um perodo de descrena de valores, hipocrisia da burguesia, Sartre investiga que ele , quem so os homens e qual o sentido da vida?

http://www.paradigmas.com.br/parad09/p6.9.htm

Leituras Complementares
Para Sartre o homem vive de escolhas, e so atravs dessas escolhas, dependendo de qual escolha fizer, que o homem vai manifestar a sua presena dentro do mundo. O homem primeiramente existe, e durante o processo de sua existncia, ele se torna e vai construindo a essncia, ou seja, a existncia precede a essncia, a essncia um construtor humano. Com isso, Sartre quer dizer que o homem uma construo que se faz mediante a liberdade, a qual fruto da sua escolha. Quando nasce, o homem nada. No existem idias inatas, anteriores ao surgimento do homem e destinadas a orientar sua vida, indicando que caminho ele deve seguir.
http://www.paradigmas.com.br/parad09/p6.9.htm

Leituras Complementares
As idias, o homem extra de sua experincia pessoal. O indivduo primeiramente existe; torna-se isto ou aquilo, quer dizer, adquire sua essncia O homem deve ser inventado todos os dias, sintetiza Sartre. atravs da liberdade que o homem escolhe o que h de ser, escolha sua essncia e busca realiz-la. a escolha que faz entre as alternativas com que se defronta que constitui sua essncia. E essa escolha que lhe permite criar seus valores. No h como fugir a essa escolha, pois mesmo a recusa em escolher j uma escolha. Ao escolher, o homem escolhe sua essncia e realiza.
http://www.paradigmas.com.br/parad09/p6.9.htm

1. Qual a diferena entre o homem e as coisas? 2. O homem um ser vivente. Comente suas concepes e impresses sobre esta ideia. 3. A vida humana. o que ela ? 4. Quem o homem dentro de uma concepo de vida humana?

Você também pode gostar