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Romantismo - Poesia

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Profº.

Cícero Neto

Língua Portuguesa
A ideia de um Brasil plural começou a ser delineada na
primeira metade do século XIX. Após a Independência, em 1822,
o novo país precisava se redescobrir, estabelecer-se como nação.
Era hora de ressignificar a palavra “brasileiro", pois, se a
Independência representava o ganho de autonomia, também
trazia consigo a perda de uma identidade.
Ao longo de seu desenvolvimento, o Romantismo local
alternou a abordagem de paisagens, costumes e sentimentos
tipicamente brasileiros com elementos retirados de autores
europeus, como Byron e Victor Hugo, importantes representantes
do Romantismo na Inglaterra e na França, respectivamente.
Romantismo no Brasil (1836-1881)

 Marco inicial: Publicação de "Suspiros Poéticos e Saudades", de


Gonçalves de Magalhães , em 1836.

 Marco final: Publicação de "Memórias Póstumas de Brás


Cubas", de Machado de Assis, em 1881, que inaugura o
realismo.
Gerações Românticas
Primeira geração romântica
 primeiro grupo (1836-1840)- nacionalismo
 segundo grupo (1840-1850)- indianismo

Segunda geração romântica


 byronismo ou ultrarromantismo (1850-1860)

Terceira geração romântica


 Condoreirismo ou abolicionista (1860-1880)
PRIMEIRA GERAÇÃO

Nacionalismo (1836-1840)

 O início do romantismo brasileiro caracterizou-se por


religiosidade, misticismo, antilusitanismo, nacionalismo

 O espírito nacionalista levou ao culto da natureza


profundamente elogiada dentro do caráter ufanista, com
elevação máxima das belezas naturais do paraíso tropical. A
natureza surgiu estilizada para expressar intenções ideológicas
de base nacionalista.
Nacionalismo (1836-1840)

 O gênero lírico era amplamente cultivado ao lado da ficção e


do teatro, de influência inglesa e francesa.

 Os autores que se destacaram foram: Manuel de Araújo Porto


Alegre, Antônio Teixeira e Souza e Domingos Gonçalves
Magalhães.
Indianismo (1840-1850)

 Surgiu o índio, um herói visto com espírito da civilização nacional e


da luta contra a tradição lusitana.
 Antônio Gonçalves Dias e José de Alencar, principalmente,
escreveram dentro desse modelo de índio idealizado como bravo,
gentil, valente, nobre, corajoso, puro, belo, bom por natureza e capaz
de todas as proezas em nome da honra e da glória. Foi o herói
improvisado para configurar ideologicamente o que deveria ter sido
o primeiro habitante do Brasil.
Gonçalves Dias: a poesia épica

Em 1846, Gonçalves Dias estreou com


Primeiros cantos, apresentando ao
leitor, entre outros temas, poemas
indianistas. Nessa verdadeira “poesia
americana” (nome dado por
Gonçalves Dias a seu núcleo poético
indianista), a paisagem, as lendas e as
figuras indígenas fundem-se, criando
imagens de singular beleza
A faceta lírica de Gonçalves Dias

Além da faceta indianista, o poeta


também apresentou um lado lírico,
abordando, em seus versos, a
natureza associada à presença de
Deus, o saudosismo ligado à pátria
e à mulher amada, o amor, a
solidão e a morte, entre outros
temas. Um dos poemas mais
conhecidos da língua portuguesa,
“Canção do exílio”, pertence a essa
faceta lírica de Gonçalves Dias.
Canção do exílio
(Gonçalves Dias)
Minha terra tem palmeiras Minha terra tem primores,
Onde canta o Sabiá, Que tais não encontro eu cá;
As aves, que aqui gorjeiam, Em cismar – sozinho, à noite –
Não gorjeiam como lá. Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Nosso céu tem mais estrelas,
Onde canta o Sabiá.
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida, Não permita Deus que eu morra,
Nossa vida mais amores. Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Em cismar, sozinho, à noite,
Que não encontro por cá;
Mais prazer encontro eu lá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Onde canta o Sabiá.
SEGUNDA GERAÇÃO ROMÂNTICA
Byronismo ou ultrarromantismo (1850-1860)
 A geração contaminada pelo “mal do século”: individualismo,
negativismo, pessimismo, insatisfação com o mundo, angústia,
desespero, crise existencial (herança do Barroco).
 O sentimentalismo e a emoção romântica atingiram o auge
absoluto.
 Surge a narrativa histórica para delinear as origens do Brasil e o
seu desenvolvimento.
SEGUNDA GERAÇÃO ROMÂNTICA
Byronismo ou ultrarromantismo (1850-1860)

 A mulher era elevada a um ser divino na perspectiva no do eu-


lírico.
 
 O amor não correspondido trazia o sentimento de melancolia, o
qual fazia o eu-lírico querer fugir da realidade. Muitas vezes
essa alternativa de fuga era a morte.
Álvares de Azevedo: o caráter romântico
O paulista Álvares de Azevedo (1831-1852)
morreu precocemente em consequência da
tuberculose, e suas obras foram publicadas
postumamente. Seguidor dos modismos
românticos, seus poemas mostram o ideal
de pureza do amor, com a recusa da
realização física. O alvo do sentimento é a
donzela divinizada, que parece nascida do
sonho, e não da realidade.
Meu Anjo Como o vinho espanhol, um beijo dela
(Álvares de Azevedo) Entorna ao sangue a luz do paraíso.
Dá morte num desdém, num beijo vida,
Meu anjo tem o encanto, a maravilha
E celestes desmaios num sorriso!
Da espontânea canção dos passarinhos;
Tem os seios tão alvos, tão macios Mas quis a minha sina que seu peito
Como o pêlo sedoso dos arminhos. Não batesse por mim nem um minuto,
E que ela fosse leviana e bela
Triste de noite na janela a vejo
Como a leve fumaça de um charuto!
E de seus lábios o gemido escuto
É leve a criatura vaporosa
Como a frouxa fumaça de um charuto.
Parece até que sobre a fronte angélica
Um anjo lhe depôs coroa e nimbo...
Formosa a vejo assim entre meus sonhos
Mais bela no vapor do meu cachimbo.
TERCEIRA GERAÇÃO ROMÂNTICA
Condoreirismo (1860-1880)
 Os condoreiros praticaram um nacionalismo de ordem diversa, pois
não exaltavam as maravilhas da pátria, mas reivindicavam liberdade,
igualdade das condições sociais e independência política; defendiam,
enfim, a formação de uma consciência nacional. O tom lírico não se
limitava a cantar amores impossíveis ou desgraças amorosas, porque
se expandia para versejar sobre o erotismo do amor ou se
coletivizava para expressar as paixões pelas causas sociopolíticas.
 Os assuntos centrais ligam-se à Guerra do Paraguai, à Abolição da
Escravatura, à luta pela Proclamação da República.
Condoreirismo (1860-1880)
 A terceira fase do Romantismo foi uma transição para o
Realismo, pois os condoreiros apoiavam-se numa filosofia de
caráter humano-realístico.
 O grande condoreiro do Brasil chamava-se Antônio Frederico de
Castro Alves, dono de uma poesia vibrante que evocava o
liberalismo idealizado e repelia a vergonhosa escravidão,
denunciando as condições desumanas em que os escravos
Castro Alves: “o poeta dos escravos”

Castro Alves (1847-1871) representou para o negro o


papel que Gonçalves Dias teve para o indígena na
primeira geração. O autor baiano compartilhava com
os intelectuais de sua época um sentimento
humanitário em relação ao sofrimento dos
escravizados. Em seus populares poemas
abolicionistas, coloca-se na posição de orador
grandiloquente (enfático), verdadeiro porta-voz de
um povo sofredor. Para isso, lança mão de
hipérboles, personificações, antíteses, metáforas,
apóstrofes (chamamento do interlocutor, real ou
não), entre outros recursos de linguagem.
Canção do africano (trecho) De um lado, uma negra escrava
(Castro Alves) Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
Lá na úmida senzala, E à meia voz lá responde
Sentado na estreita sala, Ao canto, e o filhinho esconde,
Junto ao braseiro, no chão, Talvez pra não o escutar!
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em "Minha terra é lá bem longe,
pranto Das bandas de onde o sol vem;
Saudades do seu torrão ... Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem!
Agora
(Adão Ventura)

É hora
de amolar a foice
e cortar o pescoço do cão.

– Não deixar que ele rosne


nos quintais
da África.

É hora
de sair do gueto/eito
senzala
e vir para a sala
– nosso lugar é junto ao Sol.

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