Bozorgã
Bozorgã (pronúncia em português: [bozoɾgɐ̃]) (em persa: بزرگان; romaniz.: bozorgān) ou uzurgã (em persa médio: 𐭥𐭰𐭥𐭫𐭢; romaniz.: wuzurgan) era a alta nobreza do Império Sassânida. Após a queda do império, reapareceu sob o Reino Dabuída.
História
Os bozorgã são citados pela primeira vez no Império Sassânida e aparecem na inscrição do xá Sapor I (r. 240–270) em Hajiabade. Desempenharam papel importante na política e parecem ter tido muita influência. Seus membros estavam presentes na coroação dos xás e toda vez que havia uma disputa sobre a escolha de um xá, seu objetivo era elegê-lo.[1] Após a morte de Hormisda II (r. 303–309) em 309, elegeram seu filho Sapor II (r. 309–379), que ainda estava no ventre de sua mãe. A morte de Sapor em 379 marcou o início de um conflito de 125 anos entre os bozorgã e os xás, que lutavam pelo poder sobre a Pérsia.[2]
Sob Isdigerdes I (r. 399–420), foram maltratados[3] e após a morte dele em 420, expulsaram os seus filhos e elegeram seu sobrinho Cosroes.[1] Contudo, mais tarde fizeram um acordo com o filho de Isdigerdes, Vararanes V (r. 420–438), e o reconheceram. Após a desastrosa campanha de Perozes I (r. 459–484) contra os heftalitas, que resultou na morte do xá e muitos dos bozorgã,[4] seu irmão Balas (r. 484–488) foi eleito, mas o poder recaiu sob Sucra, um nobre da Casa de Carano, que conseguiu controlar até os bozorgã.[5] Como o reinado de Balas acabou sendo desastroso, ele foi substituído pelo filho de Perozes, Cavades I.[6] Em seu reinado, Cavades começou a adorar o masdaquismo, a versão modificada do zoroastrismo com influências do maniqueísmo. Os bozorgã, ao apoiarem o clero, o prenderam e substituíram em 496 por seu irmão Zamasfes (r. 496–498/9).[1]
Gusanastades, o canaranges do Império Sassânida, pediu aos bozorgã e outras classes nobres que executassem Cavades, mas se recusaram. O neto de Cavades, Hormisda IV (r. 579–590), por causa do mal tratamento dos bozorgã e outras famílias nobres,[7] foi deposto em 590 por um golpe pelos irmãos Ispabudã Bestã e Bindoes, que elevaram o filho dele Cosroes II (r. 590–628) como xá. Porém, os bozorgã e outros nobres ficaram descontentes com Cosroes, e em 628 o depuseram em favor de seu filho Cavades II (r. 628).[8] Após a morte de Cavades, os bozorgã elegeram o filho deste último, Artaxer III (r. 628–630), que era uma criança.[1] Durante seu reinado, seu ministro Ma-Adur Gusnaspe, que fazia parte dos bozorgã, controlou o Estado. Durante a conquista árabe da Pérsia, o general Bamã Jaduia, chefe de um exército de 30 000 bozorgã, derrotou os árabes na Batalha da Ponte, em 634.[9] São citados mais tarde no reinado do dabuída Curxide (r. 740–760), quando foram oprimidos, juntamente com a população local do Tabaristão, pelo general Carano de Curxide.[10]
Referências
- ↑ a b c d Tafażżolī 1989, p. 427.
- ↑ Pourshariati 2008, p. 58.
- ↑ Pourshariati 2008, p. 66.
- ↑ Pourshariati 2008, p. 384.
- ↑ Pourshariati 2008, p. 77.
- ↑ Frye 1984, p. 322.
- ↑ Pourshariati 2008, p. 123.
- ↑ Pourshariati 2008, p. 148.
- ↑ Pourshariati 2008, p. 217.
- ↑ Pourshariati 2008, p. 314-315.
Bibliografia
- Frey, Richard Nelson (1984). The History of Ancient Iran. Munique: C.H.Beck
- Pourshariati, Parvaneh (2008). Decline and Fall of the Sasanian Empire: The Sasanian-Parthian Confederacy and the Arab Conquest of Iran. Nova Iorque: IB Tauris & Co Ltd. ISBN 978-1-84511-645-3
- Tafażżolī, Aḥmad (1989). «Bozorgān». Enciclopédia Irânica Vol. IV, Fasc. 4. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia