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Família Corcorúnio

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Corcorúnio (em latim: Chorchorunius)[1] ou Corcoruni (em latim: Chorchoruni;[2] em armênio: Խորխոռունի; romaniz.: Χorχoṙuni; em grego: Χουρχόρῶν; romaniz.: Chourchórõn (gen.)[3]) foi uma família nobre armênia (nacarar) da Antiguidade e Idade Média.[4]

Os corcorúnios eram remanescentes territorializados dos hurritas que dominaram o principado de Corcorúnia ou Malcazado, em referência ao título gentilício de malcaz (μαλχαζ, malchaz; մալխազ, malχaz[5]) detido pela família, que estava situado no vale do Arsânias, ao norte do lago de Vã, na província de Turuberânia.[6] Segundo Moisés de Corene, os Corcorúnios descendiam de Haico, o patriarca mítico dos armênios, através de seu filho Cor.[7] O mesmo cronista alegou que receberam do mítico Valarsaces I, suposto fundador do ramo armênio dos arsácidas, o direito de ocuparem o ofício de comandante da guarda real,[8][9] sempre equipados com lança e espada.[10] A família é registrada desde o início do século IV, quando foi mencionada no Ciclo de Gregório de 314, onde ocorre em 15.ª (Lista A) e 11.ª (Lista B). Nesse ponto, portanto, configurava-se como um clã menor dentro da nobreza armênia,[11] mas em meados do século V adquiriram maior proeminência, sobretudo pela perda de territórios da Armênia desde finais do século IV. Nesse contexto, os territórios dos Corcorúnios compunham o limite sul do território armênio, antes ocupado por Arzanena, e eles tornar-se-ia marqueses dessa porção da fronteira.[12] A Lista de Trono (Գահնամակ, gahnamak) os omite.[13] A Lista Militar (Զորնամակ, Zōrnamak), o documento que indica a quantidade de cavaleiros que cada uma das família nobres devia ceder ao exército real em caso de convocação, afirma que podiam arregimentar mil cavaleiros,[14] mas as crônicas registram de mil a dois mil cavaleiros, a depender do período.[15]

Durante o governo sassânida da Armênia, Corianes envolveu-se ao lado de Vardanes II na Batalha de Avarair de 451, vindo a falecer no combate.[16] Mais adiante, Gadixo permaneceu no lado do marzobã Adar Gusnaspe na disputa com o católico Gute (461–478) e na tentativa de imposição do zoroastrismo na região.[17] Em 505/6, Artaxer participou do Primeiro Concílio de Dúbio[18] convocado pelo católico Apovipcenes (r. 490/1–515/6).[19] Em 555, Garzúlio III e Verive assinaram a ata de comparecimento do Segundo Concílio de Dúbio conveniado por Narses II (r. 548/9–557/8).[20] Em 595/6 e novamente em 601, Atato revoltou-se com outros nobres armênios contra o imperador Maurício (r. 582–602) e acabou executado pelo xainxá Cosroes II (r. 590–628).[21] Em 605/6, Teodósio lutou pelos bizantinos e foi derrotado por Senitão Cosroes.[22] Em 637, João Atalarico, filho bastardo do imperador Heráclio (r. 610–641), envolveu-se numa conspiração contra seu pai e teve ajuda de alguns nobres armênios, um deles, chamado Vaanes, possivelmente membro da família Corcorúnio.[23] A família Querqueulize, conhecida em fontes do século XII do Reino da Geórgia, pode descender dos Corcorúnios.[24]

Referências

  1. Moisés de Corene 1736, Index Chorchorunius.
  2. Spintler 1905, p. 41.
  3. Toumanoff 1963, p. 565.
  4. Sinclair 1989, p. 320.
  5. Toumanoff 1963, p. 209, nota 237; 325, nota 88.
  6. Toumanoff 1963, p. 208.
  7. Moisés de Corene 1978, p. 89.
  8. Moisés de Corene 1978, p. 137-139.
  9. Quasten 1961, p. 56.
  10. Kurkjian 1958, p. 314.
  11. Toumanoff 1963, p. 244.
  12. Toumanoff 1963, p. 248.
  13. Toumanoff 1963, p. 252, nota 342.
  14. Toumanoff 1963, p. 240.
  15. Toumanoff 1963, p. 135.
  16. Kurkjian 1958, p. 148.
  17. Kurkjian 1958, p. 157.
  18. Quasten 1961, p. 91.
  19. Grousset 1973, p. 236.
  20. Toumanoff 1963, p. 250.
  21. Martindale 1992, p. 140.
  22. Martindale 1992, p. 1298.
  23. Nichanian 2008, p. 99.
  24. Toumanoff 1963, p. 271.
  • Grousset, René (1973) [1947]. Histoire de l'Arménie: des origines à 1071. Paris: Payot 
  • Kurkjian, Vahan M. (1958). A History of Armenia. Nova Iorque: União Geral Benevolente Armênia 
  • Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press. ISBN 0-521-20160-8 
  • Moisés de Corene (1978). Thomson, Robert W., ed. History of the Armenians. Cambrígia, Massachusetts; Londres: Harvard University Press 
  • Moisés de Corene (1736). Historiae Armeniacae libri III. Londres: Caroli Ackers 
  • Nichanian, Mikael (2008). Mugrdechian, Barlow De, ed. Between Paris and Fresno: Armenian Studies in Honor of Dickran KouymjianLe maître des milices d′Orient, Vahan, et la bataille de Yarmouk (636) au complot d′Athalaric (637). Costa Mesa: Mazda Press. ISBN 1-56859-168-3 
  • Quasten, Johannes; Stephan Kuttner (1961). Traditio. Nova Iorque: Fordham University Press 
  • Sinclair, T.A. (1989). Eastern Turkey: An Architectural & Archaeological Survey, Volume I. Londres: Pindar Press. ISBN 0907132324 
  • Spintler, Rudolf (1905). De Phoca imperatore Romanorum. Jena: Typis G. Nevenhahni 
  • Toumanoff, Cyril (1963). Studies in Christian Caucasian History. Washington: Georgetown University Press