Fernando Pessoa Ortónimo
Fernando Pessoa Ortónimo
Fernando Pessoa Ortónimo
Pessoa, poesia
do ortónimo
Professoras
Filipa Ribeiro
Bárbara Quintão
Sobre Fernando Pessoa:
Fernando Pessoa é, ele próprio, sedento de tudo e de nada, procura incessantemente um ser: um ser
de espírito inquieto, sempre lúcido e racional, condenado ao vício de pensar, obstáculo à verdadeira felicidade
e promotor de uma existência angustiada.
O Sonho e a Infância surgem como os únicos espaços onde o poeta se pode refugiar: O Sonho em
busca de uma felicidade relativa; a Infância onde, sendo inconsciente, era feliz.
Fingimento artístico
Segundo a arte poética pessoana, um poema não é um produto direto da emoção, mas sim produto
de uma construção mental, sendo que a sua elaboração se confunde com um «fingimento» (uma
simulação).
O poeta assume-se como «fingidor», não sendo alguém que, desonestamente, mente, mas alguém
que simula uma emoção, que encena no seu intelecto uma situação imaginária representativa da «dor que
deveras sente», isto é, intelectualiza e pensa essa dor.
Fingimento artístico
O poema «Autopsicografia» explica o processo de criação artística (poética). Toda a arte é assim perspetivada
como resultado de um processo intelectual, em que a emoção constitui apenas um estímulo.
O poeta não rejeita os sentimentos sinceros e reais, mas sente a necessidade de os recriar por meio
da imaginação e do intelecto. A verdadeira emoção é intransmissível (é impossível verbalizar com exatidão o que
sentimos). Com efeito, o poeta, ao utilizar as palavras para a expressar, está automaticamente a adulterá-las, a
transfigurá-las, a criar convenções, fruto do que está a experienciar no momento em que a pretende comunicar. A função
do poeta não é «sentir» no poema, mas sim provocar o «sentir» em quem o lê.
Nesta perspetiva, a dor sentida, que envolve os sentimentos, as emoções e as realidades experienciadas pelo
poeta, não é transmitida, mas sim reconstruída intelectualmente, dando origem a uma nova dor, uma dor fingida,
pensada.
O ato criativo completa-se quando o leitor realiza a leitura da dor fingida («dor lida») e consegue sentir
uma dor semelhante (nunca igual) à dor sentida pelo poeta.
Dor de pensar
A atitude permanente de intelectualização das emoções e o estado consciente não só
da incapacidade de aceder a um «eu» que dorme profundamente em si (o inconsciente), mas
também da efemeridade da vida e de que nela tudo passa, fazem com que o poeta não
consiga usufruir dos momentos que esta lhe oferece. A consciência da realidade que o
envolve, da sua pequenez em relação a ela e das suas limitações e fragilidades
impede-o de ser feliz.
Por vezes , afirma que o seu desejo é sentir, no entanto, e de forma paradoxal,
Nostalgia da Infância
Dececionado com a vida e desfragmentado pela angústia que o invade e por
essa excessiva e alucinante «dor de pensar», Pessoa refugia-se,
momentaneamente e pela memória, no tempo da infância. A infância
representa o tempo da inocência e o momento em que todos somos felizes, ainda
que inconscientes.
No entanto, o sonho não dissolve as frustrações e insatisfações do poeta, porque não passa de
uma ilusão, de um estado de felicidade efémera. Tendo consciência desse fracasso, desse «impossível
jardim», apesar do seu inconsciente, o poeta volta à realidade quotidiana (a sua consciência), onde
reencontra, desnorteado, as suas dores e ansiedades, intensificando-se assim o seu estado de desilusão, a
sua angústia existencial.
“Autopsicografia”
•O fingimento artístico
“Autopsicografia” – O fingimento artístico
“Autopsicografia”
“Autopsicografia”
“Autopsicografia”
“Autopsicografia”
“Autopsicografia”
Poeta e leitores
ambas as emoções (“dor”) são resultado de um
ato intelectual.
= os leitores (perífrase)
“Autopsicografia”
Metáfora O coração é um
brinquedo que distrai a
razão, mas de forma
controlada, nas “calhas”
coração = emoção
Subordinação do sentimento ao
pensamento
associado a um brinquedo (entreter)
como um mecanismo (gira... nas calhas de roda)
dinâmico, mas sem outro objetivo aparente que
não seja entreter a razão (fornecer material
para o pensamento, a produção artística).
3. A relação entre
emoção real (sentir) /
fingida (pensar);
razão / emoção
Sistematização
Em síntese
Dor = emoção
Poeta Leitor
“as duas que ele teve” “a que eles não têm”
fingimento
Em síntese – O fingimento artístico
• A arte como construção racional da realidade.
Descrição do canto da
ceifeira
Despreocupação
“Ela canta, pobre ceifeira”
Antítese Contradição no
estado de espírito
do “eu”
Angústia
“Ela canta, pobre ceifeira”
Antítese Contradição no
estado de espírito
do “eu”
Anulação, perante a
impossibilidade de o
“eu” ser como a ceifeira
“Não sei se é sonho, se
realidade”
•Sonho e realidade
“Não sei se é sonho, se realidade” – Sonho e realidade
“Não sei se é sonho, se realidade”
Características da ilha sonhada – espaço dominado pelo
sonho, paraíso perdido, de difícil definição, longínqua e
distante, onde há felicidade
A felicidade não se
encontra no sonho mas
em “nós”
Em síntese – Sonho e realidade
• O sonho surge como um meio de evasão da realidade e de refúgio.
Efeito no ”eu”
“Quando as crianças brincam”
Metáfora Intensidade do
sentimento
Indefinição do “eu”
Anáfora Caracterização do “eu”
agitação, indefinição,
autoanálise, perda de
identidade
Redução do “eu” à sua essência
“Não sei quantas almas tenho”
Despersonalização do “eu”
Solidão e desconhecimento de si
“Não sei quantas almas tenho”