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Vigna unguiculata

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Feijão-frade)
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Como ler uma infocaixa de taxonomiaVigna unguiculata
feijão-fradinho, feijão-de-corda
Vigna unguiculata
Vigna unguiculata
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fabales
Família: Fabaceae
Subfamília: Faboideae
Género: Vigna
Espécie: V. unguiculata
Nome binomial
Vigna unguiculata
(L., Walp.)
Aspecto das sementes comestíveis (feijões)
Pormenores da planta

Vigna unguiculata, popularmente conhecida como feijão-frade,[1] feijão-fradinho,[2] feijão-miúdo,[2] feijão-caupi,[3] feijão-de-corda,[2] feijão-catador[4] ou feijão-macáçar, é uma planta da família das leguminosas (Fabaceae), subfamília papilionoídea (Faboideae).

A espécie apresenta muitas variedades cultivadas, podendo variar, por exemplo, o padrão de cores das sementes ou o tamanho das vagens, que podem ser curtas ou muito longas, dependo da variedade.[3]

Quanto ao biótipo, esta espécie trata-se de um terófito.[5]

Sinonímia:[5]
  • Dolichos unguiculatus L.
  • Clitoria alba G. Don
  • Dolichos sesquipedalis L.
  • Dolichos sinensis L.
  • Dolichos sphaerospermus DC.
  • Dolichos melanophthalamus DC.
  • Phaseolus cylindricus L.
  • Phaseolus sphaerrospermus L.
  • Phaseolus unguiculatus (L.) Piper
  • Vicia catjang (L.) Walp.
  • Vicia sesquipedalis (L.) Wight
  • Vicia sinensis auct.

São plantas geralmente anuais, erectas ou trepadoras, com caules estriados e glabrescentes, isto é, com tendência a perder os pelos que se dispõem na suas hastes.[5]

As suas folhas são trifolioladas, com apêndices (estípulas) na base do pecíolo, sendo os dois folíolos laterais oblíquos em relação ao plano do folíolo central. As flores dispõem-se em pequenos grupos semelhantes a cachos, com poucas flores, que partem da base do pecíolo das folhas (ou seja, em pseudocachos paucifloros axilares).

As flores, completas, têm o cálice bilabiado (formando duas partes que se dispõem como dois lábios), apresentando o lábio superior dois lóbulos e o inferior três. A corola é papilionácea, isto é, com cinco pétalas com a seguinte disposição: uma maior, externa (o estandarte ou vexilo) sob a qual se dispõem duas pétalas laterais (as "asas") fechadas sobre duas pétalas internas, unidas em forma de quilha (ou carena) que, por sua vez, protegem os órgãos reprodutores da flor.

O estandarte é arredondado, geralmente de cor branca, esverdeada, amarela ou lilacínea, enquanto que as asas variam do azul ao púrpura. A quilha é esbranquiçada e não espiralada. Existe uma variedade de flores lilacíneas e outra de flores violáceas com vexilo amarelo. Cada flor tem dez estames, dos quais nove estão unidos uns aos outros e um é livre. O carpelo tem um estigma encurvado e húmido que facilita a aderência dos grãos de pólen. O ovário é estreito e alongado, com os óvulos distribuídos em linha, o que explica o comprimento invulgarmente extenso da vagem.

As flores abrem-se apenas nas primeiras horas da manhã, não permitindo que a polinização por parte de insectos ocorra frequentemente. De facto, a autopolinização é a regra nesta espécie.

As vagens são lisas, lineares e cilíndricas, com sementes numerosas. Estas apresentam-se de cor branca ou amarelada, geralmente com o hilo (o "olho" do feijão) com uma orla castanha ou negra, que permite facilmente a sua identificação.

Crê-se que o feijão-frade tenha provindo da África Ocidental

Ao arrepio do que sucede com outros cultivares lautamente difundidos pelo planeta, pouco se sabe a respeito da história da domesticação, dispersão geográfica e cultivo do feijão-frade.[6] Sendo certo que não há provas arqueológicas que assegurem a origem mais primordial do cultivo do feijão-frade, o centro de diversidade do seu cultivo radica na África Ocidental, o que sugere que o centro de origem desta espécie possa ser aí.[7]

A contrapelo, há novas investigações que têm vindo a sustentar que a domesticação pode ter ocorrido na África Oriental.[6]

Pese embora a data original de cultivo seja ainda desconhecida e objecto de debate académico, o feijão-frade é, não obstante, contemplado como sendo uma das espécies de cultivares domesticados mais antigas.[8] Foram encontrados vestígios arqueológicos de feijões-frade esturrados em grutas no Gana central, que se crê que datem do segundo milénio antes de Cristo.[9] Julga-se que por volta de 23000 a.C, o feijão-frade tenha sido levado para o Sudeste asiático, onde terá ocorrido uma domesticação secundária.[10] A partir daí, séculos mais tarde, a espécie terá sido levada para o Mediterrâneo, onde foi cultivada pelos gregos e romanos antigos.[11] Com efeito, as primeiras abonações literárias que remetem para o feijão-frade, remontam ao século III a.C.[10][7]

Possui várias subespécies, como o feijão-chicote, que têm, por sua vez, inúmeras variedades, cultivadas pelas sementes comestíveis, de formas e cores diversas, utilizadas também como forragem especialmente nutritiva e como adubo verde.

Cultivado no território continental desde o período da ocupação romana, foi um dos cultivares mais comum durante séculos, tendo, todavia, sofrido uma progressiva estagnação a partir do século XX.[12] Presentemente, é mais cultivado na região do Alentejo, para obtenção do grão, para consumo humano, e da planta forrageira, para consumo de gado.[12]

Dentre o rol de bens de produção nacional cabo-verdiano, o feijão-miúdo é dos que mais se destaca, tanto mais que grande parte do consumo nacional depende da respectiva produção nacional.[13] No que concerne especificamente ao feijão-frade, amiúde denominado no país como bongolon, corresponde a uma leguminosa com significativas potencialidades de enriquecimento do solo em azoto, com a vantagem acrescida de que, sendo uma espécie grande resistência às deficiências hídricas, adapta-se perfeitamente às condições do bioma cabo-verdiano.[13]

Este tipo de feijão constitui a base alimentar de muitas populações rurais devido ao seu elevado valor nutritivo a nível proteico e energético e à sua fácil adaptação a solos de baixa fertilidade e com períodos de seca prolongada.[3] Na Região nordeste do Brasil, a colheita de suas vagens e o consumo de seus feijões ocorrem tanto na fase de plena maturação quanto antes, caso este em que o produto é denominado "feijão-verde", sendo largamente usado na culinária regional. O feijão maduro é ingrediente básico do acarajé, bolinho frito típico da culinária baiana.

Produção mundial

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País Produção em 2018
(toneladas anuais)
Nigéria 2.606.912
Níger 2.376.727
 Burquina Fasso 630.965
Gana 215.350
Tanzânia 202.865
Camarões 185.832
 Quênia 179.399
Mali 157.739
Myanmar Myanmar 136.411
Sudão 104.667
Fonte: Food and Agriculture Organization[14]

Outras designações

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Além dos nomes já referidos, esta espécie tem também os seguintes nomes populares:

  • Feijão-carito[15]
  • Feijão-pequeno[16]
  • Chícharo[17]
  • Culita[18]
  • Dolico-de-Cuba[5]
  • Favolinha[5]
  • Feijão-chicote[5]
  • Feijão-de-Cuba[5]
  • Feijão-de-metro[5]
  • Feijão-espargo[5]
  • Feijão-frade[5]
  • Alfange[5]
  • Feijão-gigante[5]
  • Feijoeiro-de-lagartixa[5]
  • Feijão-de-corda[5]
  • boca-preta
  • ervilha-de-vaca
  • favalinha
  • feijão-alfanje
  • feijão-besugo
  • feijão-careta
  • feijão-carita
  • feijão-carito
  • feijão-chicote
  • feijão-chícharo
  • feijão-chinês
  • feijão-congo
  • feijão-corda
  • feijão-da-china
  • feijão-de-boi
  • feijão-de-corda
  • feijão-de-frade
  • feijão-de-macáçar
  • feijão-de-olho-preto
  • feijão-de-vaca
  • feijão-de-vara
  • feijão-frade
  • feijão-frade-comprido
  • feijão-galego
  • feijão-gurutuba
  • feijão-lagartixa
  • feijão-macáçar
  • feijão-mancanha
  • feijão-mineiro
  • feijão-miúdo
  • feijão-miúdo-da-china
  • feijão-vinha
  • feijãozinho-da-índia
  • mebauene
  • mucunha
  • mulato-gelato
  • feijão-macundi
  • maconde
  • macunde[19]
  • macundi
  • feijão mongolão
  • mongolão[20]
  • "bongolon" (Crioulo de Cabo Verde)
  • nhemba[21]
  • namerrua
  • Ikhutye

Referências

  1. Infopédia. «feijões-frade | Definição ou significado de feijões-frade no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa sem Acordo Ortográfico». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 28 de maio de 2021 
  2. a b c Julio Seabra Inglez Souza (1995). Enciclopédia agrícola brasileira: E-H. EdUSP. pp. 190 – 191. ISBN 978-85-314-0584-6
  3. a b c Freire Filho, F. R. (2011). «Feijão-Caupi no Brasil: Produção, Melhoramento Genético, Avanços e Desafios» (PDF). EMBRAPA Meio-Norte. Teresina, PI. Consultado em 10 de setembro de 2018 
  4. «Conhecendo um pouco o Feijão-caupi». IBRAFE.ORG. Consultado em 28 de agosto de 2024 
  5. a b c d e f g h i j k l m n «Jardim Botânico UTAD | Vigna unguiculata». https://jb.utad.pt/. Consultado em 30 de dezembro de 2020 
  6. a b Xiong, Haizheng; Shi, Ainong; Mou, Beiquan; Qin, Jun; Motes, Dennis; Lu, Weiguo; Ma, Jianbing; Weng, Yuejin; Yang, Wei (2016). «Genetic Diversity and Population Structure of Cowpea (Vigna unguiculata L. Walp)». PLOS ONE. 11 (8): e0160941. Bibcode:2016PLoSO..1160941X. ISSN 1932-6203. PMC 4980000Acessível livremente. PMID 27509049. doi:10.1371/journal.pone.0160941 
  7. a b Ogunkanmi, L. A.; Taiwo, A.; Mogaji, O. L.; Awobodede, A.; Eziashi, E. E.; Ogundipe, O. T. (2005–2006). «Assessment of genetic diversity among cultivated cowpea (Vigna unguiculata L. Walp.) cultivars from a range of localities across West Africa using agronomic traits». Journal Sci. Res. Dev. 10: 111–118 
  8. Chivenge, Pauline; Mabhaudhi, Tafadzwanashe; Modi, Albert T.; Mafongoya, Paramu (2017). «The Potential Role of Neglected and Underutilised Crop Species as Future Crops under Water Scarce Conditions in Sub-Saharan Africa». International Journal of Environmental Research and Public Health. 12 (6): 5685–5711. ISSN 1661-7827. PMC 4483666Acessível livremente. PMID 26016431. doi:10.3390/ijerph120605685 
  9. D'Andrea; et al. (2007). «Early domesticated cowpea (Vigna unguiculata) from Central Ghana». Antiquity. 81 (313): 686–698. doi:10.1017/S0003598X00095661 
  10. a b Perrino, P.; Laghetti, G.; Spagnoletti Zeuli, P. L.; Monti, L. M. (1993). «Diversification of cowpea in the Mediterranean and other centres of cultivation.». Genetic Resources and Crop Evolution. 40 (3): 121–132. doi:10.1007/bf00051116 
  11. Ensminger, Marion Eugene; Ensminger, Audrey H. (1993). Foods & Nutrition Encyclopedia, Two Volume Set (em inglês). [S.l.]: CRC Press. ISBN 978-0-8493-8980-1 
  12. a b «Página de Espécie • Naturdata - Biodiversidade em Portugal». Naturdata - Biodiversidade em Portugal. Consultado em 29 de maio de 2021 
  13. a b Pereira Silva, Maria Emedina (2010). EFICÁCIA DE PÓS DE PLANTAS CONTRA ACANTHOSCELIDES OBTECTUS (SAY) EM FEIJÃO-FRADE ARMAZENADO. Lisboa: Instituto Superior de Agronomia. pp. 6–7 
  14. fao.org (FAOSTAT). «Cowpea production in 2018, Crops/World regions/Production quantity (from pick lists)». Consultado em 29 de agosto de 2020 
  15. Infopédia. «feijões-carito | Definição ou significado de feijões-carito no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa sem Acordo Ortográfico». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 28 de maio de 2021 
  16. «Feijão Frade». www.cienciaviva.pt. Consultado em 28 de maio de 2021 
  17. Infopédia. «chícharo | Definição ou significado de chícharo no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 28 de maio de 2021 
  18. «Jardim Botânico UTAD | Vigna unguiculata». https://jb.utad.pt/. Consultado em 30 de dezembro de 2020 
  19. Infopédia. «macunde | Definição ou significado de macunde no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 14 de junho de 2021 
  20. Infopédia. «mongolão | Definição ou significado de mongolão no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 14 de junho de 2021 
  21. Infopédia. «nhemba | Definição ou significado de nhemba no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 14 de junho de 2021 

Referências bibliográficas

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  • Houaiss, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa; Lisboa; Temas e Debates; 2005
  • Liberato, Maria Cândida. Feijão, in "Enciclopédia Verbo Luso-Brasileira da Cultura, Edição Século XXI", Volume I, Editorial Verbo, Braga, Setembro de 1999
  • História e dados nutricionais do Feijão Frade [1][ligação inativa]
  • Teófilo , Elizita Maria; Paiva, José Braga; Filho, Sebastião Medeiros; http://www.editora.ufla.br/revista/25_1/art25.pdf[ligação inativa] Polinização artificial em feijão caupi (Vigna unguiculata ( L.) Walp) Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p. 220-223, jan./fev., 2001

Ligações externas

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