Aula 3 - Sensorial Da Carne Final
Aula 3 - Sensorial Da Carne Final
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TECNOLOGIA DA CARNE
Professora MSc. Ivonete Quaresma Eng. de Alimentos Camet-PA 2014
que, associadas ao seu valor nutritivo, convertem-na em um dos alimentos de origem animal mais valorizado pelo consumidor.
aptido
da
carne
para
reter
total
ou
seu tratamento;
Durante a aplicao de foras externas (compresso,
do gotejamento;
adicionar e a envolver as carnes em materiais com baixo coeficiente de transmisso de vapor dgua e a colocar materiais absorventes para reter a exsudao e melhorar
reteno de gua;
Comprovado a cada 100 g de protena, encontra-se de 350
considerveis
na
conformao
nas
congelvel;
gua, cada vez menos associadas com as protenas, medida que aumenta a distncia em relao ao grupo reativo das
Carne
2. Capacidade
Contedo aquoso da carne gua livre restante do contedo da gua na carne ( 95%); Esta gua no se libera espontaneamente dos tecidos animais,
salvo se forem danificados fisicamente ou tenham sido modificados por agentes qumicos;
A liberao dessa gua exige aplicao de energia varivel;
Essa frao de gua congelvel, pode dissolver solutos e
intervir em reaes;
Diviso do contedo de gua na carne:
Tecido conectivo: 10% da gua total da carne; Protenas sarcoplasmticas: 20% do contedo aquoso, e;
macrocapilares, e pode migrar lentamente para a superfcie da carne, onde se evapora ou se desprende em forma de gotejamento; No espao sarcoplasmtico contedo de gua livre muito baixo;
miofibrilares;
A CRA das miofibrilas depende do espao disponvel entre elas
(organizao tridimensional)
Ao contrrio todo agente que incremente a atrao eletrosttica
A) mudanas post-mortem produo de cido lctico, perda de ATP, instaurao do rigor mortis e mudanas na estrutura celular associadas atividade proteoltica enzimtica; B) ingredientes e as operaes de elaborao de produtos crneos podem modificar a CRA.
pH
Influi no nmero e na natureza das interaes eletrostticas
um mximo de interaes entre os grupos carregados com sinais diferentes de uma protena e os de outra; A adio tanto de cidos como de lcalis aumenta a CRA pH > PI desaparecem algumas cargas positivas, enquanto, pH < PI desaparecem algumas cargas negativas;
Carga lquida de mesmo sinal:
Fenmenos de repulso entre as cadeias polipeptdicas que incrementam os espaos entre os filamentos, aumentando a CRA.
Forma depois da resoluo do rigor mortis maior espao intrafibrilar aumento da CRA
encurtamento do sarcmero, sobretudo quando o encurtamento ultrapassa 30% da extenso em repouso, as perdas por exsudao so intensas;
Esse fato adquire particular relevncia no rigor do
frio e do descongelamento pode chegar a 60% da extenso do sarcmero as perdas podem repre sentar at 25% do peso total do msculo;
As carnes duras associam-se a uma escassa CRA, em
que se pretenda dar a uma carne; A perda de gua que a carne apresenta durante seu transporte, armazenamento, congelamento e descongelamento depende de sua CRA;
serem processadas termicamente, picados e misturados com componentes no-crneos; Componentes no-crneos relevncia particular na elaborao de salsichas, presunto cozido, mortadelas e produtos similares. Em todos os casos preciso obter uma proporo de protena/gua adequada para a palatabilidade e para alcanar um bom rendimento de peso do produto final.
capacidade emulsificante das protenas miofibrilares propriedade funcional; A fabricao de emulses crneas estabilizadas pelo calor requer o emprego de quantidade mnima de protena com alta capacidade funcional: se o nvel de protenas escasso ou se sua capacidade funcional est reduzida, a emulso se rompe antes ou durante o tratamento trmico, exsudando gordura, grande quantidade de gua ou ambas; Evitar esse problema polifosfatos a 0,4% e NaCl a 2%; A musculatura de animais fatigados, com escasso contedo de glicognio, apresenta maior CRA devido a menor queda do pH carne difcil de conservar por seu elevado pH, particularmente apropriada para pastas finas; Carnes com baixa CRA provoca grandes perdas durante o processamento e origina produtos de baixssima qualidade
utilizao de carnes exsudativas (PSE pale, soft and exudative) leva dessecao muito rpida, com formao de casca superficial, dificultando a desidratao do ncleo do embutido; Produto resultante apresenta liga deficiente e corte defeituoso.
do lquido desprendido acompanha a fragmentao da carne e reduz a sensao de dureza; Sucos so portadores de substncias aromticas; Fontes de suculncia da carne contedo aquoso e os lipdeos intramusculares; Lipdeos intramusculares combinados com a gua e substncias solubilizadas constituem um caldo que vai sendo liberado progressivamente durante a mastigao;
Lipdeos intramuscular
que com a CRA da carne efeito estimulador da gordura sobre a secreo salivar, que acompanha os sucos da carne; As operaes envolvidas no processamento da carne modificam o grau de sua suculncia:
O congelamento, quando realizado adequadamente e quando a
manipulao do produto correta, quase no afeta a suculncia; A desidratao por mtodos convencionais ou por liofilizao reduz ligeiramente as caractersticas sensoriais, mesmo que realizada em condies timas; Esses efeitos podem ser compensados elevando-se o pH final da carne.
Carnes desidratadas percepo de perdas sensoriais
a primeira caracterstica sensorial apreciada pelo consumidor; Essa impresso ptica relacionada, de imediato, com diversos aspectos ligados qualidade e ao grau de frescor; Aspecto exterior da carne pode estar associado :
Tempo de armazenamento; Vida til; Dureza e; Suculncia.
pardo (marrom), passando pelo vermelho intenso, embora em determinadas apresentaes possa ser violeta.
influem na cor: a mioglobina (Mb) e a hemoglobina (Hb) duas protenas de natureza e comportamento similares; Outros pigmentos so encontrados na carne, como os citocromos, mas sua contribuio desprezvel; A quantidade de Mb (pigmento muscular), dependendo da eficcia da sangria, de 3 a 9 vezes superior de Hb (pigmento sanguneo); A molcula de Mb 4 vezes menor do que a de Hb;
A Mb formada por uma poro protica chamada de globina e por um grupo prosttico de natureza no-protica; Grupo no-protico anel ou grupo heme O tomo de ferro pode encontrar-se em estado reduzido (Fe2+, ferroso) ou oxidado (Fe3+, frrico); Fe3+ neste estado denomina-se metamioglobina (MetMb, ferromioglobina) e pode combinar-se com outras molculas; Quando se encontra em estado frrico pode reagir com uma molcula de gua, originando a mioglobina (Mb)
A Mb transformase em MbO2 por fixao de O2, e esta naquela por desoxigenao; Por oxidao do tomo de Fe da Mb, forma-se MetMb, do mesmo que a partir da MbO2; A reduo da MetMb produz Mb
contenha e do equilbrio estabelecido nas camadas superficiais entre as trs formas da mioglobina; A cor das diversas espcies de abate pode ser definida em termos gerais como: Vermelho-cereja brilhante bovino maior Rosado vitela Vermelho-escuro equinos Vermelho-tijolo ovelhas e cabras Vermelho plido e acinzentado suno Rosa plido e esbranquiado aves As diferenas observadas na intensidade da cor devem-se frequncia com que se apresentam as fibras vermelhas; O treinamento fsico tende a enriquecer a porcentagem dessas fibras
presentes no ambiente da carne; A carne fresca apresenta condies redutoras devido atividade enzimtica normal (a chamada cadeia transportadora de eltrons), que ocorre continuamente; Enzimas utilizam todo o O2 disponvel no interior dos msculos; Dessa forma, na carne, sem retalhar, a Mb encontrada em forma reduzida, j que s pode reagir com a gua; Quando se faz um corte transversal em uma pea de carne fresca, observa-se trs camadas: MbO2
MetMb
Mb
presso de O2 habitual no ar, toda Contedo de mioglobina e tenso a deMb oxignio encontra-se em forma de MbO2; A profundidade da camada vermelha depende da difuso do O2 e do seu consumo pelos processos aerbios residuais; Os gases difundem-se para o interior da carne e, assim, estabelece-se um gradiente de O2 e, consequentemente, de cor, da superfcie para o interior; A estabilidade da cor vermelhobrilhante da superfcie depende do aporte contnuo de O2; A carne fresca refrigerada tem cor vermelha mais brilhante melhor
MetMb Mb
A MetMb (cor parda) forma-se por oxidao da Mb ou da MbO2 (com liberao do O2 em forma de radical hidroperxido); A oxidao de ambas favorecida pelas baixas tenses de O2; A porcentagem de MetMb cresce com a tenso de O2 de 0 a 7 mmHg e logo diminui medida que cresce a tenso de O2, sendo nfima presses parciais de 60 a 80 mmHg; Isso explica a cor marrom na superfcie da carne que entra
de MetMb na superfcie; Transformao lenta e contnua de Mb e MbO2 em MetMb, mas tambm regenerao desta ltima nas duas primeiras formas; A Mb e as duas pores que a constituem encontram-se em contnuo processo de associao/dissociao, claramente deslocado formao de Mb a pH 7; A pH 5 predomina a dissociao a poro proteica desnatura e o grupo heme oxida; Oxidao da Mb presena de ctions metlicos, aumento da T,
rpido esgotamento das rotas aerbias; Congelamento implica no desenvolvimento de tonalidade pardacenta em face da dificuldade de penetrao do O2 e por elevar ao acmulo de eletrlitos que favorecem a formao da MetMb; cido ascrbico e cistena reduzem a MetMb conservando a colorao avermelhada; Comercializao de carne fresca cuidado para que a embalagem tenha alta permeabilidade ao O2 e baixa para vapor dgua cloreto de polivinila e o polietileno so recomendados para conservar a cor vermelha da carne; Acondicionamento vcuo leva ao aparecimento da tonalidade vermelho-prpura (Mb) que se transforma no vermelho-brilhante da MbO2 quando as embalagens so abertas; Atm modificadas enriquecimento ao mesmo tempo com CO e O ;
fibras, nos quais o msculo se encontra longitudinalmente dividido pelos septos de tecido conjuntivo que constituem o perimsio; Msculo grosso feixes de fibras com calibre grande, envolvidos por tecido conjuntivo abundante; Msculo fino pequenos feixes separados por um perimsio delgado; O tamanho dos feixes depende tanto do nmero quanto do dimetro das fibras; Idade textura mais grosseira com o aumento da idade; Animais de grande porte apresentam fibras mais grosseiras do que Sexo machos apresentam aqueles de pequeno porte
desenvolvimento do perimsio e da finura dos feixes de fibras musculares; A carne bovina apresenta textura mais grosseira; Msculos que realizam exerccios vigorosos apresentam textura rgida, enquanto os menos exercitados oferecem textura fina Msculos de estrutura rgida desenvolvem mais tecidos conectivos para facilitar a sua atividade; H uma correlao indireta entre o dimetro da fibra e a dureza, que decorre da facilidade com que se pode desagregar a estrutura fibrilar durante a mastigao; A dureza da carne a qualidade pela qual o consumidor se mostra mais preocupado;
paredes da cavidade bucal e com a lngua; Resistncia presso dental ou facilidade para a penetrao dos dentes; Facilidade de fragmentao, isto , a capacidade dos dentes para cortar transversalmente as fibras e romper os sarcolemas. Quando as fibras fragmentam-se com muita facilidade, produzem-se partculas muito pequenas que grudam na lngua e nas paredes da boca; criando a sensao de secura - farinosidade; A adeso como medida da fora com que as fibras tendem a manter-se unidas. Esse comportamento depende da resistncia do tecido conectivo que envolve as fibras e os eixos musculares; Resduos ou restos de mastigao, que aparecem quando se mastigou a maior parte da poro introduzida na boca, os quais correspondem,
consumidor; Desempenham papel importante na alimentao, pois estimulam a secreo de saliva e suco gstrico; Precursores do sabor e do aroma da carne A carne crua apresenta sabor caracterstico (de soro), levemente
salino, parecido com sangue, e aroma pouco acentuado; aps o tratamento trmico que a carne desenvolve efetivamente sua plenitude sensorial; Os precursores de sabor da carne envolve tanto compostos volteis como no-volteis (peptdeos, aminocidos, alguns cidos orgnicos, acares, metablitos de nucleotdeos, tiamina e lipdeos); De maneira geral, os precursores essenciais do sabor de carne so compostos no-volteis, solveis em gua e com baixo peso molecular;
presentes em baixas concentraes e decorrem principalmente de carboidratos, protenas e gorduras; 450 aromas j foram identificados em carnes cozidas, sem que nenhum deles, aparentemente, seja o nico responsvel pelo aroma global; O aroma de carne cozida produz-se em presena de gua quando a T no ultrapassa 100C; O aroma de carne assada so liberados quando a T supera 100C sob condies de relativa secura; O flavor da carne que surge com o tratamento trmico decorre de fenmenos de condensao e degradao de precursores e da interao de diversos elementos atravs de vias complexas, como a reao de Maillard e a oxidao lipdica;